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gestão empresarial Direito empresarial fundamentos do direito: a ciência do direito e normas jurídicas 1 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Contribuir para a melhoria de processos de decisão nas organizações, antecipando-se aos problemas que reper- cutem na esfera do Direito. Desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes que contribuam para o desenvol- vimento capacitando profissionais com conhecimento jurídico essencial. Dar aos alunos condições mínimas de conhecer o Direito que organiza a sociedade e a ativida- de empresarial. Conhecer como surgem as normas jurí- dicas na sociedade. Desenvolver conhecimento de algu- mas normas. Conhecer qual o significado de lei. COmpetênCias A partir do estudo desta Unidade de Aprendizagem você deve adquirir a capacidade de compreender o que é o Direito e o que é a Ciência do Direito, e o que são as normas jurídicas. Habilidades Organizar e gerir a empresa com base no Direito. Mobilizar os recursos disponíveis para o encaminhamento de solu- ções apropriadas dentro da ótica das normas da socieda- de, para os mais diversos contextos organizacionais. direito empresarial fundamentos do direito: a ciência do direito e normas jurídicas parte i FUNdameNtos do direito: a ciência do direito apresentação Olá, nesta primeira parte da Unidade de Aprendizagem você terá uma visão panorâmica do que é a ciência do Direito, seus principais conceitos para que possa desen- volver os demais temas que se seguirão. A importância de se conhecer a base do direito está no fato de que o aluno terá condições de avaliar melhor suas escolhas, de uma forma legítima e consciente, uma vez que o Direi- to permeia os fatos sociais, ou seja, no nosso modo de vida. Por meio dos conteúdos estudados nesta Unidade de Aprendizagem ficará fácil dar prosseguimento aos es- tudos e compreender de uma forma mais clara, os insti- tutos que fazem parte do arcabouço jurídico. para começar Você sabe que tem que lutar incessantemente pelos seus direitos para conseguir alcançar seus objetivos nessa vida. Na sociedade em que vivemos, todos os dias nascem novas leis, que interferem no nosso modo de vida, pode- mos dizer que o Direito se modifica dia a dia. Nesta parte da Unidade você compreenderá os fun- damentos do Direito e sua finalidade e entenderá que o Direito é uma ciência. Tomará conhecimento que o Direito mantém a so- ciedade coesa. Conhecerá quais os elementos que compõem o Di- reito e compreenderá que o Direito tem a finalidade de organizar a vida em sociedade.Conhecerá, por fim, os símbolos do Direito / Justiça. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 4 Assim, para iniciarmos, observe as questões abaixo e anote suas res- postas e percepções, para testar seus conhecimentos. Ao final desta Uni- dade, refaça o exercício para ver o quanto assimilou da Unidade de Apren- dizagem, pois isto certamente contribuirá para seus estudos. 1. Você sabe o que o Direito regula? 2. Qual o objetivo do Direito? 3. Quais os significados que a palavra Direito pode ter? Nesta parte da Unidade vamos iniciar o conhecimento do Direito, com uma visão panorâmica, para que você possa, dentro da sua área de atua- ção, entendê-lo e melhor organizar as suas funções. O conhecimento do Direito facilitará a organização e o melhor anda- mento da empresa. Boa sorte (e muita dedicação)! Fundamentos O Direito regula a vida em sociedade, imprime uma direção e a transforma. O Direito visa o bem comum de todas as pessoas dentro da sociedade. Por bem comum entendemos o respeito à dignidade que cada ser humano possui, independentemente de sua condição social, da cor da pele, do sexo, de idade, da orientação sexual e política e de sua convicção religiosa. Atenção Direito, ética e moral são coisas distintas, embora muitas vezes apareçam unidas. Moral pode ser entendida como o conjunto de costumes de uma sociedade. A ética estuda e realiza uma reflexão sobre as ações e o comportamento humano, buscando os bons costumes e as corretas ações. Diz-se que a Moral não obriga, mas o Direito sim. A palavra Direito tem origem na Roma Antiga. Naquele tempo, a língua falada pelos antigos Romanos era o latim. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 5 A palavra Direito vem do latim directum e quer dizer: aquilo que é con- forme a regra. Você sabe que existem diversas palavras para dizer a mesma coisa. E as pessoas acreditam dizer coisas diferentes usando as mes- mas palavras. Olha a confusão que pode ocorrer! Por isso existe a semântica, o estudo do significado das palavras. Atenção Atualmente, a palavra “Direito” tem vários significados, como: 1. Quando alguém resiste a uma invasão injusta de sua fazenda, dizemos que essa pessoa está defendendo seus direitos; 2. Quando o consumidor reclama do produto defeituoso que comprou, ele busca o seu direito; 3. Quando o juiz decide uma questão no Tribunal, dize- mos que ele aplicou o direito (fez justiça). A palavra Direito tem entre os seus significados o que é correto, o que é “justo”. Assim, nesse sentido, quando falamos em “Direito”, estamos fa- lando em justiça. Como a vida em sociedade só é possível, se existirem normas obrigatórias reguladoras das relações entre as pessoas, o com- portamento delas é disciplinado pelo Direito. Infelizmente não temos registro de todas essas normas de tempos antigos, no entanto, alguns sobreviveram e sabemos, por exemplo, dos dois primeiros códigos de leis: os Códigos de Ur-Namu em torno de 2050 a.C; e o Código de Hamurabi (Rei da Mesopotâmia que viveu em torno de 1750 a.C.). E olhe que interessante, desde aquele tempo, no Código de Hamurabi, havia uma grande preocupação em seguir o Direito, para que não ocor- ressem injustiças. Havia normas no Código de Hamurabi que diziam: “para que o forte não oprima o fraco, para fazer justiça ao órfão e à viúva, para proclamar o direito do país”. Naquele tempo, o Código de Hamurabi consagrava a pena de talião (Olho por olho, dente por dente). A pena de talião não existe mais, pelo menos no nosso Direito. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 6 Você sabe, que na sociedade, se determinado comportamento não for cumprido, haverá uma penalidade pelo seu descumprimento, como por exemplo, uma multa por estacionar o carro em local proibido. Entre tantos significados da palavra Direito, devemos observar que po- demos considerar a existência da Ciência do Direito. E quando dizemos Ciência do Direito, estamos estudando a existência de normas de Direito em uma sociedade, sem levar em conta outros fato- res, tais como a política. É bom lembrar que o Direito foi muito influenciado pela religião e ainda é até hoje. O Direito Canônico influenciou o Direito brasileiro. Veja o exemplo, do art. 1.515 do Código Civil que diz, que o casamento religioso se equipara ao casamento civil. Nossa Constituição Federal, em seu início invoca a proteção de Deus. A Religião influenciou o Direito das culturas judaicas, muçulmanas e hindus entre tantas outras. Atenção Assim, se a Religião influenciou o Direito, como podemos conciliar o termo Ciência do Direito? Ciência e Religião se apresentaram, muitas vezes, in- conciliáveis. O ser humano, a todo tempo questiona e altera a realidade que vive, mo- dificando a sociedade e o Direito. O ser humano está em constante modificação e representa a síntese de todos os elementos do Universo, sejam eles materiais e espirituais, o que re- flete no modo como organiza a sociedade e o Direito, e como cria as normas. Como a Ciência do Direito examina o Direito na sociedade, dizemos que ela é uma ciência social. O termo ciência tem, também, vários significados, como por exem- plo, ciência de um fato por determinada pessoa; tomar ciência de um documento (saber de seu conteúdo); ciências naturais, ciências sociais, ciência da fé, ciênciasocultas, ciência da alma e outras, numa uma lista quase interminável. É possível afirmar que a Ciência do Direito tem a tarefa de interpretar os textos das normas e as situações ocorridas na sociedade, tendo em vista uma finalidade prática de como aplicá-las. O caráter científico da ciência do Direito pode ser verificado, pela característica de se ocupar em Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 7 verificar os fatos ocorridos, valorar estes fatos juridicamente e enquadrá- los em uma norma existente. A elaboração da regra jurídica depende das necessidades das socieda- des, que vão se modificando com o curso do tempo. O Direito prescreve uma norma para o futuro, de que maneira organi- zaremos a sociedade, são normas que indicam o “dever-ser”. O Direito pode ser visto como a forma que a sociedade se organiza. Assim, sob o ponto de vista das normas, o Direito é o conjunto de normas ou regras de conduta. Acreditamos ser completa e totalmente livres, mas na realidade, temos tantas e tantas regras de conduta que vão dirigindo nossas ações, desde o nosso nascimento até a nossa morte. Muitas dessas normas já se tornaram tão habituais que nem percebe- mos. O desenvolvimento do ser humano se dá pela atividade educadora dos pais, da escola, do trabalho e assim por diante. Isso ocorre, guiado pelas regras de conduta, num contínuo processo educativo. Toda a nossa vida é repleta de normas – umas mandam fazer, outras proíbem fazer e outras, ainda, permitem fazer (BOBBIO, 2001). Podemos estudar as sociedades por diversos fatores, como crenças, costumes, religião, arquitetura e por suas regras. Por exemplo: era per- mitida ou proibida a escravidão em determinada sociedade do passado? DICA O Direito nasce na sociedade; daquilo que ela considera que seja importante transformar em norma de conduta, em re- gra, em lei. Assim, num primeiro momento, o Direito provém da so- ciedade, atendendo seus anseios e interesses. O Direito colhe o fato natural e humano e lhe dá expressão jurídica (MA- MEDE, 2004). É certo que, às vezes, o Direito se expressa através das normas, mas não só por elas. O Direito pode se expressar, também, pela decisão de um juiz. Não é possível falar em Direito como algo isolado e absoluto, como algo que existe fora de um contexto de existência de relações entre se- res humanos. Da mesma forma, não é possível pensar em direitos, que não sejam vol- tados aos seres humanos, nem quando falamos dos direitos dos animais Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 8 ou do direito ambiental, porque mesmo esses ramos do direito, sempre levarão em conta as necessidades e anseios dos seres humanos. Quais são essas necessidades e anseios? Podemos dizer que todos os homens anseiam a felicidade e, para alcançá-la, os homens necessitam de regras para viver em sociedade. Assim, para que cada um, dentro da sociedade, possa alcançar a sua felicidade, sempre dentro de um quadro maior de felicidade de todos os homens, as regras são necessárias, o Di- reito é necessário. E qual a origem das regras, do nosso Direito? Nosso Direito provém do Direito Romano. O Direito Romano é o complexo de normas vigentes em Roma, desde a sua lendária fundação no século VIII a.C. até a codificação de Justiniano no século VI d.C. Para os romanos, o Direito era a arte do bom e do equitativo (do respeito à igualdade de direitos de cada um). Podemos dizer, portanto, que a visão romana do Direito é atual no sentido de que devemos respeitar os direitos de cada um, para chegarmos a uma felicidade comum, o bem de todos. Direito pode ser conceituado como o conjunto de regras e princípios organizados dentro de um sistema, destinados a regular a vida huma- na em sociedade. ConCeIto Miguel Reale diz que o Direito é um conjunto de regras obri- gatórias que garantem a convivência social, graças ao esta- belecimento de limites à ação de cada um dos membros da sociedade (REALE, 2001). O objetivo do Direito é regular a vida humana em sociedade, visando à paz e a ordem social, atingindo, também as relações individuais. Os direitos das pessoas se entrelaçam, formando direitos e obrigações recíprocas. O entrelaçamento é necessário para manter a sociedade coe- sa, vivendo de acordo com os valores mais elevados de convivência. Na visão de Tercio Sampaio Ferraz Junior: ... o Direito é um dos fenômenos mais notáveis da vida humana, compreendê-lo é com- preender uma parte de nós mesmos. É saber em parte porque obedecemos, porque mandamos, porque nos indignamos, porque aspiramos mudar em nome de ideais, porque em nome de ideais conservamos as coisas como estão. Ser livre é estar no di- reito e, no entanto, o direito nos oprime e nos tira a liberdade. Por isso compreender Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 9 o direito não é um empreendimento que se reduz facilmente a conceituações lógicas e racionalmente sistematizadas. O encontro com o direito é diversificado, às vezes conflitivo e incoerente, às vezes linear e consequente. Estudar o direito é assim uma atividade difícil, que exige não só acuidade, inteligência, preparo, mas também encan- tamento, intuição, espontaneidade. (...) (FERRAZ, Atlas, 1989). O Direito pode ser visto pelo ângulo interno, que é a prática jurídica, quanto pelo ângulo externo, que é o das modalidades por meio das quais, o Direito se insere na vida social, política e econômica (LAFER, apud FERRAZ, 1989). Assim, é difícil encontrar uma forma sucinta que dê a noção de Direito, independentemente de qualquer restrição, devido às suas características, entre as quais podemos citar a coercibilidade da norma e na sujeição, tan- to do indivíduo, quanto do Estado, ao seu comando. É razoável entender que o Direito é o princípio de adequação à vida social (PEREIRA, 1990). O Direito, como ciência social que é, só pode ser imaginado em função do homem vivendo em sociedade. Não se pode conceber a vida social sem pressupor a existência de certo número de normas reguladoras das relações entre os homens, julgadas, por estes mesmos, obrigatórias e que irão determinar, de um modo menos ou mais intenso, o comportamento do homem no grupo social (RODRIGUES, 1989). Qualquer agrupamento humano, por mais rudimentar que seja seu estágio de desenvolvimento, possui um conjunto de normas, vistas pe- los componentes como obrigatórias, disciplinado o comportamento de tais indivíduos e aplicando uma sanção no caso de descumprimento (RODRIGUES, 1989). ConCeIto A sanção (= punição), no Direito, existe para que a norma seja cumprida, embora esta possa ser desempenhada es- pontaneamente. Exemplo de sanção: aplicação de uma mul- ta ou a decretação da prisão de uma pessoa. Assim, sob o ponto de vista das normas, o Direito é o conjunto de normas, ou regras de conduta. Nossa vida se desenvolve em um mundo de normas. As normas nos acompanham do nascimento à morte, dirigindo nossas ações. Muitas dessas normas já se tornaram tão habituais que nem percebemos. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 10 O desenvolvimento do ser humano ocorre pela educação dos pais, da escola, do trabalho e assim por diante. Isso se dá, guiado pelas regras de conduta, num contínuo processo educativo. Toda a nossa vida é repleta de normas umas mandam fazer, outras, proíbem fazer e ainda outras permitem fazer (BOBBIO, 2001). Há sem dúvida um ponto de vista normativo na compreensão da his- tória humana, pois as civilizações podem ser estudas de acordo com as regras que regulam as ações dos homens que as criaram. As normas, nesse contexto, se sucedem, se sobrepõem, se contrapõem e se integram (BOBBIO, 2001). O Direito faz parte da vida humana em sociedade. ConCeIto Não se pode querer apartar o Direito dos seres humanos. O homem é resultado da integraçãode todas as coisas e de tudo que existe. Dividimos a vida humana em vários departamentos, ape- nas para fins de aprendizado e, às vezes, de trabalho, mas a vida humana forma um todo indivisível. O Direito estabelece regras para que possamos viver juntos em sociedade. Em algumas religiões, como o Cristianismo, o homem se separa do pa- raíso, do “Todo”, para viver uma vida de exilado, sem os benefícios que antes existiam. De acordo com essa religião, retornará o homem, algum dia, a esse paraíso depois de uma longa jornada. Essa busca de uma sociedade ideal (= Utopia), de um novo “paraíso”, onde todos vivam em harmonia, respeitando uns aos outros, motiva os seres humanos a estabelecerem normas de convivência. O homem vai aumentando o número de normas, sempre em torno dos seus interesses, entorno de sua figura humana. Os direitos dos animais, por exemplo, levam em consideração os anseios e necessidades próprias do ser humano. É sempre sob o ponto de vista humano. Tudo isso representa a luta entre o antropocentrismo – o homem como centro de tudo – e o biocentrismo – a vida como centro de tudo. Nesse ponto vale lembrar as palavras de Goffreddo Teles Jr.: Uniforme é o fenômeno da vida. A célula de uma ameba e a célula de um homem são indústrias muito semelhantes. No protozoário, na árvore, nas flores, na lagarta, na Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 11 andorinha, no meu cachorrinho, em Beethoven; a oficina primordial da vida é sempre a mesma. Somos todos irmãos, nós os vivos. Somos irmãos, porque somos biologica- mente semelhantes. “Todos são iguais perante a lei”, diz o Direito. Tal é o mandamento jurídico mais sublime. Com realismo científico, logo após as descobertas modernas sobre a engenharia uniforme de todas as células, afirmamos, extasiados, que todos nós somos irmãos de todos os seres vivos... (BUCCI, 2002). ConCeIto As dimensões do Direito são três: → Os fatos que ocorrem na sociedade; → A valoração que se dá a esses fatos; → A norma que regula as condutas de acordo com os fatos e valores. Cada sociedade, portanto, tem seu Direito e, o que é permitido em nosso país pode ser proibido em outro e vice-versa. Fato é qualquer acontecimento que ocorra no mundo. Existem fatos que têm importância para o Direito, são os chamados fatos jurídicos. Os fatos jurídicos produzidos pelos seres humanos são denominados atos jurídicos, como a compra de uma mercadoria. Se os fatos jurídicos se originarem da natureza, eles são chamados de fatos naturais, como um raio que queima uma televisão. ConCeIto O Direito tem três elementos: sujeito, objeto e relação. Sujeito: pessoa física ou jurídica; Objeto: bem ou vantagem fixada pela ordem jurídica em relação ao sujeito; Relação: garantia dada pela ordem jurídica para proteger o sujeito de direito e o objeto. Vamos dar um exemplo: Uma pessoa compra um carro. Sujeito: é a pessoa que comprou o carro. Objeto: o carro. Relação: direito de propriedade da pessoa sobre o carro. Ao longo do curso você irá aprender mais sobre o Direito, para que seja possível gerir uma empresa, por exemplo, com mais segurança, respeitan- do as normas da sociedade em que vivemos. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 12 Em síntese, podemos dizer que o Direito na visão do jurista romano Cel- so é: “Viver honestamente, não prejudicar a outrem, atribuir a cada um o que é seu”. símbOlOs dO direitO/jUstiça Vamos agora verificar sobre os símbolos. Eles são utilizados como uma for- ma de expressar conceitos orientadores do comportamento em sociedade. Assim, o conceito de Direito / Justiça tem diversos símbolos. Ao acessar o site do Supremo Tribunal Federal, lá encontraremos várias definições dos símbolos do Direito. Podemos destacar de forma resumida, alguns deles: BALANÇA Utensílio de origem caldéia, símbolo místico da jus- tiça, quer dizer, da equivalência e equação entre o castigo e a culpa (CIRLOT, 1984, p. 112). l Conceitos associados: equidade, igualdade. MARTELO Também chamado de malhete, o martelo do juiz, todo em madeira, é juntamente com a deusa Thê- mis e a balança da justiça comutativa, um dos mais fortes e conhecidos símbolos do direito e da justiça. Conceitos associados: respeito, ordem. CEGUEIRA É símbolo da imparcialidade e do abandono ao des- tino, e desse modo exprime o desprezo pelo mundo exterior face à “luz interior”. Conceitos associados: imparcialidade, sabedoria. EspAdA Em primeiro lugar, a espada é o símbolo do estado militar e de sua virtude, a barreira, bem como de sua função, o poderio. Conceitos associados: poder, defesa da lei. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=inicial http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=balanca http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=martelo http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=cegueira http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=espada Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 13 LEI dAs dOZE TÁBUAs A Lei das Doze Tábuas (Lex Duodecim Tabularum ou simplesmente Duodecim Tabulae, em latim) cons- tituía uma antiga legislação que está na origem do direito romano. Conceitos associados: origem do direito romano. TRONO pEdEsTALs Função universal de suporte da glória, do poder, da manifestação da grandeza humana e das Institui- ções. Conceitos associados: autoridade, glória. TÊMIs É uma divindade grega onde a justiça é definida, no sentido moral, como o sentimento da verdade da equidade e da humanidade, colocado acima das pai- xões humanas. Conceitos associados: imparcialidade. dIKÉ Divindade grega que representa a Justiça, também conhecida como Dice, ou ainda, Astreia. Filha de Zeus e Têmis ela não usa vendas para julgar. Conceitos associados: força e igualdade. IUsTITIA Divindade romana que representa a Justiça. Não é o equivalente da Têmis grega, mas sim de Diké e tam- bém de Astreia. Conceitos associados: justiça. AsTREIA Nome que muitos autores dão à constelação de Vir- gem no tempo em que reinava sobre a Terra. Filha de Zeus e Têmis. Conceitos associados: justiça e virtude. Além dos símbolos acima, temos outros, e vamos acrescentar mais dois deles: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=tabuas http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=trono http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=temis http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=dike http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=iustitia Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 14 A BECA É uma veste que vai do pescoço aos pés, e tem sua origem nos trajes sacerdotais da antiga Roma. Geralmente preta, ela se assemelha a uma capa, sendo um símbolo da advocacia e carregado de simbologia forense. A beca representa a tradição e o prestígio da profissão, assim como a toga. É também um símbolo que carrega a tradição da profissão e desper- ta o respeito solene pelo povo. CRUCIfIxO O crucifixo carrega uma simbologia que ultrapassa seu significado religioso. Segundo a Doutrina, o crucifixo representa um erro judiciário, cometido há milênios, e serve de alerta ao corpo de jurados. O Crucifixo fixados nos Tribunais, está ali para lembrá-los e guiar suas decisões e ponderações pela lei, para um julgamentoverdadeiramente justo. parte ii FUNdameNtos do direito: normas JurÍdicas apresentação Olá, nesta segunda parte destaUnidade de Aprendiza- gem o tema abordado é Fundamentos do Direito: nor- mas Jurídicas. O principal aspecto que envolve as normas jurídicas é a maneira como elas influenciam no funcionamento da nossa sociedade. Tal aspecto é verdadeiro, pois, meio dos sistemas jurídicos, da eficácia da lei no tempo e no espaço, se dá o modo de ser da sociedade. Nesse sentido, esse modo de ser sofre influência, prin- cipalmente da globalização e a forma como esta é inter- pretada. Por essa razão importante se torna esse estudo. para começar Na Parte I, acima estudada, conhecemos a Ciência do Direito, seus conceitos e suas implicações com a moral e com a ética, bem como os símbolos do Direito / Justiça. Nesta Parte II trataremos das normas jurídicas e como elas influenciam o funcionamento de nossa sociedade. Mas eu começo fazendo os questionamentos abaixo, e oriento, que as observe e anote suas respostas e per- cepções para testar seus conhecimentos. Ao final desta Unidade, tente refazer o exercício para ver o quanto assi- milou da Unidade de Aprendizado, pois isto certamente contribuirá para seus estudos. 1. O que é a Lei? 2. As pessoas podem propor uma lei (procure nos fundamentos a dica sobre a iniciativa popular)? Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 16 Fundamentos Podemos considerar o Direito como um conjunto de normas ou regras de conduta, estabelecidas na sociedade. Cada sociedade organiza uma determinada ordem interna, considera- da essencial, capaz de controlá-la. Os indivíduos, dentro da sociedade estão vinculados uns aos outros, de diversas maneiras. Um dos significados da palavra indivíduo é: “organismo único pertencen- te a um grupo” (PRIBERAM, 2010). Entre os pais e filhos, por exemplo, existem as normas do chamado Direito de Família. Por exemplo, o direito à prestação de alimentos é re- cíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros, confor- me preceitua o artigo 1.696 do Código Civil. Chama-se isso o dever de pagar alimentos. Se por alguma razão, os pais abandonarem os filhos ou vice-versa, po- derão exigir alimentos, sendo possível até a prisão civil (já que não é cri- me) do devedor por esta dívida. Por sua vez, existem normas entre o cidadão e o governo, como o de- ver de pagar imposto. Existem normas dentro do clube de lazer que você frequenta. Existem normas no condomínio de edifício que você mora, a respeito do dia que se pode fazer a mudança e até que horário, você pode fazer barulho para uma reforma em seu apartamento. Cada um desses grupos e associações se constitui e se desenvolve através de normas. Assim, seja em grupo ou individualmente, todos os seres humanos vi- vem através das normas criadas. As normas divergem pelas finalidades que querem atingir, pelo con- teúdo que possuem, pela obrigação que impõem, pela sua validade no tempo e no espaço. Todas essas regras têm uma única alma, um único elemento caracte- rístico, com a finalidade de influenciar e determinar o comportamento de um grupo rumo a um objetivo comum, ao bem comum, à construção da civilização (QUINN, 2001). Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 17 Atenção Norma Jurídica é uma regra. Lei é a regra jurídica escrita, a qual o elaborador, a quem chamamos de legislador, aplica na sociedade para organizá-la. A Lei obriga a todos. Por isso, dizemos que a Lei é im- perativa. Não se pode alegar o desconhecimento da Lei para não fazer o que ela manda. Dentro do Direito está contida a norma que, por sua vez, contém dentro de si a lei. 1. sistemas jUrídiCOs Existem diversos sistemas jurídicos. Em particular vamos mencionar dois deles: sistema romano-germânico (No qual impera a lei, por exemplo, no Brasil) e, o sistema da Common Law (onde as decisões judiciais for- mam precedentes, por exemplo: na Inglaterra e nos EUA). Ao menos no nosso país, o Direito se expressa principalmente pela nor- ma e essa, pela lei. Assim, é possível dizer que o Direito se encontra nas leis, mas não só nela como veremos nas lições seguintes. ConCeIto Toda norma jurídica pode ser submetida a três análises: a justiça das normas, a sua validade e a sua eficácia (BOBBIO, 2001). Ninguém pode admitir que as normas injustas sejam boas para organizar a sociedade, pois assim teríamos uma sociedade injusta, e é exatamente isso que não queremos que aconteça. 2. efiCáCia da nOrma nO tempO Quando se fala em eficácia de uma norma, queremos dizer que uma norma tem a capacidade de produzir efeitos jurídicos com sua aplicação. Essa eficácia pode ser medida no tempo e no espaço. Por eficácia no tempo queremos dizer quando a norma entrou em vigor. Como regra geral, no Brasil, salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente pu- blicada, conforme previsão do art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito brasileiro. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 18 A lei pode ter um tempo específico para vigorar, ou pode vigorar por tempo indeterminado até que outra a substitua, revogue ou modifique. 3. efiCáCia da nOrma nO espaçO Devemos saber se as normas são válidas, se estão valendo no espaço. As leis têm um espaço de aplicação, isto é, podem ser aplicadas em determinado território. Valer no espaço quer dizer, valer em um município, em um estado ou em um país. Por exemplo, a lei americana não vale em território brasileiro e vice-versa. E a validade das normas no espaço e no tempo tem muita importância para o comércio e para a indústria como veremos a seguir. Sabemos que o mundo se encontra interligado e que as empresas bus- cam os melhores lugares para produzir. É a chamada globalização. DICA Validade no tempo indica se determinada norma ainda exis- te ou foi modificada/substituída por outra. Como exemplo de validade, poderíamos perguntar: a norma que permitia a escravidão ainda existe? A resposta é não, porque a Lei Áurea acabou com a escravidão. As leis se modificam no tempo, conforme a sociedade se modifica. 4. glObalizaçãO DICA Agora é importante, dentro do Direito e dentro da aplica- ção das normas no espaço, o conceito de Globalização que tanto se fala. Hoje, muitos dos produtos vendidos têm a etiqueta: Made in China (feito na China). A globalização é um fenômeno que influência nossa so- ciedade e o nosso Direito. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 19 Conceituar os termos que serão utilizados no nosso estudo é conveniente, pois, as informações devem ser passadas com precisão, de tal modo que as pessoas que leem tenham a exata noção da mensagem que está sendo transmitida. A linguagem ambígua e imprecisa torna a mensagem pouco clara, in- compatível com a ciência do Direito. Por outro lado, é difícil conceituar o fenômeno da globalização que está se desenvolvendo dentro da sociedade humana, pois ele está em constante mudança. Podemos conceituar, por exemplo, a globalização, como a busca, pelas empresas de novos mercados para as vendas de seus produtos, a livre circulação de mercadorias e de dinheiro, no comércio internacional, facili- tadas pela informática e telecomunicações. Desde quando existe a globalização? Desde a época das grandes navegações, período compreendido entre o final do século XV e início do século XVI, correspondente à expansão marítima de Portugal e Espanha. Desde aquele tempo, o homem procura novos mercados para vender seus produtos, utilizando a tecnologia como meio de alcançar modernos modos de fabricação e de atingir outros espaços comerciais. O termo globalização, contudo, é um conceito cunhado nas escolas de marketingna década de 1970, com significado de que o mercado a ser conquistado não é a de alguns países somente, mas de todo o globo. Isto é importante, para saber a razão de algumas empresas buscarem países com mão de obra barata, para produzir seus produtos, vez que, alguns deles, não têm uma legislação de proteção e por outras circunstân- cias, a remuneração pelo trabalho é sensivelmente menor. Por outro lado, outras empresas procuram países com legislação e fa- tores que protegem o empregado e não há exploração do trabalho. Cada norma tem então, um determinado espaço, onde ela pode valer e isto influencia diretamente o mundo do comércio. Olha que interessante, toda a população é obrigada a obedecer à lei, podemos por assim dizer que somos “obrigados” pela lei. Eficácia quer dizer se a lei pode produzir os efeitos pretendidos. No Brasil, muitas vezes as pessoas falam: essa lei não pegou! Quer dizer que essa lei existe, mas ninguém segue, mesmo que exista uma punição. Tal situação não é boa para a sociedade. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 20 ConCeIto O direito é formado por um conjunto ordenado logicamente de normas que prescrevem a conduta a ser adotada pelos indivíduos da sociedade a fim de mantê-la funcionando, de maneira pacífica, voltada para o bem comum. 5. OrdenamentO jUrídiCO As normas determinam, previnem, consertam, orientam ou punem os desvios ocorridos na sociedade. O conjunto das normas jurídicas é chamado de ordenamento jurídico. O ordenamento jurídico deve regular todas as condutas que a sociedade entende ser importante serem reguladas. A norma deve ser clara, para que todos entendam, deve ser objetiva e obrigatória para que todos cumpram. Se a norma não for cumprida haverá uma sanção. Você sabe que uma norma pode ser expressa através de uma lei ou através de um estatuto de um clube, por exemplo. A lei, por sua vez, tem um sentido mais específico. A lei é a forma como ordenamento jurídico diz, quais as normas que ele quer pôr para funcionar na sociedade. A lei posta para funcionar na sociedade tem o nome de direito positivo. Por outro lado, a possibilidade de cumprir determinada norma se dá o nome de direito subjetivo. Por exemplo, existe uma norma de direito positivo que trata do casa- mento, mas isso não quer dizer que todo mundo está obrigado a casar. A lei provém da sociedade, mas é elaborada pelo poder legislativo. A expressão Direito Natural surge para indicar que existem leis que fazem parte da natureza humana. Por exemplo, o cuidado dos pais pelos filhos. ConCeIto Você sabe o que é iniciativa popular? Iniciativa é a faculdade que a pessoa tem de propor um projeto de lei que, se aprovado passa a fazer parte do nosso ordenamento jurídico. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 21 6. pUbliCidade das nOrmas Todo mundo precisa conhecer as leis para cumpri-las, por isso elas tem que ser mostradas à população, tornadas públicas. Dá-se a isso o nome de publicidade das normas. O juiz precisa conhecer a lei, assim como, o empresário e o empregado, por exemplo, para poderem cumpri-las. ConCeIto Quem elabora as leis é chamado de legislador. O legislador também deve conhecer as leis já existentes para não fazer uma grande confusão. As normas de conduta do Direito se preocupam com os destinos que devem ser dados à sociedade e ao chamado “dever-ser”. 7. interpretaçãO das nOrmas jUrídiCas Interpretar significa esclarecer, dar um sentido, explicar. As normas jurídicas precisam ser claras para serem aplicadas. Infelizmente, nem sempre elas são tão claras, o que torna difícil aplicá-las. Assim, nasce a necessidade de interpretá-las. Existem várias formas de interpretar uma norma jurídica. Vamos ver algumas delas. A interpretação lógica busca estabelecer uma ligação lógica entre os vários textos legais. Parte-se de uma premissa, chegando a uma conclusão. Se a interpretação buscar o sentido do texto gramatical, dizemos que ela será literal ou gramatical. Veja que algumas leis determinam qual a interpretação que deve ser aplicada. Temos, como exemplo disto, o art. 111 do Código Tributário Nacional (Lei Nº 5.172, de 25 de outubro de 1966) que assim dispõe: Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - Suspensão ou exclusão do crédito tributário; II - Outorga de isenção; III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Na interpretação sistemática, a lei é interpretada levando-se em conta todo o conjunto de normas do sistema legal em que ela está inserida. Na interpretação restritiva ou limitativa, procura-se restringir a alcan- ce que a norma contém. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 22 Por outro lado, na interpretação ampliativa ou extensiva, busca-se au- mentar o alcance da norma a outras situações. A interpretação é um processo que auxilia os aplicadores do Direito a encontrar a melhor solução ao caso apresentado. A ciência que estuda a interpretação das normas é a hermenêutica (es- tabelecendo métodos para a compreensão legal). 8. evOlUçãO dO direitO O Direito é fruto da convivência humana e muda, conforme mudam os valores da sociedade. Assim, por exemplo, em 1890, a Alemanha aprova a liberdade da ativi- dade dos sindicatos, até então proibidos de funcionar. No mesmo ano os líderes operários, se unem no primeiro congresso de sindicatos livres e na criação de uma união sindical. Quando Hitler, em 1934, se torna chanceler supremo, torna ilegais to- dos os partidos políticos, com exceção do partido nazista; dissolve os sin- dicatos e termina com o direito de greve entre outros atos. Veja que os valores da sociedade mudaram e, portanto, o ordenamen- to jurídico passou a contar com novas leis. 9. HierarqUia das nOrmas Existem normas mais importantes do que outras? O que acontece quando as normas entram em conflito? Para responder estas e outras perguntas, vamos entender a respeito da hierarquia das normas. De acordo com a Constituição Federal de 1988, que é a norma máxima de nosso país, a ela, todas as normas devem estar em consonância. Vamos verificar o artigo 59 da CF/88 que dispõe: que o processo legis- lativo compreende a elaboração de: I - Emendas à Constituição; II - Leis complementares; III - Leis ordinárias; IV - Leis delegadas; V - Medidas provisórias; VI - Decretos legislativos; VII - Resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 23 Verifica-se, pela ordem exposta no citado art. 59 da CF/88, que existe uma hierarquia de normas. Se a norma mais importante é a Constituição Federal, a emenda à Cons- tituição é a segunda norma em importância no nosso ordenamento jurídi- co, e assim sucessivamente, ou seja, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Assim, você irá pensar: se existe uma hierarquia, devo cumprir somen- te as normas mais importantes? De fato, se existir um conflito entre uma norma menos importante e uma norma mais importante, a norma de maior importância é que deve ser seguida. Mas isto não quer dizer que as normas de menor importância, não devem ser seguidas. As normas de menor importância devem ser sempre seguidas, desde que não contrariem a Constituição Federal de 1988, por exemplo e/ou que favoreçam a pessoa, como exemplo, uma convenção coletiva. 10. prOCessO legislativO Processo legislativo é o conjunto de exigências e procedimentos para a elaboração das leis, sendo responsabilidade do Poder Legislativo, da União, dos Estados e Distrito Federal e Municípios. No Brasil, embora o Executivo e o Judiciário também possam, excep- cionalmente, redigir leis, no caso do Governo Federal,a palavra final cabe sempre ao Congresso Nacional. E como analisado no item anterior, a hierarquia das leis, de acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 59 prescreve: o processo legislativo compreende a elaboração de: “I - emendas à Constituição; II - leis complementares, III - leis ordinárias, IV - leis delegadas, V- medidas provisó- rias, VI - decretos legislativos e VII - resoluções”. Assim, vamos verificar cada uma delas, para entender melhor o mundo das normas. Figura 02. Pirâmide representando a hierarquia das normas. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 24 10.1. EMENdAs à CONsTITUIÇãO De acordo com o art. 60 da Constituição Federal de 1988, o texto constitucional poderá ser emendado mediante proposta, desde que aten- didos a certos requisitos, previstos na legislação. Observe que os requisi- tos para reformar a Constituição: ACF/88 -Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, ma- nifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Podemos dizer que a emenda à Constituição é um processo formal, esta- belecido pela própria Constituição, para que se possa reformar o conteú- do constitucional. Tais formalidades são importantes de serem seguidas, devido à impor- tância do texto constitucional. Isso explica a necessidade de uma proposta de emenda à Constituição necessitar de, por exemplo, de mais da metade das Assembleias Legisla- tivas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Dentro desse contexto temos 2 indagações importantes a fazer: 10.1.1. Será possível reformar qualquer parte da Constituição? A Constituição Federal de 1988 admite duas modalidades de alteração constitucional: Formal e Informal. → Formal (reforma constitucional): Revisão Constitucional (art. 3º, ADCT) e Emenda Constitucional (art. 60, CF/88). Nessa modalidade “formal”, a Revisão Constitucional (CF/88 - artigo 3º - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT) foi realizada após cinco anos (em 1993) da promulgação da Carta Magna. Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promul- gação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. E, portanto, não pode mais ser realizada a Revisão Constitucional de 1988. Atualmente, o único modo formal de alterar a Constituição de 1988 é atra- vés de Emendas Constitucionais, ou seja, conforme art. 60 da CF/88: CF/88 - Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 25 I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, ma- nifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Como exemplo de alteração por Emenda Constitucional, temos a Reforma da Previdência. → Informal (mutação Constitucional): ”é o processo informal de mu- dança da Constituição, pelo qual são atribuídos novos sentidos à ela. Ou seja, conteúdos até então não ressaltados à letra da Constitui- ção, seja através da interpretação, em suas diversas modalidades e métodos ou por intermédio da construção, e ainda, como dos usos e dos costumes constitucionais” (Fonte: Jusbrasil - Modalidades de Alteração da Constituição). 10.1.2. A outra questão: a alteração (emenda) da Constituição pode ser feita a qualquer momento? Conforme artigo 60 § 1º da CF/88, a emenda não poderá ser votada quan- do houver: Intervenção Federal, Estado de Defesa e Estado de Sítio que são situações em que há limitações de alguns Direitos. Vamos entender um pouco mais destes termos: INTERvENÇãO fEdERAL É a União Intervindo num Estado, nas situações previstas no art. 34 da Constituição Federal de 1988, a saber: manter a integridade nacional; repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; reorganizar as finanças da unidade da Federação. Como se vê, pelo exposto acima, é uma medida de exceção. EsTAdO dE dEfEsA O Estado de Defesa é decretado pelo Presidente da República, para preservar ou restabelecer de imediato, a ordem pública ou a paz social, em certos locais, ameaçadas por grave instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. Está previsto no art. 136 da Constituição Federal. O Estado de Defesa deve durar um determinado tempo não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 26 Deve atuar sobre um determinado local e deve indicar quais as medidas coercitivas serão adotadas, tais como a restrição ao direito de reunião. Essa medida é proteção do Estado, razão pela qual alguns direitos individuais são suprimidos, tal como foi visto. É necessária a submissão do ato que decretou o Estado de Defesa ou a sua prorrogação ao Conselho da República (art. 89 CF/88) e o Conselho de Defesa Nacional (art. 91 CF/88). EsTAdO dE síTIO De acordo com o artigo 137 da CF/88, o Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, soli- citar ao Congresso Nacional autorização para decretar o Estado de Sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa e II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. No caso do inciso I - comoção grave, a duração do Estado de Sítio não poderá ser decretada por mais de trinta dias, nem prorrogada, de cada vez, por prazo superior (CF/88 art. 138 §1º). Na vigência do Estado de Sítio, no caso de comoção nacional grave, as medidas que poderão ser tomadas contra as pessoas serão: a obrigação de permanência em localidade determinada, a detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns, as restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunica- ções, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, a suspensão da liberdade de reunião, a busca e apreensão em domicílio, a intervenção nas empresas de serviços públicos e a requisição de bens (art. 139 CF/88). No caso do inciso II - declaração de Estado de Guerra, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão arma- da estrangeira, vigorando com medidas específicas e áreas abrangidas (CF/88 art. 138 §1º). O Estado de Sítio é uma medida das mais extremas na proteção do Estado Nacional. Atenção O Conselho da República (art. 89 CF/88) é o órgão superior de consulta do Presidente da República, no qual participam: I - O Vice-presidente da República; Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 27 II - O Presidente da Câmara dos Deputados; III - O Presidente do Senado Federal; IV - Os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V - Os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI - O Ministro da Justiça; VII - Seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. O Conselho de Defesa Nacional (art. 91 CF/88) é o ór- gão de consultado Presidente da República nos assuntos relacionados à soberania nacional e à defesa do Estado de- mocrático. Dele participam como membros natos: I - O Vice-presidente da República; II - O Presidente da Câmara dos Deputados; III - O Presidente do Senado Federal; IV - O Ministro da Justiça; V - O Ministro de Estado da Defesa; VI - O Ministro das Relações Exteriores; VII - O Ministro do Planejamento. VIII - Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae- ronáutica. 10.2. dAs dEMAIs dEfINIÇÕEs dO ARTIGO 59 dA Cf/88 - dO pROCEssO LEGIsLATIvO. Depois de definirmos no item anterior, sobre as “emendas à Constituição” e os temas ligados à ela, vamos abaixo, de forma resumida, definir os de- mais itens do artigo 59 da CF/88: “O processo legislativo compreende a ela- boração de: “I - emendas à Constituição; II - leis complementares, III - leis ordinárias, IV - leis delegadas, V- medidas provisórias, VI - decretos legislativos e VII - resoluções”. a. A Lei complementar aborda as matérias que estão previstas pela Constituição Federal e exige a maioria absoluta para ser aprovada (art. 47 e 69 CF/88). b. As Leis ordinárias poderão abordar quaisquer matérias, desde que estas não estejam reservadas à lei complementar, aos decretos le- gislativos a às resoluções. É exigido a maioria simples para ser apro- vada. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 28 c. Leis Delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional (art. 68 CF/88), relatando o assunto que se irá legislar. Segundo dicionário jurídico, a lei delegada é equiparada à lei ordinária. Depois de criada a lei pelo chefe do executivo, ela é remetida ao legislativo para avaliação e aprovação. A Lei Delegada tem restrições e não pode ter como seu objeto, por exemplo, as seguintes matérias: a) atos de compe- tência exclusiva do Congresso Nacional; b) matéria reservada a lei complementar; c) legislação sobre planos plurianuais; d) diretrizes orçamentárias e orçamentos. d. Medida Provisória - MP é um instrumento com força de lei, adotado pelo Presidente da República, em casos de relevância e urgência. Ela produz efeitos imediatos, mas depende de aprovação do Congresso Nacional para transformação definitiva em lei. Seu prazo de vigência é de sessenta dias, prorrogáveis uma vez por igual período. Se não for aprovada no prazo de 45 dias, contados da sua publicação, a MP tranca a pauta de votações da Casa em que se encontrar (Câmara ou Senado) até que seja votada. Neste caso, a Câmara só pode votar al- guns tipos de proposição em sessão extraordinária. Tal medida está prevista no art. 62 da CF/88. e. Decreto Legislativo, conforme observado nos arts. 49 e 62, § 3º da CF/88, tem como objeto, matérias apontadas como de competência exclusiva do Congresso Nacional. Podemos citar como exemplo, as relações jurídicas decorrentes de Medida Provisória não convertida em lei, que deverá o Congresso Nacional disciplinar, por decreto le- gislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. f. Resolução são atos administrativos normativos que partem de au- toridade superior, mas não do chefe do executivo, através das quais disciplinam matéria de sua competência específica. As resoluções não podem contrariar os regulamentos e os regimentos, mas explicá-los. aNteNa paraBÓLica Leia o texto a seguir: Ética, Moral e Direito de José Ro- berto Goldim 1: É extremamente importante saber diferenciar a Ética da Moral e do Direito. Estas três áreas de conhecimento se distinguem, porém, têm grandes vínculos e até mesmo sobreposições. (…) A Moral estabelece regras que são assumidas pela pes- soa, como uma forma de garantir o seu bem-viver. (…) O Direito busca estabelecer o regramento de uma socie- dade delimitada pelas fronteiras do Estado. (…) Alguns autores afirmam que o Direito é um subconjun- to da Moral. Esta perspectiva pode gerar a conclusão de que toda a lei é moralmente aceitável. Inúmeras situa- ções demonstram a existência de conflitos entre a moral e o Direito. A desobediência civil ocorre quando argu- mentos morais impedem que uma pessoa acate uma determinada lei. Este é um exemplo de que a Moral e o Direito, apesar de referirem-se a uma mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes. A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as re- gras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos - Moral e Direito - pois não estabelece regras. Esta reflexão sobre a ação humana é que a caracteriza. 1. GOLDIM, J. R. Ética, Moral e Direito. Disponível em: <http://www. bioetica.ufrgs.br/ eticmor.htm> [2003]. Acesso em:06/2012. e agora, José? Nesta Unidade na Parte I, você aprendeu a conhecer o Direito, desde a sua origem até compreender a Ciência do Direito. A partir destas bases teóricas e com vistas à sua apli- cação prática, você irá se aprofundar nas normas que compõem o nosso Direito. Aprendemos nesta unidade que o Direito regula a vida em sociedade, imprime uma direção e a transforma, visando o bem comum e Justiça. Que Direito, moral e ética são coisas distintas. E que o Direito foi influenciado pela religião e ainda é até hoje. Que sempre que os homens desejaram viver em socie- dade, era e será sempre necessário estabelecer regras. Destacamos que o ser humano, a todo tempo questio- na e altera a realidade que vive, modificando a sociedade através das regras que se impõem. Aprendemos que o ser humano está em constante modificação e que representa a síntese de todos os ele- mentos do Universo, sejam eles materiais e espirituais. Compreendemos que a Ciência do Direito é uma ci- ência social e que a Ciência do Direito não se confunde com o Direito. A Ciência do Direito descreve e estuda o Direito. Sabemos que a elaboração da regra jurídica depende das necessidades da sociedade, que vão se modificando com o curso do tempo e que o Direito prescreve uma norma para o futuro: é o “dever-ser”. Lembramos que o nosso Direito provém do Direito Romano. Concluímos que o objetivo do Direito é regular a vida humana em sociedade, visando à paz e a ordem social, atingindo, também as relações individuais. Sabemos que os direitos das pessoas se entrelaçam, formando direitos e obrigações recíprocas. E que o en- trelaçamento é necessário para manter a sociedade co- esa, vivendo de acordo com os valores mais elevados de convivência. Conhecemos por fim, os diversos símbolos do Direito / Justiça, seus conceitos e significados. Na Parte II, você aprendeu a conhecer os Fundamen- tos do Direito, compreendendo e o modo como pode ser elaborado as leis. Você conheceu os sistemas jurídicos existentes no mundo e aqueles que seguimos no Brasil. Tratamos de conhecer que as normas têm eficácia em certo tempo e em certo espaço de atuação e valendo até que outra norma entre em vigor. Conhecemos os conceitos de globalização e a sua in- fluência no Direito. Aprendemos que o ordenamento jurídico organiza a vida em sociedade e que é importante a publicidade das normas, para que as pessoas possam cumpri-las. Entendemos que as normas precisam ser interpreta- das para serem cumpridas e aprendemos sobre a hierar- quia das leis. Mostramos que o Direito evolui, conforme evolui a so- ciedade. A partir destas bases teóricas e com vistas à sua apli- cação prática, você irá se aprofundar nas normas que compõem o nosso Direito. Na próxima Unidade iremos conhecer as fontes e as formas de expressão do Direito. Direito Empresarial / UA 01 Fundamentos do Direito: a Ciência do Direito e Normas Jurídicas 32 gLossário Bem comum: pode ser entendido como o res- peito à dignidade que cada ser humano pos- sui, independentemente de sua condição so- cial, de sua cor da pele, do seu sexo, de sua idade, de sua orientação sexual e política e de sua convicção religiosa. Ciência do Direito: conhecimentodos fatos que têm importância jurídica ordenados lo- gicamente, formando um conjunto de ideias. Civilização: sociedade humana com desen- volvi- mento intelectual, cultural e material, nas artes e nas ciências, que utiliza a escrita e pos- sui instituições políticas e sociais com- plexas. Código de Hamurabi: primeiros códigos de leis de que temos conhecimento. Diké: deusa da justiça, filha de Zeus, senhor dos céus, deus supremo da mitologia grega e de Themis, deusa da lei e da ordem, da justiça e protetora dos oprimidos. Direito romano: é o complexo de normas vi- gentes em Roma, desde a sua lendária fun- dação no Século VIII a.C. até a codificação de Justiniano no século VI d. C. Ética: estuda e realiza uma reflexão sobre as ações e o comportamento humano. Hamurabi: Rei da Mesopotâmia que viveu em 1750 a.C. Iniciativa popular: é a faculdade que a pessoa tem de propor um projeto de lei. Pode ser proveniente de uma pessoa ou órgão. O § 2º (leia-se parágrafo segundo) do art. 61 da Constituição Federal de 1988 admite que a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legisla- tivo estadual (§ 4º do art. 27 da Constituição Federal). O projeto de Lei é estudado e discu- tido. São apresentadas emendas, voltando projeto à Casa de origem. Iustitia: deusa romana da justiça. Moral: pode ser entendida como o conjunto de costumes de uma sociedade. Semântica: estudo da mudança da significação das palavras no tempo e no espaço. Utopia: é o título dado por Thomas More a uma obra sua escrita em latim ao redor de 1516 que descrevia uma sociedade perfeita. reFerências BOBBIO, N. Teoria da norma jurídica. 6. Ed. São Paulo: Edipro, 2016. BOBBIO, N. O positivismo jurídico: lições de filosofia do direito. São Paulo: Ícone, 1995. BUCCI, E. Uma entrevista (com Goffredo Tel- les Jr.). Revista do Advogado, ano XXII, nº 67, agosto de 2002, Publicação da associa- ção dos advogados de São Paulo. FERRAZ, T. S. A ciência do direito. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2014. FERRAZ, T. S. Introdução ao estudo do Direi- to. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2016. FRIEDE, R. Ciência do Direito, norma, inter- pretação e hermenêutica jurídica. 9. Ed. São Paulo: Manoele, 2015. LENTZ, H. E. Direito Empresarial: livro didáti- co. 2. Ed. Palhoça: Unisul Virtual, 2007. 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Habilidades Utilizar os conhecimentos jurídicos na solução dos pro- blemas legais que podem afetar uma empresa; entender as variadas formas de expressão do Direito. direito empresarial fontes do direito ApresentAção A temática desta segunda Unidade de Aprendizagem é o conceito de Fontes do Direito, que traduz a forma pela qual o Direito se expressa na sociedade. E quando se fala em “Fontes do Direito”, já temos a indicação de que esse “plural” se traduz em espécies (tipos) e, dentre outras, a principal é a lei. Tal fato leva necessariamente a um estudo mais detalhado do que é a lei e quais são seus elementos formadores. Também é necessário se atentar para as várias es- pécies de leis, que envolvem toda uma hierarquia já es- tudada, na unidade de aprendizagem anterior; mas em maiores detalhes serão abordadas e/ou relembradas. Vamos abordar sobre a Jurisprudência, as Súmulas dos Tribunais e as Súmulas Vinculantes, inclusive por tratarem o Direito vivo e vivenciado nos Tribunais. Essa vivência também sofre a influência da tendência dos cul- tores do Direito, que cuidam da elaboração da Doutrina e por esse motivo é importantíssimo o seu estudo. Deverá ainda ser compreendido, como o Direito se expressa através dos contratos, justamente por fazerem “lei” entre as partes contratantes. Em que pese todas es- sas fontes, ainda há maneiras de resolver problemas a partir da lei, utilizando-se de meios como a analogia, os princípios gerais de Direito e a equidade. Todo esse con- teúdo, permeado pela mais importante das leis que é a Constituição Federal de 1988. pArA ComeçAr Nesta Unidade, o aluno terá a percepção dos assuntos a serem tratados, como as Fontes e da forma que o Direi- to se expressa na sociedade, aprendendo a reconhecer cada uma delas. Vamos iniciar nosso estudo, observando as questões abaixo, anote suas respostas e percepções e teste seus conhecimentos: Direito Empresarial / UA 02 Fontes do Direito 4 1. Você sabe sob quais formas o Direito se expressa na sociedade? 2. Você sabe o que é Jurisprudência? 3. Você sabe o que é Súmula vinculante? Ao final desta Unidade, refaça o exercício, a ideia é ver o quanto assimi- lou da Unidade de Aprendizagem, pois isto certamente contribuirá para seus estudos. Para que você tenha uma ideia melhor dos assuntos que nós vamos tratar, sugerimos que você assista ao filme chamado “Filadélfia”, que ex- plora a batalha entre o preconceito e a justiça. FundAmentos Já sabemos que o Direito é um conjunto de normas ou regras de conduta, nascidas na sociedade. Que a norma jurídica é uma regra. Que lei é a regra jurídica escrita que organiza a sociedade. Sabemos, também, que o Direito se expressa principalmente pela nor- ma e esta, pela lei, mas não só por ela. Para entender isso, devemos estu- dar as fontes de expressão do Direito. A palavra fonte vem do latim fons e significa nascente. O Direito brota da sociedade, como dissemos, mas se expressa de di- versas formas. Podemos classificar as fontes de expressão do Direito segundo as for- mas e maneiras pelas quais ele se manifesta: leis, costumes, usos, juris- prudência, doutrina, equidade, princípios gerais de direito, acrescentan- do-se, ainda, as regras negociais autônomas (os contratos). Agora vamos aprofundar sobre o que seja, as fontes do Direito, como a lei, ou seja, como se dá a sua elaboração e quais são outras possibilida- des, como a de iniciativa popular, tão importante, pois, a população pode, propor as leis que julgar importantes para a vida em sociedade. Aprenderemos o que são as chamadas medidas provisórias,o que são os decretos, e a importância do uso e costume; bem como, o conceito de jurisprudência, de súmula e de súmula vinculante, o que se entende por doutrina, o que são os contratos, o que é a analogia, o que são os princí- pios gerais de direito e o que é a equidade. E por fim, veremos, também, que a norma mais importante de um país é a sua constituição e conhece- remos um pouco da nossa constituição. Só explicando, estudaremos na próxima Unidade, sobre os “Ramos do Direito”, onde aprofundaremos no assunto. Porém neste momento, para Direito Empresarial / UA 02 Fontes do Direito 5 facilitar a compreensão do estudo sobre as Fontes do Direito, de forma resumida vamos conceituar, o que seja “Ramos do Direito”. ConCeito O Direito é dividido em ramos, como se fosse uma árvore com os seus galhos. Ele é dividido em duas esferas da atua- ção jurídica: Direito Público e Direito Privado. A diferença entre o Direito Público e o Direito Privado baseia-se na natureza dos interesses. Interesses jurídicos do Estado, ou de particulares que tem relação com algum elemento público, são matéria do Direito Público. O que corresponde a interesses entre particulares são objeto do Direito Privado. Deste modo, foram surgindo os demais Ramos do Di- reito, cada qual exercendo uma função específica, porém interligado as outras áreas. Exemplo: o Direito Constitu- cional, o Direito Civil, o Direito Penal, o Direito Administra- tivo, o Direito Empresarial, o Direito do Consumidor entre outros. E para cada ramo deste, tem sua norma especifica, a lei que a direciona. 1. lei A lei é abstrata porque não trata de uma pessoa em específico, mas de to- dos. Existem diversos tipos de leis, embora o Direito seja um só. A lei dá uma ordem que deve ser cumprida, sob pena de haver uma sanção, uma pena, como uma multa, por exemplo. ConCeito Lei expressa a vontade geral da população. A lei é estabelecida genericamente para regular as con- dutas humanas. As sanções são punições pelo descumprimento de uma norma de con- duta. Existem sanções administrativas, penais, civis decorrentes de cada Ramo do Direito. Imagine alguém que passou o farol vermelho, atropelou e matou uma pessoa. Ele vai pagar uma multa administrativa, porque passou o farol Direito Empresarial / UA 02 Fontes do Direito 6 vermelho. Vai pagar uma indenização civil por dano material e moral pela morte desta pessoa à família, que é uma sanção civil e vai responder a um processo criminal, pela morte causada e, pode receber uma sanção, como a prisão, por exemplo. Existem, então, sanções civis, como, por exemplo, ser obrigado a con- sertar um carro que você bateu porque não prestou a devida atenção. Existem sanções penais, por um crime cometido, como as penas priva- tivas de liberdade. Existem as sanções administrativas, como as multas de trânsito. 1.1. AS LEIS MATERIAIS E PROCESSUAIS As leis podem ser divididas em leis materiais e processuais. As Leis Materiais são aquelas responsáveis por estabelecer as regras de convívio social, regulando a grande variedade de relações jurídicas en- tre as pessoas. Como por exemplo: no Código do Consumidor, em seu ar- tigo 18, que prevê se constatado vícios de qualidade ou quantidade, pode o consumidor exigir a substituição das partes viciadas, nas condições no código estabelecidas. Já as Leis Processuais indicam qual o caminho a ser percorrido para obter o Direito a que você pretende. São as normas que irão regulamen- tar o funcionamento do processo em si, estabelecendo fases e procedi- mentos a serem adotados em cada uma dessas fases. Portanto, as chamadas leis processuais dizem respeito de que maneira você pode exercer seu Direito, como por exemplo, a qual Tribunal você deve se dirigir para reclamar seus direitos trabalhistas. Seria a Justiça do Trabalho ou à Justiça Estadual? (A resposta correta é Justiça do Trabalho). Lembre-se que a Lei regula toda a sociedade, por isso, são necessárias as leis processuais. Figura 01. Martelo de madeira usado em tribunais. Direito Empresarial / UA 02 Fontes do Direito 7 ConCeito Podemos dividir as leis em materiais e processuais. As leis materiais regulam o direito das pessoas, como por exemplo: direito de trocar uma mercadoria adquirida com defeito. As leis processuais indicam qual o caminho a se percorrer para obter o direito a que você pretende. 1.2. AS TRÊS ESFERAS DA LEI A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. Assim, podemos afirmar que a administração do Estado brasileiro é dividida em três níveis de governo: Federal, Estadual e Municipal e tem suas administrações com diferentes níveis de autonomia e competências, que determinam os assuntos que podem ser legislados e os limites de cada ação. E sendo assim, as leis podem ser Federais, Estaduais e Municipais. As Leis Federais originam-se do Congresso Nacional (Senado e Câmara Federal). As Leis Estaduais têm origem nas Assembleias Legislativas. As Leis Municipais, das Câmaras Municipais. Mas como se elabora uma lei? 2. COmO É a elabOraÇÃO das leis O processo de elaboração das leis tem três fases: iniciativa, aprovação e execução. Iniciativa é possibilidade da população ou um órgão de elaborar um projeto de lei. O projeto, posteriormente, será estudado, discutido, revisto, poderá sofrer alterações (emendas) e irá para aprovação final. A execução tem quatro fases: sanção, veto, promulgação e publicação. Na sanção, o chefe do poder executivo (Federal, Estadual, Municipal e Distrito Federal) concorda com o projeto aprovado pelo Poder Legislativo (Só para lembrar, você sabe que existem três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário). O chefe do Poder Executivo pode vetar, isto quer dizer, se opor, ao projeto. Já a promulgação é a declaração do chefe do Poder Executivo de que a lei passa a fazer parte do ordenamento jurídico. Direito Empresarial / UA 02 Fontes do Direito 8 A Publicação é a forma de tornar pública, de mostrar a norma às pes- soas, para que elas as conheçam e possam cumpri-la. Se não fosse assim, como poderíamos cumprir as leis que desconhecemos? É feita pela imprensa oficial, como por exemplo: O Diário Oficial da União, o Diário Oficial do Estado de São Paulo. 2.1. QUEM ELABORA AS LEIS? Como dissemos anteriormente, complementando, as leis vêm do Esta- do (Federal, Estadual, Municipal e Distrito Federal). As Leis Federais originam-se do Congresso Nacional (Senado e Câ- mara Federal). As Leis Estaduais têm origem nas Assembleias Legislativas. As Leis Municipais, das Câmaras Municipais. Porém, as leis, podem vir diretamente da própria sociedade, pois é esta que acaba por impor as regras para que se possa alcançar o bem comum, o que denominamos “Iniciativa Popular”. No âmbito Federal, conforme podemos observar no artigo 61 § 2º da CF/88 (vide a Lei 9.709 de 1998), a Iniciativa Popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distri- buído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. As iniciativas populares no âmbito estadual (art. 27 § 4º da CF/88) e requerem a participação de pelo menos 1% do respectivo eleitorado e abrangem a edição de Leis Ordinárias, Leis Complementares e Emen- das à Constituição Estadual, neste último caso desde que previstas. As iniciativas populares no âmbito municipal (art. 29 XIII da CF/88) abrangem projetos de lei de interesse específico do Município, da ci- dade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; A iniciativa popular é importante porque as pessoas podem propor um projeto de lei, para melhorar a vida da sociedade. Já pensou em dar sua contribuição à sociedade? ConCeito Iniciativa Popular CF/88 - art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câ- mara dos Deputados,do Senado Federal ou do Congresso Direito Empresarial / UA 02 Fontes do Direito 9 Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. [...] § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresen- tação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distri- buído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Sabemos que os órgãos podem propor leis e o poder Executivo desempenha um papel importante, através dos decretos, das portarias, das ordens de serviços, das instru- ções, das medidas provisórias etc. Vamos explicar sobre as Medidas Provisórias e os Decre- tos devido a sua importância. 3. medidas prOvisórias O Poder Executivo pode editar Medidas Provisórias, conforme previsto no artigo 62 da Constituição Federal de 1988, A previsão Constitucional prevê que em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar Medidas Provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. A Constituição Federal prevê algumas restrições da adoção da edição de medidas provisórias sobre matéria: 1. Relativa: a nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos polí- ticos e direito eleitoral; direito penal, processual penal e processual civil; organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a car- reira e a garantia de seus membros; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, (com as restrições legais); 2. Que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; 3. Reservada a lei complementar; 4. Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. E ainda, devemos observar as restrições do § 2º, aquelas que impli- quem na instituição ou majoração de impostos, com a exceção das previsões legais. Direito Empresarial / UA 02 Fontes do Direito 10 As Medidas Provisórias, ressalvado as disposições legais (vide os §§ 11 e 12 do artigo 62, perderão eficácia, desde a edição, se não forem converti- das em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, uma única vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislati- vo, as relações jurídicas delas decorrentes. Se a Medida Provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequen- temente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobres- tadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislati- vas da Casa em que estiver tramitando. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da Me- dida Provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja san- cionado ou vetado o projeto. Em relação à Medida Provisória no âmbito estadual, o Governador do Estado pode editar Medida Provisória, em razão da decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal em 04/09/2002, por maioria, que os go- vernadores de estados podem editar Medidas Provisórias, em caso de relevância e urgência, desde que elas sejam convertidas em leis pelas res- pectivas assembleias legislativas. Mas as Medidas Provisórias devem estar previstas nas Constituições estaduais. Por outro lado, a Medida Provisória no âmbito Municipal, há várias con- trovérsias, se pode ou não ser adotada pelo chefe do executivo. Vários juris- tas entendem que não é possível a edição de Medida Provisória no âmbito Municipal, por exemplo, Hely Lopes Meirelles e José Nilo de Castro. Para eles, o fundamento principal é que não há expressa previsão autorizativa na Carta Maior retirando quaisquer outras interpretações sobre a matéria. Todavia, há correntes, que entendem que é possível Medida Provisória no âmbito municipal, e para tanto, existe pelo menos três correntes quan- to à essa possibilidade, conforme bem definidas pelo Dr. Flávio Martins Alves Nunes: A primeira afirma que se houver previsão de tal possibilidade pelo Go- vernador na Constituição de determinado Estado em que se localiza um Município, a Lei Orgânica poderá incluir a Medida Provisória no processo legislativo municipal. A segunda corrente defende que, ainda que a Cons- tituição Estadual não contemple a previsão de Medidas Provisórias no âmbito do Estado, os prefeitos podem editá-las desde que a Lei Orgânica autorize esses atos. A terceira corrente doutrinária defende a hipótese de o prefeito editar Medidas Provisórias a despeito da própria Lei Orgânica não contiver previsão nesse sentido (2017, p. 1424 e 1425). Continuando nosso estudo, vamos ver sobre os Decretos. Muitas leis precisam ser explicadas para saber exatamente como deverão ser cum- pridas, para isso são necessários os Decretos. Direito Empresarial / UA 02 Fontes do Direito 11 4. deCretO Imagine que uma lei diz que você deverá pagar um imposto, para poder andar com seu veículo na sua cidade, mas não esclarece quando e como deve ser feito este pagamento. Será necessário um decreto que complementa e esclarece a lei. Decreto é uma deliberação de uma autoridade para dizer como deve ser cumprida aquela lei, como por exemplo, onde e quando deve ser pago aquele imposto e assim por diante. No âmbito Federal, de acordo com o art. 84, inciso IV da Constituição Federal de 1988, diz: compete privativamente ao Presidente da República expedir decretos e regulamentos para a execução da lei. Temos os Decre- tos Estaduais e os Municipais também. Dizemos que o Decreto regulamenta como deve ser cumprida a lei, para ficar tudo bem claro. Prosseguindo em nosso estudo, é importante notar que os grupos so- ciais possuem costumes, que apesar de não serem escritos explicam de- terminado comportamento. 5. COstUme O costume são regras sociais, aceitas por uma comunidade ou sociedade, resultantes de uma prática reiterada de forma genérica e prolongada, es- tando direta e profundamente associadas com a identidade, caráter e his- tória deste local, o que resulta numa certa convicção de obrigatoriedade. O costume pode ajudar a lei a atingir o seu objetivo, se a lei não tiver tratado daquele assunto completamente. A vigente Lei de Introdução às Normas do Direito brasileiro (Decreto Lei nº. 4.657/1942 com a alteração dada pela Lei Nº 12.376, de 2010) em seu artigo. 4º diz: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costu- mes e os princípios gerais de direito.” Um exemplo de costume, observe a Lei Federal Nº 7.357/1985 – Art. 32: “O cheque é pagável à vista. Considera-se não escrita qualquer menção em contrá- rio. Parágrafo único. O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação”. Ou seja, o cheque é pagamento à vista e, portanto, pré-datar um cheque seria ineficaz, mas é um costume. E já há julgados neste sentido, em favor do emitente do cheque, como a Súmula STJ Nº 370. Direito Empresarial / UA 02 Fontes do Direito 12 “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. O costume difere do uso, como veremos a seguir. 6. UsOs O uso também é uma prática contínua encontrada na sociedade, mas que não tem a mesma importância, porque não tem tanta obrigatoriedade como o costume. O uso tem grande importância no mundo dos negócios, dos contratos. Assim, o uso deve estar de acordo com a lei e com a boa fé, isto é, a intenção de fazer alguma coisa corretamente. O Código Civil de 2002, em seu artigo 113 diz de forma clara que: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”. Podemos citar como exemplo de uso, o pagamento das taxas de con- domínio realizado mediante depósito diretamente na conta do condomí- nio feito pelos condôminos e aceito
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