Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DISCIPLINA: DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL PROFESSORA: CRISTINA LOURENÇO ASSUNTO: CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I - CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL I – PECULATO 1. Bem jurídico: genérico - desenvolvimento regular da atividade do Estado; específico - bem patrimonial do Estado e do particular. 2. Sujeitos 2.1. Ativo: crime próprio que exige a presença do funcionário público ou das pessoas a ele equiparadas * Poderá haver concurso de pessoas, desde que o terceiro conheça da circunstância. * Os prefeitos municipais quando praticam apropriação ou desvio de bens ou rendas públicas devem ser enquadrados no Decreto-Lei 201/67, art. 1§, I. 2.2. Passivo: Estado e eventualmente o particular 3. Elementos objetivos 3.1 Condutas proibidas: a) Peculato próprio (peculato-apropriação ou peculato-desvio): apropriar-se ou desviar b) Peculato impróprio ou peculato-furto: subtrair ou concorrer para a subtração 3.2. Objeto material: dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel. * No caso de bem fungível mesmo que devolvido, configura o crime de peculato. * No caso de bem infungível, se o agente devolve o bem no mesmo estado e local o fato é atípico. 4. Elemento subjetivo: dolo * No caso de peculato próprio e impróprio ainda exige o tipo, o especial fim de agir “em proveito próprio ou alheio”. * No caso de Peculato-desvio, se o desvio for em proveito da própria Administração Pública configura-se o crime de Emprego irregular de verbas ou rendas públicas – art. 315 CP 5. Consumação e Tentativa * No peculato próprio, na modalidade peculato-apropriação o crime é material, ou seja, assim como no crime de apropriação indébita o crime consuma-se quando o agente pratica uma conduta que enseja a inversão da posse. * Na modalidade peculato-desvio o crime se consuma no momento em que o funcionário dá destinação diversa ao bem não sendo necessário que obtenha o proveito visado. * Para BITENCOURT não é necessário que ocorra um dano patrimonial à administração pública. Já REGIS PRADO não desvincula a prática de peculato da corresponde leão patrimonial. * A tentativa é admissível 6. Formas 6.1. Peculato-apropriação: 1ª parte do art. 312 – peculato próprio 6.2. Peculato-desvio: 2ª parte do art. 312 – peculato próprio 6.3. Peculato-furto: § 1º do art. 312 – peculato impróprio * O agente deve saber que a condição de funcionário público lhe facilita a subtração 6.4 Peculato culposo: § 2º do art. 312 * O funcionário concorre para a prática de crime de outra pessoa que pode ser um particular ou outro funcionário público, mas concorre culposamente enquanto que a conduta do terceiro é dolosa. Não há concurso de pessoas * Deve haver um nexo entre o crime praticado pelo terceiro e a conduta culposa do funcionário público. Assim como deve haver consumação do crime do terceiro para que o funcionário possa responder pelo peculato culposo(Para REGIS PRADO mesmo que não ocorra a consumação do crime pelo terceiro subsiste o peculato culposo por parte do funcionário público). 7. Reparação do dano 7.1. Peculato doloso * Antes do recebimento da denúncia – art. 16 do CP * Após o recebimento da denúncia e antes da sentença – art. 65, III, b do CP * Após a sentença, em sede de recurso – art. 66 do CP 7.2. Peculato culposo - § 3º * Antes da sentença transitada em julgado – extinção da punibilidade se a reparação do dano for completa * Se depois da sentença transitada em julgado – redução de metade da pena imposta 8. Causa de aumento de pena * Art. 327, § 2º do CP – incide tanto no peculato doloso quanto no culposo. 9. Ação Penal: Pública Incondicionada II – PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado, bem patrimonial do Estado e do particular 2. Sujeitos 2.1. Ativo: crime próprio que exige a presença do funcionário público. Pode haver concurso de pessoas, na forma de participação. 2.2. Passivo: Estado e eventualmente o terceiro que sofre a lesão patrimonial 3. Elementos objetivos: 3.1. Conduta proibida: Apropriar-se 3.2. Modus operandi: mediante erro de outrem * O agente não induz a vítima em erro, ele se aproveita do erro em que a vítima se encontra para poder apropriar-se do bem * Se o agente induz a vítima a erro o crime deve ser o de estelionato * Se o agente exige a entrega da coisa o crime deve ser o de concussão(art. 316 CP) * O erro pode ser sobre: a coisa, a obrigação ou sobre a pessoa a quem se faz à entrega. 3.3. Objeto material: dinheiro ou qualquer utilidade (coisa móvel com valor patrimonial) 4. Elemento normativo: “no exercício do cargo” 5. Elemento subjetivo: dolo 6. Consumação e Tentativa * Crime material consumando-se no momento da apropriação do bem e não do recebimento deste * Tentativa é possível 7. Causa de aumento de pena: Art. 327, § 2º do CP 8. Ação Penal: Pública Incondicionada III – INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO 1. Bem jurídico: segurança do sistema de informação da Administração Pública 2. Sujeitos 2.1. Ativo: funcionário autorizado * Se o funcionário não é autorizado, o crime é de prevaricação (art. 319 CP) * Poderá haver concurso de pessoas, tanto na forma de co-autoria como de participação. 2.2. Passivo: Estado e qualquer particular que venha a sofrer dano em razão da conduta do funcionário autorizado 3. Elementos objetivos 3.1. Condutas proibidas: Inserir, facilitar, alterar ou excluir. 3.2. Objeto material: dados que constem no sistema ou banco de dados da Administração Pública 4. Elemento subjetivo: dolo + fim especial de agir (obter vantagem indevida para si ou para outrem ou causar dano) 5. Consumação e tentativa * Crime formal * Possibilidade da tentativa 6. Causa de aumento: Art. 327, § 2º do CP. 7. Ação Penal: Pública Incondicionada IV – MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO 1. Bem jurídico: segurança do sistema de informação e programas de informática da Administração Pública. 2. Sujeitos 2.1. Ativo: diferente do crime anterior pode ser qualquer funcionário público * Poderá haver concurso de pessoas, tanto na forma de co-autoria como de participação. 2.2. Passivo: Estado e qualquer particular que venha a sofrer dano em razão da conduta do funcionário. 3. Elementos objetivos 3.1. Condutas proibidas: Modificar ou alterar 3.2. Objeto material: o sistema ou o programa de informática em si, e não as informações neles contidas. 4. Elemento normativo: sem autorização ou solicitação da autoridade competente. 5. Elemento subjetivo: dolo 6. Consumação e tentativa: Crime formal * Com a modificação ou alteração do sistema ou do programa de informática * Tentativa possível 7. Causa de aumento: 7.1. Quando da ocorrência de qualquer dano para a administração pública ou particular 7.2. Art. 327, § 2º CP. 8. Ação Penal: Pública Incondicionada V – EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO 1. Bem jurídico: genérico - desenvolvimento regular da atividade do Estado; específico - os documentos e livros públicos que estejam na posse da Administração Pública 2. Sujeitos 2.1. Ativo: funcionário público que tenha por incumbência a guarda do livro ou documento. * Se o funcionário não tem essa incumbência ou se trate de particular, o crime deverá ser o do art. 337 do CP (Sonegação ou inutilização de livro ou documento) * Poderá haver concurso de pessoas, tanto na forma de co-autoria como de participação. 2.2. Passivo: Estado e qualquer particular que venha a sofrer dano em razão da conduta do funcionário. 3. Elementos objetivos 3.1. Condutas proibidas: Extraviar (dar destinação diversa), sonegar (não entregar, não exibir) ou inutilizar (fazer imprestável total ou parcialmente). 3.2. Objeto material: livrooficial ou documento que esteja na guarda do funcionário em razão do cargo, emprego ou função. * Para CAPEZ o processo judicial também pode ser considerado como objeto material deste crime. 4. Elemento subjetivo: dolo 5. Consumação e tentativa * Com o extravio, sonegação ou inutilização (total ou parcial) do livro ou documento. * A tentativa somente é possível nas condutas positivas, ou seja, no extravio ou na inutilização. * Trata-se de crime subsidiário já que, se a destruição importar em benefício ao agente ou a terceiro o crime deverá ser o previsto no art. 305 do CP (Supressão de documentos). No caso de tratar-se de funcionário público advogado o crime é o previsto no art. 356 do CP (Sonegação de papel ou objeto de valor probatório): e se for agente fiscal trata-se de crime previsto na Lei 8137/90. 6. Causa de aumento de pena: Art. 327, §2º do CP 7. Ação Penal: Pública Incondicionada VI – EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS 1. Bem jurídico: A regular aplicação das verbas e rendas públicas 2. Sujeito 2.1. Ativo: funcionário público que pode decidir sobre a aplicação de verbas ou rendas públicas * Quando praticado por Prefeito Municipal aplica-se o disposto no Decreto-Lei 201/67 em seu art. 1º, inciso III. * Poderá haver concurso de pessoas, na figura da participação. 2.2. Passivo: a Administração Pública em geral 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Dar destinação diversa dentro da própria administração pública * Se esta destinação de der em momento de calamidade pública ou outra situação de emergência, pode-se invocar uma das causas de exclusão de ilicitude: o Estado de Necessidade. 4. Elemento subjetivo: dolo 5. Consumação e tentativa * Com a efetiva aplicação da verba ou renda pública * Tentativa possível (os atos executórios iniciam com a determinação da aplicação irregular da verba ou renda pública) 6. Ação Penal: Pública Incondicionada VII - CONCUSSÃO 1. Bem jurídico: genérico - desenvolvimento regular da atividade do Estado; específico - bem patrimonial do particular. 2. Sujeito 2.1. Ativo: funcionário público, mesmo que ainda não tenha assumido a função pública (o agente pode estar no aguardo da posse, de férias, de licença) * Poderá haver concurso de pessoas, tanto na forma de co-autoria como de participação. 2.2. Passivo: Estado e particular a quem é exigida a vantagem 3. Conduta proibida: Exigir * Não se confunde com solicitar ou pedir, porque o crime aqui enseja uma verdadeira coação. 4. Elemento normativo: vantagem indevida * Não é necessário que tenha natureza econômica ou patrimonial. Para BITENCOURT e DAMÁSIO a vantagem deve ter essa natureza. * Se o agente acredita que a vantagem é devida incide em erro de tipo. * Se a vantagem é devida, mas o funcionário abuso de seu poder na exigência de tal vantagem pratica crime previsto na Lei 4897/65(art. 4º, h) 5. Elemento subjetivo: dolo + especial fim de agir (para si ou para outrem) 6. Consumação e tentativa * Crime formal que se perfaz com a exigência da vantagem indevida * Tentativa possível no caso da exigência ser feita por escrito 7. Causas de aumento de pena: Art. 327, § 2º CP 8. Ação Penal: Pública Incondicionada VIII – EXCESSO DE EXAÇÃO (Trata-se de espécie de crime de concussão) 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: funcionário público encarregado da arrecadação 2.2. Passivo: Estado e particular a quem é exigido o tributo ou contribuição social 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: * Por tratar-se de espécie de concussão a conduta proibida é a mesma do caput, ou seja, exigir. * Pune-se a cobrança indevida: porque não está estipulada em lei, porque o contribuinte já recolheu ou porque o valor a ser pago é menor. * Quando a cobrança é devida, pune-se o excesso do funcionário que emprega meios vexatórios ou gravosos. 4. Elementos normativos 4.1. Tributo: impostos (fato gerador independente de qualquer atividade estatal específica), taxas (fato gerador-exercício regular do poder de polícia ou a utilização – seja ela efetiva ou potencial – de serviço público específico e divisível) e contribuições de melhoria (custeio de obras públicas de que decorra valorização imobiliária) * Não se incluem aqui as custas e emolumentos 4.2. Contribuição social: PIS, Pasep, CSL e Confins. 5. Elemento subjetivo: dolo 6. Consumação e tentativa: * Quando se tratar de cobrança indevida consuma-se o crime quando for exigido o tributo ou a contribuição social * Quando se tratar de cobrança devida consuma-se o crime com o emprego meio vexatório ou gravoso. * Tentativa possível se a conduta se perfaz em vários atos 7. Forma Qualificada - § 2º do art. 316 CP * Aplicada quando o funcionário público depois de praticar a conduta do § 1º desvia em proveito próprio ou de outrem. * O desvio deve se dar antes que o dinheiro ingresse nos cofres públicos, porque se assim não for o crime praticado será o Peculato. 8. Causa de aumento de pena: art. 327,§2º CP 9. Ação Penal: Pública Incondicionada IX – CORRUPÇÃO PASSIVA 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: funcionário público 2.2. Passivo: Estado. 3. Condutas proibidas: Solicitar ou receber vantagem indevida e aceitar a promessa de vantagem. * As duas primeiras condutas proibidas podem ser praticadas através de outra pessoa – funcionário ou não. * Na modalidade aceitar, a conduta deve ser realizada diretamente pelo funcionário. * Para CAPEZ todas as condutas podem ser praticadas diretamente ou indiretamente por terceira pessoa. * Podem ser praticadas antes ou depois da prática do ato funcional. * O ato funcional deve ser da competência ou atribuição do funcionário. Pois caso esse pressuposto não esteja presente poderá configurar-se o crime de Tráfico de Influência previsto no art. 332. 4. Elemento normativo 4.1. Vantagem indevida: Não é necessário que tenha natureza econômica 5. Elemento subjetivo: dolo + fim especial de agir (para si ou para outrem) 6. Consumação e tentativa: Crime formal * Quando da solicitação de vantagem consuma-se quando a pessoa tem o conhecimento da solicitação. Possibilidade de tentativa quando por meio escrito. * Quando do recebimento de vantagem consuma-se quando o agente já está na posse da vantagem. Não há possibilidade de tentativa. * Na modalidade aceitar a promessa consuma-se quando o agente concorda com a promessa. Não se admite a tentativa. 7. Forma Qualificada - § 1º * Quando em razão de qualquer conduta descrita no tipo básico, o agente retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício, ou pratica infringindo dever funcional. * No caso do agente deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social ou cobra parcialmente em razão da solicitação, recebimento ou aceitação de vantagem indevida comete o crime previsto na Lei nº 8137/90, art. 3º, inciso II. 8. Forma privilegiada - § 2º * O agente pratica uma das condutas descritas no § 1º não em razão de solicitação, recebimento ou aceitação de vantagem indevida, e sim porque cede a pedido ou influência de outrem. 9. Cause de aumento de pena – art. 327, § 2º CP 10. Ação Penal: Pública Incondicionada X – FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado, no que tange ao sistema de importação e exportação de mercadorias. 2. Sujeito: 2.1. Ativo: funcionário público que tem como função fiscalizar a importação ou a exportação, obstando o contrabando ou descaminho. 2.2. Passivo: Estado. 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: facilitar (por ação ou omissão) 3.2. Objeto material: * Contrabando: importação ou exportação de mercadorias que são proibidas total ou parcialmente no país. * Descaminho: importação ou exportação de mercadoriasem o pagamento devido de impostos. 4. Elemento subjetivo: dolo 5. Consumação e tentativa * Com a prática de qualquer conduta que indique a facilitação por parte do funcionário mesmo que não ocorra o contrabando ou descaminho. * A tentativa somente é possível quando a conduta do funcionário for por ação, porque os crimes omissivos não admitem a tentativa. 6. Causa de aumento de pena: art. 327,§ 2º CP 7. Ação Penal: Pública Incondicionada XI – PREVARICAÇÃO 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: funcionário público * O funcionário público, diferente do que ocorre em algumas outras disposições, deve encontrar-se no pleno exercício de suas funções. * O jurado pode praticar este crime 2.2. Passivo: Estado e qualquer particular que venha a sofrer dano em razão da conduta do funcionário. 3. Elementos objetivos 3.1. Condutas proibidas: Retardar, deixar de praticar ou praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei. 4. Elemento normativo: omissão indevida ou prática contra disposição em lei * Se o agente retarda ou deixa de praticar ato de ofício por uma razão justa, não haverá conduta típica. 5. Elemento subjetivo: dolo + fim especial de agir (para satisfazer interesse ou sentimento pessoal) 6. Consumação e tentativa * Nas formas omissivas, quando o agente retarda ou deixa de praticar o ato de ofício. Não há possibilidade de tentativa * Quando o agente pratica ato contra disposição legal. Tentativa admissível. 7. Causa de aumento de pena: art. 327,§ 2º CP 8. Ação Penal: Pública Incondicionada XII – CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: funcionário público em superioridade hierárquica 2.2. Passivo: Estado 3. Pressupostos para existência do crime * Relação de subordinação hierárquica * Que o funcionário pratique uma conduta que é tida como infração penal ou administrativa, no exercício de sua função. 4. Elementos objetivos 4.1. Conduta proibida: deixar de responsabilizar subordinado ou deixar de comunicar o fato à autoridade competente. 5. Elemento subjetivo: dolo + fim de agir (por indulgência) * No caso de interesse ou sentimento pessoal haverá o crime de prevaricação * No caso de obtenção de vantagem indevida o crime poderá ser o de corrupção passiva * NO caso de omissão perante a prática de tortura deve observar-se a Lei 9455/97 no seu Art. 1º, § 2º. 6. Consumação e tentativa * Tomando conhecimento do fato praticado pelo subordinado, não pratica os atos que ensejam a responsabilização ou então não sendo competente, não comunica ao funcionário competente. *Tentativa inadmissível porque se trata de crime omissivo 7. Causa de aumento de pena – art. 327,§ 2º CP 8. Ação Penal: Pública Incondicionada XIII – ADVOCACIA ADMINISTRATIVA 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: funcionário público * Poderá haver concurso de pessoas, tanto na forma de co-autoria como de participação. 2.2. Passivo: Estado 3. Elemento objetivo 3.1. Conduta proibida: Patrocinar 4. Elemento subjetivo: dolo 5. Consumação e tentativa: Crime formal * A consumação ocorre quando o funcionário praticar o primeiro ato que indique que está patrocinando um interesse particular e alheio. * Tentativa possível 6. Forma Qualificada * Quando o funcionário patrocina interesse ilegítimo * O agente deve conhecer da ilegitimidade da pretensão 7. Causa de aumento de pena – art. 327, § 2º CP 8. Ação penal : Pública Incondicionada ASSUNTO: II – CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL I – USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA – ART. 328 CP 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: particular * O funcionário público pode também praticar esta conduta desde que a função que enseja o crime não seja de sua competência 2.2. Passivo: Estado e eventualmente o particular 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Usurpar * Dirigida tanto à função quanto ao exercício funcional * Se a usurpação refere-se tão somente à função sem que o agente pratique qualquer ato e sem que obtenha qualquer vantagem sua conduta pode configurar o art. 45 da LCP. 4. Elemento subjetivo: dolo 5 Consumação e tentativa * Quando da pratica do primeiro ato funcional da função usurpada * Tentativa possível antes da prática funcional 6. Forma Qualificada * Quando o agente obtém vantagem para si ou para outrem * Se o agente obtém vantagem apenas usurpando a função sem praticar qualquer ato de ofício o crime configurado é o de estelionato. 7. Ação Penal: Pública Incondicionada II – RESISTÊNCIA – ART. 329 CP 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: particular ou mesmo outro funcionário público 2.2. Passivo: Estado e funcionário público que tem que executar o ato de ofício ou quem lhe esteja prestando auxílio. 3. Elemento objetivo 3.1. Conduta proibida: Opor-se mediante violência ou grave ameaça * Essa oposição deve ser feita por ação, já que no caso de omissão o crime pode caracterizar-se como desobediência. * A ação deve direcionar-se ao funcionário público ou ao seu auxiliar durante a execução do ato funcional. 3.2. Pressuposto do crime * Legalidade do ato que o funcionário tem que executar (Legalidade formal e material) * Competência do funcionário para a execução do ato 4. Elemento subjetivo: dolo+ fim especial de agir (à execução de ato legal) * O agente deve conhecer da licitude do ato, da qualidade de funcionário público do sujeito passivo e de sua competência. 5. Consumação e tentativa: Crime formal * Quando o agente vier se opor à execução de ato legal mediante violência ou grave ameaça. * Tentativa possível 6. Forma Qualificada * Se o funcionário diante da oposição do agente não consegue executar o ato de ofício 7. Concurso de crimes * Se da violência empregada ocorrer lesão ou mesmo morte, deve-se aplicar a regra do concurso material de crimes. * O crime de resistência absorve os crime de: perigo de causar dano a outrem (132), ameaça (147), desobediência (330) e desacato (331) 8. Ação Penal: Pública Incondicionada III – DESOBEDIÊNCIA – ART. 330 CP 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: particular ou mesmo outro funcionário público que tenha o dever jurídico de cumprir a ordem legal * A ordem que o funcionário descumpre não pode estar no âmbito de suas atribuições, senão estaremos diante de um caso de prevaricação. 2.2. Passivo: Estado e funcionário público que expediu a ordem 3. Elemento objetivo: 3.1. Conduta proibida: Desobedecer a ordem legal * A conduta pode ser por ação ou omissão * Não é necessário que o funcionário esteja presente 3.2. Pressupostos a) Ordem legal dirigida direta e expressamente ao agente b) O agente deve ter o dever jurídico de obedecer à ordem c) Execução da ordem por funcionário público que tenha competência para isso e que esteja no exercício de suas funções 4. Elemento subjetivo: dolo * O agente deve conhecer da qualidade de funcionário público do sujeito passivo e da legalidade da ordem. Em caso contrário, ocorrerá erro de tipo. 5. Consumação e tentativa * Quando o agente deixa de agir quando deveria fazê-lo. Impossibilidade da tentativa * Quando o agente age quando recebe uma ordem para não fazer. Possibilidade da tentativa 6. Ação Penal: Pública Incondicionada IV – DESACATO – ART. 331CP 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: particular ou mesmo outro funcionário público 2.2. Passivo: Estado e o funcionário público desacatado 3. Elementoobjetivo 3.1. Conduta proibida: Desacatar funcionário público * Se o agente desconhece que se trata de funcionário público, o crime poderá ser um dos crimes contra a honra dependendo das circunstâncias da conduta. 3.2. Pressuposto: Nexo funcional * O funcionário público (sujeito passivo) deve estar no exercício da função ou ser desacatado em razão dela. * O funcionário deve estar presente no momento da conduta, independente da presença de outras pessoas. Na ausência daquele, o crime será o de injúria qualificada (art. 141, II) 4. Elemento subjetivo: dolo + fim especial de agir(humilhar, menosprezar) 5. Consumação e Tentativa; Crime formal * Consuma-se quando o agente pratique qualquer ato que indique ultraje à função pública, seja por meio de palavras ou atos. * Não é necessário que o funcionário se sinta ofendido * Pedido de desculpas após a prática da conduta não descaracteriza o crime, mas permite uma atenuação na pena. * Tentativa impossível para a maioria da doutrina. 6. Concurso de Crimes * Os crimes de: ameaça, vias de fato, lesão corporal leve, difamação e injúria são absorvidos pelo crime de desacato. * Quando houver calúnia com a majorante do inciso II do art. 141; e, no caso de lesão corporal grave estabelece-se o concurso formal entre estes crimes e o crime de desacato. Ação Penal: Pública Incondicionada V – TRÁFICO DE INFLUÊNCIA – ART. 332 CP 1. Bem jurídico: Prestígio da Administração Pública 2. Sujeitos: 2.1. Ativo: qualquer pessoa, inclusive funcionário público desde que não esteja no exercício da função. 2.2. Passivo: Estado, o funcionário referido pelo agente e a vítima que compra o prestígio. 3. Elemento objetivo 3.1. Conduta proibida: Solicitar, exigir, cobrar e obter vantagem ou promessa de vantagem 3.2. Pressuposto: Prestígio inexistente por parte do agente * Para MOURA TELES não interessa se há ou não influência junto a algum funcionário * Se houver influência e efetivo acordo entre o agente e o funcionário público ocorrerá o crime de corrupção(ativa e passiva) 3.3. Objeto material: vantagem ou promessa de vantagem de qualquer natureza 4. Elemento subjetivo: dolo + fim especial de agir(para si ou para outrem) 5. Consumação e Tentativa: Crime formal(Solicitar, exigir e cobrar) e material(obter) * Consuma-se com a prática de quaisquer das três primeiras condutas descritas no tipo, independente do resultado. Quanto à conduta obter é necessário que o agente tenha a posse da vantagem ou a promessa da mesma * Tentativa possível 6. Causa de aumento de pena * Quando o agente insinua que a vantagem também se destina ao funcionário público, mesmo que a vítima não acredite. 7. Ação Penal: Pública Incondicionada VI – CORRUPÇÃO ATIVA – ART. 333 CP 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado 2. Sujeito 2.1. Ativo: particular inclusive funcionário público * Pode o particular praticar diretamente a conduta ou se utilizar de interposta pessoa que se tornará partícipe no crime se conhece o propósito do agente. 2.2. Passivo: Estado 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Oferecer e prometer vantagem indevida 3.2. Objeto material: vantagem indevida * O oferecimento ou a promessa da vantagem refere-se à contraprestação pelo funcionário de um ato próprio do seu ofício 4. Elemento subjetivo: dolo + fim especial de agir (que o funcionário pratique deixe de praticar ou retarde ato de ofício) 5. Consumação e tentativa: Crime formal * Consuma-se quando o funcionário conhecer da oferta ou promessa da vantagem, independente de há recusa ou não por parte deste. * Tentativa possível somente quando a conduta é praticada por meio escrito 6. Causa de aumento de pena * Quando o funcionário em razão da oferta ou da promessa retarda ou deixa de praticar ato de ofício ou pratica ato indevido 7. Ação Penal: Pública Incondicionada VII – CONTRABANDO OU DESCAMINHO 1. Bem jurídico: desenvolvimento regular da atividade do Estado, no que tange ao sistema de importação e exportação de mercadorias. 2. Sujeitos 2.1. Ativo: qualquer pessoa 2.2. Passivo: Estado 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Importar ou exportar contrabando ou descaminho 4. Elemento subjetivo: dolo 5. Consumação e tentativa * Consuma-se com a entrada ou saída da mercadoria * Possibilidade da tentativa 6. Forma equiparadas - § 1º 7. Causa de aumento de pena * Quando o contrabando ou o descaminho é feito através de transporte aéreo 8. Ação Penal: Pública Incondicionada ASSUNTO: CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA I – DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – ART. 339 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: qualquer pessoa inclusive funcionário público * Para a maioria da doutrina nos crimes em que a ação penal é de iniciativa privada ou pública condicionada a representação, somente pode ser sujeito ativo aquele que possui o direito de queixa ou de representação. Para REGIS PRADO mesmo nesses casos, qualquer pessoa poderá fazê-lo. 2.2. Passivo: Estado e a pessoa contra quem é feita a denúncia falsa 3. Elementos objetivos: 3.1. Conduta proibida: Dar causa espontaneamente a uma investigação policial ou administrativa, processo judicial, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém. * A denúncia é o motivo do início do procedimento * A denúncia refere-se a um crime determinado contra pessoa determinada passível de identificação direta pelo agente ou indireta pela autoridade. * O fato deve ser típico e ilícito não havendo qualquer causa de extinção da punibilidade ou dirimente de culpabilidade 4. Elemento subjetivo: dolo direto * O agente deve saber que a imputação é falsa(pode recair sobre o fato ou sobre a autoria). * Se acredita na imputação feita, ocorre em erro de tipo. 5. Consumação e tentativa: Crime material * Consuma-se com a instauração do inquérito ou do processo. * Tentativa possível 6. Causa de aumento de pena * Quando o agente tenta ocultar sua identidade 7. Causa de diminuição de pena * Quando se atribui a prática de uma contravenção e não de um crime 8. Concurso de Crimes * A denunciação caluniosa absorve o crime de calúnia * Não haverá concurso de crimes se o agente imputa a mesma pessoa mais de uma infração penal. Para REGIS PRADO há concurso. 9. Retratação * Não permite a extinção da punibilidade, mas se feita antes do oferecimento da denúncia poderá ser considerada como causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP. 10. Ação Penal: Pública Incondicionada II – COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU CONTRAVENÇÃO – ART. 340 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: qualquer pessoa inclusive funcionário público 2.2. Passivo: Estado 3. Elementos objetivos 3.1. Condutas proibidas: Provocar a ação de autoridade 4. Elemento subjetivo: dolo direto + fim especial de agir (provocar a ação da autoridade) * O agente deve saber que o fato não aconteceu ou é diverso daquele comunicado. * Se possui como fim o recebimento de indenização ou valor do seguro, responderá pelo crime do art. 171, §2º, V do CP. 5. Consumação e tentativa: Crime material * Consuma-se quando a autoridade praticar o primeiro ato de investigação em razão da comunicação falsa feita pelo agente * Tentativa possível 6. Ação Penal: Pública Incondicionada III – AUTO-ACUSAÇÃO FALSA – ART. 341 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos: Crime de mão-própria 2.1. Ativo: qualquer pessoa inclusive funcionário público 2.2. Passivo: Estado 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Acusar-se de crime * A auto acusação pode ser feita perante uma autoridade do poder judiciário, administrativa ou policial. * Se além de acusar-se da prática de um delito, atribuir falsamente a co-autoria ou participaçãoa alguém responde pelo crime de auto-acusação falsa em concurso material com a denunciação caluniosa. 4. Elemento subjetivo: dolo * O agente sabe que o crime não existiu ou se existiu não teve a sua participação 5. Consumação e tentativa: Crime formal * Consuma-se quando a autoridade toma conhecimento da auto-acusação * Tentativa possível 6. Ação Penal: Pública Incondicionada IV – FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA – ART. 342 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça no que tange aos meios de prova. 2. Sujeitos: Crime de mão-própria 2.1. Ativo: crime de mão própria somente podendo ser praticado por testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete. 2.2. Passivo: Estado e o particular que vier a sofrer prejuízo com as falsas declarações 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade. * A conduta pode ser por ação ou omissão * A falsidade deve versar sobre fato relevante capaz de influir na decisão da causa. 4. Elemento subjetivo: dolo direto ou eventual * Para BITENCOURT é necessário o fim especial de agir (“causar prejuízo a alguém ou à simples administração da justiça”) 5. Consumação e tentativa: Crime formal * Consuma-se com o fim do depoimento, com a entrega do laudo pericial, da tradução ou com a realização da interpretação falsa. * Possibilidade da tentativa 6. Causa de aumento de pena * Quando há o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal e processo civil em que for parte entidade da Administração Pública direta ou indireta. * Quando o agente pratica mediante suborno 7. Retratação * Possível a extinção da punibilidade pela retratação quando ocorra antes da sentença no processo em que ocorreu o falso, se depois da sentença funciona como atenuante genérica * A extinção se comunica a todos que participaram do delito 8. Ação Penal: Pública Incondicionada V – COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO – ART. 344 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos: 2.1. Ativo: qualquer pessoa 2.2. Passivo: Estado e a pessoa que sofre a coação pelo agente * Autoridade (juiz, delegado de polícia) * Parte (autor, réu) * Pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo (testemunha, perito, escrivão, jurado) 3. Elementos objetivos 3.1. Condutas proibidas: Usar de violência ou grave ameaça * A violência deve ser dirigida diretamente ao sujeito passivo * A grave ameaça não precisa ser feita na presença do coagido. * A coação é praticada em processo judicial, administrativo, policial ou em juízo arbitral 4. Elemento subjetivo: dolo + fim especial de agir (para favorecer interesse próprio ou alheio) 5. Consumação e tentativa: Crime formal * Consuma-se com o uso da violência ou da grave ameaça * Tentativa possível 6. Concurso de crimes * Quando houver lesão corporal ou homicídio haverá concurso material entre esses crimes e o crime de coação no curso do processo. * As vias de fato e a ameaça são absorvidas 7. Ação Penal: Pública Incondicionada VI – EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES – ART. 345 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: qualquer pessoa * É necessário que o sujeito ativo seja parte legítima ou atue como representante legal, mandatário ou gestor de negócios de terceiro. * Se funcionário público haverá concurso de crimes entre abuso de autoridade e o art. 345 CP. 2.2. Passivo: Estado e pessoa que venha a sofrer dano com a conduta. 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Fazer justiça pelas próprias mãos 3.2. Pressuposto: a) Que haja uma pretensão que pode ser apreciada pela via judicial * Se não houver possibilidade de obter a pretensão por via judicial, a conduta poderá ser tipificada como constrangimento ilegal. b) A coisa ou direito(real, pessoal ou de família) que se pretende deve estar sobre a posse de outra pessoa 3.3. Modus operandi: delito de forma livre * Pode ser praticado mediante fraude, violência, grave ameaça ou qualquer meio capaz de diminuir a capacidade de resistência da vítima. 4. Elemento normativo: “salvo quando a lei o permite” 5. Elemento subjetivo: dolo + fim especial de agir (para satisfazer pretensão legítima ou supostamente legítima) * O agente deve saber ou supor a legitimidade da pretensão 6. Consumação e tentativa: Crime formal * Consuma-se o crime quando o agente fizer uso de qualquer meio executório mesmo que não obtenha a pretensão. * Para alguns é necessário que haja a satisfação da pretensão pelo agente. * Tentativa admissível 7. Concurso de crimes * Havendo lesões ou homicídio deve haver a aplicação cumulativa das penas destes crimes e do art. 345 CP, seja por concurso material ou formal imperfeito. * Os crime de dano e a contravenção penal vias de fato restam absorvidos. 8. Ação Penal: Privada * Se houver o emprego de violência sobre a pessoa a ação penal será pública incondicionada VII – SUBTRAÇÃO, SUPRESSÃO OU DANO DE COISA PRÓPRIA EM PODER DE TERCEIRO – ART. 346 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: proprietário da coisa * Se a coisa não lhe pertence poderá configurar o crime de furto ou de dano. * Se não é o único dono porque se trata de coisa comum, ocorrerá o crime de furto de coisa comum. * Se se tratar de depositário judicial, que destrói ou danifica o bem, responde pelo crime de fraude à execução. 2.2. Passivo: Estado e a pessoa que esteja na posse do objeto 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Tirar (subtrair), Suprimir (fazer desaparecer), Destruir (inutilizar) ou Danificar (estragar). 3.2. Objeto material: coisa móvel ou imóvel de propriedade do sujeito ativo, mas que esteja na posse de terceiro em razão de determinação judicial ou convenção. 4. Elemento subjetivo: dolo 5. Consumação e tentativa: Crime material * Consuma-se com a prática efetiva de qualquer das condutas descritas no tipo * Possibilidade da tentativa 6. Ação Penal: Pública Incondicionada VIII – FRAUDE PROCESSUAL – ART. 348 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: qualquer pessoa 2.2. Passivo: Estado e a pessoa que venha a sofrer prejuízo com a conduta do agente 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Inovar artificiosamente (modificar por artifícios) * È necessário que a modificação seja feita por meios fraudulentos e que seja idônea 3.2. Pressuposto: * Existência de um processo civil ou administrativo 3.3. Objeto material: estado do lugar, coisa ou pessoa. 4. Elemento subjetivo: dolo + fim especial de agir (para induzir juiz ou perito a erro) 5. Consumação e tentativa: Crime formal * Consuma-se com a modificação do estado do lugar, da coisa ou da pessoa. * Tentativa possível 6. Causa de aumento de pena * Quando a inovação refere-se a produzir efeito em processo penal, mesmo antes de instaurado 7. Ação Penal: Pública Incondicionada IX – FAVORECIMENTO PESSOAL – ART. 348 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeito 2.1. Ativo: qualquer pessoa que não tenha atuado como co-autor ou partícipe no crime anterior 2.2. Passivo: Estado 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Auxiliar, Contribuir, Colaborar ou Ajudar de qualquer modo ou por qualquer forma a fuga do agente de um crime. 3.2. Pressuposto: a) Prática de um crime pelo favorecido * Não haverá crime de favorecimento pessoal se houver uma excludente de ilicitude uma excludente de culpabilidade, uma escusa absolutória ou uma causa de extinção da punibilidade que ampare o favorecido. 4. Elemento subjetivo: dolo direto ou mesmo eventual 5. Consumação e tentativa: * Consuma-se com qualquer prática de auxílio conseguindo o favorecido, mesmo que momentaneamente, subtrair-se à ação da autoridade. 6. Forma Privilegiada - §1º *Quando a pena do crime praticado pelo favorecido for outra que não de reclusão 7. Escusa absolutória - §2º * Quando o agente seja ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do favorecido aquele fica isento de pena 8. Ação Penal: Pública Incondicionada X – FAVORECIMENTO REAL – ART. 349 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: qualquer pessoa que não tenha atuado como co-autor ou partícipe no crime anterior ou que seja receptador do objeto do crime. 2.2. Passivo: Estado 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Prestar auxílio a criminoso com o fim de assegurar o produto do crime 4. Elemento subjetivo: dolo * Se houver intenção de obter lucro, haverá o crime de receptação. 5. Consumação e tentativa: Crime formal * Consuma-se o crime quando o agente pratique qualquer conduta que indique o auxílio, mesmo que não consiga tornar seguro o proveito do crime. * Tentativa possível 6. Ação Penal: Pública Incondicionada XI – FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA À MEDIDA DE SEGURANÇA – ART. 351 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: qualquer pessoa com exceção do próprio preso ou internado 2.2. Passivo: Estado 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Promover e Facilitar a fuga * Pode ocorrer por ação ou omissão (se tem o dever de impedir a fuga) 3.2. Pressuposto * A execução da prisão (qualquer tipo) ou medida de segurança deve ser legal (tanto do ponto de vista material como formal) 4. Elemento subjetivo: dolo 5. Consumação e tentativa * Consuma-se quando ocorrer a fuga do preso ou do internado, mesmo que breve tempo. * Possibilidade da tentativa 6. Formas Qualificadas - §1º e 3º CRIME PRATICADO a) com emprego de arma b) por dois ou mais agentes, excluído o preso ou internado. c) com arrombamento d) por pessoa responsável pela custódia ou guarda do preso ou internado 7. Concurso de Crimes - §2º * Quando da violência resultar lesão corporal ou homicídio haverá concurso material entre estes e o art. 351 8 – Forma Culposa - §4º * Previsão desta modalidade apenas para o funcionário público responsável pela guarada ou custódia do preso ou internado que através de sua conduta contribui para a fuga (nexo causal). * Para haver delito culposo é necessário que a fuga ocorra efetivamente, já que no caso de tentativa de fuga não há crime. 9. Ação Penal: Pública Incondicionada XII – EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA – ART. 352 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: preso ou pessoa submetida a medida de segurança detentiva 2.2. Passivo: Estado e a pessoa que sofre a violência 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Evadir(fugir) ou Tentar Evadir usando de violência contra a pessoa 3.2. Modus operandi: Violência * A fuga efetuada mediante fraude ou grave ameaça não caracteriza este delito * A violência deve ser empregada contra a pessoa 3.3. Pressuposto * A execução da prisão (qualquer tipo) ou medida de segurança deve ser legal (tanto do ponto de vista material como formal). 4. Consumação e tentativa * Consuma-se com a fuga ou tentativa de fuga desde que empregada a violência contra pessoa * Não possibilidade de tentativa de fuga porque a tentativa é punida como delito autônomo. 5. Concurso de crimes * Quando da violência resultar lesão corporal ou homicídio haverá concurso material entre estes e o art. 352 6. Ação Penal: Pública Incondicionada XIII – PATROCÍNIO INFIEL – ART. 355 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: advogado ou procurador judicial 2.2. Passivo: Estado e a pessoa que sofre algum dano com a conduta do agente 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Trair (por ação ou omissão) 3.2. Objeto material: Dever profissional do advogado ou o procurador 3.3. Pressuposto * Que o agente tenha sido constituído e que tenha levado a juízo a pretensão de seu cliente, deve haver, portanto um processo judicial em que o agente figure como advogado ou procurador de pessoa interessada na lide. 4. Elemento subjetivo: dolo * O agente deve saber que dará causa a um prejuízo ao seu cliente, não sendo necessário que tenha essa intenção. 5. Consumação e tentativa: Crime material * Consuma-se quando houver prejuízo efetivo ao cliente ou de quem representa, mesmo que possa tal prejuízo ser reparado. * Tentativa possível 6. Ação Penal: Pública Incondicionada XIV – PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO – § único do art. 355 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: advogado ou procurador judicial 2.2. Passivo: Estado e a pessoa que sofre algum dano com a conduta do agente 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Defender simultaneamente ou sucessivamente partes contrárias 4. Elemento subjetivo: dolo 5. Consumação e tentativa * Consuma-se quando o agente praticar qualquer ato de defesa da parte contrária àquela que defendeu primeiramente * Tentativa possível 6. Ação Penal: Pública Incondicionada XV – EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO – ART. 357 CP 1. Bem jurídico: Administração da Justiça 2. Sujeitos 2.1. Ativo: qualquer pessoa 2.2. Passivo: Estado e eventualmente juiz, jurado, perito, tradutor, promotor, intérprete e testemunha 3. Elementos objetivos 3.1. Conduta proibida: Solicitar ou Receber a pretexto de influir 3.2. Objeto material: dinheiro ou qualquer outra utilidade 4. Elemento subjetivo: dolo 5. Consumação e Tentativa * Consuma-se quando o agente pede o dinheiro ou outra utilidade e quando recebe o dinheiro ou outra utilidade * Tentativa possível 6. Causa de aumento de pena * Quando o agente insinua ou alega que o funcionário também receberá o dinheiro ou a outra utilidade 7. Ação Penal: Pública Incondicionada XVI – DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO – ART. 359 CP 1. Bem jurídico:Administração da Justiça 2. Sujeitos: 2.1. Ativo: pessoa que tenha sofrido a suspensão ou privação em razão de decisão judicial transitada em julgado 2.2. Passivo: Estado 3. Conduta proibida: Exercer 4. Elemento subjetivo: dolo * O agente deve conhecer da decisão judicial 5. Consumação e tentativa * Consuma-se quando o agente praticar atos dos quais foi suspenso ou privado mesmo sabendo da decisão judicial * Tentativa possível 6. Ação Penal: Pública Incondicionada
Compartilhar