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Psicologia da Educacao - Unidade 4

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Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
 
 
Psicologia da 
Educação 
 
Unidade Nº 4 - Adolescência, 
Neurociência e 
Desenvolvimento Humano 
 
 
Ana Cristina Bassler 
 
 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
Introdução 
Seja bem vindo a última unidade de estudo! 
Neste módulo teremos a oportunidade de entender as possibilidades que são 
descortinadas na fase da adolescência, período que vai dos 12 aos 18 anos de acordo 
com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Quantas mudanças e descobertas são 
feitas neste período! 
É também nessa fase que algumas decisões devem ser tomadas, tendo impacto 
pela vida toda! 
O tema autonomia, o qual é central com relação a fase da adolescência, tem 
sua formação ainda na infância quando a criança segue as regras estabelecidas por 
pais e professores, a princípio sem questionar. Em determinado tempo, onde há um 
amadurecimento dos processos cognitivos, a criança passa a querer entender o 
porquê é necessário escovar os dentes ou ir para a escola todos os dias. Já na 
adolescência, com este processo mais maduro, o jovem começa a demonstrar e expor 
suas ideias e pensamentos sobre as regras estabelecidas e que determinam o certo e 
errado dentro da sociedade a qual pertence. 
 A neurociência nos ajuda a entender a relação entre cérebro, comportamento 
e cognição. Estudos têm mostrado que somos capazes de aprender durante todo ciclo 
de vida e quanto mais estivermos abertos a novas experiências e em contato com 
temas que não são comuns no nosso dia a dia, maior a amplitude de conhecimentos. 
 Porém, nem todos têm a mesma capacidade de absorver as informações. 
Dificuldades físicas, motoras e cognitivas interferem na forma como cada pessoa 
apreende novos assuntos e utiliza no seu desenvolvimento. 
 Por fim nesta unidade, falaremos sobre as contradições do desenvolvimento 
humano e o processo de aprendizagem e os motivos que levam uma pessoa aprender 
sobre um assunto e outra nem se interessar por ele. 
 Preparados para conhecer mais sobre esta temática? 
 Bons estudos! 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
1. Adolescência: mundo e possibilidades 
A adolescência representa um novo estágio do desenvolvimento humano, 
marcado por inúmeras características e possibilidades. No processo de 
desenvolvimento humano, cada estágio nos prepara para o seguinte e desta maneira 
podemos entender que construímos os nossos repertórios e características de modo 
processual. Porém é na adolescência que muitas decisões vão perdurar para o resto 
da vida, como por exemplo a escolha profissional. 
A criança pode dizer que “quando crescer” quer ser professora ou jogador de 
futebol, mas é a partir dos 13/14 anos que as escolhas começam efetivamente a serem 
definidas. Perguntas recorrentes nesta fase como “Que profissão vou ter?” ou “Como 
será minha família?” denotam a preocupação com um futuro próximo. 
Mas as escolhas não são simples justamente porque não se ensina em casa ou 
na escola como escolher algo e principalmente ser responsável pela escolha que fez. 
Normalmente as crianças recebem prontas o que o adulto julga certo. É chegada a 
hora de decidir o futuro surge à insegurança e a sensação de incapacidade ou a 
frustração por ter feito uma escolha baseada na opinião e no desejo de alguém familiar 
ou querido. 
A seguir iremos problematizar e contextualizar melhor essa fase do 
desenvolvimento. 
1.1. Contextualizando a adolescência 
O termo adolescência deriva da palavra que em latim significa “crescer para”. É 
um período de transição em que o indivíduo muda do estado infantil para o estado 
adulto e esta fase está definida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no 
período entre 12 e 18 anos. Há também estudos que consideram a adolescência tardia 
até os 24 anos. Uma pesquisa australiana publicada em 2018 na revista científica The 
Lancet Child and Adolescent Health, aponta que a adolescência talvez devesse durar 
até os 24 anos, no contexto cultural e pelas mudanças que a sociedade vive, esta é a 
idade que tem início a fase adulta. 
PILETTI (2014) afirma que definir uma idade específica para o fim da 
adolescência é algo difícil, porque um indivíduo, embora crescido, pode não ter 
alcançado ainda funções e papéis adultos, como a vida profissional. 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
1.2. A adolescência como período de desenvolvimento 
Este é o período de mudanças biológicas e fisiológicas: um crescimento físico 
repentino, uma alteração das proporções corporais e o atingir da maturidade sexual. 
Nesta fase que se alcança a fase genital descrita por Freud, em que se sente prazer nas 
relações sexuais e o corpo já está pronto para a maternidade. 
O desenvolvimento cognitivo também passa por avanços, já que nesta fase o 
adolescente é capaz de pensar sobre o próprio pensamento e sobre o pensamento de 
outras pessoas, percebendo que diante a uma mesma situação diferentes pessoas 
podem ter diferentes pontos de vista. 
 
Figura 1 - Socialização. Fonte: Pexels. 
As emoções se tornam mais afloradas refletindo os processos socioemocionais, 
a personalidade e as relações interpessoais do adolescente com amigos e familiares. 
Vivenciar momentos olhando para o aqui e o agora, sem a preocupação com os 
impactos que seus atos podem trazer é um comportamento comum nesta fase. Mas 
também há momentos de extrema responsabilidade e um olhar muito mais sagaz do 
que em outras fases da vida. 
A adolescência é uma fase singular, pois tudo acontece ao mesmo tempo e de 
forma entrelaçada. Os processos socioemocionais modelam os processos cognitivos; 
os processos cognitivos interferem nos processos socioemocionais e os processos 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
biológicos influenciam os processos cognitivos. Entender estes processos e conexões 
contribui para compreender as profundas mudanças ocorridas na maneira de pensar 
e agir do adolescente. 
A principal tarefa da adolescência é a conquista da autonomia e identidade 
própria, que é formada pela influência das experiências e dos modelos que teve em 
sua vida, tanto no seio familiar quanto na sociedade que faz parte. Como um processo, 
a adolescência apresenta características muito peculiares: a chegada da maturidade 
sexual, a imaturidade e dependência social, o estabelecimento de um mundo à parte 
de seus pais e a conhecida crise de identidade (quem eu sou x o que a sociedade quer 
que eu seja). 
 
 
Você quer ver? Documentário gravado em 2005 com adolescentes de Florianópolis, 
aborda a concepção desta fase com ideias e percepções sobre diferentes temas como 
medo, profissão, família, demonstrando as impressões e quereres desta etapa de vida. 
Acesse-o em: <https://vimeo.com/4940488>. 
 
1.3. Teorias do desenvolvimento da adolescência: da 
puberdade à adolescência 
A puberdade ou pubescência é marcada pelas transformações fisiológicas e 
acontece de forma semelhante independentemente da cultura ou etnia. As 
transformações físicas que ocorrem neste período de vida dependem da ação do 
hipotálamo, situado na base do cérebro, e que regula o metabolismo a partir de sua 
ação sobre os centros de comandos de diversas funções do organismo. O surto de 
crescimento em ritmo acelerado, gerado por essa ação endócrina constituída por 
transformações físicas que conduzem à maturidade da capacidade reprodutiva. 
O desenvolvimento fisiológico desta fase faz com que as funções reprodutivas 
amadureçam e as características sexuais secundárias (pêlos pubianos e mamas) 
começam a aparecer. O início desse desenvolvimento pode variar de pessoa para 
pessoa. Para o sexo feminino a puberdade ocorre entre os nove e treze anos de idade, 
enquanto que para o sexo masculinoentre os dez e quatorze anos. 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
A adolescência é mais abrangente do que a puberdade, pois nela estão 
incluídas também as mudanças psíquicas, que são determinadas pela cultura e 
sociedade em que o jovem está inserido. 
De acordo com PILATTI (2014) vário critérios podem ser utilizados para definir 
a adolescência: 
· Critério cronológico: 
o Pré-adolescência: 10-12 anos; 
o Adolescência inicial: 13 – 16 anos 
o Adolescência final: 17-21 anos 
· Critério físico: 
o Período de transição que inicia com a primeira manifestação da 
puberdade, como por exemplo o aparecimento dos pelos pubianos 
e o aumento do volume nas mamas e termina no momento em que 
o desenvolvimento físico está concluído. 
· Critério sociológico: 
o Estágio em que a sociedade deixa de encarar o individua como criança 
e, ainda, não o considera adulto, pois ele não tem condições de 
assumir papéis e funções desta natureza. 
· Critério psicológico: 
o Fase de reorganização da personalidade e das estruturas psíquicas. 
Há casos em que esta fase é tranquila, pois o jovem percebe suas 
transformações e sabe que este é um momento passageiro. Já, em outros, é uma 
verdadeira agitação. Crises, dificuldades, preocupações, descontrole das emoções 
acontecem principalmente se o jovem não entende o que está se passando com ele. 
Para as culturas tradicionais, o fim da adolescência e início da fase adulta 
representa uma passagem marcada pela entrada em uma faculdade ou pela conquista 
da tão sonhada carteira de habilitação. Mas há sociedades em que esta passagem é 
marcada por ritos que exigem do jovem muita coragem, como na comunidade 
indígena Sateré Mawé da Amazônia, onde os adolescentes devem enfiar as mãos no 
interior de um par de luvas trançado por fibra de árvores onde dentro dela foram 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
colocadas inúmeras formigas chamadas tocandira. Estas formigas provocam uma dor 
comparada a um tiro de canhão. Os garotos precisam aguentar por 10 minutos sem 
reclamar para provar sua masculinidade. 
2. Desenvolvimento integral e a busca da 
autonomia 
Falar sobre desenvolvimento integral do ser não está relacionado apenas a 
educação. Todos os círculos em que o indivíduo está inserido – seja a família, a escola 
e outros contextos tem sua responsabilidade neste desenvolvimento. A escola pode 
contribuir com atividades e práticas que estimulem aspectos sociais, psicológicos, 
pedagógicos e afetivos, desde os primeiros anos da vida escolar. 
Olhar para o indivíduo de forma holística permite que as dimensões afetivas, 
de princípios e crenças e de qualidade de vida sejam valorizadas, além da 
aprendizagem. A família também tem um papel essencial neste momento, já que é 
pelo exemplo e experiências vividas que o sujeito desenvolve sua consciência sobre os 
valores éticos e morais. 
A autonomia é uma das bases necessárias e que garante a independência do 
ser humano dentro da sociedade em que vive. Desenvolver potencialidades e as 
dimensões do sujeito faz parte dos compromissos da educação feita de forma integral. 
A busca pela autonomia acontece de diferentes maneiras levando em consideração o 
momento do desenvolvimento pelo qual o sujeito está passando. 
O conceito de autonomia pode ter diferentes entendimentos. De acordo com 
Taille (2019, pg 24) autonomia significa “ser capaz de se situar consciente e 
competentemente na rede dos diversos pontos de vista e conflitos presentes numa 
sociedade”. 
Mas como o desenvolvimento moral acontece na criança e no adolescente? 
2.1. Normatização do desenvolvimento humano 
A maneira como compreendemos o que é certo ou errado vai determinar o 
nosso entendimento do que é moral. A medida que este valor se desenvolve ao longo 
do crescimento infantil os comportamentos e ações vão mudando. Este raciocínio está 
diretamente ligado ao desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Na infância os pais 
tentam ao máximo educar os filhos para respeitarem as normas e regras que 
determinam o comportamento moralmente aceite pela sociedade. 
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Figura 2 - Criança explorando. Fonte: Pixabay. 
Piaget se aprofundou nos estudos sobre o desenvolvimento moral. Os valores 
morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes 
sociais e será durante a convivência diária, principalmente com o adulto, que ela irá 
construir seus valores, princípios e normas morais. 
Existem dois momentos que a moral se observa nas crianças: a primeira fase 
denominada de heteronomia se traduz pelo realismo moral. Na educação infantil, 
muitas vezes os pais procuram não ser autoritários, mas com o objetivo de mostrar o 
que é correto fazer, a coação existe. Nesta fase a criança, sem condições de construir 
as estruturas mentais operatórias, há o respeito sem o entendimento das razões do 
porque deve cumprir as regras. 
A segunda fase, chamada autonomia moral, ocorre a partir dos 8 anos. O 
propósito e as consequências são levadas em conta pelas crianças. O desenvolvimento 
intelectual e moral da criança acontecem quando há cooperação, pois ele exige a 
descentralização de si e a compreensão do outro – alguém igual a ele, do respeito 
mútuo e autonomia. As relações de cooperação são regidas pela reciprocidade e 
acordos mútuos entre os integrantes. A partir dos 10 anos já é possível compreender 
que regras fazem parte da vida e podem ser alteradas, desde que não prejudique 
ninguém. O entendimento de que a justiça não depende apenas das regras, mas 
também da vontade das pessoas se torna manifesta. 
Na adolescência, novas operações do pensamento são estabelecidas e seus 
efeitos são multiplicados. Ele passa a construir sistemas e teorias sobre mundo e suas 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
transformações. Blogs contando o que pensam, poesias que refletem sentimentos, 
grupos de discussão ou comentários em posts nas redes sociais demonstram seu 
ponto de vista. Com a adolescência, o indivíduo passa do pensamento concreto ao 
pensamento formal. Antes, ele utilizava o pensamento concreto com foco no que 
estava visível e evidente. Agora usa o pensamento abstrato, que opera sobre conceitos 
e ideias. 
 
Você quer ver? O Filme As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a 
Wallflower) é uma adaptação ao cinema do romance de Stephen Chbosky, cujo ator 
principal é Charlie, um adolescente de 15 anos que está começando amadurecer e 
explorar a vida. Ele tem muitos desafios para superar e ao mesmo tempo precisa 
entender seu lugar no mundo. O filme explora os temas da adolescência, como entrar 
no colegial, apaixonar-se, encontrar amigos, ter as primeiras experiências sexuais, uso 
de drogas, homossexualidade e aborto. 
 
Passar por novas experiências e desafios nesta etapa contribuem sobremaneira 
para o jovem ampliar sua forma de ver e se conectar com o mundo, tornando-o mais 
flexível e expandindo o contato com as múltiplas inteligências. 
É nesta fase da vida que os jovens passam a representar e agir de forma crítica, 
sendo capazes de aplicar o seu conhecimento em ações que vão além dos muros da 
escola. 
2.2. Deficiências e diferenças no desenvolvimento 
A diversidade é uma das maiores riquezas da sociedade humana. Pessoas com 
suas dessemelhanças nos mais diferentes aspectos, sejam eles sociais, culturais ou 
econômicos convivem entre si e cada vez mais aprendem a respeitar as diferenças 
intelectuais e cognitivas. 
Pessoas com deficiências sofrem grandes barreiras, visto que a sociedade não 
foi preparada para incluir aqueles considerados “diferentes”. Crianças com algum tipo 
de distúrbio de aprendizagem ou deficiência eram encaminhadas às escolas especiais,ou então eram obrigadas a ficar em casa. Quando uma pessoa com deficiência tem 
negada a oportunidade de estudar e aprender, todos os outros aspectos da sua vida 
são impactados. 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
Os fatores determinantes de uma deficiência, seja ela física ou mental podem 
advir de causas genéticas ou de condições externas, como um acidente, por exemplo. 
Por não saber como lidar com esta diferença, muitas pessoas preferem se afastar, 
gerando preconceito. 
Quando se analisa o desenvolvimento das crianças com deficiência, é muito 
comum que o olhar se volte para as limitações físicas, sensoriais e intelectuais, 
destacando os aspectos orgânicos e deixando de ponderar sobre o ambiente que esta 
criança está sendo formada. Piaget já abordava em sua teoria que o desenvolvimento 
humano acontece a partir das relações sociais estabelecidas, que este 
desenvolvimento é historicamente construído por meio da cultura que o sujeito está 
inserido. 
 De acordo com Vygotsky, “a criança, cujo desenvolvimento tem sido 
complicado por um defeito não é simplesmente menos desenvolvida que seus pares 
normais, é uma criança, com desenvolvimento de outro modo.” (VYGOTSKY, 1983, p.3). 
E o que a escola tem feito para contribuir com as particularidades, visto que em 
grande parte do seu processo busca colocar os aprendizes no mesmo nível? A 
transformação da educação como processo cultural e de individualização começa a 
ser discutido. 
 De acordo com Vygotsky, o processo de desenvolvimento das crianças com 
deficiência e das crianças sem deficiência são semelhantes, as diferenças existentes 
estão na história de vida de cada um e das experiências nos diferentes espaços da 
cultura. Cabe aos pais e aos educadores identificar precocemente as alterações no 
desenvolvimento da criança para evitar implicações negativas no futuro, que podem 
gerar impactos ainda maiores na vida em sociedade. 
A singularidade e individualidade humana gera a possibilidade de novos 
horizontes na educação e no progresso de estudos que contemplam entender o 
indivíduo como um ser holístico e capaz de ir além do que se imagina. 
 Neurociência e o desenvolvimento humano 
O funcionamento da mente humana sempre chamou a atenção de 
pesquisadores e estudiosos. Toda a magia por trás do funcionamento e a maneira 
como seu desempenho interfere na vida de cada pessoa gera fascínio e muitas 
dúvidas. 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
Repositório de elementos que nos torna único e diferenciados de qualquer 
outro animal do planeta, a mente humana guarda nossas memórias, nossos 
sentimentos, nos faz pensar e sentir além de expressar o que idealizamos. 
A neurociência é o estudo que busca respostas a tantas questões voltadas ao 
desenvolvimento humano e, em nosso contexto, indagações voltadas a educação e 
aprendizagem. O objeto central de estudo é o Sistema Nervoso Central e suas 
funcionalidades. A maneira como cada indivíduo responde às vivências e experiências 
determina sua capacidade de tomar decisões, de dar mais ou menos significado aos 
acontecimentos e sentimentos aos processos cognitivos adquiridos pelas conexões 
com a memória, imaginação, pensamento, entre outros. 
As capacidades superiores como pensar, memorizar, perceber e falar diz 
respeito aos estudos feitos pela Neurociência Cognitiva. Você já parou para pensar de 
que maneira adquirimos o conhecimento sobre determinado assunto? Pense em uma 
comida que gosta muito. Se você sentir o cheiro dela imediatamente vai lembrar o seu 
prato preferido. Estas experiências sensoriais vão sendo processadas no cérebro para 
então o conhecimento ser gerado. 
2.3. Relação entre o cérebro, comportamento e cognição 
A partir do momento em que o cérebro foi determinado como responsável 
pelos processos mentais e pelo comportamento outras questões foram manifestadas: 
a que área do cérebro estava relacionada a determinada função. Como as conexões 
neurais são feitas e por que são importantes? 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
 
Figura 3 - Conexões neurais. Fonte: Pixabay. 
Conectados de forma exata, os neurônios formam as várias estruturas cerebrais 
e que vão se modificando com o passar do tempo. Uma mudança identificada no 
período da adolescência mostra que o corpo caloso (feixe de fibras nervosas que 
conecta os hemisférios direito e esquerdo do cérebro) engrossa na adolescência, e 
este espessamento melhora a habilidade do adolescente para processar informaç es 
(Kandel, 2014) 
O cérebro adolescente é diferente do cérebro das crianças, já que há o aumento 
da massa branca e a diminuição da massa cinzenta no córtex pré́-frontal, além do 
aumento significativo das conexões entre os neurônios. 
Autores como Kandel(2014) e Herculano-Houzel(2013) abordam em seus 
estudos sobre a existência de conexões sinápticas em número maior do que necessário 
e que estas jamais serão usadas. As conexões utilizadas são fortalecidas e sobrevivem, 
enquanto as que não são utilizadas são substituídas por outros trajetos ou 
desaparecem. 
Para Kandel (2014) depois do nascimento todos os ax nios motores, exceto um, 
retiram-se de cada fibra, e o ax nio sobrevivente torna-se mais elaborado. 
De acordo com Herculano-Houzel, (2013, pg67): 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
o número de sinapses no córtex humano continua aumentando durante toda 
a infância, atinge seu máximo no início da adolescência, e só então começa a 
ser reduzido, à medida que as sinapses sobrando são eliminadas. 
Com o começo da puberdade, os níveis de neurotransmissores – substâncias 
químicas que transportam informações através do espaço sináptico entre um neurônio 
e o seguinte – se modificam. 
Pesquisa feita por Charles Nelson (2003) demonstra que os jovens ainda não 
possuem o córtex pré-frontal desenvolvido de forma completa o que leva a falta de 
controle quando vivenciam emoções muito fortes. 
Mas como cérebro, aprendizado e emoção estão conectados? 
Cada vez que passamos por uma situação, seja ela positiva ou não, ela fica 
guardada em nossa memória. Quanto mais emoção houver em um evento, mais a 
pessoa se lembrará dele. 
Inúmeros eventos acontecem ao nosso redor e é necessário prestar atenção 
para que o conhecimento seja absorvido. O indivíduo presta atenção em alguma coisa 
quando aquilo é entendido, ou seja, tem significado. Quando duas pessoas estão 
passando pela mesma situação, é possível que uma se atente ao acontecido e a outra 
não. Mas por que isto acontece? Porque para uma a situação é interessante e gera 
curiosidade e para o outro a mesma circunstância não faz sentido. 
Por meio da repetição de determinada atividade, a pessoa é capaz de decorar 
uma informação. Quando esta informação tem um significado e um propósito ela se 
transforma em conhecimento. Quando este conhecimento é utilizado para resolver um 
problema, ela se converte em aprendizado. Nesse sentido, o ato de aprender não 
ocorre apenas quando se grava informações, mas também, quando o conteúdo afeta 
a pessoa. 
2.4. Deficiências e diferença no desenvolvimento 
O interesse por diferentes assuntos está relacionado à maneira como nosso 
cérebro se forma. Desde a formação do embrião já existe atividade neural. Há uma 
intensa produção de sinapses e vias neurais na vida uterina e 1º ano de vida da criança, 
com progressivo decréscimo até os 10 anos, embora para certas funções se estenda 
ao longo da vida. 
Quando há algum tipo de prejuízo no desenvolvimento inicial isso afeta o 
indivíduo em sua aprendizagem futura. Estudos demonstram, porém, que se 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
houverem novos estímulos em relação ao que foi deixada de lado, a pessoa pode 
recuperar partedesta perda, dependendo do tempo e das circunstâncias dos fatos. 
Existem duas correntes que buscam explicar a relação entre o cérebro e o 
comportamento humano. A teoria localizacionista entende que para cada aspecto 
comportamental há uma localização cerebral. É como se o cérebro fosse o conjunto 
de pequenos órgãos, cada um responsável por uma função psicológica particular. Seus 
teóricos acreditavam que o cérebro atuava de forma fragmentada, e cada uma de suas 
regiões seria responsável por uma função mental e comportamental específica. 
Pesquisas demonstraram que um paciente conseguia falar palavras isoladas, cantar 
uma melodia e até assobiar, mas era incapaz de formar frases completas. Este paciente, 
após sua morte foi diagnosticado com uma lesão em uma área específica do cérebro. 
A teoria holista considera que as funções psicológicas são produtos do encéfalo 
como um todo e que não há especialização de áreas cerebrais para processarem 
emoções ou a linguagem, por exemplo. Ou seja, não haveria especificidade regional 
no cérebro, que controlaria o comportamento atuando como um todo. 
 Carl Wernicke, neuropatologista alemão, tomando como base a linguagem, 
propôs uma teoria unificadora, na qual centros de processamento interconectados de 
forma serial ou paralela exercem funções mais ou menos independentes – teoria que, 
com algumas modificações importantes, é aceita ainda hoje. Além disso, é aceito que 
essa teoria funcione para as demais funções psicológicas superiores. Em linhas gerais 
o entendimento é de que existem regiões específicas para cada função, mas elas 
funcionam como unidades básicas de processamento. Uma lesão na área da visão 
pode ser revertida se as conexões que foram destruídas forem rapidamente refeitas. 
3. As contradições do desenvolvimento humano e o 
processo de aprendizagem 
Cada pessoa é dotada de diferentes motivos (conscientes e inconscientes) para 
aprender e é este fundamento que dá sentido ao que introjetamos como 
conhecimento. Ao se deparar com uma situação que lhe prenda a atenção, o indivíduo 
mobiliza sua percepção, sentimentos e pensamentos para o que está ocorrendo e 
assim apreende novos conteúdos. 
Quando a tarefa ou atividade está muito acima das suas capacidades físicas ou 
mentais e não há estímulo suficiente para transpor as dificuldades, perde-se a 
motivação para continuar aprendendo. Entrar em contato com diferentes assuntos e 
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realizar atividades novas e diversas provocam o acesso a áreas do cérebro que não 
foram acessadas anteriormente, gerando mais curiosidade e motivação. 
3.1. Motivação para aprender 
Mas o que motiva então o aprendiz? 
As teorias da motivação incluíam a ideia de uma força como motor do 
comportamento humano e esta força poderia ter origem em instintos ou tendências 
inatas ao sujeito de necessidades adquiridas ou aprendidas, de acordo com Freud. 
Para os teóricos comportamentalistas, esta ação estaria determinada por elementos 
alheios ao indivíduo, sendo eles prévios ou posteriores à situação. Na perspectiva de 
Piaget, a motivação é o elemento afetivo que aciona as estruturas do conhecimento e 
dá origem ao esforço a ser desenvolvido na atividade intelectual 
Schwartz (2019) afirma que a motivação para aprender depende do interesse, 
do envolvimento, do esforço, da concentração e da satisfação. 
 
Figura 4 - Locais de aprendizagem. Fonte: Pixabay. 
 O cérebro é dotado de uma propriedade de plasticidade e têm a capacidade 
de criar novas conexões neurais ao longo da vida, elucidando a possibilidade de 
absorver novos conhecimentos e construir aprendizados durante todas as fases. 
Colocar estes conhecimentos em prática demonstra o quanto o aprendizado está 
inserido no nosso cérebro. 
 Psicologia da Educação - Unidade Nº 4 - Adolescência, Neurociência e Desenvolvimento Humano 
 
As mudanças cognitivas acontecem periodicamente, pois de acordo com Piaget 
adolescentes e adultos utilizam a mesma forma de pensar em termos de qualidade de 
raciocínio, a diferença é que os adultos utilizam uma quantidade maior de 
conhecimentos para tomar decisões. 
Dentro de sala de aula, os educadores devem estimular novos conhecimentos 
por meio de experiências e atividades práticas de maneira progressiva. Estimular os 
aprendizes em conteúdos que exigem utilizar a inteligência e reforçar as conquistas. 
 
 
Você quer ler? O livro Motivação para ensinar e aprender – teoria e prática (Suzana 
Schwartz, Editora Vozes) aborda as diferentes teorias motivacionais relacionando as 
divergências e convergências dessas com os processos de ensino e de aprendizagem 
e sugere estratégias de ação para que o docente utilize em sala de aula, criando um 
clima positivo para a aprendizagem significativa. 
 
Cada vez mais se percebe que o movimento educacional passa por 
transformações. A tecnologia tem impactado sobremaneira nos padrões tradicionais 
de ensino. Pais, professores e alunos podem - e devem- participar efetivamente desta 
mudança. 
 
Síntese 
Conhecer e se aprofundar em temas tão interessantes faz com que nossa mente 
passe a compreender melhor questões que antes eram mais difusas. 
Vamos recapitular o que aprendemos: 
● Adolescência: um novo mundo se descortina diante do jovem, que passa 
por mudanças físicas e precisa se adaptar a este novo corpo, por 
mudanças emocionais e precisa entender como e porque alguns 
sentimentos vem de maneira tão forte e impulsiva. Passa também por 
mudanças neurais, onde uma série de conexões nervosas são criadas a 
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partir dos aprendizados que tem e que começam a fazer sentido em sua 
vida; 
● Desenvolvimento da autonomia: a partir do momento em que a criança 
consegue perceber que é capaz de realizar uma série de atividades e 
ações de forma independente, essa ânsia se torna comum em sua vida. 
Ao se dar conta que é capaz de sair da posição sentada e engatinhar e 
depois a andar, ela aprende a não depender mais tanto dos outros para 
realizar seus desejos. A falta de estímulos para o alcance desta 
competência leva as crianças a se tornarem adultos dependentes. 
● Neurociência: descobertas fantásticas sobre o funcionamento do 
cérebro e suas conexões com o que pensamos, sentimos, produzimos e 
queremos foram acontecendo durante a história, por meio de pesquisa 
feita por indivíduos curiosos, que buscavam entender porque algumas 
pessoas aprendem mais do que as outras, porque alguém que sofre uma 
lesão pode ou não se recuperar. A curiosidade em buscar novas 
informações e descobrir as razões dos acontecimentos faz com que o 
aprendizado seja mais efetivo. 
● Motivação para aprendizagem: compreender as diferenças nos motivos 
que levam os aprendizes a se interessar por um ou outro assunto é 
fundamental para que educadores e pais possam definir uma série de 
estratégias relevantes para o desenvolvimento do jovem. Novas 
metodologias de ensino, se beneficiando da tecnologia, podem fazer 
parte de um aprendizado mais oportuno ao mundo atual. 
 
Espero que você tenha apreciado esta disciplina e que seus aprendizados gerem 
resultados positivos em sua carreira. 
Sucesso! 
 
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Bibliografia 
KANDEL, E. R. Schwartz, J. H. Jessel, T. M. Siegelbaum, S. A. Hudspeth, A. J. Princípios 
de Neurociências. 5ª Ed. Porto Alegre: Artmed,2014 
LEPRE, Rita Melissa. Desenvolvimento humano e educação: diversidade e inclusão. 
Bauru : MEC/FC/SEE, 2008. 
PALANGANA, Isilda Campaner. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e 
Vygotsky: a relevância do social. 6ª ed. São Paulo: Summus, 2015. 
PILETTI, Nelson; ROSSATO Solange e Rossato Geovaneo. Psicologia do 
Desenvolvimento. São Paulo: Contexto, 2014 
SCHWARTZ, Suzana. Motivação para ensinar e aprender: Teoria eprática. Ed. 
Petrópolis, RJ. Editora Vozes,2019 
TAILE, Yves de La. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São 
Paulo : Summus, 2019. 
Referências imagéticas: 
Figura 1 - PEXELS. Disponível em: <https://www.pexels.com/photo/four-men-sitting-
on-platform-923657/>. Acesso em: 15 jul. 2019. 
Figura 2 - PIXABAY. Disponível em: <pixabay.com/pt/photos/crian%C3%A7as-filha-
orqu%C3%ADdea-flor-2464407/>. Acesso em: 15 jul. 2019. 
Figura 3 - PIXABAY. Disponível em: <pixabay.com/pt/illustrations/neur%C3%B4nios-
c%C3%A9rebro-neuroci%C3%AAncia-rede-3743011/>. 
Figura 4 - PIXABAY. Disponível em: <pixabay.com/pt/photos/escola-professora-
educa%C3%A7%C3%A3o-%C3%A1sia-1782427/>. Acesso em: 15 jul. 2019.

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