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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE RIO PRETO - UNIRP BEHAVIORISMO SÃO JOSÉ DO RIO PRETO 2022 BEHAVIORISMO Trabalho Semestral apresentado no curso de graduação em Psicologia do Centro Universitário de Rio Preto. Orientador: Prof.ª. Mônica Soares SÃO JOSÉ DO RIO PRETO 2022 Sumário 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 4 2 BEHAVIORISMO: AS INFLUÊNCIAS ANTERIORES .......................................................................... 5 2.1 HANS, O CAVALO ESPERTO ................................................................................................. 5 2.2 RUMO A CIÊNCIA DO BEHAVIORISMO: O PAPEL DO POSITIVISMO....................................... 5 2.3 A INFLUÊNCIA DA PSICOLOGIA ANIMAL NO BEHAVIORISMO ............................................... 6 2.4 JACQUES LOEB (1859-1924) ................................................................................................ 7 2.5 A MENTE ANIMAL – RATOS E FORMIGAS .................................................................................. 8 2.5 NÃO ERA FÁCIL SER UM PSICOLGO ANIMAL ........................................................................ 8 2.6 EDWARD LEE THORNDIKE ................................................................................................... 9 2.7 IVAN PAVLOV – TEORIA DO REFLEXO CONDICIONADO ........................................................ 9 3 INÍCIO DO BEHAVIORISMO ........................................................................................................ 12 3.1 O PEQUENO ALBERT – WATSON ........................................................................................ 12 3.1.1 JOHAN B. WATSON .................................................................................................... 13 3.2 B. F. SKINNER ..................................................................................................................... 14 3.2.1 AS CAIXAS DE SKINNER ............................................................................................... 16 3.2.1.1 COMPORTAMENTO OPERANTE .................................................................................. 17 3.2.1.1.1 AS CONSEQUÊNCIAS DO COMPORTAMENTE .......................................................... 18 4. DIFERENÇAS ENTRE BEHAVIORISMO METODOLOGICO E RACICAL ................................................. 19 4.1 O QUE É COMPORTAMENTO?................................................................................................. 20 5. SINTETIZANDO – O QUE É BEHAVIORISMO .................................................................................... 21 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 22 7 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................ 23 4 1 INTRODUÇÃO O Behaviorismo foi desenvolvido a partir de uma corrente científica que estava começando a se estabelecer com base nos estudos do comportamento humano e animal. Ele inicia sua abordagem usando a teoria do Evolucionismo, tendo seus precursores como os psicólogos George Romanes e Lewis Morgan. Uma grande influência para pesquisa sobre o comportamento foi o caso de Clever Hans, um cavalo capaz de fazer cálculos matemáticos e responder diversas perguntas como um humano. Após uma investigação de Carl Stumpf, foi revelado que o cavalo tinha sido condicionado pelo dono a responder aos movimentos dele. Ivan Pavlov, com sua pesquisa sobre Reflexo Condicionado, e Thorndike, sobre o Conexionismo, foram grandes pioneiros na compreensão sobre o estudo, mas só com Watson que tivemos desenvolvimento na abordagem behaviorista. Ele desenvolveu o movimento chamado Behaviorismo Metodológico, que restringia sua análise somente a dados imediatamente observáveis (comportamento público) e negava a abordagem criada por Wundt sobre a Introspecção. Watson se tornara uma pessoa muito criticada pelo modo com que fazia suas pesquisas, usando como material de estudo o comportamento de medo aprendido a um bebê de 11 meses. Anos depois, ele foi usado como base de estudo junto com Pavlov por outro grande pilar dessa abordagem: O Behaviorismo Radical. Seu criador, B. F. Skinner, foi sem dúvidas o mais famoso psicólogo do comportamento, aperfeiçoando o conhecimento de seus antecessores e criando sua própria metodologia com base na modelagem de um comportamento através do reforço positivo e negativo. 5 2 BEHAVIORISMO: AS INFLUÊNCIAS ANTERIORES 2.1 HANS, O CAVALO ESPERTO Hans, foi o cavalo mais famoso e esperto de toda a história da psicologia. Ele vivia em Berlim, Alemanha, era uma celebridade (1900). As propagandas usavam o nome dele para vender seus produtos. Ele conseguia somar, subtrair, usar frações e decimais, ler, identificar objetos e resolver problemas. Porém, havia alguns céticos que duvidavam e questionavam se Hans ou qualquer outro animal podia realmente ser tão inteligente. 2.1.1 HANS ERA REALMENTE INTELIGENTE? Depois de uma série de experiências rigorosamente controladas, Pfungst concluiu-se que Hans fora condicionado pelo próprio dono (von Osten), ainda que este não tivesse intenção de fazê-lo. O cavalo começava a bater a pata ao menor movimento para baixo da cabeça de von Osten. Quando ele executava o número correto de batidas, a cabeça de von Osten automaticamente fazia um leve movimento para cima, e o cavalo parava de bater. Pfungst demonstrou que qualquer indivíduo, mesmo uma pessoa que nunca estivera perto de um cavalo, realizava o mesmo gesto imperceptível com a cabeça quando falava com o animal Mais tarde, o psicólogo behaviorista B. F. Skinner demonstrou a enorme eficácia desse tipo de reforço intermitente ou parcial no processo de condicionamento. 2.2 RUMO A CIÊNCIA DO BEHAVIORISMO: O PAPEL DO POSITIVISMO Não foi Watson quem deu origem as ideias básicas do movimento behaviorista; elas já vinham sendo desenvolvidas há algum tempo, tanto na psicologia quanto na biologia. Como qualquer outro fundador, Watson organizou e promoveu as ideias e as questões já aceitáveis para o Zeitgeist intelectual (espírito de época). Assim, são estes 6 alguns dos principais conceitos reunidos por Watson para formular seu sistema de psicologia behaviorista: a tradição filosófica objetivista e mecanicista, a psicologia animal e a psicologia funcional. Nenhum deles era novo ou ainda não tinha sido identificado em 1913, quando Watson começou o behaviorismo. O reconhecimento da necessidade de uma psicologia mais objetiva envolve uma história que se remete a Descarte, cuja suas explicações mecanicistas para o funcionalismo do corpo humano constituíram uma das primeiras iniciativas rumo a uma ciência objetiva. Outra figura ainda mais importante da história do objetivismo foi o filósofo francês August Comte, fundador do positivismo, movimento com ênfase no conhecimento positivo (fatos), o qual constituiria uma verdade inquestionável. De acordo com Comte, o único conhecimento válido é o da natureza social e observável de forma objetiva. Nos trabalhos de Watson, ele raramente discutia o positivismo, nem outros psicólogos norte-americanos. Dessa forma, quando Watson começou a trabalhar com o behaviorismo, suas ideias, já estavam impregnadas pelas influências objetivistas, mecanicistas e materialistas, deram origem a um novo tipo de psicologia – disciplina que excluía a consciência a mente ou a alma -, com enfoque apenas em algo visível, audível ou palpável. O resultado foi uma ciência,do comportamento que enxergava o ser humano como uma máquina. 2.3 A INFLUÊNCIA DA PSICOLOGIA ANIMAL NO BEHAVIORISMO “O behaviorismo é resultado direto dos estudos do comportamento animal realizados durante a primeira década do século XX” (Watson,1929, p.327). Desse modo, pode-se afirmar que o principal antecessor do programa de Watson foi a psicologia animal, resultante da teoria evolucionista e que levou à tentativa de se mostrar a existência da mente nos organismos inferiores e a continuidade entre mente animal e a humana. Os trabalhos de dois pioneiros da psicologia animal, George John Romanes e Conwy Lloyd Morgan. A lei da patricimônia de Morgan e o maior emprego das técnicas 7 experimentais em vez das anedóticas tornaram a psicologia animal mais objetiva, embora a consciência continuasse a ser o enfoque central Em 1908, Francis Darwin (filho de Charles Darwin) questionava sobre o papel da consciência nas plantas. Nos primeiros anos da psicologia animal nos Estados Unidos, houve grande interesse pelos processos conscientes dos animais, e a influência de Romanes e Morgan pendurou por grande tempo. 2.4 JACQUES LOEB (1859-1924) O fisiologista e zoólogo alemão Jacques Loeb, contribuiu significativamente para incrementar a objetividade na psicologia animal. Loeb trabalhou em diversas instituições nos Estados Unidos. Em reação à tradição antropomórfica e ao método de introspecção por analogia, desenvolveu uma teoria do comportamento animal com base no conceito de tropismo (movimento forçado/involuntário). Ele acreditava na reação direta e automática do animal a um estímulo. Desse modo, afirmava ser a reação comportamental forçada pelo estímulo, não cabendo qualquer explicação no que se refere a definição consciente do animal. Loeb argumentava que a consciência animal se revelava por meio da memória associativa, ou seja, que os animais já haviam aprendido a reagir a determinados estímulos de um modo esperado. Por exemplo, a reação do animal ao ser chamado pelo nome ou ao ouvir um som específico para se dirigir repetidas vezes a determinado local a fim de receber alimento são evidências de alguma conexão mental, da existência da memória associativa. Watson frequentou alguns cursos de Loeb na University of Chicago e desejava realizar pesquisas sob sua orientação, demonstrando curiosidade a respeito de suas visões mecanicistas. 8 2.5 A MENTE ANIMAL – RATOS E FORMIGAS No início do século XX, os psicólogos da psicologia animal experimental trabalhavam com muita seriedade. Robert Yerkes, que posteriormente liberou os esforções para o desenvolvimento de testes mentais na Primeira Guerra Mundial, iniciou os estudos em 1900. Ele usou uma variedade de sujeitos, desde águas-vivas e minhocas, passando por sapos, macacos e chimpanzés. Também em 1900, Willard S. Small, estudante da Clark University, introduziu o labirinto para ratos. O camundongo branco e o labirinto transformaram-se no método padrão para o estudo da aprendizagem de gerações de estudantes de psicologia. Em 1906, ainda como aluno de pós-graduação da University of Chicago, Charles Henry Turner publicou um artigo intitulado “Observações preliminares sobre o comportamento da formiga”. Turner, ainda que trabalhasse sozinho como professor de ensino médio, ele fez importantes descobertas no campo da aprendizagem e do comportamento de insetos. 2.5 NÃO ERA FÁCIL SER UM PSICOLGO ANIMAL Seja lidando com a mente ou com o comportamento, não era fácil ser um profissional da psicologia animal. Tanto os governantes como os administradores das universidades, sempre atentos às questões orçamentárias, não enxergavam nenhum valor prático nessa área. O próprio Watson enfrentou problemas no início da carreira. “Estou sendo muito prejudicado na minha pesquisa, neste momento”. “Nós não temos, absolutamente, espaço físico algum para colocar os animais, nem fundos para ministrar os cuidados a eles, mesmo se tivéssemos local”. 9 2.6 EDWARD LEE THORNDIKE Thorndike é talvez mais conhecido pela teoria que ele chamou de lei do efeito. Que surgiu a partir de sua pesquisa sobre como os gatos aprendem a escapar de caixas de quebra-cabeça. De acordo com a lei do efeito, respostas que são imediatamente seguidas por um resultado satisfatório se tornam mais fortemente associadas com a situação e, portanto, são mais prováveis de ocorrer novamente no futuro. Por outro lado, as respostas seguidas de resultados negativos tornam-se mais fracamente associadas e menos propensas a ocorrer novamente no futuro. Através de seu trabalho e teorias, Thorndike tornou-se fortemente associado com a escola americana de pensamento conhecida como funcionalismo. Outros pensadores funcionalistas proeminentes incluem Harvey Carr, James Rowland Angell e John Dewey. Thorndike também é muitas vezes referido como o pai da moderna psicologia educacional e publicou vários livros sobre o assunto. Thorndike, um dos principais pesquisadores para o desenvolvimento da psicologia animal, elaborou uma teoria da aprendizagem objetiva e mecanicista com enfoque no comportamento manifesto. Thorndike acredita que o psicólogo devia estudar o comportamento, não os elementos mentais ou a experiência consciente, e assim reforçava a tendência rumo à maior objetividade iniciada pelos funcionalistas, Não interpretava a aprendizagem do ponto de vista subjetivo, mas em termos de conexões concretas entre o estímulo e a resposta, embora não admitisse qualquer referência à consciência e aos processos mentais. Os trabalhos de Thorndike e de Ivan Pavlov são outro exemplo de descobertas simultâneas independentes. Thorndike desenvolveu a lei do efeito em 1898, e Pavlov apresentou uma proposta semelhante, a lei do reforço, em 1902. 2.7 IVAN PAVLOV – TEORIA DO REFLEXO CONDICIONADO Ivan Pavlov (1849-1936) foi fisiologista e médico russo. Criou a "Teoria dos Reflexos Condicionados". Recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1904, por seu trabalho sobre a relação do sistema nervoso com o sistema digestivo. 10 A teoria do reflexo condicionados apresentada por Pavlov foi o trabalho que lhe deu maior fama e popularidade. Enquanto investigava o sistema digestivo dos cães, Pavlov dirigiu sua atenção para a reação dos animais ao alimento. Notou que a boca do animal salivava não apenas quando ele recebia alimento, mas também quando via o alimento. Além de que seus cães tinham sido “condicionados” a associar jaleco branco a comida, pois as pessoas os alimentavam estavam sempre vestidas daquele jeito. Pavlov concluiu que a comida oferecida aos cachorros era um “estimulo incondicionado” (EI), porque suscitava um reflexo que não fora aprendido, ou “incondicionado” (RI) – neste caso, salivação. Os cientistas acreditavam que a saliva fosse uma reação puramente fisiológica, mas Pavlov, através de seu famoso experimento mudou esse conceito. Colocou um cão em um pequeno quarto vazio. Tocava uma campainha ao mesmo tempo em que, mostrava a comida ao animal. A saliva surgia imediatamente. Repetiu esse processo várias vezes e notou que a saliva aparecia quando a campainha era tocada sem que a comida fosse apresentada ao animal. Pavlov concluiu que a comida oferecida aos cachorros era um “estimulo incondicionado” (EI), porque suscitava um reflexo que não fora aprendido, ou “incondicionado” (RI) – neste caso, salivação. Em outra experiência Pavlov condicionou o alimento a uma luz circular. Mostrava também uma luz elíptica, mas nesse momento o animal não recebia alimento. Em pouco tempo o cão só salivava quando aparecia a luz circular. Aos poucos Pavlov foi arredondando a luz elíptica, até torná-la uma quase circunferência, de modo que o animal não mais pudesse distinguir as duas figuras, ficando sem saber quando receberia comida. Em testes posteriores, Pavlov demonstrouque reflexos condicionados poderiam ser reprimidos, ou “desaparecidos”, caso o estímulo condicionado fosse repetido muitas vezes sem ser seguido de comida. Provou também que um reflexo condicionado podia ser tanto mental quanto físico, realizando experiências em que os estímulos variados eram associados à dor 11 ou alguma ameaça, suscitando reflexos condicionados de medo ou angustia. O principal atualmente conhecido por condicionamento clássico ou pavloviano, bem como o método experimental de Pavlov, foi um marco revolucionário para a emergência da psicologia como uma disciplina de fato científica, e não filosófica. A obra de Pavlov teria enorme influência, sobretudo no trabalho dos psicólogos behavioristas americanos, como John B. Watson e B. F. Skinner. 12 3 INÍCIO DO BEHAVIORISMO 3.1 O PEQUENO ALBERT – WATSON John B. Watson interessou-se bastante pela experiência do condicionamento clássico de Ivan Pavlov com cães e quis verificar se podia levar mais longe o condicionamento comportamental utilizando o condicionamento clássico nas reações emocionais das pessoas. Para o efeito, por meio do Behaviorismo metodológico, Watson trabalhou no Paradigma Respondente, nomeadamente nesta experiência, que ficou conhecida como a Experiência do Pequeno Albert. O Paradigma respondente indica que podemos aprender e adquirir comportamento, com base em estimulo – resposta, onde todo estímulo vem do ambiente e a resposta vem do organismo nele inserido. Nesta experiência em laboratório, introduziu estímulos incondicionados e neutros, que emparelhados deram origem a estímulos que até então inatos, se tornaram aprendidos. O participante da experiência foi um bebé de quase 9 meses a quem Watson se referiu com o nome de "Albert B", mas que agora é então conhecido como Pequeno Albert. Watson, juntamente com a sua investigadora assistente, expuseram o bebé a vários estímulos e registaram as suas reações. Os estímulos incluíam um Coelho, um macaco, um rato branco, jornais a arder, e máscaras. No início do experimento, o bebé não mostrou medo absolutamente nenhum perante qualquer um destes estímulos. Na vez seguinte, Watson expôs o pequeno Albert ao rato branco e, ao mesmo tempo, bateu com um martelo num cano metálico, o que provocou um barulho forte. O bebé começou a chorar por causa do barulho. Depois, Watson repetiu a combinação dos dois estímulos, de modo a criar a Associação de ambos, até que por fim, o bebé começou a chorar só por ver o rato branco, sem nenhum barulho a acompanhar. Na primeira fase: - Os estímulos utilizados para associação foram o rato branco e o barulho forte 13 - O estímulo incondicionado era o forte barulho provocado pelo martelo a bater no cano metálico - O estímulo neutro era o rato branco - A resposta incondicionada era o medo E logo que a associação surgiu entre os estímulos neutro e o estimulo incondicionado: - O estímulo condicionado foi o rato branco - A resposta condicionada foi o medo Além disso, Watson também observou uma nova reação de medo do bebé a todos os objetos brancos, o que veio a ser então conhecido como a Generalização do Estímulo. A Generalização do Estímulo ocorre quando um sujeito responde a estímulos que são semelhantes ao estímulo condicionado original, embora não sejam idênticos. Usando como exemplo, esta experiência, o pequeno Albert ficou com medo não só ao ver o rato branco, mas também perante uma variedade de objetos brancos, desde um casaco de pele branca a uma barba de pai natal. Neste caso, a semelhança que levou à generalização, foi a cor branca e o aspeto felpudo, e ainda que as variações dos diversos objetos fossem evidentes, essas semelhanças despertaram a Generalização. Este experimento provou que era possível, mediante o paradigma respondente, provocar comportamentos, por meio do pareamento entre estímulos que provocam respostas até então inatas (incondicionadas), com outros estímulos neutros que se visam condicionar, a fim de gerar um reflexo aprendido. 3.1.1 JOHAN B. WATSON A biografia de John Watson começa com seu nascimento em um sítio próximo a Greenville, na Carolina do sul, onde frequentou os primeiros anos de estudo em uma escola que possuía apenas uma sala. Sua mãe era extremamente religiosa, ao contrário do pai. O velho John Broadus Watson bebia muito, era violento e mantinha muitas relações extraconjugais. Ele raramente conseguia manter um emprego fixo, 14 por isso a família vivia a beira da pobreza, subsistindo à custa da produção de sítio. Alguns vizinhos os desprezavam, enquanto outros sentiam pena deles. Quando John Broadus Watson estava com 13 anos, seu pai fugiu com outra mulher e nunca mais voltou. John Broadus Watson jamais o perdoou por isso, e anos mais tarde, quando se tornou rico e famoso, seu pai foi procurá-lo em Nova York, mas John Broadus Watson não quis vê-lo. Escolheu a University of Chicago para realizar o trabalho de pós-graduação em filosofia com o ilustre John Dewey, mas sentia dificuldades para entender as aulas. "Jamais compreendia o que ele estava falando", relembrou John Broadus Watson, "e, infelizmente para mim, até hoje não entendo". Como era de se esperar, o entusiasmo pela filosofia diminuiu. Atraído para a psicologia, John Broadus Watson, em função do trabalho do psicólogo funcionalista James Rowland Angell, John Broadus Watson estudou também biologia e fisiologia com Jacques Loeb, que lhe introduziu o conceito de mecanismo. Foram várias tendências que influenciaram Watson na tentativa de construir a escola de pensamento behaviorista da psicologia. Watson reconhecia que fundar não era a mesma coisa que originar, e descrevia os seus esforços como uma cristalização das ideias já emergentes na psicologia. Assim como Wilhelm Wundt, o primeiro promotor-fundador da psicologia, Watason deixou clara sua intenção de fundar uma escola. Essa intenção deliberada é o que estabelece a nítida distinção entre Watson e os demais, hoje denominados pela história como precursores do behaviorismo. 3.2 B. F. SKINNER Burrhus Frederic Skinner nasceu em 1904, em Susquehanna (Pensilvânia). Estudou filologia inglesa no Hamilton College de Nova lorque porque queria ser escritor, mas deu-se conta de que a vida literária não era para si. Influenciado pelo trabalho de Pavlov e Watson, estudou psicologia em Harvard, onde se doutorou em 1931. Mudou-se para a Universidade do Minnesota em 1936, e em 1946 e 1947 esteve à frente do departamento de psicologia da Universidade da lndiana. Regressou a Harvard em 1948, onde permaneceu o resto da vida. Na década de 1980, foi-lhe 15 diagnosticada leucemia, mas continuou a investigar e a escrever até ao dia da sua morte, em 18 de agosto de 1990. Skinner não foi pioneiro neste campo do behaviorismo, mas levou a outro patamar as ideias dos seus antecessores, como Pavlov e Watson, sujeitando as teorias do behaviorismo a um rigoroso escrutínio experimental que desembocou num controverso behaviorismo radical. Skinner revelou-se um promotor ideal do behaviorismo. Não só baseava os seus argumentos nos resultados de uma metodologia científica muito rigorosa, como também as suas experiências costumavam envolver engenhos novos que fascinavam o público; e, além dos mecanismos a outra paixão de Skinner era a autopromoção. Porém, atrás da imagem de showman havia um cientista sério, cujo trabalho contribuiu para separar definitivamente a psicologia das suas raízes filosóficas introspetivas e fundá-la como disciplina científica por direito próprio. Mais do que as teorias filosóficas dos primeiros psicólogos, a Skinner interessava as obras de Pavlov e Watson, a sua principal influência. Via a psicologia como uma disciplina inserida na tradição científica, e tudo o que não pudesse ser visto, medido e repetido numa experiencia rigorosamentecontrolada, não tinha interesse para si. Portanto, os processos mentais permaneciam fora do âmbito do seu interesse e estudo. De facto, chegou à conclusão de que eram inteiramente subjetivos e que não existiam separa- dos do corpo. Assim, para Skinner, a investigação em psicologia devia centrar-se no comportamento observável e não em pensamentos que não o são. Apesar de no início da sua carreira ser um behaviorista rígido. Skinner afastava-se dos behavioristas que o precederam na sua interpretação do condicionamento, em particular do condicionamento clássico, tal como o descreve Pavlov. Se bem que não negasse em troca; o rato aprendia que de cada vez que carregava na barra, aparecia comida e então começava a fazê-lo para obter alimentos. Ao comparar os resultados dos ratos que recebiam o reforço positivo em forma de comida com os que não o recebiam ou recebiam comida com uma frequência diferente, ficou claro que quando aparecia comida em resultado das ações dos ratos, isso influenciava o seu comportamento futuro. Skinner concluiu que os animais se veem condicionados pelas respostas que recebem das suas ações e do ambiente. Assim, quando os ratos exploravam o seu ambiente, algumas das suas ações tinham consequências positivas 16 (Skinner evitava deliberadamente a palavra «prémio», pelas suas conotações com o comportamento), o qual as incitava a repetir esse comporta- mento. Nos termos de Skinner, os organismos agem sobre o seu ambiente e encontram um estímulo (a comida) que reforça o seu compor- que podia suscitar-se uma resposta condicionada através de um treinamento repetido, Skinner via isso como um caso excecional e que supunha a introdução deliberada e artificial de um estímulo condicionante. Skinner considerava que as consequências de uma ação eram mais relevantes na configuração do comportamento do que qualquer estímulo que precedesse ou coincidisse com a ação. As suas experiências levaram-no a concluir que o comportamento se aprende acima de tudo a partir dos resultados das ações. Como ocorre às vezes com as grandes ideias, esta podia parecer óbvia, mas marcou um ponto de inflexão de grande importância na psicologia behaviorista. 3.2.1 AS CAIXAS DE SKINNER Quando Skinner era bolseiro de investigação em Havard, fez uma série de experiências com ratos e construiu um invento conhecido posteriormente como a ((caixa de Skinner». Punha-se um rato numa dessas caixas que continha no interior uma barra. Cada vez que o rato tocava na barra, apresentava-lhe um pouco de comida. A frequência com que a barra era tocada eia registada de forma automática. De início, o rato tocava na barra de modo acidental ou por mera curiosidade e recebia comida em troca; o rato aprendia que de cada vez que carregava na barra, aparecia comida e então começava a fazê-lo para obter alimentos. Ao comparar os resultados dos ratos que recebiam o reforço positivo» em forma de comida com os que não o recebiam ou recebiam comida com uma frequência diferente, ficou claro que quando aparecia comida em resultado das ações dos ratos, isso influenciava o seu comportamento futuro. Skinner concluiu que os animais se veem condicionados pelas respostas que recebem das suas ações e do ambiente. Assim, quando os ratos exploravam o seu ambiente, algumas das suas ações tinham consequências positivas (Skinner evitava deliberadamente a palavra «prémio», pelas suas conotações com o comportamento), o qual as incitava a repetir esse comporta- mento. Nos termos de 17 Skinner, os organismos agem sobre o seu ambiente e encontram um estímulo (a comida) que reforça o seu comportamento operante ( neste caso carregar na barra) com o objetivo de diferenciar isto do condiciona- mento clássico, criou a expressão condicionamento operante; a principal diferença é que este não depende de um estímulo prece- dente, mas sim do que continua como consequência do comporta- mento. Difere também no facto de representar um processo bidirecional, já que a ação ou comporta- mento opera sobre o ambiente tanto como este modela o comportamento. Durante o decurso das experiências, escassearam as provisões de comida para os ratos, e Skinner viu- -se obrigado a mudar com frequência o que lhes era dado. Alguns ratos só recebiam se carregassem na barra um certo número de vezes, fosse em intervalos fixos ou ocasional. Os resultados destas variações confirmaram as descobertas prece- dentes de Skinner e conduziram a uma nova: enquanto um estímulo de reforço aumentava a probabilidade de que ocorresse um determinado comportamento, se o estímulo de reforço fosse retirado, reduzia-se a probabilidade de o referido comportamento se dar, cujo padrão ficava determinado pelo padrão da sua retirada. Skinner continuou a fazer experiências cada vez mais variadas e sofisticadas, incluindo mudanças no programa, para ver se os ratos distinguiam e respondiam às diferenças com a mesma frequência com que se lhes fornecia a comida. Tal como suspeitara, adaptavam-se muito rapidamente aos novos programas. 3.2.1.1 COMPORTAMENTO OPERANTE Um dos princípios fundamentais da ciência do comportamento é o reconhecimento de que muitos dos comportamentos são modificados por suas consequências. Os comportamentos produzem consequências no mundo, e são essas consequências que vão determinar a probabilidade desse comportamento ocorrer novamente em situações semelhantes no futuro. Ou seja, as consequências determinam a frequência do comportamento. 18 Esses comportamentos são chamados de “comportamentos operantes”, e a modificação desses comportamentos é chamada de “aprendizagem ou condicionamento operante” ou “aprendizagem pelas consequências”. A maior parte do comportamento é do tipo operante. Estamos o tempo todo agindo no mundo, e as consequências de nossas ações estão determinando se continuamos a agir ou não dessa maneira. 3.2.1.1.1 AS CONSEQUÊNCIAS DO COMPORTAMENTE a) Reforço positivo é o aumento da frequência de um comportamento pelo acréscimo de alguma coisa como consequência desse comportamento — antes do comportamento essa coisa não está presente, mas depois da ocorrência do comportamento, essa coisa é apresentada ou adicionada à situação. b) Reforço negativo é o aumento da frequência de um comportamento pela ausência ou retirada de alguma coisa como consequência do comportamento — antes do comportamento essa coisa está presente, mas com a ocorrência do comportamento ela é retirada, ou a ocorrência do comportamento impede que essa coisa seja adicionada. c) Punição positiva é a diminuição da frequência de um comportamento pelo acréscimo de alguma coisa como consequência desse comportamento — antes do comportamento essa coisa não está presente, mas depois da ocorrência do comportamento, essa coisa é apresentada ou adicionada à situação. d) Punição negativa é a diminuição da frequência de um comportamento pela ausência ou retirada de alguma coisa como consequência do comportamento — antes do comportamento essa coisa está presente, mas com a ocorrência do comportamento ela é retirada, ou a ocorrência do comportamento impede que essa coisa seja adicionada. 19 4. DIFERENÇAS ENTRE BEHAVIORISMO METODOLOGICO E RACICAL BEHAVIORISMO CLÁSSICO John B. Watson O estadunidense John B. Watson foi o primeiro psicólogo a utilizar o termo behaviorismo. Em 1913, publica o artigo Psychology as the Behaviorist views it, inaugurando essa vertente. O comportamento para Watson é um fenômeno observável, passível de mensuração e concordância entre todos os observadores. Esse comportamento surge a partir de um estimulo presente no ambiente externo ao indivíduo, ou seja, os estímulos ambientais são as causas dos comportamentos. No behaviorismo clássico se adota o estímulo (representado pela letra S) e a resposta (representada pela letra R) como partesintegrantes do comportamento. BEHAVIORISMO RADICAL B. F. Skinner A publicação do livro Science and Human Behavior por B. F. Skinner em 1953 inaugura essa vertente comportamentalista chamada de radical. Em linhas gerais, enquanto que para Watson a compreensão da realidade se dava por meio de consenso social, como na frase “a verdade é observável à todos”, Skinner baseia suas pesquisas nas respostas que o indivíduo analisado apresenta. Ou seja, o que o indivíduo diz ou responde deve ser analisado individualmente. Diferente do Behaviorismo Clássico, que tenta universalizar as causas do comportamento usando a observação consensual, o Behaviorismo Radical se interessa pela influência que o comportamento exerce na experiência de um determinado sujeito. 20 4.1 O QUE É COMPORTAMENTO? Trata-se da forma de proceder das pessoas ou dos organismos perante os estímulos e em relação ao entorno. Todo comportamento, portanto, tem um estímulo. Estímulo (S) é qualquer evento físico ou combinação de eventos relacionados com a ocorrência de uma resposta comportamental (R). E resposta (R) é a unidade de comportamento que é apresentado (afetado) após o estímulo (S) 21 5. SINTETIZANDO – O QUE É BEHAVIORISMO O nome Behaviorismo tem origem no termo em inglês Behavior, que significa comportamento. Seu objeto de estudo é o comportamento O Behaviorismo, também chamado de Comportamentismo ou Comportamentalismo, tem como objeto de estudo o comportamento. Essa teoria psicológica defende que a psicologia humana ou animal pode ser objetivamente estudada por meio de observação de suas ações, ou seja, observando o comportamento. Os Behavioristas acreditam que todos os comportamentos são resultados de experiência e condicionamentos. As figuras influentes do Behaviorismo incluem os psicólogos John B. Watson e B.F. Skinner, que estão associados ao condicionamento clássico e ao condicionamento operante, respectivamente. 22 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao fim podemos dizer que o behaviorismo foi uma linha muito importante para psicologia, ela surgiu quebrando os antigos padrões da sociedade pois era uma contraposição ao funcionalismo e estruturalismo da época. Mesmo sendo bastante criticada no começo com os experimentos radicais aos olhos de muitos, os experimentos não foram mais que o necessário para que a ciência pudesse se desenvolver e se aperfeiçoar. Pavlov, Watson, Skinner foram algum dos pensadores que introduziram conceitos básicos possibilitando o estudo. O behaviorismo ainda é usado durante o cotidiano a partir de motivações e punições no ambiente para ajudar no aprendizado. “Uma formulação behaviorista não ignora os sentimentos; simplesmente muda ênfase do sentimento para aquilo que é sentido” - Skinner Frederic 23 7 BIBLIOGRAFIA Bock Bahia Merces Ana, Furtado Odair, Teixeira Trasse Lourdes de Maria.;. “PSICOLOGIAS, uma introdução ao estudo de Psicologia”. V2, 2009, PP. 132-149. Consultado em 01 de abril de 2022. “EDWARD LEE THORNDIKE”; pisicosophia,2014. Disponível em: Disponível em: <Edward Lee Thorndike :: pisicosophia (webnode.com)> MOUTINHO, Ricardo; “A Experiência do pequeno Albert”, 29 de set. de 2020. Disponível em: <A Experiência do pequeno Albert (psicapreendendo.com)> Livros Globo.;. “O LIVRO DA PSICOLOGIA”. V1, 2012, PP. 60-91. Consultado em 02 de abril de 2022. Schultz P. Duane, Schultz Ellen Sydney.;. “HISTÓRIA DA PSICOLOGIA MODERNA. V11, 2020, PP. 204-249. Consultado em 28 de março de 2022. BEHAVIORISMO Sumário 1 INTRODUÇÃO 2 BEHAVIORISMO: AS INFLUÊNCIAS ANTERIORES 3 INÍCIO DO BEHAVIORISMO 4. DIFERENÇAS ENTRE BEHAVIORISMO METODOLOGICO E RACICAL 5. SINTETIZANDO – O QUE É BEHAVIORISMO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 7 BIBLIOGRAFIA
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