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1 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD II IST – INFECÇÃO SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL - A denominação anterior ‘D’, de ‘DST’, vem de doença, que implica em sintomas e sinais visíveis no organismo do indivíduo. Já ‘Infecções’ podem ter períodos assintomáticas (sífilis, herpes genital, condiloma acuminado, por exemplo) ou se mantém assintomáticas durante toda a vida do indivíduo (casos da infecção pelo HPV e vírus do Herpes) e são somente detectadas por meio de exames laboratoriais”. O termo IST é mais adequado e já é utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelos principais órgãos que lidam com a temática das Infecções Sexualmente Transmissíveis ao redor do mundo. - DOENÇA GONORREIA - Diplococo gram-. - É intracelular facultativo em células epiteliais, etc. - É uma bactéria que pode ser cultivada facilmente. - Quadro clínico: secreção, corrimento e cheiro. FATORES DE VIRULÊNCIA - Adesinas (fímbria e OPA). - Invasinas (PorB). - Toxinas (LOS) – endotoxina lipo- oligossacarídeo (estimula a liberação de citocina pró-inflamatória – resposta imune). - Evasina (IgA protease, variação antigênica). - Possui variação antigênica, uma estratégia adotada por essas bactérias, caracterizada por mutações genéticas que podem modificar os epítopos que eram anteriormente reconhecidos pelos anticorpos ou por outros componentes do sistema imune, dificultando a eliminação do agente. RESPOSTA IMUNE - Vulva: pelos e tegumento. - Vagina: epitélio estratificado escamoso, pH ácido e microbiota. - Colo: muco endocervical e substâncias bactericidas. - Lâmina basal (abaixo do epitélio): células dendríticas, macrófagos, MALT (linfócitos T e B) e anticorpos. - Predomina resposta imune Th17 – com recrutamento de neutrófilos. - A resposta imune também pode ser Th1, devido o patógeno ser intracelular facultativo. - A morte desses neutrófilos dá origem ao pus / corrimento purulento ou leitoso. CICLO BIOLÓGICO / TRANSMISSÃO - O ciclo é resumido de ser humano para ser humano. - A transmissão ocorre através de relação sexual (vaginal, oral ou anal); mãos contaminadas na conjuntiva e parto (atinge conjuntiva do RN). 2 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD II MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS MULHERES - Causa cervicite (inflamação e irritação no colo do útero). - A maioria das mulheres é assintomática. - No caso das mulheres sintomáticas (cervicite), ocorre corrimento vaginal (não é frequente), sangramento intermenstrual, dispareunia e disúria (dor ao urinar). - Ao exame físico podem estar presentes dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo e sangramento ao toque da espátula ou swab. - As complicações, quando não tratada, envolve dor pélvica, doença inflamatória pélvica (DIP), risco de gravidez ectópica e infertilidade. HOMENS - Causa uretrite – mais especificamente uretrite gonocócica. - O corrimento é frequente e purulento. - As complicações envolvem epididimite, prostatite, disseminação via hematogênica (raro). RECÉM-NASCIDOS - Causa oftalmia e conjuntivite neonatal – com exsudato purulento no olho. - Dura até 28 dias após o parto. - A Neisseria gonorrhoeae perfura o epitélio córneo íntegro. - As complicações envolvem cegueira, infecção sistêmica, pneumonia, etc. - Profilaxia: uso da povidona a 2,5% (colírio) ou da pomada de eritromicina 0,5% ou a tetraciclina 1% - em razão de sua maior toxicidade, a utilização no nitrato de prata 1% deve ser reservada apenas em casos de indisponibilidade dos outros. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO - O diagnóstico é clínico e seu cultivo é de fácil acesso. - Também é comum o pedido do PCR para o diagnóstico de gonorreia. - O tratamento é com o uso de antibióticos. - INFECÇÃO UROGENITAL POR CHLAMYDIA. 3 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD II - Possui membrana externa semelhante à gram-, mas não cora em gram. - É intracelular obrigatória, podendo adentrar células epiteliais, macrófagos, etc. - Seu cultivo é de difícil acesso por ser intracelular obrigatória é preciso ser cultivada dentro de alguma célula no laboratório. - Possui 2 morfologias: corpo elementar e corpo reticulado. - O corpo elementar entra na célula e se diferencia em corpo reticular. - O corpo reticular se multiplica por fissão binária e se diferenciam. É possível visualizá- los na microscopia saindo da célula e destruindo-a. FATORES DE VIRULÊNCIA - Adesinas; - Evasinas (para sobrevivência dentro dos macrófagos); - LPS fracamente ativo como endotoxina; - Destrói a célula ao sair (estimula a produção de citocinas pró-inflamatórias – resposta imune) – liberando DAMPs e induzindo o processo inflamatório. RESPOSTA IMUNE - Vulva: pelos e tegumento. - Vagina: epitélio estratificado escamoso, pH ácido e microbiota. - Colo: muco endocervical e substâncias bactericidas. - Lâmina basal (abaixo do epitélio): células dendríticas, macrófagos, MALT (linfócitos T e B) e anticorpos. - Resposta imune Th1 (resolução). - Não tem recrutamento de neutrófilos, portanto o corrimento é sem pus (neutrófilos mortos). - Pode ocorrer resposta Th2 no caso da doença crônica (resposta errada). CICLO BIOLÓGICO / TRANSMISSÃO - O ciclo é resumido de ser humano para ser humano. - A transmissão ocorre através de relação sexual (vaginal, oral ou anal); mãos contaminadas na conjuntiva e parto (atinge conjuntiva do RN). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS MULHERES - Causa cervicite (inflamação e irritação do colo do útero). - A maioria das mulheres é assintomática. - No caso das mulheres sintomáticas (cervicite), ocorre corrimento vaginal (não é frequente), sangramento intermenstrual, dispareunia e disúria. - Ao exame físico podem estar presentes dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo e sangramento ao toque da espátula ou swab. - As complicações, quando não tratada, envolve dor pélvica, doença inflamatória pélvica (DIP), risco de gravidez ectópica e infertilidade. 4 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD II HOMENS - Causa uretrite – mais especificamente uretrite não gonocócica. - O corrimento é frequente e não purulento – mucoide discreto, com disúria leve e intermitente. - É a uretrite sintomática cuja bacterioscopia pela coloração de gram, cultura e detecção de material genético por biologia molecular são negativas para o gonococo. HOMENS E MULHERES - Causa linfogranuloma venéreo (LGV) – com resposta imune Th2. - Tropismo celular bacteriano: macrófagos / inflamação crônica granulomatosa. - Objetivo do granuloma: conter o agente agressor – sinalização prolongada de citocinas. RECÉM-NASCIDOS - Causa oftalmia e conjuntivite neonatal – com exsudato purulento no olho. - Dura até 28 dias após o parto. - As complicações envolvem cegueira, infecção sistêmica, pneumonia, etc. - Profilaxia: uso da povidona a 2,5% (colírio) ou da pomada de eritromicina 0,5% ou a tetraciclina 1% - em razão de sua maior toxicidade, a utilização no nitrato de prata 1% deve ser reservada apenas em casos de indisponibilidade dos outros. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO - O diagnóstico é predominantemente clínico, já que seu cultivo é de difícil acesso. - Também é comum o pedido do PCR para o diagnóstico de Chlamydia. - O tratamento é com o uso de antibióticos. - DOENÇA SÍFILIS - Espiroqueta gram- (não cora em gram). 5 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD II - Possui microscopiadireta, com clara observação. - Há controvérsias sobre seu cultivo, já que também existem controvérsias em relação a sua intracelularidade obrigatória. - O diagnóstico clínico, portanto, é essencial, já que não ocorre o cultivo. FATORES DE VIRULÊNCIA - O estudo dos fatores de virulência são limitados devido à ausência de cultivo. - Adesinas; - Endoflagelo (encontrado dentro da espiroqueta, é responsável pela movimentação e locomoção); - Hialuronidase (faz invasão, quebra o ácido hialurônico, permitindo a invasão da bactéria, passando pela placenta); - Estrutura delgada (é uma bactéria “fina” e ágil, por isso consegue atravessar a placenta). RESPOSTA IMUNE - Vulva: pelos e tegumento. - Vagina: epitélio estratificado escamoso, pH ácido e microbiota. - Colo: muco endocervical e substâncias bactericidas. - Lâmina basal (abaixo do epitélio): células dendríticas, macrófagos, MALT (linfócitos T e B) e anticorpos. - Acredita-se que a destruição tecidual e as lesões observadas na sífilis são principalmente consequência da resposta imune do paciente à infecção. Os anticorpos produzidos em infecções anteriores não são protetores. - A resposta imune Th17 ou Th1, devido ser um patógeno intracelular facultativo. CICLO BIOLÓGICO / TRANSMISSÃO - O ciclo é resumido de ser humano para ser humano. - A transmissão ocorre através de relação sexual (vaginal, oral ou anal); - Congênita (de mãe para filho). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ESTÁGIO → PATOLOGIA Primário → cancro duro – pequena lesão. Secundário → exantema palmar; linfadenopatia; condiloma plano; neurossífilis (usualmente assintomática). Latente → não apresenta sinais e sintomas, sendo o diagnóstico exclusivamente por meio de testes imunológicos. É dividida em latente recente (até 1 ano de infecção) e latente tardia (mais de 1 ano de infecção). Terciário → neurossífilis (assintomática com anormalidade liquóricas, meningovascular, tabes dorsal, paresia geral); aortite (aneurismas, regurgitação aórtica); gomas (Hepar lobatum, pele, osso e outros). Congênita → aborto tardio ou natimorto; infantil (exantema, osteocondrite, periostite, fibroses hepática e pulmonar); escolar (ceratite intersticial, dentes de Hutchinson e surdez do oitavo nervo). SÍFILIS PRIMÁRIA - Lesão local de inoculação (exemplo: genitália). - Característica da lesão primária: mácula ou pápula vermelha escura que progride rapidamente para uma ulceração denominada CANCRO DURO (lesão). - Lesão indolor com borda endurecida e enrolada, fundo liso e brilhante. 6 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD II - Lesão desaparece com ou sem tratamento (permanece de 2 a 6 semanas). - O diagnóstico na mulher é difícil. - Sífilis primária é contagiosa. SÍFILIS SECUNDÁRIA - Disseminação da bactéria no organismo, via hematogênica ou linfática. - Características da lesão secundária: exantema maculopapular avermelhado principalmente em mãos e pés. Pápula pálida e úmida, denominada CONDILOMA PLANO, na região anogenital e outras. - Lesão desaparece com ou sem tratamento (4 a 12 semanas). - Sífilis secundária é contagiosa. (Observe as lesões papuloescamosas na palma da mão e as lesões planas e úmidas na região perianal). SÍFILIS TERCIÁRIA - Paciente pode passar pelo estágio primário e secundário subclínico. - Manifestações clínica duram de 3 a 12 anos ou mais, após o contágio. - Características da lesão na pele e mucosa: granulomatosa nodular (GOMA). - Alterações clínicas: gomas em ossos e fígado / lesões degenerativas no sistema nervoso, como demência e paresia / lesões no sistema cardiovascular, etc. - Ocorre uma reação de hipersensibilidade, o que causa certo dano tecidual. - Sífilis terciária NÃO é contagiosa. SÍFILIS CONGÊNITA - Mãe não tratada ou inadequadamente tratada. - Pode ocorrer em qualquer fase da gestação e em qualquer fase da doença. - Pode causar aborto, natimorto, óbito perinatal ou sífilis congênita. - A sífilis congênita é dividida em: precoce e tardia. - Sífilis precoce: até o segundo ano de vida – é assintomático ou apresenta baixo peso, nasce prematuro e apresenta hepatoesplenomegalia. - Sífilis tardia: após segundo ano de vida – tíbia em “lâmina de sabre”, articulações de Clutton, nariz “em sela”, dentes incisivos medianos superiores deformados (dentes de Hutchinson), surdez neurológica, dificuldade no aprendizado, etc. 7 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD II DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO - O diagnóstico é clínico e não apresenta cultivo – sua análise é por microscopia direta. - Também é comum o pedido do PCR molecular para o diagnóstico. - A sorologia é o padrão ouro, ou seja, a melhor forma de detectar a sífilis. - O tratamento é com o uso de antibióticos (penicilina), é importante, uma vez que a resposta imune é ineficaz. DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DA SÍFLIS - O exame sorológico pesquisa os anticorpos que agem contra antígenos do T. pallidum. - Portanto, faz sentido que esse teste chame “treponêmico”, uma vez que pesquisa anticorpos anti-T. pallidum – exemplo de teste: FTA-Abs → teste rápido. - O problema do teste treponêmico é devido ao anticorpo que a indica. - A sífilis é uma doença predominantemente crônica e o anticorpo que indica a sífilis crônica é o IgG, porém também é o IgG que indica se a pessoa já teve contato com o T. pallidum, mas se curou. - O teste treponêmico indica que houve contato do paciente com o T. pallidum, mas não consegue indicar se o T. pallidum está causando infecção crônica (IgG) no momento atual ou se o paciente já teve contato com essa bactéria e se curou (IgG). - Esse teste sempre será positivo, uma vez que o paciente teve o contato. - Por isso, não é somente o tente treponêmico que pode indicar que o paciente está com sífilis. - Existe um antígeno chamado CARDIOLIPINA (lipídeo), que é liberado pelas células humanas danificadas em decorrência da sífilis e outras infecções, como malária e hanseníase, e doenças autoimunes. - O corpo humano produz anticorpos contra a cardiolipina. - Esse teste é chamado “não treponêmico” (teste não específico), já que pesquisa o anticorpo anti-cardiolipina (que não é algo específico de apenas uma doença) – exemplo de teste: VDRL. - Esse teste não indica se a infecção é somente por sífilis, uma vez que pode indicar outras doenças também. - Por isso, um teste depende o outro – o teste treponêmico depende do não treponêmico. - O teste não treponêmico é importante, pois é qualitativo e quantitativo. - Teste qualitativo: auxilia na triagem da sífilis (presença de anticorpos anti- cardiolipina), uma vez que o teste treponêmico reagente pode indicar cicatriz imunológica. - Teste quantitativo: verifica a titulação (níveis) de anticorpos anti-cardiolipina. A titulação cai com um tratamento bem sucedido, portanto é importante para monitorar o tratamento (no período de tratamento deve ser usado o exame VDRL). - As diluições no VDRL são importantes para acompanhar se a infecção diminuiu. - O título é indicado pela última diluição da amostra que ainda apresenta reatividade 8 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD II (presença de anticorpos, através da floculação). RESULTADO DE TESTES TREPONÊMICOS E NÃO TREPONÊMICOS
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