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Dermatologia Hanseníase 1 Introdução HANSENIASE (OU LEPRA OU MAL DE HANSEN), é uma doença crônica infecciosa, causada pelo agente etiológico Mycobacterium leprae. Contágio: ⤳ O contágio ocorre, principalmente, de individuo para indivíduo. Principal forma de transmissão é: a eliminação dos bacilos pelas vias aéreas superiores. Porém, eles também podem ser eliminados pela: • Urina, fezes, suor, leite materno, secreções vaginais e até mesmo o esperma. Obs: Os bacilos se replicam no SNP com tropismo para células do sistema reticulo endotelial, principalmente para histiócitos do SNP, as Células de Schwann, além da pele e mucosa nasal, mas, pode atingir outros órgãos e sistemas, como o tecido ósseo. Via de transmissão e eliminação do bacilo: vias aéreas superiores. Pois → O Bacilo é altamente secretado pelas secreções nasais da orofaringe, por isso, é a via mais frequente de transmissão, o que explica que a principal via de entrada do bacilo é a respiratória. ⤳ Outras formas de contágio → regiões erosadas da pele. ⤳ Secreções orgânicas → leite, esperma, suor e secreção vaginal que podem eliminar bacilos. Obs: - Doença com ALTA infectividade e BAIXA patogenicidade. Muitos são infectados, porém, poucos adoecem. 2 Epidemiologia Fatores que facilitam propagação: ⤳ Fatores climáticos, nutricionais, econômicos, ⤳ Movimentos migratórios ⤳ Terapia inadequada (principalmente de multibacilíferos, maior reservatório) A OMS, em 1991, realizou uma resolução para eliminar a hanseníase como problema de saúde, meta que foi alcançada em 113 de 122 países. Alguns dos países que não alcançaram essa meta foram: ⤳ Brasil, Índia e Madagascar, ⤳ O Brasil responsável por cerca de 85% a 92% dos casos nas américas, sendo o 2º lugar de acometidos mundiais, somente atrás da índia, ⤳ Por isso Mal de Hansen constitui uma grande mazela para a Saúde Pública no Brasil. 3 Etiologia Como destacado anteriormente, o agente etiológico é o Mycobacterium leprae, descrito por Araira HAnses em 1873, um BAAR Gram positiva. 4 Transmissão e Evolução Informações importantes: ➔ Os pacientes portadores de formas multibacilares são a principal fonte de infecção. ➔ Porém, não quer dizer que os paucibacilares não transmitem em nenhum momento, seu papel na cadeia de transmissão foi demonstrado. Sexo e idade: atinge todas as idades e sexos, mas é raro em crianças abaixo de 5 anos. Marcadores imunológicos relacionados a capacidade dos macrófagos em destruir ou bacilo ou deixá-lo se replicar: ⤳ Os fenótipos HLA-DR2 e HLA-DR3 estão relacionados à forma paucibacilar; ⤳ Fenótipo HLA-DQ-1, à forma multibacilar da doença. Período de incubação: Longo, 2 a 5 anos, podendo chegar a 10 anos. Por quê? Replicação → lenta, sofre divisão binária a cada 14 dias somente. Demora para ter carga bacilar o suficiente para expressar clinicamente. Obs: O maior risco de contágio está intimamente relacionado com a convivência domiciliar com o bacilífero que não está em tratamento. Um maior tempo de contato -> maior risco de adquirir a infecção, ou seja, contato prolongado com pacientes que não estão em tratamento aumenta o risco da infecção. 5 Genética e Imunidade Grande parte da população possui resistência contra o bacilo. Reação de Mistsuda: Essa resistência pode ser avaliada pela reação de mitsuda-hayashi. Como ocorre → Há injeção intradérmica de bacilos mortos por alta temperatura, se o teste for positivo, indica certo grau de resistência contra a infecção ⤳ Cerca de 80% da população adulta é positiva para o teste. ⤳ Acima de 5 mm chamamos de mitsuda positivo Respostas Celulares: As diferentes respostas imunocelulares, seja Th1 (celular, maior eficácia) e Th2 (humoral, menor eficácia contra a infecção), geram diferentes expressões manifestações clínicas, pois dependem da resposta imune a exposição do antígeno. Polo maior resistência → Th1 • O polo de maior resistência -> teste de mitsuda postivo, • Apresentam resposta imune predominantemente celular, que é a resposta efetiva, já que os macrófagos e linfócitos T são capazes de destruírem o Bacilo. • Logo, esses indivíduos possuíram menor carga bacilar. • Baciloscopia: geralmente é negativa • Linfóctos Th1 – produzindo IL-2 e INF- gama Polo menor resistência → Th2 ⤳ O polo de menor resistência -> teste de mitsuda negativo ⤳ Apresentam resposta imune humoral ⤳ Predomínio de produção de anticorpos contra o bacilo, que são ineficazes para destruí-lo. ⤳ São esses indivíduos que apresentarão maior número de bacilos e serão mais contagiosos. ⤳ Baciloscopia: geralmente + ⤳ Linfócitos Th2 e linfócitos T supressores – produzindo IL-4, IL-5 e IL-10 Devido a essa diferente resposta imunológica, temos os diferentes polos de manifestação anatomopatológicas e clínicas da Hanseníase, marcada por: • Polo tuberculoide: Indivíduos que apresentam imunidade celular, com menor número de bacilos. • Polo Virschowiano: Predomínio de imunidade humoral, sendo mais contagioso com maior número de bacilos. O bacilo produz PGL-1, escapa da oxidação nos macrófagos. Além disso, há 2 formas instáveis ⤳ Forma dimorfa → que possui características tanto da forma Tuberculoide, como do Virschowiano, devido a resposta imune estar entre a celular e humoral. ⤳ Forma indeterminada → cujo qual todos os pacientes passam, é a fase mais inicial da doença, que pode evoluir para a cura, ou para as outras formas supracitadas. 6 Classificação Existem 3 classificações diferentes para hanseníase: Madri, a de Ridley e Jopling e a operacional. Madri → usada no brasil ⤳ 2 polos Estáveis e Opostos → Virchowiano e Tuberculoide ⤳ 2 polos instáveis -→ indeterminado e dimorfo Classificação funcional OMS • Paubacilar < 5 lesões • Multibacilar > 5 lesões Importância: tratamento é guiado pela classificação funcional. Ridley e Jopling • Tuberculoide (TT), casos borderline ou dimorfos que são subdivididos em: • Dimorfo-Tuberculoide (DT), DimorfoDimorfo (DD) e Dimorfo-Virchowiano (DV), Virchowiano-Subpolar (VVs) e Virchowiano (VV). 7 Quadro Clínico PRINCIPAIS SINTOMAS – SE ATENTAR ⤳ Áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas/hipocrômicas, acastanhadas ou avermelhadas -> alterações de sensibilidade ao calor e/ou dolorosa, e/ou ao tato; ⤳ Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência; ⤳ Pápulas, tubérculos e nódulos, normalmente sem sintomas; ⤳ Diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas sobrancelhas (madarose); ⤳ Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local. Além dos sinais e sintomas principais, ainda podemos observar: ⤳ Dor, choque e/ou espessamento de nervos periféricos; ⤳ Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados. ⤳ Diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos; ⤳ Edema de mãos e pés com cianose e ressecamento da pele; ⤳ Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, de aparecimento súbito; ⤳ Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos cotovelos (ulnares), joelhos (fibulares comuns) e tornozelos (tibiais posteriores); ⤳ Entupimento, feridas e ressecamento do nariz; ⤳ Ressecamento e sensação de areia nos olhos. 8 Manifestações Neurais O bacilo possui tropismo para os nervos periféricos, principalmente para as células de Schwann, mas, as lesões nervosas podem variar, podendo ser superficiais ou profundas. Sensitivas ⤳ As alterações sensitivas possuem um padrão de evolução, com a sensibilidade térmica sendo a primeira a ser alterada, seguida pela dolorosa e depois tátil. A lesãoneural pode aprofundar → atingindo troncos neurais periféricos, gerando alterações sensitivas, motoras e autonômicas (que causa os distúrbios vasculares e sudorese). No segmento cefálico, os nervos acometidos são o trigêmeo e o facial, da sensibilidade e musculatura da face. Motoras Nos MMSS (ulnar, mediano e radial) ⤳ Lesão concomitante do ulnar e mediano são os responsáveis por gerar a ‘mão simiesca’, enquanto a lesão do radial leva a ‘mão caída’, Nos MMII ⤳ Comprometimento do fibular (há queda do pé) e tibial posterior, gerando a deformidade em garra de artelhos. Padrão de lesão neural: Nos pacientes do polo tuberculoide ⤳ As lesões neurais são precoces, agressivas e mais assimétricas, devido ao surgimento dos granulomas tuberculoides, que agridem e destroem as fibras nervosas, isso se deve a resposta imune celular. Nos pacientes no polo virchowiano ⤳ As lesões são mais extensas, simétricas, porém menos intensas, pois a lesão das fibras se deve ao infiltrado com os bacilos. 9 Manifestações Cutâneas Hanseníase Indeterminada É a fase inicial da doença → evolui para cura ou outras formas. ⤳ Lesões: Manchas hipocrômicas, anestésicas e anidrótica. Podem ser → Eritêmato-hipocrômicas com eritema marginal ou difuso ⤳ Alteração de sensibilidade: presente, anidrose e anestésica. ⤳ Número: únicas ou poucas ⤳ Localização: qualquer área da pele ⤳ Neural: sem acometimento de troncos nervosos, apenas de ramúsculos nervosos cutâneos. ⤳ Baciloscopia: negativa ⤳ Histopatologia: infiltrado perivascular e perineural. Apresenta como diagnóstico diferencial: pitiríase alba, pitiríase versicolor, vitiligo, pinta, leucodermia gutata, nevo acrômico, nevo anêmico, hipomelanose idiopática do tronco, entre outros. Resumo → Máculas, que podem ser hipocrômicas, eritêmato-hipocrômicas com eritema marginal ou difuso, são circunscritas, com alterações de sensibilidade, sudorese e vasomotores. A baciloscopia ainda é negativa nessa fase. Hanseníase Tuberculoide - Forma da doença em que o sistema imune consegue destruir os bacilos espontaneamente. Surge a partir da HI não tratada, nos pacientes com boa resistência. ⤳ Lesões: Máculas, que evoluem para lesões em placa com bordas papulosas eritematosas/hipocrômicas, com crescimento centrífugo levando a atrofia central. ⤳ Número: únicas ou poucas ⤳ Localização: qualquer área da pele ⤳ Neural: Neurite aguda e intensa e edema, apenas de ramúsculos nervosos cutâneos. Alteração de sensibilidade: Com cronificação, ocorre dano neural e comprometimento funcional • anidrose, ressecamento, alteração sensitiva (térmica >> dolorosa >> tátil) e motora (dormência e perda da força muscular). • Sinal da Raquete: Podemos ver emergindo da placa o espessamento neural. ⤳ Baciloscopia: negativa ⤳ Histopatologia: infiltrado perivascular e perineural. Forma neural pura: Não há lesões cutâneas, mas encontramos espessamento do tronco nervoso e dano neural precoce. Resumo → Placas delimitadas, cor rosáceo- eritematosa ou eritêmato-acasanhada, com contornos regulares, formando lesões circulares. As lesões são únicas ou em pequeno número, mas com distúrbio sensitivo, com alterações de sudoreses e vasomotor. A baciloscopia é negativa, a histopatologia pode mostrar células gigantes e granulomas de células epitelióides (reação celular). Hanseníase Virchowiana Forma mais contagiosa -> polo de baixa resistência imunológica. ⤳ Aspecto pele: Pele avermelhada, seca, infiltrada, cujos poros estão dilatados (“casca de laranja”). ⤳ Lesões: Pápulas e nódulos escuros, endurecidos e assintomáticos (chamados de hanseomas) -> podem ser manchas hipocrômicas, múltiplas, com limite impreciso, as lesões podem ser sólidas, nódulos, pápulas – POLIMORFISMO DE LESÕES ⤳ Face: Lisa, sem rugas, devido a infiltração, nariz congesto, pés e mão cianóticos e edemaciados, a pele e os olhos secos. ⤳ Fâneros: perda parcial a total das sobrancelhas (madarose) e dos cílios, além de outros pelos, exceto os do couro cabeludo. Obs: Infiltração da face e pavilhões auriculares + madarose = fácies leonina. ⤳ Alteração de sensibilidade: presente, anidrose e anestésica. ⤳ Número: diversas ⤳ Localização: qualquer área da pele ⤳ Neural: Nervos periféricos simetricamente espessados. ⤳ Alteração de sensibilidade: Com cronificação, ocorre dano neural e comprometimento funcional • anidrose, ressecamento, alteração sensitiva (térmica >> dolorosa >> tátil) e motora (dormência e perda da força muscular). • Cãibras, formigamentos e artralgias. ⤳ Baciloscopia: fortemente positiva ⤳ Histopatologia: aglomerado de bacilos nas camadas profundas da derme (globias) -> microorganismo pode ser isolado em diversos tecidos, menos pulmões e SNC. Lepra bonita (de Lúcio): subtipo de HV, com infiltração difusa da pele, mas sem nódulos ou placas. Outros acometimentos ⤳ Acometimento testicular: diminui testosterona -> aumenta FSH e LH -> queda da libido e ginecomastia. ⤳ Câmara anterior do olho: glaucoma e catarata ⤳ Insensibilidade córnea: pode levar a microtraumas de repetição, predispondo a infecção secundária. Hanseníase Dimorfa - Forma mais comum (70%)! Marcada pela instabilidade imunológica -> grande variação em suas manifestações. • As lesões da pele são numerosas e mescla morfologia de HV e HT. ⤳ Lesão: o Única/Poucas manchas de pele avermelhadas ou esbranquiçadas, com bordas elevadas, mal delimitadas na periferia, ou o Múltiplas lesões bem delimitadas semelhantes à lesão tuberculóide, porém a borda externa é esmaecida (pouco definida). ⤳ Neural: lesões precoces, assimétricas -> com frequência, levam a incapacidades físicas. ⤳ Alteração sensitiva: Há hipoestesia/anestesia, com diminuição das funções autonômicas (sudorese e vasorreflexia à histamina). Resumo → O grupo marcado pela instabilidade imunológica, que faz com que ocorra mescla aspectos tanto da tuberculoide como da virchoviana, por isso possui uma variedade de lesões, podem ser similares a tuberculoide, porém, em maior número, ou similares a wirchowiana. Outros acometimentos Acometimento ósseo: ⤳ Mais raro -> Periostite hanseniana; osteomielite hanseniana. ⤳ As metáfises das falanges das mãos e dos pés são mais acometidas. ⤳ Há edema, osteoporose, afilamento cortical, alargamento do forame da artéria nutrícia e erosões ósseas Artrite séptica: ⤳ Rara e resulta da extensão articular de um foco ósseo adjacente. ⤳ Mais comum em tornozelo, joelho, punho e dedos. ⤳ Artrite não séptica pode ser provocada por ativação de LT e B e formação de AC Prova da Histamina - Prova funcional para avaliar a resposta vasorreflexa à droga • Indica integridade e viabilidade do SNA de dilatar os vasos cutâneos superficiais, o que resulta no eritema. Como é realizada: • Coloca-se uma gota de solução de cloridrato de histamina a 1:1.000 sob a pele. Com uma agulha fina faz-se uma escoriação embaixo do líquido, de modo que não haja sangramento -Tríplice reação de Lewis – esperado em pacientes com SNA preservado: • Sinal da punctura: lesões puntiformes avermelhadas que surgem de imediato; • Eritema reflexo: 30 a 60 segundos após escarificação; • Pápula: 2 a 3 minutos no local da punctura/escarificação. - No paciente com hanseníase ela é incompleta, faltando o eritema reflexo. - Seu uso é importante principalmente nas H. indeterminadas. 10 Diagnóstico • Em áreas endêmicas o diagnóstico é clínico, baseado no achado de uma ou mais lesões cutâneas típicas da doença: o máculas, pápulas ou nódulos hipocrômicos e com redução da sensibilidade, sendo que a presença de espessamento de tronco nervoso não é obrigatória. o Em casosde lesões não típicas, é interessante o exame de esfregaço positivo para o bacilo. Obs: Pacientes com a forma neural pura não apresentam lesões cutâneas e o diagnóstico deve ser feito por meio da biópsia do nervo, que mostra: o O bacilo, por alterações inflamatórias intensas com a presença de macrófagos, plasmócitos e linfócitos; o Perda das fibras nervosas Sorologia ⤳ Sorologia ML Flow mostra IgM contra o M. leprae e é usado para diferenciar pacientes com alta carga bacilar que precisarão de um tratamento medicamentoso diferenciado. Diagnóstico Clínico O diagnóstico clínico da neuropatia é feito com base na: ⤳ Palpação do nervo ⤳ Alterações sensitivas e motoras ao exame físico, sendo que os testes de força motora incluem: extensão do hálux e dos dedos, a dorsiflexão e eversão do pé. No exame neurológico, a identificação das lesões deve ser feita pelas seguintes etapas no exame físico: 1. Inspeção dos olhos, nariz, mãos e pés; 2. Palpação dos troncos nervosos periféricos; 3. Avaliação da mobilidade articular; 4. Avaliação da força muscular; e 5. Avaliação de sensibilidade nos olhos, membros superiores e membros inferiores. Exame de nervos periféricos: procura de déficits motores, sensitivos e espessamento dos troncos nervosos pela palpação. Como: • Usando o segundo e terceiro dedo, desliza sobre a superfície óssea no trajeto do nervo, de cima pra baixo • Verifique se há queixa de dor espontânea, espessamento do nervo comparado com o ladro contralateral. • Ver consistência, se está amolecido ou endurecido, se há abcessos e nódulos no nervo. Sequelas possíveis de verificar: ⤳ Paralisia facial do tipo periférico unilateral ou bilateral; ⤳ Paralisia do ramo orbicular do nervo zigomático, provocando o lagoftalmo, epífora (escoamento de lágrimas devido à obstrução do canal lacrimal) e exposição da córnea; ⤳ Mão em garra (garra do quarto e quinto quirodátilos ou garra completa); ⤳ Mão caída; pé caído, garra de artelhos, que pode ser acompanhada do mal perfurante plantar. Teste de Sensibilidade Sensibilidade Térmica - Material: 1 tubo de ensaio com água quente (ou algodão seco) e 1 tubo de ensaio com água gelada (ou algodão com éter). - Fazer nas áreas suspeitas: máculas, nódulos, placas, áreas de pele seca ou áreas referidas pelo paciente como regiões de alteração sensitiva; Interessante testar o: • território do nervo ulnar (4º e 5º dedos da mão) • nervo radial (dorso da mão até o 3º dedo) • nervo fibular (lateral da perna e dorso do pé) • nervo tibial (região plantar). - Compare com a área de pele normal contralateral ou adjacente. Sensibilidade Dolorosa - Material: agulha de insulina. - Encoste a ponta com uma leve pressão, alternando área interna e externa à lesão. - A dor é sentida quando o paciente refere “ai!” ou retira imediatamente da região. Sensibilidade Tátil: ⤳ toque com os dedos, objetos ou os monofilamentos de Semmes-Weinstein na região a pesquisar. ⤳ Anestesia: perda total de sensibilidade ⤳ Hipoestesia: diminuição da sensibilidade Monofilamentos de Semmes-Weinstein: ⤳ Monofilamentos de 0,05 g, 0,2 g, 2 g, 4 g, 10 g e 300 g) – aqueles mesmos do diabetes!!! ⤳ Grau 1 – incapacidade a ausência de resposta ao filamento igual ou mais pesado que o de 2g. 11 Exames Complementares Baciloscopia É complementar, útil ao diagnóstico! A linfa para baciloscopia é obtida em 4 locais: ⤳ Lóbulos de orelhas direita e esquerda, cotovelo direito e esquerdo + lesão cutânea. É realizado a coloração ziel-neelsen para pesquisar os bacilos. A baciloscopia é: ⤳ Negativa na indeterminada e tuberculoide ⤳ Fortemente positiva na virchowaina ⤳ Apresenta variabilidade de resultados na forma dimorfa. Histopatológico - H. indeterminada: infiltrado inflamatório com BAAR negativo. - H. tuberculóide: granuloma e BAAR negativo. - H. dimorfa: infiltrado linfo-histiocitário e BAAR positivo. - H. virchowiana: infiltrado histiocitário xantomizado ou macrofágico e BAAR em grumos. - Em pacientes com clínica de hanseníase multibacilar, desconsidere a baciloscopia da biópsia e trate-os como MB! Prova da Histamina - Prova funcional para avaliar a resposta vasorreflexa à droga • Indica integridade e viabilidade do SNA de dilatar os vasos cutâneos superficiais, o que resulta no eritema. • Como: feito colocando-se uma gota de solução de cloridrato de histamina a 1:1.000 sob a pele. Com uma agulha fina faz-se uma escoriação embaixo do líquido, de modo que não haja sangramento -Tríplice reação de Lewis – esperado em pacientes com SNA preservado: • Sinal da punctura: lesões puntiformes avermelhadas que surgem de imediato; • Eritema reflexo: 30 a 60 segundos após escarificação; • Pápula: 2 a 3 minutos no local da punctura/escarificação. - No paciente com hanseníase ela é incompleta, faltando o eritema reflexo. Importante principalmente nas HI. Teste da Pilocarpina - Injeção intradérmica de pilocarpina. Normalmente, ocorre sudorese na área. Nas lesões hansênicas há anidrose. Critérios Considera-se um caso de hanseníase a pessoa que apresenta um ou mais dos seguintes sinais cardinais: • Lesão(ões) e/ou área(s) da pele com alteração da sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil; • Comprometimento do nervo periférico, geralmente espessamento, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; e • Presença de bacilos M. leprae, confirmada na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou na biópsia de pele. Antígeno Glicolípide Fenólico-1 (PGL-1) - Específico para M. leprae Leva a formação de anticorpos IgG e IgM. ⤳ Títulos de IgM são relacionados com grau de atividade da doença. ⤳ Anti-pgl-1 é descrito na forma virchowiana, tende a decrescer no tratamento. 12 Reações Hansênicas São fenômenos de aumento da atividade da doença, com piora clínica • Podem ocorrer de forma aguda: antes, durante ou após o final do tratamento da PQT. São episódios inflamatórios – podem chamar mais atenção que as próprias lesões primárias da hanseníase. Evolução: agudo, ao contrário da apresentação esperada da hanseníase. Fatores desencadeantes: infecções intercorrentes, vacinação, gravidez e puerpério, medicamentos iodados, estresse físico e emocional. Obs: os quadros de reações hansênicas podem preceder o diagnóstico da própria hanseníase, durante o tratamento e, até mesmo, após a alta. Reação Tipo 1 ➢ TIPO 1 (reação reversa): Reação mediada pela imunidade celular; Esse tipo de reação TENDE a surgir precocemente no tratamento -> entre 2 e 6 meses na dimorfma Característica: exacerbação de lesões pré- existentes – edemaciam, eritematosas, brilhantes. - Podem surgir novas lesões, em pouco número. Sintomas sistêmicos: febre baixa. Neurites: frequentes e graves -> podem ser a única manifestação clínica; podem ser silenciosas também, nesse caso, não há dor e espessamento de nervo, mas há sequelas. Nervos mais acometidos: ulnares e medianos, fibular comum e tibial posterior, fácil e grande auricular. ⤳ As lesões se tornam mais eritematosas e edematosas; ⤳ Nervos periféricos ficam mais dolorosos; ⤳ Piora de função neurológica; ⤳ Edema de mãos e pés; ⤳ Novas lesões de pele até 5 anos ⤳ após a alta medicamentosa; ✓ TTO: Prednisona 1-2 mg/kg/dia; Reação Tipo 2 TIPO 2 (eritema nodoso hansênico): formas multibacilares, dimorfa e virchowiana, geralmente após 6 meses de tratamento. Se trata de: paniculite (inflamação da hipoderme) lobular (predomina em lóbulos) acompanhado de vasculite. Como é? Há depósito de imunocomplexos em tecidos e vasos. Ocorre aumento de citocinas séricas, como TNF- alfa e Interferon Gama, ocorre pequena ativaçãocelular no início da reação. As manifestações clínicas incluem: ⤳ Febre e linfadenopatia; ⤳ Neurite – nervo ulnar é o mais comumente acometido; ⤳ Uveíte; ⤳ Orquite; ⤳ Glomerulonefrite. Lesão típica: eritematosas, dolorosas, tamanhos variados, pápulas, nódulos em qualquer região. • Nódulos -> evoluem para ulceração -> chamado de eritema nodoso necrotizante. Pode evoluir para: neurite, orquite, epididimite, irite, iridociclite, artralgia ou artrite, linfadenopatia generalizada, proteinúria e dano hepático. Edema -> membros inferiores, pré-tibialgia e febre acompanham esta reação. Exames laboratoriais: reação leucemoide (leucocitose) com desvio para esquerda. • Anemia normocítica normocrômica, VHS elevado e PCR aumentado – frequente. • FAN – títulos elevados podem ser encontrados. TTO: Talidomida 100 a 400 mg/dia via oral; Fenômeno de Lucio Fenômeno de Lucio: ⤳ ocorre antes do tratamento em poucos pacientes com hanseníase virchowiana, principalmente na apresentação lepra bonita, lepra de Lucio. Lesões: ⤳ Lesões maculares equimóticas (necróticas) – ulceram, pequeno número ou área extensa da pele, geralmente extremidade inferior. ⤳ Lesões generalizadas -> comportamento de grande queimado – pode ocorrer infecção secundário por pseudomonas aeruginosa! Histopatologia: ⤳ necrose isquêmica da epiderme e derme superficial, ⤳ parasitismo intenso de células endoteliais, ⤳ proliferação de células endoteliais ⤳ formação de trombos em grandes vasos das porções profundas da derme. Tratamento: poliquimioterapia, medidas de suporte, antibioticoterapia e transfusões de troca Não usar: talidomida e glicocorticoides. 13 Tratamento
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