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Diagnóstico em Endodontia diagnostico Diagnóstico • Técnica de diagnóstico à anamnese, exame físico e exames complementares para interpretar e cruzar as informações coletadas para poder fechar o diagnóstico e, consequentemente elaborar o plano de tratamento • Diagnóstico endodôntico à queixa principal, testes clínicos pulpares, perirradiculares, sondagem periodontal e exame radiográfico Anamnese Queixa principal • Motivo da procura • Escrito com as próprias palavras do paciente História médica e odontológica • História da doença atual à início, duração, características, evolução, remissões • História médica à condições gerais de saúde, se faz ou não o uso de algum medicamento, condições sistêmicas (questionário de saúde) • Perguntas buscarão esclarecer aspectos relativos à dor, surgimento, duração, se fez uso ou não de analgésicos ou anti-inflamatórios, se a dor é localizada ou irradiada, se há alteração na intensidade da dor com algum tipo de postura ou atitude • Se há sintomas de cansaço, prostração e inapetência, podendo ser associados aos sinais de edema e aumento de temperatura sistêmica (febre), para o diagnóstico de processos infecciosos, que estejam provocando toxemia (excesso de toxinas microbianas) Exame objetivo: Exame clínico Inspeção • Começa no momento em que o paciente entra no consultório • Inspeção de: - A proeminência exagerada dos globos oculares (exoftalmia) e aumento de volume na região tireoidiana (distúrbio endocrinológico) - Paciente se arrasta (manco), podendo ter sido vítima de AVC ou de algum traumatismo - Assimetrias faciais que acometam os ângulos mandibulares e a região geniana - Edemas e alterações da textura da pele e de sua cor, como eritema, equimose ou hematoma Inspeção bucal • Exame visual da boca como um todo • Observar a alteração de cor da coroa, estado das restaurações, exposição, presença ou ausência de cáries • Observar demais estruturas bucais, sua cor e morfologia, buscando averiguar a presença de tumefação (edema), existência de fístula e sua parúlide (furúnculo gengival) • Exame da língua • Se a história clínica e os aspectos semiológicos da dor são compatíveis com elemento dentário portador de polpa viva, a busca deve ser direcionada a cavidades de cárie, restaurações infiltradas e restaurações recentes, de modo a identificar o elemento dentário causador do processo patológico • Restaurações complexas e profundas em resinas fotopolimerizáveis devem ser investigadas, quando houver suspeita de inflamação irreversível ou necrose (agressões químicas provenientes das restaurações, quanto pela profundidade e extensão das cavidades, sucessivas agressões mecânicas – desgaste com broca, calor, trauma oclusal e agressão microbiana) • Se os aspectos semiológicos apontam para um dente despolpado – busca permanece direcionada a lesões cariosas e/ou restaurações infiltradas • Buscando por coroas naturais escurecidas, grandes restaurações metálicas ou coroas protéticas e, por extensas restaurações em resina Palpação • A ponta do dedo indicador, os dedos indicador e médio, ou polegar para apalpar a região da face, bilateralmente para estabelecer semelhanças e diferenças entre lados Palpação apical • Consiste em se tatear a região apical do elemento dentária examinado, com a ponta do dedo indicador, verificando se há resposta dolorosa ou, pelo pato, a presença de alterações patológicas de sua forma - Edema periapical - Aumento de volume apical endurecido, de sensibilidade leve, respondendo à palpação com a chama crepitação óssea (processo apical de origem endodôntica com crescimento lento e expansivo) - Perda de continuidade na integridade do osso Percussão Horizontal e Vertical • Investigando-se a resposta à percussão com leves toques com as costas do dedo, horizontal e verticalmente • Este delicado toque pode ser suficiente para deflagrar uma resposta dolorosa Mobilidade dentária • Dois instrumentos metálicos apoiados com firmeza na superfície dentária ou instrumento metálico e o dedo, aplicando força para tentar movimentar o elemento dentário em todas as direções (a mobilidade patológica, ocorre mais frequentemente no sentido vestibulolingual) - Grau 1: ligeiramente maior que a normal - Grau 2: moderadamente maior que a normal - Grau 3: mobilidade grave vestibulolingual e mesiodistal, combinada com deslocamento vertical Sondagem periodontal • Verificando se há ou não a normalidade do periodonto • Deve ser verificado nas proximais, pelo menos três regiões por vestibular e por lingual, e região de furca • Não é incomum os dentes com inflamação irreversível ou necrose pulpar apresentarem radiolucidez na região da furca ou perirradicular, simulando ao aspecto radiográfico, a presença de bolsa periodontal, que na verdade não existe (sondagem periodontal confirma a normalidade de profundidade do sulco) Exames complementares • Exame radiográfico, exames hematológicos, provas bioquímicas do sangue, e biópsia • Exame radiográfico por tomografia computadorizada Exame radiográfico • Pode ser inserido a qualquer momento durante o processo diagnóstico • Solicitação rotineira de radiografias periapicais, radiografias interproximais e panorâmica para o planejamento e a execução do tratamento odontológico • Diagnóstico em Endodontia à periapical, interproximal e panorâmica (por vezes, radiografia oclusal) – limitadas pela bidimensionalidade e sugestivas alterações • Periapical à observar largura, comprimento e raio de curvatura radicular, alterações ósseas perirradiculares resultantes do comprometimento pulpar • Advento dos métodos digitais de obtenção da imagem radiográfica à endodontia pode se beneficiar • Interproximal à mostra a coroa dental e o segmento cervical da raiz, observar melhor a relação de proximidade entre a polpa dental e restaurações ou cavidades de cárie, deposição irregular de dentina ou calcificações (modificar a câmara pulpar) • Panorâmica à avaliação das estruturas anexas para observar a intimidade entre acidentes anatômicos (seio maxilar, canal manibular...), em casos de lesões extensas Exploração cirúrgica • Último recurso para elucidar situações obscuras • Exame invasivo (tentativa de esclarecimento sobre a entidade patológica que acomete o dente ou região) • Presença de fraturas verticais não visualizadas radiograficamente (até mesmo exames de maior possibilidade de detecção, como a TC, podem ter dificuldade em evidenciar) Testes clínicos pulpares • Série de manobras, testes pulpar – testes de vitalidade pulpar • Apontam a sensibilidade positiva ou negativa da polpa dental, sem apontar o real estágio de higidez pulpar • Determinar se o elemento dentário deve ou não ter sua polpa preservada • Testes térmicos (pelo frio e calor) e teste pulpar elétrico • Quando indicados, anestesia seletiva, teste de cavidade e transiluminação • Frequentemente levam a algum grau de desconforto, mas os estímulos serão removidos e as providências tomadas para cessar a dor Emprego dos testes Þ Teste pelo frio - Artifício para tomar calor do dente - Bastão de gelo ou neve carbônica (gelo seco) - Uso de spray de fluido refrigerante (Endo Ice) Þ Técnica do uso do gás refrigerante 1. Isolamento (relativo ou absoluto) 2. Aplicação do gás sobre cotonete ou pelota de algodão com pinça, não pode exceder 5 segundos Þ Teste pelo calor - Calor é transferido ao dente através de substâncias ou instrumento previamente aquecido - Água morna, aquecimento da superfície dental com taça de borracha ou através de bastão de guta-percha aquecida Þ Técnica da aplicação da guta-percha 1. Isolamento (relativo ou absoluto) 2. Aplicação de gel isolante na superfície dentária (vaselina), evitando que fique aderida ao dente 3. Aquecimento e plastificação da ponta do bastão de guta-percha na chama 4. Aplicação da guta-percha sobre a superfície enquanto estaestivar brilhosa Þ Teste de anestesia seletiva - Deve ser empregado quando o paciente se refere uma dor difusa ou reflexa (referida), não sabendo dizer exatamente qual dente está sendo responsável por esta dor - Quando possível (nem sempre é), deve anestesiar só o elemento dentário suspeito de ser causador da dor, sem anestesiar o dente suspeito de ser aquele que está refletindo - Se a dor cessar – hipótese diagnóstica é confirmada, identificando o elemento que provoca a dor (dente algógeno) e o elemento que reflete a dor (dente sinálgico) Þ Teste de cavidade - Teste invasivo, se estimula o dente suspeito de ser portador de necrose pulpar, sem anestesiá-lo previamente, utilizando-se para isso uma broca de alta rotação - Muitas vezes, apenas o jato de ar ou a água de seringa tríplica ou mesmo o ar da turbina de alta rotação, são suficientes para acusar resposta dolorosa - Ao persistir a resposta negativa, deve-se avançar com a cirurgia de acesso, até a trepanação ser obtida Þ Teste pulpar elétrico - Utiliza-se aparelho – pulp tester - Coadjuvante do teste térmico pelo frio Þ Utilização do Pulp Tester - Dispositivo que promoverá um estímulo às fibras nervosas do dente de forma delicada e gradual, podendo ser removido tão logo o paciente o perceba - Isolamento relativo ou absoluto e deve estar seco (a fim de evitar que a corrente elétrica seja transmitida aos dentes vizinhos) 1. Ponteira do eletrodo deve ser ligeiramente untada com creme de concentração salina (pasta dental), para otimizar a condução de corrente elétrica 2. Ponteira em contato com o dente, tocando área sadia do elemento dentário a ser testado 3. Com o contato, o aparelho inicia automaticamente a transmissão de corrente elétrica, aumentando pouco a pouco - Em dentes com polpa normal, a sensação indicada pelo paciente é discreta, suave e com formigamento, aumentando com a intensidade 4. Removido o eletrodo do dente, o aparelho apresentará um valor numérico em sua escala, que deve ser registrado (para estabelecer padrão para o paciente, dentes vizinhos e homólogos, que se saiba estarem sadios, devem ser igualmente testados - As respostas positivas serão consideradas normais dentro de uma escala fornecida pelo fabricante, conjugada com o padrão estabelecido para o paciente - Em caso de anormalidades das condições da polpa, as respostas podem ser com estímulos elétricos: abaixo do esperado (polpa hiperativa) ou acima deste (polpa hipoativa) ou obter resposta negativa, denotando necrose pulpar Testes para identificação de Fraturas • Em casos de dentes portadores de fraturas de coroa ou raiz – torna-se bastante difícil sua identificação clínica e radiográfica, e reprodução dos sintomas dolorosos que alegar ter sentido Þ Técnica da mordida - Manobra para morder o elemento suspeito de fratura sobre superfície dotada de flexibilidade (rolo de algodão, cotonete, palito de madeira ou sugador de plástico) - Ou superfícies mais rígidas (instrumentos metálicos) para reproduzir a posição em que a trinca existente fosse estimulada a se abrir, deflagração de dor de origem pulpar ou periodontal - Plásticos desenhados para este fim Þ Técnica de identificação de fraturas com o uso de corantes - Impregnar a região suspeita da localização da fratura com substância para evidenciar, podendo ser solução aquosa de azul de metileno de 1 a 2%, removendo o excesso com ácido fosfórico gel 1. Remoção de cárie ou restaurações antigas 2. Acesso direto a área suspeita de fratura (no assoalho – cirurgia de soalho) 3. Irrigação da cavidade pulpar com NaOCl 2 a 2,5%, secagem com algodão ou cones de papel 4. Aplicação da solução sobre a área suspeita 5. Remoção do excesso com gel ortofosfórico a 37% por segundos 6. Nova irrigação e secagem 7. Inspeção da fratura Microscopia operatória e diagnóstico • Emprego perpassa todas as fases do tratamento endodôntico - Melhor iluminação do campo operatório - Melhor resolução do objeto ampliado - Aumento maior e melhor comodidade visual que a proporciona por lupas - Posição ergométrica - Maior biossegurança - Facilidade de documentação visual - Menor desgaste - No diagnóstico: aumenta a possibilidade de identificação de circunstâncias que possam levar ao comprometimento pulpar, como infiltrações de restaurações, fraturas ou trincas - Durante a cirurgia de acesso: possibilita abertura coronária mais conservadora, com maior preservação de tecido sadio - Nas fases de instrumentação e obturação: ajuda na visualização dos canais antes, durante e após o preparo, desobstrução de canais, remoção de limas ou outros corpos estranhos e na inspeção microscópicas dos instrumentos endodônticos Transiluminação • Uso de aparelho dotado de fibra óptica para transiluminação • Emprego como método de diagnóstico • Método não invasivo e rápido 1. Aplicar feixe luminoso intenso no elemento dentário, a fim de poder diagnosticar, por translucidez do esmalte e da dentina, algumas alterações presentes: - Fraturas, perfurações, cáries interproximais, reabsorções coronárias e escurecimento da área correspondente à câmara pulpar nas necroses pulpares • Malefícios aos olhos na visualização direta da luz do fotopolimerizador Métodos fisiométricos de diagnóstico • Dificuldades de obtenção do diagnóstico pulpar – métodos para mensurar a circulação sanguínea na polpa, e não propriamente a resposta dolorosa Þ Oxímetro de pulso - Mensurar a saturação de oxigênio dos tecidos e a sua taxa de pulso Þ Fluxometria Laser Doppler - Método eletro-óptico, não invasivo e indolor que possibilita um registro semiquantitativo do fluxo sanguíneo - Para detectar a integridade vascular da polpa dental - Extremamente caro - Considerados ainda em fase preliminar e sem aplicações clínicas gerais Procedimentos Necessários para o Diagnóstico em Endodontia Coletar história médica e odontológica Tratamento recente e anterior, uso de medicamentos Queixa principal (se houver) Quanto tempo, sintomas, duração da dor, localização, quando iniciou, o que estimula ou alivia a dor, verificando se a dor é localizada ou dor referida (irradiada), uso de medicamentos Exame clínico Verificação da simetria facial, presença ou ausência de fístula, aspecto da mucosa e dos tecidos periodontais (sondagem e mobilidade), presença ou ausência de cáries, restaurações (defeituosas, recém-instaladas?) Testes clínicos: testes pulpares Frio, quente, teste pulpar elétrico Testes perirradiculares Percussão, palpação, teste de identificação de fraturas (dispositivo tooth slooth para identificação de fraturas) Análise radiográfica Exames periapicais recentes (ao menos duas radiografias), interproximais, tomografia computadoriza cone beam) Testes adicionais Transiluminação, anestesia seletiva, teste de cavidade Terminologia diagnóstica • Classificações e terminologias à diagnóstico – controvérsias e discussões • Construção e adoção de um sistema de classificação fundamentado em evidências e no consenso para o diagnóstico • Padronizada em termos diagnóstico principais, com critérios radiográficos, resultados objetivos de testes e critérios clínicos necessários para validar o diagnóstico Nomenclatura diagnóstica recomendada pela AAE/ABE (2013) Diagnóstico pulpar: - Polpa normal - Pulpite reversível - Pulpite irreversível sintomática - Pulpite irreversível assintomática - Necrose pulpar - Previamente tratado - Terapia previamente iniciada Diagnóstico apical: - Tecidos apicais normais - Periodontite apical sintomática - Periodontite apical assintomática - Abscesso apical crônico - Abscesso apical agudo - Osteíte condensante • Periodontite apical à abrange não somente as lesões na região apical ou periapical, mas também as lesões inflamatórias de origem endodôntica que afetam a porção lateral da raiz ou a área de furca Diagnóstico pulpar Polpa normal • Livrede sinais e sintomas, responde positivamente aos testes pulpares térmicos e elétrico, reagindo a estímulos com resposta dolorosa de intensidade compatível com a excitação • Não chega a um diagnóstico provável sem antes comparar com o dente analisado com os vizinhos e dente homólogo • Exame radiográfico periapical em dentes com polpa sabia apresenta integridade da lâmina dura e espaço periodontal de espessura semelhante ao longo de toda a região perirradicular (achado radiográfico isolado se demonstra não confiável como parâmetro de integridade da polpa) • TC à tem sido capaz de detectar alterações perirradiculares antes que o periapical Pulpite reversível • Sintomatologia à provocada de resposta um pouco mais intensa que na polpa normal • Deve levar a acreditar que a inflamação pulpar regredirá após ter sido instituída a terapêutica • O desconforto pulpar é experimentado quando um estímulo (frio ou doce) é aplicado, havendo dor brusca, que desaparece em segundos após a remoção do estímulo • Dor provocada e nunca espontânea • Situações frequentes: dentina exposta (sensibilidade dentinária), cárie ou restaurações profundas • Radiografia periapical à em tudo semelhante à de um elemento dental com polpa normal • Frequentemente não necessita de medicação analgésica • Tratamento de abordagem dentística, com remoção de tecido cariado e restauração apropriada, leva a remissão dos sintomas evidenciados Pulpite irreversível sintomática • Diagnóstico baseado em achados subjetivos e objetivos de que a polpa inflamada é incapaz de se recuperar e retornar higidez após remoção dos fatores, que levaram a esta condição inflamatória à indicação de tratamento endodôntico: pulpectomia ou pulpotomia • Dor aguda após estímulo térmico (demora a cessar após a remoção do estímulo, 30 segundos ou mais), dor espontânea (não provocada) e dor irradiada (dor referida ou dor reflexiva) • Pode relatar aumento de dor com aplicação de frio e alívio quando entra em contato com substância quente, ás vezes é o contrário – ambas caracterizam a necessidade de uma intervenção com remoção total ou parcial da polpa (pulpectomia ou pulpotomia) • Pode ser paroxística – dor excruciante considerada mais intensa no curso da inflamação pulpar • Pode relatar dor em determinadas mudanças posturais • O uso de analgésico e/ou anti-inflamatório costuma não surtir o efeito desejado • A resposta à palpação apical e percussão vertical pode ser negativa ou positiva • O aspecto radiográfico pode se apresentar normal ou com ligeiro espessamento do espaço periodontal Pulpite irreversível assintomática • Diagnóstico clínico baseado em respostas aos exames subjetivo e objetivo, que indicam que a polpa está inflamada e incapaz de retornar a normalidade • Muitas vezes não há queixa clínica dolorosa • Costumam responder normalmente ou de forma bastante moderada aos testes térmicos, podendo ter sofrido agressão ou cárie profunda, cuja remoção pode levar à exposição da polpa • Quando existente, a dor costuma ser intermitente, sobretudo por compressão • Ex.: pólipo pulpar • Analgésicos e anti-inflamatórios têm eficácia no alívio de desconforto Necrose pulpar • Diagnóstico clínico que indica a necrose da polpa dental à tratamento endodôntico • Necrose do tecido pulpar à associada à presença de microrganismos, mesmo nos casos em que a causa da necrose teve origem em fatores não microbianos (traumatismo dental) • Em resposta à agressão e à necrose, o organismo desencadeia processos inflamatórios agudos ou crônico de defesa na região perirradicular à podendo formar cistos e granulomas perirradiculares e eventualmente, coleções purulentas (abscessos) • Clinicamente é possível diagnosticar a necrose pulpar, os quadros de periodontite apical e de abscessos agudos ou crônicos, mas o diagnóstico diferencial entre cistos e granulomas perirradiculares só acontecerá mediante análise histopatológica • Aspecto radiográfico à situações em que ainda existirão os padrões de normalidade, passando por quadros de espessamento do espaço do ligamento periodontal, podendo identificar as lesões perirradiculares • Alguns dentes podem não responder aos testes pulpares, pelo o canal estar calcificado, por ter sofrido lesão traumática recente ou não ter tido resposta positiva • Testes devem ser aplicados de forma comparativa, fazendo nos dentes vizinhos e homólogos, estabelecendo um parâmetro ao paciente Previamente tratado • Um dente previamente tratado é o diagnóstico clínico que indica que recebeu tratamento endodôntico e os canais foram obturados com material definitivo, e não somente preenchidos com medicação intracanal • Elementos dentários não respondem aos testes térmicos ou elétricos • Exame radiográfico elucida o diagnóstico, pela presença do material radiopaco preenchendo os canais radiculares, mas deve-se assegurar de que não seja medicação intracanal (material dotado de radiopacidade) Terapia previamente iniciada • Diagnóstico clínico no qual a polpa dental recebeu somente terapêutica endodôntica parcial (como pulpotomia ou pulpectomia) • Dependendo do estágio do tratamento, os dentes podem ou não responder aos testes pulpares Diagnóstico apical (ou perirradicular) Tecidos apicais (perirradiculares) normais • Tecidos apicais normais não apresentam resposta dolorosa ao teste de percussão e palpação • Radiograficamente a lâmina encontra-se intacta, bem como o espaço periodontal está uniforme • Testes pulpares, o exame de palpação e percussão deve ser comparativo, iniciando-se por dentes cuja resposta se espera normal Periodontites apicais (lesões perirradiculares) • Processos inflamatórios reversíveis, que podem ocorrer tanto em dentes portadores de polpa viva inflamada quanto em elementos dentários com polpa necrosada, tendo várias e distintas causas Periodontite apical (lesão perirradicular sintomática) • Inflamação do periodonto apical, em que ocorrem sintomas clínicos de dor à mordida e/ou percussão e palpação apical • Pode estar ou não acompanhada de alteração radiográfico, dependo do estágio da doença, haverá ou não espessamento do espaço periodontal ou radiolucidez perirradicular apical Bianca Martinelli Bianca Martinelli • Resposta severamente dolorosa à percussão/palpação – indicativa de processo degenerativo pulpar à tratamento endodôntico • Quando acompanhada de necrose pulpar, as respostas aos testes pelo frio, quente e elétrico são negativas, a dor à percussão vertical e palpação apical e percussão resulta em dente muito sensível • Radiografia à discreto espessamento do espaço periodontal e a tentativa de aliviar a dor com medicação sistêmica pode não surtir efeito • Há casos em que ocorrem periodontites apicais sintomáticas em dentes com polpa viva à restaurações com sobrecontornos oclusais, pontos de contato oclusais prematuras, más oclusões e forças ortodônticas excessivas podem desencadear o aparecimento, mesmo com vitalidade e higidez pulpar (remoção dos fatores desencadeadores – remissão total do quadro) • Sobreinstrumentação de canais além da região foraminal, a extrusão de debris, restos necróticos e microrganismos, além da injeção incidental, via forame, de substâncias químicas irritantes, são fatores que podem levar ao aparecimento do quadro de periodontite apical sintomática • A dor tem sido referida como latejante e martelante • Sinal característico e patognomônico é a sensação de “dente crescido”, o ligamento periodontal inflamado leva a uma discreta extrusão do elemento, produzindo desconforto (mal consegue tocar o antagônico) Periodontite apical (lesão perirradicular) assintomática • Consiste na inflamação e na destruição do periodonto apical de origem pulpar, nestes casos, não há dor ou é muito discreta • Está relacionado com dentes portadores de necrose pulpar, os testes pulpares apresentam resposta negativa, bem como nãohá desconforto importante como resposta à palpação e percussão • Radiograficamente à radiolucidez apical Abscessos apicais (perirradiculares) • Abscessos são cavidades circundadas por paredes de tecido fibrótico ou de granulação, que contêm pus em seu interior • Podem ocorrer na região apical, como consequência da morte das células de defesa no combate à infecção perirradicular preexistente à abscessos apicais (abscessos perirradiculares, periapicais ou abscessos dentoalveolares) • Podem ser divididos em crônicos e agudos ou em assintomáticos e sintomáticos (diferentes classificações por diferentes autores) • Aspecto radiográfico à depende do tempo de evolução do caso, podendo apresentar espessamento do espaço periodontal e/ou imagem Bianca Martinelli perirradicular difusa, mal-definida, neste caso com perda da continuidade da lâmina dura • Pode ocorrer também o aspecto radiográfico da lesão crônica original, com ou sem radiolucidez difusa associada Abscesso apical (perirradicular) crônico • Processo inflamatório em que a formação de pus se dá lentamente, sem desconforto importante para o paciente • Pode ser acompanhado de fístula, sinal patognomônico • O trajeto da fístula pode ser rastreado radiograficamente à fistulografia Fistulografia (rastreamento radiográfico de fístulas) • Quando apresenta uma fístula cuja origem precisa ser esclarecida, pode- se introduzir um cone de guta-percha delicadamente através do trajeto fistuloso, desde sua saída (parúlide) até o ponto em que encontre resistência • Radiografia então, é realizada e o dente responsável detectado, identificando a sua casa Abscesso apical (perirradicular) agudo • Costumam ser bastante sensíveis às manobras de percussão, palpação e pressão sobre o dente, estando sempre associados à presença de polpa necrótica e infectada, na qual não responde mais a quaisquer testes térmicos pulpares • Quadro costuma ser doloroso, pela pressão do pus e tumefação dos tecidos moles, frequentemente acompanhadas por manifestações sistêmicas (prostração, febre, enfartamento ganglionar, podendo haver trismo) • O inchaço existente pode ser intra e/ou extrabucal e a infecção poderá progredir para a cortical ou espaços medulares do osso – caracteriza a osteomielite – ou de difundir pelos tecidos moles como celulite • Duas formas consideradas perigosas: angina de Ludwig e a trombose do seio cavernoso Osteíte condensante • Também chamada de osteomielite esclerosante focal, osteomielite crônica esclerose focal ou osteíte esclerosante à é o crescimento patológico dos ossos maxilomandibulares acompanhado de sintomas clínicos discretos • Endodonticamente se traduz como resposta dos tecidos ósseos perirradiculares a uma agressão de baixo estímulo inflamatório ou microbiano, ambos com origem na polpa dental, caracterizada por crescimento ósseo periódico • Clinicamente, as áreas de esclerose óssea aparecem associadas a ápices de dentes com pulpite e grandes lesões cariosas, restaurações coronárias profundas, em dentes portadores de necrose pulpar e em casos de tratamento endodôntico inapropriado • Encontrada frequentemente em crianças e adultos jovens, podendo acometer idosos, a maioria envolve pré-molares e molares inferiores inflamados ou necrosados • Aspecto radiográfico à massa densa e uniforme e vaga transição para o osso circunjacente, combinada com perda apical da lâmina dura e ampliação do espaço do ligamento periodontal ou ainda como uma lesão difusa apical radiopaca • Não apresenta margem radiolúcida, como na displasia cemento-óssea focal e também não se verifica uma radiopacidade separada do ápice, como na esclerose óssea idiopática, ambas sem etiologia endodôntica Þ Aspectos clínicos relevantes • Queixa principal • Dor – principal sintoma associado à doença pulpar e perirradicular • A história da doença atual confunde-se com a própria análise das características semiológicas da dor, a saber: tempo de evolução, frequência, duração, intensidade, localização, fatores que exacerbam e fatores que amenizam • O histórico de intervenções passadas pode também ser determinante para o esclarecimento da origem da dor - Doença pulpar inflamatória à em geral, é assintomática, seu diagnóstico, na maioria das vezes, é realizado por achados em exames de rotina à cavidades de cárie interproximais, cáries sob restaurações e lesões ósseas no periápice dental passam frequentemente despercebidas - Divide-se a inflamação da polpa dental à reversível e irreversível (comportamento clínico da doença) • Padrão de manifestação que diferencia a dor que tem origem em dente vital daquela do dente despolpado • O entendimento das manifestações dolorosas básicas à desconfiar de sintomatologia incomum e ter diagnóstico diferencial com afecções de origem diversa (dente e/ou ossos maxilares) Þ Tempo de evolução • A dor da polpa viva pode evoluir de semanas ou meses, com episódios que vão desde a resposta fugaz às mudanças de temperatura, à dor contínua, espontânea e intensa • A tendência dos episódios de dor provocada, quando a doença é deixada ao próprio curso, é progredir para surtos que se prolongam após a remoção do estímulo e tornam-se menos espaçados, com clara redução no limiar da dor • Relatos de exacerbação com remissão espontânea da sensibilidade dolorosa, em resposta a equilíbrio de: • O desequilíbrio definitivo, em favor da microbiota, determinará alteração inflamatória aguda, a dor então, será de curso rápido passando de desconforto à dor espontânea em horas Þ Frequência • Dor intermitente é característica de dentes com polpa viva • A alternância entre dor e acalmia coincide com o comprometimento progressivo da polpa, até que a extensão do processo determine dor intensa ou contínua • A dor da lesão perirradicular aguda, causada por trauma de manipulação endodôntica e/ou pela capacidade de agressão da flora bacteriana, manifesta-se de forma contínua Þ Duração • Nos dentes vitais, a dor pode estender-se desde apenas alguns segundos após a remoção do estímulo até longos períodos de dor para usar analgésicos • Nas lesões perirradiculares, a dor permanecerá por algumas horas, quando a origem é trauma da manipulação endodôntica até que cronifique, quando a origem for infecciosa • Dor espontânea que se estende após segunda dose de analgésico comum é, quase sempre, de origem infecciosa Þ Intensidade • A intensidade da dor relatada deve ser analisada com prodência • Um indicador palpável de referência seria a necessidade e frequência da ingestão de analgésicos • Dores leves não mereceriam o uso de analgésicos e dores intensas não cederiam ao uso de analgésicos comuns • Dores intensas em polpa viva ou em dentes despolpados são agentes facilitadores do diagnósticos, pois são de fácil localização Þ Localização • A dor da polpa viva, especialmente nos estágios iniciais do processo inflamatório, apresenta-se difusa • A sensibilidade térmica, especialmente pelo frio, só se justifica pela presença da polpa vida, o que descarta a participação de dente despolpado • O processo inflamatório, ao se estender ao periápice, acomete fibras proprioceptivas do ligamento periodontal, tomando a dor localizada • Dor irradiada é característica de dente com polpa viva • Se presente, a dor associada a um dente despolpado geralmente é provocada ou exacerbada por estímulo mecânico Þ Fatores que exacerbam • Agentes térmicos, especialmente o frio, podem exacerbar o desconforto em dentes vitais • Não raramente, pela presença de dentina exposta ou restaurações defeituosas, tornam-se sensíveis ao consumo de alimentos doces ou ácidos • Dentes despolpados apresentam desconforto pela mastigação, pelo toque e compressão, quando terminações nervosas contidas no ligamento periodontal edemaciada são estimuladas Þ Fatores que amenizam • As mesmas variações térmicas responsáveispela exacerbação da dor em polpa viva podem amenizá-la • Dentes despolpados, nos estágios iniciais do comprometimento perirradicular, poderão ter o desconforto amenizado pelo ajuste oclusal ou pela retirada de função • Lesão perirradicular, aguda de natureza infecciosa, estas medidas serão paliativas e somente o uso de analgésicos potentes ou a cronificação do processo serão capazes de mitigar a dor Þ Considerações complementares • O diagnóstico pode ser complicado quando tiver padrão pouco usual da dor, quando a sintomatologia incide de forma espaçada ou quando as informações são conflituosas • Prescrição de analgésicos, com o adiantamento da abertura do dente suspeito – propicia o surgimento de sintomas mais claros, característicos das etapas evoluída do doença pulpar • Erro mais comum cometido nessas circunstâncias à bloqueio anestésico da área suspeita à dentes anestesiados não mais responderão aos exames complementares, ficando o diagnóstico inviabilizado • A anestesia só deve ser aplicada após o fechamento do diagnóstico ou, como último recurso do próprio diagnóstico Aspectos radiográficos de interesse endodôntico • Endodontia à forte dependência das radiografias • Associadas à anamnese e ao exame clínico para a elaboração do diagnóstico e tratamento, devem permitir uma interpretação criteriosa • Radiografia periapical à deve ter contraste, sem distorção (ou mínima), bem definida no que diz respeito à forma e dimensões das estruturas radiográficas: áreas alveolares e adjacentes, coroas e raízes, áreas próximas aos ápices radiculares • Radiografia interproximal à precisa apresentar ausência de sobreposições, face proximal dos dentes • Quanto aos avanços tecnológicos na Radiologia, novas ferramentas e abordagens surgiram e requerem treinamento especial e experiência Variação angular • Ausência da noção de profundidade na radiografia à princípio do deslocamento de imagens • Radiografia à bidimensional • Exercício clínico à obter informação tridimensional para localização espacial • Elucidação de problemas – novas radiografias com variações de angulação do cilindro posicionador, que podem ser horizontais ou verticais • O deslocamento cone-imagem revela a terceira dimensão • Radiografias ortorradiais à apresentam as imagens mais nítidas • A variação angular horizontal e vertical pode trazer inconveniências: perda de nitidez, deformação das raízes, dificuldades na visualização do limite apical, na distinção do radiopaco e radiolúcido, aumento e diminuição ou eliminação da área radiolúcida (deve utilizar a menor variação angular possível) • Por meio da técnica de deslocamento cone-imagem, ocorre a separação e a identificação das estruturas linguais e vestibulares Þ Angulação horizontal • Variação de direção dos feixes de raio x, em um plano horizontal • Quando o cabeçote do aparelho se movimenta para a direta ou para a esquerda na direção horizontal Þ Angulação vertical • Variação de direção dos feixes de raio x, num plano vertical • Cabeçote movimenta-se de cima para baixo ou vice-versa • Técnica de Clark à fácil execução – regra do objeto vestibular (Buccal Object Rule) • Quando uma radiografia é executada em determinado ângulo, o objeto mais afastado do cilindro posicionador (objeto lingual) desloca-se no sentido do deslocamento do cilindro posicionador • O objeto mais próximo do cilindro posicionador, mais afastado do filme, desloca-se mais, enquanto o objeto mais distante do cilindro posicionador, ou mais próximo do filme, desloca-se menos Técnica Triangular de Rastreamento • A localização de reabsorções dentárias, perfurações e curvaturas radiculares são possíveis mediante três tomadas radiográficas que serão analisadas em conjunto: uma radiografia periapical ortorradial, outra com dissociação mesial e outra distal – interpretação dessas três imagens com o auxílio de um gráfico Técnica da Bissetriz • Necessidade de diversas tomadas radiográficas durante o tratamento – técnica da bissetriz • Consiste em dirigir o feixe de raio x para a área apical de modo que o raio central se desloque perpendicularmente à bissetriz do ângulo formado pelos planos do filme e do dente Técnica do Paralelismo • Manutenção do filme paralelo ao plano do dente, fornecendo uma imagem praticamente sem distorções no que concerne à forma e ao tamanho • Exige o uso de suportes posicionadores do filme e maior tempo de exposição por causa do aumento da distância focal em torno de 40cm ® Radiografia interproximal ® Radiografia panorâmica Radiografia como recurso auxiliar • Patologia pulpar e perirradicular à os achados radiográficos associado às informações obtidas no exame de inspeção, testes pulpares e perirradiculares e a associação com sinais e sintomas presentes • Radiografia à restaurações extensas e/ou lesões cariosas, geralmente sugerindo exposição pulpar • Se a causa de necrose pulpar for traumática, a coroa dentária pode apresentar-se hígida ou com restaurações pequenas • Rarefações de origem endodôntica: área radiolúcida permanece junto ao ápice do dente, quando se faz variação no ângulo horizontal, e o dente se apresenta sem vitalidade pulpar • Cicatriz apical à radiolucidez, resultado da cura de lesão perirradicular de origem endodôntica ou de cirurgia parendodôntica, cuja área não sofreu remineralização completa por causa das destruições das tábuas ósseas vestibular e palatina, ficando o preenchimento por conta do tecido conjuntivo fibroso • Lesões radiolúcida à de origem não endodôntica são numerosas, porém não frequentes • O teste de vitalidade possibilita a diferenciação fundamental, já que as lesões de origem não endodônticas estão associadas a dentes com vitalidade • Áreas radiopacas de origem endodôntica são representadas pela osteíte condensante (osteomielite esclerosante crônica focal) – lesão com imagem radiopaca difusa • Radiografias à avaliar as dificuldades e orientar o tratamento Etapa pré-operatória • As imagens radiográficas à observação e identificação de imagens radiolúcida compatíveis com lesão de cárie, presença de materiais restauradores, forradores e retentores intrarradiculares • Auxiliar na identificação da presença de material obturador que esteja preenchendo total ou parcialmente o espaço do canal • Analisar a cavidade pulpar e detectar alterações de forma, posição e dimensões (podem existir anomalias de desenvolvimento) • Preparar o profissional para dificuldades técnicas (acesso coronário, anatomia do canal, presença de obstáculos no canal e na câmara pulpar, comprimento das raízes, e as curvaturas • Imagem de um dente que apresenta a radiolucidez do canal interrompida pode significar provavelmente a presença de mais de um canal Etapa operatória • Método de Ingle • Aplicação da técnica triangular de rastreamento – para localizar canais, investigar a ocorrência de acidentes (degraus, fratura de instrumentos, perfurações) • Radiografia à avaliar o preenchimento do canal radicular por pasta medicamentosa durante o preparo químico-mecânico (radiopaco), seleção do cone para a obturação, verificar a qualidade da obturação (complementar outra radiografia angulada para separar canais sobrepostos) Etapa pós-operatória • Concluída a intervenção endodôntica, o êxito da terapia endodôntica precisa ser analisado clínica e radiograficamente durante um longo pós- operatório (varia de 6 meses a 10 anos) • Padronização para comparação das imagens em diferentes momentos (posicionadores) • Radiografias periapicais
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