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Aula 09 – As Contribuições de Bourdieu, Gramsci e Mannheim
Ao final desta aula, você será capaz de:
identificar e caracterizar as contribuições de Pierre Bourdieu, Antonio Gramsci e Karl Mannheim para a sociologia da educação, no século XX;
identificar as influências exercidas pelos clássicos sobre esses autores.
Estudaremos nesta aula as análises de Bourdieu, Gramsci e Mannheim, três importantes autores do século XX e as influências exercidas pelos clássicos sobre eles.
Um dos aspectos abordados por Durkheim, Marx e Weber é relativo à função da educação.Essa indagação persiste até hoje e os autores que serão analisados nessa aula não se furtaram a investigar questões como :a educação serve para manter as desigualdades sociais presentes nas sociedades capitalistas ou teria capacidade de reverter os abismos sociais e transformar todos os seres humanos em indivíduos livres, autônomos, possuidores de uma visão clara da realidade social? Dito de outra forma, a educação liberta ou aprisiona?
Antonio Gramsci (1891-1937)
 O comunista italiano Antonio Gramsci nunca publicou um livro, mas encontramos suas ideias em periódicos de partidos políticos e da imprensa e, sobretudo, nos famosos Cadernos do Cárcere, produzidos durante a sua prisão durante o governo fascista de Mussolini. 
É importante ressaltar que Gramsci sofreu muita influência de Karl Marx, porém, foi adiante, pois atualizou a teoria de Marx para analisar as sociedades capitalistas da Europa na primeira metade do século XX. 	
Em sua obra, Gramsci faz distinção entre Oriente e Ocidente. Essa não é apenas uma distinção geográfica, mas, política.
Por Oriente ele entendia os países onde o Estado é poderoso e a Sociedade Civil é fraca, dotada de pouca organização e de pouca capacidade de fazer frente ao Estado.	 
Estado-Instituições de governo
Sociedade civil-Empresas,clubes,mercados,partidos,cultura,visões de mundo.
Por Ocidente ele entendia aqueles países em que a sociedade civil é estruturada, múltipla, organizada, e compartilha com o Estado a administração da vida social. São os países de capitalismo avançado, cujo mercado interno é forte e a vida política é plural. 
Ao contrário do Oriente, no Ocidente o poder encontra-se diluído entre o Estado e a Sociedade Civil. Sendo assim, não é suficiente que os grupos políticos revolucionários se voltem apenas contra o Estado. É preciso empreender uma “revolução no cotidiano” a partir de uma política feita na sociedade. Para chegar a tal intento, não basta o uso da força, é necessário alcançar a consciência das pessoas. É preciso ganhar a “batalha das ideias”.
Entenda a diferença entre os pensamentos de Marx e Gramsci. 
	 Marx
	 Gramsci
	Marx afirmava que o proletariado deveria abolir a exploração econômica de uma classe sobre a outra, eliminando a propriedade privada dos meios de produção. 
	Para Gramsci, eliminar a propriedade privada dos meios de produção não seria suficiente, pois precisariam lutar também contra a “apropriação privada, ou elitista, do saber e da cultura”.
De acordo com Gramsci, era necessário desfazer a separação entre “intelectuais” e “pessoas simples”, porque apenas aqueles tidos como intelectuais ocupavam postos de administração do Estado e da sociedade civil, concentrando mais poder. 
Para este autor, a luta pela hegemonia, ou seja, o processo lento e complexo pelo poder político nas sociedades complexas, não é vencida através do golpe de Estado ou pelo êxito nas eleições. É necessário convencer as pessoas, conseguir um consenso social em torno de suas concepções. Nesses termos, ele considerava o convencimento mais adequado do que a força.
No processo da hegemonia pelo poder político, os intelectuais têm um papel muito importante, pois são eles que organizam a cultura. 
Para eliminar as desigualdades e as injustiças, é necessário fazer uma “reforma intelectual e moral”. Contudo, lutando pelo poder existem aqueles grupos que querem manter a sua hegemonia e aqueles que buscam uma nova hegemonia. Esses grupos representam as diversas classes e frações de classes que disputam o poder na sociedade. 
Nos momentos em que a disputa se torna mais acirrada, há uma tendência de polarização entre os interesses dos que desejam mudar e os dos que querem manter seu poder.
Blocos históricos
 A partir de alianças internas, as classes dominantes e as classes dominadas acabam se organizando em blocos, chamados por Gramsci de “blocos históricos”. 
Cada bloco tem seus próprios intelectuais que brigam para organizar a cultura de determinado contexto histórico a partir de seus interesses.
Segundo Gramsci, existem dois tipos de intelectuais, o intelectual orgânico que tem como função fazer com que todos na sociedade adotem as ideias e concepções da classe dominante e os intelectuais tradicionais, que em outros tempos, também, podem ter desempenhado o papel de intelectuais orgânicos na medida em que representassem os interesses daquelas que seriam as classes dominantes, em modos de produção anteriores.
A questão das características do sistema escolar se torna importante para Gramsci, porque o intelectual é formado na escola. 
Através da análise do sistema escolar italiano de sua época, Gramsci notou que a ciência havia se misturado à vida cotidiana de uma maneira inédita na história e as atividades práticas, como a construção de casas, a cura das pessoas e as artes, foram transformadas em atividades complexas e especializadas.
Esse movimento de Gramsci teve como consequência a criação de um sistema educacional híbrido, no qual há dois tipos de escola: a “humanista” e a especializada.
Escola “Humanista”- Fornece uma formação “clássica” (baseada nos valores da cultura greco-romana) que deve desenvolver nos indivíduos uma cultura geral, dando a cada indivíduo, nas palavras de Gramsci, “o poder fundamental de pensar e se orientar na vida”.
Escola especializada-Fornece uma formação específica dos diferentes ramos profissionais ou baseadas na necessidade de operacionalizar os conteúdos específicos. Essa distinção, na concepção de Gramsci, tem um conteúdo de classe. A formação geral obtida na escola “humanista” é dada aos filhos das classes dominantes, formando os seus próprios intelectuais orgânicos.
Com o desenvolvimento industrial e a urbanização, o perfil da formação desses intelectuais se transformou.
Ao lado da escola “clássica”, desenvolveu-se uma escola técnica que substituiu a clássica, pois era mais adequada à formação dos intelectuais orgânicos das classes dominantes.
Escola técnica-profissional, mas não manual.
	Para Gramsci, a abolição das “escolas desinteressadas” é sinal de elitismo e de exclusão das classes trabalhadoras de uma formação de qualidade, e que a expansão do ensino ocorria de forma caótica, pouco organizada e sem políticas orientadas. 
A partir dessas constatações, Gramsci elaborou a sua própria Política Educacional 
Política Educacional
De acordo com Rodrigues (2007), a nova escola deveria ser organizada assim:
“Em primeiro lugar, uma escola unitária, que corresponderia aos níveis do Ensino Fundamental e do Médio, que teria um caráter formativo e objetivaria equilibrar de forma equânime o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente e o desenvolvimento das capacidades do trabalho intelectual. A partir dessa escola única, e intermediado por uma orientação profissional, o aluno passaria a uma escola especializada voltada para o trabalho produtivo”. (p. 80)
Para que todos tivessem acesso à nova escola e para evitar a interferência de interesses econômicos, esta escola deveria ser pública e de qualidade.
Para Gramsci, era importante dar a todas as classes a possibilidade de formar os seus próprios intelectuais, pois, caso contrário, as classes dominantes sempre venceriam a “batalha das ideias” .
Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron 
 A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino (1970)
O sociólogo francês Pierre Bourdieu(1930-2002) baseou-se nas concepções de Émile Durkheime no Estruturalismo para fazer a sua análise sobre a educação contemporânea. É importante saber que, para o Estruturalismo de Bourdieu, os sujeitos sociais são vistos como marionetes das estruturas dominantes. 
Em 1970, Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, sob a influência de Durkheim, Karl Marx, Max Weber e com o intuito de construir uma teoria sobre o sistema escolar, partem do princípio de que toda e qualquer sociedade estrutura-se como um sistema de relações de força material entre grupos e classes. 
	De acordo com Rodrigues, a tese central desta obra é a de que “toda ação pedagógica é, obviamente, uma violência simbólica”. 
Para Bourdieu e Passeron, a força material, ou seja, o capital econômico, é a base que determina a força simbólica ou capital cultural. O papel deste é reforçar, por dissimulação, as relações de força material.
Dito de outra forma, a classe que possui o capital econômico produz e reproduz o capital cultural e faz isso escondendo (dissimulação) o seu caráter de violência simbólica (dominação cultural).
Para saber mais :
A violência simbólica pode se manifestar de várias maneiras: formação da opinião pública pelos meios de comunicação de massa, discurso religioso, artes plásticas e literatura, propaganda e moda, educação familiar, sistema escolar etc. 
É assim que Bourdieu e Passeron consideram a ação pedagógica como a imposição arbitrária da cultura dos grupos ou classes dominantes aos grupos e classes dominados. A utilização da autoridade pedagógica é fundamental para que se exerça essa imposição, criando no educando um habitus.
 O conceito de habitus foi desenvolvido por Pierre Bourdieu com o objetivo de pôr fim à oposição indivíduo/sociedade em alguns setores do pensamento sociológico. Ele relaciona-se à capacidade dos agentes de incorporarem uma determinada estrutura social, por meio de suas maneiras de sentir, agir e pensar. Para Bourdieu as sociedades se estruturam a partir de um sistema de relações de força material entre grupos e classes. 
A função da educação é a de reprodução das desigualdades sociais. Pela reprodução cultural, a educação contribui para a reprodução social.
Despossuídas de força material(capital econômico) e força simbólica(capital cultural), as classes dominadas não escapam dessa imposição. Segundo Saviani, para Bourdieu e Passeron, a educação, não se configura como um fator de superação da dominação, mas, ao contrário, constitui-se como um elemento reforçador da mesma. Toda tentativa de usá-la como instrumento de superação da dominação é apenas ilusão. É a forma pela qual ela dissimula e, por isso, cumpre eficazmente a sua função de dominação.
À luz da teoria da violência simbólica, a classe dominante exerce um poder de tal modo absoluto que se torna inviável qualquer reação por parte da classe dominada.
Karl Mannheim(1893-1947)
 Karl Mannheim também recebeu influências dos clássicos. Segundo Rodrigues, Mannheim retomou a formulação de Max Weber sobre os tipos de educação e tem por objetivo fornecer um programa para a mudança da educação.
Na sua concepção, era necessário regenerar a sociedade e o homem através de uma educação sadia. Para tanto, era preciso criar uma pedagogia, a partir da compreensão dos diferentes tipos históricos de educação (construídos por Weber), que educasse o homem moderno sem tirar dele as possibilidades oferecidas por uma educação mais integral. Na sua visão, era um erro separar a pedagogia do cultivo e a pedagogia do treinamento.
De acordo com Mannheim, a sociedade regenerada estava ligada ao advento da democracia moderna. A modernidade, para ele, não tinha apenas custos ou ameaças à liberdade, mas trazia também esperanças e valores sociais solidários, abertos. A principal ajuda que a moderna democracia era capaz de oferecer consistia na possibilidade de que todas as camadas sociais viessem a contribuir com o processo educacional. Nesse sentido, duas ciências são fundamentais: a psicanálise e a sociologia.
	Psicanálise
	É responsável por um novo padrão de vida pautado pela saúde mental e pela libertação das repressões adquiridas na formação do homem.
	Sociologia
	Era vista como a disciplina capaz de sintetizar as contribuições de todas as camadas sociais para o processo educacional. A Sociologia devia, então, servir de base à Pedagogia. Assim, Mannheim defendia uma sociedade essencialmente democrática, uma democracia de bem-estar social dirigida pelo planejamento racional e governada por cientistas.   
Para saber mais:
Conforme Rodrigues (2007), “Em suma, Mannheim era um homem de seu tempo, em busca de um programa de estudos em sociologia da educação que possibilitasse a formulação de projetos educacionais que ampliassem o horizonte do homem, que superasse as divisões em blocos políticos e ideológicos, que não o satisfaziam”. 
Verifique seus conhecimentos!Gabarito
Escola Humanista-Fornece uma formação “clássica”, que deve desenvolver nos indivíduos uma cultura geral, dando a cada indivíduo, nas palavras de Gramsci, “o poder fundamental de pensar e se orientar na vida”.
Escola Especializada-Fornece uma formação específica dos diferentes ramos profissionais, ou baseadas na necessidade de operacionalizar os conteúdos específicos. 
Ocidente-São aqueles países em que a sociedade civil é estruturada, múltipla, organizada e compartilha com o Estado a administração da vida social. 
Oriente-São aqueles países onde o Estado é poderoso e a Sociedade Civil é fraca, dotada de pouca organização e de pouca capacidade de fazer frente ao Estado. 
1.
Sobre a Sociologia da Educação no século XX, é certo declarar que:
Parte superior do formulário
1) não recebeu influência dos autores clássicos da Sociologia. 
2) todos os autores negam que a Educação tenha a capacidade de transformar a realidade social. 
3) teve, ao longo do tempo, os seus questionamentos esvaziados, pois a educação se tornou um tema de menor importância. 
4) recebeu influência dos autores clássicos e transformou-se em um tema de grande importância para os autores do século XX. 
 
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2.
A respeito da concepção de educação elaborada por Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, é correto afirmar que:
Parte superior do formulário
1) ela não é uma das múltiplas formas de violência simbólica. 
2) ela não reproduz as desigualdades sociais. 
3) ela não se configura como um fator de superação da dominação. 
4) o professor é revolucionário porque pode ajudar a romper com a reprodução dos valores que auxiliam na dominação. 
 
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3.
São características da nova escola proposta por Antonio Gramsci:
Parte superior do formulário
1) uma escola unitária, pública, correspondente aos níveis fundamental e médio, de caráter formativo e que possibilitasse desenvolver capacidades para o trabalho intelectual e para o trabalho manual e uma escola especializada voltada para o trabalho produtivo. 
2) uma escola unitária, particular, correspondente aos níveis fundamental e médio, de caráter formativo e que possibilitasse desenvolver capacidades para o trabalho intelectual e para o trabalho manual. 
3) uma escola unitária, pública, correspondente aos níveis fundamental e médio, de caráter formativo e que possibilitasse desenvolver capacidades para o trabalho intelectual ou para o trabalho manual. 
4) uma escola unitária, particular, correspondente aos níveis fundamental e médio, de caráter formativo e que possibilitasse desenvolver capacidades para o trabalho intelectual ou para o trabalho manual e uma escola especializada voltada para o trabalho produtivo. 
 
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4.
Para Karl Mannheim, a Sociologia deveria servir de base à Pedagogia porquê:
Parte superior do formulário
1) a Sociologia valoriza a cultura e a erudição e prega que o homem moderno deve dispor de lazer e energia excedentes para cultivá-las. 
2) a Sociologia é a disciplina capaz de sintetizar as contribuições que todas as camadas da sociedade são capazes de fornecer para o processo educacional nas modernas sociedades democráticas. 
3) a Sociologia,nas modernas democracias, privilegia a educação especializada como integradora da personalidade e a capacidade de compreender o mundo de forma completa. 
4) a Sociologia é a disciplina capaz de sintetizar apenas as contribuições que as camadas privilegiadas da sociedade são capazes de fornecer para o processo educacional nas modernas sociedades democráticas. 
 
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