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ALINE PEREIRA DE CARVALHO FERREIRA,

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA VARA DO 
TRABALHO DE MONTES CLAROS – MINAS GERAIS 
 
ALINE PEREIRA DE CARVALHO FERREIRA, brasileira, casada, inscrito no 
CPF sob o nº 098.912.456-89 residente e domiciliado na avenida Vicente Guimaraes, nº 599, 
bairro Renascença, Montes Claros /MG, CEP 39.403-410, vem perante Vossa Excelência por 
meio de seu advogado, com base nos art. 193 e 468 da CLT, propor a presente 
 
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA 
 
Em face de A&C Contact Center S/A , pessoa jurídica de direito privado, inscrita 
no CNPJ nº02.455.233/0001-04, com residência na rua Hercules Vieira Silva, 400 - Cidade 
Nova, Montes Claros - MG, 39402-007, pelas circunstâncias fáticas e normativas abaixo 
elencadas. 
1. DOS FATOS 
O reclamante, foi contratado pela empresa reclamada em 15 de Agosto de 2018, 
com remuneração mensal em R$ 954,00 (novecentos e cinquenta e quatro reais) com o cargo 
de atendente de telemarketing , conforme anotação na carteira de trabalho, juntado na inicial. 
Junta-se também documento previdenciário de auxílio por incapacidade temporária, constando 
o afastamento do reclamado de suas atividades laborais desde 08 de julho de 2021 até 21 de 
julho de 2021, e tornou a solicitar afastamento de 22 de junho de 2021, a 03 de agosto de 2021 
em razão de CID F41.2 é o código para transtorno misto ansioso e depressivo, conforme a 
classificação de doenças, causada segundo laudo medico pela pressão da rotima trabalhista. 
Conforme o encerramento do afastamento e com retorno para a empresa, ocasião em que foi 
submetido a um exame de saúde para retorno ao trabalho, tendo sido considerado inapto pelo 
médico do trabalho da empregadora. Por conta disso, desde a alta previdenciária, não recebe 
nenhum valor a título de salário, assim como teve seu plano de saúde suspenso, benefício este 
que foi instituído por liberalidade da empregadora. 
2. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
Neste ato, o reclamante pleiteia pela concessão do benefício da gratuidade de 
justiça, conforme assegurado pelo art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal, instruído pelo 
artigo pelos artigos 98 e seguintes da Lei 13.105/15 do Código de Processo Civil. 3. 
DO DIREITO 3.1. 
 Do pagamento salarial 
A reclamante ao retornar para trabalhar após o término do auxílio doença, foi 
submetido a exames pela empresa reclamada, reitera, que teve seu salário suspenso, devido ao 
médico da empregadora ter atestado a inaptidão do autor para a função. Por conseguinte, o 
empregado se encontra no verdadeiro “limbo previdenciário”, considerando que não está 
recebendo o salário, nem o benefício previdenciário, sendo absolutamente contrário ao 
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, elencando no art. 1º, incisos III e IV 
da Constituição Federal. Nesse diapasão, entende-se a ilicitude do empregador ao não readmitir 
o empregado em suas funções ou, negar permissão à função compatível com sua limitação de 
saúde, nos termos do art. 89 da Lei 8.213/1991: 
 "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - 
DESCABIMENTO. RITO SUMARÍSSIMO. 1." LIMBO JURÍDICO 
PREVIDENCIÁRIO ". RECUSA DA EMPRESA EM READMITIR O 
EMPREGADO CONSIDERADO APTO PARA O RETORNO AO 
TRABALHO PELO INSS. PAGAMENTO DE SALÁRIOS. Tendo o órgão 
previdenciário considerado a reclamante apta para o retorno ao trabalho, 
cabia à reclamada, julgando que a empregada não reunia condições para 
retornar às atividades antes exercidas, zelar pela sua readaptação em função 
compatível com seu atual estado de saúde. No entanto, ao não permitir o 
retorno do autor, deixando de pagar os salários a partir da alta médica dada 
pelo INSS, a ré agiu de forma ilícita, o que motiva a condenação. 2. FORMA 
DE DISSOLUÇÃO CONTRATUAL. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM 
JUÍZO . A imposição da maior penalidade aplicável ao empregado, 
consistente na rescisão do contrato por justa causa, norteia-se pelos 
princípios da atualidade, proporcionalidade, gravidade e caráter 
determinante, necessitando, ainda, da produção de prova robusta sobre o 
cometimento da infração. Por força, também, do princípio da continuidade 
da relação de emprego, que vigora no Direito do Trabalho, é ônus do 
empregador demonstrar, de forma inequívoca, a presença dos motivos e dos 
requisitos ensejadores da referida modalidade de dispensa. Assim, 
inexistindo elementos a corroborar a dispensa por justa causa, correta a 
decisão que concluiu pela extinção do contrato de trabalho de forma 
imotivada. Agravo de instrumento conhecido e desprovido" (AIRR-20259-
89.2019.5.04.0203, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de 
Fontan Pereira, DEJT 10/09/2021). Grifei. 
No mais, em decorrência do princípio da alteridade (artigo, 2º, caput, CLT), a 
empresa assume os riscos da atividade econômica e, com isso, o ônus decorrente do 
indeferimento da prorrogação ou do restabelecimento do benefício a cargo do INSS, tendo a 
obrigação de pagar os salários ao empregado, ainda que algum laudo médico não oficial o 
considere inapto. 
 Ainda, o atestado de aptidão do trabalhador pelo o INSS, é dotado de fé pública, 
assim, não cabe ao empregador recusar o retorno do trabalhador às suas atividades e sustar o 
pagamento dos seus salários, mesmo que o médico da empresa considere o contrário. Nesse 
sentido, observa-se o entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho: 
 AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA 
RECLAMADA REGIDO PELA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA 
RECONHECIDA. LIMBO PREVIDENCIÁRIO E TRABALHISTA. 
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR PELO PAGAMENTO DE 
SALÁRIOS. A jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que a 
recusa do empregador em aceitar o retorno do empregado após a alta 
previdenciária, em razão de considerá-lo inapto ao trabalho, não afasta o 
dever de pagamento dos salários correspondentes, pois, diante da presunção 
de veracidade do ato administrativo do INSS que atesta a aptidão do 
empregado para o labor, cessando o benefício previdenciário, cabe ao 
empregador receber o obreiro, realocando-o em atividades compatíveis com 
sua limitação funcional, até eventual revisão da decisão tomada pelo órgão 
previdenciário. Com efeito, nos termos do art. 476 da CLT, encerrado o 
afastamento, não subsiste o fato gerador da suspensão do contrato de 
trabalho, retomando-se as obrigações contratuais, inclusive o pagamento 
salarial. Agravo de instrumento não provido"(AIRR-1375-
38.2018.5.09.0872, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda 
Arantes, DEJT 21.5.2021). Grifei. 
 À vista disso, cabem recursos administrativos e judiciais adequados ao 
empregador em caso de discordância, conforme o art. 305 do Decreto nº 3.048/1999. Portanto, 
é oportuno que readmitam ou readéquem o reclamante às suas funções, mediante o retorno do 
pagamento salarial. 
Regresso do benefício de plano de saúde 
 No momento do impedimento do retorno ao trabalho, a empresa reclamada 
também realizou a suspensão do plano de saúde do autor, contudo, sobre isso, versa o artigo 
468 da CLT, que “Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas 
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou 
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta 
garantia”. Portanto, é ilícita a suspensão do benefício que está presente no contrato de trabalho 
entre as partes, do qual foi ofertado por mera liberalidade do empregador. Também, nesse 
seguimento dispõe a Súmula nº 440 do Tribunal Superior do Trabalho: 
 Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência 
médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o 
contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de 
aposentadoria por invalidez. Res. 185, de 14/09/2012 - DJ 25, 26 e 
27/09/2012 (Acrescenta a súmula.Seção do Pleno de 14/09/2012). 
 
Desse modo, pugna-se pela restituição do plano de saúde, em respeito ao contrato 
das partes. 
DOS PEDIDOS 
Diante de todo o exposto, requer: 
a. A concessão da gratuidade de justiça, assegurado pelo art. 5º, inciso LXXIV da 
Constituição federal e disciplinados nos artigos 98 e seguintes do CPC; 
b. Notificação da Reclamada, para que compareça em audiência, e, querendo, 
conteste a presente ação, sob pena dos efeitos da revelia, em caso de não apresentação (caput 
do art. 844 da CLT); 
c. Determinar o restabelecimento do salário do empregado, bem como o plano de 
saúde incluso; 
d. A condenação da Reclamada ao pagamento de custas e demais despesas 
processuais; 
g. A PROCEDÊNCIA TOTAL da presente Reclamação Trabalhista; 
h. Protesta-se pela produção de todos os meios de provas admitidas em direito. 
. 
 Termos em que, pede deferimento.

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