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59
UNIDADE 2
ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA 
E ROMA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• apresentar a história da arquitetura dos povos minoicos e micênicos, que 
precederam os gregos;
• contextualizar e compreender a história da arquitetura e das cidades gregas;
• apresentar a história da arquitetura dos etruscos, que precederam os romanos;
• contextualizar e compreender a história da arquitetura e das cidades romanas.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – OS PRECURSORES DOS GREGOS 
TÓPICO 2 – O LEGADO DA GRÉCIA 
TÓPICO 3 – OS PRECURSORES DOS ROMANOS
TÓPICO 4 – O LEGADO DE ROMA
60
61
TÓPICO 1
OS PRECURSORES DOS GREGOS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A grande influência exercida pelos gregos e pelos romanos na Arquitetura, 
na Arte e no modo de pensar as cidades ocidentais é incontestável para a maior 
parte dos pesquisadores do assunto. Por este motivo optou-se por dedicar um 
capítulo exclusivo ao estudo dessas civilizações. 
Para adentrar o universo grego, faz-se necessário compreender a formação 
de seus territórios e das primeiras cidades lá instaladas, as características dos 
povos que as ocupavam e, claro, sua arquitetura.
Para este fim, o tópico se concentrará em duas civilizações que surgiram 
no Mar Egeu: os minoicos e os micênicos, abordando a história, a cultura e a 
arquitetura desses povos considerados precursores dos gregos. 
2 CULTURAS EGEIAS
O Mar Egeu possui inúmeras ilhas e tem seus limites na península da 
Grécia a oeste, nas montanhas da Macedônia ao norte e na costa da Anatólia ao 
leste. Ao sul fica a ilha de Creta.
Referimo-nos aos primeiros habitantes a se fixarem no território onde 
atualmente está a Grécia como ‘culturas egeias’, porque estes eram justamente 
navegadores e exploradores daquele mar e suas ilhas.
Em aproximadamente 2 mil a.C., os recursos naturais da região estavam 
sendo amplamente utilizados pelos navegadores da região para produzir diversos 
artefatos. Estes, somados aos produtos agrícolas, serviam para negociar com os 
egípcios e com os povos das cidades do leste do Mediterrâneo, onde acabaram 
por construir pequenas vilas agrícolas e aldeias muradas, tanto nas ilhas quanto 
ao longo do litoral (FAZIO, 2011).
Duas civilizações egeias foram reconhecidas por historiadores: a dos 
minoicos, na Ilha de Creta, e a dos micênicos, em diferentes locais da Grécia 
continental. Estas tinham algumas características em comum no que diz respeito 
à arte e cultura. Ambas produziam artigos de luxo que eram comercializados 
em todo o leste do Mediterrâneo, e foram muito importantes para dar origem ao 
patrimônio cultural da Grécia Clássica.
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
62
2.1 MINOICOS
O nome desta civilização parece ter derivado do Rei Minos, de acordo com 
lendas criadas pelos gregos posteriormente. Nessas lendas os gregos descreviam 
o Rei Minos, seu palácio, o labirinto de Cnossos e o Minotauro (metade homem, 
metade touro) que lá vivia. 
Pela importância, grandiosidade e características comuns, consideram-se 
três os grandes palácios minoicos no apogeu dessa sociedade, todos na Ilha de 
Creta: Festos, Archanes e Cnossos, este último o mais grandioso e conhecido de 
todos, por isso escolhido para ser apresentado a seguir neste livro de estudos.
Cnossos, ou Knossos, contava com uma série de construções independentes 
e um grande pátio retangular central, que foram parcialmente destruídos por um 
terremoto em torno de 1700 a.C., para posteriormente serem reconstruídos em uma só 
construção, unificando múltiplos pavimentos (FAZIO, 2011). O arquiteto responsável 
pelo palácio de Cnossos chamava-se Dédalo, e por conta disso se utiliza o termo 
‘arquitetura dedalina’ para referir-se à unidade arquitetônica dos palácios minoicos. 
O complexo ficava sobre uma colina, voltando-se para o porto. Os 1.400 
cômodos de Cnossos se estendiam por mais de 20.000 m2. Continham a sala do trono, 
capelas, amplos apartamentos para os sacerdotes, pequenos apartamentos para os 
demais moradores, salas para os arquivos, ateliês para produção de manufaturas 
(tecido e cerâmica), depósitos e muitos corredores. Era equipado com água encanada 
boa para o consumo humano, sistema de ventilação e iluminação através dos poços 
de luz e um sistema de esgoto bastante complexo e eficiente para a época. 
Os vários andares do palácio se organizavam em múltiplos níveis, 
estabelecendo uma continuidade não linear, e pediam um número abundante de 
colunas. Esta característica evidencia que não havia por parte dos minoicos uma 
grande preocupação com unidade e simetria, já que as construções eram erigidas 
para se adaptarem à topografia, por justaposição.
FIGURA 38 – RECONSTITUIÇÃO ARTÍSTICA DO PALÁCIO DE CNOSSOS SEGUNDO 
ARTHUR EVANS
FONTE: Disponível em: <http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/minotauro-o-mito-
e-suas-multiplas-leituras/>. Acesso em: 23 set. 2017.
TÓPICO 1 | OS PRECURSORES DOS GREGOS
63
Por volta de 1450 a.C., Cnossos e outros palácios minoicos foram destruídos, 
mas apenas o primeiro foi reconstruído. A destruição final do sítio – por causa de 
um incêndio – aconteceu em 1380 a.C., aproximadamente (FAZIO, 2011).
Sir Arthur Evans, arqueólogo da Universidade de Oxford e o mais 
importante nome da arqueologia cretense, iniciou as escavações no local em 
1900 d.C. A investigação arqueológica em Cnossos continua até a atualidade, e 
a cidade, associada ao palácio, permanece soterrada. Também há, ainda, uma 
língua escrita não decifrada creditada aos minoicos, chamada Linear A. 
Apesar de existirem muitas incertezas em relação a este povo e sua cultura, 
através da observação de suas ruínas é possível chegar a algumas conclusões. 
Os afrescos nas paredes internas do palácio, por exemplo, sugerem que além 
de acolher o soberano, o local servia à prática religiosa, pois neles eram representadas 
sacerdotisas e celebrantes. Aparentemente, os primeiros habitantes da Ilha de Creta 
cultuavam deuses associados à natureza, como animais, árvores e flores.
FIGURA 39 – PLANTA BAIXA, CNOSSOS, CRETA, CERCA DE 1700-1380 a.C.
Portal oeste
Corredor processional
Depósitos
Grande escadaria construída
por Sir Arthur Evans
Planta baixa do pavimento térreo
Mégaron da Rainha
Salão dos
Machados
Duplos
Banheira
Área do teatro
Escada que levava
à fonte lustral
Sala do
trono
23
24
Fonte lustral
Pátio central
Entrada norte
Planta baixa do segundo pavimento
(em grande parte pressuposta e
com reconstrução aleatória)
22
p.
34
FONTE: Fazio (2011, p. 55)
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
64
FIGURA 40 – SALA DO TRONO, CNOSSOS, CRETA, CERCA DE 1700-1380 a.C.
FONTE: Fazio (2011, p. 56)
NOTA
Afresco – é uma pintura feita sobre uma parede, com base de gesso ou 
argamassa. Assume, frequentemente, a forma de mural. A palavra afresco é utilizada, por 
vezes, para designar a pintura mural de um modo geral.
A arte observada nos afrescos do Palácio de Cnossos é naturalista, 
informal e alegre, contrastando com a rigidez e a formalidade da arte egípcia. Sua 
cultura parece diferir muito de outras civilizações contemporâneas, contudo, há 
muito que ainda não foi compreendido com clareza. Não se sabe, por exemplo, o 
significado do machado duplo, muito presente na arte minoica.
O pesquisador Arthur Evans também foi responsável pela reconstrução da 
coluna minoica típica, com base em impressões das bases e dos pontos onde os capitéis 
tocavam na pedra. Ele as reconstruiu em concreto no próprio sítio arqueológico. Elas 
tinham um corpo com base de diâmetro menor do que sua porção superior. Arthur 
também reconstruiu os principais salões cerimoniais e vários poços de luz. 
Diferentemente dos templos egípcios, a circulação não ocorria ao longo de 
um eixo que interligava todos os recintos. Em vez disso, os acessos funcionavam 
através de corredores decorados de afrescoscom temas religiosos, que conduziam, 
através de algumas mudanças de direção, ao interior do palácio.
TÓPICO 1 | OS PRECURSORES DOS GREGOS
65
NOTA
Capitel – É a extremidade superior de uma coluna, de um pilar ou de uma pilastra, 
cuja função é transmitir os esforços para o fuste, que é parte da coluna entre a base e o capitel.
Cnossos e os demais palácios minoicos têm algumas características em 
comum que os tornam inconfundíveis. A área do teatro nos palácios minoicos, por 
exemplo, é normalmente composta simplesmente de um pátio, local de chegada e 
evolução das procissões, e uma escadaria de mesma largura, onde provavelmente 
o Rei Minos, nas suas funções sacerdotais, aguardava os fiéis.
Em alguns pontos do palácio foram descobertas fontes rasas (apenas 55 cm de 
profundidade) e acredita-se que utilizadas em rituais de iniciação. Foram encontradas 
também fileiras de depósitos subterrâneos em local escavado na própria colina.
FIGURA 41 – ESCADARIA COM POÇO DE LUZ RECONSTRUÍDA, CNOSSOS, 
CRETA, CERCA DE 1700-1380 a.C.
FONTE: Fazio (2011, p. 56)
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
66
Enquanto os cultos populares aconteciam no pátio interno, nas capelas 
localizadas no interior do palácio ocorriam os cultos sacerdotais dirigidos à 
deusa Mãe, a mais importante dentre os deuses por eles cultuados. As capelas 
eram distribuídas por toda a área do complexo palaciano.
Outra característica comum aos palácios minoicos era o fato de serem 
construídos sem muros, pois eram sempre erigidos em uma encosta de colina, 
provavelmente por ser uma sociedade pacífica. Os muros que se podem ver 
até hoje são apenas os muros de arrimo, visto que a construção era feita em 
uma encosta.
Por fim, pouco se sabe sobre o fim da civilização minoica. Além de até 
então não ter sido decifrada sua língua (Linear A), ainda se debate sobre como 
esse povo desapareceu. Enquanto alguns pesquisadores alegam que estes foram 
conquistados, outros afirmam que foram absorvidos pacificamente. 
2.2 MICÊNICOS
Micenas foi uma das cidades, aparentemente a maior, de uma sociedade 
mercantil governada por reis guerreiros e situada na Grécia continental a partir 
de aproximadamente 1600 a.C. 
Micenas alcançou seu ápice depois de 1450 a.C., talvez influenciada pelo 
contato com os minoicos, que eram, em tese, mais sofisticados (FAZIO, 2011).
Um pesquisador chamado Heinrich Schliemann foi responsável por 
escavar Micenas no século XIX e encontrou objetos de ouro, como máscaras, taças 
e outros tesouros em túmulos desse período.
Ao contrário do Palácio de Cnossos, que não era fortificado, a cidadela 
de Micenas era organizada com base em suas defesas. Fica em um terreno alto, 
protegida por montanhas ao sul e ao norte, e é ladeada por dois desfiladeiros que 
permitiam vigiar uma extensa área até a costa. Essa posição estratégica permitia 
controlar as principais rotas de transporte da região.
Além disso, por volta de 1300 a.C., foram erigidas muralhas de 5,5 a 7,3 
metros de espessura e que chegam a 12,2 metros de altura, construídas com 
grandes pedras assentadas sem argamassa.
O Portal dos Leões era a principal entrada da cidadela, e foi alocado para 
que o visitante fosse obrigado a caminhar por uma passagem cada vez mais 
estreita ao longo da muralha, dando mais uma chance aos defensores de dentro 
da cidade de atacar possíveis invasores. 
TÓPICO 1 | OS PRECURSORES DOS GREGOS
67
O portal é considerado uma obra de arte desse povo, e possui um pórtico 
formado por uma pedra triangular na qual foram esculpidos os dois leões com 
as patas dianteiras sobre um altar, no qual há uma coluna de veneração à árvore. 
As cabeças desapareceram, pois foram esculpidas e adicionadas à parte (os furos 
onde estavam fixadas ainda são visíveis).
NOTA
Cidadela: é o nome que se dá a qualquer tipo de fortaleza ou fortificação 
construída em ponto estratégico de uma cidade, visando sua proteção.
FIGURA 42 – PLANTA BAIXA DA CIDADELA DE MICENAS, CERCA DE 1600-1250 a.C.
FONTE: Fazio (2011, p. 58)
Entrada do
palácio Pátio interno
Portal dos Leões
Círculo dos túmulos
Habitações
Posterna
Escada até a cisterna
Posterna
Portal norte
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
68
FIGURA 43 – DETALHE DO PORTAL DOS LEÕES, MICENAS, CERCA DE 1300 A.C.
FONTE: Imagem disponível em <http://www.spiritusmundi.com.br/micenas/>. Acesso: 26 Jan. 2018.
Os túmulos encontrados por Schliemann, cheios de tesouros, ficavam 
originalmente fora das muralhas da cidadela, mas esta sofreu uma ampliação e 
eles foram então incorporados à área murada. 
O palácio encontrado pelo estudioso não passa de ruínas, mas as fundações 
remanescentes sugerem que estava localizado no ponto mais alto da colina e que 
tinha bastante influência dos minoicos em sua organização e tipos de cômodos.
O maior cômodo do palácio, chamado de Grande Sala ou de Mégaron, 
era formado por um quadrado de aproximadamente 12 metros de lado. Quatro 
colunas sustentavam a cobertura, cujas bases permanecem visíveis, bem como 
uma lareira central. De caráter religioso, o recinto possibilitava a conexão com 
os ancestrais. Esse modelo, de um cômodo maior (mégaron) rodeado por salas 
menores, repetia-se em outras construções micênicas.
TÓPICO 1 | OS PRECURSORES DOS GREGOS
69
FIGURA 44 – PLANTAS BAIXAS DOS MÉGARONS DE MICENAS 
Prodomos
Dreno
Pátio
Cozinha
Corredor
Depósitos
no lado
oeste
O "Mégaron" da Casa
Oeste, Micenas
Primeira das
Casas Panagia, Micenas
O Mégaron do Palácio, Micenas
Terraço
Escada
Domos
FONTE: Fazio (2011, p. 61)
A cidadela de Micenas era cercada por assentamentos menores, onde 
provavelmente viviam clãs que desejavam manter-se próximos aos túmulos de 
seus antepassados. 
As ruínas escavadas de moradias fora da área da cidadela mostram que 
eram bem próximas umas das outras. Uma delas, a Casa Oeste, está em melhor 
estado de preservação, e mostra que a entrada se dava por um pátio central, 
possivelmente a céu aberto, do qual sai uma sequência de três cômodos – o 
pórtico, o vestíbulo e o domos –, que são os maiores espaços da habitação. Um 
corredor leva a um conjunto de cômodos menores (depósitos) e a um terraço. Ao 
final do corredor há uma escada, que levava a um pavimento superior cujo uso 
não pode ser determinado. 
Os arqueólogos concluíram que essas moradias pertenciam a pessoas de 
poder aquisitivo, talvez envolvidas na produção de óleos aromáticos, pelos quais 
Micenas era conhecida. 
Nove túmulos circulares foram encontrados ao redor da cidade. O maior e 
melhor preservado é o tholos, conhecido como Tesouro de Atreu (de cerca de 1330 
a.C.). Esta é uma câmara de alvenaria de pedra em forma de abóbada pontiaguda 
com 13,4 metros de altura e 33 fiadas de pedras, com planta baixa circular com 
14,6 metros de diâmetro. 
Toda a alvenaria de pedra (exceto o caminho de entrada) foi coberta por 
um monte de terra cujo peso aumenta a estabilidade. Há também resquícios de 
que seu interior tenha sido decorado com placas de bronze. A função da câmara 
lateral é desconhecida.
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
70
FIGURA 45 – PLANTA BAIXA E CORTES DO TESOURO DE ATREU, MICENAS, CERCA 
DE 1330 a.C. 
FONTE: Fazio (2011, p. 59)
O declínio dos micênicos foi um processo lento, ocasionado por 
invasões seguidas de séculos de declínio cultural, durante os quais as tribos 
invasoras se estabeleceram, dominaram a linguagem escrita e internalizaram 
várias características da cultura e da mitologia micênicas, que posteriormente 
contribuiriam para o brilhantismo da Grécia Clássica, assunto melhor debatido 
no próximo tópico deste livro.
71
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Referimo-nos aos primeiros habitantes do território onde hoje está a Grécia 
como ‘culturas egeias’, em razão de terem sido navegadores e exploradores das 
riquezas do Mar Egeu e suas múltiplas ilhas.
• Duas civilizações egeias foram reconhecidas por historiadores: a dos minoicos, 
em Creta, e a dos micênicos, em diferenteslocais da Grécia continental. Ambas 
foram importantes para dar origem ao patrimônio cultural da Grécia Clássica.
• Cnossos é o maior e o mais famoso sítio arqueológico escavado dentre as ruínas 
da civilização minoica.
• Sir Arthur Evans iniciou as escavações em Cnossos por volta de 1900 d.C., e estas 
continuam até a atualidade, havendo ainda muito por descobrir.
• Micenas foi uma das cidades, aparentemente a maior, de uma sociedade 
mercantil governada por reis guerreiros e situada na Grécia continental a partir 
de aproximadamente 1600 a.C.
• O Mégaron era um recinto sagrado, em que, dentro do círculo central, disposto 
entre as quatro colunas, existia o “fogo sagrado”, de caráter religioso, que 
possibilitava a conexão dos micênicos com seus antepassados.
• Ao contrário do Palácio de Cnossos, que não era fortificado, a cidadela de Micenas 
era organizada com base em suas defesas, sendo rodeada por montanhas, 
desfiladeiros e também muralhas construídas pelos seus habitantes.
72
AUTOATIVIDADE
1 Duas civilizações precederam a Grécia Clássica: minoica e a micênica. Os 
cretenses, ou minoicos, não eram gregos, nem falavam o idioma grego, mas 
tiveram uma influência significativa e duradoura sobre esse continente. 
Sobre a civilização, analise as alternativas a seguir classificando-as como 
verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) A civilização minoica renasceu a partir da chamada Idade das Trevas, 
uma era entre a extinta civilização micênica e o apogeu dos cretenses. 
( ) O centro das civilizações minoicas era formado por palácios maravilhosos, 
ricamente construídos, o que era um forte indício da riqueza e poder de 
seus reis. 
( ) A civilização minoica investiu no desenvolvimento do pensamento ético-
religioso a partir de uma religião monoteísta.
( ) O Palácio de Cnossos, maior sítio arqueológico dessa civilização, foi 
encontrado em ótimo estado de conservação e pode ser visitado na 
atualidade para apreciação de suas colunas, poços de luz e escadarias 
monumentais.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
( ) V – F – F – F.
( ) V – V – F – F.
( ) F – V – F – F.
( ) F – V – V – V.
73
TÓPICO 2
O LEGADO DA GRÉCIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
É comum referirmo-nos à Grécia como o berço da civilização ocidental. 
Este não é um termo exagerado, considerando tudo o que os gregos realizaram e 
a dimensão de sua influência. Além de Atenas ser a base da ideia de democracia, a 
civilização grega desenvolveu o esporte, a educação, a matemática, a astronomia, 
a filosofia e vários outros elementos presentes na nossa sociedade. 
Além disso, o ideal de beleza estabelecido pelos gregos em suas obras 
artísticas e arquitetônicas, bem como a sua dedicação imensa a obras científicas e 
filosóficas, consistem em um marco cultural sem precedentes, ainda que milhares 
de anos tenham se passado desde suas realizações. 
É, portanto, por todos os motivos citados anteriormente, um assunto de 
extrema importância aos acadêmicos de Arquitetura. Ao finalizarem seus estudos 
a respeito da Grécia, certamente ficará evidente que a harmonia e o equilíbrio da 
arquitetura e das cidades gregas são valores ainda hoje perseguidos pelos arquitetos.
2 CONTEXTO HISTÓRICO
A partir de aproximadamente 1200 a.C., os dórios conquistaram o 
Peloponeso, as ilhas do Mar Egeu e parte da Ásia Menor (atual Turquia), 
absorvendo aspectos da cultura cretense e micênica (GYMPEL, 2001). 
Estabelecidos no território, começaram a sentir a necessidade de expandir 
as suas terras com finalidade agrícola. Além disso, procuravam minérios e novas 
parcerias comerciais, o que desencadeou um programa de colonização que ajudou 
a estabelecer novos povoados na Sicília e no norte da África. 
A partir de então, a história da Grécia e de sua arquitetura pode ser dividida 
em três períodos principais, que ajudam a demarcar os principais acontecimentos. 
São eles: Período Arcaico, que ocorreu aproximadamente entre 800 a 479 a.C.; 
Período Clássico, entre 479 e 338 a.C.; e Período Helenístico, entre 338 e 146 a.C. 
A partir de 800 a.C. começou a formar-se uma identidade nacional em 
toda a Grécia, com cultos, mitos e jogos em comum. Além disso, a arquitetura e as 
artes tornaram-se homogêneas pelo território. Este é o período que denominamos 
de Grécia Arcaica.
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
74
As cidades-estado gregas que se estabeleceram por todo o Mediterrâneo 
eram chamadas de polis. Os cidadãos da polis (dos quais não faziam parte 
as mulheres, as crianças e os escravos) podiam observar e influenciar os 
acontecimentos da cidade, através de assembleias públicas.
Ainda durante o Período Arcaico, o Império Persa floresceu na 
Mesopotâmia, ao comando de Dário e Xerxes, que atacaram cidades gregas tanto 
na península quanto ao redor do Mediterrâneo. As cidades da Ásia Menor já 
estavam sob o controle dos persas desde aproximadamente 600 a.C. 
O exército de Dário tentou invadir o continente grego em 490 a.C., mas 
foi derrotado por legiões combinadas entre cidades-estado gregas na Batalha de 
Maratona (FAZIO, 2011). 
Em 480 a.C. os persas atacaram novamente e destruíram toda a região 
ao redor da cidade de Atenas. Após isso, a marinha grega derrotou os persas 
perto de Salamina, e em 479 a.C. os persas foram também derrotados em terra, 
encerrando de uma vez por todas essa guerra.
O período Clássico foi o período pacífico que se iniciou a seguir. Nele, Atenas 
emergiu como a principal cidade do continente, unindo-se a outras cidades para formar 
a Liga Délia. Nessa época, grande quantidade de dinheiro foi gasta na reconstrução da 
acrópole ateniense, que era como um santuário militar, político e religioso.
A Grécia Clássica presenciou a glória da arquitetura grega, 
principalmente na cidade de Atenas e sua acrópole, como veremos ao longo 
de todo este tópico.
O período clássico chegou ao fim com a Guerra do Peloponeso (431 – 404 
a.C.), quando a Grécia entrou em crise econômica profunda. Partindo do norte da 
Grécia, Filipe II, um dos reis da Macedônia, conquista o país. 
No período helenístico, o filho de Filippe II, Alexandre, ampliou a difusão 
da cultura e do território grego ainda mais, criando um império que se estendia 
até as fronteiras da Índia. A estabilidade econômica que se seguiu deu nova força 
à difusão da arte e arquitetura gregas.
3 MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS E CULTURAIS
A sociedade grega, em seu ápice, por volta do século V a.C., começou 
a produzir arquitetos, matemáticos, filósofos, artistas e dramaturgos do mais 
alto nível. 
TÓPICO 2 | O LEGADO DA GRÉCIA
75
Um dos matemáticos mais proeminentes da Grécia antiga, Pitágoras, era 
também filósofo e teve ideias que influenciaram nomes como Platão e Aristóteles. 
Pitágoras acreditava que as razões numéricas são a base da ordem do mundo 
físico, conceito que aplicou à escala musical e que posteriormente se manifestou 
nas proporções harmônicas da arquitetura e arte gregas.
Outro matemático importante, também físico, engenheiro, inventor e 
astrônomo, foi Arquimedes, que deu valiosas contribuições para a Física. No 
campo da Astronomia, Eudoxo de Cnido foi o primeiro a usar a Geometria para 
descrever o movimento dos astros. 
Os gregos muito se interessavam por esportes e pelo pleno desenvolvimento 
do corpo. Criaram as Olimpíadas, que iniciaram em 776 a.C., realizada a cada 
quatro anos em honra a Zeus.
 
Além de considerarem os esportes importantes para a saúde individual, 
eles eram também um modo de entretenimento. Os Agones, que eram as festas 
públicas em honra a alguma divindade ou herói, tinham no atletismo suas 
principais atrações, assim como nas corridas de carruagens. 
Em relação às artes, a Grécia antiga deixou como legado um conjunto de 
obras que inclui cerâmica, pintura e escultura, muitas realizadas com um nível de 
técnica e realismo nunca antes visto. 
No princípio, as manifestações artísticas gregas sofreram influência da 
arte egípcia, com seus deuses e faraós em postura rígida e estilizados. Com o 
tempo,os artistas gregos passaram a representar as figuras humanas ou não 
humanas o mais próximo possível da realidade.
As divindades ganharam a aparência de mortais, e estão presentes em 
quase todas as obras. O conceito de beleza estabelecido nesse período ainda 
exerce influência e tem se mantido por mais de 25 séculos. O belo se baseava 
em um ideal de perfeição, onde razões matemáticas e arte se fundiam em 
simetria e equilíbrio.
O artista grego necessitava respeitar uma série de princípios ou regras 
chamadas “cânone”, que estabeleciam as proporções ideais de um ser humano.
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
76
FIGURA 46 – DISCÓBOLO DE MÍRON. CÓPIA ROMANA EM 
MÁRMORE, 150 a.C. 
 FONTE: Disponível em: <https://fi neartamerica.com/featured/discobolo-
lancellotti-ca-460-450-everett.html>. Acesso em: 25 set. 2017.
NOTA
Cânone é o título de um tratado sobre as proporções do corpo humano escrito 
pelo escultor grego Policleto, por volta do século V a.C. Também foi o nome dado por ele a 
uma estátua que criou para ilustrar suas teorias.
A fi losofi a, um legado tipicamente grego, nasceu em Atenas no século V 
a.C., como uma tentativa de compreender o mundo e dar-lhe um sentido através 
da razão e do conhecimento científi co, rompendo pela primeira vez com a crença 
de que o mundo humano era regido pelas vontades dos deuses.
Esse momento só aconteceu porque os gregos se sentiam livres para 
investigar, pensar e questionar de modo racional sobre a origem e o funcionamento 
do mundo. 
Sócrates foi mestre de Platão e este, de Aristóteles. Eles são considerados 
os três principais fi lósofos gregos e também seus pioneiros. Aristóteles é 
considerado também o precursor da Biologia, pois foi o primeiro pensador a 
examinar as plantas e os animais. 
TÓPICO 2 | O LEGADO DA GRÉCIA
77
Além de todas as façanhas descritas até aqui, vários outros nomes se 
associam a descobertas importantes que foram feitas pela civilização grega em 
seus tempos áureos. Eles também realizaram obras de literatura e música bastante 
relevantes até a atualidade, bem como descobertas no campo da Medicina que 
representariam um grande avanço, elevando esta área de conhecimento à ciência 
e eliminando sua ligação com religião e magia.
4 ARQUITETURA GREGA
O templo é o gênero de construção mais importante quando se fala de 
arquitetura grega. Este era entendido como a morada de um deus, representado 
em uma estátua em seu interior. 
É evidente na arquitetura dos templos gregos a influência micênica. 
A coluna dórica, por exemplo, particularmente o seu capitel, parece ter sido 
inspirado no Palácio de Micenas (GYMPEL, 2001). 
Outra tipologia de arquitetura grega que serve de inspiração ainda hoje em 
dia é o teatro. Este foi utilizado também como local de celebração de cerimônias 
pelos gregos, e tinha acústica perfeita.
O estádio também é um importante tipo de edificação grega. O público 
sentava-se ao longo da pista, em fileiras de assentos de pedra, e é interessante 
observar que o acesso ao estádio se dava por túneis que passavam por baixo dos 
assentos, exatamente como nos estádios esportivos da atualidade, mais de dois 
mil anos depois.
4.1 AS ORDENS CLÁSSICAS 
A difusão de um estilo grego homogêneo de construir, por todo 
o território mediterrâneo, foi resultado de um método que seguia regras 
matemáticas rígidas, e que tinha uma linguagem de combinação de elementos 
pertencentes às ordens arquitetônicas. 
As ordens clássicas definiam os tipos e estilos das colunas e as formas de 
estrutura e decoração que teriam as edificações. Elas são chamadas de ordens 
dórica, jônica e coríntia, e se desenvolveram sucessivamente. Cada uma delas 
originou-se em partes diferentes da Grécia.
As colunas gregas, independentemente da ordem, foram um 
desenvolvimento das colunas egípcias, que simbolizavam feixes de junco 
amarrados (GLANCEY, 2001). Os capitéis representavam formas da natureza, 
como chifres ou folhas. 
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
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A linguagem arquitetônica desenvolvida pelos gregos, além de colunas, 
envolve um tratamento estilizado para os elementos apoiados, aos quais 
chamamos de entablamento.
As ordens davam aos templos e outros edifícios de uso cívico da Grécia 
(e posteriormente, de Roma) características bem diferentes. A ordem dórica é a 
mais antiga e sólida. A coluna não tem base, possui um corpo canelado e um 
capitel simples. Seu entablamento consiste de uma arquitrave simples, além de 
elementos decorativos alternados no friso, que é coroado com uma cornija.
A ordem jônica é um desenvolvimento da primeira. Possui uma base e 
um capitel com volutas, em referência a chifres de carneiro ou pergaminhos. Seu 
entablamento também é composto de arquitrave e friso. Uma cornija também 
coroa esta ordem.
A ordem coríntia possui plinto e é uma variação da jônica, surgindo 
apenas no Período Helenístico. Esta ordem possui um capitel ornamentado mais 
complexo e mais delicado, com folhas de acanto. 
Além dos elementos de composição das ordens arquitetônicas, também 
existiam convenções gerais que regulavam as proporções das partes, a altura total 
e o intercolúnio (distância entre colunas), que os antigos gregos ajustavam de 
acordo com a necessidade (FAZIO, 2011).
FIGURA 47 – ORDENS CLÁSSICAS GREGAS E SEUS ELEMENTOS
FONTE: Disponível em: <http://www.estilosarquitetonicos.com.br/arquitetura-
classica/>. Acesso em: 23 set. 2017.
Cornija
Entablamento
Arquitrave
Plinto
Fuste
Base
Capitel
Friso
DÓRICA JÔNICA CORÍNTIA
TÓPICO 2 | O LEGADO DA GRÉCIA
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4.2 ARQUITETURA DA GRÉCIA ARCAICA
Durante o período arcaico surgiu uma das maiores contribuições que os 
arquitetos e construtores gregos deram para a história da arquitetura: o templo. 
A planta baixa era simétrica e consistia de uma câmara traseira, ou opistódomo, 
seguida por um naos (cela) e, na sequência, um pórtico frontal (pronaos). 
Os primeiros templos eram feitos de adobe, e a cobertura, de sapé, mas 
no século VIII a.C. o pequeno Templo de Ártemis, em Éfeso, foi construído com 
colunas de madeira que cercavam toda a câmara (colunas perípteras) onde se 
encontrava a estátua da divindade (FAZIO, 2011). 
Em cerca de 600 a.C., um templo em Olímpia dá continuidade a essa ideia, 
mas em escala maior. No Templo de Hera de Olímpia as colunas ainda foram 
construídas em madeira, mas posteriormente substituídas por pedra. As telhas 
eram então de argila cozida. 
FIGURA 48 – PLANTA BAIXA DO TEMPLO DE HERA, OLÍMPIA, CERCA DE 600-590 a.C.
Colunas in antis
Estilobata (ou plataforma)
Colunas perípteras
Pronaos
Anta
Cela
ou
naos
Opistódomo
FONTE: Fazio (2011, p. 63)
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
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Alguns autores creditam a transição da madeira para a pedra ao contato com 
os egípcios. Na arquitetura grega, os fustes das colunas de pedra apresentam caneluras 
semelhantes às encontradas no templo mortuário da Rainha-Faraó Hatshepsut.
Ainda que as paredes e as colunas tenham passado a ser feitas de pedra, 
vigas de madeira continuaram a ser utilizadas para estruturar a cobertura, mas 
estas se deterioraram e não chegaram ao nosso tempo.
Os templos dóricos primitivos eram construídos com os materiais 
disponíveis no local, frequentemente o calcário. Isso impunha limitações 
estruturais ao tamanho dos vãos vencidos e ao diâmetro das colunas necessárias 
para suportar a cobertura de telhas de barro. 
Os templos jônicos, por sua vez, eram construídos em mármore, uma 
pedra superior em termos de resistência à compressão e, portanto, tinham colunas 
mais esbeltas. 
Um outro templo construído para homenagear Hera, mas desta vez 
construído em Paestum, no sul da Itália, é talvez o mais importante remanescente 
da arquitetura grega arcaica. 
Foi construído por volta de 550 a.C. e possui pesadas colunas dóricas. O 
intercolúnio é pequeno, mostrando a limitação da pedra para o vencimento de 
vãos (FAZIO, 2011).
No interior do templo, o vão central exigiu suporte extra, portanto uma 
linhade colunas passa pelo meio da cela. Isso explica as nove colunas que formam 
a lateral menor deste templo, um dos raros templos gregos com um número ímpar 
de colunas na fachada da entrada. 
FIGURA 49 – TEMPLO DE HERA EM PAESTUM, CERCA DE 550 a.C.
FONTE: Fazio (2011, p. 65)
TÓPICO 2 | O LEGADO DA GRÉCIA
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4.3 ARQUITETURA DA GRÉCIA CLÁSSICA
O Partenon, de 436 a.C., não é apenas a obra mais famosa da Grécia, 
mas talvez seja o mais influente edifício de todos os tempos (GLANCEY, 2001). 
Considerado por muitos como tendo beleza atemporal, é um templo dórico, 
dedicado a Atenas (deusa protetora da cidade) e é considerado por muitos 
especialistas como o ápice da arquitetura grega. 
Atualmente em ruínas, sobreviveu em bom estado graças ao material do 
qual foi feito, o mármore. O teto era de madeira e por isso se deteriorou, mas os 
pilares e a cela ainda estão em pé.
FIGURA 50 – PARTENON NA ACRÓPOLIS, ATENAS, 436 a.C.
FONTE: Disponível em: <https://bucks.instructure.com/courses/200544/files/ 
2586299?module_item_id=1474344>. Acesso em: 23 set. 2017. 
O Partenon é períptero, formado por oito colunas de largura por 17 de 
profundidade. Esta é uma diferença desse templo para os demais templos dóricos, 
já que o usual seriam seis colunas. A cela está dividida em duas câmaras, sendo 
que a maior delas abrigava a estátua de Atenas.
Como toda arquitetura grega, o exterior do edifício era mais importante 
que o interior. O clima propiciava muito tempo passado ao ar livre, portanto 
a colunata (corredores externos de colunas que cercam todos os lados de um 
templo grego) era muito importante. 
Ao contrário do que é possível pensar ao observarem-se ruínas atualmente, 
grande parte dos templos gregos no seu tempo, inclusive o Partenon, eram 
coloridos em tons de vermelho, azul e dourado.
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
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Para garantir que o templo tivesse linhas retas perfeitas, os arquitetos 
Ictinos e Calícrates usaram uma técnica conhecida como êntase para deformar 
levemente as colunas e arquitraves nas fachadas e laterais do edifício. A distorção 
leve faz o olho enxergar linhas retas, quando, de outro modo, elas pareceriam 
curvas. É uma técnica brilhante que mostra o raciocínio matemático dos arquitetos 
e também a grande habilidade dos construtores, que deveriam executar as peças 
e a montagem com exatidão.
FIGURA 51 – PLANTA BAIXA DO PARTENON, ATENAS, 447-438 a.C.
FONTE: Disponível em: <http://verdadyverdades.blogspot.com.br/2010/09/ 
planta-del-partenon.html>. Acesso em: 23 set. 2017.
Esculturas adornavam o Partenon por dentro e por fora. Os dois frontões 
continham estátuas representando, no Leste, o nascimento de Atena testemunhado 
pelos deuses e, no Oeste, a batalha entre Atena e Poseidon pelo controle da cidade 
de Atenas.
Para os gregos, o Partenon era não apenas a representação de um ideal de 
beleza, mas também um símbolo de todos os valores essenciais que os mantinham 
unidos como civilização. O legado desta edificação foi grande, sendo que inúmeras 
representações exatas deste templo foram construídas em diferentes partes do 
mundo, influenciando arquitetos de diferentes nacionalidades.
NOTA
Frontão: é um conjunto arquitetônico de forma triangular que decora 
normalmente o topo da fachada principal de um edifício, sendo composto de duas partes 
principais: a cimalha (base) e as duas empenas (que fecham o triângulo).
TÓPICO 2 | O LEGADO DA GRÉCIA
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FIGURA 52 – ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO DA FACHADA DE TEMPLO GREGO 
CLÁSSICO
FONTE: Disponível em: <http://desenho-classico.blogspot.com.br/2016/05/o-templo-
grego.html>. Acesso em: 23 set. 2017.
4.4 A ARQUITETURA DA GRÉCIA HELENÍSTICA
O termo “helenístico” refere-se à arte e à arquitetura relacionadas ao 
extenso império de Alexandre e seus sucessores. Aparentemente, Alexandre tinha 
grande paixão pela herança grega, e trabalhou duramente em difundi-la em todo 
o território de seu domínio.
A arquitetura deste período se afastou das tradições sóbrias que prevaleceram 
na região ao redor de Atenas e foi marcada pela preferência aos efeitos exagerados 
e às escadarias pomposas. Um dos motivos para isto ocorrer foi o bem-estar gerado 
pela estabilidade financeira do reinado de Alexandre, o Grande. 
As interpretações das ordens arquitetônicas se tornaram mais livres e 
exuberantes, como alguns exemplares encontrados ao longo da costa oeste da 
Ásia Menor. A ordem dórica foi substituída pela ordem jônica, mais ornamentada. 
Surgiu, neste período, a ordem coríntia, tendo seu primeiro uso conhecido 
no Templo de Apolo Epicuro, em Bassae, por volta de 450 a 425 a.C. (FAZIO, 
2011). Projetado por Ictinos, na verdade apresenta as três ordens arquitetônicas: a 
dórica na colunata mais externa, a jônica nas fileiras laterais da cela, e a coríntia, 
na única coluna que fica na extremidade da cela. Uma estátua de Apolo estava 
alocada ao lado dessa coluna.
O Templo de Apolo Epicuro se destaca pela orientação incomum: está 
voltado para o Norte, e não para o Leste, como seria costumeiro. Outra inovação 
está na porta lateral, possivelmente para permitir que o Sol iluminasse a estátua 
de Apolo no interior do templo. 
Frontão
Entablamento
Pódio
Coluna
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
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Apesar de apresentar certas diferenças, o templo tem ainda várias 
similaridades com o que estava sendo construído na Acrópole ateniense. O edifício 
pode ser entendido como um misto de referências históricas a um projeto inovador.
FIGURA 53 – PLANTA BAIXA DO TEMPLO DE APOLO, BASSAE, 450-425 a.C.
FONTE: Disponível em: <http://www.auladehistoria.org/2016/02/templo-de-apolo-en-bassae-
comentario.html>. Acesso em: 24 set. 2017.
A ligação de elementos, como colunas e paredes, que antes se encontravam 
rigorosamente separados, tornou-se comum nas fachadas helenísticas. Se antes as 
fachadas eram homogêneas, e nenhuma se impunha em relação às outras, agora 
a arquitetura se tornava mais encenada e dramática.
Outra edificação inovadora e que teve a ordem coríntia amplamente 
utilizada em sua construção foi o tholos do Santuário de Asclépio, em Epidauro, 
de cerca de 360-330 a.C. (FAZIO, 2011). 
Esta é uma edificação circular, de aproximadamente 22 metros de 
diâmetro, hoje em dia em ruínas. O Santuário era em homenagem ao deus 
Asclépio, filho de Apolo, e tinha o propósito de ser um lugar de cura. O tholos 
era uma das construções na área, que também continha estádio, ginásios, teatro, 
altares, fontes, banheiras, templos e acomodações para os pacientes.
Apresentava uma colunata externa formada por 26 colunas dóricas, mais 
14 colunas coríntias na colunata circular interna. O piso tinha um desenho preto e 
branco e o teto possuía caixotões ornamentados com motivos florais. 
Não se sabe ao certo qual era a função do tholos, mas há especulações de 
que seja uma espécie de monumento mortuário, fazendo referência à passagem 
para o mundo inferior, ao túmulo do Deus Asclépio.
TÓPICO 2 | O LEGADO DA GRÉCIA
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FIGURA 54 – PLANTA BAIXA (METADE INFERIOR) E PLANTA DE TETO PROJETADO (METADE 
SUPERIOR), THOLOS, EPIDAURO, CERCA DE 360–330 a.C. 
FONTE: Fazio (2011, p. 73)
Durante o período helenístico também foram construídos inúmeros 
teatros em muitas cidades da periferia. Estes, em geral, aproveitavam o declive 
de uma colina para oferecer suporte aos assentos concêntricos voltados para a 
orquestra, uma área plana circular para apresentações. Atrás da orquestra ficava 
um edifício de fundo chamado de skene. 
A área entre a orquestra e o skene era chamada de proscênio, e era uma 
plataforma elevada onde os atores declamavam. Para declamar as falas dos 
deuses, ficavam de pé sob a cobertura da edificação.
O Teatro de Epidauro está extremamente bem conservado, apenas o skene 
não existe mais. Não se sabe ao certo quem foi seu projetista, mas sabe-se que foi 
construído em dois estágios: no primeiro, foram construídos cinco mil assentos 
em 34 fileiras, datando de 350 a.C., e no segundo, foram acrescentadas 21fileiras 
superiores no século II a.C., chegando a um total de 14 mil lugares (FAZIO, 2011).
Os assentos mais próximos à orquestra tinham encostos e eram utilizados 
por autoridades, enquanto o resto do público se sentava em bancos contínuos 
sempre levemente elevados em relação à fileira da frente. Um sistema de corredores 
radiais e transversais organizava a circulação da entrada até os diferentes níveis.
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
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A acústica deste teatro é considerada perfeita, e permite que palavras 
pronunciadas em um tom de voz normal alcancem cada um dos 14 mil assentos.
FIGURA 55 – TEATRO EPIDAURO, 350, SÉCULO II a.C.
FONTE: Imagem disponível em < http://www.freemages.es/browse/photo-906-teatro-epidauro.
html>. Acesso: 31 Jan. 2018.
FIGURA 56 – PLANTA BAIXA DO TEATRO EPIDAURO, 350, SÉCULO II a.C.
FONTE: Fazio (2011, p. 75)
Pârod
o Pârodo
Rampa RampaProscênio
Skene
Orquestra
TÓPICO 2 | O LEGADO DA GRÉCIA
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5 CIDADES GREGAS
Ainda no princípio da civilização grega, quando as cidades-estado 
começaram a expandir suas terras e criar colônias em porções da Ásia Menor, da 
Itália e da África, estas já eram surpreendentemente ordenadas: normalmente em 
longas quadras retangulares reunidas ao redor dos templos e do mercado, além 
de uma muralha para proteger toda a área. 
As habitações eram humildes e normalmente sem atrativos, e situavam-se 
em becos tortuosos nas cidades mais velhas. A sociedade não vivia silenciosamente 
em casa. Os espaços abertos da cidade, o teatro e os templos eram movimentados 
noite e dia. 
O cidadão-modelo grego era saudável de mente e espírito, portanto, a 
polis deveria oferecer a ele uma série de oportunidades de exercitar tanto um, 
quanto outro. Por essa razão, eram tão importantes, nas cidades gregas, os 
espaços públicos e de uso cívico, normalmente ligados a áreas de lojas, escritórios, 
oficinas, refeitórios, salões de assembleias, estádios, ginásios e teatros.
As cidades gregas tinham uma população limitada, não só pela pobreza 
dos recursos, mas também por uma opção política. Quando crescia além de certo 
limite, organizava-se uma expedição para formar uma colônia em outro ponto do 
território. A população deveria ser suficientemente grande para formar um exército 
de guerra, mas não tanto que impedisse o funcionamento da assembleia, ou seja, 
que impedisse os cidadãos de conhecerem-se e escolherem seus magistrados. 
Atenas, nos tempos do governo de Péricles, tinha cerca de 40 mil 
habitantes, mas outras cidades gregas não ultrapassavam normalmente cerca de 
20 mil pessoas (BENEVOLO, 2007).
A polis representava, fisicamente, os valores de convivência civil grega. Era, 
por exemplo, um todo único, onde não existiam zonas fechadas e independentes. 
Poderia ser murada, mas não subdividida em recintos secundários. 
As casas eram todas do mesmo tipo, variando apenas em tamanho, mas 
não em tipologia. Eram distribuídas livremente pela cidade, ao invés de formar 
bairros residenciais específicos. 
O espaço da cidade grega pode ser explicado em três zonas: as áreas 
privadas (habitações), as áreas sagradas (templos) e as áreas públicas (comércio, 
assembleias, teatro etc.).
Existem duas palavras bastante importantes quando pensamos nos 
espaços citadinos públicos gregos, palavras que precisamos compreender e cujo 
significado é de extrema importância em qualquer discussão sobre história da 
arquitetura. São elas: acrópole e ágora.
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
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A acrópole é, por definição, um platô que se eleva abruptamente acima 
da planície onde fica a cidade. É o local mais alto das antigas cidades gregas, que 
servia de cidadela e onde, eventualmente, erguiam-se templos e palácios.
A ágora é um espaço público, uma praça principal das antigas cidades gregas, 
local em que se instalava o mercado e que muitas vezes servia para a realização das 
assembleias do povo; formando um recinto decorado com pórticos, estátuas etc.
Os edifícios mais importantes em uma cidade grega eram os templos, 
pelo que representavam. Apesar disso, não eram muito grandes. Destacavam-se 
mais pela qualidade e pela sua localização do que pelo tamanho. Eram sempre 
construídos em posição dominante (acrópole), afastados dos outros edifícios.
A cidade grega, como um todo, formava um organismo ligado ao ambiente 
natural de um modo delicado e minuciosamente 
5.1 ATENAS
Atenas é considerada ainda hoje a mais ilustre cidade grega. Está 
acomodada em uma planície central circundada por alguns montes, e é cortada 
por dois pequenos rios, o Cefiso e o Ilissos. A acrópole, 156 metros acima do mar, 
foi a sede dos primeiros habitantes da cidade. 
Posteriormente, a grande Atenas se formou quando a população foi 
obrigada, por Teseu (segundo uma lenda), a se concentrar em torno da acrópole. 
A nova aglomeração humana se formou, então, em uma depressão quase plana 
ao norte da acrópole, que se tornou território exclusivamente sagrado. 
Alguns importantes santuários, como os de Dionísio e de Zeus, foram 
construídos no declive sul da acrópole, na encosta mais exposta. 
Uma série de edifícios monumentais também foram construídos ao redor 
da ágora, na cidade baixa.
Apesar de ter sido destruída em 479 a.C. pelos persas, foi reconstruída e 
ampliada posteriormente. No tempo de Péricles a acrópole foi praticamente toda 
reconstruída: constroem-se o Partenon, o templo de Atenas Niké, e mais tarde o 
Erecteion. 
É interessante notar que a construção de Atenas em nenhum momento teve 
um caráter regular e definitivo. As obras foram sendo construídas e modificando 
gradualmente o todo, inserindo-se com discrição na paisagem.
Por outro lado, há uma extraordinária unidade na forma como foi organizada, 
mostrando grande coerência e senso de responsabilidade de governantes e projetistas. 
Observe, por exemplo, a imagem da ágora ateniense a seguir: 
TÓPICO 2 | O LEGADO DA GRÉCIA
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FIGURA 57 – PLANTA BAIXA DA ÁGORA, ATENAS, CERCA DE 150 a.C.
Stoa de
Zeus
Santuários de Afrodite
Stoa Pintada
Santuários dos Doze Deuses
Stoa de Átalo
Lojas
Hephaisteion
Monumeto aos
Heróis Eponímicos
Via Panateniense
até a Acrópole
2,39
Stoa Intermediária
Casa da Moeda
Stoa Sul
Novo Bouleterion
Helaia
Fonte
Stoa Real
Metroon (sítio original
do boulererion)
Tholos
Arsenal
FONTE: Fazio (2011, p. 77)
Na imagem, em cinza, estão marcadas as edificações do período clássico. O 
caminho diagonal que atravessa a ágora é a Via Panateniense, uma rota processional 
que saía do acesso norte da cidade e ia em direção sudeste até a acrópole. O fato 
de que o centro cívico e comercial foi estabelecido ao redor desta antiga trilha 
demonstra a importância das divindades gregas e da religiosidade na vida urbana.
A construção dos edifícios que compunham a ágora iniciou em 
aproximadamente 600 a.C., e seus limites foram definidos ainda antes do fim do 
Período Arcaico (FAZIO, 2011). Uma série de prédios cívicos, como templos, um 
santuário para Zeus e um Senado para acomodar 500 senadores, que compunham 
o governo eleito de Atenas, foram construídos. 
Outro edifício importante construído na ágora chamava-se Stoa Real, e 
era ocupado pelo principal magistrado religioso da cidade, responsável pelos 
sacrifícios oficiais e pela administração dos festivais locais, como as procissões.
Os grandes espaços abertos da ágora serviam também como pista de 
corrida e arena para apresentações teatrais e danças.
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
90
Depois das conquistas de Alexandre, o Grande, a ágora de Atenas seguiu sendo 
modificada. Algumas edificações clássicas foram modificadas no período helenístico, 
enquanto prédios novos foram construídos buscando transmitir uma sensação mais 
completa de ordem espacial e fechamento. Na imagem anterior é possível notar essa 
tentativa de fechamento nas stoas construídas no período helenístico, em branco.
FIGURA 58 – PLANTA DE SITUAÇÃO DA ACRÓPOLE, ATENAS, CERCA DE 479 a.C.
FONTE: Fazio (2011,p. 66)
Observando a acrópole de Atenas, nota-se um pequeno retângulo 
hachurado em cinza próximo ao Erecteion, demarcando a posição das fundações 
de um templo antigo a Atenas Polia, destruído pelos persas. 
Os edifícios que restaram na acrópole ateniense foram distribuídos de modo 
que, à primeira vista, parecesse aleatório, embora, na verdade, o conjunto tenha sido 
planejado com cuidado, para responder às características específicas do terreno. 
O leiaute geral da acrópole buscava enfatizar a ideia da Grande Procissão 
Panateniense, que ocorria anualmente, no aniversário de Atena. 
O Partenon, por exemplo, está no ponto mais alto da acrópole, e está 
orientado de modo que o visitante o visualize gradualmente, em seu melhor 
ângulo, à medida que adentra o espaço da acrópole. De acordo com Fazio (2011, 
p. 76), “A harmonia estática de um templo com colunata é aprimorada pelas artes 
sutis do planejador do terreno, que lança mão da surpresa e de perspectivas 
dinâmicas para revelar todo o esplendor das formas de arquitetura”.
O Propileu é um portal de entrada construído para acomodar a Via 
Panateniense, criando uma transição entre o mundo profano e o sagrado. Foi construído 
em aproximadamente 437 a.C., planejado pelo arquiteto Mnesicles. Para acomodar o 
percurso processional, o Propileu tem um intercolúnio central mais largo que os demais. 
PARA A ÀGORA
Propileu
Estátua de Atena
Templo de Atena Niké Partenon
2.25
2.30
Anfipróstilo (nas
duas extremidades)
Antigo Tempo de Atena Polia
Erecteion
TÓPICO 2 | O LEGADO DA GRÉCIA
91
FIGURA 59 – PLANTA DE PAESTUM (POSEIDÔNIA), SÉCULO VII a.C.
Templo de Hera Quadras habitacionais
FONTE: Fazio (2011, p. 78)
As cidades gregas dos períodos Arcaico e Clássico nem sempre eram 
assimétricas e construídas gradualmente, como ocorreu no caso de Atenas. Os 
gregos, por exemplo, comumente utilizavam plantas ortogonais regulares em 
suas colônias, a exemplo de Paestum (Poseidônia).
Paestum foi planejada com quadras alongadas em uma grelha ortogonal. No 
centro estava o setor público, com comércio, edifícios cívicos e templos. Este tipo de 
organização de sistema viário era típico do século VII a.C. Enquanto algumas cidades 
cresciam de modo orgânico, outras, destruídas pela guerra, eram reconstruídas de 
acordo com novos princípios de planejamento urbano, mais regulares.
Essa regularização das malhas viárias ocorreu principalmente entre 
os séculos V e IV a.C., quando muitas cidades foram planejadas com grelhas e 
espaços abertos escolhidos cuidadosamente segundo as ideias de Hipódamo de 
Mileto, considerado por muitos como o pai do planejamento urbano.
As plantas ortogonais já existiam há algum tempo, mas a contribuição 
de Hipódamo parece ter sido a forma como articulou os elementos comerciais, 
religiosos e sociais com as quadras regulares habitacionais.
Foi responsável pela reconstrução de sua cidade natal, Mileto, que havia 
sido destruída pelos persas. Em seu projeto, Hipódamo fez mais do que especificar 
a localização dos prédios cívicos – o leiaute das ruas e a posição dos espaços 
abertos –, ele incluiu o projeto de moradias unifamiliares para uma população 
estimada de 15 mil a 20 mil pessoas. As casas foram orientadas com os principais 
cômodos voltados para o Sul.
5.2 CIDADES HELENÍSTICAS
92
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A civilização grega viveu três períodos distintos, conhecidos como Grécia 
Arcaica, Clássica e Helenística.
• Os gregos realizaram importantes descobertas científicas e estabeleceram 
conceitos de estética e forma que são perseguidos até a atualidade.
• A tipologia mais importante da história da arquitetura grega é o templo, 
seguido do teatro e do estádio.
• As ordens arquitetônicas clássicas definiam os tipos e estilos das colunas e as 
formas de estrutura e decoração que teriam as edificações. Elas são chamadas 
de ordens dórica, jônica e coríntia, e se desenvolveram sucessivamente.
• Na Grécia Arcaica, construíram-se os primeiros templos e estes eram normalmente 
compostos de uma cela central que continha uma estátua da divindade e uma 
fileira de colunas perípteras, formando as quatro fachadas da edificação.
• Na Grécia Clássica, evoluiu-se e consolidou-se o modelo de templo com cela e 
colunas perípteras, e obras como o Partenon foram construídas.
• Na Grécia Helenística, as ordens arquitetônicas passaram a ter interpretação 
mais livre e exuberante, fazendo surgir modelos um pouco diferentes de 
templos, mas ainda com base nas referências históricas.
• A polis (cidade-estado grega) representava fisicamente os valores de convivência 
civil grega. Era, por exemplo, um todo único, onde não existiam zonas fechadas 
e independentes.
• A acrópole é um platô que se eleva acima da planície da cidade. É o local mais 
alto das antigas cidades gregas, que servia de cidadela e onde, eventualmente, 
erguiam-se templos e palácios.
• A ágora é um espaço público, uma praça principal das antigas cidades gregas, 
local em que se instalava o mercado e que muitas vezes servia para a realização 
das assembleias do povo.
• A cidade grega, como um todo, formava um organismo ligado ao ambiente 
natural de um modo delicado e minuciosamente pensado. Respeitava a 
paisagem natural, que era deixada intacta em muitos pontos.
93
• Atenas é considerada ainda hoje a mais ilustre cidade grega. Há uma 
extraordinária unidade na forma como foi organizada, mostrando grande 
coerência e senso de responsabilidade de governantes e projetistas.
• Enquanto expandiam seus territórios, os gregos comumente utilizavam plantas 
ortogonais regulares em suas colônias, a exemplo de Paestum (Poseidônia).
94
AUTOATIVIDADE
1 A cultura grega desenvolveu-se, principalmente, na península do 
Peloponeso, nas ilhas próximas e na costa mediterrânea próxima à atual 
Turquia, durante o segundo e primeiro milênios a.C. O período considerado 
o mais relevante para os estudos da arquitetura grega é aquele que ocorreu 
entre o séculos VII a.C. e IV a.C. Neste período, a arquitetura religiosa – mais 
precisamente os templos – é construída com grande rigor de dimensões, 
estabelecendo proporções matematicamente precisas. 
Sobre a arquitetura que se estabeleceu na Grécia Clássica, classifique as 
afirmações a seguir como verdadeiras ( V ) ou falsas ( F ):
( ) Na Antiguidade Clássica, o templo constitui expressão maior da arquitetura 
grega e a coluna sua peculiaridade. As ordens dórica e coríntia são 
caracterizadas pelo emprego de motivos abstratos ou semiabstratos para 
simbolizar a vida orgânica, enquanto a ordem jônica é marcada pelo uso de 
ornamentos inspirados nas formas das folhas de acanto e de outras plantas.
( ) A acrópole é um platô elevado em uma cidade grega onde se localizam os 
edifícios mais importantes da vida pública dos cidadãos, como templos, 
teatros, mercado, santuário etc.
( ) Utilizando uma técnica chamada êntase, os construtores gregos criavam leves 
deformações nas colunas dos templos, fazendo com que os olhos humanos 
enxergassem as linhas retas, quando, de outro modo, pareceriam curvas.
( ) Os teatros gregos eram construídos normalmente em uma encosta de 
colina, e possuíam assentos concêntricos que se voltavam para uma 
superfície plana que se chamava orquestra. Atrás da orquestra havia ainda 
um edifício de fundo, como um cenário permanente, chamado skene.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a resposta CORRETA:
( ) F – F – V – V.
( ) F – V – V – F.
( ) V – V – F – F.
( ) V – F – F – V.
95
TÓPICO 3
OS PRECURSORES DOS ROMANOS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Para compreender o legado dos romanos, é necessário estudar sua arte e 
arquitetura, a formação de seus territórios e de suas primeiras cidades, bem como 
as características dos povos que as ocupavam. 
Para atingir este objetivo, o presente tópico se concentrará na civilização 
que viveu na Etrúria, na Península Itálica, ao sul do rio Arno e ao norte do Tibre: os 
etruscos. Este povo, assim como os gregos,exerceu grande influência na civilização 
romana, e ambos ajudam a explicar os grandes feitos realizados por eles. 
2 ETRUSCOS
Ao mesmo tempo em que a civilização grega surgia no continente e no 
leste do Mediterrâneo, os etruscos desenvolviam sua própria cultura no centro-
norte da Itália, na atual região da Toscana.
Não se sabe ao certo de onde os etruscos vieram, mas acredita-se que 
migraram para a Península Italiana a partir da Ásia Menor por volta de 1200 a.C., 
depois do fim do Império Hitita (FAZIO, 2011). Nossa compreensão sobre esta 
civilização é escassa por falta de registros escritos.
Diz-se que o povo etrusco sofreu diversas influências, sendo uma delas 
da Grécia durante os períodos Arcaico e Clássico. A linguagem utilizada, por 
exemplo, era expressada através de um alfabeto derivado do grego. Já a forma de 
lidar com os mortos parece ter sofrido influência egípcia, pois os etruscos davam 
grande importância a enterrar os mortos com objetos de uso diário, considerados 
uma necessidade no pós-morte.
 
A arte etrusca parece ter se espelhado nas artes hitita, minoica e micênica, 
pois também continha relevos de feras protetoras nas entradas dos túmulos e 
decorações naturalistas com representações de golfinhos e pássaros.
Dos assírios e babilônicos, os etruscos herdaram a tradição de ler 
presságios nas entranhas dos animais, e o uso de arcos e abóbadas em grandes 
portais indica relação com a Ásia Menor.
96
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
Apesar de tantas influências, é importante ressaltar que os etruscos ainda 
assim desenvolveram sua própria cultura, e acabaram por exercer forte impressão 
na civilização romana.
Os assentamentos etruscos eram organizados de modo disperso em 
cidades-estado independentes, em esquema similar aos da Mesopotâmia e da 
Grécia. A economia girava em torno da agricultura e do comércio com as regiões 
da atual Grã-Bretanha e a Espanha.
A partir do século VIII a.C. a cultura etrusca era estável e exerceria 
influência crescente pelos próximos 200 anos, englobando a área desde o rio Pó, 
no norte da Itália, até a região ao redor de Pompeia, ao sul de Roma.
Marzabotto, uma cidade próxima a Bolonha, possuía uma planta em 
grelha, o que quer dizer que suas principais ruas eram perpendiculares umas às 
outras, cruzando-se na região central. No futuro os romanos utilizariam plantas 
semelhantes em seus campos militares. É possível que a ideia da planta ortogonal 
tenha sido copiada das colônias gregas, conhecidas pelos etruscos por conta do 
comércio entre os povos.
A arquitetura etrusca parece também ter tomado emprestadas algumas 
características das ordens arquitetônicas e da forma dos templos gregos, 
adequando-as aos seus próprios objetivos.
Os templos gregos normalmente possuíam uma colunata contínua em 
torno de um santuário central (cela), com entradas em ambas as fachadas nas 
empenas, como estudamos em maiores detalhes no tópico anterior deste capítulo. 
Os templos etruscos, por sua vez, costumavam apresentar uma única 
entrada, através de uma colunata dupla no topo de um único lance de escadas. 
A complexidade das ordens gregas de composição foi deixada de lado em favor 
de uma ordem original bastante simplificada, conhecida como ordem toscana. 
Nesta linguagem, as colunas não apresentavam caneluras ou esculturas, tendo 
uma forma básica. O intercolúnio (espaço entre colunas) dos templos etruscos 
era também mais amplo que o grego, e o caimento do telhado consideravelmente 
mais baixo, criando uma ênfase na horizontalidade das construções.
TÓPICO 3 | OS PRECURSORES DOS ROMANOS
97
FIGURA 60 – DESENHO DE UM TEMPLO ETRUSCO BASEADO NAS DESCRIÇÕES 
DE VITRÚVIO. PLANTA BAIXA, VISTA FRONTAL E VISTA LATERAL
FONTE: Imagem disponível em <http://art.lostonsite.com/67021098-007/>. 
Acesso: 31 Jan. 2018.
FIGURA 61 - DESENHO DE CAPITEL E FUSTE DA ORDEM TOSCANA (À ESQUERDA) 
EM COMPARAÇÃO À ORDEM DÓRICA GREGA (À DIREITA)
FONTE: Disponível em: <http://www.estilosarquitetonicos.com.br/arquitetura-
classica/>. Acesso em: 1º dez. 2017.
As colunas e a estrutura do telhado eram construídas em madeira, e as 
paredes em adobe. Uma terracota mais resistente era utilizada no feitio das telhas, 
na ornamentação das fachadas e nas esculturas. 
Infelizmente, por conta da pouca durabilidade dos materiais utilizados, 
nenhum templo etrusco sobreviveu até a atualidade. Apesar disso, podemos inferir sua 
forma através de fontes literárias e arqueológicas que oferecem evidências adequadas. 
Os vestígios da arquitetura etrusca são limitados. Um exemplo desses vestígios 
são os túmulos e urnas funerárias feitos em forma de casas em miniatura. Desta forma, 
foi possível ter algumas pistas sobre as moradias da população etrusca mais abastada. 
Um bom exemplo são os túmulos escavados em Cerveteri. Os cômodos 
foram escavados em rocha vulcânica macia, eram acessados por um vestíbulo e 
ficavam distribuídos ao redor de um pátio central. Em alguns dos túmulos foram 
identificados elementos de arquitetura, como portas e vigas de cobertura; e também 
alguns acessórios, como cadeiras e utensílios domésticos, todos talhados em pedra.
98
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
FIGURA 62 – INTERIOR DO TÚMULO DOS RELEVOS, NA NECRÓPOLE ETRUSCA, CERVETERI
FONTE: Disponível em: <http://www.ancient-origins.net/ancient-places-europe/cerveteri-
necropolis-etruscan-city-dead-002602>. Acesso em: 1º dez. 2017.
Os etruscos, juntamente com os latinos e dos sabinos, povos nativos da Itália, 
habitaram as colinas nos dois lados do rio Tibre, que possuía solo pantanoso, que 
os construtores etruscos passaram a drenar, escavando a vala que posteriormente 
se tornaria o maior esgoto da Roma antiga, conhecido como Cloaca Máxima.
Conta a lenda popular romana que a cidade de Roma foi fundada pelos 
irmãos Rômulo e Remo nestas colinas em 753 a.C. e governada entre 616 e 510 a.C. por 
membros da família real etrusca, os chamados tarquínios. Estes foram depostos pelos 
latinos em aproximadamente 500 a.C., estabelecendo então a República Romana.
Apesar disso, os etruscos não desapareceram completamente da Itália 
subitamente, sendo que outras de suas cidades-estado ainda prosperavam ao 
norte; alheias ao aumento da autoridade romana, foram gradativamente sendo 
incorporadas às forças romanas até cerca de 88 a.C. (FAZIO, 2011).
Por conta da convivência com os etruscos, muitos aspectos de sua cultura 
foram absorvidos à vida romana, como as corridas de biga e as batalhas sangrentas 
de gladiadores. Além do mais, a arte e a arquitetura etruscas influenciaram 
fortemente as obras romanas, como veremos a seguir.
TÓPICO 3 | OS PRECURSORES DOS ROMANOS
99
NOTA
Biga: Uma biga é um carro de guerra de duas rodas, movido por dois cavalos. 
Foi usada na Antiguidade como carro de combate e, eventualmente, como carro de corridas.
FIGURA 63 – BIGA ETRUSCA DE MONTELEONE DI SPOLETO
FONTE: Disponível em: <http://www.canino.info/inserti/monografie/etruschi/ vari/
biga_monteleone/index.htm>. Acesso em: 1º dez. 2017.
100
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Ao mesmo tempo em que a civilização grega surgia no continente e no leste do 
Mediterrâneo, após o declínio dos povos micênicos, os etruscos desenvolviam 
sua própria cultura no centro-norte da Itália, na atual região da Toscana.
• Apesar de terem sofrido influência de diversas civilizações, os etruscos 
desenvolveram sua própria cultura e acabaram por exercer forte impressão na 
civilização romana.
• A arquitetura etrusca parece ter tomado emprestadas algumas características 
das ordens arquitetônicas e da forma dos templos gregos, adequando-as aos 
seus próprios objetivos.
• Os templos etruscos costumavam apresentar uma única entrada, através de 
uma colunata dupla no topo de um único lance de escadas.
• As colunas toscanas não apresentavam caneluras ou esculturas, tendo uma 
forma ainda mais básica que as colunas da ordem dórica grega.
• Após a dominação dos latinos e a fundação deRoma, etruscos e romanos 
ainda conviveram por alguns séculos, por isso, a arte e a arquitetura etruscas 
influenciaram fortemente as obras romanas. 
101
1 Os etruscos eram bons construtores, mas pouco restou de suas edificações, 
construídas em materiais pouco resistentes ao tempo. Entre o que restou, por 
ser de pedra, estão fundações de muralhas, conjuntos de casas pavimentadas, 
túmulos e ruas.
Sobre os etruscos e sua arquitetura, analise as afirmações a seguir, classificando-
as como verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) Os túmulos etruscos são como réplicas do interior de suas casas, e têm 
molduras, arcos e abóbadas, estes importados do Oriente e posteriormente 
transmitidos a Roma, depois que os etruscos os aperfeiçoaram.
( ) A engenharia etrusca lembra a egípcia. Eles introduziram na Itália o uso 
do arco, da abóbada e da cúpula. As casas eram providas de átrio.
( ) Construíam templos religiosos (com base de pedra, estrutura de madeira 
e revestimento em barro na arquitrave e beirais) que em grande parte se 
assemelhariam aos templos gregos simples.
( ) Podium e embasamento elevados de pedra foram introduzidos pelos 
etruscos e também eram comuns na arquitetura grega. Sua função era 
elevar o templo sobre o nível do calçamento, forçando a entrada das 
pessoas ao mesmo pela escada da fachada lateral.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
( ) V – V – V – F.
( ) F – V – V – F.
( ) F – F – V – V. 
( ) V – F – V – F. 
AUTOATIVIDADE
102
103
TÓPICO 4
O LEGADO DE ROMA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O estudo da civilização romana encerrará nossa imersão na arquitetura e 
no planejamento urbano da Antiguidade Clássica, que certamente são as grandes 
bases das cidades ocidentais.
Na Europa Ocidental, a arquitetura que iremos estudar neste tópico 
ficou abandonada por séculos após a queda do Império Romano, mas renasceu 
no século XV, em decorrência das investigações e dos experimentos feitos pelos 
italianos e, logo depois, por outros arquitetos europeus, como veremos ao longo 
de nosso curso em História da Arquitetura.
Além disso, o povo romano foi o primeiro da antiguidade a construir 
amplos espaços internos e, para isso, dominou a arte da construção de abóbadas 
de alvenaria, usando tijolo e pedra, além de concreto na Península Italiana, onde 
estava disponível a pozolana, uma importante matéria-prima.
O grande salto nas técnicas construtivas resultou em um avanço 
surpreendente nas formas arquitetônicas, bem como no estabelecimento e difusão 
de novos usos para as construções.
2 CONTEXTO HISTÓRICO
Roma surgiu ao mesmo tempo que as civilizações gregas, etruscas e 
as dinastias egípcias tardias. Porém, ao contrário destas culturas, a civilização 
romana prosseguiu crescendo em importância ao final do milênio antes de Cristo, 
chegando a seu auge nos séculos I e II d.C.
Segundo a mitologia, Roma foi fundada no século VIII a.C. por dois 
irmãos, Rômulo e Remo. A data oficial da fundação de Roma, por tradição, é 21 
de abril de 753 a.C., e é conhecida como o ‘Natal de Roma’.
Inicialmente, a cidade de Roma se tornou a capital de uma república 
governada por um Senado composto de membros de famílias de prestígio e por 
magistrados ou cônsules eleitos.
104
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
Com o passar do tempo, os exércitos romanos foram conquistando mais 
territórios na Itália e demais regiões, e os problemas para manter o sistema 
governamental começaram a aparecer. Administrar com eficiência todos os 
territórios e agradar tanto à aristocracia rural (os patrícios) e à classe geral de 
cidadãos livres (plebeus) tornaram-se tarefas cada vez mais difíceis.
No século I a.C. uma crise política e econômica teve como desfecho a tomada 
do poder pelo líder militar Júlio César. Este foi posteriormente assassinado, mas 
ainda assim seu governo acelerou a ascensão do Império Romano e deu início a uma 
sucessão de imperadores, começando com Augusto César em 27 a.C. (FAZIO, 2011).
Para melhor compreender a sucessão de governos de Roma em relação à 
construção de alguns importantes edifícios, observe a cronologia a seguir:
QUADRO 3 – CRONOLOGIA DE ROMA
CRONOLOGIA ROMA ANTIGA
Apogeu da civilização etrusca 550 a.C.
República Romana 509-27 a.C.
Ditadura de Júlio César 46-44 a.C.
Reinado de César Augusto/Início do Império Romano 27 a.C.-14 d.C
Vitrúvio escreve 'De architectura' Cerca de 27 a.C.
Reinado de Nero 54-68 d.C.
Reinado de Vespasiano 69-79
Construção do Coliseu Concluído em 80
Reinado de Domiciano 81-96
Reinado de Trajano 98-117
Reinado de Adriano 117-138
Construção do Panteão Cerca de 125
Reinado de Sétimo Severo 193-211
Reinado de Diocleciano 284-305
Reinado de Constantino 310-337
FONTE: A autora. 
3 MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E ARTÍSTICAS
Existem diversos aspectos deixados pelas civilizações antigas que foram, pouco 
a pouco, sendo incorporados ao nosso cotidiano. E os romanos foram responsáveis por 
deixar profundas marcas em nossas vidas. Criaram o latim, que serviu de base para 
vários idiomas, entre eles o espanhol, o francês e o português. Além do mais, o alfabeto 
romano é utilizado até hoje na maioria dos países do mundo. Até mesmo línguas que 
não são de origem latina (alemão, por exemplo) utilizam o alfabeto romano.
Os números romanos (algarismos), criados e usados na Roma antiga, 
também chegaram até nós. Porém, utilizamos atualmente este sistema mais para 
fazer referência aos séculos do que para cálculos matemáticos.
TÓPICO 4 | O LEGADO DE ROMA
105
Para administrar o gigante império e ainda criar ordem dentro das cidades, 
os romanos desenvolveram leis, que deram origem posteriormente aos códigos 
jurídicos e ao Direito Civil.
No mundo das artes, os romanos foram fortemente influenciados pelas 
artes visuais da Grécia antiga, por exemplo, na busca pela reprodução do corpo 
humano e dos elementos da natureza. 
Apesar de tudo o que compartilhavam em comum, na escultura, os 
romanos diferiam bastante dos gregos não representando o ideal de beleza, 
mas esculpindo cópias realistas das pessoas. Um exemplo disso é a estátua do 
imperador romano Augusto, criada por volta de 19 a.C. Atualmente está em 
exposição no Braccio Nuovo nos Museus Vaticanos.
A estátua, baseada no Doríforo de Policleto do século V a.C., é uma 
imagem idealizada de Augusto, foi talhada em mármore e estava na casa de Lívia 
Drusa, esposa do imperador. Ainda contém alguns resquícios de tintas douradas, 
púrpuras, azuis e outras cores com as quais ela foi policromada.
O realismo nas esculturas e pinturas, embora tenha sido deixado de 
lado na Idade Média, acabaria sendo resgatado posteriormente, na época do 
Renascimento, e preservado por várias correntes e escolas artísticas posteriores, 
chegando também até os dias de hoje.
FIGURA 64 – AUGUSTO DE PRIMA PORTA. MÁRMORE 19 a.C.
FONTE: Disponível em: <http://www.encicloarte.com/arte-
romano/>. Acesso em: 29 set. 2017.
A cultura popular romana retratava uma sociedade bastante violenta, já que 
aparentemente os romanos tinham paixão pelo massacre de animais e pessoas no 
Coliseu e em outros anfiteatros, bem como o hábito de crucificar como pena de morte.
106
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
4 ARQUITETURA ROMANA
Ao longo de seu desenvolvimento como civilização, Roma absorveu a 
cultura dos etruscos, dos egípcios, dos gregos e de outros povos, compondo um 
império com um estilo de arte e de arquitetura bastante homogêneo.
A exemplo do que ocorreu com a cultura, as técnicas de construção 
romanas eram uma fusão de várias fontes, principalmente etruscas e gregas, mas 
as formas da arquitetura eram, em geral, bastante originais. 
Os romanos conquistaram a Grécia, e embora admirassem os gregos em 
termos de vestuário, política, estilo arquitetônico e cultura geral, seus feitos de 
engenharia vão além dos da civilização grega que os antecedeu, com sua elegância 
e perfeccionismo estético. 
Um desses feitos é a ligação de seus extensos territórios conquistados por 
meio de uma rede de excelentesestradas. Outro são os aquedutos, fornecendo água 
a suas grandes cidades, trazida de colinas e montanhas a mais de 80 km de distância. 
Também se preocupavam em oferecer banhos e lavatórios públicos, esgoto e 
transporte público. Fizeram também grande uso de aquecimento subterrâneo. 
Construíam blocos de apartamentos que chegaram a ter oito andares. 
Isso foi possível através da descoberta do concreto. Os romanos misturavam 
areia vulcânica com calcário e outro material, por exemplo, ladrilho quebrado, 
o qual permitia que construíssem grandes estruturas, como as cúpulas, cobrindo 
grandes áreas sem sustentação direta. Esta invenção revolucionou a forma e as 
possibilidades da arquitetura. 
O uso do concreto permitiu que os romanos construíssem não apenas 
cúpulas, mas também abóbadas completas e grandes construções em arcos, como o 
Coliseu. Desse modo, puderam construir muito mais livremente e em grande escala.
Como o concreto permitia construir sem o uso de colunas, muitas vezes 
estas eram utilizadas como elementos decorativos em templos, banhos públicos 
e arenas. Foi assim que surgiram as ‘pilastras’, que são colunas planas ou meias-
colunas incorporadas às paredes. 
Apesar de para nós esses hábitos parecerem excessivamente brutais, 
devemos ter em mente que, dentro do contexto de sua época e local, nos quais a 
escravidão, o extermínio de civis por exércitos invasores e as punições violentas, 
como a crucificação, faziam parte dos sistemas judiciais vigentes, eram considerados 
normais tanto para os romanos quanto para outras culturas próximas.
Por outro lado, eram bastante avançados em outras categorias. Eram, 
por exemplo, juristas e administradores competentes, davam bastante valor 
à vida familiar e à parte mais importante para você, estudante de Arquitetura: 
construtores extremamente talentosos e inovadores, como veremos em maiores 
detalhes ao avançar neste tópico.
TÓPICO 4 | O LEGADO DE ROMA
107
Ao longo dos séculos os romanos foram aperfeiçoando suas técnicas 
e, atualmente, por conta da deterioração dos revestimentos das edificações 
remanescentes, podemos observar a evolução de suas técnicas construtivas com 
bastante clareza.
As primeiras paredes de concreto eram feitas de pedregulho ao redor de 
um núcleo de concreto (opus incertum), uma técnica que foi sendo refinada até 
chegar às pedras piramidais (opus reticulatum), com faces quadradas e pontas 
inseridas na parede, gerando uma aparência externa mais lisa. 
Durante o império (depois de 27 a.C.), os romanos começaram a usar cada 
vez mais os tijolos triangulares como revestimento de concreto (opus testaceum), 
assentando esses blocos de modo a alcançar um exterior liso e uma face interna 
irregular, obtendo uma superfície de fixação máxima internamente.
Por sua resistência, durabilidade e economia, o concreto se mostrou um 
material bastante versátil para edificação em larga escala, exatamente o que 
precisava o Império Romano, e em meados do século I d.C. já era utilizado com 
grande sofisticação.
FIGURA 65 – CONSTRUÇÃO DE PAREDES DE CONCRETO NA ROMA ANTIGA. DA ESQUERDA 
PARA A DIREITA: OPUS INCERTUM, OPUS RETICULATUM E OPUS TESTACEUM
Opus incertum Opus reticulatim Opus testaceum
FONTE: Fazio (2011, p. 128)
Dentre as tipologias mais importantes construídas pelos romanos estão os 
templos, as basílicas, os anfiteatros ou arenas, os estádios, os palácios e os fóruns 
(equivalentes às ágoras gregas).
Os romanos criaram diversos tipos de edifícios públicos para funções 
específicas, por exemplo: a basílica, que servia a várias funções, como tribunal, 
comércio e reuniões. As basílicas de caráter religioso surgiram apenas mais tarde; 
os grandes auditórios jurídicos; as termas, isto é, edificações contendo recursos de 
banho e recreativos; e o teatro, que foi baseado no modelo grego, mas ampliado 
para se tornar um anfiteatro capaz de receber eventos maiores. 
Os templos romanos nunca eram construídos como estruturas isoladas, 
como ocorria na Grécia Clássica, mas sim como parte de um conjunto de edifícios 
organizados ao longo de um eixo, dentro de um contexto urbano, normalmente 
dos fóruns.
108
UNIDADE 2 | ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA
As termas, ou banhos públicos, eram os maiores edifícios romanos com 
abóbadas. Eram edifícios equipados principalmente para higiene, mas também 
permitiam a prática de exercícios, o relaxamento e a socialização – atividades 
atualmente associadas aos spas e clubes de esportes. Essa diversidade de atividades 
exigia também uma diversidade de espaços: vestiários, latrinas, salas para banhos 
quentes, mornos e frios; equipamentos para a prática de exercícios, áreas de 
relaxamento e, se possível, jardins. O abastecimento adequado de água era primordial. 
Os torneios esportivos e as apresentações teatrais eram parte da cultura 
da Grécia antiga. Os romanos – que herdaram essas tradições e acrescentaram a 
elas as disputas de gladiadores dos etruscos – precisavam de teatros e arenas que 
pudessem comportar tais eventos. Os gregos costumavam escavar o volume dos 
teatros ou arenas em uma colina. Já os romanos edificavam esses equipamentos 
independentemente da topografia. Para que isso fosse possível, construíram 
grandes estruturas abobadadas, criando assim a inclinação necessária para a 
arquibancada, como veremos a seguir.
Cada tipo de edifício trouxe novos desafios espaciais e construtivos, e 
todos contribuíram para o desenvolvimento da arquitetura. 
Por fim, os romanos fizeram extenso uso das ordens dórica, jônica e 
coríntia gregas, acrescentando a elas duas ordens próprias: a toscana, uma ordem 
dórica modificada (vinda dos etruscos) e a compósita, uma combinação das 
ordens jônica e coríntia. 
4.1 ARQUITETURA DA REPÚBLICA ROMANA
Para ajudar a compreender a arquitetura romana que surgiu durante o 
período republicano, contamos com uma obra de valor inestimável, muito citada 
nas universidades e faculdades de Arquitetura de todo o mundo ocidental, e de 
conhecimento geral dos estudantes e dos profissionais da arquitetura. Trata-se da 
obra chamada ‘Os Dez Livros da Arquitetura’ (De Architectura, em latim), escrita 
no final do século I a.C. por Marcus Vitruvius Pollio, conhecido em nosso meio 
simplesmente como Vitrúvio. 
O texto escrito por Vitrúvio descreveu, de forma muito detalhada, a 
arquitetura grega, e é o único do gênero. Tem grande importância histórica, pois 
é o único tratado clássico de arquitetura que sobreviveu até os dias atuais. Além 
disso, foi o único conhecido pelos estudiosos da Renascença, influenciando a 
arquitetura produzida no período, e fundamentada em três princípios: Utilitas 
(comodidade e função); Firmitas (solidez); Venustas (beleza).
Chamamos a esta trilogia de princípios de ‘Tripé Vitruviano’, e estes 
valores regeram não apenas a arquitetura romana, mas influenciaram diversos 
arquitetos de tempos posteriores, sendo citados ainda hoje como boas referências 
de projetos e obras de arquitetura.
TÓPICO 4 | O LEGADO DE ROMA
109
FIGURA 67 – PONT DU GARD, NIMES, FRANÇA, SÉCULO I A.C.
FONTE: Disponível em: <https://www.camping-les-plans.fr/en/camping-pont-gard/>. 
Acesso em: 27 set. 2017.
Os temas debatidos por Vitrúvio englobam o projeto de edificações, a 
engenharia militar, o projeto de máquinas e até o planejamento urbano, indicando 
que os arquitetos daquele tempo tinham um escopo de trabalho muito mais 
amplo do que temos na atualidade.
O avanço nas técnicas construtivas, anteriormente descritas, foi utilizado 
inicialmente para funções utilitárias. Um dos melhores exemplos da engenharia 
romana remanescentes é provavelmente um longo aqueduto, de 274 metros, 
chamado Pont Du Gard, localizado em Nimes, na França. Do século I a.C., levava 
água para a cidade de Nimes em um canal 55 metros acima do rio Gard.
O projeto deste aqueduto é extremamente simples: as duas camadas 
inferiores são fileiras idênticas de arcos plenos com 18 metros de diâmetro, exceto 
no vão sobre o rio, onde têm 24 metros. A arcada superior

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