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Aulas comentadas Psicologia Jurídica

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AULA 1
Curva da normalidade: olhar crítico
Leitura Base: Canguilhem “O normal e o patológico” - páginas 11 a 37. 
Slide: 
O normal, o patológico e a normose
Contextualização
 
· CANGUILHEM: Era filósofo e também doutor em medicina. 
Contexto histórico= Livro escrito no período de guerra, em que ele questiona a forma humana e a vida, a dor, angústia e morte, ou seja, começou a questionar a qualidade de vida das pessoas, se estaríamos taxando ou excluindo as outras pessoas ao nosso redor por motivos realmente válidos ou por questões mais morais, punitivas ou mais dogmáticas mesmo, como os dogmas biológicos que são apontados pela medicina. Ele trabalha principalmente com medicina (biologia, fisiologia), em um momento em que a Psicologia, inclusive, sofreu muito com uma visão muito cientifica.
Positivo seria essa visão um pouco mais fechada, um pouco mais estatística, onde o filosofo ou o aplicador de algum teste tenta sempre a reprodução. Assim, basicamente o que temos de crítica aqui é como vamos trabalhar com seres humanos buscando a reprodução de uma ideia ou ideal estático que as vezes nem sempre vai acontecer. 
· SÉCULO XVII: Há o conflito ente mecanicismo X animismo. Ou era muito mecânico, essa questão de reprodução, estatística, dissecação de cérebro, fisiologia ou então era aquela visão mais subjetiva, em que os filósofos apontavam que a alma era onde encontra a essência humana. Nesse sentido, era muito conflituoso, pois não sabemos encontrar a alma ali no cérebro e não conseguimos encontrar uma forma mais criteriosa a respeito dessa essência. 
· DURANTE O SÉCULO XIX: Dogmas biológicos e medicina determinista.
· Para Canguilhem, o conceito de saúde, doença, normal e patológico vão além do determinismo. Então, ele traz essa versão onde nem um nem outro (mecanicismo e animismo) é o ideal e sim essa oscilação entre os dois que faça sentido para cada indivíduo. Isso a partir de uma noção biológica, porque não vamos desvincular o ser humano da biologia/fisiologia, mas também não vai ficar só nessa subjetividade (temos que falar sobre essa questão de Direitos Humanos, mas as vezes não tem como pensar também em mudar todos os seres humanos da mesma forma, justamente pela questão da biologia). Assim, temos que pensar criticamente para entender quais são os limites da nossa atuação. 
· A compreensão da normalidade é objeto de estudo há muito tempo. Segundo Canguilhem, na antiga Grécia era compartilhada a ideia que ter saúde seria o processo de harmonia e o equilíbrio. Dessa forma, doença surge como uma perturbação desse equilíbrio.
Traz um retrospecto histórico, mencionado também outros momentos, onde podemos pensar inclusive em sociedades holísticas, que dividem papéis de uma forma mais igualitária, então, não tinha tanta diferenciação dos papéis e do corpo feminino e masculino. Quando começamos a pensar em uma visão mais dualista, que faz essa cisão de papéis e importância, aplicamos um juízo de valor. Ou seja, se você está vendo um corpo diferente e aquele corpo parece ser melhor, porque ele é mais forte, aplica-se já um papel de que o homem vai ser um guerreiro que caça porque ele é mais forte, então, automaticamente a mulher passa a ser mais frágil e deve ficar quieta esperando o homem trazer a comida. Assim, é como se essa ideia fosse natural, mas não é, porque antes não havia essa comparação. Então, o desequilíbrio das ideias de algo que teoricamente deveria ser natural começa também a causar um desequilíbrio nessas noções de harmonia, saúde e doença e aí o indivíduo começa a buscar também ou a cura ou a exclusão de corpos ou pessoas que não estão ali tão produtivas ou alinhadas com os ideais de uma certa comunidade, como por exemplo a história da loucura (isso não vai bem para o Capitalismo). 
· O desequilíbrio apresenta uma necessidade "natural" de restaurar o equilíbrio. A doença seria uma reação que age na busca da cura.
Retrospecto histórico
Positivismo 
-Corrente filosófica iniciada na França no começo do século XIX, que busca descobrir as leis gerais que regem os fenômenos observáveis. O conhecimento científico sistemático é baseado em observações empíricas, na observação de fenômenos concretos, passíveis de serem apreendidos pelos sentidos do homem. 
Ou seja, essa corrente começa a descobrir leis ou regras que vão fazendo um sistema de reprodução mais estatístico, mais concreto, que possa ser reaplicado a partir de diferentes sentidos e diferentes pessoas, assim, a ideia é que se aplico isso com alguém no meu laboratório vai dar certo se eu der ali para outra pessoa fazer o mesmo experimento. É uma visão filosófica, então terá várias aplicações para além dos laboratórios, como na Psicologia, pensando na redução de um fenômeno, ou seja, quando começamos a colocar só um nome, é só um sintoma e não mais uma pessoa. Nos dias atuais, essa versão tão antiga do positivismo ainda pode ser reaplicada, como a ficha de um psicólogo não vir com o nome do paciente e sim com o número da patologia, contudo, na visão que se tem hoje em dia de reforma psiquiátrica não deveria se faz isso mais. 
-Canguilhem critica a visão positivista de que o patológico seria apenas uma variação quantitativa do normal. Esse reducionismo positivista, advém da necessidade de uma visão organicista de se afirmar em oposição ao vitalismo, bem como um desejo terapêutico de intervenção sobre o patológico. 
Conceitos apresentados no texto: 
· SAÚDE: Contato em ação sendo o contato o processo de autorregulação organísmica, ou seja, o seu corpo autorregulando a todo instante para você se manter saudável. Entanto doença significaria a interrupção dessa autorregulação, do contato, que leva em consideração o geobiológico (seu espaço e seu próprio corpo), psicoemocional, socioambiental.
· NORMAL: Seria a ausência de doença, enquanto um normal ideal do que é sadio e/ou uma normalidade estatística (que as vezes não é ideal, pois a estatística pode variar). 
· PATOLÓGICO: Seria essa noção de disfuncional, que produz sofrimento ao próprio sujeito ou a seu grupo (as vezes a própria pessoa não está sendo afetada, mas mesmo sem conseguir assumir a necessidade pelos seus próprios mecanismos de defesa, a pessoa pode estar afetando, por exemplo, sua família, escola, bairro). 
· DIAGNÓSTICO: Processo analítico de que se vale o especialista ao exame de uma doença (anamnese) ou de um quadro clínico (consultas), para chegar a uma conclusão - feito a partir de uma escuta rasa que não se verifica aquém do sintoma (superficial). Às vezes, no entanto, o diagnóstico necessita ser dado a partir de uma visão mais crítica (ter mais tempo para escutar e analisar). 
Augusto comte e o "princípio de Broussais” 
-Broussais era um médico que defendeu a ideia de que: "um organismo doente é aquele que desenvolve variações comparado a um organismo normal". Essas variações são quantitativas (média, variações), assim, a bactéria que se reproduzia além do padrão de normalidade dele, ou seja, essa variação, já seria doença. A doença surgiria a partir da mudança de intensidades. 
É muito limitada, pois é uma média que vai avaliar somente uma variação quantitativa e mudanças de intensidade. A gente entende que quando aplicamos essa lógica em outros aspectos ou outros seres, isso vai deixando de lado muito dos contextos que o ser humano está inserido, como o contexto social e familiar, e vai ficar ali focado muito mais nesse sintoma. 
-CRÍTICA DE CANGUILHEM: Essa perspectiva, que segue também a de Comte, apresenta um viés conservador político do iluminismo europeu que ressalta mais a razão. Ou seja, acredita que essa perspectiva vai tentando muito mais reaplicar um método que vai sempre facilitar ou favorecer um grupo, algum processo. 
Ele traz essa crítica a esse princípio porque ele quer apontar essa versão de que as coisas podem ir além desse sistema numérico. 
-Pensamos em uma forma dualista, o próprio nome do livro já é uma versão dualista de normal ou patológico, assim, ou você está em um grupo ou no outro, porque a princípio não há uma diferenciaçãoque te coloque no meio termo como se você fosse saudável, segundo essa lógica, se você está no meio termo você já está no lugar errado. Então, há algumas diferenciações que não vão demostrando o que está por traz ali do fato social. Outros exemplos disso ao longo da história e atualidade (visão mais crítica): alegação de preguiça x escravidão; aversão da sexualidade (negar, reprimir) X masturbação na adolescência ou feminina (nesse caso, temos uma patologização que ocorreu de fato, que é a histeria – as mulheres de tão reprimidas que eram iam somatizando esses desejos no próprio corpo e o corpo começa a responder sintomaticamente, como paralisar uma parte do corpo, desenvolver uma tosse constante, ter convulsões e constantes desmaios, nesse sentido, os médicos começaram a entender que não tinha uma fonte que fosse fisiológica e quando você começa a entender e questionar esse processo social você entende que a própria sociedade produz alguns sintomas). Essa visão esconde muito mais o interesse de uma classe dominante e está ali dando uma patologização para um grupo que está sendo dominado. 
Bernard e Leriche 
Temos aqui algumas versões de outros autores falando sobre essas variações de normal e patológico e da autorregulação.
-BERNARD: Para ele doença é uma função normal perturbada, onde o próprio organismo consegue se autorregular (visão ainda quantitativa).
Apesar de ser inovadora, ainda está muito voltada para essa visão quantitativa/estatística). 
-LERICHE: Fala sobre essa versão de silêncio dos órgãos = saúde. Doença = perturbação do silêncio (inconsciência x realidade). Nessa noção, a inconsciência seria mais valiosa, no sentido de não trabalhar com diagnósticos, pois quando entregamos um diagnóstico para alguém essa pessoa costuma, tradicionalmente, usar aquilo de “muleta” (“faço isso porque sou autista”, por exemplo), mas não necessariamente isso precisa acontecer. 
Essa versão também não é tão real, pois se você tem essa inconsciência não quer dizer que está tudo bem, temos varias doenças silêncios, por exemplo, que vão contra essa lógica. 
-Canguilhem baseia sua obra na oposição dessas ideias, tentando apresentar a relevância das diferenças qualitativas. 
Exemplos: Mudanças de vida para a adaptação (diabético, deficiente) – conseguimos pensar que receber esse diagnostico não necessariamente vai te limitar de alguma forma, mas sim trabalhar com as possibilidades dentro do diagnóstico. 
Traz também uma crítica ao princípio de regulação da sociedade: Essa versão de aceitar as pessoas e ter que adaptar o ambiente a essas pessoas é mais difícil economicamente e politicamente. É mais fácil excluir do que incluir quando não gera benefícios políticos ou econômicos (ex.: deficientes físicos).
Critérios de normalidade em psicopatologia
Conforme o livro Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais, de Paulo Dalgalarrondo, há um resumo do que temos hoje em dia para avaliar esses critérios de normalidade em psicopatologia (para poder pensar saúde e doença): 
1. AUSÊNCIA DE DOENÇA (total - critério tradicional);
2. NORMALIDADE IDEAL: É utópica, ou seja, é muito complicado se manter nela. Ex.: Quando se faz um exame de colesterol há um indicador ideal, que é extremamente difícil de se alcanças, então, se você estiver ali na curva da normalidade (estatística mediana) já está tranquilo. 
3. Normalidade ESTATÍSTICA: Às vezes temos muitos casos subclínico, porque ele não chega a ser uma avaliação tão importante, mas já está abaixo da média ou acima da média da maioria da população. Então, é muito complicado a gente pensar em como que você vai dar um diagnóstico para alguém, principalmente na área jurídica, onde vamos trabalhar com alguns diagnósticos que são mais limitantes ou definitivos, ou seja, que está falando do ir e vir de alguém, por exemplo, assim, por vezes você precisa preencher um checklist que não está batendo, que está faltando ou então que está encaixando em várias situações diferentes e você não consegue fechar ali certinho esse diagnóstico, dessa forma, muitas vezes as pessoas fazem “para se livrar” e ignoram vários outros aspectos que estão relacionados ao bem estar mais social desse indivíduo.
 
4. BEM ESTAR = Tradicional da OMS (Bem estar pleno biopsicossocial): Questiona-se a questão do pleno, que é muito difícil de atingir, pois ninguém está bem e saudável todo dia, temos oscilações e são elas que nos fazem viver de uma forma saudável. Então, até mesmo o critério da OMS é um pouco problemático. 
5. LIBERDADE: Liberdade enquanto o ir e vir desse sujeito. Então, é basicamente o exemplo do diabetes – a pessoa consegue viver a sua vida normalmente, assim, ela tem a liberdade de transitar, mesmo com o diagnóstico. Isso é importante porque se formos avaliar também em alguns processos a gente sabe se a pessoa consegue responder por seus atos ou não, se ela consegue ter a consciência de que está fazendo algo errado ou não.
6. PROCESSO: Seria a possibilidade de adoecer e retornar. Esse processo é o foco do autor do texto que está sendo estudado nessa aula, tendo em vista que, basicamente, a visão dele é permitir adoecer e retornar, permitir que isso não seja um processo patológico, permitir que não deixe de existir um individuo por trás desse diagnóstico. Ou seja, pode ir e voltar, oscilar, que no final as coisas serão avaliadas da mesma forma. 
7. SUBJETIVIDADE: Cada um tem um jeito de vivenciar a doença (patologia), porque as vezes o que é saúde para mim não necessariamente será saudável para outra pessoa. Ex.: Uma pessoa que tenha transtorno bipolar tipo 2 vai estar variando entre dois humores muito extremos. Assim, as vezes estará deitada na cama chorando o dia inteiro ou dormindo e faltando do emprego, mas também pode ser vista em um outro momento no shopping, super arrumada. Nesse momento, você pensa que ela está ótima, mas as vezes ela está no surto, gastando todo dinheiro do cartão de crédito, e o normal dela não é aquilo. Então, o normal é muito subjetivo, vai variar de acordo com a personalidade e também de acordo com a possibilidade de ter o diagnóstico ou não de cada pessoa caso seja citado uma patologia. 
Subjetividade e ambiente 
Winnicott é um autor que vai estudar as fases do desenvolvimento infantil e fala sobre a importância de nós oscilarmos entre esse processo de saúde, doença ou de organização dos sentimentos. Ou seja, quando nos deparamos com algo muito distante daquilo que entendemos/significamos até o momento, há uma necessidade de reorganização das ideias (aprendizagem, conhecimento novo). E essas variações as vezes podem ser consideradas patológicas e não devem ser, porque esse é um processo natural da aprendizagem. Esses afrontamentos da realidade (momentos críticos) são extremamente importantes para o desenvolvimento da criança e ela não precisa ser comparada com outros grupos, porque isso acaba excluindo esse processo de subjetividade da criança ou adolescente. E para entendermos isso de forma mais ampla devemos sempre entender em qual contexto essa criança está inserida (ambiente) e isso se aplica também na fase adulta, porque entendemos que não é a nossa lógica de pensar “a pessoa está vivendo na favela, então, ela tem um processo muito mais de resiliência para ela viver, quem quer consegue” – isso é muito uma versão de meritocracia, onde não bate com a realidade. Se acontece o processo de resiliência, bacana, mas não vamos esperar que as pessoas desenvolvam sozinhas sem dar um aparato/apoio para elas chegarem aonde a sociedade/sistema deseja. 
-Segundo Winnicott, as fases do desenvolvimento são marcadas por indefinições de características, sentimentos, confusão principalmente quando falamos de crianças, assim de nenhuma maneira essas variações devem ser consideradas patológicas A estrutura do desenvolvimento infantil pode se apresentar de forma confusa em alguns momentos considerados críticos. 
-Para a avaliação: Ajustar a faixa etária do desenvolvimento (não comparativo). 
-Ambiente: contexto ambiental, familiar, social, escolar, comunidade.Nem tudo é resultado do meio externo predeterminado, pois cada um irá se desenvolver de maneira particular. Resiliência. 
Doentes ou normais? 
Aqui Canguilhem traz essa visão de doentes ou normais, dizendo que não há essa normalidade, que não devemos ficar fixos nessa noção de medida onde as pessoas serão somente doentes ou apenas normais, que a ausência dessa normalidade não vai constituir o anormal.
-Não existe uma medida de normalidade onde o patológico deveria se apresentar acima ou abaixo dessa medida, 
-Não devemos limitar nossa percepção em apenas doentes ou apenas normais. 
-A ausência de normalidade não constitui o anormal, assim o patológico também seria normal, pois a existência de um ser também inclui a doença e o estado patológico seria uma nova forma de vida, com sua norma própria.
Saúde segundo Canguilhem 
-Essa visão de Saúde e Doença também implica uma norma de vida (forma única de vida, de pensar que há um padrão de vida que as vezes as pessoas não vão se encaixar), seu conceito é para além desse binômio, ou seja, o conceito saúde e doença deve ultrapassar essa noção de saúde X doença, não há necessidade de pertencer somente a essa norma. 
-Saúde consiste em poder desobedecer, produzir ou acompanhar uma transformação, adoecer sem entrar no estado patológico 
“O doente é doente por só poder admitir uma norma. o doente não é anormal por ausência de norma, e sim por incapacidade de ser normativo [...] a doença passa a ser uma experiência de inovação positiva do ser vivo, e não apenas um fato diminutivo.”
 OBS.: Substituir “alegria” e “tristeza” por “saúde” e “doença”. É o que o nosso autor está falando no texto, ou seja, não conseguimos perceber essas noções de saúde e doença não oscilando entre as duas, e é até importante vivenciarmos esses processos. 
“Ser normativo é portanto, ser saudável, não é ter NÃO ter doenças é poder passar pelo sofrimento poder passar pela doença e se recuperar. Ser normal nesse sentido é ser normativo, ou seja a normalidade enquanto um valor e não apenas o normal mensurável estatisticamente.”
Normose
-Termo utilizado por Jean Yves Leloup, na França, e por Roberto Cremano, no Brasil (não está no livro, é um outro conceito trabalhado por esses autores).
-Conjunto de crenças, opiniões, atitudes e comportamentos considerados normais, ou seja, um consenso de normalidade que apresenta consequências patológicas e/ou letais. 
Isso significa que as vezes nós adotamos uma posição mais defensiva, que será alimentada por essas crenças e opiniões, que vão nos levar também a ter atitudes que facilitam a execução dessa lógica da exclusão das pessoas na sociedade. Então, por exemplo, diante da fome e da miséria as vezes a gente não faz nada, porque começamos a entender que isso uma coisa que acontece normalmente na sociedade, como se fosse natural e não é. Passamos a aceitar coisas que são inaceitáveis para podermos viver nossa própria vida. 
-Alguns exemplos de normoses: Fome, miséria, etc. 
Por isso que se chama a questão da normose, porque são "comportamentos normais de uma sociedade que causam sofrimento e morte". Dessa forma, os indivíduos que estão em perfeito acordo com a normalidade fazem aquilo que é socialmente esperado e acabam sofrendo, ficando doentes ou morrendo por conta das "normoses". Ex.: Experimento social com índios em São Paulo (culturas diferentes).
-Dentro do nosso próprio sistema estamos imersos em uma visão engessada, alienada ou não crítica. 
CONCLUSÃO: Diante dessas visões de saúde, patológico e normose, devemos pensar sempre criticamente de qual indivíduo estamos falando, qual processo estamos lendo, sobre qual sintoma estamos lendo para tentar garantir um Direito mais humano. 
AULA 2
História e atualidades da psicologia e psicologia jurídica
Leitura: Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação 
Slide: 
Histórico da Psicologia Jurídica (campos de atuação)
Psicologia Jurídica – Histórico
Quando nós pensamos sobre esse desenvolvimento da psicologia, devemos retornar ao desenvolvimento da Filosofia e da fisiologia e, para isso, podemos pensar em pessoas que forma importantes para tal contexto. 
Século XIX: 
· GALTON: Hereditariedade - testes de inteligência, "melhoria da espécie" - frenologia (medição do crânio - divisões com funções específicas). 
Primo do Darwin, foi importante para poder traçar as primeiras pesquisar que influenciaram negativamente em alguns modelos que temos até hoje. Nesse contexto, pegou os estudos sobre evolução e resolveu aplicar isso em seres humanos, visando medir algumas especificações dessa evolução, contudo, foi algo muito preconceituoso, dando início a essa lógica de eugenia (pensamento muito parecido com o que tivemos na Segunda guerra Mundial). Era uma pseudociência, aplicada no contexto de ideologia de dominação de classes. Ele falava sobre uma melhora da espécie humana (“genética”) e, consequentemente, sobre a seleção “natural” (que na verdade não é) que deveríamos fazer para excluir os menos aptos, mas na verdade tais pessoas seriam as excluídas da sociedade, nesses casos, estamos falando de pretos e pobres. Assim, ele aplicava ali uma logica de que tudo é hereditário e que, com isso, deveríamos pensar em famílias que devem procriar (pessoas brancas deveriam procriar só com pessoas brancas) e famílias que não podem procriar. Nesse sentido, aplicava uma lógica de que estaria fazendo o melhor possível para a sociedade, pois estaria evitando a criminalidade. Pensando nessa problematização, é bom avaliarmos até hoje em dia, em que se formos em uma penitenciária encontramos um padrão, mas não de um padrão advindo de uma hereditariedade e sim de questões socias (oportunidade, desenvolvimento), contudo, essa lógica dele excluía esses aspectos socias. 
Para Galton, a tendência à miséria, ao vício e à doença era tão hereditária quanto a altura ou a cor dos cabelos. Se os filhos dos inaptos já iam morrer pela mão cruel da seleção natural, era melhor que não nascessem: “O que a natureza faz às cegas (…) o homem pode fazer com previdência, rapidez e bondade”. – Revista: Super Abril
· CESARE LOMBROSO: O crime teria origem natural de caráter primariamente hereditário. Utilizava a medição "antropometria" para identificar criminosos a partir de suas características físicas passíveis de potencial delitivo = visão muito determinista.
Era um médico que também defendia essa lógica do hereditário. Essa visão não inclui o histórico cultural da pessoa e, com isso, retornamos para a mesma crítica. 
· BÉNÉDICT AUGUSTIN MOREL: Teoria da degeneração das raças = perfeição (perspectiva religiosa) x social degenerado. Lógica da hereditariedade dos transtornos mentais. Políticas higienistas.
Também aplicava a lógica de medição e aplicação de uma pseudociência, porém essa lógica dele vem associada com a perspectiva religiosa. Então, para ele, Deus teria criado todas as pessoas perfeitas e sem pecados, com a convivência social algumas pessoas teriam tendências a se tornarem degeneradas e, coincidentemente, essas pessoas também pertenciam a esses grupos de minorias. Aí, mais uma vez, eram aplicadas as políticas higienistas de exclusão (tirar as pessoas que apresentavam algum tipo de deficiência, transtorno mental). Podemos pensar nisso aplicando mais uma vez a problematização que temos hoje em dia a respeito da visão de que o louco é perigoso e deve ser excluído. Até pouco tempo essa lógica, antes da reforma psiquiátrica, era válida, mas às vezes ainda reproduzimos esses pensamentos na nossa atualidade. 
"Loucura, crime e degeneração estariam significativamente associados"
OBS.: Antigamente as pessoas que estudavam a mente humana eram chamadas de alienistas e as pessoas que apresentavam os sintomas e eram excluídas eram as chamadas alienadas, porque estariam alienadas nas suas ideias e essas ideias não atendem as demandas socias. Ex.: Politico contrário, mãe solteira, homossexual; hospital de Barbacena. Hoje em dia ainda encontramos alguns resquícios, mas a Psicologia e a Psiquiatria moderna(crítica) trabalham para ir contra essa ideia. 
Psicologia Jurídica
-Surgiu no início do século XX: Égide do positivismo, reforçada pela prática da perícia, do exame criminológico e dos laudos psicológicos baseados no psicodiagnóstico. 
Nesse período, houve uma evolução dessa prática científica do século XIX, porque tivemos o desenvolvimento dessa lógica mais positivista da valorização da ciência, da experimentação, então, deveria ser algo mais metodológico. Assim, nesse momento, quando se aplicava esse questionamento sobre a mente e sobre a periculosidade da pessoa começou a se fazer essa aplicação da perícia. Surgiu com a demanda de atender a segurança das pessoas, mas mais uma vez se tem a crítica de quem nem sempre isso era uma realidade. Era um pessoal aplicando testes malucos, fazendo medições malucas também e dizendo que era uma verdade exata, mas sabemos hoje em dia que isso não é bem assim.
-A Psicologia Jurídica foi reforçada como mais uma área da psicologia VOLTADA PARA UMA REALIDADE INSTITUCIONAL. Nesse caso, o fórum, a prisão, as instituições que acolhem crianças e adolescentes devido a diversas situações passam a obter benefícios com a inclusão do psicólogo em sua equipe multidisciplinar (psicólogo, assistente social, advogado). Quando se traz uma instituição aplicando medidas socioeducativas dá-se um local para esse psicólogo trabalhar. 
-Para Foucault, a psicologia aborda: funções x normas. Práticas psicológicas: Vigiar e Punir.
Para ele, a psicologia é uma aplicação de normas e funções. Então, na medida em que estamos pensando sobre aumento de segurança e exclusão como “forma de tratamento” (o que sabemos que não é e mesmo assim continuamos reaplicando), estamos pensando em nomas – “Essas normas estão atendo quem? De quem vem essa demanda?”. É interessante pensarmos que há dois trajetos de desenvolvimento/surgimento da psicologia: Com a criação dos primeiros laboratórios de psicologia (para fazer algumas testagens e entender a mente e o comportamento humano – desenvolvimento mais taxativo de normas e exclusão de pessoas) e, consequentemente, com a expansão de estudos, com o pessoal viajando e levando psicologia para outros lugares e a levando também para instituições e universidades enquanto matéria, enquanto ciência, separando a psicologia da filosofia. Em contrapartida, temos um segundo ponto em que Foucault vai questionar se essa psicologia já não existia a muto tempo atrás dessa forma mais punitiva, dessa forma onde vigia e aplica normas e funções (parte mais crítica da visão da psicologia). 
-“A Psicologia seria, em seu nascimento, o resultado do cruzamento entre práticas de observação e registro dos aspectos significativos das condutas dos sujeitos expostos a essa visibilidade, que torna possível um saber sobre o homem” (Prado Filho, 2014, p. 86) 
-Psicologia de Wundt X espaços prisionais do séc. XIX.
· Conceitos e técnicas psicológicas servem a qual sistema? 
· Poder e categorização.
· Há um caráter disciplinar na Psicologia? 
No Brasil 
-Psicologia enquanto ciência e psicologia jurídica (desenvolvimento próximo).
O desenvolvimento da Psicologia foi caminhando lado a lado com a Psicologia Jurídica, ou seja, acontece de forma contínua e juntas. 
-A Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962 regulamenta a profissão de psicólogo e, com isso, damos mais uma vez aquela questão de um lugar para o psicólogo trabalhar, por mais que eles já estivessem atendendo, dentro da lei, e servindo um ideal, não se tinha a questão burocrática ali regulamentada. 
-Articulações iniciais (estudos): Temos o psicólogo falando sobre delitos, avaliando testemunhos, realizando interrogatórios e estudos sobre a infância. 
Então se pensarmos nessa questão de estar atendendo qual demanda, ou seja, está tentando responde interesses de quem? Nós temos aqui os interesses de uma classe, que se sente diante de um perigo (questões de proteção, de pessoas que podem cometer ou não esses delitos). E aí vem o psicólogo com o seu conhecimento para poder responder essas questões. 
-O Direito e a Psicologia se aproximaram a partir das implantações de medidas socioeducativas, onde os psicólogos começaram a acompanhar os menores infratores que estavam ‘’sob guarda do Estado’’, na premissa de orientá-los e melhorá-los para a vida em sociedade, não deixando que pequenas infrações fossem alimentadas pelo tempo transformando adolescentes em temidos criminosos. 
O foco dessa evolução da psicologia e dessa aproximação da psicologia de do direito foi a proteção das crianças, que poderão ser trabalhadas de uma forma mais positiva para se tornarem adultos mais funcionais (saudáveis). No entanto, apesar do desenvolvimento do ECA, na prática, não acolhe 100% (a lógica de instituição não atende todas as demandas). 
-Registro legal: Promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/84) Brasil (1984), o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela instituição penitenciária (Fernandes, 1998). Isso formalmente, pois antes já havia essa solicitação, ou seja, já trabalhavam (atendiam demandas) de forma voluntária nas penitenciarias. 
-Resolução CFP N. º 014/00 DE 20 DE DEZEMBRO DE 2000: "Título concedido ao psicólogo será denominado “Especialista em” (...) Psicologia Jurídica.
· Década 60: Desenvolvimento da psicologia (Geral e, com isso Jurídica, lado a lado);
· Década 70: Psicologia voluntária, assistência ao Judiciário Penitenciárias (o psicólogo já estava atendendo demais do judiciário, principalmente em penitenciarias);
· Década 80: Cargos efetivados no TJ (começou a ser aplicada também nas universidades);
· Década 90: Ampliação com o ECA - serviço em rede (apontamento mais crítico).
O período entre a década de 60 para a de 70 foi muito importante para pensarmos em movimentos sociais. Assim, o desenvolvimento da psicologia e a ampliação do psicólogo jurídico se dá por questões políticas.
Psicologia X Direito
· PSICOLOGIA: De modo geral, busca compreender e explicar a conduta humana.
· DIREITO: Prevê e regula determinados comportamentos com objetivo de estabelecer normas sociais de convivência.
· PSICOLOGIA JURÍDICA: Campo de investigação psicológico especializado no estudo do comportamento no âmbito do Direito e da lei.
Atuação
· Direito da Família;
· Direito da Criança e Adolescente;
· Direito Cível: Pessoas x bens (coisas) – comportamento do ser humano, revela como um indivíduo capaz de produzir ações e provocar reações;
· Direito Penal;
· Direito do Trabalho;
· Psicologia e delinquência;
· Juízes, jurados e testemunhos;
· Técnicas de entrevista e interrogatório – Psicopatologia.
Funções
· Planejamento e execução de políticas: de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, centrando sua atuação na orientação do dado psicológico repassado não só para os juristas como também aos indivíduos que carecem de tal intervenção – Psicoeducação (às vezes a pessoa não tem conhecimento dos seus próprios direitos); 
· Avalia características de personalidade e fornece subsídios ao processo judicial, além de contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis;
· Avalia condições intelectuais e emocionais: de crianças, adolescentes e adultos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças, aplicando métodos e TÉCNICAS PSICOLÓGICAS E/OU DE PSICOMETRIA, para determinar a responsabilidade legal por atos criminosos – Isso já delimita muita coisa, pois quando você aplica, por exemplo, um teste de Q.I. e ele der muito baixo ou se der muito alto já conseguimos correlacionar isso com “n” sintomas ou até mesmo algumas personalidades ou entender se a pessoa tem essa deficiência mental ou não que tal pessoa está alegando. Então, é algo já mais prático que está correlacionado com essa aplicação numérica, que consegue também medir sensações, sentimentos, algo que a pessoa já está inclinada a cometer (baseando em muita pesquisa);
· Perito judicial: nas varas cíveis, criminais, Justiça do Trabalho, da família, da criança e do adolescente, ELABORANDOLAUDOS, PARECERES E PERÍCIAS, para serem anexados aos processos, a fim de realizar atendimento e orientação a crianças, adolescentes, detentos e seus familiares; 
· Orientação: da administração e dos colegiados do sistema penitenciário sob o ponto de vista psicológico, usando métodos e técnicas adequados, para estabelecer tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos penais; 
· Atendimento psicológico: de indivíduos que buscam a Vara de Família, fazendo diagnósticos e usando terapêuticas próprias, para organizar e resolver questões levantadas; PARTICIPA DE AUDIÊNCIA, prestando informações, para esclarecer aspectos técnicos em psicologia a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico; 
· Pesquisa: problemas da psicologia jurídica, programas socioeducativos e de prevenção à violência, construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica; 
· Avaliação da personalidade: Avaliação de periculosidade e outros exames psicológicos no sistema penitenciário, para os casos de pedidos de benefícios, tais como transferência para estabelecimento semiaberto, livramento condicional ou outros semelhantes. 
· Treina e seleciona: Assessora a administração penal na formulação de políticas penais e no treinamento de pessoal para aplicá-las. 
Principais campos de atuação do psicólogo jurídico 
Vitimologia 
O psicólogo é convocado a atuar, principalmente, nas seguintes situações: 
· Avaliar o comportamento e a personalidade da vítima. 
· Traçar o perfil e compreender as reações das vítimas perante a infração penal.
· Auxiliar na aplicação de medidas preventivas e na prestação de assistência às vítimas.
Psicologia do testemunho 
O psicólogo é convocado a atuar, principalmente, nas seguintes situações: 
· Avaliar a veracidade dos depoimentos de testemunhas e suspeitos. 
· Identificar o fenômeno das falsas memórias.
DESTAQUES NO BRASIL
· Acompanhamento de crianças e adolescentes socorridos pelos Conselhos Tutelares e nos processos de adoção (amenizar o dano – pensar na questão da subjetividade de cada indivíduo).
· Direito de Família: nos divórcios litigiosos, guarda compartilhada. 
· No Direito Penal: nos estudos do crime e do criminoso, a conhecida criminologia ou psicologia forense.
· Direito Trabalhista: na relação patrão e empregado (qualidade do trabalho).
Forense X Jurídica
· FORENSE (subclasse): Área particular da Psicologia Jurídica e que diz respeito diretamente às decisões e aos trabalhos que ocorrem nas situações de tribunais e de julgamentos.
· JURÍDICA (ampla): Estudo, tratamento e assessoramento de várias etapas da atividade jurídica. Cuidado com vítimas, infratores e profissionais do Direito.
Técnicas comuns da psicologia forense
Técnicas que permitem identificar elementos comportamentais e verbais acerca do grau de veracidade de um depoimento. 
· Polígrafo: Detecta respostas fisiológicas, mas não é muito confiável. Assim, hoje em dia não é aceitável como prova; 
· Hipnose: Nesse caso, se a pessoa estiver pronta, ou seja, aceitar a indução, consegue-se, a partir de uma programação neurolinguística, acessar/retomar memórias que foram resguardas pelo seu psiquismo. Assim, é válido, pois as pessoas em estado hipnótico fazem coisas que fariam conscientes;
· Análise do Conteúdo: Basicamente vamos encontrar padrões nas entrevistas com as pessoas envolvidas ou até mesmo em conteúdos que sejam mais formais, como a escrita e os documentos, ou seja, buscará sempre uma forma de categorizar conteúdos a partir dessa análise mais organizada;
· Indicadores Comportamentais da Mentira: Não pode se limitar apenas aos aspectos físicos. Isso pois, o corpo pode sim falar, mas está inserido em um contexto social, em uma família, em uma cultura e tudo isso estará correlacionado com esses indicadores comportamentais da mentira. Então, não é só o corpo e sim o corpo pertencendo a uma sociedade.
Avaliação psicológica: Principais técnicas 
· Exame documental: Podemos aplicar nessa análise de conteúdo mencionada;
· Entrevistas com as partes: Também podemos aplicar nessa análise de conteúdo. As pessoas que serão entrevistas dependerão da demanda do processo. Como seria? Nós vamos conversar, terão algumas perguntas-chave daquilo que você está buscando para responder o seu interesse principal e aí a partir disso conseguimos elaborar um documento posteriormente. Podem ser aplicadas formas lúdicas, como um desenho no caso de crianças;
· Testes psicológicos: São essas aplicações mais psicométricas;
· Dinâmicas grupais: Partes onde fazemos esse atendimento mais geral. Aqui também conseguimos trabalhar alguns sentimentos de forma mais lúdica;
· Escuta individual;
· Cronologia de incidentes;
· Observação participante.
Dano psíquico e danos morais 
-Sequela emocional ou psicológica decorrente de um fato particular traumatizante. Pode-se dizer que o dano está presente quando são gerados efeitos traumáticos na organização psíquica e/ou no repertório comportamental da vítima.
-O psicólogo atua nos processos em que são requeridas indenizações em virtude de danos psíquicos e também nos casos de interdição judicial, avaliando a real presença desse dano (Lago et. al, 2009). 
Interdição 
-Refere-se à incapacidade de exercício por si mesmo dos atos da vida civil. Uma das possibilidades de interdição previstas pelo Código Civil são os casos em que, por enfermidade ou deficiência mental, os sujeitos de direito não tenham o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil (o psicólogo avaliará isso).
Vitimologia 
-Avaliação do comportamento e da personalidade da vítima. Cabe ao psicólogo atuante nessa área traçar o perfil e compreender as reações das vítimas perante a infração penal.
-A intenção é averiguar se a prática do crime foi estimulada pela atitude da vítima, o que pode denotar uma cumplicidade passiva ou ativa para com o criminoso. 
Psicologia do testemunho
-Psicólogos podem avaliar a veracidade dos depoimentos de testemunhas e suspeitos.
-O chamado FENÔMENO DAS FALSAS MEMÓRIAS (fenômeno natural, pois classificamos a nossa percepção de uma forma muito próxima e, além disso, as pessoas são muito sugestionáveis, ou seja, podem se enganar a partir da menção de um terceiro) tem assumido um papel muito importante na área da Psicologia do Testemunho.
· O ser humano é capaz de armazenar e recordar informações que não ocorreram através do Poder da sugestão.
· As falsas memórias podem resultar da repetição de informações consistentes e inconsistentes no depoimento de testemunhas sobre o mesmo evento (avaliar o conteúdo para saber se os fatos estão batendo). 
AULA 3
Subjetividade e assistência pública
Leitura:  A assistência social pública na interface entre subjetividade e política
Slide: 
Adolescência: Subjetividade, política e justiça
Teorias do desenvolvimento 
· PIAGET: Divide os períodos do desenvolvimento humano de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento, o que, por sua vez, interfere no desenvolvimento global. 
1º período: Sensório-motor [0 a 2 anos] – Percepção/movimentos.
2° período: Pré-operatório [2 a 7 anos] – Linguagem ("porquês"); afetos (amor, temor, respeito, moral e obediência).
3º período: Operações concretas [7 a 11 ou 12 anos] – Construção lógica; trabalho em equipe e autonomia; sentimentos morais (respeito, honestidade, companheirismo, a justiça e a intenção na ação).
4º período: Operações formais [11 ou 12 anos em diante] – Reflexão, abstração e generalização; vontade de mudar o mundo. 
· VYGOTSKY:
-Teoria do desenvolvimento social da aprendizagem. 
-Afirma que o desenvolvimento cognitivo se dá pela influência da interação social. 
-LINGUAGEM: Capacidade de desenvolvimento maior, o que diferencia o homem dos animais; mediadores = pessoas, signos.
-Critica as teorias que estariam deixando de lado o significado mais obscuro das palavras. 
-PRINCÍPIO DA SUBJETIVIDADE DAS PALAVRAS: Da nomeação à subjetividade.
Linguagem: Forma de socialização
-As classificações de fenômenos expressadas pela linguagem é um modofundamental para considerar a inteligência humana e os pensamentos. Elas pertencem a um conjunto de características básicas de julgamento, avaliações e argumentação social.
-A FALA: Essência social, por meio da fala e da linguagem os indivíduos conseguem se comunicar, transmitir o que pensam, o que sentem e suas intenções 
-SIGNOS: Utilizados na linguagem são compostos por sentidos sociais que são inscritos pelo discurso. Os sentidos encontrados nas palavras vão além do sistema linguístico e relevam aspectos construídos por uma história social; 
Adolescência 
-Fase da vida entre a infância e a idade adulta.
-Segundo o ECA: 12 / 18 anos.
-Termo construído socialmente.
-No século XVIII, a adolescência era confundida com a infância.
2 nascimentos: Rousseau – "hiperatividade e inércia, sensibilidade social e autocentrismo, intuição aguda e loucura infantil". 
-Ideias associadas: crise/violência.
Desenvolvimento em Psicanálise 
-INFÂNCIA PULSÃO AUTOERÓTICA: Oral, anal e fálica. PUBERDADE: Desligamento da autoridade dos pais/autoridade social= civilização.
-Conflito interno externalizado no real.
-Para Lacan, a sociedade reforça o engajamento do sujeito através dos laços sociais. 
-ADOLESCÊNCIA: Como cada um irá organizar sua existência.
-Importância dos signos e rituais.
Condutas de risco 
-Colocação da vida em perigo 
-Exposição de si a uma situação de risco de morte ou ferimentos 
-Lesão física ou simbólica, que altera o futuro ou a saúde 
Busca de significados para a vida ou preenchimento do desamparo: 
· Toxicomanias; 
· Delinquência;
· Tentativas de suicídio;
· Distúrbios alimentares;
· Direção imprudente;
· Esportes radicais...
Conflitos com a lei
-O erro do senso ideológica: Violência, pobreza, raça – falsa categoria explicativa. 
-Representações sociais: A falta de representatividade. 
-Exclusão Social e preconceitos.
-INFRAÇÃO: Possibilidade de vislumbre do pertencimento (tráfico de drogas e armas).
Hipóteses da infração 
-REVOLTA OU VINGANÇA: Descrença na lei e no outro. 
-Tentativa de inserção simbólica e política. 
-Fantasia de não responsabilidade.
-Reconhecimento "o temido".
-VALOR DA VIDA: Inscrever-se politicamente na cena da cidade, onde acaba oprimido.
-SINTOMA SOCIAL: Transgeracional.
-Há o predomínio de uma concepção naturalizante de adolescência, fase considerada por alguns autores naturalmente conflituosa e turbulenta, difícil, caracterizada por crises, desequilíbrios e instabilidades. No entanto, os psicólogos que priorizam a constituição social e histórica da adolescência questionam essas concepções e compreendem tal fase como fenômeno construído historicamente, cuja significação varia ao longo da História, de acordo com os contextos sociais. 
-VARIÁVEIS INSEPARÁVEIS: Realidade política, subjetiva e econômica.
Atualidades
"Durante a pandemia de Covid-19 e o consequente fechamento de escolas, vimos um aumento na violência e no ódio online – e isso inclui o bullying. Agora, quando as escolas começam a reabrir, as crianças expressam seus medos em voltar à escola", disse Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco. "É nossa responsabilidade coletiva garantir que as escolas sejam ambientes seguros para todas as crianças. Precisamos pensar e agir coletivamente para acabar com a violência na escola e em nossas sociedades em geral" - UNICEF
AULA 4
Debate documentário brasileiro: O Juízo
-Tribunal de Justiça (Vara da Infância e Juventude e Auditoria da Justiça Militar – RJ) / 2º Vara da Infância e Juventude.
OBS. 1: Como a lei brasileira não permite a utilização de imagens de menores de 18 anos que possam ser interpretadas como vexatórias, Maria Augusta os substituiu por atores não-profissionais de comunidades pobres, exatamente de onde saíram os infratores. O resultado é impressionante.
O documentário mostra as audiências com os componentes reais do Judiciário e no momento em que focaliza os adolescentes, quem aparece são os atores, interpretando às suas maneiras as falas dos menores detidos. O artifício é tão bem empregado que raramente nos lembramos que aqueles ali sentados ou dentro do quarto da casa de correção não são os verdadeiros infratores.
Ao apresentar esses meninos e meninas, Maria Augusta mostra mais que boas histórias. Mostra que a falta de juízo ao cometer essas infrações muitas vezes é motivada pela ausência de outros elementos estruturais, como educação e uma família, ou até mais básicos, como o carinho e o amor.
OBS. 2: Em 1988 a Fundação Nacional de Bem Estar do Menor inicia o Projeto de Descentralização do Atendimento a Menores no Rio de Janeiro transferindo para o Governo do Estado do Rio de Janeiro parte de suas atribuições institucionais. Na vanguarda deste projeto estavam os “Centros de Recursos Integrados de Atendimento ao Menor”, que surgem concomitantemente com a Constituição de 1988 e a ‘evolução na garantia de direitos da infância e juventude no Brasil da Nova República’. No sul fluminense o CRIAM de Volta Redonda integra o Projeto Rio e consolida a efetivação das medidas socioeducativas de semiliberdade e liberdade assistida no centro-sul fluminense, além de dinamizarem a fundação dos Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente e dos Conselhos Tutelares de sua área de abrangência. 
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Caso 1: Jovem rouba bicicleta com Alex e o patrulhamento da polícia militar os abordou. Ele alega que Alex fazia parte de uma facção e praticamente o ameaçou para sair dirigindo a bicicleta. O pai do garoto estava presente na conversa com a juíza. Ele tem 17 anos e está na quarta série. O advogado requere liberdade assistida provisória, considerando que ele tem família e a participação foi de menor importância, mas a juíza diz que ainda não foi provado que a participação foi de menor importância e que ainda não ouviram a vítima, ademais ele já descumpriu uma medida antes. 
Caso 2: Ele e mais dois elementos (um fugiu e o outro está preso), mediante grave ameaça, consistente em portar arma de fogo abordaram Venilton e mandaram ele sentar no banco do carona do seu veículo. O ato infracional não se consumou por circunstâncias alheias, visto que a vítima reagiu, consegui desarma-los e chamar os policiais. Ele alegou que não conhecia os outros direito, que um era traficante (Canelão). Assim, alegou que se não fizesse o que ele mandasse ele matava. Ele não estuda e trabalha na carroça tirando entulho. Só ele estava com a arma, que estava carregada. Ele fala que nunca tinha pegado em uma arma. A medida sugerida foi internação provisória. O advogado tenta sugerir que ele parou com os atos executório porque ele quis, mas a juíza logo interrompe dizendo ser por circunstâncias alheias, tendo em vista que a vítima desarmou um dos meliantes. 
Fila de jovens que chegaram: Alessandro Pacheco, 17 anos, sexta série. Guilherme Magalhães, 17 anos, quarta série e outros (4 no total). O agente pede para que eles executem tudo que ele falar (tirar toda a roupa, mãos na frente do corpo, abrir a boca e levantar a língua, virar de costas e fazer 3 agachamentos, vestir a roupa da unidade rápido, organizar a roupa de origem). Eles raspam o cabelo. 
O filme mostra um pouco da realidade na cadeia: Celas, muita gente, filas, continência, almoço com regras. 
Começa a mostrar as mulheres na cadeia. 
Caso 3: 2 mulheres estão conversando com a juíza. Elas e mais dois homens atacaram um turista austríaco e seu amigo. Eles foram ameaçados com uma faca portada por um dos meliantes, que exigiram que entregassem a máquina fotográfica. Os quatro empreenderam fuga em ato contínuo, sendo perseguidos pela vítima, que acionou os policiais militares. As duas adolescentes foram presas. Elas agiram conscientes e voluntariamente em concurso com os outros dois elementos não identificados, subtraindo para si o bem do turista, mediante a grave ameaça, representada pelo emprego de faca, consumando o delito de roubo duplamente qualificado pelo emprego de arma e em concurso. Elas falaram que não estavam com faca e que pegaram a máquina e devolveram para o “gringo”. Alegaram que pegaram a máquina poistem filhos para sustentar. Falaram que não tinha ninguém com elas e a juíza alega que elas estão tentando proteger alguém. Falaram que não tinha ninguém com faca (o gringo falou que estavam, mas na revista não encontraram) e que elas só puxaram a câmera e correram. O advogado alega que foi um furto, pois não usaram faca. A juíza diz que segundo o turista foi roubo, pois havia faca. Não é a primeira passagem delas. O advogado fala das condições para presas que são mães e não podem ficar com suas filhas (violando o direito delas e das crianças). A juíza alega que quem deve tratar disso é o Poder Executivo, dando as condições adequadas, e não o Poder Judiciário. 
Caso 4: A jovem furtou e admitiu. É a primeira passagem dela, o ato não foi de maior gravidade e ela tem família, por isso o Ministério Público concedeu uma remissão (uma espécie de perdeu), mas pra isso ela tem que concordar. Ela não aceita, falando que voltar para casa é pior. A mãe dela, que estava acompanhando a conversa com a juíza, se desespera. A jovem fala que não tem problema nenhum com a mãe, mas que ela humilha muito a mãe, pois elas brigam muito por causa do jeito de ser da jovem. No final, ela aceitou o perdão pra não ir para um abrigo. Após a menina sair da sala, a juíza, a promotora e o advogado comentam que nunca viram essa situação.
O filme mostra 3 mulheres que trabalham na Vara da Infância fazendo as inspeções das unidades pra verem as condições dos alojamentos: Todos têm camisas, shorts e chinelos. 4 camas estão sem colchonete e os presos dizem que ninguém dorme. 
Os presos treinam nas suas celas, escrevem nas paredes e há alguns conflitos por cama.
O filme retrata um dia de visita na cadeia, mostrando as revistas que são necessárias para tal. 
Caso 5: O jovem matou seu pai, desferindo diversas facadas com inequívoco dolo de matar. O fato foi praticado com recuso que impossibilitou a defesa do ofendido, visto que as facadas foram desferidas quando a vítima estava dormindo. Ele afirma que é verdade e fez isso porque o pai batia muito nele e na mãe dele quando chegava do serviço doidão (bêbado de cerveja e cachaça). Nesse dia o pai do menino havia batido nele antes de dormir porque ele tinha chegado atrasado do colégio. Ele fala que voltava a pé e que estava faltando aula, mas que estava no colégio jogando bola. A faca era da casa dele e ele fala que pegou no mesmo dia na cozinha. A mãe dele estava dormindo na laje no dia e ele assistindo televisão. Ele fala que já usou maconha e cigarro, mas cocaína não. Fala que está arrependido de ter matado pai, mas que não sente falta dele porque o pai não dava carinho e nem falava com ele. Diz que não tem nenhuma lembrança boa de seu pai. Esfaqueou a vítima na região peitoral. O pai chegou a acordar, foi para cima do menino, mas caiu no chão sem forças. Ele apanhava diariamente. Ouviram a testemunha (mãe do garoto) - ela diz que o marido bebia diariamente e que batia muito nos dois; que o homem já bateu no menino várias vezes até ele desmaiar; ela não se sente aliviada, mas também não sente falta do marido, ela não se conforma com a situação em que foi deixada, diz que a culpa foi dele porque não deu amor; ela não chegou a procurar nenhuma ajuda; ela ainda ama o filho. A juíza fala para o garoto que essa marca ficará para sempre nele. O advogado alega que ocorreu a inexigibilidade de conduta diversa, visto que qualquer pessoa em uma situação dessa seria suscetíveis a prática de um ato desses, assim, pede a liberdade provisória do adolescente e a inserção no tratamento psicológico. A juíza concorda em relação à medida que deve ser tomada, mas em relação ao fundamente jurídico ela achava prematuro. O Promotor opina pela liberdade assistida provisória submetendo a tratamento psicológico e por marcar uma audiência pra a oitiva do outro irmão dele. A juíza concede a liberdade assistida provisória, mas não quer ver ele em baile funk, onde há muitas drogas. Ouviram o irmão - não estava presente no dia do crime; ao ser perguntado porque o irmão fez isso o homem responde que crê que seja porque o pai batia nele; eles moravam todos juntos, mas o pai batia no irmão somente quando ele era menor e fazia coisa errada; o irmão fala que o menino falava para ele que o pai batia nele à toa; ele morava lá, mas ficava mais no quartel; ao ser perguntado sobre o que gostaria que fosse feito com o menino o irmão fica sem resposta. O juiz pede pra o irmão aguardar de fora. A Promotora diz que a motivação não foi o suficiente para excluir a aplicação de uma medida restritiva de liberdade, assim, o MP requereu a internação. A Defesa diz que o que importa nesse momento é atingir a ressocialização dele e que a internação não irá resolver o problema dele, podendo até agravar, na medida em que terá contato com meninos voltados pra o crime, sendo o problema dele puramente emocional, ademais, alega o menino foi educado com agressão. O juiz opta por colocar o menino no CRIAM, ele irá uma vez por semana conversar com a psicóloga e nos finais de semana vai para casa. 
Mostra mais da realidade na cadeia: Agente dando esporro nos presos; presos fumando; presos jogando jogos improvisados; um preso conversa com o outro sobre o significado da tatuagem (Jesus Cristo) e o mesmo diz que não sabe o significado e nem é religioso, fez sem motivo nenhum, acha que é pra protegê-lo.
Caso 6: Menino da tatuagem “Jesus Cristo”. A juíza pergunta para o policial se é verdade o fato de o representado consciente e voluntariamente vender e guardar para fins de tráfico 97 embalagens de plástico de cor verde, contendo o total de 6.8 gramas de cocaína, sendo encontrado 13 reais com ele. O policial contou como tudo aconteceu e confirmou que viu o menor exercendo tráfico de entorpecentes. Ele não tem passagem. O advogado ressalta a baixa compleição física dele, podendo ser massacrado por outros presos. Ele tem 14 anos e não estava estudando. O Promotor opinião dizendo que acha que a liberdade assistida não será o suficiente, tendo em vista que que ele está muito sem controle pela mãe e o lugar em que ele mora. A juíza pergunta se não vão procurar ele por causa da carga que ele perdeu, ele afirma que não, pois não é bandido. A juíza determina que ele irá para o CRIAM e que no final de semana irá pra casa. A mãe afirma que ele não tem outro lugar para ficar e a juíza diz para ela ficar junto ele nos fins de semana porque senão ele voltará para lá e será internado. A juíza diz para ele cumprir o CRIAM direitinho, como uma nova chance, porque senão ele quem tomará tiro. 
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CRÍTICAS:
-Em relação à juíza, concordo que foi bem chocante e vejo que muitas vezes ela buscou se ausentar da responsabilidade, jogando a responsabilidade para o Executivo, quando na verdade deveria ser um conjunto de ações. Eu não consegui ver eles inconformados com falta de perspectiva daqueles acusados.
-Situação x contexto social: Aquele não é um lugar de ressocialização. 
-Insalubridade: O filme mostra 3 mulheres que trabalham na Vara da Infância fazendo as inspeções das unidades pra verem as condições dos alojamentos: Todos têm camisas, shorts e chinelos. 4 camas estão sem colchonete e os presos dizem que ninguém dorme. 
-Dois casos me chocaram: O do adolescente que matou o pai (espancado) e da menina que não quis voltar para casa (recebeu remissão).
-Brincam com escovas (suprimir a infância).
-Final trágico (menino das drogas, que não sabia seu aniversário, morto com tiros); muitos fugiam do CRIAM.
Repara-se facilmente na BAIXA ESCOLARIDADE da maioria dele e a escolha por dramatizar as situações com esses menores ajuda a aproximar o espectador das barbáries que ocorrem dentro e fora do ambiente de julgamento, seja pelos maus tratos da promotoria e juiz, ou pelos crimes cometidos, que em alguns momentos recaem sobre crimes pesados, como assassinato após maus tratos ao acusado.
Como em Justiça, o que nos atordoa é perceber o abismo que existe entre o juiz e o réu - acima de tudo um ABISMO LINGUÍSTICO. A certa altura de Juízo, ficamos sabendo que um detento fugiu da prisãode onde seria solto no dia seguinte, simplesmente porque não conseguiu entender a sentença que lhe concedia a liberdade.
Em síntese, vejo que há uma ausência de acolhimento, um Estado opressor que deseja encarcerar a maior quantidade de negros e pobres que conseguir.
AULA 5
Adolescentes, categoria de menor como construção social 
Leitura Base: “Desconstruindo a menoridade: a psicologia e a produção da categoria menor”
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Adolescência e a categoria: "de menor"
Importância da linguagem 
· Organizadora de ideias e representações;
· Guia a cultura;
· Sistema de crenças; 
· Doutrinação dos corpos.
Aparelhos Ideológicos
· Saúde mental: rico X pobre; 
· Política higienista;
· Família;
· Prisões;
· Igreja.
Brasil Colônia 
· Higienismo; 
· Na "modernidade" a imagem da criança era anulada; 
· Ser sem expressão (social); 
· Confundido com o adulto.
Silenciamento
· LÓGICA NATURALIZANTE: Baseada na biologia – mecanicismo x animismo.
· "Pobres potencialmente mais perigosos", "suspeitos". 
· ECONÔMICA: O trabalho edifica o homem. 
· FAMÍLIA: Decisão econômica baseada no poder patriarcal.
· DISCIPLINA: Alienação de bens e corpos. 
· NORMAS E LEIS: Discurso médico, jurídico e psiquiátrico em função da ideologia – loucura x perigo, pobre x criminalidade (medo e moral).
Lettres de Cachet: Carta régia
-Antes da Revolução francesa, os poderes judiciário e monárquico realizavam o internamento de loucos e pobres em hospitais psiquiátricos. Podiam ocorrer por ordem judicial ou por interdições determinada pelo juiz
-Grande parte das internações eram feitas através da carta régia: Uma ordem simples, autenticada pelo Rei, solicitada pela família ou por autoridades públicas. Permitia ordens de prisão, exílio, confinamento sem a possibilidade de julgamento.
Processos históricos 
-Mudanças a partir da necessidade de ler e escrever/necessidade de educação: escola para infância interesses: Ler a bíblia.
-XVI: Demais leituras eram consideradas hereges (agente desintegrador). 
-A evolução acontece de forma geograficamente diferente: nº de escolas.
-Desenvolvimento diferente para as elites: Colégios internos.
Papel das escolas na atualidade
-Senso de reprodução cultural e social (relações simbólicas de poder – hereditariedade).
-Apropriação de capital cultural: Hábitos que dependem dos níveis de instrução, acúmulo de aprendizagem fornecida pela família e pela escola.
-Escola: Ensino é um investimento que visa lucros segue uma hierarquia de valorização de acordo com a estrutura social.
-Crianças pobres passam a praticar a auto eliminação: Sistema justificado como ordem natural.
“De menor”
-Termo utilizado inicialmente no Código Criminal do Império: Penas aplicáveis a menores de idade. 
-Ganhou força no século XIX: Crianças nascidas nas classes mais baixas. 
-Século XX: A expressão menor é aplicada para diferenciar os bem-nascidos e os potencialmente perigosos = pobres são isolados, afastados das famílias em função dos “riscos”.
-Conotação de controle: Suspeitos x classe.
-Higienismo: rico x pobre, público x privado = heranças (conflito, doença, patologização).
Terminologias 
· Trabalho: Controle e ordem.
· Espaços públicos: Promíscuos. 
· Condenação da sexualidade.
· Linguagem policial suspeito: Automaticamente suspeito.
· Diferenças: Pobreza, raça, gênero..."ciência" usada para legitimar crenças.
Código de menores
“Criança e adolescente também é gente”
1927 – Doutrina da situação irregular: 
· Inimputabilidade do menor de 18; 
· Antes do código, crianças eram julgadas e presas; 
· Período de pobreza e escassez;
· Trabalho proibido para menores de 11 anos; 
· Teve validade até a década de 70.
Sociojurídico brasileiro
-1959: ONU sanciona a Declaração de Direitos da Criança (mudanças gradativas). 
-Regime militar (1964): Conduta antissocial do menor – recolhimento de jovens pela polícia/FUNABEM.
-FUNABEM impulsionou políticas voltadas para o bem estar dos menores que deram origem a FEBEM.
-1979: Código de menores.
-1990: ECA (Doutrina da proteção integral). 
Desafios 
· Necessidade de proteção e garantia de direitos: Não só medidas socioeducativas.
· Potencial político da Psicologia (além das repressões).
· Subjetividades no processo.
AULA 6
Linguagem, psicanálise justiça e cultura
Leitura Base: “A Economia do Gozo e os Impasses da Justiça”
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Constituição do sujeito, relação como "outro" e a justiça
Teorias e suas aplicações
(foto)
Principais Conceitos
Psicanálise”: Nasceu com Freud, na Áustria, a partir da sua prática médica. Postula o inconsciente como objeto de estudo. Enfatiza que determinados impulsos instintivos seriam de origem sexual” (MAIA, 2008, p.16). 
Método: associação livre, traz para o real lembranças e pensamentos até então desconhecidos (repressão - também chamada de recalque é uma forma de defesa adotada pelo ego, que tenta esconder as fontes de desprazer, assegurando que não há perigos, vergonha, medo...) que seriam o berço dos sintomas do paciente 
O acesso a esse conteúdo inconsciente se dá pelos sonhos, atos falhos, esquecimentos, tiques, etc.
ID: pulsões/ impulsos necessidades biológicas necessita de imediata descarga. 
EGO: adaptação/ princípio da realidade, conciliador.
SUPEREGO: moral, cultura, leis: certo X errado.
(foto)
A personalidade é apenas uma parte do complexo aparelho psíquico, uma estruturação do funcionamento mental. 
No aparelho psíquico existem fantasias inconscientes e desejos que contribuem para os distúrbios mentais. 
O trauma externo pode ser qualquer fato banal que, unindo-se ao conteúdo interno, ocasiona a doença mental. 
Desenvolvimento: os seres humanos continuam a se desenvolver por toda a vida, e o desenvolvimento geralmente reflete uma combinação dessas forças hereditárias e ambientais.
ÉDIPO: princípios da personalidade
Conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. 
Desempenha papel fundamental na estrutura da personalidade e na orientação do desejo humano. 
Depois do complexo de Édipo, a criança sai do mundo imaginário (autocentrado) e entra no mundo simbólico (signos), cultural, lei, simbolizado pelo pai.
O complexo de Édipo é uma instância de humanização e socialização: é o processo de mediação dos nossos complexos familiares com os espaços sociais/leis.
Lacan:
· Função paterna= nome do pai – lei 
· Função materna= desejo necessidade de romper a simbiose 
· Criança e o falo= símbolo que irá representar o rompimento
PAI significa mestre da ordem simbólica de limite: não está relacionado ao gênero.
3 principais estruturas 
Neurótico: os impulsos são reprimidos e impedidos de se tornarem conscientes. Seu mecanismo de defesa é o recalque, o sujeito mantém no inconsciente o seu desejo real, priorizando aquilo que é moralmente aceito pela sociedade. Escape da pulsão: fantasia.
Psicótico: Ao passar pelo ferimento do narcisismo infantil, o psicótico rejeita a realidade, não consegue dar o objeto de amor (a mãe) como perdido. Assim, rejeita o mundo externo a fim de continuar atendendo as exigências do inconsciente. 
Patologia: desligamento do mundo externo/delírio e alucinações; 
Perverso: não aceita a castração feita pelo representante, quando criança transgride toda lei paterna. 
Ele tem ciência da lei, mas a renega, abandonando as normas, limites e regras.
Diante da renegação das proibições ou da realidade moral o perverso desloca sua pulsão para o fetichismo. 
Que consiste em privilegiar uma parte do corpo do parceiro, quer uma perversão sexual (ou fetichismo patológico), caracterizada pelo fato de uma das partes do corpo (pé, boca, seio, cabelos) ou objetos relacionados com o corpo (sapatos, chapéus, tecidos etc.) serem tomados como objetos exclusivos de uma excitação ou um ato sexuais. Uso e abuso de poder, violência como forma de "sobrevivência" ... 
Principais Conceitos 
Gozo: termo utilizado por Lacan, inicialmente elaborado por Freud (1920). 
Pode ser definido como: uma atividade repetitiva correlacionada à linguagem. 
Exemplo: "Estou brincando" 
No contexto da justiça:significa usufruir de algo. E quando isso não é possível ou não representado? 
Remete à noção de proibição (incesto) dando lugar a fantasia normalmente expressadas em ecos que não são interditados pelas leis. 
Importância dos laços 
A família: exerce um papel fundamental no desenvolvimento infantil, seja através dos vínculos, do exercício da moralidade, da identificação, pertencimento... 
Tudo isso afeta a capacidade de estabelecer relacionamentos íntimos posteriores, pois formula um padrão de expressões emocionais de acordo com os padrões preestabelecidos nas relações afetivas dos vínculos. 
Individualização: Independentemente da cultura, a dinâmica da família fornece a cada membro a noção de individualidade subjetiva, papel ou função. 
Contexto Social 
Social e jurídico: 
fenômeno da desindividuação - baixa autoconsciência na qual as pessoas perdem sua individualidade e passam a seguir padrões grupais. 
Coisas que não fariam sozinhas e essas coisas podem ser ruins ou não. Ex: 
Normas sociais -
Conformidade: altera sua opinião para ser aceito pelo grupo 
Submissão: concorda com o outro quando solicitado de forma cortês 
Agressividade: atos que prejudicam o outro 
Variáveis biológicas: Lesões ou estímulos - na amígdala e no hipotálamo são responsáveis por ocasionar mudanças no padrão de agressividade. 
Lesões no lobo frontal associam-se ao aumento da agressão – perda do autocontrole 
Afetos negativos: frustração, preconceito, medo, dor 
Cultura: comportamentos aprendidos pela recompensa e punição
A economia das pulsões, a linguagem e a justiça
A justiça funciona como uma ordem representacional que regula as pulsões, dentro dos espaços sociais. 
Bens e valores: inclui o indivíduo e como ele lida com isso em sociedade e também como ele se sente acolhido pelo sistema 
AIE: o uso da linguagem para disfarçar a dominação de classe e a singularidade do gozo individual/ crença do mundo justo 
Igreja como substituta da lei que não acolhe
mundo justo: o homem encontra significado para o sofrimento, que passa a ser melhor suportado justamente porque o "mundo é justo", inviabilizando, assim, situações de revolta e de angústia frente a situações injustas, uma carga agregada à vitimização primária. 
"A Crença no Mundo Justo sustenta o mito da invulnerabilidade baseado numa relação simplificada da causalidade linear que independe da vontade do sujeito, uma vez que estaria baseada em uma lei que é da natureza e que, justamente por isso, não pode ser violada, não é em si justa nem injusta, e, portanto, está colocada fora da possibilidade de erro, pois sequer humana verdadeiramente é."
AULA 7
Apresentação: Artigos científicos e análise crítica
Grupo 1 - Conflitos do desenvolvimento; e 
Grupo 2 - Psicologia direito e adoção.
AULA 8
Violência contra mulher, gênero e papéis sociais
Leitura Base: Intervenção psicossocial com mulheres em situação de violência doméstica
Slide: 
Intervenções psicossociais: Violência de gênero
Contexto
história foi criada por homens: relações bens x posses
Ao cogitar fugir dos ideais impostos pelos homens e naturalizados por toda a sociedade, as mulheres que protestavam contra o que havia sido naturalizado eram classificadas como um mal para o mundo, descritas como usurpadoras do poder político, adúlteras e feiticeiras (Del Priore, 1994).
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Diferenciação dos corpos
As diferenciações serviram como justificativa para o desequilíbrio entre as condições sociais, os conceitos biológicos atribuíram aos corpos femininos funções diferentes como a reprodução da espécie. A adoção desse modelo exigia que a mulher se dedicasse exclusivamente ao lar, visto que ao pertencer ao núcleo familiar as mulheres não poderiam ou não eram consideradas aptas para realizar outras atividades no meio social, como atuar na esfera política.
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Gênero 
Dandara Gênero um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos; gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder. (...) O gênero é, portanto, um meio de decodificar o sentido e de compreender as relações complexas entre diversas formas de interação humana (SCOTT, 1989, p. 32)
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Ciclo da violência
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· Relevância do apoio - psicologia sistêmica 
· Trabalho em grupo
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Intervenções psicossociais
· engajamento político de transformação social 
· trabalho com minorias 
· análise critica de todos os processos históricos, das relações de poder, estereótipos 
· esclarecimento sobre os diferentes tipos de violência e estratégias de enfrentamento
CRAS 
Centros de Referência de Assistência Social são unidades públicas destinadas ao atendimento à família 
FOCO: qualidade de vida, orientação, acompanhamento e encaminhamentos. Busca prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais, fortalecer a convivência familiar e comunitária e possibilitar o acesso a benefícios. Previne a ocorrência de situações de riscos sociais pelo desenvolvimento de capacidades 
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CREAS 
acolhimento de vítimas de violência; acompanhamento e redução de riscos, agravamentos ou repetição desenvolvimento de ações para a diminuição do desrespeito aos direitos humanos e sociais.
Delegacias especializadas de atendimento à mulher 
· unidades especializadas da Polícia Civil 
· ações de prevenção, proteção e investigação dos crimes de violência 
· registro de Boletim de Ocorrência 
· solicitação ao juiz das medidas protetivas de urgência, nos casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres.
Promotoria especializada em violência doméstica e familiar/MP
Atendimento à população. Requisitam à Polícia Civil o início ou o prosseguimento de investigações e podem solicitar ao Poder Judiciário a concessão de medidas protetivas de urgência, nos casos de violência contra a mulher. As promotorias também fiscalizam os estabelecimentos públicos e privados de atendimento à mulher em situação de violência.
Serviço de Responsabilização e Educação dos Agressores
Art. 45 Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.” 
FOCO: ação educativa, pedagógica e reflexiva, a partir de uma perspectiva de gênero feminista e de uma abordagem responsabilizante. 
Exemplo de temas: masculinidades, direitos humanos, patriarcado, sexualidade, álcool e drogas... 
Oficinas, atendimentos, monitoramento, serviços articulados de responsabilização...
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AULA 9
Apresentação: Artigos científicos e análise crítica
Grupo 3 - Sistema Prisional; e 
Grupo 4 - Minorias Sociais.
AULA 10 (07/03)
Diagnósticos psicológicos - Psicometria, testes e principais diagnósticos: limites e atuação jurídica 
*Apresentação artigo (Grupo 5 - Politica) + aula (resolução – começa em 40:00)
Leitura Base: RESOLUÇÃO Nº 006, DE 29 DE MARÇO DE 2019
Slide: 
Atuação profissional: Ferramentas, diagnósticos e limites
Atuação Profissional – ética e padrão de conduta 
I- Respeito, liberdade, dignidade 
II- Promoção da saúde 
III- Responsabilidade social 
IV- Aprimoramento profissional 
V- Universalização de acesso à informação 
VI- Zelo ao exercício profissional 
VII- Posicionamento crítico
Deveres
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS prestar serviço de qualidade sem visar benefícios pessoais, inclusive em situações de calamidade pública 
ORIENTAÇÃO a quem de direito, fornecer documentos quando solicitado, esclarecimentos sobre: encaminhamento, serviços psicológicos, etc.
REDE PROFISSIONAL colaborar com outros profissionais, serviço em rede, salvo impedimento por motivos relevantes
SIGILO zelar pela confidencialidade, zelar pelo destino de arquivos, comunicar aos responsáveis somente o essencial
Proibições
INDUZIR CONVICÇÕES políticas, morais, ideológicas, religiosas, orientação sexual ou de caráter preconceituoso 
SER CONIVENTE com erros profissionais, falta ética, violação dos direitos, crimes ou contravenções penais praticados por profissionais 
FINANCEIROreceber por serviços além dos honorários, vazar informações privilegiadas, receber doações... 
EXERCÍCIO ocultar informações, não acionar instâncias competentes quando necessário....
Elaboração de documentos (CFP Nº006/2019)
· Deverá sempre intervir a favor da saude mental e dos direitos humanos
· Os documentos devem apresentar linguagem técnica, precisão e racíocinio psicológico com qualidade técnica e científica
· Elaborar documentos sempre que solicitado ou no fim da avaliação psicológica
Art. 4.º O documento psicológico constitui instrumento de comunicação escrita resultante da prestação de serviço psicológico à pessoa, grupo ou instituição. 
§ 1.º A confecção do documento psicológico deve ser realizada mediante solicitação da(o) usuária(o) do serviço de Psicologia, de seus responsáveis legais, de uma(um) profissional específico, das equipes multidisciplinares ou das autoridades, ou ser resultado de um processo de avaliação psicológica.
Modalidades de documentos
· DECLARAÇÃO: registro sobre prestação de serviços: comparecimento Atendimento: não inclui sintomas ou estado psicológico.
· ATESTADO PSICOLÓGICO: afirmação de estado psicólogico, aptidão para desempenhar atividades (arma), justifica faltas e dispensas.
· RELÁTORIO: PSI/ MULTIPROF.: técnico-científico, devendo conter narrativa detalhada com precisão do histórico social.
· LAUDO: resultado da avaliação psi.: encaminhamento, intervenção, diagnóstico, prognóstico, evolução, orientação e projeto terapêutico.
· PARECER PSI.: Análise técnica, responde uma questão problema ou documento psi ex: qual teste usar.
Psicodiagnóstico
Feito através de uma avaliação psicológica com propósitos clínicos. Trabalha com a identificação de pontos fortes e fragilidades do funcionamento psíquico, pode identificar patologias. Trata de um processo científico, pois parte de um levantamento prévio de hipóteses que serão confirmadas ou infirmadas através de passos predeterminados e com objetivos precisos.
Objetivos
· Avaliação compreensiva: considera o caso numa perspectiva mais global, (nível de funcionamento da personalidade, funções do ego... 
· Dinâmica: entender a problemática de um sujeito, com uma dimensão mais profunda, na perspectiva histórica do desenvolvimento 
· Preventivo: identificar problemas precocemente, avaliar riscos. 
· Perícia forense: avaliação de incapacidade ou de comprometimentos psicopatológicos que possam se associar com infrações da lei, insanidade competência para o exercício de funções de cidadão, etc.
Psicometria 
Area da Psicologia que constrói e aplicar instrumentos para mensurar constructos e variáveis psicológicas. Baseada no método estatístico, matemático (análise fatorial) Os parâmetros estatísticos assumem uma definição em termos de conteúdo psicológico.
Alguns exemplos
· PALOGRÁFICO: produtividade; agressividade iniciativa; ritmo de trabalho. 
· RACIOCÍNIO LÓGICO: indução, dedução, resolução de problemas 
· ESCALA BECK: ansiedade, depressão, pessimismo 
· PFISTER: dinâmica afetiva, cognição, estruturação da personalidade
Diagnósticos 
A Neuropsicologia e os testes psicológicos colaboram em diagnósticos de transtorno psiquiátricos, consultas médicas e exames laboratoriais não substituem a análise multifatorial feita pelo psicólogo. 
- entrevista 
- história de vida 
- histórico familiar 
- perdas: morte, separação, abandono
Dimensões 
Eixo 1. Diagnóstico do Transtorno Mental Esquizofrenia paranoide, episódio depressivo grave, dependência ao álcool, anorexia nervosa, etc. 
Eixo 2. Diagnóstico de Personalidade e do Nível Intelectual Personalidade histriônica, personalidade borderline, etc., 
Eixo 3. Distúrbios Somáticos Associados hipertensão arterial, cirrose hepática, infecção urinária, etc..
Eixo 4. Problemas Psicossociais e Eventos da Vida Desencadeantes ou Associados Morte de uma pessoa próxima, separação, falta de apoio social, viver sozinho, desemprego, pobreza extrema, detenção, exposição a desastres, etc. 
Eixo 5. Avaliação Global do Nível de Funcionamento Psicossocial Bom funcionamento familiar e ocupacional, incapacidade de realizar a própria higiene, não sabe lidar com dinheiro, dependência de familiares ou serviços sociais nas atividades sociais ou na vida diária, etc.
AULA 11
Criminologia: Psicopatologia criminal e argumentação de casos
Leitura Base: Manual esquemático de criminologia - Unidade 2, capítulo 5 (Criminologia clínica)
Slide: 
Psicologia Criminal: Análise de personalidades
Direito penal e criminologia
DIREITO PENAL: Ciência fundamentada na lógica, normas e práticas que analisam o crime de acordo com o sistema penal.
CRIMINOLOGIA: Ciência baseada na observação e experimentação. Busca as causas e explicações do delito. Estuda os crimes como fruto das relações entre humano e social, busca compreender a origem e execução.
Psicopatologia forense
ÁREA FORENSE: Conjunto de informações e técnicas científicas utilizadas para responder questões relacionadas ao Direito, como análise de crimes ou conflitos com a lei.
PARA A PSICOLOGIA: A psicologia criminal estuda as personalidades e os fatores que a influenciam como: biológicos, ambientais e sociais.
PARA A PSICANÁLISE: Compreende o crime através das dimensões subjetivas. A cena do crime remonta o simbólico e apresenta questões inconsciente e como o sujeito lida com seus mecanismos.
Exame criminológico
Conjunto de pesquisas científicas de cunho biopsicossocial do criminoso para levantar um diagnóstico de sua personalidade e, assim, obter um prognóstico criminal. Esse exame tem por objetivo detalhar a personalidade do delinquente, sua imputabilidade ou não, sua periculosidade, a sensibilidade à pena e a probabilidade de sua correção e apenamento. Pode incluir: exame morfológico, funcional, psicológico, psiquiárico, moral e histórico.
Técnicas de investigação
· Investigação sociológica: intensiva, profunda, direta, envolve o investigador em cena.
· Psicológica: testes de personalidade, testes de inteligência, análise quantitativa e qualitativa...
· Biológica
· Estrututal crítica: social
Profiling - Perfil Criminal
Técnica de investigação de crimes, baseada em diferentes ciências como: Criminologia, Psicologia, psiquiatria. Utiliza fundamentos dessas ciências para entender a personalidade do indivíduo e explicar o comportamento criminal.
Tentativa de delimitar hipóteses sobre crimes e criminosos, levando em consideração a cena do crime, vítimas e discurso dos criminosos.
Origens do conflito: teorias
· CONFLITO CULTURAL
· CONFLITO SOCIAL
· CONFLITOS DE ORIENTAÇÃO MARXISTA
CONDUTA CRIMINOSA
A conduta criminosa tende a ser compreendida como conduta anormal, desviada, como possível expressão de uma anomalia física ou psíquica, dentro de uma concepção pré-determinista do comportamento, pelo que ocupa lugar de destaque o diagnóstico de periculosidade. Importante registrar que seu objeto primordial é o exame criminológico.
Criminosos comuns, Loucura ou psicopatas
· Motivações
· Noção da realidade
· Funcionamento egoísta
· Papel da mídia e dos reforços sociais
· Crimes frios x quentes
Personalidade
· Um conceito dinâmico, descreve o crescimento e o desenvolvimento de todo o sistema psicológico de um indivíduo
· "A organização dinâmica interna daqueles sistemas psicológicos do indivíduo que determinam o seu ajuste individual ao ambiente". Allport
· Soma total das maneiras como uma pessoa reage e interage com as demais.
· Frequentemente descrita em termos dos traços mensuráveis exibidos por um indivíduo.
Transtornos da personalidade
Desarmonias que se refletem tanto no plano intrapsíquico como no das relações interpessoais.
Características de acordo com a OMS:
· Geralmente surgem na infância ou adolescência.
· Comportamentos e reações desarmônicas: dificuldades com a afetividade e controle de impulsos.
· Permanência: longa duração e não episódica.
· Comportamento inclui muitos aspectos do psiquismo e da vida social.
· O comportamento produz uma série de dificuldades para o indivíduo e para os outros.
· Gera sofrimento: angústia,

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