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COMUNICAÇÃO JURÍDICA ESSÊNCIA O Direito encontra-se na vida social e sua função é a de regular condutas que podem comprometer os interesses fundamentais e primários do homem: a vida, sua família, sua propriedade, sua integridade física e suas necessidades biológicas e psicológicas. Estes interesses para ser plenos necessitam do social, da presença, colaboração e participação dos outros pois quanto maior é a nossa relação com os outros a presença do Direito se acrescenta. ATO COMUNICATIVO JURÍDICO •Cooperação entre os interlocutores para que ocorra o ato comunicativo •A linguagem representa o pensamento e funciona como mediadora das relações sociais que sofrem ação das variações socioculturais •No Direito é necessária uma linguagem prescritiva e descritiva Quando há interesses conflitantes ou uma ação humana fere os valores da norma jurídica, forma-se a lide (litem – lite – lide= conflito) criando a polêmica (centramento na relação entre os interlocutores processuais). Neste centramento a linguagem torna-se mais persuasiva, pois busca o convencimento do julgador que, por sua vez, obriga-se a expor os mecanismos racionais pelos quais decidem. Lembrando que estes mecanismos não se ligam à Lógica Formal e sim, à Lógica Jurídica. “O ato comunicativo jurídico não se faz, pois, apenas como linguagem enquanto língua (conjunto de probabilidades linguísticas postas à disposição do usuário), mas também, e essencialmente, como discurso, assim entendido o pensamento organizado à luz das operações do raciocínio, muitas vezes com estruturas preestabelecidas, peças processuais, etc.” (DAMIÃO & HENRIQUES, 2010:13) Deve-se considerar que o ato comunicativo jurídico constitui-se pela construção de um discurso persuasivo, pois objetiva convencer o julgador da veracidade do “real” e, assim, a linguagem jurídica utiliza-se dos princípios da linguagem clássica, porém prestigia o vocabulário especializado, para que palavras plurissignificativas não dificultem a representação da linguagem. “O discurso jurídico constrói uma linguagem própria que, no dizer de Miguel Reale (1985, p.8), é uma linguagem científica”. (DAMIÃO & HENRIQUES, 2010:14) Elementos da comunicação e a comunicação jurídica •Emissor: possui e organiza o pensamento e utiliza-se da expressão verbal para fazê-lo conhecido no mundo sensível (pensamento); • Receptor: possui a expressão verbal e utiliza-se do pensamento para compreender a mensagem EMISSOR RECEPTOR *POSSUI O PENSAMENTO *BUSCA A EXPRESSÃO DIREÇÃO ONOMASIOLÓGICA *POSSUI A EXPRESSÃO *BUSCA O PENSAMENTO DIREÇÃO SEMASIOLÓGICA QUANTO AO EMISSOR • Deve realizar relações paradigmáticas (associação livre de ideias) •Buscar a expressão por meio onomasiológico (codificação da mensagem), compreendendo as seguintes perguntas: a) Quem sou eu, emissor? Direcionar a mensagem de acordo com o seu papel, no mundo jurídico, cada agente possui uma linguagem específica. b) O que dizer? Estabelecer com concisão, precisão e objetividade de ideias a serem codificadas. c) Para quem? Atentar para o receptor a fim de adequar o discurso. d) Qual a finalidade? Nunca perder de vista o objetivo comunicativo. e) Qual o meio? Observar a linguagem utilizada nos diferentes meios de concretização do discurso jurídico. Relações sintagmáticas (seleção e escolha das ideias, de acordo com o roteiro onomasiológico que serão estruturadas sintática e estilisticamente) Relações paradigmáticas (ideias livres – plano vertical deaprofundamento ideológico) Roteiro onomasiológico das relações sintagmáticas • Recte (reta): primeira etapa; escolhem-se ideias lógicas e adequadamente inter-relacionadas à proposta temática. • Bene (boa): verifica-se a construção frásica que deve estar sintaticamente correta. • Pulchre (bonita): a frase deve ser revestida de recursos estilísticos que a tornam mais atraente e persuasiva. Quanto ao emissor •QUEM SOU EU? Estudante de Direito •Tenho que elaborar um trabalho sobre “Menor abandonado” • a) pensar livremente sobre o assunto; • b) cogitar todas as ideias associativas; • c) elencar as mais expressivas ao seu plano redacional; O que dizer • Preocupar-se com o enfoque jurídico; • Fixar a ideia central que pretende trabalhar “Delinquência infanto-juvenil” • Para quem? • Receptor - Professor de Direito Penal • Qual a finalidade? • Discutir a antecipação, ou não, da maioridade penal • Qual o meio? • Empregar a língua culta e a linguagem jurídica • Discurso sintaticamente organizado (dissertativo-argumentativo) QUANTO AO RECEPTOR Buscar a expressão por meio semasiológico (decodificação da mensagem). Parte das relações sintagmáticas em direção às paradigmáticas, compreendendo a tríplice dimensão: a) Alter > outro (compreensão): capta a mensagem com análise gramatical. b) Ego > eu (interpretação): julgar a mensagem. c) Alter/ ego > outro/ eu (crítica): avaliar a validade/ eficácia da ideia no mundo concreto, avaliando sua aplicabilidade e efeitos. Estrutura do discurso comunicativo • Tanto na direção onomasiológica quanto na semasiológica existem relações paradigmáticas e sintagmáticas. • Relações Paradigmáticas: formam a estrutura de profundidade do texto (intenção/extensão da ideia) • Relações Sintagmáticas: formam a estrutura da superfície do texto (traduz a ideia que se pretende transmitir) PRIMEIRO PLANO SEGUNDO PLANO EMISSOR Relações paradigmáticas Relações sintagmáticas RECEPTOR Relações sintagmáticas Relações paradigmáticas Para treinar •Você é um estudante de Direito que foi convidado a participar de uma palestra sobre a efetividade da lei Maria da Penha, sendo o público formado por homens e mulheres em situação de vulnerabilidade social. Realize um roteiro onomasiológico associado às relações paradigmáticas, explicando, de forma clara e objetiva, cada uma das fases Para treinar • Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. • De acordo com o artigo apresentado, realize a tríplice dimensão semasiológica: Língua falada no mundo jurídico O termo “falante” relaciona-se ao latim fari(falar) e pode assumir um sentido particular: “falar por inspiração divina”. Sinônimos: • “locutor”(loqui); • “orador” (orare – cognato de oris (boca); termo comum na linguagem religiosa e jurídica); • “emissor” (emittere – “deixar sair”); • orador/falante – usados na Retórica.