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Psicologia da educação A4

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Unidade 4 - Adolescência,
Neurociência e Desenvolvimento
Humano
Ana Cristina Bassler
Iniciar
Introdução
Seja bem vindo a última unidade de estudo!
Neste módulo teremos a oportunidade de entender as possibilidades que são
descortinadas na fase da adolescência, período que vai dos 12 aos 18 anos de acordo
com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Quantas mudanças e descobertas são
feitas neste período!
É também nessa fase que algumas decisões devem ser tomadas, tendo impacto pela
vida toda!
O tema autonomia, o qual é central com relação a fase da adolescência, tem sua
formação ainda na infância quando a criança segue as regras estabelecidas por pais
e professores, a princípio sem questionar. Em determinado tempo, onde há um
amadurecimento dos processos cognitivos, a criança passa a querer entender o
porquê é necessário escovar os dentes ou ir para a escola todos os dias. Já na
adolescência, com este processo mais maduro, o jovem começa a demonstrar e
expor suas ideias e pensamentos sobre as regras estabelecidas e que determinam o
certo e errado dentro da sociedade a qual pertence.
A neurociência nos ajuda a entender a relação entre cérebro, comportamento e
cognição. Estudos têm mostrado que somos capazes de aprender durante todo ciclo
de vida e quanto mais estivermos abertos a novas experiências e em contato com
temas que não são comuns no nosso dia a dia, maior a amplitude de conhecimentos
Porém, nem todos  têm a mesma capacidade de absorver as informações.
Di�culdades físicas, motoras e cognitivas interferem na forma como cada pessoa
apreende novos assuntos e utiliza no seu desenvolvimento.
Por �m nesta unidade, falaremos sobre as contradições do desenvolvimento humano
e o processo de aprendizagem e os motivos que levam uma pessoa aprender sobre
um assunto e outra nem se interessar por ele.
Preparados para conhecer mais sobre esta temática?
Bons estudos!
1. Adolescência: mundo e
possibilidades
A adolescência representa um novo estágio do desenvolvimento humano, marcado
por inúmeras características e possibilidades. No processo de desenvolvimento
humano, cada estágio nos prepara para o seguinte e desta maneira podemos
entender que construímos os nossos repertórios e características de modo
processual. Porém é na adolescência que muitas decisões vão perdurar para o resto
da vida, como por exemplo a escolha pro�ssional.
A criança pode dizer que “quando crescer” quer ser professora ou jogador de futebol,
mas é a partir dos 13/14 anos que as escolhas começam efetivamente a serem
de�nidas. Perguntas recorrentes nesta fase como “Que pro�ssão vou ter?” ou “Como
será minha família?”  denotam a preocupação com um futuro próximo.
Mas as escolhas não são simples justamente porque não se ensina em casa ou na
escola como escolher algo e principalmente ser responsável pela escolha que fez.
Normalmente as crianças recebem prontas o que o adulto julga certo. É chegada a
hora de decidir o futuro surge à insegurança e a sensação de incapacidade ou a
frustração por ter feito uma escolha baseada na opinião e no desejo de alguém
familiar ou querido.
A seguir iremos problematizar e contextualizar melhor essa fase do desenvolvimento.
1.1. Contextualizando a adolescência
O termo adolescência deriva da palavra que em latim signi�ca “crescer para”. É um
período de transição em que o indivíduo muda do estado infantil para o estado
adulto e esta fase está de�nida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no
período entre 12 e 18 anos. Há também estudos que consideram a adolescência
tardia até os 24 anos. Uma pesquisa australiana publicada em 2018 na revista
cientí�ca The Lancet Child and Adolescent Health, aponta que a adolescência talvez
devesse durar até os 24 anos, no contexto cultural  e pelas mudanças que a
sociedade vive, esta é a idade que tem início a fase adulta.
PILETTI (2014) a�rma que de�nir uma idade especí�ca para o �m da adolescência é
algo difícil, porque um indivíduo, embora crescido, pode não ter alcançado ainda
funções e papéis adultos, como a vida pro�ssional.
1.2. A adolescência como período de
desenvolvimento
Este é o período de mudanças biológicas e �siológicas: um crescimento físico
repentino, uma alteração das proporções corporais e o atingir da maturidade sexual.
 Nesta fase que se alcança a fase genital descrita por Freud, em que se sente prazer
nas relações sexuais e o corpo já está pronto para a maternidade.
O desenvolvimento cognitivo também passa por avanços, já que nesta fase o
adolescente é capaz de pensar sobre o próprio pensamento e sobre o pensamento
de outras pessoas, percebendo que diante a uma mesma situação diferentes
pessoas podem ter diferentes pontos de vista.
Figura 1 - Socialização. Fonte: Pexels, 2019. 
As emoções se tornam mais a�oradas re�etindo os processos socioemocionais, a
personalidade e as relações interpessoais do adolescente com amigos e familiares.
Vivenciar momentos olhando para o aqui e o agora, sem a preocupação com os
impactos que seus atos podem trazer é um comportamento comum nesta fase. Mas
também há momentos de extrema responsabilidade e um olhar muito mais sagaz do
que em outras fases da vida.
A adolescência é uma fase singular, pois tudo acontece ao mesmo tempo e de forma
entrelaçada. Os processos socioemocionais modelam os processos cognitivos; os
processos cognitivos interferem nos processos socioemocionais e os processos
biológicos in�uenciam os processos cognitivos. Entender estes processos e conexões
contribui para compreender as profundas mudanças ocorridas na maneira de pensar
e agir do adolescente.
A principal tarefa da adolescência é a conquista da autonomia e identidade própria,
que é formada pela in�uência das experiências e dos modelos que teve em sua vida,
tanto no seio familiar quanto na sociedade que faz parte. Como um processo, a
adolescência apresenta características muito peculiares: a chegada da maturidade
sexual, a imaturidade e dependência social, o estabelecimento de um mundo à parte
de seus pais e a conhecida  crise de identidade (quem eu sou x o que a sociedade
quer que eu seja).
1.3. Teorias do desenvolvimento da
adolescência: da puberdade à
adolescência
A puberdade ou pubescência é marcada pelas transformações �siológicas e acontece
de forma semelhante independentemente da cultura ou etnia. As transformações
físicas que ocorrem neste período de vida dependem da ação do hipotálamo, situado
na base do cérebro, e que regula o metabolismo a partir de sua ação sobre os
centros de comandos de diversas funções do organismo. O surto de crescimento em
ritmo acelerado, gerado por essa ação endócrina constituída por transformações
físicas que conduzem à maturidade da capacidade reprodutiva.
O desenvolvimento �siológico desta fase faz com que as funções reprodutivas
amadureçam e as características sexuais secundárias (pêlos pubianos e mamas)
começam a aparecer. O início desse desenvolvimento pode variar de pessoa para
pessoa. Para o sexo feminino a puberdade ocorre entre os nove e treze anos de
idade, enquanto que para o sexo masculino entre os dez e quatorze anos.
Você quer ver?
Documentário gravado em 2005 com adolescentes de Florianópolis, aborda
a concepção desta fase com ideias e percepções sobre diferentes temas
como medo, pro�ssão, família, demonstrando as impressões e quereres
desta etapa de vida. Acesse-o em: < https://vimeo.com/4940488 >.
https://vimeo.com/4940488
A adolescência é mais abrangente do que a puberdade, pois nela estão incluídas
também as mudanças psíquicas, que são determinadas pela cultura e sociedade em
que o jovem está inserido.
De acordo com PILATTI (2014) vário critérios podem ser utilizados para de�nir a
adolescência:
· Critério cronológico:
Pré-adolescência: 10-12 anos;
Adolescência inicial: 13 – 16 anos
Adolescência �nal:  17-21 anos
· Critério físico:
Período de transição que inicia com a primeira manifestação da puberdade,
como por exemplo o aparecimento dos pelos pubianos e o aumentodo volume
nas mamas e termina no momento em que o desenvolvimento físico está
concluído.
· Critério sociológico:
Estágio em que a sociedade deixa de encarar o individua como criança e, ainda,
não o considera adulto, pois ele não tem condições de assumir papéis e funções
desta natureza.
· Critério psicológico:
Fase de reorganização da personalidade e das estruturas psíquicas.
Há casos em que esta fase é tranquila, pois o jovem percebe suas transformações e
sabe que este é um momento passageiro. Já, em outros, é uma verdadeira agitação.
Crises, di�culdades, preocupações, descontrole das emoções acontecem
principalmente se o jovem não entende o que está se passando com ele.
Para as culturas tradicionais, o �m da adolescência e início da fase adulta representa
uma passagem marcada pela entrada em uma faculdade ou pela conquista da tão
sonhada carteira de habilitação. Mas há sociedades em que esta passagem é
marcada por ritos que exigem do jovem muita coragem, como na  comunidade
indígena Sateré Mawé da Amazônia, onde os adolescentes devem en�ar as mãos no
interior de um par de luvas trançado por �bra de árvores onde dentro dela foram
colocadas inúmeras formigas chamadas tocandira. Estas formigas provocam uma dor
comparada a um tiro de canhão.  Os garotos precisam aguentar por 10 minutos sem
reclamar para provar sua masculinidade.
2. Desenvolvimento integral e a
busca da autonomia
Falar sobre desenvolvimento integral do ser não está relacionado apenas a educação.
Todos os círculos em que o indivíduo está inserido – seja a família, a escola e outros
contextos tem sua responsabilidade neste desenvolvimento. A escola pode contribuir
com atividades e práticas que estimulem aspectos sociais, psicológicos, pedagógicos
e afetivos, desde os primeiros anos da vida escolar.
Olhar para o indivíduo de forma holística permite que as dimensões afetivas, de
princípios e crenças e de qualidade de vida sejam valorizadas, além da
aprendizagem.  A família também tem um papel essencial neste momento, já que é
pelo exemplo e experiências vividas que o sujeito desenvolve sua consciência sobre
os valores éticos e morais.
A autonomia é uma das bases necessárias e que garante a independência do ser
humano dentro da sociedade em que vive. Desenvolver potencialidades e as
dimensões do sujeito faz parte dos compromissos da educação feita de forma
integral. A busca pela autonomia acontece de diferentes maneiras levando em
consideração o momento do desenvolvimento pelo qual o sujeito está passando.
O conceito de autonomia pode ter diferentes entendimentos. De acordo com Taille
(2019, pg 24) autonomia signi�ca “ser capaz de se situar consciente e
competentemente na rede dos diversos pontos de vista e con�itos presentes numa
sociedade”.
Mas como o desenvolvimento moral acontece na criança e no adolescente?
2.1. Normatização do desenvolvimento
humano
A maneira como compreendemos o que é certo ou errado vai determinar o nosso
entendimento do que é moral. A medida que este valor se desenvolve ao longo do
crescimento infantil os comportamentos e ações vão mudando. Este raciocínio está
diretamente ligado ao desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Na infância os pais
tentam ao máximo educar os �lhos para respeitarem as normas e regras que
determinam o comportamento moralmente aceite pela sociedade.
Figura 2 - Criança explorando. Fonte: Pixabay, 2019 
Piaget se aprofundou nos estudos sobre o desenvolvimento moral. Os valores morais
são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais e
será durante a convivência diária, principalmente com o adulto, que ela irá construir
seus valores, princípios e normas morais.
Existem dois momentos que a moral se observa nas crianças: a primeira fase
denominada de heteronomia se traduz pelo realismo moral. Na educação infantil,
muitas vezes os pais procuram não ser autoritários, mas com o objetivo de mostrar o
que é correto fazer, a coação existe. Nesta fase a criança, sem condições de construir
as estruturas mentais operatórias, há o respeito sem o entendimento das razões do
porque deve cumprir as regras.
A segunda fase, chamada autonomia moral, ocorre a partir dos 8 anos.  O propósito
e as consequências são levadas em conta pelas crianças. O desenvolvimento
intelectual e moral da criança acontecem quando há cooperação, pois ele exige a
descentralização de si e a compreensão do outro – alguém igual a ele, do respeito
mútuo e autonomia. As relações de cooperação são regidas pela reciprocidade e
acordos mútuos entre os integrantes. A partir dos 10 anos já é possível compreender
que regras fazem parte da vida e podem ser alteradas, desde que não prejudique
ninguém. O entendimento de que a justiça não depende apenas das regras, mas
também da vontade das pessoas se torna manifesta.
Na adolescência, novas operações do pensamento são estabelecidas e seus efeitos
são multiplicados. Ele passa a construir sistemas e teorias sobre mundo e suas
transformações. Blogs contando o que pensam, poesias que re�etem sentimentos,
grupos de discussão ou comentários em posts nas redes sociais demonstram seu
ponto de vista. Com a adolescência, o indivíduo passa do pensamento concreto ao
pensamento formal. Antes, ele utilizava o pensamento concreto com foco no que
estava visível e evidente. Agora usa o pensamento abstrato, que opera sobre
conceitos e ideias.
Passar por novas experiências e desa�os nesta etapa contribuem  sobremaneira para
o jovem ampliar sua forma de ver e se conectar com o mundo, tornando-o mais
�exível e expandindo o contato com as múltiplas inteligências.
É nesta fase da vida que os jovens passam a representar e agir de forma crítica,
sendo capazes de aplicar o seu conhecimento em ações que vão além dos muros da
Você quer ver?
O Filme As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wall�ower) é
uma adaptação ao cinema do romance de Stephen Chbosky , cujo ator
principal é Charlie, um adolescente de 15 anos que está começando
amadurecer e explorar a vida. Ele tem muitos desa�os para superar e ao
mesmo tempo precisa entender seu lugar no mundo. O �lme  explora os
temas da adolescência, como entrar no colegial, apaixonar-se, encontrar
amigos, ter as primeiras experiências sexuais, uso de drogas,
homossexualidade e aborto.
escola.
2.2. Deficiências e diferenças no
desenvolvimento
A diversidade é uma das maiores riquezas da sociedade humana. Pessoas com suas
dessemelhanças nos mais diferentes aspectos, sejam eles sociais, culturais ou
econômicos convivem entre si e cada vez mais aprendem a respeitar as diferenças
intelectuais e cognitivas.
Pessoas com de�ciências sofrem grandes barreiras, visto que a sociedade não foi
preparada para incluir aqueles considerados “diferentes”.  Crianças com algum tipo
de distúrbio de aprendizagem ou de�ciência eram encaminhadas às escolas
especiais, ou então eram obrigadas a �car em casa. Quando uma pessoa com
de�ciência tem negada a oportunidade de estudar e aprender, todos os outros
aspectos da sua vida são impactados.
Os fatores determinantes de uma de�ciência, seja ela física ou mental podem advir
de causas genéticas ou de condições externas, como um acidente, por exemplo. Por
não saber como lidar com esta diferença, muitas pessoas preferem se afastar,
gerando preconceito.
Quando se analisa o desenvolvimento das crianças com de�ciência, é muito comum
que o olhar se volte para as limitações físicas, sensoriais e intelectuais, destacando os
aspectos orgânicos e deixando de ponderar sobre o ambiente que esta criança está
sendo formada. Piaget já abordava em sua teoria que o desenvolvimento humano
acontece a partir das relações sociais estabelecidas, que este desenvolvimento é
historicamente construído por meio da cultura que o sujeito está inserido.
De acordo com Vygotsky, “a criança, cujo desenvolvimento tem sido complicado por
um defeito não é simplesmente menos desenvolvida que seus pares normais, é uma
criança, com desenvolvimentode outro modo.” (VYGOTSKY, 1983, p.3).
E o que a escola tem feito para contribuir com as particularidades, visto que em
grande parte do seu processo  busca colocar os aprendizes no mesmo nível?  A
transformação da educação como processo cultural e de individualização começa a
ser discutido.
De acordo com Vygotsky, o processo de desenvolvimento das crianças com
de�ciência e das crianças sem de�ciência são semelhantes, as diferenças existentes
estão na história de vida de cada um e das experiências nos diferentes espaços da
cultura. Cabe aos pais e aos educadores identi�car precocemente as alterações no
desenvolvimento da criança para evitar implicações negativas no futuro, que podem
gerar impactos ainda maiores na vida em sociedade.
A singularidade e individualidade humana gera a possibilidade de novos horizontes
na educação e no progresso de estudos que contemplam entender o indivíduo como
um ser holístico e capaz de ir além do que se imagina.
Neurociência e o desenvolvimento humano
O funcionamento da mente humana sempre chamou a atenção de pesquisadores e
estudiosos. Toda a magia por trás do funcionamento e a maneira como seu
desempenho interfere na vida de cada pessoa gera fascínio e muitas dúvidas.
Repositório de elementos que nos torna único e diferenciados de qualquer outro
animal do planeta, a mente humana guarda nossas memórias, nossos sentimentos,
nos faz pensar e sentir além de expressar o que idealizamos.
A neurociência é o estudo que busca respostas a tantas questões voltadas ao
desenvolvimento humano e, em nosso contexto, indagações voltadas a educação e
aprendizagem. O objeto central de estudo é o Sistema Nervoso Central e suas
funcionalidades. A maneira como cada indivíduo responde às vivências e
experiências determina sua capacidade de tomar decisões, de dar mais ou menos
signi�cado aos acontecimentos e sentimentos  aos processos cognitivos adquiridos
pelas conexões com a memória, imaginação, pensamento, entre outros.
As capacidades superiores como pensar, memorizar, perceber e falar diz respeito aos
estudos feitos pela Neurociência Cognitiva. Você já parou para pensar de que
maneira adquirimos o conhecimento sobre determinado assunto? Pense em uma
comida que gosta muito. Se você sentir o cheiro dela imediatamente vai lembrar o
seu prato preferido. Estas experiências sensoriais vão sendo processadas no cérebro
para então o conhecimento ser gerado.
2.3. Relação entre o cérebro,
comportamento e cognição
A partir do momento em que o cérebro foi determinado como responsável pelos
processos mentais e pelo comportamento outras questões foram manifestadas: a
que área do cérebro estava relacionada a determinada função. Como as conexões
neurais são feitas e por que são importantes?
Figura 3 - Conexões neurais. Fonte: Pixabay, 2019 
Conectados de forma exata, os neurônios formam as várias estruturas cerebrais e
que vão se modi�cando com o passar do tempo. Uma mudança identi�cada no
período da adolescência mostra que o corpo caloso (feixe de �bras nervosas que
conecta os hemisférios direito e esquerdo do cérebro)  engrossa na adolescência, e
este espessamento melhora a habilidade do adolescente para processar informações
(Kandel, 2014)
O cérebro adolescente é diferente do cérebro das crianças, já que há o aumento da
massa branca e a diminuição da massa cinzenta no córtex pré-́frontal, além do
aumento signi�cativo das conexões entre os neurônios.
Autores como Kandel(2014) e Herculano-Houzel(2013) abordam em seus estudos
sobre a existência de conexões sinápticas em número maior do que necessário e que
estas jamais serão usadas. As conexões utilizadas são fortalecidas e sobrevivem,
enquanto as que não são utilizadas são substituídas por outros trajetos ou
desaparecem.
Para Kandel (2014) depois do nascimento todos os axônios motores, exceto um,
retiram-se de cada �bra, e o axônio sobrevivente torna-se mais elaborado.
De acordo com  Herculano-Houzel, (2013, pg67):
o número de sinapses no córtex humano continua aumentando durante toda a infância,
atinge seu máximo no início da adolescência, e só então começa a ser reduzido, à medida que
as sinapses sobrando são eliminadas.
Com o começo da puberdade, os níveis de neurotransmissores – substâncias
químicas que transportam informações através do espaço sináptico entre um
neurônio e o seguinte – se modi�cam.
Pesquisa feita por Charles Nelson (2003) demonstra que os jovens ainda não
possuem o córtex pré-frontal desenvolvido de forma completa o que leva a falta de
controle quando vivenciam emoções muito fortes.
Mas como cérebro, aprendizado e emoção estão conectados?
Cada vez que passamos por uma situação, seja ela positiva ou não, ela �ca guardada
em nossa memória. Quanto mais emoção houver em um evento, mais a pessoa se
lembrará dele.
Inúmeros eventos acontecem ao nosso redor e é necessário prestar atenção para
que o conhecimento seja absorvido. O indivíduo presta atenção em alguma coisa
quando aquilo é entendido, ou seja, tem signi�cado. Quando duas pessoas estão
passando pela mesma situação, é possível que uma se atente ao acontecido e a outra
não. Mas por que isto acontece?  Porque para uma a situação é interessante e gera
curiosidade e para o outro a mesma circunstância não faz sentido.
Por meio da repetição de determinada atividade, a pessoa é capaz de decorar uma
informação. Quando esta informação tem um signi�cado e um propósito ela se
transforma em conhecimento. Quando este conhecimento é utilizado para resolver
um problema, ela se converte em aprendizado. Nesse sentido, o ato de aprender não
ocorre apenas quando se grava informações, mas também, quando o conteúdo afeta
a pessoa.
2.4. Deficiências e diferença no
desenvolvimento
O interesse por diferentes assuntos está relacionado à maneira como nosso cérebro
se forma. Desde a formação do embrião já existe atividade neural. Há uma intensa
produção de sinapses e vias neurais na vida uterina e 1º ano de vida da criança, com
progressivo decréscimo até os 10 anos, embora para certas funções se estenda ao
longo da vida.
Quando há algum tipo de prejuízo no desenvolvimento inicial isso afeta o indivíduo
em sua aprendizagem futura. Estudos demonstram, porém, que se houverem novos
estímulos em relação ao que foi deixada de lado, a pessoa pode recuperar parte
desta perda, dependendo do tempo e das circunstâncias dos fatos.
Existem duas correntes que buscam explicar a relação entre o cérebro e o
comportamento humano.  A teoria localizacionista entende que para cada aspecto
 comportamental há uma localização cerebral. É como se o cérebro fosse o conjunto
de pequenos órgãos, cada um responsável por uma função psicológica particular.
Seus teóricos acreditavam que o cérebro atuava de forma fragmentada, e cada uma
de suas regiões seria responsável por uma função mental e comportamental
especí�ca.  Pesquisas demonstraram que um paciente conseguia falar palavras
isoladas, cantar uma melodia e até assobiar, mas era incapaz de formar frases
completas. Este paciente, após sua morte foi diagnosticado com uma lesão em uma
área especí�ca do cérebro.
A teoria holista considera que as funções psicológicas são produtos do encéfalo
como um todo e que não há especialização de áreas cerebrais para processarem
emoções ou a linguagem, por exemplo.  Ou seja, não haveria especi�cidade regional
no cérebro, que controlaria o comportamento atuando como um todo.
Carl Wernicke, neuropatologista alemão, tomando como base a linguagem, propôs
uma teoria uni�cadora, na qual centros de processamento interconectados de forma
serial ou paralela exercem funções mais ou menos independentes – teoria que, com
algumas modi�cações importantes, é aceita ainda hoje. Além disso, é aceito que essa
teoria funcione para as demais funções psicológicas superiores. Em linhas gerais o
entendimento é de que existem regiões especí�cas para cada função, mas elas
funcionam como unidades básicas de processamento.  Uma lesão na área da visão
podeser revertida se as conexões que foram destruídas forem rapidamente refeitas.
3. As contradições do
desenvolvimento humano e o
processo de aprendizagem
Cada pessoa é dotada de diferentes motivos (conscientes e inconscientes)  para
aprender e é este fundamento que dá sentido ao que introjetamos como
conhecimento. Ao se deparar com uma situação que lhe prenda a atenção, o
indivíduo mobiliza sua percepção, sentimentos e pensamentos para o que está
ocorrendo e assim apreende novos conteúdos.
Quando a tarefa ou atividade está muito acima das suas capacidades físicas ou
mentais e não há estímulo su�ciente para transpor as di�culdades, perde-se a
motivação para continuar aprendendo. Entrar em contato com diferentes assuntos e
realizar atividades novas e diversas provocam o acesso a áreas do cérebro que não
foram acessadas anteriormente, gerando mais curiosidade e motivação.
3.1. Motivação para aprender
Mas o que motiva então o aprendiz?
As teorias da motivação incluíam a ideia de uma força como motor do
comportamento humano e esta força poderia ter origem em instintos ou tendências
inatas ao sujeito de necessidades adquiridas ou aprendidas, de acordo com Freud.
Para os teóricos comportamentalistas, esta ação estaria determinada por elementos
alheios ao indivíduo,  sendo eles prévios ou posteriores à situação. Na perspectiva de
Piaget, a motivação é o elemento afetivo que aciona as estruturas do conhecimento e
dá origem ao esforço a ser desenvolvido na atividade intelectual
Schwartz (2019) a�rma que a motivação para aprender depende do interesse, do
envolvimento, do esforço, da concentração e da satisfação.
Figura 4 - Locais de aprendizagem. Fonte: Pixabay, 2019. 
O cérebro é dotado de uma propriedade de plasticidade e têm a capacidade de criar
novas conexões neurais ao longo da vida, elucidando a possibilidade de absorver
novos conhecimentos e construir aprendizados durante todas as fases. Colocar estes
conhecimentos em prática demonstra o quanto o aprendizado está inserido no
nosso cérebro.
As mudanças cognitivas acontecem periodicamente, pois de acordo com Piaget
adolescentes e adultos utilizam a mesma forma de pensar em termos de qualidade
de raciocínio, a diferença é que os adultos utilizam uma quantidade maior de
conhecimentos para tomar decisões.
Dentro de sala de aula, os educadores devem estimular novos conhecimentos por
meio de experiências e atividades práticas de maneira progressiva. Estimular os
aprendizes em conteúdos que exigem utilizar a inteligência e reforçar as conquistas.
Você quer ler?
O livro Motivação para ensinar e aprender – teoria e prática (Suzana
Schwartz, Editora Vozes)  aborda as diferentes teorias motivacionais
relacionando as divergências e convergências dessas com os processos de
ensino e de aprendizagem e sugere estratégias de ação para que o docente
Cada vez mais se percebe que o movimento educacional passa por transformações.
A tecnologia tem impactado sobremaneira nos padrões tradicionais de ensino. Pais,
professores e alunos podem - e devem- participar efetivamente desta mudança.
utilize em sala de aula, criando um clima positivo para a aprendizagem
signi�cativa.
Síntese
Conhecer e se aprofundar em temas tão interessantes faz com que nossa mente
passe a compreender melhor questões que antes eram mais difusas. 
Vamos recapitular o que aprendemos:
Adolescência : um novo mundo se descortina diante do jovem, que passa por
mudanças físicas e precisa se adaptar a este novo corpo, por mudanças emocionais e
precisa entender como e porque alguns sentimentos vem de maneira tão forte e
impulsiva. Passa também por mudanças neurais, onde uma série de conexões
nervosas são criadas a partir dos aprendizados que tem e que começam a fazer
sentido em sua vida;
Desenvolvimento da autonomia : a partir do momento em que a criança consegue
perceber que é capaz de realizar uma série de atividades e ações de forma
independente, essa ânsia se torna comum em sua vida.  Ao se dar conta que é capaz
de sair da posição sentada e engatinhar e depois a andar, ela aprende a não
depender mais tanto dos outros para realizar seus desejos. A falta de estímulos para
o alcance desta competência leva as crianças a se tornarem adultos dependentes.
Neurociência : descobertas fantásticas sobre o funcionamento do cérebro e suas
conexões com o que pensamos, sentimos, produzimos e queremos foram
acontecendo durante a história, por meio de pesquisa feita por indivíduos curiosos,
que buscavam entender porque algumas pessoas aprendem mais do que as outras,
porque alguém que sofre uma lesão pode ou não se recuperar. A curiosidade em
buscar novas informações e descobrir as razões dos acontecimentos faz com que o
aprendizado seja mais efetivo.
Motivação para aprendizagem :   compreender as diferenças nos motivos que
levam os aprendizes a se interessar por um ou outro assunto é fundamental para
que educadores e pais possam de�nir uma série de estratégias relevantes para o
desenvolvimento do jovem. Novas metodologias de ensino, se bene�ciando da
tecnologia, podem fazer parte de um aprendizado mais oportuno ao mundo atual.
Espero que você tenha apreciado esta disciplina e que seus aprendizados gerem
resultados positivos em sua carreira. 
Sucesso!
Download do PDF da unidade
Bibliografia
KANDEL, E. R. Schwartz, J. H. Jessel, T. M. Siegelbaum, S. A. Hudspeth, A. J.  Princípios
de Neurociências. 5ª Ed. Porto Alegre: Artmed,2014 
 
LEPRE, Rita Melissa. Desenvolvimento humano e educação: diversidade e inclusão.
Bauru : MEC/FC/SEE, 2008. 
 
PALANGANA, Isilda Campaner. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e
Vygotsky: a relevância do social. 6ª ed. São Paulo: Summus, 2015. 
 
PILETTI, Nelson; ROSSATO Solange e Rossato Geovaneo. Psicologia do
Desenvolvimento. São Paulo: Contexto, 2014 
 
SCHWARTZ, Suzana. Motivação para ensinar e aprender: Teoria e prática. Ed.
Petrópolis, RJ. Editora Vozes,2019 
 
TAILE, Yves de La. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São
Paulo : Summus, 2019. 
 
Referências imagéticas: 
 
Figura 1 - PEXELS. Disponível em: <https: www.pexels.com="" photo="" four-men-
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Figura 2 - PIXABAY. Disponível em: <pixabay.com pt="" photos="" crian%c3%a7as-
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Figura 3 - PIXABAY. Disponível em: <pixabay.com pt="" illustrations=""
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Figura 4 - PIXABAY. Disponível em: <pixabay.com pt="" photos="" escola-professora-
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