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NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS À GESTÃO FINANCEIRA AULA 4 Prof. Vinicius Diniz Moraes CONVERSA INICIAL Assim como no setor bancário, novas tecnologias e inovações estão transformando drasticamente também o mercado financeiro. A introdução de novos meios de comunicação propiciou transações e fluxo de informações muito mais ágeis e baratas. Por isso, esta aula tem como principal objetivo mostrar como se deram as transformações no mercado financeiro com base na evolução tecnológica no sentido da digitalização. Primeiramente, é apresentado um histórico das evoluções tecnológicas aplicadas ao mercado de capitais. Posteriormente é comentado como a introdução da ferramenta Home Broker facilitou as atividades financeiras. Em seguida, é mostrada a ideia de rede de empresas financeiras através do Open Banking, uma grande tendência do mercado financeiro. Depois, é discutida a diminuição de potenciais dificuldades na integração de novos usuários e plataformas por meio do conceito de frictionless onboarding. Por fim, propõe-se uma discussão a respeito da desregulamentação do setor financeiro com os principais argumentos favoráveis e contrários sobre o tema. CONTEXTUALIZANDO O mercado financeiro é um dos mais importantes mercados no mundo, por conta de seu tamanho e movimentação monetária. Normalmente, quando pensamos em mercado financeiro, imediatamente vem à cabeça um lugar cheio de pessoas gritando no telefone para comprar e vender ações – a bolsa de valores. Contudo, com o avanço tecnológico, principalmente dos últimos vinte anos, essa imagem já se tornou obsoleta. As transações no mercado financeiro, hoje, são feitas por plataformas de alta tecnologia e velocidade, características essenciais para a consolidação de ganhos no mercado de capitais. 3 TEMA 1 – TRANSFORMAÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO Créditos: Zakharchuk / Shutterstock Papel, cavalo, pomba, fio e computador, é assim que Cliff e Treleaven (2010) descrevem a transformação do mercado financeiro com base nas novas tecnologias de cada época. O mercado de capitais e a bolsa de valores são instituições que datam do Renascimento, ou seja, aproximadamente do século XIV, em Veneza. Portanto, transações de ações e outros títulos tiveram grandes mudanças no decorrer do tempo. Naquela época, os eventos que influenciavam as transações financeiras eram guerras e chegadas ou naufrágios de navios anunciadas por mensageiros a cavalo, que percorriam a Europa inteira. Os negociadores mais influentes do mercado financeiro contavam com a melhor cavalaria para ter acesso às informações com maior rapidez. A competição da época por melhor informação era garantia de maiores ganhos, por isso os fundadores da empresa de informação financeira Reuters trocaram cavalos por pombos, afinal eles eram mais rápidos e baratos. Isso resultou em uma das maiores empresas de informação financeira do planeta (Cliff; Treleaven 2010). Foi apenas em meados do século XIV, com a corrida pela instalação de cabos submarinos, a invenção do telegrafo e, posteriormente, do telefone, que o mercado financeiro ganhou uma nova força de crescimento que iria perdurar como tecnologia principal nas atividades financeiras por quase todo o século XX. Segundo Cliff e Treleaven (2010), a introdução do telégrafo e telefone no mercado financeiro causou o declínio da bolsa de valores de diversas cidades, no sentido de uma concentração para grandes centros como Nova Iorque e 4 Londres. O telégrafo foi o grande responsável por propiciar a comunicação quase que imediata de longas distâncias a baixo custo. Além disso, a tecnologia afetou a economia como um todo por possibilitar a exploração e a conquista de novos mercados, como a “Corrida para o Oeste”, nos Estados Unidos (Yates, 1986). Posteriormente, no final do século XX, foi a vez das tecnologias. A introdução do computador pessoal e da internet fez a demanda por sistemas de informação crescer. Foi pela venda de terminais de informação sobre o mercado de capitais que Bloomberg fez sua fortuna, e até hoje os principais centros com atividades na bolsa de valores possuem um terminal da Bloomberg (Cliff; Treleaven 2010). Créditos: Naritsorn Hirunon / Shutterstock Para Goldenberg (2018) o grande salto no mercado de capitais para modernização e digitalização foi a crise financeira de 1987. Também conhecida como segunda-feira negra, o crash de 1987 afetou diversas bolsas de valores no mundo inteiro, levando à queda do índice Dow Jones, nos Estados Unidos, de 22% em um dia. Em relação às causas da crise, há várias explicações e apontamentos. Cliff e Treleaven (2010) argumentam que a introdução dos computadores e de programas muito simples que emitiam sinais de preço causou um grande alvoroço no mercado, levando ao crash. Em mesma linha de pensamento, o ganhador do prêmio Nobel em economia, Robert Shiller, argumenta que a principal causa foi um pânico generalizado, fazendo com que os investidores vendessem seus ativos a qualquer preço. Afinal, com medo de maior queda de preços, os investidores passaram a aceitar menores preços, consequentemente, 5 criando uma bola de neve negativa e culminando na quebra do mercado de ações (Oyedele 2017). Mesmo com a crise, o uso de computadores e softwares teve um desenvolvimento crescente em diversas funções no mercado financeiro. Além da facilidade de comunicação, a melhoria das técnicas de programação tornou a atividade de investimento muito mais técnica com uso de algoritmos e modelos matemáticos para a gestão de portfólios. A evolução dos aspectos visuais dos computadores como imagem colorida e melhores telas também contribuiu para o avanço da análise técnica com o uso de gráficos e séries históricas como ferramentas de tomada de decisão para investimentos. Posteriormente foi a vez da internet impactar significativamente o mercado financeiro. Os impactos diretos da internet foram principalmente em facilitar a difusão de informações, promover a maior interação entre agentes econômicos e propiciar o acesso direto de agentes econômicos a diferentes mercados (Economides, 2005). A criação e difusão de relatórios de desempenhos anuais das empresas, websites de notícias, softwares de informação e avaliação do mercado financeiro marcam as maiores facilidades na busca por informações com a internet. Assim, a assimetria de informação que era extremamente importante no século XX passou a ter menor peso por conta do maior acesso a informações. Já a maior interação entre os agentes possibilitou a criação de novos instrumentos financeiros como a transação de commodities e maiores discussões sobre os mercados com o lançamento de debates na televisão de diversos especialistas. Por fim, o acesso mais direto aos mercados como consequência da internet permite uma verdadeira conexão global entre os mercados, ou seja, hoje é possível operar na bolsa no mundo inteiro com grande facilidade (Economides, 2005). Agora é a vez da Inteligência Artificial (IA), Cloud, Blockchain e Big Data de liderar as próximas tendências tecnológicas no setor financeiro. Especialistas apontam que a combinação da grande disponibilidade de dados com a Big Data e a capacidade de máquinas aprenderem a realizarem cálculos complexos podem revolucionar a tomada de decisão e avaliação de retornos ajustados ao risco de cada aplicação. Já o crescimento e popularização da Cloud e centros de armazenamento de dados também facilitam o uso de grandes bases de dados. O protocolo de segurança Blockchain promete revolucionar contratos de transação financeiras com a eliminação de intermediários. Além de que a 6 tecnologia assegura a segurança das transações por utilizar criptografia e o livro- razão que garante a imutabilidade dos dados. Grandes evoluções tecnológicas não alteram apenasas atividades, processos e o modus operandi do mercado financeiro, mas também as empresas de tecnologia tendem a causar um grande alvoroço, impactando no crescimento e volatilidade da bolsa de valores. Foi isso o que ocorreu no início do século XXI, com a crise financeira chamada “ponto-com” ou “bolha da internet” com as novas empresas de tecnologia IBM, eBay e AOL Time Warner. Essas empresas eram a grande promessa de lucros entre os investidores e, por isso, o preço de suas ações cresceram consideravelmente formando um ataque especulativo. O índice Nasdaq, índice das empresas de tecnologia nos Estados Unidos cresceu de 1.000 para mais de 5.000 pontos entre 1995 e 2000. Com a quebra da bolsa em 2000, o índice recuou 76.8% (Hayes, 2019). Atualmente, alguns especialistas argumentam que o mesmo pode ocorrer nas grandes startups de tecnologia, principalmente a Tesla e Spotify (Marketwatch, 2018). TEMA 2 – HOME BROKER Quando se pensa em mercado de capitais e bolsa de valores, certamente a imagem que vem à cabeça é de um salão lotado de pessoas gritando ao telefone e fazendo sinais de compra e venda. Esse ambiente, de certa forma caótico, foi a realidade de vários traders e operantes no mercado de ações no mundo inteiro, principalmente em meados do século XX. A imagem a seguir representa como era o pregão da bolsa de Chicago. Figura 1 – Pregão da bolsa de Chicago, em meados do século XX Créditos: Joseph Sohm / shutterstock Todavia, hoje essa não é mais a realidade dos operadores na bolsa de valores. Atualmente, a bolsa de valores migrou quase que inteiramente para a 7 internet e os prédios e instalações físicas agora servem para ocasiões especiais ou viraram museu. Esse é o caso do prédio da Bovespa, em São Paulo. Não espere visitar a bolsa de valores de São Paulo e encontrar centenas de pessoas gritando para vender ou comprar ações. Na realidade, sua visita à Bovespa, ou B3 como hoje é conhecida, será mais uma visita educacional com museu, história e cinema 3D do que uma real imersão no cotidiano do mercado de capitais. Assim como em outras atividades das finanças, como bancos e empresas de pagamentos, o mercado de capitais também foi afetado drasticamente pela evolução tecnológica. As corretoras de ações, seguros e outros títulos mobiliários que compõe o chamado mercado de capitais passaram a funcionar remotamente e descentralizados. Com isso, o dia a dia de um trader se parece muito mais com a imagem a seguir: Figura 2 – O dia a dia de um trader, hoje Crédito: Andrey_Popov / Shutterstock Com objetivo de evitar perdas de tempo e melhorar a funcionalidade do mercado, as operações no mercado de ações foram migrando do telefone para o computador, com o avanço e a democratização das tecnologias. Assim surgiu o conceito de investimento online procurando eliminar intermediários e agilizar o processo de compra e venda de ativos, afinal, no mercado financeiro, tempo é dinheiro. Foi então que surgiu o home broker como novo canal de execução de operações, com objetivo facilitar transações e promover a mudança que o mercado necessitava. 8 O home broker segue a mesma lógica da internet banking para bancos, ou seja, funciona como uma plataforma online que propicia qualquer pessoa operar na bolsa de valores de forma rápida, barata e simples. A plataforma substitui o telefone e o operador de pregão, nas transações na bolsa de valores, portanto é um meio direto de ligação entre investidores e o mercado financeiro via corretoras. Antes, para realizar uma execução de ordem como compra ou venda, o investidor precisava ligar para a mesa de operações que, por sua vez, realizaria a execução da ordem. Assim, com a implantação das plataformas online, a ordem fica a um clique no mouse de distância. No Brasil, o primeiros home broker foram implantados pela Bovespa, em 1998. Hoje as plataformas de home broker são oferecidas pelas corretoras e operam dentro da própria rede da Bovespa. Atualmente, além do computador, já existem corretoras que oferecem plataformas para o celular e tablet. O principal objetivo das novas plataformas é expandir e facilitar o acesso ao mercado de ações oferecendo maneiras mais fáceis e rápidas de acessar sua carteira de investimento e investir. Além de realizar transações de compra e venda de ativos, as plataformas de home broker também oferecem outras funções, dependendo de cada plataforma e de cada corretora. Normalmente, o home broker permite acompanhar a carteira de investimento e rendimento, ter acesso a cotações instantâneas, envio de ordens imediatas, recebimento de confirmações e outras notificações. Além dessas funcionalidades, programas mais avançados permitem visualização de gráficos e configuração de algoritmos e outros mecanismos para transações automáticas. Atualmente, os programas de investimentos se parecem com o apresentado na Figura 3: Figura 3 – Programas de investimentos Créditos: ZinetroN / Shutterstock 9 As atividades das corretoras são regulamentadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no Brasil. A CVM determina que operações no mercado financeiro devem ser sempre intermediadas por uma empresa privada habilitada pela comissão. Sendo assim, qualquer investidor interessado em futuras aplicações no mercado de capitais deve procurar uma instituição credenciada a operar no sistema de distribuição. A regra vale para qualquer tipo de operação, incluindo as online. Portanto, a CVM exige uma dupla autorização prévia para operação, da própria corretora e das plataformas online oferecidas. Além da autorização, a CVM determina que os fornecedores de serviços online contem com mecanismos de segurança para proteção de dados. Novas funcionalidades a respeito do investimento online e home broker estão por vim como resultado das inovações tecnológicas da indústria 4.0. Novas tecnologias como inteligência artificial poderão integrar as plataformas financeiras para realizar transações automaticamente. Hoje já é possível a incorporação dos chamados robôs traders que, na verdade, são algoritmos que executam transações automáticas com base na determinação prévia do investidor, a chamada calibragem. Com a inteligência artificial, esses robôs poderão ganhar funcionalidades ainda mais eficientes, pois eles serão capazes de aprender com as flutuações do mercado para realizar transações mais rentáveis e seguras. Outra tecnologia que poderá revolucionar as plataformas de investimento online é a blockchain, que pode dar muito mais segurança nas transações financeiras por ser uma tecnologia descentralizada. Além disso, por permitir trocas seguras de ativos entre usuários, ela pode tornar as corretoras obsoletas, pois a blockchain eliminaria a necessidade de um intermediário realizando as execuções de ordem. O investidor estará conectado diretamente no mercado de capitais, ao invés de uma corretora. É como se qualquer ativo financeiro, um pedaço de uma empresa, por exemplo, funcionasse como uma Bitcoin, onde ela pode ser livremente transacionada entre pessoas sem intermédio de terceiros. 10 TEMA 3 – OPEN BANKING Créditos: Nazarkru / Shutterstock Hoje, os dados bancários de todos os clientes em todas as empresas financeiras devem ser mantidos em sigilo por lei. Contudo, essa definição está prestes a mudar com a inovação trazida pelo Open Banking. O principal objetivo do open banking é criar uma plataforma personalizada que possibilite que o cliente movimente suas diversas contas financeiras, conta em bancos, corretoras do mercado financeiro e poupança, por meio de apenas uma plataforma. Assim, o open banking é definido como uma rede de empresas e instituições financeiras que se comunicam e trocam informações via APIs (Interface de Programação de Aplicativos). Essa é uma das grandes tendências de avanços tecnológicosque busca integrar a área financeira como um todo. Segundo pesquisa realizada pela FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos), 99 de 100 executivos de empresas de pagamentos brasileiras acreditam no crescimento do open banking e pretendem realizar investimentos na tecnologia até 2020. A principal função do open banking é a integração de contas financeiras para facilitar a administração do usuário. Por exemplo, digamos que você tenha uma conta corrente no banco 1, uma conta poupança no banco 2, utiliza a corretora de valores 3 e ainda contratou o financiamento do banco 4. Hoje, você teria que lidar separadamente com 4 instituições diferentes e, possivelmente, ter 4 aplicativos diferentes no seu celular para administras esses diferentes serviços. Portanto, a ideia do open banking é justamente integrar todas as diferentes instituições em apenas uma plataforma, aplicativo de celular por 11 exemplo. Hoje, essa funcionalidade já é possível nos smartphones com diferentes endereços de e-mail. O usuário pode cadastrar diferentes contas de e-mail em um mesmo aplicativo de computador ou celular e passa a acompanhar sua conta de maneira integrada. A troca de informações entre as empresas que compõem a rede open banking acontece por meio de APIs (Interface de Programação de Aplicativos) e exige explicita autorização dos donos das contas. As APIs são mecanismos que possibilitam diferentes empresas de compartilharem e melhorarem produtos e serviços associados ao seu aplicativo. Por exemplo, uma empresa pode ter sua localização e outras informações como website mostrados pelo Google Maps via APIs. Sendo assim, a troca de informações via API permite a criação ou melhoria de aplicativos por terceiros. Figura 4 – Rede Open Banking Fonte: elaborado pelo autor. A grande vantagem do open banking, além da integração de contas, é que a funcionalidade permite um alto nível de personalização para atender as demandas individuais de usuários. Enquanto um aposentado pode contar com um aplicativo especial que opere sua conta corrente, poupança e conta de aposentadoria, um investidor poderá contar com um aplicativo totalmente Banco A Financeiras Banco de investimento Cartão de credito Corretora Banco B Seguros Open Banking 12 diferente que cubra sua conta na corretora, conta corrente nacional e internacional e seguros, por exemplo. Outra aplicação para o open banking além do uso pessoal é a gestão financeira de empresas. Com a rede de conexão e interligação entre diversas contas, empresas poderão ter uma plataforma que combine todas suas contas e atividades financeiras. Com isso, além de poupar tempo, a administração financeira da empresa é facilitada, afinal os dados compilados em apenas uma plataforma é mais uma ferramenta para o planejamento e a gestão da empresa. No Brasil, o open banking já é uma realidade e a fintech GuiaBolso é uma das principais empresas no ramo. A GuiaBolso promete facilitar a gestão financeira pessoal com o monitoramento em tempo real de gastos e ganhos. Tudo isso é feito por meio de um aplicativo para celular. Ao baixar o aplicativo, o usuário deve cadastrar todas as suas contas financeiras no aplicativo, assim o usuário autoriza a troca de informações do banco com o aplicativo, por exemplo. Em seguida, por meio da comunicação do seu banco com o aplicativo, todas as suas transações estarão disponíveis no seu celular. Além propiciar uma maior facilidade em termos de atividade e transações financeiras, o aplicativo promete ser uma ferramenta de planejamento e educação financeira, pois compila várias informações financeiras de uma maneira fácil e simplificada ao usuário do aplicativo. Além do GuiaBolso, a matéria do jornal Valor de 16/10/2018 mostra que há outras empresas no Brasil avançadas em termos de implantação e solidificação de uma rede open banking. O Banco do Brasil já compartilha informações com a fintech ContaAzul para gestão financeira de micro e pequenas empresas, a empresa da comparadora de credito bxblue e também a empresa especializada em programa de fidelidade e pontos Dotz. A grande questão que freia ou impede o crescimento das redes de compartilhamento de informações open banking é a regulamentação dessa atividade. Como mencionado, no Brasil a questão dos dados bancários é ainda hoje tratada como informações sigilosas por lei. Contudo, há quem diga que os dados não devem pertencer aos bancos e sim aos usuários, portanto, ficando a critério do usuário a disseminação ou não de seus dados. Outra frente no debate sobre a regulamentação do API argumenta que dados financeiros são extremamente valiosos e, por isso, é necessária uma forte regulação e segurança envolvendo esses dados. 13 Segundo a FEBRABAN, hoje o Brasil conta com a autorização de troca de informações de APIs para relatórios financeiros e dados de pagamentos. Em outras palavras, atualmente apenas informações relacionadas a extratos e transações como pagamentos e transferências entre contas. No começo de 2018, a União Europeia lançou a diretiva PSD2 que obriga os bancos a fornecerem dados bancários para outras instituições com o intuito de melhorar os serviços e aumentar a competição no mercado financeiro. Segundo diversas fontes, a tendência é que o Banco Central do Brasil lance a regulamentação das APIs no final de 2019 determinando que os bancos sejam obrigados a compartilhas dados de clientes quando autorizado pelos próprios clientes. TEMA 4 – FRICTIONLESS ONBOARDING Créditos: Graf Vishenka / Shutterstock O termo em inglês frictionless onboarding, traduzido literalmente, significa integração sem atrito. Frictionless quer dizer “sem atrito ou fricção”, e diz respeito à resistência entre duas partes quando em movimento que resulta em gasto de energia. Já onboarding significa embarcar, integrar. Portanto, frictionless onboarding define uma ação ou operação de embarque e integração sem ou mínima dificuldade ou gasto de recursos. O termo é utilizado na gestão financeira e nas finanças para descrever diversas situações ou técnicas de minimizar gasto de tempo, dinheiro ou outros recursos quando um novo processo, software ou cliente é integrado. Segundo Dasgupta (2018), até 15% de novos clientes são perdidos apenas durante o processo de registro e validação, até que a integração completa seja atingida. https://www.shutterstock.com/pt/g/grafvishenka 14 Um exemplo de friction onboarding, dificuldade em novas integrações, é quando uma empresa decide adotar um novo sistema de gestão financeira. Contudo, esse sistema é totalmente novo para os funcionários. Sendo assim necessário investimento da empresa em treinamento de funcionários, adequação nos hardwares (computadores) da empresa, entre outros problemas de adequação ao novo sistema. Portanto, a ideia de frictionless onboarding tenta eliminar o máximo possível de gastos desnecessários resultados da transição. Especialmente para o caso do setor financeiro, há duas atividades em que o frictionless customer onboarding pretende focar: a primeira trata de aumentar a eficiência e rapidez de serviços de atendimento ao consumidor. Já a segunda sugere novas estratégias promete facilitar a abertura de novas contas para a integração de novos clientes garantindo segurança. 4.1 Frictionless onboarding no atendimento ao cliente A redução ou eliminação de gastos de recursos ou desgaste dos consumidores relacionados a mudanças de plataformas é chamada de frictionless customer onboarding. Esse conceito advém da recente mudança das instituições financeiras que passaram a considerar o consumidor e a experiência do consumidor como prioridade para estratégia de negócios. A nova estratégia procura eliminar desgaste na hora de introduzir o consumidor a uma nova plataforma e/ou a um novo sistema.Um processo bastante conhecido por consumidores em geral por causar irritações e gasto desnecessários de tempo é o atendimento ao cliente via telefone. Além da chateação, manter centros de telemarketing não é uma tarefa economicamente inteligente, afinal os índices de produtividade e qualidade do serviço são baixos e os custos fixos e variáveis são altos. Sendo assim, além da adoção de novas tecnologias como inteligência artificial e big data para melhorar o serviço, empresas do setor financeiro estão adotando medidas que possibilitem a resolução de problemas o mais eficiente possível. Para isso, o frictionless customer onboarding permite que o cliente migre de uma plataforma de atendimento para outra com o mínimo de dificuldade. Portanto, o atendimento que começou por telefone pode ser transferido para o chat no smatphone e, posteriormente, para o computador sem interrupção ou perda da vez no atendimento. O open banking que possibilita a integração de 15 diferentes plataformas em um aplicativo personalizado é uma das vias que procura minimizar o atrito e desgaste do consumidor. 4.2 Segurança na era digital Crédito: Rawpixel.com / shutterstock Já a segunda aplicação do frictionless customer onboarding diz respeito à integração de novos consumidores a bancos e empresas financeiras respeitando regras de regulação e complience. Quando se pensa em abrir uma conta em um banco, imediatamente pensamos em um processo extremamente burocrático de buscar documentos para provar residência, renda e identidade. Ainda pensamos ser necessário ir até uma agência física do banco para conversar com um gerente, assinar um longo contrato e esperar dias até realmente ser possível utilizar a conta e receber o cartão. É exatamente esse processo burocrático e custoso que o frictionless consumer onboarding procura eliminar. Os mecanismos de compliance e o processo know-your-customer são exigências a instituições financeiras que servem como mecanismos de segurança com o intuito de prevenir atividades financeiras ilegais como lavagem de dinheiro. Ao mesmo tempo, empresas procuram reduzir custos e tempo mantendo níveis de segurança adequados. Dasgupta (2018) estima que hoje o processo de integração, onboarding, em uma empresa financeira envolve em média 20 diferentes aplicações, dura 34 semanas e custa aproximadamente 25 mil dólares por usuário. Portanto, a aplicação de novas tecnologias no onboarding busca justamente eliminar o trade-off entre segurança e rapidez na integração, tornando possível a combinação dos dois fatores para melhorias no setor financeiro. 16 Mesmo que esse processo de abertura de conta bancária e de integração a uma nova instituição financeira seja custoso e demorado, ele foi logicamente construído para evitar clientes indesejados que sejam potenciais riscos ao banco, por realizarem atividades ilegais, lavagem de dinheiro ou corrupção. Portanto, esse processo denominado “conheça seu cliente” (know-your- customer) é um mecanismo antifraude que obriga as instituições financeiras a coletarem e submeterem dados dos clientes e de suas transações à Receita Federal. Para isso, essa política de complience, atividade de fazer empresas estarem em conformidade com a lei, exige ferramentas de autenticação de clientes via documentos e processos burocráticos. Nesse sentido, a frictionless consumer onboarding está sendo adotada com bancos digitais, principalmente, no processo de abertura de contas com segurança. Existem vários métodos de se diminuir os gastos de energia decorrentes da integração, um deles é a autenticação de identidade via reconhecimento facial. Ao criar uma nova conta em um banco digital, o cliente precisa tirar uma foto de um de seus documentos oficiais com foto e também uma própria foto sua (uma selfie). Com isso, o próprio aplicativo do banco digital utilizara a ferramenta de reconhecimento facial e comparação entre o documento e a foto. Esse procedimento garante agilidade e segurança ao banco, uma vez que cruza os dados do cliente e os autentica. Hoje a empresa Deloitte já conta com plataformas que adotam essa tecnologia, a Deloitte Digital Bank Accelerator. Além das facilidades para abertura de contas (segundo a empresa demora menos de cinco minutos), a plataforma também promete outras facilidades como pagamentos via QR code, saques sem necessidade de cartão e transferências internacionais simplificadas. A plataforma na realidade funciona como uma rede de empresas fintech conectadas através de uma aplicação distribuída na nuvem (cloud) que também conta com tecnologias como blockchain, impressão digital, biométrica e inteligência artificial. TEMA 5 – A DESREGULAÇÃO Desregulação do sistema financeiro é descrita como a eliminação da intervenção governamental sobre as atividades desse setor. Isso incluiria menores restrições de atividades e redução nas políticas de controle e obrigações impostas à indústria. O grande argumento a favor da 17 desregulamentação aponta que a intervenção do governo gera inúmeras ineficiências no mercado financeiro, levando a maiores custos para as empresas, maior concentração do mercado e maiores preços ao consumidor. Contudo, há um grande debate sobre os reais benefícios da desregulamentação. Assim, há outra corrente de pensamento que argumenta que a desregulamentação do setor financeiro pode trazer sérios riscos à economia, pois, devido ao menor controle, a vulnerabilidade e tendência de crise crescem. O debate em torno da desregulamentação ganhou ainda mais importância em razão da crise econômica de 2008, a chamada crise do subprime. Isso ocorre porque o argumento é de que a crise foi consequência das políticas de desregulamentação do setor bancário promovidas no começo do século XXI, nos Estados Unidos e no mundo, com o acordo de Basiléia 2 de 2004. Portanto, faz- se necessário conhecer o histórico de políticas econômicas nos Estados Unidos para entender os ideais e argumentos a favor e contra a desregulamentação financeira mundial. Afinal, as tendências e acordos políticos mundiais seguem, em grande parte, a tendência da política americana. 5.1 A desregulamentação do sistema financeiro nos EUA e a tendência mundial A primeira grande política de controle do setor bancário nos Estados Unidos foi o Glass-Steagall Act de 1933, parte do pacote anticrise de 1929, chamado New Deal. A política tinha como objetivo evitar uma nova crise financeira de ataques especulativos e excesso de crédito. Portanto, o governo americano limitou a quantidade de títulos emitidos por bancos e restringiu as atividades bancárias, desse modo impossibilitando o acúmulo de funções como banco comercial, banco de investimento, gestor de fundos e seguradora, por exemplo. Contudo, o Glass-Steagell Act foi revogado em 1999, depois de diversos anos de pressão sobre o governo norte-americano e a crescente influência de que o setor financeiro pode se autorregular. Posteriormente, o acordo mundial de Basiléia 2 se baseou na proposta americana, criando uma tendência mundial de desregulamentação fundamentada na ideia de autorregulação. Com isso, cabiam às empresas financeiras gerir seu próprio portfólio com base na sua política de risco e retorno. Sendo assim, aquelas empresas que optassem por estratégias mais agressivas deveriam arcar com seus próprios 18 riscos e vulnerabilidades. Ainda, com a desregulamentação, passou-se a permitir o acúmulo de funções de empresas financeiras. Por exemplo, bancos comerciais estavam autorizados a operarem como banco de investimentos e seguradoras ao mesmo tempo. Em consequência, bancos americanos e ingleses passaram a se tornar grandes conglomerados financeiros, como JP Morgan Chase, HSBC e Citigroup, chamados de bancos universais. Pouco menos de dez anos após a revogação do Glass-Steagall Act, o grandemarco da desregulamentação do setor financeiro dos Estados Unidos, a crise de 2008 iria abalar a economia mundial e mudar a direção das políticas de regulamentação do setor bancário americano e mundial. Isso por causa não só da falha das grandes instituições financeiras de mitigar a crise, mas da grande especulação financeira e estratégia agressiva de operação dessas instituições. Em um ponto antes da crise, empresas como Wells Fargo concediam financiamentos imobiliários para pessoas com histórico bancário duvidoso (sem ativos, sem renda, sem emprego) e, ao mesmo tempo, apostavam contra seus próprios empréstimos com a negociação de derivativos e seguros. O filme A Grande Aposta retrata muito bem o período. Havia, ainda, o perigo desses bancos serem muito grandes para quebrar (Too big to fail), expressão criada logo após a crise e, principalmente, a quebra do banco Lehman Brothers para caracterizar alguns bancos que, se fossem à falência, causariam sérios efeitos negativos à economia mundial. Portanto, entidades do mundo inteiro, incluindo o governo americano, tiveram que salvar essas empresas financeiras a qualquer custo, com o objetivo de prevenir uma crise ainda mais profunda. Desse modo, como consequência da dinâmica e consequências da crise de 2008, o governo americano passou a buscar um maior controle do setor financeiro para redução de potenciais crises futuras. Em 2010, durante o governo Obama, o novo pacote de regulamentação bancária foi aprovado com o nome de Dodd–Frank Act. O novo plano de controle do sistema financeiro cria um sistema complexo de fundos de capital e de liquidez para que, em caso de choques adversos, as empresas financeiras tenham uma margem de segurança. Além disso, a introdução da chamada Regra de Volker procura limitar os investimentos de bancos para evitar novos ataques especulativos e transações financeiras entre empresas de mesma propriedade, como era no caso dos bancos “sombra” (shadow banking) antes da crise. A introdução da nova 19 regulamentação visa controlar especialmente os grandes conglomerados conhecidos como “too big to fail”. As decisões americanas também influenciaram o novo acordo de Basiléia 3 e as reestruturações na União Europeia. Portanto, os efeitos pós-crise reverteram a tendência de política financeira em direção a um maior controle financeiro e bancário como no New Deal e o Glass-Steagell Act. Entretanto, com a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA, a tendência é a revogação das políticas de controle do sistema financeiro e implantação de uma nova onda de desregulamentação do sistema financeiro norte-americano. 5.2 Argumentos pró-Autorregulação O grande autor proponente da desregulação é Milton Friedman, com suas ligações e influências de Hayek e Mises, autores da escola econômica Liberal. Suas ideias econômicas foram influentes durante o governo de Ronald Regan nos Estados Unidos. Seu argumento é que o Estado deve ser mínimo, assim o governo deve se preocupar com o mínimo de funções possíveis. Para essa linha de pensamento, as políticas governamentais não são apenas ineficazes, mas ainda produzem efeitos indesejáveis na economia, as chamadas falhas de mercado. Isso acontece, pois a intervenção causaria distorções na economia, principalmente no mecanismo de preços o autorregulador da economia (também conhecido pela mão invisível). Consequentemente, regulações poderiam levar o mercado a concentração ou cartelização e comprometer inovações (Baltensperger; Dermine 1987). Além disso, argumenta-se que a própria elaboração e monitoramento das políticas de controle são problemáticas. Primeiro, o controle é um mecanismo muito caro e, portanto, exigiria aumento das receitas do governo via impostos que, consequentemente, reduziria atividade econômica por retirar poder de compra da população. Um segundo argumento é que o próprio cunho político do governo e de órgãos responsáveis por políticas monetárias é um problema. Afinal, agencias de regulação podem ser capturadas por agentes privados e lobistas para favorecer apenas um setor da economia. Isso também causaria distorções econômicas como oligopolização e ineficiências. Portanto, como a interferência do governo é indesejada para controle econômico, as próprias empresas deveriam se autorregular como um mecanismo de sobrevivência no mercado. Caso uma empresa, por exemplo, 20 deseja arriscar e eventualmente vá a falência, isso é a decorrência de mecanismos de mercado e descuido da própria empresa que deve arcar com as consequências de suas ações. Sendo assim, o argumento de desregulação do sistema bancário é baseado na ideia de que a interação de agentes econômicos no mercado é a melhor maneira de regulação econômica. 5.3 Argumentos pró-regulação Um dos mais influentes economistas favoráveis à regulação do sistema financeiro é Hyman Minsky. Segundo Shefrin (2017), colunista da revista Forbes, Minsky era pouco conhecido mesmo no mundo acadêmico das ciências econômicas antes da crise de 2008, mas sua teoria de crise é a brilhante identificação de bolhas e futuras crises baseados em padrões. Segundo a teoria de Minsky, bolhas e crises são resultado de um esquecimento por parte de agentes econômicos e formadores de políticas. Logo depois de uma crise, investidores e o governo tendem a ser mais cautelosos e, portanto, aprovam mecanismos de controle do sistema financeiro – cenário chamado de hedge. Com o passar do tempo, lucros financeiros e distanciamento histórico da ultima crise fazem os agentes econômicos a entrarem em um estado de euforia. Durante o estado de euforia, investidores se aventuram em aplicações mais arriscadas na busca por maiores ganhos, chamados de momento especulativo, ao mesmo tempo que pressionam órgãos governamentais a relaxarem os controles previamente impostos. Contudo, segundo o autor, nesse período a falta de cautela deixa os agentes econômicos mais vulneráveis, momento ponzi. Isso deverá ocorrer até os controles econômicos serem extintos e a bolha estourar, culminando no crash do mercado financeiro, o chamado “momento minsky”. Em seguida o ciclo recomeçaria até uma nova crise econômica. Sendo assim, segundo essa visão, o sistema econômico é propenso a crises recorrentes que são inevitáveis sem algum tipo de intervenção. As ideias de Minsky para conter novos ciclos de crises é justamente a criação de um grande governo (big government) e grande banco (big bank). Ambos teriam o objetivo maior de estabilizar a economia com políticas que amenizem as flutuações econômicas. O papel do governo, além de criar diretrizes para limitar a especulação do mercado financeiro, seria de elaborar políticas de intervenção em áreas chaves como investimento em infraestrutura e 21 emprego. Já o grande banco deve funcionar como um grande banco central capaz de monitorar a atividade do mercado financeiro, procurando mitigar ataques especulativos e a volatilidade. Para isso, o banco funcionaria como um grande garantidor em caso de falência de empresas, por exemplo. Portanto, em grande oposição com as ideias de Friedman, por exemplo, essa linha de pensamento argumenta que o papel intervencionista do governo é fundamental para controlar e amenizar recorrentes crises. Entretanto, o debate sobre a desregulação ou maior controle ainda é grande na área das ciências econômicas. Por isso, estamos longe de uma unanimidade tanto no mundo como das ideias e na política. TROCANDO IDEIAS Embora a introdução do Home Broker tenha trazido grandes benefícios para o mercado financeiro, a tecnologia já está presente em todas as corretoras da bolsa de valores há algum tempo. Por isso, já existem outras tendências e inovações que procuram facilitar ainda mais as aplicações e investimentos além de melhorias nos Home Brokers. Sendo assim, descubra quais são algumastendências que procuram facilitar o investimento no mercado financeiro e quais limitações do atual mercado elas pretendem solucionar. NA PRÁTICA Como mencionado na aula, um dos grandes temas de debate em Economia é se governos devem adotar políticas de regulação e controle do sistema financeiro ou não. Pesquise sobre ambos os argumentos a respeito da regulação e discorra sobre qual deve ser a alternativa para o caso brasileiro, apontando vantagens e desvantagens da regulação. Por fim, dê sua opinião sobre qual seria a melhor alternativa para o Brasil. FINALIZANDO Desde a idade média até os dias de hoje, o mercado financeiro teve grande papel no desenvolvimento econômico mundial. Mas, ao mesmo tempo, as atividades financeiras sofreram grandes transformações e melhorias por conta dos avanços tecnológicos e a busca por informação, agilidade e maiores ganhos. A melhoria das telecomunicações e o avanço da internet representam 22 um dos maiores marcos na transformação do mercado financeiro no sentido de possibilitar maior integração entre mercados, facilitar o acesso à informação e reduzir custos com o processo de digitalização. A democratização dos computadores e da internet de alta velocidade fez com que as transações no mercado financeiro migrassem de meios físicos para digitais com a implantação do Home Broker, uma plataforma de investimento online que procura eliminar intermediários e agilizar o processo de compra e venda de ativos. Hoje, essa plataforma já está presente em diversos meios como computadores e celulares. Novas tecnologias prometem agregar a essa plataforma, como inteligência artificial e blockchain. Por isso o objetivo do open banking é criar uma plataforma que possibilite que o cliente movimente suas diversas contas financeiras, conta em bancos, corretoras do mercado financeiro e poupança, por meio de apenas uma plataforma. Isso é possível por meio do compartilhamento de dados entre empresas financeiras através de APIs (Interface de Programação de Aplicativos). Contudo, esse tipo de atividade ainda deve ser regulamentado pelo Banco Central do Brasil devido as leis de sigilo bancário. Apesar de grandes melhorias em diversos fatores do mercado financeiro possibilitadas por novas tecnologias, a melhoria dos processos de segurança também deve ter sua devida importância. Por isso, empresas financeiras e bancos, principalmente, estão tentando melhorar seu processo de integração de usuários, por meio do frictionless onboarding. A eliminação de processos burocráticos da integração tem dois objetivos: o primeiro é reduzir os custos de adequação do usuário com a nova plataforma. Já o segundo é fazer a integração do usuário de forma segura, com um processo de autenticação e validação, tentando eliminar as etapas burocráticas de conferência de documentos. Por fim, um dos grandes debates da área da Economia é a questão: o mercado financeiro deve ser controlado por políticas governamentais ou não? Longe de ser unanimidade entre os especialistas, há argumentos contra e favoráveis à intervenção. Milton Friedman foi um dos grandes expoentes do liberalismo e argumentava que a intervenção governamental é ineficaz e um mal ao sistema econômico, portanto não se deveria criar políticas de regulação. Por outro lado, economistas como Minsky argumentam que crises financeiras são naturais do sistema como decorrência de aspectos psicológicos. Portanto, a 23 intervenção governamental é necessária para mitigar futuras crises e estabilizar o sistema econômico. 24 REFERÊNCIAS BALTENSPERGER, E.; DERMINE, J. “Banking deregulation in Europe“. Economic Policy, v. 2, ed. 4, 1, p. 63–95, 2014. CLIFF, D.; TRELEAVEN, P. Technology Trends in the Financial Markets: A 2020 Vision. Government Office for Science Foresight, 2010. DASGUPTA, A. Frictionless Onboarding: Pipe Dream or Practical Reality? Nucleus Software. 2018. Disponível em: <http://blog.nucleussoftware.com/digitalfinance/frictionlessonboardingforcorpora te-customers-reality-or-a-pipe-dream/>. Acesso em: 25 mar. 2015. ECONOMIADES, N. The impact of the Internet on financial markets. Stern School of Business, New York University, 2005. Disponível em: <http://www.stern.nyu.edu/networks/Economides_The_Impact_of_the_Internet_ on_financial_markets.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2018. FEBRABAN. INFI-FEBRABAN promove summit sobre Open Banking”. FEBRABAN Notícias. 2018. Disponível em: <https://portal.febraban.org.br/noticia/3169/pt-br>. Acesso em: 25 mar. 2018. HAYES, A. Dotcom Bubble. Financial Analysis. 2019. Disponível em: <https://www.investopedia.com/terms/d/dotcom-bubble.asp>. 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Disponivel em: <https://www.businessinsider.com/black-monday-dow-jones-industrial-average- 1987-crash-causes-shiller-2017-10>. Acesso em: 25 mar. 2019. VALOR Econômico. BC prepara modelo de 'open banking' para ser implementado já em 2019”. Jornal Valor Econômico. 2018. Disponível em <https://www.valor.com.br/financas/5926927/bc-preparamodelodeopenbanking- para-ser-implementado-ja-em-2019. Acesso em: 25 mar. 2019. Conversa inicial Contextualizando Trocando ideias Na prática FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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