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MECANISMOS E CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE As doenças de hipersensibilidade são geralmente classificadas de acordo com o tipo de resposta imune e o mecanismo efetor responsável pela lesão celular e tecidual HIPERSENSIBILIDADE MEDIADA POR ANTICORPOS (TIPO II) Anticorpos IgG e IgM específicos para antígenos da superfície celular ou da matriz extracelular podem causar lesão tecidual ativando o sistema complemento, recrutando células inflamatórias e interferindo nas funções celulares normais. HIPERSENSIBILIDADE MEDIADA POR IMUNOCOMPLEXOS (TIPO III) Anticorpos IgM e IgG específicos para antígenos solúveis no sangue formam complexos com antígenos, e esses imunocomplexos podem se depositar nas paredes dos vasos sanguíneos em vários tecidos, causando inflamação, trombose e lesão tecidual. HIPERSENSIBILIDADE MEDIADA POR CÉLULAS T (TIPO IV) Nesses distúrbios, a lesão tecidual pode ser causada por linfócitos T, que induzem inflamação ou matam diretamente as células-alvo. Em muitas dessas doenças, o principal mecanismo envolve a ativação de células T auxiliares CD4 + , as quais secretam citocinas que promovem inflamação e ativam leucócitos, principalmente neutrófilos e macrófagos. Os linfócitos T citotóxicos (CTLs) contribuem para a lesão tecidual em algumas doenças DOENÇAS CAUSADAS POR ANTICORPOS Doenças mediadas por anticorpos são decorrentes da ligação de anticorpos a antígenos em determinadas células ou tecidos extracelulares ou, ainda, em consequência da formação de complexos antígeno-anticorpo na circulação com subsequente deposição nas paredes dos vasos. Os anticorpos produzidos contra antígenos celulares ou teciduais causam doenças que afetam especificamente as células ou tecidos onde esses antígenos estão presentes e, desse modo, estas doenças são frequentemente órgão- específicas e não sistêmicas. Ao contrário, as manifestações das doenças causadas por imunocomplexos refletem o local da deposição desses imunocomplexos e não são determinadas pela fonte celular do antígeno. Dessa maneira, as doenças mediadas por imunocomplexos tendem a ser sistêmicas e afetam múltiplos órgãos e tecidos, embora alguns sejam particularmente suscetíveis, como os rins e as articulações DOENÇAS CAUSADAS POR ANTICORPOS CONTRA CÉLULAS FIXAS E ANTÍGENOS TECIDUAIS Os anticorpos contra antígenos de tecidos produzem doença por três mecanismos principais: OPSONIZAÇÃO E FAGOCITOSE Os anticorpos que se ligam a antígenos da superfície celular podem opsonizar diretamente as células ou ativar o sistema complemento, resultando na produção de proteínas do complemento que opsonizam as células. Essas células opsonizadas são fagocitadas e destruídas pelos fagócitos que expressam receptores para a porção Fc dos anticorpos IgG e receptores para proteínas do complemento INFLAMAÇÃO Os anticorpos depositados nos tecidos ativam o complemento, levando à liberação de produtos de clivagem, como o C5a e o C3a, que recrutam neutrófilos e macrófagos. Esses leucócitos expressam receptores para Fc e receptores para complemento que ligam anticorpos ou proteínas ligadas do complemento. Os leucócitos são ativados pela sinalização dos receptores (particularmente receptores Fc), enquanto produtos de leucócitos (incluindo enzimas lisossomais e espécies reativas de oxigênio) são liberados e produzem lesão tecidual FUNÇÕES CELULARES ANORMAIS Os anticorpos que se ligam a receptores celulares normais ou outras proteínas podem interferir com as funções desses receptores ou proteínas e causar doença sem inflamação ou dano tecidual. Por exemplo, anticorpos específicos contra o receptor do hormônio estimulador da tireoide ou contra o receptor nicotínico da acetilcolina provocam anormalidades funcionais que levam à doença de Graves e à miastenia grave, respectivamente Os anticorpos que causam doenças específicas de células ou de tecidos são geralmente autoanticorpos produzidos como parte de uma reação autoimune, mas, algumas vezes, são anticorpos específicos para microrganismos Menos frequentemente, os anticorpos podem ser produzidos contra um antígeno estranho (p. ex.: microbiano) que, imunologicamente, reagem de forma cruzada com um componente dos tecidos próprios. Em uma rara sequela de infecção estreptocócica conhecida como febre reumática, os anticorpos produzidos contra as bactérias reagem de forma cruzada com antígenos do coração, depositam-se neste órgão e causam inflamação e dano tecidual. DOENÇA DE GRAVES: HIPERTIREOIDISMO Ocorre a formação de anticorpos contra o receptor do hormônio TSH, o que ativa a produção do TSH pela hipófise e impede o feedback (-) hormonal, de forma a causar o hipertireoidismo MIASTENIA GRAVIS Ocorre a formação de auto anticorpos contra o receptor da acetilcolina, o que bloqueia a transmissão neuromuscular e leva à flacidez muscular Tratamento ocorre por droga imunossupressora DOENÇAS MEDIADAS POR IMUNOCOMPLEXOS Os imunocomplexos que causam doença podem ser compostos por anticorpos ligados a autoantígenos ou a antígenos estranhos. MODELOS EXPERIMENTAIS DE DOENÇAS MEDIADAS POR IMUNOCOMPLEXOS DOENÇA DO SORO Muito do conhecimento atual sobre doenças causadas por imunocomplexos está baseado em análises de modelos experimentais da doença do soro. A imunização de um animal (p. ex.: um coelho) com uma alta dose de um antígeno proteico estranho leva à formação de anticorpos contra o antígeno. Esses anticorpos ligam-se e formam complexos com o antígeno circulante, e os complexos são inicialmente removidos por macrófagos no fígado e no baço. À medida que mais e mais complexos antígeno-anticorpo são formados, alguns deles depositam-se em leitos vasculares. Nesses tecidos, os complexos induzem inflamação rica em neutrófilos pela ativação da via clássica do complemento e pelo acoplamento a receptores Fc em leucócitos Como os complexos são frequentemente depositados em pequenas artérias, glomérulos renais e sinóvia das articulações, as manifestações clínicas e patológicas mais comuns são vasculite, nefrite e artrite. Os sintomas clínicos são geralmente de curta duração, e as lesões se curam a menos que o antígeno seja injetado novamente. Esse tipo de doença é um exemplo de doença do soro aguda PATOGÊNESE DAS DOENÇAS MEDIADAS POR IMUNOCOMPLEXOS A quantidade de imunocomplexos depositados nos tecidos é determinada pela natureza dos complexos e pelas características dos vasos sanguíneos. Os complexos antígeno-anticorpo são gerados durante as respostas imunes normais, mas somente causam doença quando são produzidos em quantidades excessivas, não são eficientemente removidos e se depositam nos tecidos. Pequenos complexos não são normalmente fagocitados e tendem a se depositar nos vasos em maior proporção do que os grandes complexos, geralmente removidos pelos fagócitos Logo, aqueles menores geralmente produzem lesão tecidual grave e de longa duração. Os imunocomplexos depositados nas paredes dos vasos e nos tecidos ativam os leucócitos e mastócitos que secretam citocinas e mediadores vasoativos. Esses mediadores podem ampliar a deposição dos imunocomplexos nas paredes dos vasos pelo aumento da permeabilidade vascular e do fluxo sanguíneo. O principal mecanismo de lesão tecidual nas doenças causadas por imunocomplexos é a inflamação no interior das paredes dos vasos sanguíneos, resultando em ativação do complemento e ligação de receptores Fc presentes nos leucócitos aos anticorpos dos complexos depositados Muitas doenças imunológicas sistêmicas em seres humanos são causadas pela deposição de imunocomplexos nos vasos sanguíneos.. O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimunena qual complexos constituídos de antígenos nucleares e anticorpos depositam-se nos vasos sanguíneos dos glomérulos renais, pele e muitos outros tecidos DOENÇAS CAUSADAS POR LINFÓCITOS T Os linfócitos T provocam lesão tecidual pela produção de citocinas que induzem inflamação ou pela destruição direta das células-alvo. As reações inflamatórias são desencadeadas principalmente por células T CD4 + das subpopulações Th1 e Th17. Em algumas doenças mediadas por células T, o principal mecanismo de lesão tecidual é o killing de células pelos CTLs CD8 + . As células T que causam lesão tecidual podem ser autorreativas ou específicas para os antígenos proteicos estranhos que estão presentes ou ligados às células ou tecidos. A lesão tecidual mediada por linfócitos T também pode ser acompanhada de fortes respostas imunes protetoras contra microrganismos persistentes DOENÇAS CAUSADAS PELA INFLAMAÇÃO MEDIADA POR CITOCINAS Na inflamação imunomediada, as células Th1 e Th17 secretam citocinas que recrutam e ativam leucócitos. A IL-17, produzida por células Th17, promove o recrutamento de neutrófilos; o interferon-γ (IFN-γ), produzido por células Th1, ativa macrófagos; e o fator de necrose tumoral (TNF) e as quimiocinas, produzidos pelos linfócitos T e células da imunidade inata (tais como células dendríticas e macrófagos), estão envolvidos no recrutamento e ativação de muitos tipos de leucócitos A lesão tecidual resulta de produtos dos neutrófilos e macrófagos recrutados e ativados, tais como enzimas lisossomais e as espécies reativas de oxigênio. As citocinas produzidas por linfócitos e macrófagos ativados estimulam o recrutamento de mais leucócitos e a inflamação, assim propagando a lesão. As células endoteliais vasculares nas lesões podem expressar níveis aumentados de proteínas de superfície reguladas por citocinas, tais como moléculas de adesão e moléculas do MHC de classe II. A hipersensibilidade do tipo tardio (DTH) é um exemplo dessas reações inflamatórias e será descrita mais adiante. As reações inflamatórias crônicas frequentemente produzem fibrose como resultado da secreção de citocinas e de fatores de crescimento por macrófagos e células T. Muitas doenças autoimunes órgão- específicas são causadas pela ativação de células T autorreativas por autoantígenos, levando à liberação de citocinas e inflamação. Acredita-se que esse seja o principal mecanismo subjacente da artrite reumatoide, da esclerose múltipla, do diabetes tipo 1, da psoríase e de outras doenças autoimunes As reações de células T específicas para microrganismos e outros antígenos estranhos também podem levar à inflamação e à lesão tecidual. A tuberculose é um bom exemplo de uma doença infecciosa na qual a lesão tecidual se deve, principalmente, à resposta imune do hospedeiro. Acredita-se que as respostas de células T contra bactérias intestinais constituam a base de muitas formas de enteropatias inflamatórias. Uma variedade de doenças cutâneas, chamadas sensibilidade de contato, resultam da exposição tópica a produtos químicos e antígenos ambientais. Essas doenças são causadas por reações inflamatórias provavelmente desencadeadas por neoantígenos formados pela ligação de produtos químicos a proteínas próprias, incluindo moléculas do MHC. Ambas as células T, CD4 + e CD8 + , podem ser a fonte de citocinas nas reações de sensibilidade de contato. Exemplos de hipersensibilidade de contato incluem erupções cutâneas induzidas por hera venenosa e carvalho venenoso A reação inflamatória clássica mediada por células T é chamada de hipersensibilidade do tipo tardio HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO TARDIO (DTH) A DTH é uma reação inflamatória prejudicial mediada por citocinas resultante da ativação de células T, particularmente das células T CD4 + . A reação é chamada tardia porque se desenvolve tipicamente 24 a 48 horas após o desafio antigênico em indivíduos previamente imunizados (sensibilizados), em contraste com as reações de hipersensibilidade imediata (alérgicas), que se desenvolvem em minutos A deposição de fibrina, o edema e o acúmulo de células T e de monócitos no espaço extravascular do tecido em torno do local da injeção promovem o inchaço do tecido, que se torna firme (endurecido). Na prática clínica, a perda de respostas de DTH para antígenos universalmente encontrados (p. ex.: antígenos de Candida) é uma indicação de deficiência da função das células T, uma condição conhecida como anergia. Embora a DTH tenha sido tradicionalmente considerada uma reação prejudicial Th1–mediada, outras células T podem contribuir para a inflamação. Em algumas lesões de DTH, os neutrófilos são proeminentes, sugerindo o envolvimento de células Th17. Em infecções por alguns parasitas helmínticos, as reações contra os ovos do parasita elicitam uma DTH com forte componente de eosinófilos. Nesses casos, foi demonstrado um papel para as citocinas Th2. As células T CD8 + também produzem IFN-γ e contribuem para as reações de DTH, especialmente na pele. De fato, nas reações de DTH cutâneas, como a hipersensibilidade de contato, a célula T dominante é frequentemente da subpopulação CD8 + . As reações crônicas de DTH podem se desenvolver se uma resposta Th1 a uma infecção ativar os macrófagos, mas falhar em eliminar os microrganismos fagocitados A DTH crônica, como exemplificada pela inflamação granulomatosa, é causada por sinais prolongados de citocinas. Nessas reações, as células T e os macrófagos ativados continuam a produzir citocinas e fatores de crescimento que amplificam as reações de ambos os tipos celulares e modificam progressivamente o ambiente local do tecido. O resultado é um ciclo de lesão tecidual e inflamação crônica, seguido por substituição por tecido conectivo (fibrose). Em reações crônicas de DTH, os macrófagos ativados também sofrem alterações em resposta a sinais persistentes de citocinas. Esses macrófagos desenvolvem citoplasma e organelas citoplasmáticas aumentados e, histologicamente, podem se assemelhar às células epiteliais cutâneas, motivo pelo qual são muitas vezes chamados células epitelioides. Os macrófagos ativados podem se fundir para formar as células gigantes multinucleadas. A inflamação granulomatosa é uma tentativa de conter a infecção, mas também é a causa de lesão tecidual significativa e prejuízo funcional. TESTE PPD Há medição apenas da região dura, causada pela deposição de fibrilina, cuja leitura é realizada 48 a 72 horas após a aplicação. O resultado deve levar em conta alguns critérios como idade do paciente, imunodepressão (ex. HIV), vacinação com BCG, dentre outros. DOENÇAS CAUSADAS POR LINFÓCITOS T CITOTÓXICOS As respostas de CTLs à infecção viral podem levar à lesão tecidual em decorrência do killing de células infectadas, mesmo se o vírus por si só não induzir efeitos citopáticos. A principal função fisiológica dos CTLs é eliminar os microrganismos intracelulares, principalmente vírus, matando as células infectadas. DOENÇAS IMUNOLÓGICAS SELECIONADAS: PATOGÊNESE E ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES) O LES é uma doença autoimune crônica multissistêmica, remitente e recidivante As principais manifestações clínicas incluem erupções cutâneas, artrite e glomerulonefrite, mas anemia hemolítica, trombocitopenia e envolvimento do SNC também são comuns. Muitos autoanticorpos diferentes são encontrados em pacientes com LES. Os imunocomplexos formados a partir desses autoanticorpos e seus antígenos específicos se depositam em pequenas artérias e capilares em todo o corpo e são responsáveis por glomerulonefrite, artrite e vasculite. A anemia hemolítica e a trombocitopenia são causadas por autoanticorposcontra eritrócitos e plaquetas, respectivamente. PATOGÊNESE DO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO O LES é uma doença complexa e incompletamente entendida, na qual fatores genéticos e ambientais contribuem para a quebra da tolerância de linfócitos B e T autorreativos. Entre os fatores genéticos, está a herança de determinados alelos do HLA. As células B autorreativas que não se tornam tolerantes são estimuladas por autoantígenos nucleares, e anticorpos IgG são produzidos contra esses antígenos. O resultado líquido é um ciclo de liberação de antígenos e imunoativação que leva à produção de autoanticorpos de alta afinidade NOVAS TERAPIAS PARA O LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Ensaios clínicos estão em andamento no sentido de testar a eficácia de anticorpos contra o IFN-α ou seu receptor na doença, e tentativas de inibição dos sinais desencadeados pelos TLRs estão sendo consideradas. Tem havido grande interesse na depleção de células B por meio da utilização de um anticorpo contra CD20, uma proteína de superfície dessas células. Um anticorpo que bloqueia BAFF, um fator de crescimento de células B, foi recentemente aprovado para o tratamento de LES, embora pareça ter eficácia modesta. ARTRITE REUMATOIDE A artrite reumatoide é uma doença inflamatória que envolve pequenas e grandes articulações das extremidades, incluindo dedos das mãos e pés, punhos, ombros, joelhos e tornozelos. A doença é caracterizada por inflamação da sinóvia associada à destruição da cartilagem articular e óssea, com uma aparência morfológica indicativa de uma resposta imune local Células CD4 + Th1 e Th17, linfócitos B ativados, plasmócitos e macrófagos, bem como outras células inflamatórias são encontradas na sinóvia inflamada. Inúmeras citocinas, incluindo IL-1, IL-8, TNF, IL-6, IL-17 e IFN-γ, foram detectadas no líquido sinovial (articular). Acredita-se que as citocinas recrutem leucócitos, cujos produtos causam lesão tecidual, e também estimulem células sinoviais residentes a produzirem enzimas proteolíticas, tais como a colagenase, que medeiam a destruição da cartilagem, ligamentos e tendões das articulações. A atividade aumentada dos osteoclastos nas articulações contribui para a destruição óssea na artrite reumatoide e isso pode ser causado pela produção do ligante do receptor ativador do fator nuclear κB (RANK), uma citocina da família do TNF, por células T ativadas. O ligante de RANK liga-se a RANK, um membro da família do receptor de TNF, expresso em precursores de osteoclastos, induzindo sua diferenciação e ativação. Complicações sistêmicas da artrite reumatoide incluem vasculite, presumivelmente causada por imunocomplexos, e lesão pulmonar As células B ativadas e os plasmócitos estão frequentemente presentes na sinóvia das articulações afetadas. Os pacientes frequentemente apresentam anticorpos circulantes IgM ou IgG que reagem com as porções Fc (e raramente Fab) de suas próprias moléculas de IgG. Esses autoanticorpos são denominados fatores reumatoides e sua presença é utilizada como um teste diagnóstico para a artrite reumatoide PATOGÊNESE DA ARTRITE REUMATOIDE Como outras doenças autoimunes, a artrite reumatoide é uma doença complexa, na qual fatores genéticos e ambientais contribuem para a quebra de tolerância a autoantígenos A identificação de respostas imunes anti-CCP levou a novas teorias sobre a patogênese da artrite reumatoide. De acordo com um dos modelos, agressões ambientais, como tabagismo e algumas infecções, induzem a citrulinação de proteínas próprias, levando à criação de novos epítopos antigênicos. Como esses epítopos quimicamente modificados são neoantígenos que não estão normalmente presentes no organismo, não existe tolerância a esses antígenos. Os indivíduos portadores de alelos de HLA capazes de apresentar esses epítopos podem montar respostas de células T e de anticorpos contra as proteínas Células Th17, e talvez Th1, secretam citocinas que recrutam leucócitos para a articulação e ativam células sinoviais para produzir colagenases e outras enzimas. O resultado líquido é a destruição progressiva da cartilagem e do osso NOVAS TERAPIAS PARA A ARTRITE REUMATOIDE A principal entre essas novas terapias são os antagonistas de TNF, que transformaram o curso da doença, em muitos pacientes, de uma destruição progressiva e inexorável das articulações para uma inflamação crônica latente, porém tratável. A depleção de células B com anticorpo anti-CD20 também se provou eficaz, embora os mecanismos subjacentes a esse efeito não estejam bem compreendidos. DIABETES TIPO I O diabetes tipo 1, anteriormente chamado diabetes insulino- dependente, é uma doença metabólica multissistêmica resultante da produção deficiente de insulina A doença é caracterizada por hiperglicemia e cetoacidose. As complicações crônicas do diabetes incluem aterosclerose progressiva das artérias, o que pode levar à necrose isquêmica dos membros e órgãos internos, e obstrução microvascular causando danos na retina, nos glomérulos renais e nos nervos periféricos. O diabetes tipo 1 é causado por uma deficiência de insulina resultante da destruição imunomediada das células β produtoras de insulina das ilhotas de Langerhans no pâncreas, sendo necessária uma terapia de reposição hormonal contínua PATOGENIA DO DIABETES TIPO I Vários mecanismos podem contribuir para destruição das células β, incluindo a inflamação mediada por células CD4 + Th1 reativas aos antígenos das ilhotas (incluindo a insulina), lise de células das ilhotas mediada por CTL, produção local de citocinas (TNF e IL- 1) que danificam as células das ilhotas e autoanticorpos contra as células das ilhotas. Nos poucos casos em que as lesões pancreáticas foram examinadas nas fases ativas iniciais da doença, as ilhotas exibiram necrose celular e infiltração linfocitária consistindo em células T CD4 + e CD8 + . Essa lesão é denominada insulite. Os autoanticorpos contra as células das ilhotas e a insulina também são detectados no sangue desses pacientes Há evidência de sobrevivência e função defeituosas das Tregs, bem como resistência de células T efetoras à supressão por Tregs. Outra ideia interessante que tem surgido com base no modelo murino é a modificação pós-traducional dos antígenos das ilhotas, podendo levar à criação de novos epítopos que elicitam respostas imunes, semelhante aos neoantígenos na artrite reumatoide Alguns estudos sugerem que infecções virais (p. ex.: com vírus Coxsackie B4) podem preceder o aparecimento do diabetes tipo 1, talvez por iniciarem a lesão celular, induzindo inflamação e expressão do coestimuladores, e desencadeando uma resposta autoimune NOVAS TERAPIAS PARA O DIABETES TIPO I As novas estratégias terapêuticas mais interessantes para o diabetes tipo 1 concentram-se na indução de tolerância com peptídeos diabetogênicos derivados de antígenos das ilhotas (como a insulina) e na geração ou administração de Tregs aos pacientes
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