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290-Texto do artigo-884-1-10-20090508 (1)

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Gestão de Custos Aplicada ao Agronegócio:
culturas temporárias
Elza Hofer 1
Adriano José Rauber 2
Auri Diesel 3
Márcio Wagner 4
Resumo
Os custos dos insumos envolvidos no agronegócio denotam ser superiores aos retornos
após a colheita do produto. Em vista disso, o empresário rural deve buscar meios para
diminuir o custo da produção, evitar desperdícios e melhorar o planejamento e controle das
atividades, o que possibilita gerar informações precisas e oportunas sobre a situação real da
produção e do resultado das culturas de sua propriedade. Nesse contexto, o presente artigo
objetiva elaborar um estudo sobre o custo de produção aplicado ao agronegócio,
especificamente nas culturas trigo e soja, com o intuito de verificar o resultado por alqueire.
Assim, mostra o resultado da atividade global e o lucro total de cada cultura em relação
ao período de abril/2004 a março/2005, em uma propriedade rural situada no Município
de Toledo, região Oeste do Estado do Paraná. Constatou-se que a propriedade pesquisada
não possui nenhum tipo de controle de custos para auxiliar o gestor no gerenciamento das
atividades. As culturas de soja e trigo apresentam lucro instigante na propriedade. Concluiu-
se que a utilização de ferramentas de controle e gerenciamento de custos propiciam
informações ao gestor, que auxiliam no processo decisório da atividade rural. O
gerenciamento e planejamento da produção proporcionam informações para melhorar o
desempenho econômico e financeiro da atividade. 
Palavras-chave: Custos, Agronegócio, Culturas temporárias.
1 Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela FECAP. Professora e pesquisadora da Univer-
sidade Estadual do Oeste do Paraná. Campus de Marechal Cândido Rondon - PR. Endereço: Rua Colombo,
1720, centro, Mal. Cdo. Rondon - PR - CEP 85960-000. e-mail: hofer@unioeste.br
2 Acadêmico do 5º ano do curso de Ciências Contábeis da UNIOESTE. Endereço:Vila Ipiranga - Toledo - PR
Cep: 85900-000. e-mail: adrianojr2003@yahoo.com.br
3 Acadêmico do 5º ano do curso de Ciências Contábeis da UNIOESTE. Endereço: Rua Helmuth Priesnitz,
200 - Bairro Lot. Dª Amélia - Mal. Cdo. Rondon - PR - CEP 85960-000. e-mail: auridiesel@hotmail.com
4 Acadêmico do 5º ano do curso de Ciências Contábeis da UNIOESTE. Endereço: Rua 7 de Setembro, 2409
- Conjunto Residencial Tancredo Neves Bloco 1 Apt. 1 - Bairro Alvorada - Mal Cdo. Rondon - PR - CEP
85960-000. e-mail: marciowagner_parana@yahoo@com.br
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 2006 29
Abstract
The insums'cost engaged into Agribusiness show to be superior to returns after the
product harvest. According to it, the rural entrepreneur must book for means to decrease the
production cost, avoid waste and improve planning and activities control, which allow
generating precise and opportune information about the real production situation and the
result of crops of his property. In this context, the present article aims to elaborate a study
about the production cost applied to Agribusiness, specifically on wheat and soya crops,
with the purpose of verifying the result per acre. On this way, it shows the result of the
global activity and the total profit of each crop connected to the period from April/2004 to
March/2005, in a rural property settled in the municipality of Toledo, in the east region from
Paraná state. It has been verified that the researched property doesn't have any kind of cost
control to help the manager in such management activities. The crops of soya and wheat
have shown an instigating profit on the property. It has been concluded that the usage of
control in implements and cost management allow information to the manager, that helps in
the decision process of the rural activity. The production management and planning propitiate
information to improvise the economical and financial performance of the activity.
Keywords: Cost, Agribusiness, Temporary crops.
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 200630
HOFER, Elza et al.
1 Introdução
A evolução desenfreada do capitalismo é motivada pela alavancagem
de setores potenciais. Um dos setores que mais cresce é o agronegócio. A
agricultura assume papel significativo na vida dos indivíduos, que retiram das
grandes, médias ou pequenas propriedades rurais subsídios para seu sustento.
Dessa forma, o produtor rural deve buscar aprimorar o gerenciamento de suas
atividades, pois o mercado exige produtos de melhor qualidade. O setor
agrícola, em especial o do cultivo de soja e trigo, não está muito favorável aos
agricultores devido, a freqüentes quebras de safras ocasionadas por fatores
climáticos e, também, pela variação cambial, proveniente da cotação do dólar,
que impõe os preços dos insumos produtivos. 
Freqüentemente o agricultor paga mais pelos insumos necessários para
o cultivo e recebe menos pelo produto colhido. Em vista disso, o empresário
rural deve buscar meios para diminuir o custo da produção, evitar desper-
dícios e melhorar o planejamento e controle das atividades, possibilitando
gerar informações precisas e oportunas sobre a situação real da produção e
resultado das culturas de sua propriedade. Um dos métodos possíveis para o
controle se dá por meio da contabilidade de custos. Martins (2003) menciona
que a Contabilidade de Custos têm duas funções relevantes: o auxílio ao
controle e a ajuda às tomadas de decisões. Diante do exposto, entende-se que
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 2006 31
Gestão de Custos Aplicada ao Agronegócio: culturas temporárias
a utilização dessa ferramenta proporciona maior controle da produção e
oportunidade de planejamento para maximização dos resultados finais. 
Nessa perspectiva, o trabalho objetiva apurar o custo da produção do
trigo e da soja em uma propriedade com área de 60 alqueires, com o intuito de
analisar o custo e o lucro geral por alqueire de cada tipo de cultura e o resul-
tado global da propriedade. Busca-se evidenciar ao produtor a real situação
econômico-financeira. Portanto, a questão-chave está em demonstrar os
custos de produção envolvidos nas culturas da soja e do trigo na produção por
alqueire, no período correspondente entre abril de 2004 e março de 2005. 
Para tanto, o método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso, o qual
é caracterizado, principalmente, por se ater, especificamente, a um único
problema. Conforme Gil (1989), o estudo de caso propicia estudo profundo
e exaustivo de um ou poucos objetos e permite conhecimento detalhado do
mesmo. Com isso, o estudo de caso permite ao pesquisador verificar in loco
os fenômenos a serem pesquisados.
Quanto à organização do trabalho, além da introdução, faz-se uma
revisão teórica dos conceitos da contabilidade de custos e contabilidade ge-
rencial. Após, busca-se integrar e analisar os conceitos estudados, objetivando
apresentar uma contribuição ao gestor da atividade rural. Por último,
apresenta-se a conclusão da pesquisa.
2 Gestão da Atividade Rural
As atividades rurais podem ser exercidas de várias formas, desde o
cultivo para a própria sobrevivência, como grandes empresas explorando os
setores agrícolas, pecuários e agroindustriais. Para Marion (2002, p.24), 
empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade
produtiva do solo através do cultivo da terra, da criação
de animais e da transformação de determinados produtos
agrícolas. 
A agricultura representa toda atividade de exploração da terra, seja tal
atividade agrícola (vegetal), zootécnica (animais) ou agroindustrial (benefi-
ciamento dos produtos). 
Crepaldi (2005) comenta que o agricultor vem diminuindo o número
de atividades em seu estabelecimento rural, dedicando-se apenas a uma ou
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 200632
HOFER, Elza et al.
duas destas, especializando-se para melhorar a qualidade de seus produtos,
visando um mercado pelo qual recebe um melhor preço. Para um gestor
rural, o conhecimento técnico, a sensibilidade e a competência pelo diagnóstico
da empresa, determinam grande parte do seu sucessona agropecuária. Devido
às múltiplas atividades e volume financeiro das operações, ele constitui uma
empresa, apesar dela nem sempre estar estruturada e denominada dessa forma.
Conforme Valle (1987), as operações de gestão agrária são conside-
radas sob um tríplice aspecto: técnico, econômico e financeiro. No aspecto
técnico, estuda a possibilidade de determinada cultura vegetal ou criação de
gado na área rural, a escolha das sementes, os implementos a serem usados,
os tipos de alimentação do gado, a rotação de culturas, as espécies de
fertilizantes, o sistema de trabalho etc. No aspecto econômico observam os
custos e os resultados das várias operações a serem executadas, isto é, o custo
de cada produção e sua recuperação. Quanto ao aspecto financeiro, estudam as
possibilidades de obtenção de recursos monetários necessários e o modo de
sua aplicação, ou seja, o movimento de entradas e saídas de numerários para
manter o equilíbrio financeiro do negócio. 
O planejamento e a elaboração de programações anuais servem de base
para o orçamento auxiliar na previsão das necessidades de insumos, gerações
de recursos e controle do andamento, comparando o real e o orçado. Para
Nepomuceno (2004 p. 91), “o orçamento é uma ferramenta de aperfeiçoamento
da administração na atividade rural, que permite trabalhar com os olhos voltados
para o que vai acontecer”. Da mesma maneira, deve haver uma definição
quanto à estrutura organizacional, com um controle de produção e definição das
funções e responsabilidades sobre as atividades. Dessa forma, é possível
avaliar os resultados obtidos, e por conseguinte, o verdadeiro custo de produção.
3 Controle de Custos na Atividade Rural
A contabilidade de custos surgiu para auxiliar no controle e gestão de
estoque. À medida que a empresa evoluiu, tornou-se mais complexo esse
controle. Martins (2003, p. 22) afirma que “com o advento da nova forma
de se usar Contabilidade de Custos, ocorreu seu maior aproveitamento em
outros campos que não industrial”. Na atividade rural, sua utilização contribui
para melhorar o planejamento e controle dos custos. 
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 2006 33
Gestão de Custos Aplicada ao Agronegócio: culturas temporárias
De acordo com Valle (1987, p. 102), “nas atividades rurais, o custo
da produção compreende o conjunto de todas as despesas que devem ser
suportadas para a obtenção dos produtos”. Ressaltam que tudo o que se faz
necessário para obtenção do produto cultivado se enquadra como custo de
produção. Essa definição aproxima-se dos conceitos utilizados nos processos
industriais. Ou seja, são custos de produção aqueles que se identificam com
a elaboração dos produtos. Eles podem ser fixos, variáveis ou mistos. 
Calderelli (2003) define a Contabilidade Rural como a que tem normas
baseadas na orientação, controle e registro dos atos e fatos ocorridos e pra-
ticados por uma empresa cujo objeto de comércio ou indústria seja agricul-
tura ou pecuária. Marion (2002) menciona que, na atividade agrícola, um
aspecto importante é considerar o ano agrícola versus exercício social, pois
a receita concentra-se, normalmente, durante ou logo após a colheita, ao
contrário de outras atividades que se distribui ao longo dos 12 meses. Se o
ano agrícola terminar em março, o exercício social poderá ser encerrado em
31/03 ou 30/04 e, assim, sucessivamente. Dessa forma, evita-se cultura em
formação por ocasião da apuração do resultado. Encerrando o exercício
social antes da colheita, têm-se plantas em crescimento, o que torna difícil
avaliar e obter um resultado mais justo. Por isso, recomenda-se encerrar o
exercício social após a colheita e a comercialização.
No que se refere a dispêndios para a formação das culturas agrícolas,
a classificação contábil subordina-se a dois conceitos: culturas temporárias
e culturas permanentes. Para Crepaldi (2005, p. 95), as culturas temporárias
“são aquelas sujeitas ao replantio após cada colheita, como milho, trigo, feijão,
arroz, cebola etc. Nesse caso, os dispêndios para a formação da cultura serão
considerados, no período de sua realização, despesas de custeio”. Culturas
permanentes são aquelas que propiciam várias colheitas, sem a necessidade
de serem replantadas. 
Os custos da atividade rural apresentam terminologia semelhante à
utilizada nas atividades industrias e também são classificados em custos fixos
e variáveis. Segundo Martins (2003), os custos variáveis são os custos rela-
cionados diretamente a quantidade produzida. Quanto maior a quantidade a ser
fabricada (produzida) num determinado período, maior será o seu consumo.
Na atividade agrícola não é diferente, pois os custos considerados variáveis
são aqueles que variam de acordo com o montante a ser cultivado. Os custos
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 200634
HOFER, Elza et al.
fixos não são influenciados pelo volume de produção num determinado período.
Assim, mesmo que seus valores sejam alterados entre um e outro período, não
estão relacionados à quantidade produzida. Por exemplo, o aluguel da
fábrica em certo mês é de determinado valor, independentemente de aumentos
ou diminuições naquele mês do volume elaborado de produtos. (MARTINS,
2003,). Os custos mistos, normalmente, apresentam componentes fixos e
outros que variam em função do volume de vendas ou produção. Para Hasen
e Mowen (2001, p. 92), “custos mistos são aqueles que têm um componente
fixo e um componente variável”. Por exemplo: os funcionários que recebem um
salário fixo e comissões sobre a produção. Cada unidade produzida acrescentará
um valor determinado em seus salários. 
Com relação à Margem de Contribuição, Martins (2003, p. 179) a
define como a “diferença entre o preço de venda e o custo variável de cada
produto, é o valor que cada unidade efetivamente traz à empresa de sobra
entre sua receita e o custo que de fato provocou”. Portanto, a margem repre-
senta o valor que cada unidade contribui, para cobrir os custos fixos. A
margem de contribuição possibilita as empresas calcularem o seu ponto de
equilíbrio. O Ponto de Equilíbrio mostra o nível que a empresa atinge quando
consegue cobrir todos os gastos (custos e despesas) em relação às quanti-
dades produzidas. A partir desse momento a empresa começa gerar lucros.
A premissa é acrescer a cada unidade produzida, somente os custos variáveis,
uma vez que todos os custos fixos fazem parte da própria estrutura da
empresa, e existem independentemente da produção do período. O Ponto de
Equilíbrio é subdividido em: Contábil, Econômico e Financeiro. 
Para Bruni e Famá (2004, p. 254), “a análise dos gastos variáveis e
fixos torna possível obter o ponto de equilíbrio da empresa: representação
do volume (em unidades ou R$) de vendas necessário para cobrir todos os
custos no qual o lucro é nulo”. Assim, o Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC)
se dá quando a soma das margens de contribuição totalizarem o montante
suficiente para cobrir custos e despesas fixas.
O Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) é o juro sobre o patrimônio
da empresa. Representa um percentual mínimo de retorno sobre o capital
investido, somado aos custos e despesas fixas para então encontrar o equilí-
brio. Portanto, obtém-se o PEE quando a soma das margens de contribuição
totalizarem os custos fixos acrescidos do juro desejado sobre o capital
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 2006 35
Gestão de Custos Aplicada ao Agronegócio: culturas temporárias
(MARTINS, 2003). O Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF) será obtido quando
as margens de contribuição atingirem o montante para cobrir os custos fixos,
porém retirando-se as depreciações que não são um desembolso de caixa no
período para a empresa. Conforme Bruni e Famá (2004, p. 259), “o ponto
de equilíbrio financeiro corresponde à quantidade que iguala a receita total
com a soma dos gastos que representam desembolsos financeiros”.
Por fim, Crepaldi (2005) salienta que a finalidade da Contabilidade
Rural é orientar as operações agrícolas e pecuárias; medir econtrolar o desem-
penho econômico-financeiro da empresa e de cada atividade produtiva;
apoiar as tomadas de decisões no planejamento da produção, das vendas e
investimentos; auxiliar nas projeções de fluxos de caixas, permitir compara-
ções à performance da empresa com outras; conduzir as despesas pessoais do
proprietário e de sua família; justificar a liquidez e capacidade de paga-
mento junto aos credores.
4 Apresentação e Análise dos Resultados
A pesquisa foi realizada na “Fazenda Xodó”, localizada no Município
de Toledo, região Oeste do Paraná. O período analisado teve início em abril/
2004 e encerrou-se em março/2005. A propriedade possui uma área total de
60 alqueires (150 hectares). A principal atividade desenvolvida é a agri-
cultura, tendo também uma pequena criação de gado, suínos e aves para
consumo próprio.
Neste tópico, apresentam-se, inicialmente, algumas considerações sobre as
culturas de soja e trigo. Após mostram-se os dados referentes à propriedade
em estudo, além dos custos das culturas de trigo, sua margem de contri-
buição e os respectivos pontos de equilíbrio. Em seguida, repete-se para a
cultura de soja. Por último, apresenta-se a Demonstração do Resultado da
Produção da soja e do trigo.
4.1 Considerações sobre a Cultura da Soja e do Trigo
Conforme Bonato e Bonato (1987, p. 21), a soja chegou ao Brasil em
1882, pelos Estados Unidos. Gustavo Dutra foi quem realizou os primeiros
estudos avaliando as cultivares que aqui foram introduzidas. No princípio,
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 200636
HOFER, Elza et al.
a soja era estudada como forrageira, não se dando valor à extração de óleo
vegetal e obtenção do farelo. Apenas em 1901, foi registrado o primeiro plantio
de soja no Brasil, realizado por produtores do Rio Grande do Sul, onde se
encontrou uma situação climática propícia ao cultivo. No Paraná, a soja come-
çou a ser cultivada comercialmente nos anos 50, antes era utilizada apenas na
alimentação de animais. No oeste do Estado do Paraná, a cultura desenvolveu-
se com a migração gaúcha, principalmente em pequenas explorações familiares.
De acordo com Silva (1996, p. 13), o Brasil iniciou a exportação de
trigo com o auxílio das áreas de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do
Sul. A primeira área cultivada com sementes obtidas por Martin Afonso de
Sousa foi a Capitania de São Vicente, em São Paulo, no ano de 1534. Em
1737, a cultura ingressou no Rio Grande do Sul e com o início das expor-
tações, o Estado tornou-se o “Celeiro do Brasil”. A expansão da área de
trigo no Paraná ocorreu numa época em que se destinavam maiores recursos
para a pesquisa agrícola no Brasil. Como resultado, se observou um aumento
simultâneo da área e da produtividade do trigo. A produtividade média do
trigo, no Brasil, entre 1970 e 1984, foi de 1.139 kilos por hectare kg/ha; no
período de 1995 a 2003, ela se situou acima dos 1.500 kg/ha. Atualmente,
algumas cooperativas têm obtido, em anos sucessivos, médias superiores a
2.500 kg/ha. Produtividades de trigo superiores a 5.000 kg/ha também são
relatadas com freqüência em lavouras bem cuidadas. 
4.2 Análise do Custo, Volume e Lucro do Trigo
Os custos da produção de trigo estão divididos em variáveis e fixos,
que somados geram o custo total da produção. Os custos variáveis são assim
compostos: adubos e fertilizantes empregados no plantio; herbicidas para
dessecação de ervas daninhas antes do plantio; sementes; óleo diesel para
máquinas; mão-de-obra indireta; herbicidas para germinação do trigo; uréia;
inseticidas para combate de insetos e lagartas; fungicidas; e gastos diversos
com colheita. 
Os custos fixos referem-se ao pró-labore de três familiares. No primeiro
mês, o salário foi calculado em R$ 240,00 e acrescido de 15%, nos demais
meses R$ 260,00 mais 15%. Envolve ainda as depreciações de trator,
pulverizador, semeadeira e outros custos indiretos incidentes no período de
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 2006 37
Gestão de Custos Aplicada ao Agronegócio: culturas temporárias
cultivo. Esses são decorrentes dos gastos com água e energia elétrica,
conforme apresentados no Quadro 1.
Quadro 1: Planilha de custos da produção de trigo (60 alqueires)
Custos Variáveis
Adubos e fertilizantes
Dessecação (Herbicida)
Sementes
Óleo Diesel
Mão-de-Obra Indireta
Herbicida (pós emergente)
Uréia
Inseticida
Fungicida
Colheita
C. Variáveis Totais
Custos Fixos
Pró-Labore
Outros custos
Depreciação (Trator)
Depreciação (Pulverizador)
Depreciação (Semeadeira)
C.Fixos - Totais
Total Geral dos Custos
1º Mês
28.800,00
5.520,00
24.000,00
1.680,00
240,00
-
-
-
-
-
60.240,00
828,00
100,00
580,00
330,00
270,00
2.108,00
62.348,00
2º Mês
-
-
-
2.100,00
-
2.780,00
7.560,00
7.800,00
6.000,00
-
26.240,00
897,00
100,00
580,00
330,00
270,00
2.177,00
28.417,00
3º Mês
-
-
-
840,00
-
-
-
7.800,00
9.600,00
-
18.240,00
897,00
100,00
580,00
330,00
270,00
2.177,00
20.417,00
4º Mês
-
-
-
1.000,00
-
-
-
-
-
9.000,00
10.000,00
897,00
100,00
580,00
330,00
270,00
2.177,00
12.177,00
Total
28.800,00
5.520,00
24.000,00
5.620,00
240,00
2.780,00
7.560,00
15.600,00
15.600,00
9.000,00
114.720,00
3.519,00
400,00
2.320,00
1.320,00
1.080,00
8.639,00
123.359,00
Por Alq.
480,00
92,00
400,00
93,67
4,00
46,33
126,00
260,00
260,00
150,00
1.912,00
58,65
6,67
38,67
22,00
18,00
143,99
2.055,99
Fonte: elaborado pelos autores.
Com a apuração dos custos totais, pôde-se obter o lucro líquido total
e por alqueire. Considerou como base para cálculo da receita líquida, o
equivalente a 6.300 sacas comercializadas a R$ 23,00 a unidade, retendo-se
2,5% de Funrural. Para cálculo do lucro líquido por alqueire, utilizou-se
como base 60 sacas, como apresentado no Quadro 2.
Quadro 2: Lucro líquido por alqueire - trigo 
Itens
Receita Líquida
(-) Custos Totais
(=) Lucro Líquido
(/) Alqueires
(=) Lucro Líquido por Alqueire
R$
141.277,50
123.359,00
17.918,50
60
298,64
Fonte: elaborado pelos autores.
Para cálculo do ponto de equilíbrio contábil, foi utilizado o valor dos
custos e despesas fixos, divididos pela margem de contribuição unitária
(8.639,00 / 4,22 = 2.049,35 sacas). O ponto de equilíbrio contábil é de 2.049,35
sacas de trigo. No momento em que a propriedade atingir essa quantidade de
produção estará cobrindo todos os custos fixos. Em reais, o ponto de equilíbrio
representa R$ 45.956,75 para um faturamento na safra de R$ 141.277,50,
ou seja, o faturamento se encontra 307,41% acima do ponto de equilíbrio
contábil. Para apurar os custos variáveis em reais utilizou-se a quantidade de
sacas do ponto de equilíbrio (2.049,35) multiplicada pelo custo variável unitário
de R$ 18,21, encontrado com a divisão do custo total variável pelas sacas
colhidas (R$ 114.720,00 / 6.300 = 18,21), como demonstra-se no Quadro 4.
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 200638
HOFER, Elza et al.
Quadro 3: Margem de contribuição
Receita Líquida 
(-) Custos e Despesas Variáveis Totais 
= Margem de Contribuição 
(/) Produção Total (sacas) 
Margem de Contribuição Unitária (saca)
141.277,50
114.720,00
26.557,50
6.300
4,22
Fonte: elaborado pelos autores.
Com relação à margem de contribuição e ao cálculo do ponto de equilí-
brio contábil, financeiro e econômico, estes foram obtidos a partir do valor da
receita líquida (R$ 141.277,50), deduzido o valor dos custos e despesas variá-
veis referentes aos gastos com plantio, sementes, defensivos e mão-de-obra
indireta, pertencentes ao cultivo do trigo (R$ 114.720,00). Dessa forma, a
margem de contribuição totalizou R$ 26.557,50, que divididos pela quantidade
total de sacas produzidas na safra (6.300) resulta na margem de contribuição
unitária de R$ 4,22. Isso significa que cada saca de trigo produzida na
propriedade contribui em R$ 4,22 para o pagamento dos custos e despesas
fixos e formação do lucro, conforme pode ser observado no Quadro 3.
Contab. Vista & Rev., v.17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 2006 39
Gestão de Custos Aplicada ao Agronegócio: culturas temporárias
Quadro 4: Ponto de equilíbrio contábil
Itens
Custos e Despesas Fixos
(/) Margem de Contribuição Unitária / Saca
(=) Ponto de Equilíbrio Contábil (Sc)
(x) Custo Variável Unitário
(=) Custo Variável Total
(+) Custos e Despesas Fixos Totais
(=) Ponto de Equilíbrio Contábil (R$)
R$
8.639,00
4,22
2.049,35
18,21
37.317,75
8.639,00
45.956,75
Fonte: elaborado pelos autores.
No cálculo do ponto de equilíbrio financeiro, são considerados somente
os gastos financeiros, sendo desprezados os custos e despesas que não implicam
em desembolso durante o período acompanhado. Nesse caso, deduziu-se dos
custos e despesas fixos o valor da depreciação. Com a dedução de R$ 4.720,00
relativos à depreciação, o total dos custos e despesas fixos a ser considerado
foi de R$ 3.919,00 (8.639,00 - 4.720,00 = 3.919,00). Com isso, a propriedade
atingiu o ponto de equilíbrio financeiro de 929,67, (3.919,00 / 4,22) sacas
de trigo ou R$ 20.847,84. No Quadro 5, mostra-se que a produção atual em
R$ 141.277,50 e um custo financeiro total de R$ 118.639,00 fazem com que o
faturamento da empresa se encontre acima do ponto de equilíbrio financeiro. 
Quadro 5: Ponto de equilíbrio financeiro
Itens
Custos e Despesas Fixos
(/) Margem de Contribuição Unitária / Saca
(=) Ponto de Equilíbrio Financeiro (Sc)
(x) Custo Variável Unitário
(=) Custo Variável Total
(+) Custos e Despesas Fixos Totais
(=) Ponto de Equilíbrio Financeiro (R$)
R$
3.919,00
4,22
929,67
18,21
16.928,84
3.919,00
20.847,84
Fonte: elaborado pelos autores.
Com referência ao ponto de equilíbrio econômico, foram considerados
os custos e despesas totais e um valor mínimo de retorno que o empresário
deseja receber sobre o seu investimento. Nesse caso, uma taxa mínima de
retorno de 9% ao ano, portanto, de 3% durante o ciclo da cultura, estimada em
aproximadamente de 4 meses. Isso significa que, além dos custos e despesas
fixos (R$ 8.639,00), foi considerado um retorno sobre o capital investido de
4.3 Análise do Custo, Volume e Lucro da Soja
Os custos variáveis da soja são compostos por: adubos e fertilizantes;
herbicidas utilizados para a dessecação de ervas daninhas, antes da semeadura,
sementes; tratamento das sementes para plantio; óleo diesel; mão-de-obra
indireta; herbicidas pós-plantio; inseticidas para combate de insetos e lagartas;
fungicidas e demais gastos com colheita. Os custos fixos referem-se aos
custos com pró-labore, envolvendo três pessoas da família e cujo valor foi
calculado com base no salário de R$ 260,00, acrescido de 15%. Além disso,
contempla as depreciações do trator, pulverizador, plantadeira e outros
custos com maquinários utilizados no período de cultivo, somados os gastos
com água e energia. Esses custos podem ser observados no Quadro 7.
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 200640
HOFER, Elza et al.
Quadro 6: Ponto de equilíbrio econômico
Itens
Custos e Despesas Fixos
(/) Margem de Contribuição Unitária / saca
(=) Ponto de Equilíbrio Econômico (Sc)
(x) Custo Variável Unitário
(=) Custo Variável Total
(+) Custos e Despesas Fixos Totais
(=) Ponto de Equilíbrio Econômico (R$)
R$
68.639,00
4,22
16.282,62
18,21
296.498,77
68.639,00
365.137,77
Fonte: elaborado pelos autores.
R$ 60.000,00 (2.000.000,00 x 3%). Com esse aumento de encargos fixos para
68.639,00 (8.639,00 + 60.000,00), o ponto de equilíbrio econômico totalizou
16.282,62 (68.639,00 / 4,22) sacas a serem produzidas ou em reais R$ 365.137,77
[(68.639,00) + (16.282.62 x 18,21)]. No Quadro 6, evidencia-se que a
receita de R$ 141.277,50 denota faturamento abaixo do ponto de equilíbrio. 
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 2006 41
Gestão de Custos Aplicada ao Agronegócio: culturas temporárias
Quadro 7: Custos da lavoura de soja para 60 alqueires
Custos Variáveis
Adubos e fertilizantes
Dessecação (Herbicida)
Sementes
Óleo Diesel
Mão-de-Obra Indireta
Herbicida (pós emergente)
Uréia
Inseticida
Fungicida
Colheita
C. Variáveis Totais
Custos Fixos
Pró-Labore
Outros custos
Depreciação (Trator)
Depreciação (Pulverizador)
Depreciação (Semeadeira)
C.Fixos - Totais
Total Geral dos Custos
1º Mês
47.330,00
6.525,00
20.000,00
150,00
5.250,00
240,00
-
-
-
-
79.495,00
897,00
120,00
580,00
330,00
270,00
2.197,00
81.692,00
2º Mês
-
-
-
-
1.200,00
-
26.070,00
-
-
-
27.270,00
897,00
125,00
580,00
330,00
270,00
2.202,00
29.472,00
3º Mês
-
-
-
-
2.400,00
-
-
8.400,00
14.625,00
-
25.425,00
897,00
125,00
580,00
330,00
270,00
2.202,00
27.627,00
4º Mês
-
-
-
-
1.000,00
-
-
-
-
10.500,00
11.500,00
897,00
123,00
580,00
330,00
270,00
2.200,00
13.700,00
Total
47.330,00
6.525,00
20.000,00
150,00
9.850,00
240,00
26.070,00
8.400,00
14.625,00
10.500,00
143.690,00
3.588,00
493,00
2.320,00
1.320,00
1.080,00
8.801,00
152.491,00
Por Alq.
788,83
108,75
333,33
2,5
164,16
4,00
434,50
140,00
243,75
175,00
2.394,83
59,80
8,22
38,67
22,00
18,00
146,69
2.541,52
Fonte: elaborado pelos autores.
A receita líquida foi calculada com base em 7.500 sacas comercia-
lizadas a R$ 34,00, descontando-se 2,5% de Funrural e subtraídos os custos
totais. Para o lucro líquido por alqueire, considerou-se que a propriedade
possui 60 alqueires, conforme se apresenta no Quadro 8.
Quadro 8: Lucro líquido por alqueire da soja
Itens
Receita Líquida
(-) Custos Totais
(=) Lucro Líquido Total
(/) Alqueires
(=) Lucro Líquido por Alqueire
R$
248.625,00
152.491,00
96.134,00
60
1.602,23
Fonte: elaborado pelos autores.
Para encontrar a margem de contribuição e ponto de equilíbrio contábil,
financeiro e econômico partiu-se do valor da receita líquida (R$ 248.625,00),
deduzidos os custos e despesas variáveis referentes aos gastos com preparo
da terra, plantio, sementes, defensivos e mão-de-obra indireta, os quais
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 200642
HOFER, Elza et al.
Quadro 9: Margem de contribuição da soja 
Itens
Receita Líquida 
(-) Custos e Despesas Variáveis Totais 
= Margem de Contribuição 
(/) Produção Total (sacas) 
Margem de Contribuição Unitária (saca)
R$
248.625,00
143.690,00
104.935,00
7.500
13,99
Fonte: elaborado pelos autores.
Para o ponto de equilíbrio contábil utilizou-se os custos e despesas fixos,
divididos pela margem de contribuição unitária (8.801,00 / 13,99 = 629,03 sacas),
chegando-se a 629,03 sacas de soja. Em reais representa R$ 20.852,42 para
um faturamento na safra de R$ 248.625,00. Assim, o faturamento encontra-se
1.192,31% acima do ponto de equilíbrio contábil. O ponto de equilíbrio em reais
considerou os custos fixos totais e variáveis. Para apurar os custos variáveis
em reais, utilizou-se a quantidade de sacas do ponto de equilíbrio (629,03)
multiplicada pelo custo variável unitário de R$ 19,16 (R$ 143.690,00 /
7.500 = 19,16) como se apresenta no Quadro 10.
No cálculo do ponto de equilíbrio financeiro considera-se somente os
gastos financeiros, sendo desprezados, para efeito dos cálculos, os custos e
despesas que não implicam em desembolso durante o período acompanhado.
Nesse caso, foi deduzido do total dos custos e despesas fixos, o valor da
Quadro 10: Ponto de equilíbrio contábil da soja
Itens
Custos e Despesas Fixos
(/) Margem de Contribuição Unitária / Saca
(=) Ponto de Equilíbrio Contábil (Sc)
(x) Custo Variável Unitário
(=) Custo Variável Total
(+) Custos e Despesas Fixos Totais
(=) Ponto de Equilíbrio Contábil (R$)
R$
8.801,00
13,99
629,03
19,16
12.051,42
8.801,00
20.852,42
Fonte: elaborado pelos autores.
totalizaram R$ 143.690,00. Dessa forma, a margem de contribuição foi de
R$ 104.935,00, que divididos pela quantidade total de sacas produzidas
(7.500) resulta na margem de contribuição unitária de R$ 13,99. Isso significa
que cada saca de soja produzida na propriedade contribuiu com R$ 13,99 para
o pagamento dos custos e despesas fixos, como apresentado no Quadro 9.
Contab.Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 2006 43
Gestão de Custos Aplicada ao Agronegócio: culturas temporárias
Quadro 11: Ponto de equilíbrio financeiro da soja
Itens
Custos e Despesas Fixos
(/) Margem de Contribuição Unitária / Saca
(=) Ponto de Equilíbrio Financeiro (Sc)
(x) Custo Variável Unitário
(=) Custo Variável Total
(+) Custos e Despesas Fixos Totais
(=) Ponto de Equilíbrio Financeiro (R$)
R$
4.081,00
13,99
291,68
19,16
5.588,21
4.081,00
9.669,21
Fonte: elaborado pelos autores.
O ponto de equilíbrio econômico elaborado a partir dos custos e
despesas totais e um valor mínimo de retorno que se deseja receber sobre o
investimento. Nesse caso, uma taxa mínima de retorno de 9% ao ano,
portanto de 3% durante o ciclo da cultura. Isso significa que, além dos custos
e despesas fixos (R$ 8.801,00), foi considerado um retorno sobre o capital
investido de R$ 60.000,00 (2.000.000,00 x 3%) como custo fixo. Com esse
aumento de encargos fixos (8.801,00 + 60.000,00 = 68.801,00), o ponto de
equilíbrio econômico totalizou 4.917,40 (68.801,00 / 13,99) sacas a serem
produzidas ou um valor de R$ 163.011,85, [(68.801,00 + (4.917,40 x
19,16)]. Com a receita de R$ 248.625,00, o agricultor tem um faturamento
acima do ponto de equilíbrio de 152,52%, conforme Quadro 12.
depreciação. Com a dedução de R$ 4.720,00 relativos à depreciação, o total
dos custos e despesas fixos passaram a ser de R$ 4.081,00 (8.801,00 -
4.720,00 = 4.081,00). Com isso, a propriedade atingiu o ponto de equilíbrio
financeiro em 291,68 (4.081,00 / 13,99) sacas ou R$ 9.669,21. Com a produção
atual em R$ 248.625,00 e um custo financeiro total de R$ 147.771,00, o
faturamento se encontra 2.571,31% acima do ponto de equilíbrio financeiro,
conforme pode ser observado no Quadro 11.
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 200644
HOFER, Elza et al.
4.4 Demonstração do Resultado Global da Produção 
de Soja e Trigo
A Receita Bruta das Vendas representa o valor apurado em relação à
venda do montante de soja e trigo colhidos no período analisado, deduzido
do Funrural pertinente. Em seguida, foi excluído o valor referente ao Custo dos
Produtos Vendidos, englobando todos os insumos e os custos fixos. Poste-
riormente fez-se o desconto das despesas operacionais que abrangem as
despesas administrativas e outros gastos que não foram alocados nos custos
de produção. No Quadro 13 mostra-se, o Lucro Líquido global apurado.
Quadro 13: Demonstração do resultado global da produção 
de 01/04/2004 a 31/03/2005
Receita Bruta total das Vendas
(+) Receita vendas - trigo 
(+) Receita vendas - soja
Deduções
(-) Funrural
(=) Receita Líquida das Vendas
Custo dos Produtos Vendidos
(-) Custos - trigo
(-) Custos - soja
(=) Lucro Bruto
Despesas Operacionais
(-) Despesas administrativas
(-) Outras despesas
(=) Lucro Líquido
399.900,00
144.900,00
255.000,00
9.997,50
9.997,50
389.902,50
275.850,00
123.359,00
152.491,00
114.052,50
22.374,00
4.974,00
17.400,00
91.678,50
Fonte: elaborado pelos autores.
Quadro 12: Ponto de equilíbrio econômico da soja
Itens
Custos e Despesas Fixos
(/) Margem de Contribuição Unitária / saca
(=) Ponto de Equilíbrio Econômico (Sc)
(x) Custo Variável Unitário
(=) Custo Variável Total
(+) Custos e Despesas Fixos Totais
(=) Ponto de Equilíbrio Econômico (R$)
R$
68.801,00
13,99
4.917,40
19,16
94.210,85
68.801,00
163.011,85
Fonte: elaborado pelos autores.
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 2006 45
Gestão de Custos Aplicada ao Agronegócio: culturas temporárias
Analisando as informações obtidas, conclui-se que a propriedade apre-
senta resultados positivos. Na análise individual das culturas, a soja apresenta
uma rentabilidade maior que a do trigo. No entanto, essas informações não
impõem a eliminação da cultura do trigo, por se tratar de culturas de
diferentes períodos do ano. Sugere-se ao proprietário efetuar estudos de
viabilidade econômica sobre a possibilidade de outra cultura de inverno. 
5 Conclusões 
De acordo com os objetivos propostos, a pesquisa analisou os custos
e a viabilidade do cultivo de trigo, como cultura de inverno, e da soja como
cultura de verão. Constatou-se que as culturas desenvolvidas na atividade
apresentam resultado positivo, o que pode ser observado na análise dos pontos
de equilíbrio e margem de contribuição. Apenas a cultura do trigo não apre-
senta resultado satisfatório no cálculo do ponto de equilíbrio econômico. A
cultura da soja proporciona uma rentabilidade global maior que o trigo.
Vale lembrar que a propriedade não possui nenhum sistema de custos
implantado, tampouco um sistema que gere informações necessárias para o
processo de gestão, controle e planejamento das atividades da fazenda em
estudo. Sugere-se que o proprietário adote um sistema de controle de custos,
para auxiliar no gerenciamento e tomada de decisões. Portanto, o artigo não
esgota o assunto, mas abre nichos para futuras pesquisas, como a do papel
dos principais agentes, como a cooperativa de produtores, elaboração e
análise do custo de produção utilizando diferentes métodos de custeio, e
ainda, a análise da cadeia de valor completa da atividade.
Referências
BONATO, E. R. ;BONATO, A.L.V. A soja no Brasil: história e estatística. Londrina:
EMBRAPA-CNPSO, 1987. 
BRUNI, A.L.; FAMA, R. Gestão de custos e formação de preços: com aplicação na
calculadora HP12C e Excel. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
CALDERELLI, A. Enciclopédia contábil e comercial brasileira. 28. ed. São Paulo:
CETEC, 2003.
CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2005.
Contab. Vista & Rev., v. 17, n. 1, p. 29-46, jan./mar. 200646
HOFER, Elza et al.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1989.
HANSEN, D. R; MOVEN, M. M. Gestão de custos: contabilidade e controle. São
Paulo: Pioneira, 2001.
MARION, J. C. Contabilidade rural: contabilidade agrícola, contabilidade da
pecuária, imposto de renda pessoa jurídica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MARTINS, E. Contabilidade de custos: inclui o ABC. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 
NEPOMUCENO, F. Contabilidade rural e seus custos de produção. São Paulo:
Boletim IOB, 2004.
SILVA, D. B. et al. Trigo para abastecimento familiar: do plantio à mesa. Brasília:
Embrapa SPI, 1996. 
VALLE, F. Manual de contabilidade agrária. São Paulo: Atlas, 1987.
Artigo recebido em: 16 de maio de 2006
Aceito para publicação em: 9 de junho de 2006

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