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Controle de Constitucionalidade Preventivo
O controle preventivo é o controle realizado durante o processo legislativo de formação do ato normativo. 
No momento de um projeto de lei a ser apresentado, a quem der o início do processo legislativo, deve verificar a regularidade material do aludido projeto de lei.
O controle preventivo também é exercido pelos poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário.
Para que uma norma ingresse num determinado ordenamento jurídico é necessária a observância de procedimentos previstos na Constituição de cada país. Em tais procedimentos aparecem as hipóteses de controle preventivo de constitucionalidade que visa evitar que normas inconstitucionais ingressem no ordenamento jurídico exercidas, no Brasil, pelas comissões de constituição e justiça dos poderes legislativos e pelo veto jurídico. Em Portugal esse controle preventivo é exercido pelo Tribunal Constitucional, o mais alto Tribunal de fiscalização constitucional do país.
No Brasil, como mencionado, o controle preventivo de constitucionalidade é exercido no Poder Legislativo através da comissão permanente de constituição e justiça, cuja principal atribuição é a análise de compatibilidade do projeto de lei ou proposta de emenda constitucional com o texto constitucional[16]. A comissão de constituição e justiça é comissão integrante em todas os níveis do Poder Legislativo brasileiro, ou seja, a nível federal, estadual e municipal e visa, substancialmente, que todo projeto de lei ou ato normativo tenha sua constitucionalidade analisada antes de ser votado em plenário.
Há, ainda, a possibilidade de controle preventivo através de veto jurídico, mecanismo através do qual o Chefe do Poder Executivo pode vetar projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo por entender que o projeto é inconstitucional. Em sede constitucional o veto jurídico encontra respaldo no parágrafo primeiro do artigo 66 da Constituição brasileira que dispõe que “se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto”.
Em Portugal o controle preventivo é expressamente previsto no artigo 278.º e, em suma, depois de admitido o pedido de análise ao Tribunal Constitucional este notifica o órgão responsável para que se manifeste sobre o pedido e, em seguida, o Tribunal Constitucional tem prazo de 25 dias para se pronunciar sobre o pedido, prazo esse que posse ser diminuído em caso de urgência por parte da presidência da República.
Controle de Constitucionalidade Repressivo
O Controle de Constitucionalidade Repressivo ou Posterior será realizado sobre a lei, e não sobre o projeto de lei.
Os órgãos de controle irão verificar se a lei, ou ato normativo, possuem um vício formal produzido durante o processo de sua formação, ou se possuem um vício em seu conteúdo, qual seja um vício material.
Estes órgãos de controle poderão exercer os seguintes sistemas de controles, conforme adotado pelo Estado: a) político; b) jurisdicional; c) híbrido.
Sistema de Controle Político – é exercido por um órgão distinto dos três poderes, órgão garantidor da supremacia da Constituição. Temos como exemplo as Cortes e Tribunais Constitucionais na Europa.
Sistema de Controle Jurisdicional – Este sistema é realizado pelo Poder Judiciário, tanto através de um órgão único, como qualquer juiz ou tribunal, o que em nosso ordenamento jurídico pode ser exercido por esses dois sistemas.
Sistema de Controle Híbrido – As normas podem ser levadas a um único órgão distinto dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), enquanto outras são apreciadas pelo Poder Judiciário.
Bases: artigos 102 e 103 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e os citados no texto.
O controle repressivo de constitucionalidade tanto no Brasil como em Portugal é aquele exercido pelo Poder Judiciário, órgão responsável pela realização de controle de lei ou ato normativo já editados e que afrontam o texto constitucional para que sejam retirados do ordenamento jurídico.
No Brasil o controle repressivo judiciário é exercido de forma mista, ou seja, é exercido tanto de forma concentrada como de forma difusa. O artigo 102, I, a, da Constituição brasileira[17] prevê a competência do Supremo Tribunal Federal para processa e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual enquanto o artigo 97[18] prevê a possibilidade da efetivação do controle difuso aos Tribunais estaduais.
Em Portugal o controle repressivo é realizado pelo Tribunal Constitucional, competente para análise de matérias dessa natureza, e também admite o processamento de forma mista, ou seja, de forma concentrada e difusa, os quais passam a ser estudados.
Controle de Constitucionalidade Difuso
O sistema de controle difuso de constitucionalidade se diferencia do controle concentrado, basicamente, porque no sistema de controle difuso qualquer juiz pode declarar a inconstitucionalidade incidental de qualquer lei ou ato normativo do Poder Público, tendo efeito, tal decisão, somente inter partes[25].
Conforme destaca Calil Simão[26], “no controle difuso o reconhecimento da inconstitucionalidade de uma norma não a anula ou revoga, permanecendo, em tese, eficaz e aplicável aos demais casos (...) no controle difuso a constitucionalidade é analisada como questão prejudicial e não principal, o reconhecimento da constitucionalidade ou inconstitucionalidade de determinada lei não faz coisa julgada”.
A possibilidade de exercício do controle difuso de constitucionalidade no Brasil existe desde a Constituição Republicana de 1891 que destacava em seu artigo 59 que “das sentenças das justiças dos Estados em última instância haverá recurso para o Supremo Tribunal Federal quando se contestar a validade de leis ou actos de governos dos Estados em face da Constituição, ou de leis federaes, e a decisão do tribunal do Estado considerar validos esses actos, ou essas leis impugnadas”[34].
Assim, como ressaltou Rui Barbosa[35], a Constituição “obriga esse tribunal a negar validade às leis federaes, quando contrarias à Constituição, e as leis federaes são contrárias à Constituição, quando o Poder Legislativo, adoptando taes leis, não teve nos limites, em que a Constituição o autoriza a legislar, isto é, transpassou a competência, em que a Constituição o circunscreve”.
No Brasil, portanto, tal qual o modelo norte-americano, prevalece o sistema em que cabe à Suprema Corte a interpretação da Constituição da República e o controle difuso de constitucionalidade tornou-se efetivo no Brasil com a promulgação /da Lei Federal número 221 de 1984, que estabeleceu competência a juízes e tribunais para a apreciação de validade de leis e regulamentos e para que deixassem de aplicar normas que confrontassem a Constituição Federal[36].
Acerca da apreciação da fiscalização difusa de constitucionalidade pela Corte Constitucional, Calil Simão[37] anota que “o recurso extraordinário é um instrumento processual-constitucional que serve para levar à apreciação do órgão encarregado da defesa abstrata das normas constitucionais uma inconstitucionalidade suscitada por meio do controle difuso (CRF, art. 102, III[38]). Pode-se definir o recurso extraordinário como o instrumento processual-constitucional capaz de levar, no Brasil, ao Supremo Tribunal Federal, a apreciação incidental de uma inconstitucionalidade arguida na via ordinária, tendo como parâmetro a Constituição Federal”.
Ainda, é de se destacar que a Constituição de 1934 aperfeiçoou os mecanismos para efetividade do controle difuso, manifestando previsão da criação da cláusula de reserva de plenário e a intervenção do Senado Federal no procedimento do controle difuso, que permanecem hígidos na Constituição de 1988[39].
Necessário, portanto, o esclarecimento acerca da cláusula de reserva de plenário e o controledifuso de constitucionalidade realizado pelo Senado Federal.
O artigo 97[40] da Constituição vigente estabelece que “somente pelo voto da maioria de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”. Esse quórum qualificado para declaração de inconstitucionalidade de lei justifica-se no princípio de presunção de constitucionalidade de leis[41], no entanto o rigor do artigo 97 vem sendo mitigado ao longos dos anos, vindo o Supremo Tribunal Federal a admitir que haja a declaração de inconstitucionalidade de lei sem julgamento por voto de maioria.
A cláusula de reserva de plenário, no entanto, não impossibilita que o juiz monocrático declare a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, mas tão somente estabelece regras a serem observadas pelos tribunais para garantir segurança jurídica aos atos legislativos. Assim, a cláusula de reserva de plenário é de observância no âmbito dos tribunais, não se aplicando, evidentemente, ao juiz monocrático[42] ao qual permitido a análise de inconstitucionalidade incidental de lei ou ato normativo, no entanto, sua decisão fica limitada ao caso em concreto, deixando de abranger outras situações semelhantes, respeitadas as exceções legais, em que se aplica efeito vinculante da decisão do STF.
Nesse sentido, se pode citar casos de decisões de reconhecimento de inconstitucionalidade em ações Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade que, por maioria de 2/3 dos membros do Supremo Tribunal Federal terão seus efeitos modulados, estabelecendo-se ainda a declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade com eficácia contra rodos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal[43].
Ainda, nas hipóteses de declaração incidental de inconstitucionalidade de lei pelo Supremo Tribunal Federal, é possível que o órgão oficie o Senado Federal para que este, através de resolução suspenda a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional pela Corte Suprema, no entanto, o senado Federal não está obrigado a proceder com a elaboração de resolução, eis que se trata de ato discricionário do Poder Legislativo[44].
Sobre a força e efetividade do controle difuso de constitucionalidade brasileiro é interessante trazer à baila as consideração dos Ministros do STF Ives Gandra da Silva Martins e Gilmar Mendes[45] para quem “desde o advento da Emenda Constitucional n. 16, de 1965, que introduziu o controle abstrato de constitucionalidade, não se pode mais cogitar a existência de um típico modelo difuso de constitucionalidade entre nós. Daí ter Pontes de Miranda asseverado que ‘a solução só acidental, de origem americana, foi a que quiseram impor ao Brasil, mas acabou sendo repelida”.
Essa compreensão se dá tendo em vista a significativa ampliação dos legitimados do a propor ação direta de inconstitucionalidade na Constituição de 1988, previsto no artigo 103 da carta magna, ou seja, a amplitude faz com que praticamente todas as controvérsias constitucionais sejam apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal através do controle concentrado de constitucionalidade. Ao ampliar de forma significativa os legitimados a contestar a constitucionalidade de leis pelo controle concentrado de normas acabou-se por restringir de forma substancial a efetividade do controle difuso de constitucionalidade[46], não havendo que se falar, no entanto, em destruição do controle difuso, já que, nas palavras do Ministro Moreira Alves[47], quando de julgamento no Supremo Tribunal Federal destacou que “apesar da expansão dada ao controle concentrado (...) este [controle difuso], continua a ser regra, devendo haver convivência dos dois sistemas a integralidade das suas características”. 
Efeitos:
Conforme já destacado o sistema difuso tem como sua principal característica a existência de partes litigantes acerca de determinado objeto cuja declaração de inconstitucionalidade é sempre incidental e inter partes. Ainda, a retroatividade da decisão que declara a inconstitucionalidade de alguma lei ou ato normativo é tido como o único meio de se atender ao pedido do autor ou do réu.
Oswaldo Luiz Palu[56] traz, como exemplo, a seguinte situação: “Se as partes celebraram um contrato baseado em norma inconstitucional, ao depois levado à juízo, com pretensão anulatória, somente declarando a invalidade constitucional (inconstitucionalidade) da norma, incidentalmente, e fazendo retroagir os seus efeitos ao início da relação jurídica – nulidade da lei inconstitucional e de seus efeitos com eficácia retroativa – é, que se poderá atender ao pedido do autor, desconstituindo a relação jurídica subjacente. Não espanta que, nesse sistema, a nulidade tenha sempre caráter retroativo, o único meio de trazer efeitos para as partes”.
Portanto, a retroatividade da decisão de inconstitucionalidade no sistema difuso é característica marcante desse sistema, já que não se pode admitir a inconstitucionalidade de determinada lei sem que seja atingida a relação jurídica desde sua origem.
Há que se destacar que não há efeito retroativo no caso de o Senado Federal editar resolução erga omnes suspendendo a eficácia, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, caso existente no Brasil (art. 52, X da Constituição brasileira[57]).
Nesse sentido, o Supremo Federal Tribunal vem relativizando a eficácia inter partes da inconstitucionalidade havida pelo controle difuso, dando nova interpretação na qual dispõe que quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes tendo o STF apenas que comunicar ao Senado Federal com o objetivo de que a casa legislativa dê publicidade ao que foi decidido[58].
Em decisão do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade de n.º 3406/RJ e 3470/RJ de Relatoria da Ministra Rosa Weber, julgados em 29/11/2017, o Ministro Celso de Mello anotou, sobre uma possível releitura do artigo 52, X da Constituição Federal, já que “considerou se estar diante de verdadeira mutação constitucional que expande os poderes do STF em tema de jurisdição constitucional (...) o que se propõe é uma interpretação que confira ao Senado Federal a possibilidade de simplesmente, mediante publicação, divulgar a decisão do STF. Mas a eficácia vinculante resulta da decisão da Corte”.
Nesse julgamento a ministra Cármen Lúcia afirmou, na mesma linha, que “a Corte está caminhando para uma inovação da jurisprudência no sentido de não ser mais declarado inconstitucional cada ato normativo, mas a própria matéria que nele se contém”.
Muito embora a norma considerada inconstitucional deixe de ter aplicação no caso concreto não há que se falar em eliminação desta do ordenamento jurídico, o que redunda no fato de que a mesma norma declarada inconstitucional em determinado processo seja reconhecida como constitucional em outra análise judicial, ou seja, nesse sistema outras relações judiciais idênticas e findas não são atingidas pelo controle difuso incidental de constitucionalidade.
Resumo
Como vimos, o controle difuso de constitucionalidade é aquele que qualquer órgão do Poder Judiciário pode fazer, em casos concretos, como incidente de um processo. 
Objeto
Podem ser objeto do controle difuso de constitucionalidade as leis ou atos normativos federais, estaduais, distritais e municipais, após a Constituição Federal de 1988. 
Competência
Podem realizar o controle difuso de constitucionalidade todo e qualquer juiz ou tribunal. Assim, são competentes o juiz cível, o juiz criminal, o juiz trabalhista, eleitoral, etc., desde que seja juiz. 
Em relação aos tribunais, precisamos nos lembrar de que o STF (Supremo Tribunal de Federal) é também um tribunal, motivo pelo qual ele pode realizar esse tipo de controle. 
Legitimidade Ativa
Quem pode provocar a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo pela viadifusa? 
Para isso, olhemos para o processo, para o caso concreto: qualquer pessoa que compuser um dos polos da relação jurídica processual de forma legítima, ou seja, qualquer pessoa que puder ser parte, é também legítima para suscitar o controle difuso. 
Quórum
Quem declara a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo no âmbito difuso? 
Se estamos diante de um processo que tramita em primeira instância, quem decidirá sobre a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo será o próprio juiz da causa. 
Contudo, se estamos diante de um processo que está tramitando nos Tribunais, é preciso observar a cláusula de reserva de plenário, que consta do art. 97 da CF/88: 
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Por esse dispositivo, órgãos fracionários dos tribunais (câmaras, seções, turmas) não podem declarar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. 
Na prática, o que ocorre é que o órgão fracionário recebe o processo e, no caso de entender que a norma em debate é inconstitucional, ele deve remeter essa questão ao Plenário do tribunal, que é formado por todos os seus membros (desembargadores ou ministros), ou ao Órgão Especial, no caso de tribunais muito grandes que demandam esse tipo de organização.
Assim, é o Órgão Especial ou o Plenário que declarará, por sua maioria absoluta de membros, a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos no controle difuso de constitucionalidade relativo a processos que tramitam nos tribunais. 
Existem, contudo, duas situações excepcionais em que o órgão fracionário pode, sozinho, fazer essa declaração de inconstitucionalidade: 
· Quando o próprio tribunal já possuir um entendimento nesse sentido (ou seja, essa questão já foi debatida pelos membros do tribunal em momento anterior);
· Quando o STF já tiver um entendimento consolidado nesse sentido. 
Efeitos do controle difuso de constitucionalidade
O que ocorre depois que o juiz ou o tribunal declarou que a lei ou ato normativo em discussão é inconstitucional? Podemos destacar dois tipos de efeitos mais relevantes: temporais e subjetivos. 
Efeitos temporais
Em regra, o efeito da decisão que declara a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo é ex tunc, ou seja, é retroativo à data da edição do ato inconstitucional. Por exemplo, se uma lei de 2015 é julgada inconstitucional em 2020, os efeitos retroagem ao ano de 2015 e é como se ela fosse inconstitucional desde então. 
Contudo, há precedentes no sentido de permitir que o juiz ou o tribunal recorra à modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, que nada mais é do que optar pelo efeito ex nunc(“daqui para frente”, a contar da data da declaração) ou até mesmo pelo efeito pró-futuro, que analisaremos com mais calma nas próximas aulas. 
Efeitos subjetivos
Para quem vale essa declaração de inconstitucionalidade?
Em regra, essa decisão tem efeito inter partes, ou seja, a decisão vale apenas para as partes que compõem o processo. Como o controle difuso é exercido no âmbito de um caso concreto, essa declaração não produzirá efeitos para outras partes além daquelas que constem do feito. 
Se, eventualmente, João figura como parte em um processo e tem a seu favor declarada a inconstitucionalidade de uma norma que lhe cobra determinado imposto, isso não significa que seu vizinho, Paulo, estará desincumbido do dever de recolher aquele mesmo imposto, pois a decisão, a princípio, aplica-se apenas a João. 
Existe, contudo, a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal, ao declarar determinada norma inconstitucional, remeter ao Senado um ofício informando a situação. A partir de então, o Senado pode, nos termos do art. 52, X, da Constituição Federal, suspender a execução daquela norma em âmbito nacional, ocasião em que os efeitos passarão a ser erga omnes, ou seja, aplicáveis a todas as pessoas, indistintamente. 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
Controle de Constitucionalidade Concentrado
Acerca do controle concentrado de constitucionalidade Calil Simão[19] esclarece que “de origem austríaca o controle denominado concentrado recebe este nome por representar um controle reservado apenas a um órgão. Daí o termo concentração para representar essa situação de fato”.
 No controle concentrado (ou abstrato) a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em tese se dá independente da existência de caso concreto em análise e visa a invalidação de lei que contrarie o texto magno com o fim de garantir a segurança das relações jurídicas constitucionais. O objetivo, em síntese, é a retirada imediata da eficácia da norma que confronta com o texto magno.
O sistema de controle concentrado se dá por meio de ação de inconstitucionalidade que permite o controle da norma in abstracto. Nesse caso busca-se impugnar perante o tribunal competente uma lei que poderá perder sua validade constitucional e consequentemente ser anulada com efeito erga omnes[20].
Oswaldo Luiz Palu[21] esclarece que “no modo abstrato de controle de constitucionalidade temos o “processo objetivo”, assim chamado por oposição ao processo subjetivo, a tutelar este uma situação subjetiva, individual ou coletiva. O objeto do primeiro é a garantia da ordem jurídica, abstratamente considerada. E não a solução de controvérsias individuais e (ou coletivas). Quando se afirma tratar-se de processo objetivo se quer dizer aquele em que não afeta a interesses individuais ou coletivos específicos”.
O controle concentrado de constitucionalidade acaba por transformar, portanto, a corte suprema em legislador negativo, pois, como se destaca da decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro, em processo de relatoria do Ministro Celso de Mello quando do julgamento Recurso Especial de nº. 178/22-24[22], “a decisão emanada desta Corte - ao declarar, in abstracto, a ilegitimidade constitucional de lei ou ato normativo federal ou estadual - importa em eliminação dos atos estatais eivados de inconstitucionalidade, os quais vêm a ser excluídos, por efeito desse mesmo pronunciamento jurisdicional, do próprio sistema de direito positivo ao qual se achavam, até então, formalmente incorporados”.
No Brasil, portanto, o controle concentrado constitucionalidade nasceu através da Emenda Constitucional n.º 16, de 16 de dezembro de 1965, que delegou ao Supremo Tribunal Federal a competência para processar e julgar ações de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, contudo, somente era legitimado a propor tal ação o procurador geral da República (Art. 2.º, letra k, Emenda Constitucional n.º 16).
Posteriormente a Constituição de 1988 ampliou o rol de agentes e entidades legitimadas a propositura de ação direta de inconstitucionalidade, uma vez que era desaconselhável o monopólio da iniciativa de representação ao Procurador Geral da República que levava, muitas vezes, à não propositura de ação direta[23] passando o artigo 103 da Constituição a legitimar o Presidente da República, a mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa da Assembleia Legislativa, o Governador de Estado, o Procurador-Geral da República, o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, partidos políticos com representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidade de classe no âmbito nacional.
O artigo 97 da Constituição brasileira dispõe ainda que compete ao Supremo Tribunal Federal a declaração, por maioria absoluta de seus membros, de inconstitucionalidade de uma lei ou ato do Poder Público.
Em Portugal o controle concentrado de constitucionalidade é regrado pelo artigo 281.º da Constituição da República, que dispõe que a fiscalização abstrata de constitucionalidade deve ser apreciada pelo Tribunal Constitucional e declara, com força obrigatória geral, a inconstitucionalidadede quaisquer normas, a ilegalidade de normas constantes em atos legislativos com base em violação de lei, a ilegalidade de normas constante em diplomas regionais com base em violação do estatuto da região autônoma e, ainda, a ilegalidade de quaisquer normas constantes de diploma emanado dos órgãos de soberania com fundamento em violação dos direitos de uma região consagrados no seu estatuto.
A força do controle concentrado de constitucionalidade é ressaltada no número “1” do art. 281.º que, de forma similar ao sistema de controle brasileiro destaca que depois de apreciado e declarado o pedido de inconstitucionalidade de determinada norma, a eficácia de tal decisão se aplica de forma geral ao ordenamento jurídico português eliminando-se, por consequência, a norma inconstitucional do ordenamento.
Tamanha é a importância do controle concentrado que a Constituição Portuguesa limita os legitimados a propor o tipo de ação em seu artigo 281.º, ou seja, não é qualquer cidadão parte legítima a propor ação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, tal qual no Brasil e diferentemente da Alemanha, por exemplo, onde qualquer pessoa pode acionar a jurisdição constitucional em casos de lesão a direitos individuais[24].
Como já destacado o presente trabalho visa a análise mais aprofundada do controle de repressivo de constitucionalidade realizado pelo poder judiciário de forma difusa, pelo que os próximos capítulos se destinarão, portanto, ao tema, com sua abordagem histórica, a forma de exercício do controle difuso de constitucionalidade em Portugal e no Brasil bem como os efeitos dele decorrente.
Resumo:
Controle de constitucionalidade
Trataremos hoje das ações previstas pelo ordenamento jurídico brasileiro para promover o controle de constitucionalidade concentrado de normas de direito tributário.
Primeiramente, é importante ressaltar que as referidas ações são cabíveis tanto para tratar de matéria tributária quanto das demais matérias de direito previstas na Constituição. Por essa razão, acabaremos analisando majoritariamente normas e regras gerais de Direito Constitucional.
Controle de constitucionalidade é o nome que se dá a qualquer processo/mecanismo que vise a verificar a adequação de normas infraconstitucionais à Constituição de um país – que, no caso do Brasil, é a Constituição Federal de 1988. Deverá, em todo e qualquer caso, haver compatibilidade integral da norma infraconstitucional com a CF, tanto do ponto de vista formal (respeito ao processo de elaboração de normas previsto na CF), como material (observância unicamente de conteúdos permitidos ou não vedados pela CF).
Esse controle baseia-se na noção de que há uma hierarquia entre as normas internas de um país, de modo que as normas de hierarquia inferior devem se adequar às normas de hierarquia superior. O jurista austríaco HANS KELSEN, figura mais emblemática a tratar desse tema, esquematizou essa hierarquia de normas na figura de uma pirâmide, hoje chamada de Pirâmide de Kelsen.
"a Constituição é a norma fundamental do sistema jurídico, ocupando o ápice da pirâmide normativa, da qual todas as demais normas extraem o seu fundamento de validade" (KELSEN; 1962; p. 125).
A figura abaixo representa uma Pirâmide de Kelsen bastante simplificada e adaptada para a visualização da hierarquia de normas no caso do controle de constitucionalidade brasileiro:
Formas de controle de constitucionalidade
O controle de constitucionalidade – incluindo o das normas tributárias – poderá dar-se de duas formas:
· Preventivo: realizado durante o processo legislativo, de modo que, durante a elaboração do projeto da norma, já se verifica sua compatibilidade com a CF;
· Repressivo: realizado após a entrada em vigência da norma.
Neste caso, o órgão que possui poder de legislar falhou em sua tarefa de controle preventivo e, assim, deve um órgão com poder jurisdicional “consertar” tal deslize por meio do controle repressivo.
Vias de controle de constitucionalidade repressivo
O controle repressivo no Brasil é realizado exclusivamente pelos órgãos do Poder Judiciário, os quais poderão, por meio dele, declarar a inconstitucionalidade de leis e outros atos normativos. Esse controle repressivo é feito por duas vias:
· Via Concentrada (via de ação, direta ou incidental):
· Controle exercido somente pelo Supremo Tribunal Federal (STF);
· Julgamento de tipos de ação específicos previstos na CF (veremos adiante);
· Trata de casos abstratos (a ação é proposta unicamente para verificar a constitucionalidade geral da norma, não se visando à aplicação específica dela a um caso concreto);
· Efeito erga omnes (contra todos) e ex tunc (retroagem, produzindo efeitos desde o início de sua vigência).
· Via Difusa (via de exceção ou de defesa):
· Controle realizado por qualquer juiz ou tribunal (incluindo o STF), a depender das condições do caso concreto;
· Julgamento de qualquer tipo de ação;
· Trata de caso concreto, específico (a ação é proposta para discutir um direito em concreto e incidentalmente. Como argumento de direito, discute-se a constitucionalidade de norma);
· Efeitos inter partes (só para as partes do processo) e ex tunc (também retroagem, produzindo efeitos desde o início de sua vigência). [Excepcionalmente, há hipóteses em que o controle difuso poderá adquirir efeitos erga omnes (exemplo: inc. X do art. 52 da CF), mas não vamos nos debruçar sobre o tema agora].
Ações do controle de constitucionalidade concentrado
Falamos anteriormente que o controle de constitucionalidade concentrado só ocorre mediante certos tipos de ação previstos na CF. Temos, assim, quatro tipos de ação do controle concentrado de constitucionalidade: 
· ADI (ADIn): Ação Direta de Inconstitucionalidade;
· ADC (ADECON): Ação Declaratória de Constitucionalidade;
· ADO: Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão;
· ADPF: Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.
Hipóteses de cabimento/Momento processual
Vejamos quando as ações de controle de concentrado poderão ser propostas: 
· ADI: Diante de ato normativo já editado que viole a CF, para ver declarada sua inconstitucionalidade. Não pode ser intentada contra projeto de lei!
(Há um caso específico em que parlamentares podem entrar com Mandado de Segurança contra projeto de lei, mas esta é uma faculdade exclusiva do parlamentar);
· ADC: Diante de ato normativo já editado que inspira controvérsias sobre a constitucionalidade – e quer-se confirmar sua constitucionalidade;
· ADO: Diante de norma constitucional de eficácia limitada não regulamentada, ou seja, norma que, apesar de prevista na constituição, não tem eficácia enquanto não for devidamente regulamentada. Quer-se, nessa ação, ver determinada sua regulamentação pelo órgão responsável;
· ADPF: Diante de ato normativo já editado (mesmo que seja algum ato qualquer anterior à CF) que viole a Constituição, para ver declarada sua inconstitucionalidade, quando não couber mais nenhuma outra ação para resolver o caso (a ADPF é subsidiária, tem caráter residual).
Legitimidade ativa
Os legitimados para propor quaisquer das ações de controle concentrado de constitucionalidade são aqueles listados no art. 103 da CF:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:  
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
 ATENÇÃO: No caso dos incisos VIII e IX, é necessária a representação por advogado, por isso, é mais provável que sejam os mencionados em prova da OAB de segunda fase.
Pertinência temática
Embora sejam muitos os legitimados a propor tais ações, é necessário haver pertinência temática, ou seja, ligação entre a norma discutidae o âmbito de atuação/interesse do legitimado ativo.
Essa exigência é fruto da própria jurisprudência do STF, visando a criar um instituto similar ao “interesse de agir” do processo civil.
E, conforme esse requisito, temos dois tipos de legitimados:
·  Legitimados especiais: aqueles que precisam comprovar pertinência temática, os constantes dos incisos IV, V e IX do art. 103 da CF.
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Assim, se o sindicato das domésticas quisesse propor uma Ação de Controle Concentrado de Constitucionalidade, teria que provar a relação da atividade de seus membros com o tema discutido na ação - que provavelmente envolveria direitos trabalhistas aplicáveis.
· Legitimados universais: aqueles que não precisam comprovar pertinência temática, pois ela é presumida, constantes dos demais incisos da CF – I a III e VI a VIII.
 I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;