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Revolução Chinesa

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REVOLUÇÃO CHINESA
ORIGENS: Dominação Imperialista. Entre 1898 e 1901, a Revolta dos Boxers contra o domínio inglês, embora fracassada, despertou o nacionalismo e a luta anti-imperialista entre setores da população. Assim, em 1911, com a deposição do último imperador da China, nascia a República Chinesa. O movimento nacionalista foi neutralizado pela pressão imperialista e pela dominação japonesa durante a 1GM e ganhou força após o fim da guerra. O Partido Nacionalista (Kuomintang), liderado por Chiang Kai-shek a partir de 1925 tinha o apoio dos países capitalistas e estava no poder na época e iniciou, nesse mesmo ano, uma política de combate ao avanço do comunismo que perseguiu o Partido Comunista Chinês (PCC), liderado por Mao Tsé-Tung e esmagou movimentos populares urbanos.
 O PCC, derrotado, começa a focar sua atuação no campo e em 1931 proclamaram a República Soviética da China no leste do país. A pretensão de expandir a área de atuação da República gerou uma guerra civil, a qual enfraqueceu o país e possibilitou a invasão pelo Japão em 1931. Estabelecendo um Estado satélite no nordeste da China, na região da Manchúria, o Japão acentuava o enfraquecimento do governo Nacionalista.
 Optando por enfrentar o comunismo à dominação japonesa, o Kuomintaang iniciou uma violenta ação militar contra os comunistas, que empreenderam a Longa Marcha rumo ao norte do país para fugir do governo. Sem conseguir derrotar os comunistas, Chiang Kai-shek foi obrigado a estabelecer com estes um acordo, firmado em 1937, no qual os comunistas passavam a ter o controle de uma parte do exército.
 O Japão se rendeu em 1945 e em 1946, Chiang Kai-shek decretou a mobilização nacional para eliminar definitivamente os comunistas, contando com o apoio financeiro e bélico dos EUA. A URSS, temerosa de que um apoio aos comunistas na China resultasse em uma reação dos americanos contra o seu predomínio na Europa Oriental, manteve uma postura hesitante, sem apoiar os guerrilheiros comunistas. Mesmo assim, esses últimos ganhavam cada vez mais terreno diante da impopularidade do governo de Chiang Kai-shek, visto como um traidor pró-ocidente.
 Em 1949, o exército comunista entra em Pequim, provoca a fuga de Chiang Kai-shek e seus seguidores para a ilha de Formosa, onde instituíram a China Nacionalista, com apoio ocidental. No continente, era fundada a República Popular da China sem o apoio da URSS e sem o reconhecimento pelos EUA, o qual promoveu um isolamento internacional à China.
 
IMPLANTAÇÃO DO COMUNISMO NA CHINA: O novo governo comunista chinês viu-se às voltas com a necessidade de promover o crescimento econômico do país, ao mesmo tempo que rompia com o isolamento imposto pelos EUA. Assim, o governo de Pequim buscou uma aproximação com a URSS, nacionalizou indústrias e promoveu a reforma agrária. Essas providências foram ampliadas a partir de 1953, com a implantação do plano quinquenal, o qual incluía um forte incremento na produção industrial, priorizando a indústria de base e a coletivização da agricultura, com a formação de 1 milhão de cooperativas agrícolas. Ao mesmo tempo, toda a propriedade privada era abolida, tanto na indústria quanto na atividade comercial. O governo assumia um caráter centralizador, reprimindo violentamente, através de prisões e execuções, todas as manifestações de oposição, vistas indiscriminadamente como desvios direitistas.
 Em 1958, o regime implantou o programa "Grande Salto para a Frente", que se tratava e um projeto econômico voltado fundamentalmente para a atividade agrícola, incluindo o deslocamento de investimentos do Estado da atividade industrial para a produção de alimentos. Embora a produção agrícola tivesse aumentado 60%, o sucesso do plano foi reduzido em grande parte pelo confronto que se avistava com a URSS, implicando a retirada dos técnicos russos que estavam no país e dos investimentos do regime de Moscou.
 
O CONFLITO SINO-SOVIÉTICO: O receio da URSS quanto à reação dos capitalistas limitou a aproximação com a china, até mesmo em seus tratados de amizade, mas a China alimentava esperanças de que o apoio soviético iria se tornar mais efetivo. Entretanto, a morte de Stalin e a ascensão de Khrushchev ao poder acentuaram ainda mais o distanciamento entre os dois regimes. A política interna de Khrushchev de promover a desestalinização do país, criticando o culto à personalidade de Stalin e defendendo uma maior descentralização das decisões, chocava-se com o modelo chinês, rigidamente centralista e que tinha na figura de Mao um ícone, apresentado como o grande guia do povo chinês, ou o "Grande Timoneiro". Ao mesmo tempo, a política externa de Khrushchev de buscar a "coexistência pacífica" com o ocidente afetava os interesses chineses. Estes eram os alvos preferenciais da agressividade dos EUA, que temiam o crescimento do socialismo no Sudeste Asiático. O afastamento entre os dois países aumentou com a recusa soviética em manter o acordo firmado em 1957 para o fornecimento de tecnologia nuclear à China. Temendo a reação dos EUA, a URSS recuou, em 1959, provocando a reação chinesa com o acirramento das críticas ao que Mao chamava de revisionismo soviético. A ruptura cristalizou-se em 1962, com o fim das relações diplomáticas entre os dois países e com a ocorrência, a partir de então, de alguns conflitos de fronteira, que acentuam o clima de tensão.
 
A REVOLUÇÃO CULTURAL: O fracasso do Grande Salto para a Frente, a perda do apoio a URSS e o isolamento internacional colocaram a China em uma situação de graves dificuldades econômicas, que acarretaram agitações políticas dentro do PCC. Visando fortalecer-se na luta pelo poder dentro do partido, Mao lançou mão de um amplo processo de mobilização popular, ao qual ele chamou de Revolução Cultural. Por meio da ativação do fervor revolucionário, da mobilização popular, das críticas à burocracia do PCC e das denúncias de todas as formas de "revisionismo", Mao utilizou o projeto de reeducação da sociedade com base nos princípios socialistas como uma arma contra seus adversários políticos dentro do partido.
 Tendo por base o Exército Popular de Libertação e as inúmeras organizações revolucionárias que se alastraram por todo o país, Mao impôs uma forte repressão à oposição, expurgando esses setores do partido ou obrigando-os a autocríticas públicas. Dentre os considerados revisionistas, e que foram expulsos do partido, figuraram nomes como Deng Xiaoping, que, após a morte de Mao, foi reabilitado e tornou-se o principal líder do processo de modernização econômica e de abertura da China ao ocidente e aos investimentos capitalistas.
 Consolidando internamente seu poder, Mao iniciou uma política de aproximação com o ocidente, visando romper o isolamento chinês. Em 1971, a China foi admitida na ONU como a única representante do povo chinês, com a exclusão do regime de Taiwan. Essa aproximação foi facilitada pela política do presidente dos EUA, Richard Nixon, que tinha novamente a URSS como principal adversário nas relações internacionais. Aos americanos interessava estabelecer laços com um governo cada vez mais distante de Moscou. Como parte dessa política, Nixon visitou a China em 1972, rompendo décadas de afastamento entre os dos países.
 Mao Tsé-tung morreu em 1976. Deixou um país amplamente transformado, onde a expectativa de vida média aumentara de 35 anos em 1949 para cerca de 65 anos; a produção de alimentos multiplicava-se 6 vezes, enquanto a população menos que dobrava; a produção industrial, insignificante até a revolução, teve aumento expressivo; a escolaridade básica da população era também seis vezes maior do que antes da revolução. Entretanto, as condições internas persistiam, notadamente no plano político. Tratava-se de um regime ditatorial, de partido único, que negava os direitos políticos mínimos ao cidadão. Ao mesmo tempo, embora a miséria tenha sido erradicada, a população seguia vivendo distante de qualquer conforto material. Por outro lado, os gastos do Estado com o exército e a indústria bélica multiplicavam-seseguidamente.
 Essas condições vieram a tona com a morte de Mao e o fim do rígido controle que ele exercia sobre o partido. Abriu-se espaço para um amplo questionamento à linha política e econômica do Estado chinês.
 
A MODERNIZAÇÃO DA CHINA APÓS A MORTE DE MAO: O fim da era Mao foi marcado pela ascensão de Hua Guofeng como governante chinês. Já no início de seu governo, ele entrou em choque com a ala radical, que tinha como expoente máximo Jiang Quing, esposa de Mao e uma das principais articuladoras e dirigentes da Revolução Cultural. Ela e seu grupo, intitulado "Camarilha dos Quatro", foram presos, acusados dos excessos autoritários durante a Revolução Cultural e condenados.
 A partir de 1981, o poder passou às mãos de Deng Xiaoping, que iniciou o processo de "desmaoização", que consistiu no afastamento dos adeptos de Mao do governo, ao mesmo tempo em que implantava uma série de medidas de modernização econômica que iam contra os ditames do velho líder. Essa modernização tinha como metas a agricultura, a indústria, a defesa e a ciência e tecnologia e foi realizada com apoio financeiro dos países capitalistas.
 A política de modernização foi extremamente bem-sucedida em termos econômicos, mas esse sucesso não se traduziu em termos políticos. O abrandamento do dogma socialista, com a permissão, mesmo que em pequena escala e sob controle, de alguma iniciativa privada, não foi acompanhado por uma liberalização política. Isso porque o país ainda estava sob a ditadura do partido único e a população, privada de qualquer participação política efetiva ou das mínimas liberdades de expressão e de manifestação.
 Assim, a partir da década de 1980, iniciaram-se as pressões para a liberalização do regime, culminando com a grande manifestação popular na Praça da Paz Celestial, em 1989. A violenta repressão dos manifestantes, gerando o chamado Massacre da Praça da Paz Celestial, foi uma mostra dos limites de liberalização admitidos pelo regime de Pequim (Fotografia "O Homem Desconhecido" mostra um civil enfrentando tanques de guerra do exército chinês e impedindo sua passagem durante os protestos na Praça da Paz Celestial).

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