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METODOLOGIA E PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO TEORIAS DO CONHECIMENTO E SUA RELAÇÃO COM A ALFABETIZAÇÃO Qual a repercussão dessas teorias no processo de formação de leitores e escritores? Será que as expectativas e a concepção de aprendizagem que o professor apresenta podem influenciar na alfabetização do seu aluno? Fundamento Psicológico 1 - TEORIA EMPIRISTA A aprendizagem acontece pelo treinamento e pela maturação das estruturas neurológicas. Para John Locke, todo conhecimento tem origem nos sentidos, vivenciados pelas experiências. A criança deve ter estruturas nervosas e perceptivas prontas para interagir com o meio e extrair dele as experiências alfabetizadoras. Fundamento Filosófico CONCEPÇÃO DE SUJEITO Ser passivo, incompleto que deve ser ensinado pelo meio, pois as suas experiênciais culturais (não escolares) com a leitura e a escrita não são valorizadas pela escola. As estruturas neurológicas demoram 6 anos para amadurecerem e poderem aprender a ler e escrever CONCEPÇÃO DE ESCRITA EMPIRISTA * É uma atividade motora que deriva da associação dos estímulos sonoro-auditivos * Precisa estar de acordo com as regras da gramática normativa, fazendo com que a criança escreva a partir de um modelo ou seja, de uma cópia apresentada pelo professor Cópia Ditado Cobrir linhas Caligrafia EXERCÍCIO MECANICISTA, IMPESSOAL E ARTIFICIAL ATIVIDADES DE ESCRITA QUE CARACTERIZAM A CONCEPÇÃO EMPIRISTA CÓPIAS DITADOS CABEÇALHOS EXERCÍCIOS VISO- MOTORES EXERCÍCIOS MIMEOGRAFAOS ÊNFASE NA FORMA E NÃO NO CONTEÚDO 3) VAMOS AJUDAR A ABELHA A ENCONTRAR O POTE DE MEL? LIGUE. CRÍTICAS FEITAS SOBRE A ESCRITA NA CONCEPÇÃO EMPIRISTA • Não há reflexão sobre a escrita; • Não se trabalha com elaboração de hipóteses sobre a escrita; • Não há lugar para as práticas discursivas que fazem parte da cultura das crianças que estão no processo de alfabetização – “Escrever deve ser tratado como uma forma de interação” (OSWALD, 1996); • A escrita é concebida como cópia e reprodução correta da língua. A LEITURA NA CONCEPÇÃOEMPIRISTA • Atividade de decodificação ou decifração dos sinais gráficos em fonemas. • Mais importante do que o significado do texto é a composição dos fonemas que formam as palavras, pois - segundo a concepção - é através da repetição sonora a que a criança aprenderá a ler. CRÍTICA À LEITURA NA CONCEPÇÃO EMPIRISTA Ler não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, interferir no mundo pela ação. Ler é tomar consciência. A leitura é antes de tudo uma interpretação do mundo em que se vive. Mas não só ler. É também representá-lo pela linguagem escrita. Falar sobre ele, interpretá-lo, escrevê-lo. LER E ESCREVER, DENTRO DESTA PERSPECTIVA, É TAMBÉM LIBERTAR-SE. LEITURA E ESCRITA COMO PRÁTICA DE LIBERDADE. MATERIAL DIDÁTICO NA CONCEPÇÃO EMPIRISTA Cartilha e palavras previamente definidas pelo professor para a apresentação das dificuldades ortográficas em uma ordem crescente para as crianças. Problema: Aprender a ler é apresentado APENAS como aprender a decifrar a escrita. AMBIENTE ALFABETIZADOR NA CONCEPÇÃO EMPIRISTAÉ aquele em que as palavras, as lições, os textos já estão prontos, as crianças são concebidas como sujeitos passivos que deverão aprender de acordo com as apresentações feitas pelo professor. O ambiente é pensado apenas como fonte de “modelo correto” e como um lugar “arrumado/enfeitado” pelo professor. Repetição para memorização A alfabetização NÃO é trabalhada num contexto de LETRAMENTO* na concepção empirista A criança não participa de forma ativa no processo de aprendizagem: suas experiências culturais (não escolares) com a leitura e a escrita não são valorizadas pela escola. (* Conceito de Letramento) REFLEXÃO: •Como a diversidade de gêneros textuais será contemplada? •Será que as competências linguísticas exigidas aos leitores e escritores da atualidade são exercitadas neste paradigma empirista? Por que há tantas críticas se nos alfabetizamos assim e chagamos à universidade A CONCEPÇÃO EMPIRISTA NA LITERATURA “Os alunos se imobilizavam nos bancos: cinco horas de suplício, uma crucificação. Certo dia vi moscas na cara de um roendo o canto do olho, entrando no canto do olho. E o olho sem se mexer, como se o menino estivesse morto. Não há prisão pior do que uma escola primária no interior” (Graciliano Ramos , 1980, p. 200). MOMENTO ATIVIDADE (Exemplo) COLÉGIO GOTAS MÁGICAS DO SABER AULA: ALFABETIZAÇÃO TIA: DULCE 1) COPIE: MARIA X X X 2) CIRCULE AS VOGAIS A B C F E G I J W P B O 4) COPIE E SEPARE AS SÍLABAS: MARIA 3) RECORTE E COLE AS LETRAS DO SEU NOME 2 - CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTA (ou COGNITIVISTA) Fundamento Filosófico Fundamento Psicológico Conhecimento enquanto uma estrutura que parte de partes mais elementares para as mais complexas. O conhecimento é construído na interação com os objetos culturais através dos sucessivos desequilíbrios, assimilações e acomodações na estrutura cognitiva. CONCEPÇÃO DE SUJEITO Teoria da psicogênese da escrita Assim como há fases de desenvolvimento da cognição, há fases comuns a todas as crianças no que se refere à aquisição da escrita Ativo e cognitivo O indivíduo constrói conhecimento a partir dos desafios que lhe são impostos pelo ambiente. Sua estrutura cognitiva muda a partir das mudanças neurológicas que sofrem maturação ao longo da vida. MUDANÇA DO PARADIGMA ALFABETIZADOR Muda-se a lógica da alfabetização: a)A criança é considerada um sujeito em permanente construção do seu conhecimento; b)Na elaboração das possibilidades de “como se escreve” feitas pelas crianças não se considera que há “erro” e sim uma hipótese de escrita que corresponde a um “momento cognitivo” no processo de aprendizagem em andamento (alfabetização como PROCESSO); c) O conflito cognitivo proporciona mudar de etapa (nova hipótese). Rompe-se com a visão inatista/empirista de conceber a alfabetização como ensinamento do código alfabético: identifica-se a natureza alfabética da escrita. CONCEPÇÃO DE ESCRITA A criança na concepção construtivista escreve refletindo sobre as suas hipóteses de construção da palavra. a)a escrita não é mais concebida como simples transcrição do sonoro para um código visual; b)a linguagem não é reduzida a uma série de sons; c)os programas de preparação para a leitura e a escrita não ficam centrados na discriminação das formas audiovisuais e auditivas : observa-se a natureza da escrita. Escrita como sistema de representação = aprendizagem é a apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou seja, uma aprendizagem “conceitual” (Ferreiro, 1989). PARA QUE SERVE DIAGNOSTICAR AS FASES DA ESCRITA (O nível segundo as hipóteses elaboradas) ? Precisamos didatizar essa informação. Escolher atividades de ensino que estimulem a necessária construção de hipóteses pelo aluno de modo ativo e participativo; Para uma melhor compreensão da mediação desenvolvida pelo alfabetizador entre o sujeito (aluno) e o objeto (leitura/escrita), superando as contradições e limitações das posturas de alfabetização, à dinâmica processual no interior da sala de aula. MOMENTO ATIVIDADE (Exemplo) 1) ESCREVA - DA FORMA COMO SABE - SEU NOME E O NOME DOS SEUS COLEGAS. 2) FAÇA O RETRATO DOS SEUS AMIGOS MAIS PRÓXIMOS AO LADO DE CADA NOME. 3) ESCREVA OS NOMES QUE INICIAM COM A LETRA M. 4) UTILIZANDO AS LETRAS DE FORMA, ESCREVA PALAVRAS SOBRE AMIZADE. LETRAMENTO NA CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTA Apesar da concepção construtivista ressaltar e importância da contextualização e da significação das atividades de alfabetização, algumas críticas foram feitas: •Muita ênfase naescrita (relação com o objeto – “como” escrever) Conhecer as fases da escrita não significa abranger todos os aspectos da alfabetização, pois a alfabetização não diz respeito apenas a elas. Escrever implica, desde sua gênese, a constituição de sentido. •O diagnóstico deve ser feito, mas os processos de leitura e escrita são mais complexos que os conflitos cognitivos destacados na psicogênese: precisam ser trabalhadas dentro dos contextos discursivos em que são produzidas (Sociocultural). •Desconsidera que escrever é uma forma de interação com o outro pelo trabalho de escritura – É preciso perguntar para quem eu escrevo, o quê escrevo e por quê ? (Além do como eu escrevo) Exemplo: a)Uma lista de palavras soltas para lembrar algo; b)Pode escrever, ou tentar escrever um texto, mesmo fragmentado, para registrar, narrar, dizer... 3 - TEORIA SOCIOINTERACIONISTA Fundamento Filosófico Fundamento Psicológico Para Karl Marx, a formação do sujeito deve ser analisada frente as condições materiais de sua existência. LINGUA E CULTURA O Ser Humano se constitui na Interação Sócio-cultural. A partir dos estímulos recebidos, o nosso cérebro se transforma e ganha característica psicológicas próprias. CONCEPÇÃO DE SUJEITO NA CONCEPÇÃO SOCIOINTERACIONISTA Nosso desenvolvimento e nossa aprendizagem acontecem na interação dos 4 planos genéticos: Sociogênese – Influência da cultura Filogênse- História da nossa espécie humana Ontogênese – Nossa história pessoal Microgênese – História de cada processo psicológico. Somos sujeitos datados, históricos e nosso desenvolvimento depende das condições materiais de nossa época CONCEPÇÃO DE LEITURA E DE ESCRITA SOCIOINTERACONISTA O conhecimento é construído socialmente: não há uma única forma de escrever, pois a escrita revela variáveis linguísticas, tão dialetos e as comuns num país com amplitude continental como o nosso. Não há uma única forma de compreender os textos, pois eles são ricos em significados e dependem da subjetividade do leitor. AMBIENTE ALFABETIZADOR NA CONCEPÇÃO SOCIOINTERACIONISTA Um ambiente em que os gêneros textuais e as possibilidades de produção textual para comunicação, registro, leitura e lazer são tão grandes que colaboram na formação do gosto e das competências necessárias para ler, escrever e oralizar. Leitura e escrita fazem parte de práticas discursivas. São vivas e têm relação com a função social que apresentam na sociedade. RELAÇÃO ENTRE SOCIOINTERACIONISMO E A OBRA DE PAULO FREIRE Leitura e escrita são considerados como elementos transformadores de consciência e, portanto, da sociedade. O homem é constituído pelas práticas materiais e culturais e, dialeticamente, também cria e transforma a cultura. Práticas de leitura, escrita e oralidade são importantes elementos simbólicos para o desenvolvimento das funções mentais superiores. MOMENTO ATIVIDADE (Exemplo) 1) Vamos pesquisar a origem do seu nome? Pergunte à sua família quem escolheu seu nome e se eles conhecem algum significado. 2) Qual o primeiro documento que você teve em sua vida? Nele há seu nome escrito? Traga uma cópia dele para a sala. 3) Escreva seu nome (no pedaço de papel recebido) para organizarmos o nosso mural da sala. Entrevista oral Pesquisa de documentos e leitura Escrita (...) Se lemos um livro antigo, é como se lêssemos todo o tempo que transcorreu até nós desde o dia em que ele foi escrito. Por isso convém manter o culto do livro. O livro pode estar cheio de coisas erradas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, algo de divino, não para ser objeto de respeito supersticioso, mas para que o abordemos com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria. (Jorge Luís Borges, in 'Ensaio: O Livro‘) O LIVRO Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. (...)o livro é uma extensão da memória e da imaginação.
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