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Hanseníase: Doença Infecciosa Crônica

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Hanseníase 
 Doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae 
 Alta morbidade e baixa mortalidade, é uma doença com grande capacidade deformante, incapacitante 
e estigmatizante 
 Epidemiologia: 
 OMS preconiza uma prevalência de menos de 1 caso por 10.000 habitantes em cada país para 
que a Hanseníase deixe de ser um problema de saúde 
 O Brasil apresenta 1,54 casos para cada 10.000 habitantes, correspondendo a 29.690 casos em 
tratamento 
 Etiologia: 
 M. leprae é um bastonete de 1 a 8 micra de comprimento. 
 Bacilo Gram-positivo, álcool-ácido resistente. 
 São encontrados isolados ou em aglomerados compactos: globias. É a única micobactéria com 
esse tipo de disposição. 
 
 Transmissão e patogênese: 
 O M. leprae é eliminado pelas secreções nasais, orofaringe e por soluções de continuidade de 
doentes bacilíferos. Infectam os indivíduos através de áreas erosadas da pele, mucosas das VAS 
(Vias aéreas Superiores) 
 Apresenta alta infectividade e baixa patogenicidade/ virulência. 
 A frequência é igual em ambos os gêneros, porém há prevalência de homens ( 2:1) com a forma 
virchowiana. 
 O contágio é inter humano, pela convivência íntima e prolongada, dentro do foco familiar o 
risco de contágio é ALTO, sendo no contato eventual, 2 a 5% tornam-se doentes. OU seja, a é 
infectibilidade alta, mas a patogenicidade é baixa (o poder da bactéria de manifestar a doença 
no individuo é baixa pois o sistema imune combate 
 Período de incubação: 2 a 5 anos (doença de evolução lenta e insidiosa) 
 Evolução: após o contato com o bacilo há o estímulo do sistema imune com os seguintes desfechos 
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 Há resistência natural e a infecção é abortada; 
 Evolução para manifestação subclínica e pode regredir espontaneamente; 
 Evolução para Hanseníase indeterminada (MHI); 
 MHI pode ser abortada espontaneamente pela imunidade celular ou; 
 Evolução para Hanseníase tuberculoide ou Hanseníase Virchowiana. 
 Hanseníase indeterminada (MHI) = é a evolução da doença que pode evoluir pra tuberculoide, dimorfa 
ou virchowiana 
 Classificação segundo a OMS 1985: 
 Paucibacilares: baciloscopia NEGATIVA – não transmite < 5 lesões 
- Tuberculoide 
- Indeterminada 
 Multibacilares: baciloscopia POSITIVA – tem muito bacilo – Transmissível - ≥ 5 lesões 
- Virchowiana 
- Dimorfa 
 Clínica: Lesões neurais 
 Tropismo por nervos periféricos; 
 Lesões vão até troncos nervosos mais profundos 
 A primeira sensibilidade a ser alterada é a térmica, seguida pela dolorosa e após a tátil. 
 A doença caminha em direção proximal, com espessamento neural, até dor à palpação e/ou 
percussão. 
 A lesão dos troncos neurais pode causar alterações tanto sensitivas quanto motoras e 
autonômicas. 
 Alterações neurológicas: As lesões nervosas: podem preceder as cutâneas – Neurite silenciosa 
 Paresias e paralisias, com fraqueza muscular, amiotrofia, retrações tendíneas, e fixações 
articulares 
 
 Primeira manifestação da doença 
 Máculas ou áreas circunscritas com distúrbios de sensibilidade, sudorese e vasomotores 
 Alopecia total ou parcial 
 Máculas: hipocrômicas, ou eritemato-hipocrômicas, com eritema marginal ou difuso. 
 Mitsuda = teste da imunidade para ver se o sistema imune está combatendo o bacilo 
 Mitsuda positivo ou negativo; 
1) Número de lesões pequeno e alterações sensitivas importantes: cura espontânea ou evolução p/ 
forma tuberculoide. 
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2) Muitas lesões maculosas, distúrbios da sensibilidade discretos: evolução para forma dimorfa ou 
virchowiana. 
 
 
 
 
 
 
 
 Placas bem delimitadas, eritematosas, ou eritemato acastanhadas, geralmente únicas ou em 
pequeno número, formando lesões circinadas, anulares ou geográficas. 
 Alterações neurais importantes, com espessamento, podendo ocorrer necrose caseosa do nervo e 
lesões tuberculoides em “raquete”. Baciloscopia negativa, com granuloma de células epitelioides, com 
possibilidade de se encontrar bacilos no interior 
 Mitsuda fortemente positivo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Polimorfismo grande de lesões: inicialmente manchas discretas, hipocrômicas, eritêmato-discrômicas, 
múltiplas, limites imprecisos. 
 Progressivamente evoluem para eritematosas, eritemato-pigmentadas, vinhosas, eritemato-cúpricas, 
ferruginosas e espessadas 
 Podem surgir lesões papulosas, papulo-nodulares, placas 
isoladas, agrupadas, confluentes, simetricamente 
distribuídas, poupando regiões axilares, inguinais, perineais 
e coluna vertebral. 
 Pode causar madarose (perda de cílios ou da sobrancelha), 
alopecia parcial ou total de antebraços, pernas e coxas; 
 Espessamento do pavilhão auricular: graus variáveis. 
Nódulos isolados ou em rosário 
 Facie Leonina: muitas lesões na face + conservação dos 
cabelos 
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 Baciloscopia: muito positiva, bacilos isolados e globias 
 Mitsuda negativo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dentro da dimorfa ocorre 3 tipos: 
 Variante tuberculoide: lesões mais numerosas, mais troncos nervosos, com mais incapacidade. 
Baciloscopia negativa, HSTP: granulomas tuberculoides. Mitsuda fraco positivo 
 Variante Virchowiana: predominância de placas e nódulos de tonalidade parda ou ferruginosa, 
numerosas, por todo tegumento, delimitação pouco precisa. Acometimento neural semelhante 
à forma virchowiana, com incapacidades graves. Baciloscopia sempre positiva. 
 Variante dimorfa: Lesões bizarras, em alvo ou anulares, a parte central é hipocrômicas ou 
aparentemente normal. A borda interna é bem delimitada, enquanto a borda externa é 
espessada, eritemato-pigmentada, mal delimitada. Podem ainda ocorrer nódulos e placas 
eritêmato-pigmentar. Comprometimento neural importante, Baciloscopia positiva, Mitsuda 
negativo, na maioria das vezes. 
 
 
 
 
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 Prova clínica: 
 Térmica: tubo de água a 45°C e tube de água fria. Testar pele sã e acometida de maneira 
desigual – o doente não sente a temperatura quente. 
 Dolorosa: agulha rombuda: alternar ponta e cabeça da agulha – explicar ao paciente o 
procedimento 
 Tátil: chumaço algodão/ Monofilamentos de Semmes-Weinstein: filamentos de nylon de 
diferentes calibres. 
 Teste da Histamina: (não se faz mais) + quer dizer que não teve a reação o normal é ter negativo é 
positivo nos hansenicos 
 Gota de solução milesimal na pele do paciente , e perfurar a pele sem causar sangramento, 
através da gota; 
 Após 20 segundos: pequeno eritema 
 20-40 segundos: halo eritematoso maior: eritema reflexo secundário 
 1-3 min: urtica no local da punctura 
 Reação incompleta: sem eritema reflexo. 
 Falso positivo: áreas de neuropatia periférica 
 Mitsuda: avalia integridade da imunidade celular 
 Antígeno de Mitsuda: preparado a partir de lepromas triturados e filtrados, bacilos mortos 
por autoclave. 
 Injeção intradérmica de 0,1ml – reação localizada após 48-72 h reação de Fernandez – 
significado discutível. 
 Após 28-32 dias: reação tardia: no local da injeção nódulo que pode ulcerar ou não. 
 + 3-5mm/ ++ 5-10mm/ +++ acima de 10 mm 
 Baciloscopia: isquemiar a lesão, incisar até a derme, raspar e realizar esfregaço na lâmina, corar pelo 
Ziehl-Neelsen. Examinar com lente de imersão. 
 Índices bacilares: acompanhamento de multibacilares – contagem de bacilos das 6 lesões mais 
ativas – contar os bacilos por campo- mais de 1000: 6+, 100 a 1000: 5+… nenhum bacilo em 100 
campos: 0 cruzes 
 HSTP: Punch 4mm. Corar com HE e Faraco-Fite 
 BX de nervos: sensitivos (fácil acesso), comprometido na EM 
 Paucibacilares: Dapsona 100mg/dia, autoadministrada + Rifampicina 600mg/mês, supervisionada (6 
cartelas). Duração: 6 doses em até 9 meses. Se recidiva, repetir tratamento. Se houver transformação 
para multibacilar, mudar esquema 
 Multibacilares: Dapsona 100mg/dia autoadministrada + Clofazimina 50mg autoadministrada e 300mg 
supervisionada + Rifampicina 600mg supervisionada (12 cartelas).Por 12 doses supervisionadas, em 
até 18 meses 
 Novos medicamentos: 
 Ofloxacino 400mg/dia 
 Claritromicina 500mg/dia 
 Minociclina 100mg/dia 
 Novos esquemas: ROM- Rifampicina 600mg + Ofloxacino 400mg + Minociclina 100mg – PB com 
única lesão 
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** Bordeline = Dimorfa

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