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Nesta webaula, estudaremos mais afundo sobre a crítica de Aristóteles a Platão. Crítica de Aristóteles a Platão Para Platão, temos o mundo sensível (A) e o mundo das ideias (B). A crítica incide sobre a di�culdade de explicar como B pode causar A, dado que eles não têm nada em comum entre si. Desta forma, toda comunicação entre A e B requer um terceiro termo C – um elemento capaz de ligar a ideia ao mundo sensível. Este elemento C, no entanto, também não tem nada em comum com A e B e, por conta disso, requer D para relacioná-lo com A, B e C. Trata-se do paradoxo das relações externas. Se não temos nada em comum entre dois termos, não temos um “ponto de apoio” capaz de estabelecer a relação entre eles. E, se introduzimos um elemento intermediário, o problema retorna, pois, agora, cabe analisar a relação externa entre este novo elemento e os antecedentes. Assim, temos uma regressão in�nita. A solução de Aristóteles é a�rmar que as ideias (ou formas) não estão separadas em mundo para além mundo, mas estão presentes neste mesmo mundo. Deste modo, Aristóteles resolve o problema por não separar a realidade em dois campos distintos em nada em comum. Evita a regressão in�nita, pois sensibilidade e forma compartilham do mesmo domínio, sendo, agora, não mais necessária à intervenção de um outro termo. Uma das consequências deste movimento de imanentização da forma na sensibilidade é a mudança do estatuto dos sentidos para o conhecimento. Para Platão, o conhecimento deve se afastar completamente do mundo empírico, que não possui valor epistemológico algum. Para Aristóteles, por sua vez, o movimento de apreensão racional das formas começa necessariamente pelos sentidos. Dado que elas estão presentes nos entes empíricos, a sua apreensão se dá a partir da observação e da intuição racional das semelhanças, em um processo de ascensão em direção aos elementos mais gerais. Por conta desta valorização do sensível, a �loso�a de Aristóteles está mais próxima da ciência moderna do que a �loso�a platônica. A dualidade forma/matéria, a doutrina do hilemor�smo, surge precisamente neste ponto. Para o pensador grego, tudo que existe é composto de uma forma e de uma matéria característica (exceto as substâncias suprassensíveis, que não têm matéria). Uma mesa, por exemplo, é composta de matéria, digamos, madeira, e de uma forma – a forma mesa. A apreensão racional da forma mesa, neste ponto, seria possível a partir da comparação sensível dos elementos comuns de diversas mesas. Dado que se trata de um argumento lógico, a sua exposição grá�ca facilita o aprendizado. A seguinte imagem, por outro lado, é amplamente utilizada para ilustrar a diferença entre Platão e Aristóteles. A Escola de Atenas (detalhe), de Rafael - 1509 Fonte: https://bit.ly/38PUM5c. Acesso em: 13 nov. 2020. História da Filoso�ia Antiga II Platão e Aristóteles: o hilemor�ismo contra o mundo das ideias Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso signi�ca que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sanzio_01_Plato_Aristotle.jpg Na imagem acima, temos Platão (à esquerda) apontando para cima, em direção ao mundo das ideias, ao passo que Aristóteles (à direita) está apontando para baixo, para o mundo sensível. A doutrina do hilemor�smo também pode se valer de elementos grá�cos para a sua exposição. Trata-se da tese aristotélica de que todo ente é composto de uma matéria e de uma forma. Por exemplo, uma estátua de bronze de um homem tem uma forma (o homem) e uma matéria (o bronze). Os seguidores de Aristóteles �caram conhecidos como peripatéticos. O termo vem do termo grego para “ambulante” ou “itinerante” e não tem nenhuma relação com o termo “patético” em português. Aristóteles tinha por hábito ensinar ao ar livre ou sobre os pórticos do Liceu, de forma que seus seguidores costumavam ouvir suas lições durante caminhadas. Por conta disso, ganharam a alcunha de peripatéticos. Para �nalizarmos esta webaula, cabe destacar que uma das preocupações centrais do pensamento aristotélico, assim como o do platônico, é a educação. Ambos os pensadores se dedicaram a pensar a melhor forma de se educar, visando ao bem da pólis. Muitos dos estudantes de �loso�a acabam por tornar-se educadores em diversos níveis de ensino e, assim, as re�exões �losó�cas sobre o tema são muito importantes. Interessado em saber mais sobre o pensamento educacional de Aristóteles? Leia o seguinte artigo: SOUZA, B. Pensamento aristotélico e contribuição junto à Educação: re�exões de Aristóteles. Porto Velho, RO: EDUFRO, 2018.
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