Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE SAÚDE E BIOCIÊNCIAS CURSO DE FARMÁCIA TECNOLOGIA FARMACÊUTICA ALINE IAROSZ JANAINA MOTTIN THALITA JABLONSKI SALAS LIMPAS CURITIBA 2015 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................02 2. SALAS LIMPAS.....................................................................................03 2.1 SISTEMAS DE TRATAMENTO DE AR E ÁREAS PRODUTIVAS........03 2.2 MONITORAMENTO AMBIENTAL.........................................................07 2.3 PARAMENTAÇÃO EM SALAS LIMPAS...............................................11 2.4 INSTALAÇÕES DE SALAS LIMPAS.....................................................13 3. CONCLUSÃO.........................................................................................17 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................18 2 1 INTRODUÇÃO A evolução dos padrões de qualidade e aceitação transformou muitas atividades da sociedade moderna e gerou uma constante busca por produtos cada vez mais sofisticados, com índices de rejeição reduzidos, aliada à alta produtividade de um modo geral. O reflexo imediato deste quadro foi o surgimento de processos de alta performance, utilizando equipamentos de alta precisão, com controles eletrônicos de última geração operando, muitas vezes, em áreas livres de contaminantes particulados. Este “efeito colateral” do progresso criou a necessidade de “Salas Limpas”, ambientes livres de impurezas, onde partículas contaminantes, velocidade do ar, temperatura, pressão e umidade são mantidos e controlados sob rígidas especificações. (HOVAGHIMIAN; JUNIOR, 2009) Surgidas inicialmente nos centros cirúrgicos, hoje são adotadas nos mais diversos setores de atividade: da indústria de semicondutores à indústria farmacêutica, passando por áreas e processos onde partículas em suspensão e demais elementos contaminantes podem comprometer o processo produtivo acarretando inúmeros prejuízos materiais, financeiros e até mesmo humanos. (HOVAGHIMIAN; JUNIOR, 2009) A norma ABNT vigente que regulamenta as atividades de condicionamento de ar é a NBR 16.401. Essa norma, que possui diferentes partes, é aplicável a instalações de sistemas de ar-condicionado em geral e, nos dispositivos não conflitantes, também aos sistemas de condicionamento de ar especiais, tais como de industriais e de salas limpas, regidos por outras normas. Como normas específicas relevantes, cumpre destacar a NBR ISO 14.644, que trata de testes específicos a serem realizados na construção e na manutenção de áreas limpas. Outra norma técnica específica cujo conteúdo é relevante ao tema deste Guia da Qualidade é a ISO 14.698, que apesar de não prescrever recomendações específicas para construção, trata de requisitos para controle da biocontaminação em áreas limpas e outras áreas controladas associadas. (BRASIL, 2013) 3 2 SALAS LIMPAS Obter uma área totalmente limpa e livre de contaminantes é uma tarefa trabalhosa, visto que há muitos aspectos a serem levados em conta quando se fala em ambiente estéril. A seguir podemos observar cada peculariedade para o controle total de uma área limpa. 2.1 SISTEMAS DE TRATAMENTO DE AR E ÁREAS PRODUTIVAS Os sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC), possuem um papel importante na qualidade de produtos farmacêuticos. Esses sistemas, além de oferecerem proteção ao produto durante etapas de produção, também fornecem condições confortáveis e seguras aos operadores e protegem o meio ambiente de contaminantes provenientes do processo fabril. Desenhos dos sistemas de tratamento de ar influenciam significativamente em uma indústria, uma vez que estes sistemas devem estar estreitamente vinculados com as posições, localizações e dimensionamento de áreas produtivas, de antecâmaras e de portas. A prevenção das contaminações cruzada, microbiana ou de qualquer outra fonte, é uma consideração essencial a ser feita durante a elaboração de um projeto para construção de um sistema AVAC. Parâmetros importantes relacionados aos sistemas AVAC que podem afetar a qualidade de produtos farmacêuticos durante as etapas de produção ou armazenamento, tais como temperatura, umidade, diferenciais de pressão e renovação e limpeza do ar, devem ser adequadamente projetados, controlados e monitorados. (BRASIL, 2013) A captação do ar atmosférico deve ser feita em local distante de quaisquer tipos de fontes de contaminação ou calor, tais como ruas sem calçamento, torres de resfriamento de água, chaminés, escapes de motores de combustão e de pontos de descarte de ar contaminado proveniente de outras áreas produtivas ou laboratórios. O descuido pode gerar problemas com a qualidade do ar tratado, danos no sistema de tratamento de ar e possível aumento no consumo de energia. A entrada do duto de captação de ar deve ser projetada de forma a prevenir, por meio de barreiras físicas, o ingresso de insetos e partículas de grandes dimensões no sistema. (BRASIL, 2013) 4 Uma coisa essencial para se ter um ar limpo e purificado é uma unidade de tratamento de ar (UTA) um dispositivo usado para condicionamento e circulação de ar, como parte de um sistema de AVAC. A maioria das UTA consiste numa grande caixa metálica que contém ventilador mecânico, elementos de aquecimento e arrefecimento, elementos de filtragem, atenuadores de ruído e grelhas de admissão e saída de ar. A ventilação é uma etapa essencial do processo, visto que fornece movimentação e renovação adequada do ar, dilui e remove os contaminantes gerados no interior de salas, e participa da criação e manutenção de diferenciais de pressão entre áreas. (BRASIL, 2013) Outro aspecto muito importante a ser levado em conta quando falamos em ar, são os filtros a serem utilizados. Temos variedades de filtros entre eles os pré-filtros que são os filtros grossos, médios e finos e os filtros absolutos, que são os filtros hepa, epa e ulpa. - Pré-filtros: São responsáveis pela captura e retenção de partículas grossas, normalmente partículas maiores que cinco micrometros. Apesar de não se dar uma grande importância para os pré-filtros eles são de suma importância para um melhor aproveitamento econômico do sistema de filtragem. Um pré-filtro de boa qualidade é aquele que consegue reter as partículas impedindo que estas migrem pelo meio filtrante com o passar do tempo. A principal função destes filtros é preservar os filtros absolutos, que são mais caros. O monitoramento dos pré-filtros é feito com o auxílio de medidores de diferenciais de pressão (analógicos, digitais ou sistemas supervisórios), que medem a “pressão de saturação”, sendo esta um indicativo da quantidade de material particulado depositado no filtro que leva ao aumento da resistência a passagem do ar. - Filtros absolutos: responsável pela captação e retenção de partículas submicrômicas, normalmente microorganismos como ácaros, fungos e bactérias. Este filtro, além de reter estes microorganismos tem a função de inibir sua proliferação, uma vez que em sua composição há um agente antimicrobiano. Temos três tipos de filtros absolutos: HEPA (high efficiency particulate air filters), EPA (efficient air filters) e filtros ULPA (ultra low penetration air filters). 5 O ar tratado pode, depois de ser insuflado na área produtiva, ser totalmente descartado ou ter uma parcela recirculada.A escolha entre essas duas abordagens deve baseada em aspectos de BPF e também em razões econômicas e ecológicas. Contaminantes presentes dentro de ambientes produtivos devem ser controlados pela diluição ou pela substituição do ar. Essas funções são realizadas através do insuflamento de ar tratado nas salas de produção, sendo que o padrão de insuflamento pode ser o unidirecional ou o turbulento. Normalmente, as cabines de pesagem ou amostragem devem prover um padrão de fluxo de ar unidirecional para fornecer proteção para o operador e também para o produto. As cabines de fluxo de ar unidirecional podem também ser utilizadas em outras etapas de processos produtivos que geram grande quantidade de pós. A velocidade de fluxo de ar unidirecional deve ser tal que não perturbe a sensibilidade das balanças nas áreas de pesagem. Se necessário, a velocidade pode ser reduzida para evitar imprecisões durante a pesagem, desde que o fluxo de ar seja mantido em um padrão suficiente para proporcionar contenção. A figura abaixo mostra os tipos de insuflamento do ar, unidirecional ou turbulento. (BRASIL, 2013) Fig.1 - Diferentes Padrões de insuflamento de ar. 6 A infiltração de ar não filtrado em uma planta farmacêutica é uma fonte de contaminação. Portanto, tetos, paredes e sistemas selados de portas e de luminárias devem limitar a entrada e saída de ar. À medida que a eficiência do sistema e os níveis de pureza de ar obtidos são dependentes de um correto projeto e dos materiais de acabamento das instalações, há várias coisas que devem ser consideradas. Entre elas temos que antecâmaras, vestiários e outros tipos de passagens devem estar disponíveis e fornecerem trânsito protegido entre áreas com diferentes condições de limpeza. Estas áreas devem possuir sistemas adequados de insuflamento e extração de ar. Devem existir diagramas detalhados contendo informações sobre cascatas de pressão, orientações de fluxo de ar e rotas de trânsito de operadores e de materiais devem ser elaborados e mantidos atualizados. A sala utilizada como etapa final para paramentação de operadores deve, no estado “em repouso”, possuir o mesmo grau de limpeza da área para qual ela conduz. Salas limpas são consideradas áreas com condições ambientais definidas em termos de contaminação por partículas viáveis e não viáveis. (BRASIL, 2013) Muito importante em ambientes limpos termos diferenças de pressão entre antecâmaras e salas limpas. São tituladas como salas Pressão Positiva, as salas com pressões estáticas internas maiores que a pressão estática de referência, em salas limpas onde o particulado emitido não causa risco às salas adjacentes, ao meio-ambiente ou à comunidade local. Este é o caso da maioria das salas limpas existentes no mercado, nas quais, geralmente, se deseja proteger o produto, o processo ou uma área de processamento em relação a outras áreas circunvizinhas. Em alguns casos, o ambiente pode estar positivo em relação à atmosfera, porém negativo (menos positivo) em relação à sua própria antecâmara ou à área de circulação. O propósito do diferencial de pressão positivo é proteger as salas limpas contra a entrada de contaminantes vindos de áreas adjacentes menos limpas ou não controladas. (BRITO, 2005) Salas com contenção por Pressão Negativa, adotam-se pressões estáticas internas menores que a pressão estática de referência, em salas limpas onde o particulado emitido pode causar risco às áreas adjacentes. O propósito do diferencial de pressão negativo é proteger as áreas adjacentes e o meio-ambiente contra vazamentos dos produtos processados no interior das 7 salas limpas. Este é o caso das áreas limpas de biossegurança, dentre outras. Normalmente, utilizam-se pressões negativas quando há risco da existência de contaminação do ar no interior da sala limpa por agentes tóxicos, biológicos, radioativos, altamente ionizados ou reativos, que possam colocar em risco o meio-ambiente ou a comunidade local. (BRITO, 2005) 2.2 MONITORAMENTO AMBIENTAL A necessidade da realização de monitoramento ambiental de áreas utilizadas na produção de medicamentos não estéreis deve ser criticamente considerada. O objetivo principal deve ser avaliar o perfil microbiológico dessas áreas, considerando essencialmente a susceptibilidade de contaminação dos medicamentos nelas fabricados. Portanto, com base em uma análise de risco, devem ser definidas e documentadas a natureza, a periodicidade e a extensão do monitoramento. (KRIPPNER,2010) A qualidade é construída em um produto quando o processo, as instalações e os equipamentos utilizados são desenhados de forma a minimizar ou eliminar os riscos potenciais de contaminação. Abordagens modernas de produção incluem também a avaliação sistemática de vulnerabilidades em potencial do processo e como as atividades rotineiras podem interagir entre si. Um monitoramento ambiental (MA) cuidadosamente planejado e executado fornece uma maior garantia de qualidade de um produto, principalmente quando este é fabricado por processo asséptico. No entanto, a avaliação dos dados de controle ambiental é apenas uma de uma série de medidas utilizadas para indicar o estado do controle de um processo de fabricação. Cabe ressaltar que o monitoramento ambiental não é uma medida direta de esterilidade de produtos devido à variabilidade inerente dos métodos de monitoramento ambiental e, mais importante, à falta de correlação direta entre os níveis numéricos específicos de monitoramento ambiental e esterilidade de um lote. (BRASIL, 2013) Monitoramento de partículas não-viáveis Procedimentos de amostragem de partículas não viáveis podem ser realizados por integrantes do departamento de Controle da Qualidade, Garantia 8 da Qualidade, Produção ou outro com treinamento e conhecimentos para tal atividade. Para cada sala limpa, deve-se proceder a uma análise do layout, dos materiais, dos equipamentos e das pessoas presentes, dos tipos de atividades realizadas, bem como dos riscos potenciais para o produto. A partir desta análise, um plano de amostragem rotineiro baseado no risco deve ser estabelecido. Deve ser elaborado um procedimento que detalhe a frequência, os pontos de amostragem e volumes amostrados. Este procedimento deve também possuir um desenho esquemático da sala demonstrando os locais de amostragem, e uma justificativa de suas escolhas deve ser claramente documentada. As avaliações de risco devem ser mantidas atualizadas. Em novas áreas, instalações reformadas ou após paradas da planta, a amostragem adicional é recomendada para avaliação de eventuais locais onde a contaminação é recorrente. A frequencia desse monitoramento deve depender do grau de risco da área, onde pode então o processo der constante ou esporádica. (BRASIL, 2013) Cada resultado deve ser analisado separadamente, e média não deve ser feita pela conjugação de resultados de vários pontos de amostragem, ou um único local amostrado em diferentes momentos. Qualquer valor acima do limite regulamentar deve ser visto como uma excursão e deverá ser conduzida uma investigação. Limites máximos de partículas segundo ISO: Tab.1 - Classificação de áreas de acordo com as classes de limpeza do ar para partículas em suspensão (Fonte: ISO 14644-1). 9 Limites máximos de partículas não-viáveis segundo Anvisa: Tab.2 - Limites de partículas não viáveis em áreas classificadas como Graus A, B, C e D. Monitoramento de microrganismos O monitoramento ambiental deve ser conduzido de acordo com um programa formal, elaborado mediante análise de risco. No plano de amostragem devemser incluídos os locais onde produto é exposto e os momentos em que há atividades de manipulação do produto por operadores. Também devem ser considerados pontos próximos aos locais em que produtos são expostos e onde são manipulados materiais ou superfícies que entrarão posteriormente em contato com o produto. Deve também ser feita uma análise de risco de forma a provar a correta escolha dos locais e a frequência de monitoramento. É aceitável um programa que defina a realização de amostragens rotineiras de áreas com alta demanda de trabalho (ex. fluxo unidirecional) e amostragem apenas de forma rotativa daquelas pouco usadas. (BRASIL, 2013) Crescimento em meio de cultura: Testes para avaliar exposição ambiental à bactérias, fungos, que estão presentes em quase todos os tipos de ambientes e superfícies, e o crescimento é influenciado por condições do ambiente. No entanto, a menos que esses micro-organismos possam ser coletados, sobreviverem e crescerem em colônias visíveis, eles não serão detectados. Em salas limpas, onde os limites regulatórios de contaminação são baixos, o uso de métodos de detecção insensíveis ou que recuperam apenas uma pequena porcentagem de microrganismos contaminantes podem tornar os procedimentos de monitoramento ambiental ineficazes. Desta maneira a realização de testes de avaliação da fertilidade dos meios de cultura, é de 10 particular importância em um programa de monitoramento ambiental de contaminantes microbianos. (BRASIL, 2013) Amostragens Volumétricas de Ar: As amostras volumétricas de ar podem quantificar as bactérias e fungos em suspensão no ar que circunda o produto exposto. Amostragem ativa pode detectar suspensões homogêneas de microrganismos no ar, mas não é uma medida confiável da contaminação esporádica que ocorre durante as operações. As normas editadas pela Anvisa não especificam qual equipamento deve ser utilizado, mas determina, que o instrumento escolhido atenda comprovadamente aos padrões atuais de detecção e sensibilidade. (BRASIL, 2013) Monitoramento com Placas de Sedimentação: Placas de sedimentação podem detectar bactérias e fungos que se sedimentam na coluna de ar acima da placa. Embora a sensibilidade da técnica dependa do tamanho da placa, da velocidade de deposição de microrganismos, e das propriedades de promoção do crescimento da placa escolhida, as placas de sedimentação são o único método que proporciona o monitoramento contínuo de micro-organismos em uma área produtiva. (BRASIL, 2013) Amostragem de Microrganismos em Superfícies: As placas de contato para superfícies de áreas produtivas, de equipamentos, e de dedos de luvas de operadores são usadas para detectar contaminação por micro-organismos nas imediações da área de trabalho. A amostragem de operadores torna-se ainda mais relevante quando operações manuais são realizadas, e nestes casos, testes adicionais para detecção de contaminações em outras superfícies dos uniformes podem ser necessários. (BRASIL, 2013) Swabs ou outros materiais adsorventes umedecidos com água estéril ou outros diluentes podem ser utilizados para amostrar superfícies irregulares ou de acesso difícil, tais como equipamento, agulhas de enchimento, tubulações e cantos. Eles são também úteis para a amostragem de grandes áreas depois de procedimentos de limpeza ou de desinfecção. As pontas dos dedos dos operadores são as áreas mais prováveis de entrarem em contato com a contaminação microbiana existente em superfícies de trabalho, de materiais, ou mesmo do próprio operador. Essa contaminação pode ser transferida para os 11 produtos e, portanto amostras da superfície dos cinco dedos de luvas dos operadores devem ser coletadas para controlar essa possibilidade. A amostragem deve ser efetuada antes da sanitização de rotina das luvas com álcool ou da troca de luvas externas (em casos em que são vestidas duas pelos operadores). (BRASIL, 2013) Limites máximos de partículas viáveis segundo Anvisa: (BRASIL, 2010) Tab. 3 - Limites recomendados para avaliação da contaminação microbiológica em áreas classificadas como Graus A, B, C e D. 2.3 PARAMENTAÇÃO EM SALAS LIMPAS Um dos pontos que causam muitas dúvidas no caso de uniformes para áreas classificadas é quanto ao que seguir ou verificar em se tratando de normas e regulamentação. No Brasil, não possuímos uma norma ou uma regulamentação específica voltada aos sistemas de uniformização, sendo assim levamos em consideração: ABNT: NBR/ISO 14.644-1 - Onde a principal citação é que nestas áreas devem ser utilizados uniformes higienizados em área com a mesma classificação de partículas da área de interesse. ANVISA: RDC 17 de 16/04/2010 - É a regulamentação brasileira específica para as áreas de produção farmacêutica e substitui sua equivalente anterior (RDC 210 de 04/08/2003). A partir desta nova regulamentação, a utilização de roupas protetoras passou a ser exigida nas áreas onde são manipulados todos os produtos e materiais e não mais somente naquelas que apresentem risco de contaminação cruzada, conforme a regulamentação anterior. 12 Para um sistema de uniformização o mais importante documento é a RP-CC-003.3 Garment System Considerations for Cleanroom and Other Controlled Environments do IEST e é onde deve ser baseado todo o sistema de uniformização. É deste documento que partem os seguintes parâmetros que veremos a seguir: vestimenta, processo de higienização, utilização e garantia da qualidade. Vale lembrar que, sabendo do impacto do operador nos ambientes, estas normas prevêem (exceto no caso do grau A), que após o ingresso dos operadores, mesmo que adequadamente paramentados, a sala irá mudar de grau de limpeza (condição “em operação”), não conseguindo mais manter a classificação anterior ao ingresso (condição “em repouso”). (OLIVEIRA, 2013) Tecido Existem alguns tipos de tecidos designados para áreas limpas, que podem ser em tecido ou tecido-não-tecido (descartável), e de uma forma geral eles precisam ter uma boa capacidade de barreira de acordo com o produto que será manipulado, e devem ser compatíveis com os sistemas de esterilização. O tecido apesar de ser mais caro, diluído ao longo de sua vida útil em um sistema de higienização e esterilização, ele se torna uma alternativa que compensa ao longo prazo; já os descartáveis, que em sua maioria são polietilenos de alta densidade, possuem uma boa capacidade de barreira, porém são caros e não podem ser reutilizados, além do que não são processados em ambientes classificados e podem possuir uma quantidade de partículas muito grande. (OLIVEIRA, 2013) O tecido que é utilizado para a confecção dos uniformes deve prover uma barreira entre o funcionário e a área, porém esta não é sua única aplicação. De acordo com a necessidade é possível que seja acrescentada ao tecido certa substância ou que ele passe por algum tratamento para lhe adquirir certa propriedade. Modelo Existe uma grande variedade de modelos, visando variar o conforto, a facilidade no processo de vestimenta, ou ainda visando à redução de custo, 13 que devem ser avaliados de acordo com cada caso, porém o IEST recomenda, não recomenda ou recomenda para aplicações específicas modelos de vestimentas, de acordo com a tabela abaixo: Processo de Higienização O processo de higienização pode ter um impacto significativo no sistema de vestimenta, então procedimentos padrões devem ser estabelecidos para controlar as atividades críticas. De acordo com o IEST, a realização da identificação de quais são as atividades críticas é um trabalho conjunto entre usuárioe fornecedor. Por isso, é indispensável que o usuário visite a planta onde as vestimentas serão higienizadas para inicialmente qualificar e periodicamente auditar o fornecedor. É de responsabilidade do fornecedor, manter a documentação solicitada, fazer o treinamento necessário e cumprir o plano de qualidade estabelecido pelo usuário. O processo inteiro deve ser registrado e acompanhado através de laudos externos e registros internos. (OLIVEIRA, 2013) 2.4 INSTALAÇÕES DE SALAS LIMPAS Acabamentos A implantação de salas limpas engloba cuidados especiais tanto em relação à criteriosa definição dos sistemas de ar condicionado, exaustões, 14 filtragens e utilidades, como também em relação à conformação física e espacial destes ambientes, o que influencia diretamente a escolha dos materiais de acabamentos. Escolhas adequadas se transmitem à perfeita operacionalidade das salas, e refletem custo benefício satisfatório. Escolhas erradas são de difícil convivência no cotidiano das operações desenvolvidas nas áreas limpas e certamente serão de modificação e alteração trabalhosa e indesejável, caso se faça necessária. A definição dos materiais de acabamento muitas vezes se apresenta como difícil escolha. São muitas as determinantes e os materiais devem atendê-las satisfatoriamente, conciliando durabilidade, bom desempenho, fácil execução e manutenção e custos não excessivos. (PAPE, 2010) Pisos Os pisos das salas limpas estão sujeitos a grande solicitação, e devem conter um elevado cuidado na sua execução, para que não ocorram, rachaduras, fissuras e imperfeições, sejam resistentes à abrasão devido à circulação de pessoas e de carrinhos, e resistentes às constantes sanitizações e limpezas. Qualquer material de acabamento para piso deverá ser aplicado sobre base executada criteriosamente, considerando a perfeita planicidade, estruturação, e eliminação de todos e quaisquer tipos de infiltrações e umidades ascendentes. (PAPE, 2010) O acabamento de piso poderá ser executado no local, como a aplicação de argamassa à base de resina epóxi, poliuretano ou outras. Para todos estes tipos o controle de umidade do substrato é de vital importância, para evitar o aparecimento de bolhas, imperfeições e descascamento das superfícies, o que poderia acarretar frequentes e indesejáveis manutenções nas áreas limpas. A utilização de acabamento de piso à base de resinas de alto desempenho, como as de base epóxi principalmente, se apresenta implantada na maioria das salas limpas das indústrias farmacêuticas. Existe no mercado uma grande variedade de resinas e também um grande número de aplicadores deste tipo de acabamento. No entanto para sua aplicação deve ser levada em conta a técnica e a experiência do aplicador e sua preocupação com a qualidade do serviço oferecido. Muitas aplicações de resina epóxi deixam a desejar quanto à 15 qualidade da execução, comprometendo a aparência e o desempenho do material. Devido também ao grande número de ofertas de materiais e aplicadores, o custo deste material apresenta se mais acessível em comparação ao que era praticado no passado, também fator determinante na crescente utilização desta especificação de acabamento. A escolha do tipo de resina, a espessura e o sistema de aplicação são determinados pela solicitação mecânica e química da área onde será aplicado. (PAPE, 2010) Paredes / Compartimentações Para o revestimento das paredes das salas limpas, os requisitos para os acabamentos são basicamente os mesmos utilizados para o piso: superfícies lisas, não porosas e vedadas; fácil limpeza, com cantos arredondados e mínimas saliências; resistência à higienização e a impactos. (PAPE, 2010) Paredes de alvenarias devem ser revestidas com argamassas lisas e desempenadas próprias para receberem o acabamento final em pintura usualmente executada com resina epóxi de base aquosa. Neste caso, os cantos verticais arredondados são formados na própria argamassa. Paredes de gesso acartonado estão em crescente utilização também para as salas limpas e existe inclusive a opção de painéis que resistem à umidade. Oferecem rapidez na execução e flexibilidade nos lay-outs nos casos de reformas e alterações de uso. (PAPE, 2010) Forros Igualmente aos acabamentos de paredes e pisos, os forros para as salas limpas devem atender as condições de estanqueidade, continuidade, uniformidade, não liberação de partículas, entre as outras já citadas anteriormente. Como opções para forros de salas limpas têm-se os forros autoportantes e os de gesso como os mais ultilizados. (PAPE, 2010) Arremates Todos os elementos que conformam as salas limpas devem ser perfeitamente arrematados, com detalhes de acabamento específicos, os quais 16 objetivam uniformidade, eliminação de frestas e vedação entre os diversos elementos. (PAPE, 2010) 17 3 CONCLUSÃO É de se perceber que as salas limpas são instrumentos essencias, quando falamos em ambiente estéril e produto de qualidade. Como podemos notar, existem vários tipos de classificação de salas limpas. A designação de classe das áreas limpas depende da legislação ou do guia que a empresa venha a adotar. A implantação de salas limpas engloba cuidados especiais tanto em relação à criteriosa definição dos sistemas de ar condicionado, exaustões, filtragens e utilidades, como também em relação à conformação física e espacial destes ambientes, o que influencia diretamente a escolha dos materiais de acabamentos. Escolhas adequadas permitem que o processo ocorra com suceso e refletem o custo benefício satisfatório. A definição dos materiais de acabamento muitas vezes se apresenta como difícil escolha. São muitas as determinantes e os materiais devem atendê-las satisfatoriamente, conciliando durabilidade, bom desempenho, fácil execução e manutenção e custos não excessivos. A aplicação das salas limpas se dá em variados campos e não é mais uma necessidade ligada apenas das áreas ligadas à saúde (humana ou animal), a aplicação se da em diversos processos industriais, onde se requer alta precisão e garantia total da qualidade, tais como micromecânica, microeletrônica, pintura, injeção e extrusão de plásticos, ótica avançada, entre outros. Porém, como é nosso principal foco e área de atuação, na indústria farmacêutica deve-se ter muito controle, para assegurar a qualidade do medicamento e dos colaboradores. Como futuras farmacêuticas, e profissionais que presam pela qualidade, devemos sempre ficar atentas e ter um cuidado especial para manutenção de uma sala limpa, como fluxos de ar adequados para os processos de produção realizados em determinadas salas, sanitização para evitar contaminação cruzada e/ou microbiológica atendendo aos parâmetros de classificação do ar segundo BPF, Normas ABNT/ISO ou RDC 17, isso depende como dito anteriormente de qual sistema a empresa optou, além do que a monitorização do ambiente com testes de amostragem que envolvem o setor de Garantia da Qualidade da indústria. 18 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS- ABNT. NBR ISO 14644 – Partes 1-3: Salas limpas e ambientes controlados associados. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária: Guia da Qualidade para Sistemas de Tratamento de Ar e Monitoramento Ambiental na Indústria Farmacêutica. 1º edição, vol.1, 2013. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC N.º 17, de 16 de abril de 2010, dispõe sobre as Boas Práticasde Fabricação. Diário Oficial da União, Brasília-DF, 19 de abril de 2010. BRITO, J. Fernando B. Artigo técnico: Projeto básico de salas limpas – Parte 1, Vol.1 Rev. SBCC. Pag.46–61, 2005. HOVAGHIMIAN, Levon Hagop; JUNIOR, Ariovaldo Paes. Coletânea de Artigos Técnicos. ANAPRE – Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho.v.1 p.21-22. Fevereiro, 2009. KRIPPNER, Elisa. Artigo técnico: Classificação de áreas limpas. Rev. SBCC, v. 44, 2010. OLIVEIRA, Moises Machado de. Artigo técnico: Uniformização para Áreas. Rev. SBCC Limpas. P.42-49. São paulo, 2013. PAPE, Nidia, A. Artigo técnico: Acabamentos para salas limpas, Rev. SBCC, P.33–41, 2010.
Compartilhar