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3 - Teorias de aprendizagem

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METODOLOGIA E PRÁTICA DE 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
TEORIAS DO 
CONHECIMENTO E SUA 
RELAÇÃO COM A 
ALFABETIZAÇÃO
Qual a repercussão dessas teorias no 
processo de formação de leitores e 
escritores?
Será que as expectativas e a concepção
de aprendizagem que o professor
apresenta podem influenciar na
alfabetização do seu aluno?
Fundamento Psicológico
1 - TEORIA EMPIRISTA
A aprendizagem 
acontece
pelo treinamento e 
pela maturação das 
estruturas 
neurológicas.
Para John Locke, 
todo conhecimento 
tem origem nos 
sentidos, vivenciados 
pelas experiências.
A criança deve ter estruturas nervosas e perceptivas prontas
para interagir com o meio e extrair dele as experiências alfabetizadoras.
Fundamento Filosófico
CONCEPÇÃO DE SUJEITO
Ser passivo, incompleto que deve ser 
ensinado pelo meio, pois as suas 
experiênciais culturais (não escolares) 
com a leitura e a escrita não são 
valorizadas pela escola.
As estruturas 
neurológicas 
demoram 6 anos 
para amadurecerem 
e poderem aprender 
a ler e escrever
CONCEPÇÃO DE ESCRITA EMPIRISTA
* É uma atividade motora que 
deriva da associação dos 
estímulos sonoro-auditivos 
* Precisa estar de acordo com as 
regras da gramática normativa, 
fazendo com que a criança 
escreva a partir de um modelo ou 
seja, de uma cópia apresentada 
pelo professor
Cópia Ditado 
Cobrir linhas 
Caligrafia
EXERCÍCIO MECANICISTA, IMPESSOAL E ARTIFICIAL
ATIVIDADES DE ESCRITA QUE 
CARACTERIZAM A CONCEPÇÃO EMPIRISTA
CÓPIAS
DITADOS 
CABEÇALHOS
EXERCÍCIOS 
VISO- MOTORES
EXERCÍCIOS 
MIMEOGRAFAOS
ÊNFASE NA FORMA E 
NÃO NO CONTEÚDO
3) VAMOS AJUDAR A
ABELHA A ENCONTRAR 
O POTE DE MEL? LIGUE.
CRÍTICAS FEITAS SOBRE A 
ESCRITA NA CONCEPÇÃO EMPIRISTA
• Não há reflexão sobre a escrita;
• Não se trabalha com elaboração de hipóteses sobre
a escrita;
• Não há lugar para as práticas discursivas que fazem
parte da cultura das crianças que estão no processo de
alfabetização – “Escrever deve ser tratado como uma forma
de interação” (OSWALD, 1996);
• A escrita é concebida como cópia e reprodução
correta da língua.
A LEITURA NA CONCEPÇÃOEMPIRISTA
• Atividade de decodificação ou
decifração dos sinais gráficos
em fonemas.
• Mais importante do que o
significado do texto é a
composição dos fonemas que
formam as palavras, pois - segundo
a concepção - é através da
repetição sonora a que a criança
aprenderá a ler.
CRÍTICA À LEITURA NA 
CONCEPÇÃO EMPIRISTA
Ler não é caminhar sobre as letras, mas interpretar 
o mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, 
interferir no mundo pela ação.
Ler é tomar consciência. A leitura é antes de tudo 
uma interpretação do mundo em que se vive. Mas 
não só ler. É também representá-lo pela 
linguagem escrita. Falar sobre ele, interpretá-lo, 
escrevê-lo.
LER E ESCREVER, DENTRO DESTA PERSPECTIVA, 
É TAMBÉM LIBERTAR-SE. LEITURA E ESCRITA 
COMO PRÁTICA DE LIBERDADE.
MATERIAL DIDÁTICO
NA CONCEPÇÃO 
EMPIRISTA
Cartilha e palavras 
previamente definidas pelo 
professor para a 
apresentação das dificuldades 
ortográficas em uma ordem 
crescente para as crianças.
Problema: Aprender a ler é 
apresentado APENAS como 
aprender a decifrar a escrita.
AMBIENTE ALFABETIZADOR 
NA CONCEPÇÃO 
EMPIRISTAÉ aquele em que as palavras, as
lições, os textos já estão prontos, as
crianças são concebidas como
sujeitos passivos que deverão
aprender de acordo com as
apresentações feitas pelo professor.
O ambiente é pensado apenas 
como fonte de “modelo correto” e 
como um lugar 
“arrumado/enfeitado” pelo 
professor.
Repetição para 
memorização
A alfabetização NÃO é trabalhada num contexto 
de LETRAMENTO* na concepção empirista
A criança não participa de forma ativa no processo de
aprendizagem: suas experiências culturais (não escolares)
com a leitura e a escrita não são valorizadas pela escola.
(* Conceito de Letramento)
REFLEXÃO:
•Como a diversidade de gêneros textuais será contemplada?
•Será que as competências linguísticas exigidas aos leitores e
escritores da atualidade são exercitadas neste paradigma
empirista?
Por que há tantas críticas se nos alfabetizamos 
assim e chagamos à universidade
A CONCEPÇÃO EMPIRISTA NA LITERATURA
“Os alunos se imobilizavam nos bancos:
cinco horas de suplício, uma
crucificação. Certo dia vi moscas na
cara de um roendo o canto do olho,
entrando no canto do olho. E o olho sem
se mexer, como se o menino estivesse
morto. Não há prisão pior do que uma
escola primária no interior” (Graciliano
Ramos , 1980, p. 200).
MOMENTO ATIVIDADE (Exemplo)
COLÉGIO GOTAS MÁGICAS DO SABER 
AULA: ALFABETIZAÇÃO
TIA: DULCE
1) COPIE:
MARIA 
X
X 
X
2) CIRCULE AS VOGAIS
A B C F E G I J W P B O
4) COPIE E SEPARE AS 
SÍLABAS:
MARIA
3) RECORTE E COLE AS 
LETRAS DO SEU NOME
2 - CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTA (ou 
COGNITIVISTA)
Fundamento Filosófico Fundamento Psicológico
Conhecimento 
enquanto uma 
estrutura que parte 
de partes mais 
elementares para 
as mais 
complexas.
O conhecimento é 
construído na interação com 
os objetos culturais através 
dos sucessivos 
desequilíbrios, assimilações 
e acomodações na 
estrutura cognitiva.
CONCEPÇÃO DE SUJEITO
Teoria da psicogênese da escrita 
Assim como há fases de 
desenvolvimento da cognição, há fases 
comuns a todas as crianças no que se 
refere à aquisição da escrita
Ativo e cognitivo
O indivíduo constrói conhecimento a partir dos 
desafios que lhe são impostos pelo ambiente.
Sua estrutura cognitiva muda a partir das 
mudanças neurológicas que sofrem maturação 
ao longo da vida.
MUDANÇA DO PARADIGMA ALFABETIZADOR
Muda-se a lógica da alfabetização:
a)A criança é considerada um sujeito
em permanente construção do seu 
conhecimento;
b)Na elaboração das possibilidades 
de “como se escreve” feitas pelas 
crianças não se considera que há 
“erro” e sim uma hipótese de escrita 
que corresponde a um “momento 
cognitivo” no processo de 
aprendizagem em andamento 
(alfabetização como PROCESSO);
c) O conflito cognitivo proporciona 
mudar de etapa (nova hipótese).
Rompe-se com a visão 
inatista/empirista de 
conceber a 
alfabetização como 
ensinamento do 
código alfabético: 
identifica-se a 
natureza alfabética da 
escrita.
CONCEPÇÃO DE ESCRITA
A criança na concepção construtivista escreve refletindo 
sobre as suas hipóteses de construção da palavra.
a)a escrita não é mais concebida como simples 
transcrição do sonoro para um código visual;
b)a linguagem não é reduzida a uma série de sons;
c)os programas de preparação para a leitura e a escrita 
não ficam centrados na discriminação das formas 
audiovisuais e auditivas : observa-se a natureza da 
escrita.
Escrita como sistema de representação = aprendizagem é a 
apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou seja, 
uma aprendizagem “conceitual” (Ferreiro, 1989).
PARA QUE SERVE DIAGNOSTICAR AS FASES DA 
ESCRITA (O nível segundo as hipóteses elaboradas) ?
Precisamos didatizar essa informação.
Escolher atividades de ensino que estimulem a necessária
construção de hipóteses pelo aluno de modo ativo e
participativo;
Para uma melhor compreensão da mediação desenvolvida
pelo alfabetizador entre o sujeito (aluno) e o objeto
(leitura/escrita), superando as contradições e limitações
das posturas de alfabetização, à dinâmica processual no
interior da sala de aula.
MOMENTO ATIVIDADE (Exemplo)
1) ESCREVA - DA FORMA COMO SABE - SEU NOME E O 
NOME DOS SEUS COLEGAS.
2) FAÇA O RETRATO DOS SEUS AMIGOS MAIS 
PRÓXIMOS AO LADO DE CADA NOME.
3) ESCREVA OS NOMES QUE INICIAM COM A LETRA M.
4) UTILIZANDO AS LETRAS DE FORMA, ESCREVA 
PALAVRAS SOBRE AMIZADE.
LETRAMENTO NA CONCEPÇÃO 
CONSTRUTIVISTA
Apesar da concepção construtivista ressaltar e importância da 
contextualização e da significação das atividades de 
alfabetização, algumas críticas foram feitas:
•Muita ênfase naescrita (relação com o objeto – “como”
escrever) Conhecer as fases da escrita não significa abranger
todos os aspectos da alfabetização, pois a alfabetização não
diz respeito apenas a elas. Escrever implica, desde sua
gênese, a constituição de sentido.
•O diagnóstico deve ser feito, mas os processos de leitura e
escrita são mais complexos que os conflitos cognitivos
destacados na psicogênese: precisam ser trabalhadas dentro
dos contextos discursivos em que são produzidas (Sociocultural).
•Desconsidera que escrever é uma forma de
interação com o outro pelo trabalho de escritura – É
preciso perguntar para quem eu escrevo, o quê
escrevo e por quê ? (Além do como eu escrevo)
Exemplo:
a)Uma lista de palavras soltas para lembrar algo;
b)Pode escrever, ou tentar escrever um texto, mesmo 
fragmentado, para registrar, narrar, dizer...
3 - TEORIA SOCIOINTERACIONISTA
Fundamento Filosófico Fundamento Psicológico
Para Karl Marx, a 
formação do sujeito 
deve ser analisada 
frente as condições 
materiais de sua 
existência.
LINGUA E 
CULTURA
O Ser Humano se 
constitui na Interação 
Sócio-cultural.
A partir dos estímulos 
recebidos, o nosso 
cérebro se transforma 
e ganha característica 
psicológicas próprias.
CONCEPÇÃO DE SUJEITO NA 
CONCEPÇÃO SOCIOINTERACIONISTA
Nosso desenvolvimento e nossa aprendizagem 
acontecem na interação dos 4 planos genéticos:
Sociogênese – Influência da cultura 
Filogênse- História da nossa espécie humana 
Ontogênese – Nossa história pessoal
Microgênese – História de cada processo psicológico.
Somos sujeitos datados, históricos e nosso desenvolvimento 
depende das condições materiais de nossa época
CONCEPÇÃO DE LEITURA E DE ESCRITA 
SOCIOINTERACONISTA
O conhecimento é construído socialmente:
não há uma única forma de escrever, pois a
escrita revela variáveis
linguísticas, tão
dialetos e as
comuns num país com
amplitude continental como o nosso.
Não há uma única forma de compreender os
textos, pois eles são ricos em significados e
dependem da subjetividade do leitor.
AMBIENTE ALFABETIZADOR NA 
CONCEPÇÃO SOCIOINTERACIONISTA
Um ambiente em que os gêneros textuais e as 
possibilidades de produção textual para comunicação, 
registro, leitura e lazer são tão grandes que colaboram na 
formação do gosto e das competências necessárias para 
ler, escrever e oralizar.
Leitura e escrita fazem parte de práticas discursivas. São 
vivas e têm relação com a função social que apresentam 
na sociedade.
RELAÇÃO ENTRE SOCIOINTERACIONISMO 
E A OBRA DE PAULO FREIRE
Leitura e escrita são considerados como elementos 
transformadores de consciência e, portanto, da 
sociedade.
O homem é constituído pelas práticas materiais e
culturais e, dialeticamente, também cria e transforma
a cultura.
Práticas de leitura, escrita e oralidade são 
importantes elementos simbólicos para o 
desenvolvimento das funções mentais superiores.
MOMENTO ATIVIDADE (Exemplo)
1) Vamos pesquisar a origem do seu 
nome? Pergunte à sua família quem 
escolheu seu nome e se eles conhecem 
algum significado.
2) Qual o primeiro documento que você
teve em sua vida? Nele há seu nome
escrito? Traga uma cópia dele para a
sala.
3) Escreva seu nome (no pedaço de papel 
recebido) para organizarmos o nosso 
mural da sala.
Entrevista oral
Pesquisa de 
documentos 
e leitura
Escrita
(...) Se lemos um livro antigo, é como se lêssemos todo o tempo 
que transcorreu até nós desde o dia em que ele foi escrito. Por 
isso convém manter o culto do livro. O livro pode estar cheio de 
coisas erradas, podemos não estar de acordo com as opiniões 
do autor, mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, 
algo de divino, não para ser objeto de respeito supersticioso, 
mas para que o abordemos com o desejo de encontrar 
felicidade, de encontrar sabedoria.
(Jorge Luís Borges, in 'Ensaio: O Livro‘)
O LIVRO
Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, 
indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. 
(...)o livro é uma extensão da memória e da imaginação.

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