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FACULDADE BAIANA DE DIREITO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO FINANCEIRO TURMAS: 7 Semestre A Matutino PROFESSORA: DANIELA DE ANDRADE BORGES Aluna: Vitória Antonya Campos Sacramento Avaliação Unidade II 1) Explique a) O que é dívida mobiliária e os requisitos para seu refinanciamento. (1,0) b) Diferencie dívida consolidada de dívida flutuante, explicando e enquadrando a operação de crédito por antecipação de receita como consolidada ou flutuante. (1,5) a) A LRF instituiu que a dívida mobiliária é a representada por títulos federais emitido pelo art. 29, II1. Dívida pública mobiliária é a "representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central, Estados e Municípios" (inciso II do art. 29). A dívida mobiliária, agora, é a decorrente de títulos emitidos, no caso federal. É que, aí, a disciplina decorre de lei, enquanto que, no mais, prevalece a regulamentação através de Resolução do Senado Federal. De acordo com a CF, cabe às Resoluções do Senado pelo art. 52, IX, “estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios''. Quanto ao refinanciamento da dívida mobiliária previsto pelo art. 29, V, o refinanciamento da dívida opera-se através de sua substituição, ou seja, remaneja-se o débito anterior, mediante emissão de títulos. É a emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária.2 Por isso, o requisito para o refinanciamento é a atualização monetária. b) A dívida flutuante é adquirida para suprir deficiência de caixa e deve ser resgatada a curto prazo. É uma situação provisória. Já a dívida consolidada ou fundada tem prazo longo e destina-se a investimento. É contraída pelo Estado para fazer face a gastos de grandes proporções (empréstimo amortizável ou perpétuo), por isso, compreende a dívida da administração direta, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes sempre em relação à Receita Corrente Líquida (RCL). As operações de crédito por antecipação de receita é uma modalidade de empréstimo que o Estado promove com o objetivo de suprir 1 dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios. 2 RAMOS FILHO, Carlos. Curso de Direito Financeiro. 2012 o déficit de caixa. São empréstimos de curto prazo a serem devolvidos no mesmo exercício financeiro.3 Ou seja, tal modalidade enquadra-se na dívida flutuante. Tal classificação constitucional conhecida pela sigla AROs (antecipação de receitas orçamentárias), hoje, são disciplinadas pela Resolução do Conselho Monetário Nacional (Resolução no 2.008/93), que prescreve a liquidação dessas operações até o 30 dia do exercício seguinte ao da celebração do contrato. A própria Lei de Responsabilidade Fiscal encerrou a qualquer dúvida, uma vez que estabeleceu que somente poderá haver a tomada de recursos a partir do dia 10 de janeiro (art. 38,1) e deverá ocorrer o pagamento até o dia 10 de dezembro do mesmo exercício financeiro.4 2) Relacione as três leis que compõem o orçamento público no Brasil, na perspectiva do princípio da programação orçamentária. (1,5) O princípio da programação orçamentária consiste em selecionar objetivos que se procuram alcançar, assim como determinar as ações que permitam atingir tais fins e calcular e consignar os recursos humanos materiais e financeiros, para a efetivação dessas ações.5 Ou seja, é o orçamento em seu sentido estrito em relação a sua própria natureza, formulação de objetivos e o estudo das alternativas da ação futura para alcançar os fins da atividade governamental, é o plano de ação governamental em que deve ter conteúdo e forma de programação.6 Tal princípio em relação á PPA (Plano plurianual) vem no sentido que a PPA é o planejamento das atividades governamentais nos próximos quatro anos, é o instrumento legal no qual constarão, as diretrizes, os objetivos e as metas da Administração para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Dessa forma, o PPA por se tratar do planejamento dos objetivos e da forma como se dará os programas de duração continuada está atrelada ao princípio da programação, visto que, os programas de governo de duração continuada devem constar do plano plurianual.7 A relação do princípio com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é que, assim como a PPA, também indica as diretrizes, prioridades e objetivos da Administração Pública. Possui um caráter de programação do orçamento, orientar a elaboração do orçamento anual, nesse caso, em relação ao que o Poder Executivo pretende realizar no exercício financeiro subsequente. A Lei Orçamentária Anual (LOA) conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa 3 HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. Atlas, São Paulo. 26 ed. 2017 4 OLIVEIRA, Regis. Curso de Direito Financeiro. Revista dos Tribunais, São Paulo. 2010, p. 645 5 RAMOS FILHO, Carlos. Curso de Direito Financeiro. 2012 6 HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. Atlas, São Paulo. 26 ed. 2017 7 HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. Atlas, São Paulo. 26 ed. 2017 de trabalho do Governo. Ou seja, é responsável pela programação do orçamento em relação às despesas.8 E com a Emenda Constitucional nº 86, de 17 de março de 2015, tornou-se obrigatória a execução da programação orçamentária constante da LOA, o nosso orçamento anual manteve como regra geral a natureza autorizativa, mas introduziu a obrigatoriedade de execução da programação orçamentária que especificou.9 3) O único requisito para o Estado Bahia contratar um empréstimo é autorização na Lei Orçamentária Anual. Assinale se a afirmativa é verdadeira ou falsa, indicando, caso seja falsa, quais seriam os outros requisitos. Responda de forma fundamentada, pois a pontuação será atribuída proporcionalmente ao conhecimento demonstrado. (A questão vale 2,5 pontos) Falsa. A LOA ela prevê receita e despesa e no máximo autoriza créditos suplementares e a contratação de empréstimos. A lei orçamentária anual é compreensiva de todas as receitas, contendo, nela, todos os orçamentos de todas as pessoas jurídicas, órgãos, fundos e entidades da administração indireta. Dessa forma, os empréstimos precisam ser autorizados e abertos após a elaboração da LOA para serem efetivados. Entretanto, a autorização pela LOA não é o único requisito. Pela classificação constitucional os empréstimos são divididos em operações de crédito por antecipação de receita e operações de crédito em geral. E a partir disso, possuem outros requisitos necessários além da autorização e previsão pela Lei Orçamentária anual para a contratação de empréstimos. O ente da Federação que tiver interesse em realizar operação de crédito precisa estar em conformidade com o art. 32, § 1 da LRF, e os incisos I, II, III, IV, V, VI, por exemplo, fundamentar seu pedido em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos; demonstrar a relação custo-benefício da operação; provar o interesse econômico e social da operação; e ainda analisar o artigo 33. Ademais, e quanto a ARO, apesar do fato de a LOA poder autorizar, genericamente, as operações de crédito por antecipação de receita (art. 165, § 8o, da CF) não afasta a necessidade de autorização específica, em cada operação, por ato legislativo de inferior hierarquia.10 4). (Caso fictício) O Prefeito do Município de Santo Antônio encaminhou o projeto de LOA à Câmara de Vereadores em 20/07/2010. A Câmara de Vereadores, todavia, entendeu que o projeto foi encaminhado fora do prazo, razão pela qual adotaram um projeto de lei elaborado pela Comissão do Orçamento prevendo receitas e fixando despesas para os exercícios financeiros de 2011 e 2012. O projeto foi convertido emlei e publicado em 10/02/2011, regulando as receitas e despesas entre 11/02/2011 até 10/02/2012. A LOA fixava despesas na área de saúde e destinava à construção de um posto de saúde toda verba que se fizesse necessária para conclusão da obra. No que se refere ainda ao posto de saúde, o Decreto estabelecia como deveria ser o concurso público para contratação de médicos para atenderem nos posto. Analise a constitucionalidade e 8 RAMOS FILHO, Carlos. Curso de Direito Financeiro. 2012 9 HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. Atlas, São Paulo. 26 ed. 2017 10 RAMOS FILHO, Carlos. Curso de Direito Financeiro. 2012 legalidade do diploma legal em questão, fundamentando sua resposta. A pontuação será atribuída proporcionalmente ao conhecimento demonstrado. (3,5) Em relação ao projeto de LOA que foi substituído por uma Lei Municipal, apesar de o prazo anual estar em conformidade com a LOA, as receitas e despesas não podem ser legislados pelo âmbito municipal em razão de tal competência não ser atribuída pela Constituição. No § 1° do art. 5° a lei reitera o princípio da universalidade, tal como estabelecido no § 5° do art. 165 da Constituição. Referido princípio dispõe que todas as receitas e despesas devem estar previstas na lei. E tal texto da lei determina que "todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual".11 Ou seja, não é da competência do Poder Legislativo municipal legislar sobre tal matéria. Dessa forma, o diploma legal é inconstitucional. Em relação em como deveria ser o concurso público para contratação de médicos para atenderem nos postos, o art. 169 da CF flexibiliza as despesas de pessoal de acordo com o comportamento da receita, nos termos definidos em lei complementar, porém não pode esgotar a dotação orçamentária relativa a despesas com a folha.12 Entretanto, é preciso haver prévia dotação orçamentária, ou seja, autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias e não a sua elaboração diretamente por legislação municipal. 11 OLIVEIRA, Regis. Curso de Direito Financeiro. Revista dos Tribunais, São Paulo. 2010 12 HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. Atlas, São Paulo. 26 ed. 2017
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