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Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 1 Sistema Nervoso I Anatomicamente, o sistema nervoso é divido em: 1. Sistema Nervoso Central (SNC) Compreende o encéfalo e a medula espinal. 2. Sistema Nervoso Periférico (SNP) Está localizado fora do SNC; é constituído por nervos cranianos (se originam no encéfalo), nervos espinais (se originam na medula espinal), os gânglios nervosos e terminações nervosas especializadas (motoras ou sensitivas). O SNP faz a conexão entre SNC e a periferia do corpo. Funções básicas do Sistema Nervoso Função sensitiva: os nervos sensitivos captam informações do meio interno e externo do corpo e as conduzem para o SNC. Está muito relacionada aos cinco sentidos humanos. Função integradora: a informação sensitiva trazida ao SNC é processada ou interpretada. Função motora: os nervos motores conduzem a informação do SNC em direção aos músculos e às glândulas do corpo, levando as informações do SNC. Sistema Nervoso Somático (SNS): através dele os impulsos no SNC são transmitidos aos músculos estriados esqueléticos. O SNS controla as funções que estão no controle voluntário consciente. Sistema Nervoso Autônomo (SNA): fornece inervação motora involuntária para o músculo liso e músculo cardíaco. Medula espinal As informações sensitivas chegam pela região posterior (corno posterior/dorsal). As informações motoras geralmente saem da medula pela região anterior (corno anterior/ventral). Tipos de neurônios Neurônios motores (efetuadores ou eferentes) Transmitem impulsos motores (resposta ao estímulo) do SNC para as células efetoras. Os neurônios eferentes somáticos enviam impulsos voluntários para os músculos esqueléticos. Os neurônios eferentes autônomos (viscerais) transmitem impulsos involuntários para músculo liso e músculo cardíaco. Neurônios sensoriais (receptores ou aferentes) Recebem informações sensitivas e conduzem ao SNC para o processamento da informação. Interneurônios (associativos) Funcionam como uma vida de conexão entre neurônios sensoriais e motores, formando circuitos complexos. Ou seja, esses neurônios estabelecem ligações entre os neurônios aferentes e eferentes. Os gânglios são aglomerados de corpos celulares de neurônios fora do SNC. Um nervo é a união de vários axônios envolvidos por um tecido conjuntivo. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 2 Na representação acima vamos considerar que um cachorro sentiu um estímulo em uma pata o estímulo da via sensorial chega até a medula espinal (corno dorsal) faz uma conexão com o neurônio de segunda ordem o neurônio de segunda ordem sobe pela medula espinal, passa pelo tronco cerebral e já no encéfalo faz conexão com outro neurônio esse neurônio vai até o córtex levando a informação sensitiva. Essa imagem mostra que a pele, o músculo ou os ossos recebem informações sensitivas que irão percorrer seu trajeto pela medula espinal. Posteriormente, chegando ao tronco cerebral, as informações sensitivas podem ter diversas conexões antes de alcançar a região do córtex; essas conexões podem ser com o cerebelo ou o diencéfalo, por exemplo. Por fim, quando chegam ao córtex, as informações sensitivas vão para as áreas somestésicas. As áreas somestésicas são regiões responsáveis por receber as informações sensitivas. Após isso, a informação sensitiva será processada e vai originar uma informação para o córtex motor. No córtex motor, essa informação vai originar uma resposta motora. Muitas vezes antes da resposta motora sair da região cortical, ela pode fazer várias conexões; essas conexões são responsáveis pela interpretação dessa resposta motora. Processamento de informações – função integrativa do sistema nervoso Uma das mais importantes funções do sistema nervoso é a de processar a informação aferente, de modo que sejam efetuadas respostas mentais e motoras apropriadas. Ou seja, o SN processa e cataloga a informação como relevante ou irrelevante. Mais de 99% de toda a informação sensorial é descartada pelo cérebro como irrelevante e sem importância. Exemplo: objetivos ocasionais em nosso campo de visão; tato do dia a dia; ruídos ao nosso redor, etc. Quando uma importante informação sensorial excita nossa mente, esta é imediatamente canalizada para regiões integrativas e motoras apropriadas do cérebro, para poder provocas respostas desejadas. Tanto a canalização, quanto o processamento da informação, são chamados de funções integrativas. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 3 Armazenamento da informação – Memória Processos cognitivos cerebrais comparam as novas experiências sensoriais com as memórias já armazenadas as que já estão armazenadas ajudam a selecionar a nova informação sensorial importante e a transmiti-la às áreas: Apropriadas de armazenamento da informação para uso futuro; Para áreas motoras, com o intuito de provocar respostas efetoras imediatas. O cérebro armazena tudo que é considerado mais importante, seja uma memória boa ou ruim. O armazenamento da informação é o processo chamado memória e é também função exercida pelas sinapses. A memória é armazenada no córtex cerebral. Cada vez que determinados tipos de sinais sensoriais passam por uma sequência de sinapses, essas sinapses ficam mais capazes de transmitir o mesmo tipo de sinal em outras oportunidades. Esse processo é chamado de facilitação. Por exemplo: se eu leio um livro pela primeira vez e falo sobre ele para alguém eu perco alguns detalhes, mas quanto mais vezes eu ler esse livro, mais detalhes e informações eu armazeno sobre ele, o mesmo funciona para os estudos. Uma informação vista mais de uma vez pode ser mais bem armazenada, esse é o mecanismo de facilitação. O papel das sinapses no processamento de informações A sinapse é o ponto de contato entre um neurônio e o neurônio seguinte. As sinapses determinam as direções em que os sinais nervosos vão se distribuir pelo sistema nervoso. As sinapses executam ação seletiva, às vezes bloqueando sinais fracos, permitindo que sinais fortes passem e, em outros momentos, selecionando e amplificando sinais fracos. Sinapses do SNC Cada impulso no SNC: Pode ser bloqueado, na sua transmissão de um neurônio para o outro; Se a informação não é relevante, ela será recebida e bloqueada. Exemplo: o peso de uma roupa no corpo não é uma informação relevante, por isso normalmente não é sentido, pois a transmissão dessa informação é bloqueada. Pode ser transformado de impulso único em impulsos repetitivos; Pode ainda ser integrado a impulsos vindos de outros neurônios, para gerar padrões de impulsos complexos em neurônios sucessivos. Armazenamento de várias informações para poder gerar uma resposta. Todas essas funções podem ser classificadas como funções sinápticas dos neurônios. O papel das sinapses no processamento de informações Tipos de sinapses Neuro-neural (neurônio – neurônio) Neuro-epitelial (neurônio – célula epitelial) Neuro-muscular (placa motora) – (neurônio – célula muscular) Sinapses químicas Maioria das sinapses do SNC; O primeiro neurônio vai secretar no terminal pré-sináptico o neurotransmissor que vai atuar em proteínas receptoras, presentes na membrana do neurônio subsequente (neurônio pós-sináptico) e promover excitação, inibição ou modificar a sensibilidade dessa célula. Neurotransmissores: histamina, glicina, acetilcolina, norepinefrina, ácido gama- aminobutírico (GABA), serotonina e glutamato. A condução nas sinapses químicas é unidirecional: transmite em uma única direção do neurônio pré-sináptico (que secreta o neurotransmissor) para o neurônio pós-sináptico (que é onde o neurotransmissor age). Esse fenômeno é o princípio da condução unidirecional. Quando um estímulo for capaz de atingir o limiar de excitação da célula ele vai provocar a despolarização potencial de ação nas sinapses químicas haverá a liberação do neurotransmissor. O neurônio pré-sináptico vai secretar o neurotransmissor o neurotransmissor atua em proteínas receptoras no neurônio pós-sináptico. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 4 O receptor pode ser ionotrópico ou metabotrópico: os receptores de canais medeiam a reposta rápida, alterando o fluxo de íons através da membrana, por isso eles são chamados de receptores ionotrópicos. Os receptores acoplados à proteína G (RPGs) medeiam uma resposta mais lenta, pois é necessária uma transdução do sinal mediada por um sistema de segundos mensageiros. Os RPGs para os neuromoduladores são descritos como receptores metabotrópicos. A ligação do neurotransmissor com receptor ionotrópico causa a abertura de canais iônicos e, dependendo do canal iônico aberto, a resposta vai ser excitatória ou inibitória. Exemplo 1: existe mais cloreto no meio extracelular (MEC); com isso, se um canal de cloreto for aberto, esse íon sai do MEC para entrar na célula. Quando o cloreto entra na célula, a carga da célula fica mais negativa, deixando a membrana celular hiperpolarizada e, consequentemente, dificultando o potencial de ação. NESSE CASO, A RESPOSTA É INIBITÓRIA! Exemplo 2: a concentração de potássio é maior no meio intracelular (MIC); imaginando que os canais de potássio foram abertos, vai ter potássio saindo da célula. Sendo assim, a carga da membrana vai ficar mais negativa e, consequentemente, hiperpolarizada. NESSE CASO, A RESPOSTA INIBITÓRIA! Exemplo 3: a concentração do sódio é maior no MEC do que no MIC; por isso, se os canais de sódio forem abertos, vai acontecer entrada de sódio no MIC, e a carga da membrana celular fica mais positiva e, consequentemente, mais despolarizada, levando ao potencial de ação. NESSE CASO, A RESPOSTA É EXCITATÓRIA! Recaptação de um neurotransmissor: neurotransmissor liberado na fenda: após ser liberado, o neurotransmissor pode cumprir o seu papel e se ligar aos receptores, assim como também pode ser destruído por enzimas ou ser recaptado, para ser armazenado em vesículas e ser liberado em outro momento. Exemplo: uma medicação que inibe a recaptação de um neurotransmissor faz com ele fique mais concentrado na fenda sináptica e possa ter maior tempo de atuação. Sinapse elétrica Os citoplasmas das células adjacentes estão conectados diretamente por canais de íons chamados junções comunicantes (gap junctions) que permitem o movimento livre dos íons de uma célula para outra. Podem conduzir os estímulos em ambas as direções (bidirecional) – presentes no SNC, músculo cardíaco, etc. As sinapses elétricas transmitem um sinal elétrico, ou corrente, diretamente do citoplasma de uma célula para outra através das junções comunicantes. A informação pode fluir em ambas as direções em quase todas as junções comunicantes. A principal vantagem das sinapses elétricas é a condução rápida e bidirecional dos sinais célula a célula para sincronizar as atividades de uma rede celular. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 5 Entendo o potencial de ação Primeira parte da imagem: a concentração de sódio é maior no MEC e a concentração de potássio é maior no MIC. O potencial de repouso dentro da célula é negativo e o do meio externo é positivo. A membrana está polarizada. Segunda parte da imagem: quando ocorre algum estímulo, os canais de sódio abrem e, com isso, o sódio entra na célula, o que deixa o potencial de repouso da membrana mais positivo. Sendo assim, a célula fica despolarizada e acontece o potencial de ação. Terceira parte da imagem: após o potencial de ação acontecer, a célula precisa ser repolarizada e, para isso acontecer, inicialmente ocorre saída de potássio, para que o potencial de repouso mais negativo volte a ser o mesmo de antes do potencial de ação (o potássio é um íon positivo, quando ele sai, ajuda na repolarização da membrana, deixando o potencial negativo como era inicialmente). Quarta parte da imagem: a bomba de sódio e potássio reequilibra as quantidades desses dois íons no MEC e MIC. O neurotransmissor liberado na fenda sináptica excita ou inibe o neurônio pós-sináptico Terminais pré-sinápticos excitatórios Secretam um neurotransmissor que estimula o neurônio pós-sináptico. Abertura de canais catiônicos (Na+) – despolarização – transmissor excitatório. Ex: Glutamato e acetilcolina. Serotonina – efeitos excitatórios em algumas áreas e inibitório em outras. Terminais pré-sinápticos inibitórios Secretam um neurotransmissor que inibe o neurônio pós-sináptico. Abertura de canais aniônicos (Cl-) – transmissor inibitório ou abertura de canais de K+ (que saem da célula) – ambos irão causar hiperpolarização. Ex: GABA (ácido gama – aminobutírico) e Glicina. Dopamina – pode ter efeito inibitório ou excitatório. Excitatórios Abertura dos canais de potássio: permite o fluxo de muitas cargas elétricas positivas para a célula pós-sináptica, o que favorece a despolarização da membrana e, consequentemente, o potencial de ação. Condução reduzida pelos canais de cloreto e potássio, ou de ambos: ao fechar canais de cloreto, há diminuição da entrada de íons cloro na célula. Além disso, fechando os canais de potássio, eu impeço a saída desse íon para o meio extracelular. Em qualquer um dos casos, o efeito é tornar o potencial interno da membrana mais positivo que o normal, ou seja, excitatório. Diversas alterações no metabolismo interno do neurônio pós-sináptico para excitar a atividade celular ou, em alguns casos, aumentar o número de receptores excitatórios da membrana ou reduzir seu número de receptores inibitórios. Inibitórios Abertura dos canais de íons cloreto na membrana neuronal pós-sináptica: isso permite a entrada de cargas negativas, o que faz a membrana ficar hiperpolarizada, dificultando o potencial de ação. Aumento na condutância dos íons potássio para o exterior dos neurônios: com a saída do potássio acontece o aumento da negatividade dentro do neurônio, ou seja, inibição. Ativação de enzimas receptoras que inibem as funções metabólicas celulares, promovendo aumento do número de receptores sinápticos inibitórios, ou diminuindo o número de receptores excitatórios. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 6 Neurotransmissores Acetilcolina Em muitos casos, a acetilcolina tem efeito excitatório; entretanto, sabe-se que tem efeitos inibitórios em algumas terminações nervosas parassimpáticas periféricas, tal como a inibição do coração pelo nervo vago. Receptores colinérgicos são os que recebem a acetilcolina. Norepinefrina Auxilia no controle da atividade geral e na disposição da mente, tal como o aumento do nível da vigília. Em muitas dessas áreas, a norepinefrina provavelmente se liga a receptores excitatórios, mas, ao contrário, em poucas áreas liga-se a receptores inibitórios. Dopamina É secretado por neurônios que se originam na substância negra. O efeito da dopamina é em geral inibitório, ela está relacionada com o controle motor e centros de “recompensa” (quando terminamos de fazer algo e nos sentimos recompensados, como se fosse uma sensação de alívio e uma calma por ter finalizado uma tarefa). Correlação Clínica Doença de Parkinson A doença de Parkinson é causada pela degeneração de uma pequena parte do cérebro chamada substância negra. Na doença de Parkinson, conforme morrem os neurônios na substância negra, ocorre uma redução das células que produzem a dopamina, um neurotransmissor que atua no envio de mensagens para as partes do cérebro que controlam os movimentos e a coordenação. Na falta desteneurotransmissor, todo o controle motor se desequilibra. Glicina É secretada principalmente nas sinapses da medula espinal, acredita-se que ela atue como neurotransmissor inibitório. Ela tem a função de bloquear a sinapse na medula espinal para controlar contração muscular. GABA (ácido gama amino butílico) É secretado por terminais nervosos situados na medula espinal, no cerebelo, nos gânglios da base e em diversas áreas do córtex. Acredita-se que tenha sempre efeito inibitório. Glutamato É secretado por terminais pré-sinápticos em muitas vias sensoriais AFERENTES, assim como em diversas áreas do córtex cerebral. Seu efeito, provavelmente é sempre excitatório. O glutamato excita neurônios da via da dor. Serotonina É secretada por núcleos que se originam na rafe mediana do tronco cerebral e se projetam para diversas áreas encefálicas e da medula espinal, especialmente para os cornos dorsais da medula e para o hipotálamo. Ela age como inibidor das vias da dor na medula espinal e acredita-se que sua ação inibitória nas regiões superiores do SN auxilie no controle do humor do individuo, possivelmente até mesmo provocando o sono. A serotonina é liberada em grande quantidade durante as relações sexuais, quando isso ocorre, a pessoa sente felicidade intensa e logo após isso, o sono. Óxido Nítrico É especialmente secretado por terminais nervosos em áreas encefálicas responsáveis pelo comportamento em longo prazo e pela memória. O óxido nítrico não é formado e armazenado em vesículas no terminal pré-sináptico, como outros neurotransmissores. É um neurotransmissor na forma de gás, ele não é considerado nem inibitório e nem excitatório por não agir na abertura ou no fechamento de canais. Por ser um gás, ele atravessa a membrana pré-sináptica e pós- sináptica por meio de difusão simples, quando ele chega ao próximo neurônio não ocorrem alterações no potencial de membrana, ao invés disso, acontecem mudanças no metabolismo do neurônio. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 7 O processo da memória — requer mudanças prolongadas nos neurônios, com a duração de segundos a meses após a substância transmissora inicial já se ter dissipado. A excitação ou inibição neuronal pós- sináptica prolongada é realizada pela ativação do sistema químico de “segundos mensageiros” no neurônio pós-sináptico, sendo estes, responsáveis por provocar o efeito prolongado. EFEITOS DOS SEGUNDOS MENSAGEIROS - Abertura de canais iônicos, ativação de GMPc ou AMPc, ativação de diversas enzimas, ativação da transcrição gênica. Segundo mensageiro – PTNG Muitas funções do SN como, por exemplo, o processo de memória, requerem alterações prolongadas em neurônios de segundos a meses após a substância transmissora inicial ter ido embora. Os receptores ionotrópicos não são adequados para causar alterações neuronais pós- sinápticas prolongadas, pois se fecham dentro de milissegundos após a substância neurotransmissora ter saído da fenda sináptica. Entretanto, em muitos casos, a excitação ou a inibição neuronal pós-sináptica prolongada é realizada por meio da ativação de um sistema químico de segundo mensageiro dentro da célula neuronal pós-sináptica, sendo o segundo mensageiro que causa o efeito prolongado. Um dos tipos mais comuns de sistemas de segundo mensageiro utiliza as proteínas G. 1: O complexo proteína G inativo se encontra livre no citosol e consiste em GDP e três outros componentes: um componente alfa (α), que consiste na porção ativadora da proteína G e os componentes beta (β) e gama (γ), que são acoplados ao componente alfa. Enquanto o complexo proteína G estiver ligado ao GDP, ele permanecerá inativo. 2: Quando o receptor é ativado por um neurotransmissor, ele sofre mudança conformacional, expondo um sítio de ligação para o complexo proteína G, que se liga à porção de receptor que está no interior da célula. 3: Esse processo permite que a subunidade α libere o GDP e simultaneamente se GTP enquanto se separa das porções β e γ do complexo. 4: O complexo separado α-GTP se torna livre para se mover pelo citoplasma da célula e realizar uma ou mais dentre suas diversas funções, dependendo da característica específica de cada tipo de neurônio. As quatro seguintes alterações que podem ocorrer são: Abertura de canais iônicos específicos pela membrana da célula pós-sináptica. Na figura está demonstrado um canal de potássio aberto em resposta à proteína G. Esse canal fica aberto com frequência por um longo período de tempo, ao contrário do fechamento rápido de canais iônicos ativados diretamente, os quais não utilizam segundo mensageiro. Ativação do monofosfato cíclico de adenosina (AMPc) ou monofosfato cíclico de guanosina (GMPc) na célula neuronal. O AMP cíclico e GMP cíclico podem ativar aparatos metabólicos altamente específicos do neurônio, podendo, assim, iniciar algum dos muitos resultados químicos, incluindo alterações da estrutura da própria célula em longo prazo, o que, por sua vez, altera a excitabilidade do neurônio. Ativação de uma ou mais enzimas intracelulares. A proteína G pode ativar diretamente uma ou mais enzimas intracelulares. Por sua vez, as enzimas podem causar muitas funções químicas específicas na célula. 1 2 3 4 Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 8 Ativação de transcrição gênica. A ativação da transcrição de genes é um dos efeitos mais importantes da ativação de sistemas de segundo mensageiro, pois a transcrição gênica pode causar formação de novas proteínas no neurônio, alterando seu aparato metabólico ou sua estrutura. É bem sabido que ocorrem mudanças estruturais em neurônios adequadamente ativados, especialmente nos processos de memória a longo prazo. Resumo Uma substância transmissora se liga a uma proteína receptiva que vai ser acoplada a uma proteína G quando ocorrer essa ligação, o GDP da proteína G vai ser transformado em GTP O GTP faz com que a subunidade alfa da proteína G se desprenda das outras duas subsunidades o complexo alfa-GTP gera uma série de efeitos como abertura de canais iônicos, ativação de enzimas ou inativação de enzimas, transcrição gênica (formação de novas proteínas que alteram o metabolismo e a estrutura celular). Características especiais da transmissão sináptica Fadiga da transmissão sináptica Quando as sinapses excitatórias são repetidamente estimuladas com alta frequência, o número de descargas do neurônio pós-sináptico é inicialmente muito alto, mas a frequência de disparo começa a diminuir progressivamente nos próximos milissegundos ou segundos. Esse fenômeno é chamado fadiga da transmissão sináptica. O mecanismo de fadiga consiste principalmente na exaustão total ou parcial dos estoques de substância transmissora nos terminais pré-sinápticos A fadiga é característica extremamente importante da função sináptica, porque quando certas áreas do sistema nervoso são superexcitadas, a fadiga faz com que percam tal excesso de excitabilidade após algum tempo. O desenvolvimento da fadiga é mecanismo protetor contra a atividade neuronal excessiva por exemplo, num estado de convulsão cerebral. Efeito da acidose ou da alcalose da transmissão sináptica A maioria dos neurônios responde com alta intensidade às mudanças do pH do líquido intersticial que os circunda. Alcalose aumenta acentuadamente a excitabilidade neuronal exemplo, aumento do pH do sangue arterial do normal de 7,4 para 7,8 a 8,0 provoca convulsões epilépticas, devido ao aumento da excitabilidade de alguns ou de todos os neurônios cerebrais. Acidose deprime a atividade neuronal de modo drástico; a queda do pH de 7,4 para níveis inferiores a 7,0, geralmente provoca estado comatoso. Exemplo: cetoacidose diabética.Efeito da hipóxia na transmissão sináptica A excitabilidade neuronal é também muito dependente do suprimento adequado de oxigênio. A hipoxemia pode provocar completa ausência de excitabilidade de alguns neurônios observado quando o fluxo sanguíneo cerebral é temporariamente interrompido de 3 a 7 segundos a pessoa já fica inconsciente Hipóxia – falta de oxigênio influencia na atividade neuronal, ela deprime a atividade neuronal – sem fluxo cerebral – desmaio. Efeito dos Fármacos sobre a Transmissão Sináptica Diversos fármacos aumentam a excitabilidade dos neurônios e outros diminuem: Cafeína, teofilina e teobromina, encontradas no café, no chá e no cacau aumentam a excitabilidade dos neurônios. A maioria dos anestésicos aumenta o limiar para excitação da membrana neuronal, e assim reduz a transmissão sináptica em muitos pontos do sistema nervoso – efeito inibitório. Anestésicos – aumenta o limiar para a excitação da membrana neuronal, ou seja, fica mais difícil para a célula ser excitada, despolarizada. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 9 Vias aferentes Transmitem informações da periferia para o SNC – tato, sensações térmicas, dor, etc. Tipos de receptores sensoriais e os estímulos que detectam: 1. Mecanorreceptores detectam a compressão mecânica ou o estiramento do receptor ou dos tecidos adjacentes ao receptor; 2. Termorreceptores detectam alterações da temperatura, alguns receptores detectam o frio, outros detectando calor; 3. Nociceptores (receptores da dor) detectam danos físicos ou químicos que ocorrem nos tecidos; 4. Receptores eletromagnéticos detectam a luz que incide na retina dos olhos; 5. Quimiorreceptores detectam o gosto na boca, o cheiro no nariz, o nível de oxigênio no sangue arterial, a osmolalidade dos líquidos corpóreos, a concentração de dióxido de carbono e outros fatores que compõem a química do corpo. As sensações somáticas correspondem aos mecanismos neurais responsáveis pela aquisição de informações sensoriais do que se passa em todo o corpo. As sensações somáticas podem ser classificadas em três tipos fisiológicos: Sensações mecanorreceptivas: tato e posição do corpo. Sensações termorreceptivas: frio e calor. Sensação da dor: ativada por dano tecidual. Nem sempre. Definição de dor Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a um dano real ou potencial ao tecido. A falta de sensibilidade dolorosa ou ausência de dor é um fator limitante de sobrevivência. Dor como mecanismo protetor Mesmo em atividades simples, como o ato de sentar durante longos períodos sobre os ísquios, podem causar destruição tecidual pela falta de fluxo sanguíneo para a pele comprimida pelo peso do corpo. Os nociceptores são neurônios sensoriais que são encontrados em qualquer área do corpo humano, os quais enviam sinais causando a percepção da dor em resposta à um estímulo que possui potencial de dano. Dor Hiperalgesia: aumento da sensibilidade dos receptores de dor (exemplo: pele queimada de sol – produção de histamina e prostaglandinas – essa substância realizam a sensibilização das terminações nervosas). Três tipos de estímulos excitam os receptores para dor: mecânicos, térmicos e químicos. As terminações nervosas das fibras nociceptivas A delta e fibras C são capazes de traduzir um estímulo agressivo de natureza térmica, química ou mecânica, em estímulo elétrico que será transmitido até o sistema nervoso central e interpretado no córtex cerebral como dor. Fibras A delta mielínicas – rápida condução – dor rápida. Exemplo: agulhada. Fibras C amielínicas – condução lenta – dor lenta. Exemplo: dor crônica. Existem fibras mielínicas e amielínicas que transportam a informação de dor. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 10 Substâncias que podem estimular o nociceptor Algumas das substâncias que excitam o nociceptor são: bradicinina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e enzimas proteolíticas. Exemplo: considerando que substâncias ácidas excitam o nociceptor, podemos pensar que após atividade física na academia a dor muscular é consequência da acidose local por acúmulo de ácido lático. As prostaglandinas e a substância P aumentam a sensibilidade das terminações nervosas. Uma das causas sugeridas para a dor, durante a isquemia, é o acúmulo de grande quantidade de ácido lático nos tecidos. Dor referida Fibras nervosas viscerais que carreiam a informação de dor convergem na medula com a região de chegada de fibras sensitivas da pele; às vezes a pessoa com dor visceral interpreta essa dor em uma região da pele. Dor em parte do corpo distante do local onde o tecido que causa a dor está dor referida. Exemplos: Dor epigástrica ou periumbilical na apendicite (quando a inflamação atinge o peritôneo a dor passa a ser localizada na fossa ilíaca direita e não mais referida). Dor no ombro em indivíduos com lesão diafragmática. Dor referida - dor na face interna do braço em paciente com infarto agudo do miocárdio. Causas de dor visceral - decorrente do estímulo dos nociceptores das vísceras Isquemia (infarto) Estímulos químicos (acidose) Espasmo de víscera oca (estimulação mecânica das terminações nervosas e redução do fluxo sanguíneo local). Distensão excessiva de víscera oca (obstrução intestinal). Sistema Nervoso Central Principais neurotransmissores do SNC Acetilcolina Norepinefrina Histamina Ácida gama-aminobutírico (GABA) Dopamina Serotonina Glutamato Tálamo A maioria das vias dos receptores sensoriais e dos órgãos para o córtex passa pelo tálamo. O córtex opera em íntima associação ao tálamo. A excitação talâmica do córtex é necessária para quase toda atividade cortical. Quando o tálamo é lesado, junto com o córtex, a perda de função cerebral é de longe maior do que quando apenas o córtex é danificado. O tálamo é muito importante, principalmente na integração das vias sensoriais; ele é importante para a percepção de dor. Existe uma cirurgia que lesa as regiões do tálamo para que o paciente não sinta dor, ela é feita em casos extremos, em que a dor do paciente é incompatível com a vida. Áreas funcionais do córtex cerebral Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 11 Região pré-frontal: relacionada a planejamento de movimentos complexos e elaboração de pensamentos. Área motora: envolvida com funções motoras, movimento. Área de Broca: envolvida com a formação de palavras. Córtex somato-sensorial: envolvido com as informações sensitivas que estão chegando ao SNC. Área auditiva Área límbica: relacionado com comportamento, emoções, motivação, etc. Área em verde claro na imagem: relação com as coordenações espaciais do corpo e adjacentes. Área da visão: processamento visual das palavras. Área de Wernicke: compreensão da linguagem e inteligência. Área de Wernicke É importante para a compreensão da linguagem; ela está localizada na região em que os lobos temporal, parietal e occipital se unem havendo uma confluência das áreas interpretativas sensoriais. Essa área está relacionada com a interpretação da linguagem, é nesse local que interpretamos que ouvimos e lemos, por exemplo. Sendo assim, uma lesão na Área de Wernicke faz com que o paciente perca a capacidade de compreensão, ele não consegue interpretar o que está ouvindo ou lendo. Área de Wernicke (aspecto aferente da linguagem) Está em íntima associação com as áreas auditivas primária e secundária do lobo temporal e com as áreas que transmitem informações visuais (giro angular, área associativa visual). Nesta área são determinados os pensamentos e palavras a serem ditos (interpretação do queouvimos, do que lemos e decisão do que vamos dizer). As informações sensitivas relacionadas com a linguagem e estão associadas com a Área de Wernicke; é a nossa capacidade de ouvir, de ver, de ler. Para conseguirmos responder verbalmente, muitos músculos serão estimulados, isso não é feito na Área de Wernicke (é uma área das vias AFERENTES – recepção de informações). A Área de Broca vai realizar o aspecto eferente da linguagem, pois são os neurônios que estão levando informação para os músculos e geram a fala. Sendo assim, uma lesão na Área de Broca gera afasia (vai ser falado com mais detalhes posteriormente). A perda da área de Wernicke no adulto pode levar a um estado de quase demência (perda de funções associadas a linguagem ou ao simbolismo visual). Como vemos na imagem, a Área de Wernicke está em associação com outras áreas. Área do giro angular O giro angular é a porção mais inferior do lobo parietal posterior, localizada imediatamente atrás da área de Wernicke, ele supre esta área de informação visual. Ou seja, essa área está muito relacionada com a interpretação do que lemos. Em sua ausência, a pessoa pode ainda ter excelente compreensão da linguagem pela audição, mas não pela leitura (cegueira de palavras). Área de Broca (aspecto eferente da linguagem) A Área de broca fornece a circuitaria neural necessária para a formação das palavras. Fica localizada, em parte, no córtex pré- frontal posterolateral e em parte na área pré-motora. Todos os padrões motores sutis para o controle da laringe, lábios, boca, sistema respiratório e outros músculos acessórios da fala são iniciados por essa área. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 12 Um paciente com lesão na Área de Broca compreende o que falamos para ele? Sim, já que a Área de Wernicke é a que realiza o aspecto aferente da linguagem, o paciente é capaz de interpretar o que é dito. Contudo, existe incapacidade de efetuar resposta verbal (já que existe uma lesão na área do aspecto eferente da linguagem). A Área de Wernicke e a Área de Broca estão interligadas, uma interpreta o que está ouvindo ou lendo e a outra responde a isso. Pronunciando a palavra escrita: por exemplo, quando alguém está lendo em voz alta. Informação da leitura chega pelo córtex visual o giro angular é importante para interpretação do que está sendo lido na área de Wernicke o que está sendo lido é interpretado a área de Broca faz o estímulo dos nervos para que haja resposta verbal (estímulo do córtex motor). Pronunciando a palavra ouvida: por exemplo, quando ouvimos algo e vamos repetir. Informação chega à área auditiva essa área manda informações para a área de Wernicke que faz interpretação a área de Wernicke manda estímulos para a área de Broca a área de Broca faz o estímulo dos nervos para que haja resposta verbal (estímulo do córtex motor). Afasia de Wernicke ou sensitiva A pessoa é capaz de ouvir a palavra falada e ler a palavra escrita, mas é incapaz de interpretar o pensamento que é expresso nelas. Afasia de Broca ou motora A pessoa é capaz de decidir o que ela quer dizer, mas não consegue fazer com que o sistema vocal emita palavras em vez de ruídos. Hemisfério dominante Em aproximadamente 95% das pessoas, o lobo temporal esquerdo e o giro angular se tornam dominantes, e nos outros 5%, ambos os lados se desenvolvem simultaneamente tendo função dupla, ou mais raramente o lado direito sozinho se torna mais desenvolvido, com dominância completa. Essa dominância se refere primariamente as funções intelectuais baseadas na linguagem. Ou seja, a área de Wernicke é tão importante que o hemisfério dominante é definido geralmente onde ela é mais desenvolvida. Área pré - frontal ligada ao planejamento estratégico, à tomada de decisões e a capacidade de realizar múltiplas tarefas… Cientistas ligados à Universidade de Oxford, na Inglaterra, identificaram uma área do cérebro que parece ser exclusiva de humanos (Periódico Neuron- 2014). A capacidade de planejar o futuro, sermos mais flexíveis em nossas atitudes e aprender com as experiências alheias são coisas que impressionam e que estão particularmente ligadas ao ser humano. Lobotomia pré-frontal Décadas atrás, antes do advento de fármacos modernos para tratar condições psiquiátricas, foi descoberto que alguns pacientes poderiam receber alívio significativo de depressão psicótica grave, pelo dano das conexões neuronais entre as áreas pré-frontais e o restante do cérebro. A partir dos anos 50 esta prática foi banida da maior parte dos países e considerada um evento trágico na história da psiquiatria. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 13 O que acontecia com os pacientes lobotomizados? Perderam sua capacidade de resolver problemas complexos. Ficaram incapazes de encadear tarefas sequenciais, para atingir objetivos complexos. Ficaram incapazes de aprender a fazer diversas tarefas ao mesmo tempo. Apresentavam diminuição da agressividade e respostas sociais inapropriadas. Memória de trabalho É uma capacidade da área pré-frontal de manter presentes, de modo simultâneo, diversos fragmentos de informação sequencialmente apresentados e levar ao resgate dessa informação instantaneamente, assim que ela for necessária para pensamentos subsequentes. Ou seja, quando estamos vivenciando uma situação podemos acessar várias outras situações já vividas e utilizar tudo para formar um raciocínio complexo. Função do corpo caloso As fibras do corpo caloso formam abundantes conexões neurais bidirecionais entre a maioria das áreas corticais dos dois hemisférios cerebrais. É responsável por disponibilizar informação armazenada no córtex de um hemisfério, para as áreas corticais correspondentes do hemisfério oposto. Seccionar o corpo caloso bloqueia a transferência de informação da área de Wernicke do hemisfério dominante para o córtex motor do lado oposto do cérebro. Memória O cérebro é inundado com informação sensorial de todos os nossos sentidos. Se a mente tentasse lembrar toda essa informação, a capacidade de memória do cérebro seria rapidamente excedida. O cérebro tem a capacidade de aprender a ignorar informação sem consequências. (inibição das vias sinápticas). Ou seja, há inibição das vias sinápticas das informações consideradas desprezíveis. Memória negativa inibição das vias sinápticas Esse processo chamado de memória negativa também pode ser chamado de habituação; esse processo nada mais é que a inibição das informações consideradas irrelevantes, elas são esquecidas. Quando uma informação que entra no cérebro causa consequências importantes, tais como dor ou prazer, ele tem a capacidade de realçar e armazenar os traços mnemônicos. (sensibilização da memória). Memória positiva facilitação das vias sinápticas sensibilização da memória. Tipos de memória Memória a curto prazo duram segundos ou minutos. Memória de prazo intermediário duram dias a semanas. Memória a longo prazo duram anos ou uma vida inteira. Hipocampo Promove o armazenamento das memórias. O hipocampo é fundamental para armazenamento das memórias de longo prazo. Pessoas que retiraram os dois hipocampos para tratamento de epilepsia mantiveram as memórias de longo prazo armazenadas antes da cirurgia, mas ficaram incapazes de armazenar novas memórias de longo prazo, apresentando, então amnésia anterógrada. Controle neuro-hormonal da atividade cerebral Ocorre pela secreção de agentes hormonais neurotransmissores excitatórios ou inibitórios em regiões específicas. Esses neuro-hormônios persistem por minutos a horas permitindo longos períodos de ação. Norepinefrina – efeito geralmente excitatório. Dopamina – efeito excitatório em algumas árease inibitório em outras. Serotonina – efeito excitatório em algumas áreas e inibitório em outras. Acetilcolina – efeito excitatório na maioria dos locais. GABA – efeito predominantemente inibitório. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 14 Serotonina Quando liberada nas terminações nervosas da medula tem a capacidade de suprimir a dor. Quando liberada no diencéfalo e no prosencéfalo desempenha papel inibitório essencial para o sono normal. Estimula o centro de saciedade reduzindo a fome, reduz a ansiedade. Sistema límbico Circuito neuronal que controla as forças motivacionais que influenciam nas emoções e no comportamento social. Diversas estruturas límbicas estão envolvidas com a natureza afetiva das sensações sensoriais — agradáveis ou desagradáveis. A estimulação elétrica de certas áreas límbicas agrada ou satisfaz o animal, enquanto a estimulação elétrica de outras regiões causa terror, dor, medo, defesa. Hipotálamo Regulação da pressão arterial. Conservação da água no organismo (centro da sede e produção de ADH no núcleo supraóptico). Regulação da temperatura. Produção de ocitocina nos núcleos paraventriculares (aumento da contratilidade uterina e da ejeção do leite). Regulação do apetite e gasto de energia (centro da fome e centro da saciedade). Controle hormonal e alterações no comportamento. Centros de recompensa/punição Estudos experimentais em macacos usaram estimuladores elétricos para mapear os centros de recompensa e punição do cérebro. Quando a área estimulada é de recompensa o animal não quer parar de pressionar a alavanca, essa estimulação leva a placidez e docilidade. Quando a área estimulada é de punição o animal aprende rapidamente a desligar o estímulo. A estimulação dos centros de punição faz o animal desenvolver postura defensiva, mostrar garras. Sendo assim: Os centros de recompensa e de punição, sem dúvida, se constituem em um dos controladores mais importantes das nossas atividades físicas, nossos desejos, nossas aversões e nossas motivações. A experiência sensorial que não cause recompensa ou punição é pouco lembrada. Dano no sistema límbico Animais com danos no sistema límbico ficam domesticados perdendo a agressividade; perdem o medo; perdem a capacidade de reconhecer objetos e animais dos quais anteriormente tinham medo, além de apresentarem comportamentos inadequados. Ou seja, o sistema límbico tem forte impacto nas emoções, tanto do medo, quanto em emoções como alegria, tristeza, etc. Sistema Nervoso Autônomo A homeostase é um equilíbrio dinâmico entre as subdivisões autonômicas. Ou seja, o sistema simpático e o parassimpático agem em equilíbrio. O sistema nervoso autônomo é a porção do sistema nervoso que controla a maioria das funções viscerais do organismo: Pressão arterial Motilidade gastrointestinal Secreção gastrointestinal Esvaziamento da bexiga Sudorese Temperatura corporal Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 15 Se tiver uma doença que afete o SN autônomo, o que o paciente apresenta? Temperatura desregulada, pressão arterial descontrolada, alteração da atividade gastrointestinal, etc. O sistema nervoso autônomo é ativado, principalmente, por centros localizados na medula espinal, no tronco cerebral e no hipotálamo. Porções do córtex cerebral, em especial do córtex límbico, podem transmitir sinais para os centros inferiores, e isso pode influenciar o controle autônomo (emoções). Ou seja, as emoções influenciam no sistema nervoso autônomo. Por exemplo: situações de ansiedade que causam sudorese. O sistema nervoso autônomo também opera, em geral, por meio de reflexos viscerais; isto é, sinais sensoriais subconscientes de órgãos viscerais podem chegar aos gânglios autônomos, no tronco cerebral ou no hipotálamo e, então, retornar como respostas reflexas subconscientes. Ou seja, as vísceras estão sempre enviando informações sensitivas para o SNC e existem as respostas pelos nervos efetores autonômicos, que agem de acordo com o necessário para manter a homeostase. Simpático O SN simpático vai de T1 até L2. Quando partes do simpático inervam alguma estrutura que está abaixo do nível de L2 ou acima do nível de T1, as fibras do neurônio seguem para a cadeia ganglionar, para que a cadeia pós-ganglionar vá ao nível superior ou inferior. A cadeira ganglionar do SN simpático fica ao lado da coluna vertebral, sendo assim, eles são chamados de gânglios paravertebrais. A fibra dos neurônios pré- ganglionares do sistema nervoso simpático que se direcionam para os gânglios paravertebrais são mais curtos do que as fibras pós-ganglionares (se direcionam para vísceras e percorrem um maior caminho). FIBRA PRÉ-GANGLIONAR DO SNSIMPÁTICO: CURTA FIBRA PÓS-GANGLIONAR SNSIMPÁTICO: LONGA Parassimpático O parassimpático emerge na região cervical (tronco cerebral) e lombossacral. O gânglio do SN parassimpático ou fica dentro do órgão inervado ou muito próximo dele. Sendo assim, a fibra do neurônio pré-ganglionar percorre um longo caminho até a víscera inervada. Consequentemente, no SN parassimpático a fibra do neurônio pré-ganglionar vai ser mais longa do que a fibra do neurônio pós-ganglionar. FIBRA PRÉ-GANGLIONAR DO SN PARASSIMPATICO: LONGA FIBRA PÓS-GANGLIONAR DO SN PARASSIMPATICO: CURTA Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 16 Explicando imagem ao lado Via parassimpática: neurônio pré-ganglionar é longo, sai da medula e segue até o gânglio que está no órgão ou próximo do órgão na sinapse que tem no gânglio, acetilcolina é liberada pelo neurônio pré-ganglionar e se liga ao seu receptor nicotínico que está no neurônio pós-ganglionar o neurônio pós-ganglionar vai terminar no local onde age o parassimpático acetilcolina liberada pelo neurônio pós-ganglionar age em receptor muscarínico. Por exemplo: se tratarmos do músculo cardíaco, consideramos que a acetilcolina será liberada na fibra do parassimpático; existe um receptor muscarínico no órgão onde a acetilcolina se liga. Sendo assim, esse neurotransmissor efetua sua ação parassimpática no órgão. Via simpática: a fibra do neurônio pré-ganglionar é mais curta, ela sai da medula e vai realizar uma sinapse no gânglio paravertebral nessa sinapse também é liberada acetilcolina e no neurônio pós- ganglionar está o receptor nicotínico o neurônio pós-ganglionar vai liberar outro neurotransmissor quando chegar até a próxima sinapse, que pode ser a noradrenalina ou norepinefrina. A noradrenalina e a norepinefrina tem receptores alfa1, alfa2, beta1, beta2 e beta3, que ainda serão citados. Elas atuam nesses receptores nos diferentes sistemas. Via simpática para a suprarrenal: neurônios chegam diretamente no córtex da adrenal, vão até a região da medula e estimulam a produção e liberação de norepinefrina e epinefrina efeito em múltiplos órgãos quando são lançados na corrente sanguínea. Importante! Acetilcolina pré-ganglionar, tanto no simpático quanto no parassimpático, age em qual receptor? Receptor nicotínico. Acetilcolina pós-ganglionar age em qual receptor no parassimpático? Receptor muscarínico. Ação do SNS na medula adrenal O neurônio pré-sináptico chega até as células cromafim (neurônio primitivo) na medula da adrenal. Quando estimuladas, essas células liberam adrenalina e noradrenalina para a circulação. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 17 Receptores adrenérgicos Nesse esquema abaixo não cita o beta 3, mas a professora disse para associarmos o beta 3 com a lipólise. Simpático reduz a motilidade do TGI e os músculos do esfíncter ficam contraídos, pois há mais paralisia acima dele para não ter evacuação ou eliminação de urina naquele momento.Receptores do Sistema Nervoso Simpático Beta 2: uma pessoa com situação de estresse e precisa correr por exemplo, é importante ter uma broncodilatação. A maioria das glândulas é estimulada pelo parassimpático, já as sudoríparas são estimuladas pelo simpático. Efeito do feedback negativo do receptor alfa 2 O alfa 2 é um receptor diferente, pois costuma estar localizado no neurônio pré-sináptico e é estimulado quando há muita norepinefrina na fenda sináptica, o que causa a diminuição da liberação de norepinefrina na fenda. Alfa 2 localizado no neurônio pré-sináptico há muita norepinefrina agindo na fenda sináptica alfa 2 é estimulado diminuição da liberação de norepinefrina na fenda. Se uma medicação estimular somente o alfa 2, o que essa medicação faz com a pressão arterial? Ela vai reduzir a pressão arterial, pois ela reduz a liberação da norepinefrina na fenda. Efeitos da estimulação simpática e parassimpática em órgãos específicos Olhos PUPILAS A estimulação simpática contrai as fibras meridionais da íris, provocando a dilatação da pupila (MIDRÍASE); A estimulação parassimpática contrai o músculo circular da íris, provocando a constrição da pupila (MIOSE). Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 18 Sistema gastrointestinal O simpático inibe os movimentos colônicos, diminui a contração da musculatura do TGI. Contudo, nos esfíncter ele aumenta a contração, com a intenção de ter menor eliminação de fezes. O parassimpático aumenta a motilidade do TGI. Glândulas As glândulas nasais, lacrimais, salivares e muitas glândulas gastrointestinais são intensamente estimuladas pelo sistema nervoso parassimpático abundantes quantidades de secreção aquosa as glândulas do trato digestivo mais intensamente estimuladas pelos parassimpáticos são as do trato superior, especialmente as da boca e do estômago. Uma pessoa que usa medicação análoga à ação parassimpática (aumento da ação parassimpática) vai ter quais consequências nas glândulas? Aumento da secreção, ou seja, salivação, lacrimejamento, etc. A estimulação simpática, quando estimula glândulas digestivas, provoca a formação de secreção concentrada contendo altas porcentagens de enzimas e muco causa vasoconstrição dos vasos sanguíneos que irrigam as glândulas, e, dessa forma, às vezes diminuem suas intensidades de secreção. O simpático não inibe a secreção, mas na verdade estimula uma secreção com menos líquido, resultando em uma secreção mais espessa. Coração A estimulação simpática eleva a atividade total do coração esse efeito é produzido pelo aumento tanto da frequência como da força da contração cardíaca. A estimulação parassimpática causa efeitos opostos frequência cardíaca e força de contração diminuídas. A estimulação simpática aumenta a eficácia do coração como bomba, da forma que é necessária durante exercício pesado, enquanto a estimulação parassimpática diminui o bombeamento do coração, permitindo que ele descanse entre períodos de atividade exaustiva. Se estivermos apenas um estímulo simpático o trabalho excessivo gera a necessidade de muito sangue e muito oxigênio chegando até as coronárias, o que pode gerar uma isquemia e um consequente infarto. Vasos sanguíneos sistêmicos A maioria dos vasos sanguíneos sistêmicos, especialmente os das vísceras abdominais e da pele dos membros, é contraída pela ESTIMULAÇÃO SIMPÁTICA. A ESTIMULAÇÃO PARASSIMPÁTICA quase não tem efeitos na maioria dos vasos sanguíneos. Pressão arterial PA = FC x RVP (resistência vascular periférica) FC = DC (débito cardíaco) x VS (volume sistólico) Logo: PA = (DC x VS) X RVP A estimulação simpática aumenta tanto a propulsão pelo coração, como a resistência ao fluxo, o que em geral causa aumento agudo da pressão arterial. O simpático aumenta a frequência cardíaca, faz vasoconstrição (aumentando a RVP), ele aumenta a força de contração (aumentando DC). Sendo assim, ele aumenta a pressão arterial. Medulas adrenais A estimulação dos nervos simpáticos, que vão até as medulas adrenais, causa a liberação de grande quantidade de epinefrina e norepinefrina no sangue circulante. A epinefrina e a norepinefrina circulantes têm quase os mesmos efeitos nos diferentes órgãos. Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 19 Caso clínico 1 S.S.S, sexo feminino, 32 anos. Queixa principal: fraqueza muscular progressiva e fadiga há 15 dias. História da moléstia atual: paciente relata que há cerca de dois meses notou “visão borrada” com piora à noite e ao fazer leituras prolongadas, com melhora ao acordar. Marido refere que, durante o mesmo período, percebeu que as pálpebras da paciente estavam ficando mais baixas. No último mês passou a apresentar cansaço da mandíbula ao final das refeições e dificuldade de deglutição, se engasgando com alimentos sólidos. Há cerca de quinze dias, evoluiu com alteração na fala, fraqueza muscular progressiva iniciada em MMSS, com dificuldade para pentear o cabelo, que progrediu para MMII, prejudicando a deambulação a ponto de necessitar de cadeira de rodas. Relata quadro de fadiga e cansaço proeminentes ao final do dia, principalmente nos dias mais estressantes. As queixas da paciente sugerem perda do trabalho muscular, ou seja, o metabolismo do músculo está alterado por alguma razão. No sistema nervoso somático, o neurônio libera na placa motora acetilcolina; essa acetilcolina atua em receptores nicotínicos. Trata-se de miastenia gravis, uma doença autoimune da junção neuromuscular na qual ocorre a produção de anticorpos que atuam contra os receptores nicotínicos da acetilcolina, localizados na membrana pós-sináptica da placa motora. Pode acometer qualquer faixa etária, com maior incidência na terceira e quarta décadas de vida, predominantemente em mulheres. Anticorpo se liga no receptor e impede que a acetilcolina se ligue a ele paciente apresenta fraqueza muscular. Tratamento para miastenia gravis A Piridostigmina age inibindo a degradação da Acetilcolina (ACh) pela colinesterase na fenda sináptica a partir do bloqueio competitivo da enzima Acetilcolinesterase (AChE). Esse efeito prolonga a duração e a intensidade da ACh nos terminais sinápticos, o que favorece a realização da contração muscular. Caso clínico 2 Paciente de 25 anos deu entrada na emergência com precordialgia de início há 1 hora. Encontrava- se agitado, midriático, hipertenso (190X100mm Hg), taquicárdico. Quando questionado sobre uso de drogas relatou ter utilizado cocaína. Foi encaminhado para setor onde seria monitorizado e seriam colhidos exames para monitoramento e tratamento adequados. O estado do paciente nos faz pensar sobre hiperatividade do simpático. A cocaína é um alcalóide usado como droga, derivada do arbusto Erythroxylum coca, com efeitos anestésicos e cujo uso contínuo, pode causar outros efeitos indesejados como dependência, hipertensão arterial e distúrbios psiquiátricos. Cocaína O mecanismo de ação da cocaína no sistema nervoso central (SNC) consiste em aumentar a liberação e prolongar o tempo de atuação do neurotransmissor dopamina, noradrenalina e serotonina. Aumento da temperatura, da pressão arterial, taquicardia, midríase. https://pt.wikipedia.org/wiki/Alcal%C3%B3ide https://pt.wikipedia.org/wiki/Droga https://pt.wikipedia.org/wiki/Erythroxylum_coca Fisiologia II Turma106 Letícia Iglesias Jejesky 20 Caso clínico 3 Paciente de 60 anos deu entrada na emergência com frequência cardíaca de 40, foi realizado eletrocardiograma que evidenciou bloqueio átrio- ventricular total. Descreva o mecanismo de ação da atropina. Ela teria alguma ação benéfica no caso do paciente descrito acima? A acetilcolina no coração vai causar a reduçãoda força de contração e frequência cardíaca, ou seja, bradicardia. Inibir a ação do parassimpático pode ajudar a elevar a frequência desse paciente. A atropina inibe as ações muscarínicas da acetilcolina nas estruturas inervadas pelos nervos colinérgicos pós-ganglionares e nos músculos lisos. Ou seja, com uso da atropina podemos inibir a ação do parassimpático no coração e com isso conseguimos aumentar um pouco a frequência cardíaca.
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