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TSP III - Valéria

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Enfoque Histórico Cultural - Vygotsky
➔ Lev Semenovitch Vygotsky (Início do século XX)
◆ Escreveu o trabalho: Problemas da Educação de Crianças cegas,
surdo-mudas e retardadas
● Nenhuma condição objetiva é determinante da forma como nós
significamos na vida
➔ Ideias
◆ Tentativa de estudar os processos de transformação do desenvolvimento
humano na sua dimensão filogenética, histórico-social e ontogenética
◆ Procurou identificar as mudanças qualitativas do comportamento que
ocorrem ao longo do desenvolvimento humano e sua relação com o contexto
social
● para ele, o que separa os humanos dos animais são os processos
psicológicos superiores: capacidade simbólica (pensamento e
linguagem), consciência (ação intencional, tomada de decisão) e
controle da atividade psíquica (atenção, memórias voluntárias)
○ processos psicológicos inferiores + cultura = processos
psicológicos superiores
◆ Ao mesmo tempo que tecia críticas contundentes às correntes idealista e
mecanicista, buscava a superação desta situação através da aplicação dos
métodos e princípios do materialismo dialético (Marx), para a compreensão
do aspecto intelectual humano
➔ Mediação simbólica: intervenção de um elemento intermediário numa relação
◆ Tipos de elementos mediadores
● instrumentos/sinais: mediam a relação entre o homem e natureza
● signos: funcionam como instrumentos das atividades psicológicas,
ampliando as possibilidades de controle do homem sobre si mesmo
◆ Relação com a natureza era direta (sinais) → alteramos o mundo em que
vivíamos → mundo produzido (signos)
◆ Signos são símbolos: eles intermedeiam a nossa relação com o mundo
◆ Os símbolos são uma produção cultural, humana
◆ Os símbolos são os elementos representativos do mundo
◆ O sistema simbólico mais importante é a linguagem
● durante o desenvolvimento os signos externos - linguagem - são
internalizados e se transformam em representações mentais (sentido)
➔ Unidades: formas de pensar os processos humanos
◆ Pensar e sentir, Histórico e atual, Individual e social
● social não é coletivo! O social leva a produção de cultura
● cada pessoa vive de uma forma diferente em determinada situação
de vida (singularidade)
➔ 1º momento da obra
◆ discutiu muito sobre psicologia da arte, imaginação, emoção, personalidade,
cognição
➔ 2º momento da obra: Perejivanie (é a unidade do desenvolvimento) e internalização
◆ discutiu sobre desenvolvimento, perejivanie (vivência)
◆ Se ocupou em entender como se dá a relação da pessoa com o meio →
como a pessoa significa as diferentes situações da sua vida
◆ Para pensar como a perejivanie se organiza, precisamos pensar em suas
necessidades, preocupações, sua história, a forma como a pessoa reage
◆ A internalização é um processo de transformação e síntese
➔ 3º momento da obra: Pensamento e linguagem
◆ Sentido: unidade com significado, é a unidade da cognição e da emoção
● o sentido é individual (cada pessoa tem o seu) mas também é social
(o meio é organizado pela junção dos sentidos individuais) → você
influencia o meio da mesma maneira que o meio influencia você
◆ Palavra mobiliza processos na consciência
◆ O sentido é aquilo que a palavra evoca na consciência
◆ Significado: é o que está no dicionário
◆ O sentido é a interpretação que fazemos do símbolo
◆ Despatologização: tentamos entender como as pessoas se posicionam e
interpretam o mundo, de uma forma única → as patologias na verdade são
diferentes formas das pessoas de enxergarem o mundo
➔ O sentido se organiza pela relação histórico/atual
◆ Os sentidos se reorganizam ao longo do tempo
◆ Eles são produzidos o tempo todo e não especificamente tem a ver com o
que eu estou vivendo agora → eles podem ser alimentados por outros
processos anteriores para que eles sejam perijivaniezados no momento atual
◆ Espaços dialógicos: nos permitem criar novos sentidos e conseguimos
ressignificar as situações da nossa vida
◆ Os sentidos são mobilizados através do diálogo
➔ Agentes dialógicos
◆ Contribuem/ promovem um ambiente para que sentidos sejam produzidos
◆ Terapeutas: possuem um compromisso ético para mobilizar o outro para um
desenvolvimento
◆ Não há nenhuma ação capaz de modificar o outro → nós que criamos o
nosso mundo e por consequência somente nós podemos mudá-lo
➔ Transtorno
◆ É a paralisação diante do sofrimento
◆ É a incapacidade de produzir novos sentidos em relação a uma experiência
vivida
◆ Temos que ter cuidado para não patologizar um comportamento sem ver o
contexto inserido, com a história de vida
➔ Consciência/psique
◆ Se organiza como um sistema de sentidos
◆ Não é apenas cognição, intelecto → as emoções também fazem parte da
consciência
➔ Emoção
◆ A forma com eu interpreto a vida passa pela emocionalidade
◆ O aprendizado passa pelas emoções que eu produzo
Questões
1. Explique a importância do conceito de sentido na obra de Vigotski.
O sentido nos permite pensar sobre a processualidade humana. Ele é uma
produção individual, mas não é privado, ele abarca o social. Ele traz a emoção como um
processo constitutivo de todos os processos humanos. A categoria “sentido” coloca a
pessoa como protagonista de sua vida, pois a pessoa que interpreta o mundo, não sendo
ela resultado do mesmo.
2. Faça uma breve reflexão sobre dois posicionamentos de Vigotski e sua
importância para a Psicologia.
3. Explique como o conceito de sentido possibilita superar as ideias de essência a
priori e a relação de causa e efeito.
Os sentidos são processos histórico-culturais. Ele é um processo dinâmico que se
organiza ao longo do tempo. Não nascemos com características que nos definem, nós nos
tornamos pessoas à medida que nos relacionamos com o mundo. A essência não precede
a existência, elas são construídas.
Não existe nenhuma situação definidora dos sentidos que produzimos, logo não
podemos falar em causa e efeito. Somos mobilizados por diferentes processos, logo cada
um tem uma forma de expressão diferente, não podendo ser reduzidos a relações de
causa e efeito.
4. Vygotsky apresenta diferentes conceitos sobre a configuração dos processos
humanos. Foi um teórico que teve preocupação com a definição do psíquico e a
forma como ele se organiza ao longo do desenvolvimento humano. Explique:
a) como o autor compreende a psique e sua relação com a ideia de defeito.
A consciência/psique se configura como um sistema de sentidos, dessa forma,
nenhuma ação nossa depende da nossa intenção e sim da forma como nossos sentidos
se organizam. Nenhuma situação é interpretada da mesma forma por duas pessoas
diferentes, então a ideia de defeito é diferente de pessoa para pessoa, a depender dos
sentidos produzidos por cada um.
b) o valor da ideia de sentido para a compreensão do desenvolvimento humano.
O desenvolvimento é um processo que ocorre ao longo da vida, que vai se
organizando através das diferentes produções de sentidos, logo os sentidos também vão
se reorganizando ao longo da vida.
5. Explique como Vygotsky compreende o individual e o social e sua relação com o
conceito de perezhivanie.
O individual e o social andam juntos, não existe um sem o outro. A gente
perejivaniza as situações de acordo com as nossas vivências com o meio e para o meio.
Os sentidos são individuais (cada pessoa tem o seu) mas também são sociais (o meio é
organizado pela junção dos sentidos individuais), ou seja, você influencia o meio da
mesma maneira que o meio influencia você e dessa forma nós vamos perejivanizando as
situações.
6. Leia um trecho da carta ao pai de Kafka:
Você sempre me recriminou (só na minha presença ou na de estranhos — para a
humilhação que isso representava você não tinha sensibilidade, os assuntos dos
seus filhos eram sempre públicos) de que, graças ao seu trabalho, eu vivia sem
qualquer privação, na tranquilidade, no calor e na fartura. Penso aqui em certas
observações que devem ter literalmente riscado sulcos no meu cérebro, como: “Já
aos sete anos eu precisava levar a carroça pelas aldeias”; “Precisávamos dormir
todos num cubículo”; “Ficávamos felizes quandotínhamos batatas”; “Durante anos,
por falta de roupa de inverno suficiente, fiquei com feridas abertas nas pernas”;
“Quando eu ainda era menino já precisava ir para a loja em Pisek”; “Dos meus eu
não recebia nada, nem mesmo durante o serviço militar, ainda tinha que mandar
dinheiro para casa”; “Mas apesar de tudo — de tudo — o pai era sempre o pai. Quem
é que sabe disso hoje? O que é que os filhos sabem? Ninguém sofreu assim. Será
que um filho entende isso hoje?”. Essas histórias poderiam ter sido, em outras
circunstâncias, um excelente recurso educativo, teriam podido oferecer estímulo e
força ao filho para resistir às mesmas trabalhadeiras e privações pelas quais o pai
tinha passado. Mas você não queria isso, pois graças justamente aos seus esforços
a situação era outra, não havia chance para alguém se distinguir como você o tinha
feito.
O resultado exterior imediato de toda essa educação foi que fugi de tudo o que,
mesmo à distância, lembrasse de você. Primeiro foi a loja. Em si mesma,
particularmente na infância, enquanto era uma pequena loja, ela teria me agradado
muito, era tão viva, iluminada à noite, a gente via e ouvia muita coisa, podia aqui e
ali ajudar, chamar a atenção, mas sobretudo admirá-lo nos seus extraordinários
talentos comerciais, o modo como você vendia, tratava as pessoas, fazia
brincadeiras, se mostrava infatigável, em casos de dúvida sabia tomar logo uma
decisão e assim por diante; além disso era um espetáculo digno de ser visto o jeito
como você fazia um embrulho ou abria uma caixa, e tudo no conjunto não era a pior
das escolas para uma criança. Mas quando aos poucos você foi me aterrorizando
por todos os lados e a loja e a sua pessoa se tornaram para mim uma coisa só,
então ela já não era mais acolhedora.
Faça uma análise da carta a partir de conceitos de Vygotsky: Sentido e Perezhivanie.
Os sentidos que a criança produziu a respeito do pai foram negativos e foram
carregados com ele ao longo da vida. Os sentidos não são lineares (em um aspecto da
vida existem produções de sentido negativas mas em outras as produções são positivas) e
são contraditórios (ele admira o pai mesmo o odiando). Uma dimensão da vida pode ser
qualitativamente afetada por uma produção de sentido, mas não afeta a vida por inteiro.
Singularmente os diferentes processos de sentidos vão se organizando em relação a
algum aspecto da vida, ou seja, cada situação mobiliza processos diferentes.
7. Explique a afirmação de Vygotsky: “só se pode elucidar o papel do meio no
desenvolvimento da criança quando nós dispomos da relação entre a criança e o
meio”.
Só podemos entender o papel do meio quando compreendemos os processos de
perejivanização da criança em relação ao meio (como ela perejivanizou suas relações com
a família, com a escola, etc). Conseguimos compreender esses processos a partir do
diálogo (não é só ouvir o que a pessoa fala, mas interpretar as falas e ações nas
entrelinhas).
8. Explique a diferença entre 𝐬𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐞 𝐬𝐢𝐠𝐧𝐨 para Vygotsky e o valor dessa discussão
para a compreensão dos processos humanos e simbólicos.
O sinal é a nossa relação direta com a natureza enquanto que o signo é uma
produção da cultura humana, que vai intermediar nossa relação com o meio (a linguagem é
um exemplo de signo). Só somos capazes de compreender os processos humanos e
simbólicos a partir dos signos que criamos.
9. Vygotsky (1989) afirma: Aquele que quiser compreender a psicologia da
personalidade do cego diretamente do fato da cegueira como uma personalidade
diretamente determinada por esse fato, a compreenderá de modo tão incorreto
quanto aquele que vê na vacina somente a doença. (p.79). Assinale verdadeiro ou
falso:
(F) O sentido da experiência é determinado pela cegueira.
(V) A personalidade organiza-se como sistema processual.
(F) A condição objetiva é interiorizada e leva ao transtorno.
(V) A ideia de unidade possibilita pensar na forma como o cego vivencia a cegueira.
(F) A psique se organiza como sistema a partir de diferentes unidades
10. No que é pautada a Teoria Histórico Cultural de Vygostky?
11. O que é o materialismo histórico dialético de Marx e qual a relação dele com a
Teoria Histórico Cultural de Vygotsky?
12. O que são signos/símbolos?
Os signos são uma produção humana. É uma categoria fundamental que contém o
psiquismo humano em sua totalidade. São os recursos que usamos para representar o
mundo.
13. O que são os sentidos e como eles se relacionam com o pensamento e a
linguagem?
14. O que é perejivanie?
É a forma de organização da relação da pessoa com o social. Ela me permite
compreender a forma como a pessoa interpreta e produz sentidos em relação às
experiências vividas.
15. O que significa dizer que o sentido se organiza pela relação histórico/atual?
16. Qual o papel dos agentes dialógicos?
O agente dialógico é capaz de mobilizar o outro para um desenvolvimento; só há
espaço dialógico quando há emoção.
17. Explique o conceito de unidades.
São processos humanos que operam como um sistema, isto é, se configura na
relação complexa dos aspectos biológicos e sociais.
O psiquismo humano se constitui no curso normal do desenvolvimento como uma
unidade de funções psíquicas que avançam de um funcionamento biológico ou primitivo
para culturalmente formado ou superior. É o conceito que defende a não dicotomia entre os
fenômenos, ou seja, as unidades são dialéticas, isto é, uma constitui a outra. As unidades
influenciam umas às outras na medida em que os processos humanos são produções dos
sujeitos que geram significados e tem a cultura como maior influenciadora. Essa
dicotomização entre unidades gera uma simplificação do homem (psicologia patologizante,
por exemplo).
Pós modernidade - A Morte do Sujeito (individual) - Giro
Linguístico
➔ 1968: Pós estruturalismo
◆ É diferente de pós modernidade → ele é uma expressão do pós modernismo
na filosofia
● É um movimento teórico que caracteriza uma forma de se interpelar a
ciência
● influenciado por Nietzsche e Heidegger
● trouxe a discussão sobre cultura: não podemos pensar o ser humano
sem considerar a cultura e o social
◆ Críticas levantadas pelo pós estruturalismo
● criticava a essência a priori (estruturalismo acreditava nisso), pois não
há nada que nos define pelo fato de sermos seres humanos, não
nascemos com características biológicas inatas
● criticava a ideia de sujeito individual
● criticava o racionalismo
● criticava a ideia de previsibilidade
● criticava o controle
◆ Contribuições do pós estruturalismo
● essência como processo
● sujeito social (é retratado de uma forma radicalizada) → essa ideia
supera a perspectiva do sujeito individual que não é provido de
cultura, porém radicaliza e desconsidera completamente a existência
do sujeito individual → morte do sujeito
● imprevisibilidade da vida
● ideia de contradição
➔ Pós modernismo
◆ Dois pressupostos centrais:
● não existe qualquer denominador comum que garanta que o mundo
seja um ou a possibilidade de um pensamento natural e objetivo
● todos os sistemas humanos funcionam da mesma forma que a
linguagem → sistemas autoreflexivos, diferenciais, os quais são
potentes mas finitos; sistemas que dependem da construção e
conservação do significado e do valor
◆ O impacto essencial do pensamento pós moderno nas ciências sociais e na
psicologia se dá pela superação da naturalização dos processos sociais, algo
que → desnaturalização do social
➔ Simbólico
◆ A psicologia tarda a incorporar a ideia e cultura em suas teorias
◆ O simbólico é o recurso que usamos para representar algo do mundo
◆ A psicologia (social) crítica se propõe a pensar questões epistemológicas,
metodológicas e práticas da psicologia
● Teoria das Representações Sociais (França)
● Construcionismo Social (EUA)
● Construtivismo crítico e radical
● Psicologia Liberal
● Psicologia Sócio Histórica
● Psicologia Comunitária
● Teoria da Subjetividade
➔ Desnaturalização do social
◆ Não tem como tomar o mundo como uma coisa dada → o social/ a cultura é
um processo simbólico, o mundo é produzidoe se transforma ao longo do
tempo, logo não podemos pensar em um mundo pronto
◆ Sair da ideia de que existia um mundo pronto e está aí para ser descoberto
◆ Naturalizar = mundo dado e pronto, regras, “o mundo funciona assim”, é o
dar conta de algumas coisas na vida
◆ Essa ideia reconhece o mundo desnaturalizado, isto é, não é predefinido e
não temos como ditá-lo, ideia de mundo em movimento; não temos como
dizer o que é “natural” nos processos sociais → ele é um processo simbólico
e construído a partir das vivências
◆ Consequências da naturalização
● alguns processos/ comportamentos são naturalizados, mas em certos
contextos essa naturalização não se aplica
➔ Conceito de doenças na pós modernidade
◆ A doença deixa de ser uma entidade reificada como essência em algum
espaço ontológico particular do sujeito para ser compreendida como
resultado da ação do homem que integra todas as dimensões da sua
condição humana
◆ A doença deixa de ser compreendida como um pertencente a pessoa para
ser compreendida como pertencente ao social
◆ Como explicar as emoções quando não estão na linguagem? E os
transtornos?
◆ Os transtornos são produções de certos contextos, ou seja, não são parte
das pessoas. Envolve uma prática/um discurso compartilhada(o) socialmente
e, consequentemente, patologizante
◆ Doenças: impossibilidade de gerar recursos diferentes, de gerar novos
sentidos
➔ A morte do sujeito individual e a ideia de sujeito social
◆ O sentido tradicional da linguagem a coloca como instrumento → há um
pensamento que contém a ideia e para ajudá-lo/ comunicá-lo existe o
instrumento, que é a linguagem
◆ No giro linguístico, houve uma mudança de paradigma acerca da linguagem
→ a linguagem deixa de ser instrumento e passa a ser a própria condição de
conhecimento → é nela que determina o conhecimento e a verdade
◆ Linguagem → discursos
● os discursos orientam nossas ações, práticas sociais
● nós compartilhamos diferentes discursos que podem orientar nosso
comportamento (preconceito)
● não se fala que a pessoa tem um discurso (porque não existe o
sujeito individual), a ideia de discurso é sempre compartilhada
● a linguagem não é um fenômeno privado → se há linguagem, a
relação entre os sujeitos envolvidos → ideia de intersubjetividade
(relação entre sujeitos)
➔ Giro complexo: nova concepção de ciência que acontece nas ciências naturais
◆ Complexidade: não é uma teoria de conteúdos particulares, mas uma nova
representação dos fenômenos que têm de encontrar a sua forma particular
dentro dos diferentes domínios ontológicos nos quais são desenvolvidas as
nossas práticas de conhecimento
● sistema (tipo de organização que se configura de determinada
maneira), processo (organização/ relação entre os sistemas) e
superar a linearidade
◆ Virada complexa nas ciências naturais: superação da ideia de ciência neutra,
objetiva e causalista
◆ É anterior ao giro linguístico
◆ O giro complexo tem origem na filosofia e em um pensamento científico pós
positivista; suas dificuldades para entrar na psicologia se devem às seguintes
características hegemônicas da construção do pensamento psicológico:
● hegemonia de um determinismo causal universalista que reifica as
teorias como dogmas e que dificulta, em virtude da própria pressão
dos processos institucionais instituídos nesse campo, a produção
aberta e processual de conhecimentos
● hegemonia de um modelo positivista de ciência que privilegia a
objetividade, a simplificação e o instrumentalismo
● a realização de práticas e a a própria pesquisa por meio de referentes
teóricos universais considerados verdadeiros
● o rechaço e a pouca cultura que dominam até hoje o espaço da
psicologia que continua se identificando como um campo
prático-instrumental
◆ O giro complexo pode ser considerado um momento pós moderno para o
desenvolvimento da psicologia → tratar as tendência teóricas como
tendências em desenvolvimento, em permanente processo de tensão com a
produção de novos conhecimentos
Questões
1. Qual a importância da categoria discurso no debate contemporâneo? Quais
são seus limites e possibilidades?
Os discursos orientam nossas ações, práticas sociais. Ele reconhece os
espaços compartilhados como espaços produtores de significado. Nós
compartilhamos diferentes discursos que podem orientar nosso comportamento,
podendo levar a atitudes preconceituosas, discriminatórias. Limite: reducionismo
linguístico (o que não está no discurso não é verdade). Possibilitou compreender
como processos simbólicos se organizam em uma cultura, supera a ideia de
essência a priori, supera a naturalização do social.
2. Explique a ideia de morte do sujeito e suas consequências teóricas.
A morte do sujeito nega o sujeito individual e acredita na existência de um
sujeito social. Essa ideia supera a perspectiva do sujeito individual como centro de
tudo, porém radicaliza e desconsidera completamente a existência do sujeito
individual. Essa ideia não se sustenta a longo prazo pois não podemos negar o
sujeito individual.
3. Explique os desdobramentos das ideias de morte do sujeito e giro linguístico
na psicologia.
4. O que significa afirmar que a ciência é construída por e construtora de
processos sociais? Quais as consequências dessa afirmação para a
Psicologia?
5. Explique de que maneira os pressupostos da regularidade e da previsibilidade
tomam forma em explicações de diferentes fenômenos estudados pela
Psicologia e as consequências disto para seu desenrolar como ciência.
Os pressupostos de regularidade e previsibilidade sustentam uma ideia de
um mundo que está dado, uma naturalização do ser humano, instrumentalização
dos comportamentos humanos, etc (consequências dessa visão). A psicologia se
pautou desde seu início nas ciências naturais, então era muito mecanicista, não
levava em conta a singularidade e a cultura. O giro complexo traz uma nova
concepção de ciência que acontece nas ciências naturais, a qual acredita na
desnaturalização do social. Porém, a Psicologia demorou para se inserir nessa
revolução (giro complexo e giro linguístico), isso por causa da hegemonia de um
determinismo causal universalista que retifica as teorias como dogmas e que
dificulta, em virtude da própria pressão dos processos institucionais instituídos nesse
campo, a produção aberta e processual de conhecimentos; da hegemonia de um
modelo positivista de ciência que privilegia a objetividade, a simplificação e o
instrumentalismo; da realização de práticas e a a própria pesquisa por meio de
referentes teóricos universais considerados verdadeiros; do rechaço e a pouca
cultura que dominam até hoje o espaço da psicologia que continua se identificando
como um campo prático-instrumental.
6. Explique a ideia: “a desordem e a crise foram conceitualizadas como
informação complexa mais do que como ausência de ordem” (Schnitman,
1996, p.12) e as consequências dessa ideia para a prática da Psicologia.
Sempre que nos deparamos com um fenômeno que não conseguimos
compreender (que causam desordem ou crise), não podemos considerar como
ausência de ordem, anormal, porque precisamos compreender os fenômenos
levando em consideração os aspectos contextuais envolvidos. Para a Psicologia
essa ideia é essencial, para evitar patologização dos comportamentos humanos e
reducionismo dos fenômenos.
7. O debate pós-moderno significou um momento importante nas ciências
humanas e sociais e explicitou diferentes discussões: (assinale V ou F)
(F) As metas narrativas teóricas são fundamentais para a explicação de
diferentes processos humanos.
As meta narrativas teóricas são a aspiração de uma teoria para explicar
indefinidamente um processo → precisamos levar em consideração as mudanças
ao longo do tempo, aos contextos; não é possível criar uma teoria suprema que seja
suficiente e atemporal para explicar os fenômenos.
(F) As respostas genéricas aos fenômenos humanos têm se mostrado
suficientes.
Não podemos olhar de forma superficial os problemas que são complexos.
(F) A morte do sujeito implica reconhecer a maneira como os transtornostomam forma.
A morte do sujeito não reconhece a maneira como os transtornos tomam forma,
pois desconsidera a singularidade.
(V) O pós estruturalismo inaugurou o debate conhecido como giro linguístico.
(F) O giro complexo inicia-se na sociologia e posteriormente tem implicações
para a psicologia.
O giro complexo se iniciou nas ciências naturais.
8. Explique a ideia de subjetividade a partir da ótica da teoria da subjetividade e
seu valor para avançar na compreensão de diferentes processos humanos.
9. Se todo criminoso fosse psicopata, o mal teria receita
05 de junho de 2012
O Estado de S.Paulo
Análise: Daniel Martins de Barros
O psicopata de novela é um fenômeno recente - até meados de 1990, as
tramas traziam sempre mocinhos e vilões, ou mocinhas e vilãs. Com a virada para o
século 21, os vilões foram sendo progressivamente promovidos para a categoria de
psicopatas, numa espécie de upgrade da maldade, até que praticamente todo
mundo se tornou psicopata.
Alguns anos antes, os trabalhos do pesquisador Robert Hare sobre a
psicopatia ganharam tal repercussão mundial que o termo foi sendo incorporado
pela sociedade, progressivamente usado como sinônimo de malvado ou
bandido...Isso piorou depois que Hare publicou Snakes in Suits: When Psychopaths
Go to Work (Cobras de Ternos: Quando Psicopatas Vão ao Trabalho), em 2006, pois
os psicopatas passaram a ser vistos não mais apenas nos criminosos, mas em
todos os chefes cruéis, professores rudes e colegas agressivos.
O problema é que usar um diagnóstico médico - "psicopata" - como sinônimo
de um enquadre jurídico - "criminoso" - traz consequências perigosas. Pois quando
achamos que todo bandido mau-caráter, mesmo que seja capaz de afetos
verdadeiros como parece ser a Carminha, é um psicopata, passamos a cobrar da
medicina um tratamento para a maldade. E esse é um caminho propenso a abusos e
destinado ao fracasso.
Apresente a ideia de transtorno no debate pós-moderno e suas
consequências para a desnaturalização do social.
Na pós-modernidade, a doença deixa de ser uma entidade reificada como
essência em algum espaço ontológico particular do sujeito para ser compreendida
como resultado da ação do homem que integra todas as dimensões da sua condição
humana, ou seja, ela deixa de ser compreendida como um pertencente a pessoa
para ser compreendida como pertencente ao social. Dessa forma, os transtornos
são produções de certos contextos, ou seja, não são parte das pessoas. Esse
fenômeno envolve uma prática/um discurso compartilhado socialmente e,
consequentemente, patologizante.
Sobre diálogo - Harlene Anderson
➔ Diálogo: falar ou conversar com o outro ou consigo mesmo na busca de significado
ou entendimento
◆ Se faz na diferença, mas não é hierárquico, é horizontalizado, nem sempre é
harmonioso
◆ Somos mobilizados um pelos outros através do diálogo
◆ Reconhecer o outro como sujeito, é reconhecer as diferenças existentes
entre você e o outro
◆ Para o diálogo acontecer deve haver engajamento emocional
◆ Atividade dinâmica, relacional, colaborativa, generativa e conjunta → “fazer
com”
◆ Envolve não saber e incerteza: o interesse sincero no outro envolve não
saber do outro, sua situação ou seu futuro antes do tempo
◆ O diálogo está para além do explicitado → não existe diálogo sem teoria
➔ A importância do diálogo no contexto da psicoterapia
◆ Visa mobilizar, reconhecer o sujeito
◆ É necessário muita teoria para utilizar o diálogo como instrumento
◆ Escuta ativa
◆ Interpretação para além do que é explicitado
➔ Escutar, ouvir, falar
◆ O diálogo envolve processos entrelaçados recíprocos e multifacetados de
escutar, ouvir e falar
◆ Escutar: prestar atenção, interagir e responder com a outra pessoa → ouvir +
compreender
● a resposta não precisa ser pela fala, pode ser por movimento corporal
● escuta ativa
◆ O diálogo interno é importante para o processo terapêutico, tanto para o
paciente quanto para o terapeuta
● cuidado para não gerar um monólogo ao invés de um diálogo
➔ Aumentando a possibilidade do diálogo
◆ O diálogo é um processo interativo de interpretações de interpretações →
uma interpretação convida a outra
◆ Interpretar é o processo de entender → ao entender, novos sentidos são
produzidos → nesse sentido, a interpretação não pode ser silenciosa e
inativa, ela é um processo ativo, interativo e responsivo de escutar, ouvir e
falar
◆ Escuta, ouça e fale: com respeito, como aprendiz, para aprender, com
cuidado, naturalmente
➔ Vínculo
◆ O vínculo é reconfigurado na medida em que vamos mudando,
ressignificando as situações
◆ Ele pode ser rompido
◆ No contexto da psicoterapia, o vínculo faz-se muito necessário para que
possamos “sentir o outro”
Teoria da Subjetividade
➔ González Rey baseou-se em Vygotsky - Enfoque Histórico Cultural
◆ A teoria da subjetividade de Gonzàlez Rey se insere no giro complexo pela
sua origem em teorias que se alimentaram da dialética marxista e que
pretendem compreender o homem como resultado de sua complexa
realidade social, sem desmembrar a unidade do social e do individual,
unidade esta, que destaca sistemas ontologicamente diferentes mas capazes
de se integrarem no subjetivo ante a emergência da cultura como definidora
do espaço social
➔ Subjetividade
◆ Unidade de processo emocional e simbólico
◆ Processo individual e social: o sujeito é produtor de formas de subjetivação
no mesmo processo em que resulta produzido por uma subjetividade social
◆ É um processo em sua maioria inconsciente, mesmo que intencionais
◆ A unidade de estudo da subjetividade são os sentidos subjetivos
● os sentidos subjetivos se organizam em configurações subjetivas →
sistema de sentidos; experiência que mobiliza diferentes sentidos;
rede de sentidos relacionada a alguma experiência/ vertente da vida
→ essas configurações influenciam outras configurações
● temos acesso aos sentidos subjetivos primeiramente por meio de
uma emoção (e depois pela simbologia)
● As configurações subjetivas são dinâmicas, estão sempre mudando
de acordo com as experiências e sentidos subjetivos que criamos em
relação a algo
◆ É um sistema dividido em dois grupos: individual e social
● subjetividade individual (personalidade): expressão dos processos
subjetivos na pessoa; é a configuração subjetiva (“maior”) que se dá a
partir da interação das outras configurações subjetivas
● subjetividade social: como os discursos, representações sociais,
contextos se organizam na sociedade
◆ Os discursos e as representações sociais não são consideradas processos
subjetivos NESSA TEORIA uma vez que as emoções não são levadas em
consideração → eles são subjetivados mas não são processos subjetivos!
Psicoterapias pós racionalistas
➔ O giro linguístico das ciências sociais a partir da emergência da linguística formal
moderna, que teve no estruturalismo sua expressão filosófica mais acabada e
influente nas ciências sociais, não só excluiu ao sujeito dos processos sociais, como
também, junto a ele, excluiu as emoções, que então passaram a ser representadas
como epifenômeno da linguagem ou foram sinalizadas por metáforas abrangentes
com funções específicas no interior da estrutura do inconsciente
➔ A tensão entre duas ontologias que disputam o fundamento teórico da psicologia nos
tempos atuais
◆ A ideia de práticas discursivas acrescenta uma dimensão dos fenômenos
humanos essencial para a compreensão da subjetividade, ou seja, os
fenômenos humanos são gerados em espaços discursivos socialmente
construídos
◆ Os discursos passam a ser subjetivados
◆ Os discursos são uma produção simbólica
◆ Os conceitos de práticas discursivas e de subjetividade são complementares
● As práticas discursivas são um dispositivo gerador de ações
individuais que estão para além da consciência da pessoa, mas a
subjetividade é o recurso pelo qual essas práticas discursivas
aparecem como sentidos diferenciados dos sujeitos individuais e da
configuração subjetiva das tramas sociais em que eles se organizam
na sua vida social
◆ A ideia de prática discursiva facilita o desenvolvimento deuma visão não
essencialista, nem individualista, nem intrapsíquica da subjetividade humana,
mas não substitui a subjetividade
➔ Do sentido ao sentido subjetivo e às configurações subjetivas
◆ Os sentidos subjetivos representam o momento subjetivo de toda expressão
humana
◆ A subjetividade se define pela natureza qualitativa de um tipo particular de
fenômeno humano, seja ele social ou individual
◆ É a sua especificidade qualitativa em relação a outros tipos de fenômenos o
que faz da subjetividade uma nova definição ontológica para o estudo dos
processos humanos
◆ A realidade dos processos humanos se expressa na subjetividade, na
relação entre emocional e simbólico
◆ subjetividade individual = personalidade
◆ O sujeito é a antítese da vítima, pois ele nunca está à mercê das condições
externas. Ele sempre está preparando as suas alternativas frente às suas
condições de vida, mesmo que essas condições sejam as mais adversas que
uma pessoa possa enfrentar
◆ As relações sociais são vividas pelas pessoas, grupos e instituições numa
complexa teia de configurações subjetiva
◆ Os processos subjetivos de um evento expressam toda uma produção de
sentidos subjetivos nas configurações subjetivas da pessoa dessa
experiência → não são subjetivações pontuais, pois dependem de todo o
contexto da vida do sujeito, anterior ao evento
➔ Intersubjetividade
◆ Não é a intersubjetividade a que nos une à história inteira, mas as nossas
próprias configurações subjetivas onde a história inteira aparece como
produção subjetiva que integra a intersubjetividade como mais um de seus
momentos
◆ A intersubjetividade é apenas um dos processos da subjetividade social, a
qual está longe de se esgotar nos espaços intersubjetivos das relações
humanas
◆ Não tem intersubjetividade autônoma; toda intersubjetividade é um momento
particular de interseção produtiva da subjetividade individual e social através
de sujeitos singulares concretos situados em contexto
➔ Subjetividade, sujeito e psicoterapia
◆ O sujeito não tem uma autonomia plena, mas é capaz de confrontações
permanentes que lhe abrem a autonomia de ações alternativas àquelas
esperadas pelas formas dominantes de organização social →
responsabilização individual
● ele não tem autonomia plena porque vive em sociedade e por isso
não pode fazer o que bem entender
◆ A definição de sujeito reivindica a presença de complexas configurações
subjetivas responsáveis pelos sentidos subjetivos envolvidos nos
posicionamentos ativos desse sujeito
◆ A pessoa se torna sujeito quando gera opções de subjetivação que entram
em conflito, intencionalmente ou não, com os sistemas normativos
hegemônicos do espaço social em que vive, gerando alternativas de sentido
subjetivo que adquirem um caráter subversivo em relação à ordem
hegemônica
◆ A saúde mental não pode se definir pela ausência de conflitos, mas pela
possibilidade de gerar novos sentidos subjetivos e configurações subjetivas
no decorrer dessas experiências de conflito
● O conflito não aparece na dimensão objetiva da experiência, sendo
sempre o resultado de sua configuração subjetiva e das experiências
imaginárias decorrentes delas
◆ Toda experiência humana pode vir a ser conflitiva, não pelo seu conteúdo em
si, mas pela sua configuração subjetiva → é a configuração subjetiva da
experiência, e não a experiência em si, a responsável pelas emoções e os
desdobramentos simbólicos que a pessoa vai gerar no processo de uma
experiência qualquer
◆ O sofrimento psíquico aparece pela incapacidade de produzir sentidos
subjetivos que permitam o bem estar, o qual é sempre uma produção
subjetiva, pois não existe bem estar objetivo
◆ O transtorno mental emerge nesse devir quando o sofrimento impede a
produção de novas configurações subjetivas nas diferentes ações e relações
da pessoa
◆ Os transtornos psíquicos representam verdadeiros sistemas recursivos de
sentido subjetivo que, no processo de seu desenvolvimento, passam a se
organizar numa configuração subjetiva geradora de emoções e processos
simbólicos, que ganham uma capacidade de retroalimentação recíproca que
impede a emergência de novos estados subjetivos
◆ Esse processo não é acessível ao racional associado às representações do
sujeito, nem pode ser resolvido pela compreensão das causas que o
determinam, simplesmente porque não tem causas, e sim toda uma
emaranhada rede simbólico-emocional em desenvolvimento que se alimenta
de uma multiplicidade de elementos casuais se tornando uma configuração
subjetiva hegemônica
➔ Mudança terapêutica
◆ A mudança terapêutica é estreitamente associada à emergência do sujeito →
a pessoa com grande frequência se eclipsa pela hegemonia de certas
práticas discursivas frente às quais não consegue abrir um espaço próprio de
produção subjetiva → esse processo, que socialmente pode ter diferentes
leituras, é condizente com configurações subjetivas geradoras de mal estar e
desconforto que chegam a ser hegemônicas na vida da pessoa
◆ A pessoa que de forma ativa não produz espaços próprios em suas
experiências de vida chega ao transtorno subjetivo, não como patologia no
sentido que essa palavra tem sido usada na medicina, mas como
organização subjetiva dominante geradora de sofrimento e paralisia
◆ A mudança terapêutica é, acontece pela autenticidade do que a pessoa é
capaz de sentir e pelo fato de se erigir como sujeito ativo de um novo
caminho
➔ Reflexões finais
◆ Os sentidos e as configurações subjetivas não são produções racionais, mas
produções simbólico-emocionais que emergem no curso da experiência
humana. Estas categorias não são sensíveis às representações conscientes
da pessoa que faz que não mudem pelos processos intencionais de
significação da pessoa. Os sentidos subjetivos são sensíveis aos efeitos
indiretos e colaterais dos processos de significação; eles sempre estão
presentes nas produções do pensamento. Todo pensamento se gera numa
configuração subjetiva
◆ A racionalidade humana tem sua base em configurações subjetivas que a
convertem numa produção afetiva situada dentro de espaços simbólicos
produzidos culturalmente. O simbólico não se reduz ao relacional e é
informado constantemente por emoções sensíveis a outros registros,
biológicos e sociais, por exemplo, que entram na dimensão subjetiva pela
sua capacidade geradora de processos simbólicos, que por sua vez passam
a afetar e ser afetados por essas emoções em níveis subjetivos. Essas
unidades simbólico-emocionais em desenvolvimento envolvidas em
constantes desdobramentos são os sentidos subjetivos
◆ A psicoterapia é um processo dialógico que, como experiência vital, só é
efetiva quando nela se gera uma configuração subjetiva que envolve novas
cadeias de sentido subjetivo que implicam novas opções de subjetivação
associadas com novos focos de tensão e ruptura com a configuração
subjetiva hegemônica, associada aos sintomas. Esse processo é
responsável pela mudança na psicoterapia que não é outra coisa que a
abertura de uma nova opção de desenvolvimento. Essa tensão atuante e
criativa que acompanha a emergência da nova configuração subjetiva
desenvolvida no processo terapêutico é a responsável pela mudança, e não
as ações pontuais ou interpretações do terapeuta no curso desse processo
◆ A produção de saber sobre os processos subjetivos envolvidos na mudança
terapêutica, assim como sobre a configuração subjetiva envolvida na gênese
do transtorno é, pela própria natureza desses processos, parcial e
incompleta, sendo unicamente um objeto de inteligibilidades que vão se
afirmar num nível teórico através de processos de pesquisa que integram
múltiplas fontes, sendo a psicoterapia uma delas. No caso em que a
psicoterapia representa o momento empírico essencial de uma teoria, como
já aconteceu com várias teorias diferentes, a multiplicidade de fontes sobre
as quais irão se erigir a legitimidade desse saber virá de uma multiplicidade
de casos integrados dentro de um mesmo modelo teórico em
desenvolvimento
Questões
1. Relacione as ideias de Harlene Anderson e Gonzalez Rey paraexplicar a
prática da psicoterapia.
Para Harlene, o diálogo é um instrumento essencial no contexto da
psicoterapia, pois visa mobilizar, reconhecer o sujeito através da escuta ativa e da
interpretação para além do que é explicitado. Ele se orienta teoricamente e não está
submetido a hierarquia, implica no engajamento no contexto da relação. O papel do
psicoterapeuta é mobilizar, tensionar o outro através do diálogo. Para Rey, a
psicoterapia é também um processo dialógico que, como experiência vital, só é
efetiva quando nela se gera uma configuração subjetiva que envolve novas cadeias
de sentido subjetivo. Esse processo é responsável pela mudança na psicoterapia
que não é outra coisa que a abertura de uma nova opção de desenvolvimento. Essa
tensão atuante e criativa que acompanha a emergência da nova configuração
subjetiva desenvolvida no processo terapêutico é a responsável pela mudança, e
não as ações pontuais ou interpretações do terapeuta no curso desse processo.
2. Explique a ideia de transtorno como base na Teoria da Subjetividade e
relacione sua explicação com a ideia de diálogo proposta por Harlene
Anderson.
Na pós-modernidade, a doença deixa de ser uma entidade reificada como
essência em algum espaço ontológico particular do sujeito para ser compreendida
como resultado da ação do homem que integra todas as dimensões da sua condição
humana, ou seja, ela deixa de ser compreendida como um pertencente a pessoa
para ser compreendida como pertencente ao social. Dessa forma, os transtornos
são produções de certos contextos, ou seja, não são parte das pessoas. Esse
fenômeno envolve uma prática/um discurso compartilhado socialmente e,
consequentemente, patologizante.
Na Teoria da Subjetividade, da mesma forma, o sofrimento psíquico aparece
pela incapacidade de produzir sentidos subjetivos que permitam o bem estar, o qual
é sempre uma produção subjetiva, pois não existe bem estar objetivo. O transtorno
mental emerge nesse devir quando o sofrimento impede a produção de novas
configurações subjetivas nas diferentes ações e relações da pessoa. Os transtornos
psíquicos representam verdadeiros sistemas recursivos de sentido subjetivo que, no
processo de seu desenvolvimento, passam a se organizar numa configuração
subjetiva geradora de emoções e processos simbólicos, que ganham uma
capacidade de retroalimentação recíproca que impede a emergência de novos
estados subjetivos. Esse processo não é acessível ao racional associado às
representações do sujeito, nem pode ser resolvido pela compreensão das causas
que o determinam, simplesmente porque não tem causas, e sim toda uma
emaranhada rede simbólico-emocional em desenvolvimento que se alimenta de uma
multiplicidade de elementos casuais se tornando uma configuração subjetiva
hegemônica.
Harlene postula que o diálogo é um processo interativo de interpretações de
interpretações, ou seja, uma interpretação convida a outra. Interpretar é o processo
de entender; ao entender, novos sentidos são produzidos.
Dessa forma, o diálogo tem ação essencial no estado de saúde mental,
possibilitando ao indivíduo, através do diálogo terapêutico, mobilizar novos sentidos
e sair do quadro de transtorno.
3. Explique o diálogo como processo e relacione com as ideias de regularidade e
imprevisibilidade.
A produção de sentido é a expressão da forma como o sujeito, através de
sua história, relaciona-se com um evento externo, e é por isso que o sentido é
imprevisível. O diálogo é um processo interativo de interpretações de interpretações,
ou seja, uma interpretação convida a outra. Interpretar é o processo de entender; ao
entender, novos sentidos são produzidos. A partir do diálogo, podemos conhecer o
que está estável (regular) para a pessoa e de que forma os tensionamentos
(imprevisibilidades) mobilizam aquela pessoa e formam novos sentidos.

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