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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/324102540 O CONCRETO NA ARQUITETURA ROMANA Conference Paper · August 2002 CITATIONS 0 READS 3,568 2 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Inventário do Catetinho View project Projeto Escória de Aciaria Modificada View project Marina Martins Mennucci University of Aveiro 37 PUBLICATIONS 152 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Marina Martins Mennucci on 30 March 2018. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/324102540_O_CONCRETO_NA_ARQUITETURA_ROMANA?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/324102540_O_CONCRETO_NA_ARQUITETURA_ROMANA?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Inventario-do-Catetinho?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Projeto-Escoria-de-Aciaria-Modificada?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marina-Mennucci?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marina-Mennucci?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/University_of_Aveiro?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marina-Mennucci?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marina-Mennucci?enrichId=rgreq-3cebc27bf6e69b5128dd984c4883788a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNDEwMjU0MDtBUzo2MDk2OTM1NTA1MTQxNzZAMTUyMjM3MzY3ODQ1MA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro O CONCRETO NA ARQUITETURA ROMANA Marina Martins Mennucci (1) e Simão Priszkulnik (2) 1) Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie marinam@uol.com.br 2) Professor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie prisz@mackenzie.com.br RESUMO As criações artísticas dos romanos, sobretudo a arquitetura e as artes plásticas, atingiram notável unidade, em conseqüência de um poder político que se estendia por um vasto império. Os marcos arquitetônicos então construídos, e que duram até os nossos dias, são testemunhos do alto grau de desenvolvimento no Império Romano. Conforme relata Marcus Vitrivius Pollio, no tratado “De Architectura”, os romanos dispunham da cal hidratada, pozolana, areia e pedra britada, com as quais preparavam argamassas e concretos ("opus cementicium") aplicados à construção de estruturas, atendendo aos quesitos de segurança ("firmitas”), utilidade ((“utilitas”) e beleza (“venustas”)). Registram-se neste trabalho as características dos materiais empregados, as composições das argamassas e concretos e exemplos de obras executadas em concreto. Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro 1. INTRODUÇÃO Arte romana é o conjunto das manifestações culturais que floresceram na península itálica do início do século VIII a.C. até o século IV d.C. As criações artísticas dos romanos, sobretudo a arquitetura e as artes plásticas, atingiram notável unidade, em conseqüência de um poder político que se estendia por um vasto império. A civilização romana criou grandes cidades e a estrutura militar favoreceu as construções defensivas, como fortalezas e muralhas, e as obras públicas (estradas, aquedutos, pontes etc.). O alto grau de organização da sociedade e o utilitarismo do modo de vida romano foram os principais fatores que caracterizaram sua produção artística. A principal fonte literária para o conhecimento da antiga arquitetura romana é o tratado “De Architectura”, de Marcus Vitruvius Pollio, escrito por volta do ano 40 d.C. Além das estruturas ainda existentes, as escavações arqueológicas por toda a área do império completam o cenário. O tratado de Marcus Vitruvius, dedicado ao Imperador Augustus, consiste de 10 volumes (www.vitruvio.ch), a saber: Livro 1: a formação profissional do Arquiteto, cuja tradução da versão em inglês publicada por M. H. Morgan, para o português, elaborada pelo Prof. F. F. Pinheiro Barreto, do Departamento de Projeto, Expressão e Representação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, está disponível na Internet. Livro 2: materiais de construção, incluindo os capítulos referentes às origens da arte de edificar; princípios do trabalho; tijolos; areia; pozolana; pedrase madeira. Livro 3: templos, com os capítulos relativos ao projeto dos templos; tecnologia dos templos baseada nas plantas; tipologia dos templos baseada nos levantamentos; fundações dos templos e o estilo jônico. Livro 4: colunas e capiteis de estilo coríntio; elementos da ordem; ordem dórica; o interior dos templos; orientação dos templos; portais dos templos; ordem toscana; os templos em planta circular; os altares e sua localização. Livro 5: o fórum e a basílica; erário, prisão e cúria; a escolha do local onde construir o teatro; a harmônica de Aristosseno; o sistema de amplificação nos teatros; projeto Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro do teatro; o teatro grego; pórticos e passagens no cenário; os banhos; os locais para ginástica; construções portuárias. Livro 6: influência do clima na arquitetura, proporções dos edifícios privados; planimetria da casa; orientação da casa; tipologia das casa com relação ao nível social dos proprietários; a casa de campo; a casa grega; sobre a estabilidade dos edifícios. Livro 7: os pavimentos; preparação da cal para os revestimentos; textura dos revestimentos; revestimentos dos ambientes úmidos; pinturas das paredes; uso do mármore nos revestimentos; as cores naturais; o vermelhão; preparação do vermelhão; o negro de fumo; o azul e o amarelo; o alvaiade, o azinhavre e a sandaraca; a púrpura; outros cores artificiais. Livro 8: a pesquisa da água; a água pluvial; diversas naturezas da água; o gosto da água; levantamento dos níveis; os aquedutos. Livro 9: gnomótica – o universo e os planetas; as fases da Lua; equinócio e solstício; constelações do Norte; constelações do Sul; a astrologia; diversos tipos de relógios. Livro 10: mecânica – máquinas e instrumentos; máquinas de tração; tração retilínea e tração circular; máquinas para o recalque da água – o guindaste e o moinho d’água; o parafuso; a bomba aspersora de Tisíbio; os sistemas hidráulicos; as catapultas; o trabuco; preparação das catapultas e trabucos; máquinas de sítio; a tartaruga; máquinas de defesa. 2. ASPECTOS DA ARQUITETURA ROMANA Duas importantes culturas convergiram no período em queRoma já dominava a totalidade do Mediterrâneo e avançava sobre o norte da Europa e a Ásia: a etrusca e a grega. A primeira, presente desde o início, no século VIII a.C., se caracterizava por um acentuado orientalismo, fruto do estreito contato comercial que os etruscos mantinham com outros povos do Mediterrâneo. Quanto à influência grega, o processo de helenização dos romanos tornou-se intensivo a partir do século IV a.C. e se traduziu em todos os âmbitos da cultura: a escultura, a arquitetura e, inclusive, a religião e a língua. Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Assim, a arquitetura da Roma Antiga é formada por um conjunto de elementos gregos e etruscos, resultando na aplicação das proporções gregas à arquitetura de abóbadas dos etruscos. O plano do templo é herdado dos etruscos; quanto à ornamentação, é grega, sendo coríntia a ordem preferida. O espírito romano, mais prático e menos lírico, não demorou muito a oferecer sua própria versão do estilo. Da fusão dessas tendências é que se formou o chamado "estilo romano", incluindo a modificação da linguagem arquitetônica que haviam recebido dos gregos, uma vez que acrescentaram aos estilos herdados (dórico, jônico e coríntio) duas novas formas de construção: os estilos toscano e composto. Como esclarece L. Benevolo (1972), na arquitetura helenística, o estudo dos efeitos de conjunto sobrepunha-se à apresentação analítica dos elementos. Existe, porém, um limite evidente para esta tendência: evita-se, de fato, que a escala do conjunto seja exageradamente grande com relação à dos pormenores, de modo que entre os vários pontos de vista necessários para esgotar a compreensão do edifício não exista muita diversidade e o observador não seja solicitado a deslocamentos muito sensíveis. Por isso, os complexos arquitetônicos sujeitos a uma composição geométrica regular nunca eram grandes demais; com esta observação do limite age, evidentemente, mesmo que atenuada, a relutância dos gregos à visão dinâmica e o desejo de que a apresentação da obra seja a mais direta possível. Os romanos não se sentiam presos a esse limite; estenderam a composição ligada a um eixo de simetria a complexos arquitetônicos imensos, às vezes em escala que se poderia dizer geográfica, como no templo da Fortuna em Palestrina.. Nestes complexos, a desproporção entre o ponto de vista longínquo, necessário para apreciar o conjunto, e os pontos de vista próximos, que permitem perceber a conformação das partes, era tão evidente que a unidade arquitetônica deve ser concebida em têrmos dinâmicos, isto é, subordinada a uma caminhada. Adicionalmente, a partir do século II a.C., os arquitetos romanos passaram a dispor de novos materiais de construção: um deles, o opus cementicium - uma espécie de concreto armado; de outro lado o opus latericium, o tijolo, que permitia uma grande versatilidade. Combinado com o primeiro material, ele oferecia a possibilidade de se construírem abóbadas de enormes dimensões e, apesar disso, muito leves. Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Desde a instauração do império, no século I a.C., a arte foi utilizada em Roma como demonstração de grandeza. Não apenas mudou totalmente a imagem da capital como também a do resto das cidades do império. Palácios, casas de veraneio, arcos de triunfo, colunas com estelas comemorativas, alamedas, aquedutos, estátuas, templos, termas e teatros foram erguidos ao longo e ao largo dos vastos e variados domínios do império romano. A evolução da arquitetura romana reflete-se fundamentalmente em dois âmbitos principais: o das escolas públicas e o das particulares. As obras públicas (templos, basílicas, anfiteatros, arcos de triunfo, colunas comemorativas, termas e edifícios administrativos) apresentavam dimensões monumentais e quase sempre formavam um conglomerado desordenado em torno do fórum - ou praça pública - das cidades. As obras particulares, como os palácios urbanos e as vilas de veraneio da classe patrícia, se desenvolveram em regiões privilegiadas das cidades e em seus arredores, com uma decoração faustosa e distribuídas em torno de um jardim. A plebe vivia em construções de insulae, muito parecidas com os atuais edifícios, com portas que davam acesso a sacadas e terraços, mas sem divisões de ambientes nesses recintos. Seus característicos tetos de telha de barro cozido ainda subsistem atualmente. Merecem destaque as obras da engenharia civil romana. Além de construir caminhos que ligavam todo o império, os romanos edificaram aquedutos que levavam água limpa até as cidades e também desenvolveram complexos sistemas de esgoto para dar vazão à água servida e aos dejetos das casas. Conforme descreve Emerson Luiz de Faria (2000), com a utilização do cimento e dos tijolos aprimorou-se o arco. As construções dos dois últimos séculos do império incluem-se entre as manifestações mais importantes da arte romana. Depois do grande incêndio no reinado de Nero, o aspecto urbano transformou-se com as reconstruções. Destacam-se os grandes foros imperiais e o mais suntuoso de todos, o de Trajanus, em que predominavam os "mercados", seis andares de lojas ligados por corredores e escadarias, escavados na rocha viva do monte Quirinal. Obra-prima da engenharia e da arquitetura romana em sua técnica de origem oriental, o foro de Trajanus era cercado por grande muralha revestida de Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro mármores e possuía salas de reunião, bibliotecas, um templo consagrado a Trajanus e uma basílica. As termas são uma criação original dos arquitetos romanos. Nas grandes cidades, ocupavam um espaço considerável, com banhos, saunas e numerosos estabelecimentos anexos. Os banhos de Agrippa, em Roma, hoje desaparecidos, são o primeiro exemplo da concepção monumental das termas romanas dos séculos II e III, das quais as mais famosas são as do Imperador Caracala, com bibliotecas, salas de leitura e conversação, ginásios e um teatro; e as de Diocletianus, as maiores de todas, com 140.000m2. Pompeu construiu o primeiro teatro de alvenaria, em substituição à madeira, por volta de 50 a.C. Diferentes dos gregos, os teatros romanos possuem uma cávea (espaço reservado à platéia) semicircular, uma orquestra pequena (local destinado às danças, aos músicos e aos coros), às vezes ocupada por assentos, e um palco maior com fundo de alvenaria. O Coliseu é o anfiteatro mais famoso da segunda fase do império, a partir do século I. Deve seu nome a uma colossal estátua de Nero, depois desaparecida. Tem forma elíptica, com 524m de circunferência, e podia receber cerca de cem mil espectadores. As necrópoles situavam-se à margem das estradas. Havia tumbas coletivas, com nichos funerários, e particulares. O mausoléu, espécie de túmulo e templo, prevaleceu a partir do reinado de Augustus. Dos templos mais antigos, restam apenas vestígios, como os de Júpiter Capitolino, Saturno e Ceres, todos em Roma. 3. MATERIAIS PARA ARGAMASSAS E CONCRETOS Provavelmente tenha sido a argila o primeiro aglomerante a ser empregado, resultando o seu endurecimento da simples evaporação da água de amassamento. A observação da técnica adotada pelos pássaros para a construção dos seus ninhos ensinou a utilizar a argila como revestimento do pau roliço, de bambu, por exemplo, ou para a execução de tijolos secos ao sol, com ou sem a adição de estrume, palha picada, crina ou gravetos finos, responsáveis pela modificação da plasticidade e pelo aumento da resistência mecânica (Tacla, 1967). Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Para evitar a deterioração pela água da edificação assim construída, introduziu-se a prática do assentamento e do revestimento com o betume, aplicado a quente, embora com a limitação do método às regiões dotadas de depósitos betuminosos. O uso inteligente do fogo permitiu, por sua vez, a produção dos primeiros aglomerantes quimicamente ativos, pela queima do gipsoe do calcário. Incluidos mais modernamente entre os aglomerantes aéreos, tanto o gesso de estucador, como a cal hidratada, não resistem à ação da água após o seu endurecimento, impedindo-os, pois, de garantir durabilidade quando em contato com a água. Constatou-se, mais tarde, que aumentava extraordinariamente a resistência às águas das argamassas de cal, pela mistura de solos de origem vulcânica, ou de areias resultantes da fragmentação de certos tijolos e telhas. Assim, em grande parte da zona do Mediterrâneo, empregou-se terra vulcânica da Ilha de Santorim, pertencente ao arquipélago das Cíclades, ao norte da Ilha de Creta. Da mesma forma, os romanos utilizaram os tufos vulcânicos do Vesúvio, acumulados nas proximidades da cidade de Pozzuoli, na zona de Nápoles, estendendo-se, então, a designação pozolana ao conjunto de materiais naturais ou artificiais dotados da mesma propriedade (Sousa Coutinho, 1958). No Livro 2 do seu tratado “Da Architectura”, Marcus Vitruvius descreve a pozolana como um “pó que efetua naturalmente coisas admiráveis, encontrando-se nas regiões situadas em volta do monte Vesúvio; quando misturado com cal e com pedras contribui não só para a solidez dos edifícios comuns, mas também consegue endurecer debaixo d’água, nos molhes que se constroem no mar”. Para os trabalhos marítimos, Marcus Vitruvius recomendou a substituição da areia pela pozolana, prescrevendo a composição da argamassa a partir de “duas partes de pozolana e de uma parte de cal com água” (Priszkulnik, 1980). A extraordinária durabilidade de diversas estruturas do império Romano está, de fato, intimamente vinculada ao emprego do aglomerante constituído pela mistura de cal hidrata e pozolana, na medida em que a reação entre ambos, em presença de água, à temperatura ambiente, dá como resultado compostos com propriedades hidráulicas, resistentes e duráveis. Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro 4. EXEMPLOS DE OBRAS DA ARQUITETURA ROMANA 4.1 Pont du Gard A Pont du Gard é uma estrutura de 270 m de comprimento, integrada a um aqueduto de 30km de comprimento, construída por Marcus Agrippa, entre os anos 20 e 16 A.C., para transportar água da localidade de Uzès à cidade de Nimes, na França. 4.2 Puente de Alcántara Trata-se de uma das maiores pontes romanas, construída sobre o Rio Tejo, na Espanha. Seus seis arcos em granito do reservatório inferior, com vãos de, aproximadamente, 30 m, são suportados por pilares altos de 10 m de espessura. No segundo nível há 11 arcos e no topo há 35 arcos Na extremidade da ponte, encontra-se um pequeno templo dedicado a Trajanus, quando se inaugurou a ponte no ano 104 D.C. O construtor da ponte é lembrado no templo com a seguinte inscrição: “Eu, Caius Julius Lacer, famoso pela minha arte, lego uma ponte para permanecer para sempre ao longo dos séculos”. De fato, decorridos 19 séculos, a ponte continua prestando serviços na travessia do Rio Tejo (Collins, 2001). 4.3 Panteon O Panteon, construído entre 118 e 128 D.C., agora denominado de Igreja de Santa Maria Rotonda, é um dos monumentos mais famosos da arquitetura romana. Erguido na Piazza della Rotonda, em Roma, sua arquitetura é excepcionalmente bem preservada, só comparável em conservação à Igreja Bizantina Hagia Sophia, em Istambul, na Turquia (www.arqbusca.hpg.ig.com.br/panteao.htm). 4.4 Coliseu de Roma “Enquanto o Coliseu se mantiver de pé, Roma permanecerá; quando o Coliseu ruir, Roma cairá e se acabará o mundo.” A profecia do monge inglês Venerável Beda dá Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro a medida do significado que teve para Roma o anfiteatro Flávio, ou Colosseo, em italiano, nome que alude a suas proporções grandiosas. O Coliseu ergueu-se no lugar antes ocupado pela Domus Aurea, residência do Imperador Nero, Sua construção foi iniciada por Vespasianus por volta dos anos 70 da era cristã. Titus inaugurou-o em 80 e a obra foi concluída poucos anos depois, na época de Domitianus. A grandiosidade desse monumento, construído em concreto de agregado leve, com densidades variando de 1300 kg/m3 a 2200 kg/m3, testemunha o poderio e o esplendor de Roma na época dos Flávios, família a que pertenciam esses imperadores. O edifício inicial, de 3 andares, comportava mais de 50.000 espectadores. Dois séculos depois, sua capacidade foi ampliada para quase 90.000, quando os imperadores Severus Alexander e Gordianus III acrescentaram um quarto pavimento. Sua planta é elíptica, com eixos medindo aproximadamente 190 e 155 m, enquanto sua altura equivale à de um edifício de 15 andares. A fachada compõe-se de arcadas decoradas com colunas dóricas, jônicas e coríntias, de acordo com o pavimento. Os assentos são de mármore e a cávea, escadaria ou arquibancada, dividia-se em três partes, correspondentes às diferentes classes sociais (www.nomismatike.hpg.ig.com.br/ImpRomano/Coliseu.html). 4.5 Outros exemplos As ilustrações seguintes ampliam os exemplos de obras da Arquitetura Romana, impressionantes pela grandiosidade e longevidade: Forum de Trajano; Basílica de Constantino – Fórum Romano; Anfiteatro de Nimes na França; Arco do Triunfo, em Orange na França; Arcadas do Peristilo do Palácio de Diocleciano, em Split na Iugoslávia (www.pegue.com/artes/arquitetura_romana.htm). Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Figura 1: Pont du Gard - http://www.pegue.com/artes/arquitetura_romana.htm Figura 2: Arco do Triunfo, Orange, França - http://www.pegue.com/artes/arquitetura_romana.htm Figura 3: Arcadas do Peristilo do Palácio de Diocleciano; Split, Iugoslávia - http://www.pegue.com/artes/arquitetura_romana.htm Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Figura 4: Foro de Trajano - http://www.pegue.com/artes/arquitetura_romana.htm Figura 5: Anfiteatro de Nimes - http://www.pegue.com/artes/arquitetura_romana.htm Figura 6: Basílica de Constantino (Fórum Romano) - http://www.pegue.com/artes/arquitetura_romana.htm Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Figura 7: Coliseu - vista externa - http://www.greatbuildings.com/cgi- bin/gbi.cgi/Roman_Colosseum.html/cid_colosseum_km_001.gbi Figura 8: Panteão - (http://web.kyoto-inet.or.jp/org/orion/eng/hst/roma/pantheon.html) Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Figura 9: Panteão (http://web.kyoto-inet.or.jp/org/orion/eng/hst/roma/pantheon.html) Figura 10: Panteão - vista externa - http://harpy.uccs.edu/roman/html/hadrian2.html Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Figura 11: Coliseu - vista interna (arena) - http://www.greatbuildings.com/cgi- bin/gbi.cgi/Roman_Colosseum.html/cid_1949090.gbi Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Figura 12: Vista geral do Coliseu, Forum Romano e Monte Palatino - detalhe em maquete da antiga Roma - http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/ Figura 13: O Pantheon Romano - detalhe em maquete da antiga Roma. http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/ Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro Figura 14: Puente de Alcântara sobre o Rio Tajo, na região de Cáceres, Espanha - http://www.geocities.com/jjescudero/cangaler.htm 5. Referências Bibliográficas Arquitetura Romana – Panteão de Roma; www.arqbusca.hpg.ig.com.br/panteao.htm BENEVOLO, L. – Introdução à Arquitetura; Editora Mestre Jou, São Paulo, `1972. Coliseu de Roma – www.nomismatike.hpg.ig.com.br/ImpRomano/Coliseu.html COLLINS, M.P. - In Search of Elegance: The Evolution of the Art of Structural Engineering in the Western World; American Concrete Institute, Concrete International, July, p. 57-71, 2001. FARIA, E.L. A Arte Romana GALIMBERTI, D. - De Architectura, Strutura del Tratatto; www.vitruvio.ch PINHEIRO BARRETO, .F.F. – Excerto de Vitrúvio – os Dez Livros sobre Arquitetura, Livro 1; www.unb.br/fau/pos_graduacao/cadernos_eletronicos/Vitruvio/excert.htm PRISZKULNIK, S. - Pozolanas para Aglomerantes de Construção Civil; 1ª Semana deTecnologia, Faculdade de Tecnologia de São Paulo, 29/9 a 4/10/1980. SOUSA COUTINHO, A. - Pozolanas, Betões com Pozolanas e Cimentos Pozolânicos; Laboratório Nacional de engenharia Civil, Memória 136, Lisboa, 1958. TACLA, Z. – Notas para as Histórias das Argamassas; Associação Brasileira dos Produtores de Cal, Nota Técnica nº 35, São Paulo, 1967. View publication statsView publication stats https://www.researchgate.net/publication/324102540
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