Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
. - -. . . AVALIAÇÃO DE EMPRESAS - VALUATION W BA 00 62 _v 2. 0 © 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Patrícia Lazzarotti Garcia Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Oliveira, Nelson Bueno de O48a Avaliação de empresas - valuation/ Nelson Bueno de Oliveira – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2018. 84 p. ISBN 978-85-522-1329-1 1. Avaliação (Finanças). 2. Empresas (avaliação). I. Oliveira, Nelson Bueno de. II. Título. CDD 300 Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ AVALIAÇÃO DE EMPRESAS - VALUATION SUMÁRIO Apresentação da disciplina.............................................................................4 Tema 01 ............................................................................................................5 Avaliação de Empresas – Valuation – Introdução Tema 02 ......................................................................................................... 18 Métodos de Avaliação – Valuation Tema 03 ......................................................................................................... 37 Método do Fluxo de Caixa Descontado DCF – Parte I TEMA 04 .......................................................................................................... 55 Método do Fluxo de Caixa Descontado DCF – Parte II Tema 05 .......................................................................................................... 76 Método do Fluxo de Caixa Descontado DCF – Parte III Tema 06 ......................................................................................................... 92 Avaliação relativa – múltiplos de patrimônio líquido Tema 07 ....................................................................................................... 110 Limites e restrições – Avaliação de Empresas – Valuation – I Tema 08 ....................................................................................................... 130 Limites e restrições – Avaliação de Empresas – Valuation – II Avaliação de Empresas - Valuation 3 Apresentação da disciplina A Avaliação de Empresas – Valuation – é um tema importante em diversas áreas de Finanças, tanto no meio acadêmico, quanto no meio empresa- rial. As áreas de Finanças Corporativas, Fusões e Aquisições de Empresas e Gestão de Carteiras são exemplos disso. Damodaran (2007) afirma que há um papel para Valuation em cada es- tágio de vida de uma empresa. Para negócios privados em fase inicial de crescimento, os investidores de capital de risco irão aportar recursos em determinada empresa dependendo do valor calculado para tal ativo. Com o crescimento, chega um momento crucial que é a abertura de capital e, nessa situação, Valuation será um instrumento para se atribuir valor à oferta da empresa, via mercado de ações, para os potenciais ou futuros acionistas. E, à medida que as empresas amadurecem, sendo o objetivo corporativo o de maximizar o valor da empresa, haverá constantemente decisões que serão pautadas por Valuation em seus aspectos econômi- cos, financeiros e estratégicos, por exemplo, a substituição de uma linha de produção por outra nova que sinalize maior produtividade ou a aquisi- ção de uma marca de empresa concorrente. Faz-se aqui menção a uma taxa de juros especialmente relevante em Finanças, o Custo Médio Ponderado de Capital (WACC, na sigla em inglês, ou seja, Weighted Average Cost of Capital). Essa taxa de juros baliza as de- cisões financeiras e de investimento. Os projetos empresariais têm que apresentar rentabilidade superior ao WACC, como forma de agregar va- lor à empresa. Avaliação de Empresas - Valuation 4 TEMA 01 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS – VALUATION – INTRODUÇÃO Objetivos • Estudar as definições de Avaliação de Empresas – Valuation. • Conhecer preliminarmente os procedimentos técni- cos e os princípios de avaliação econômica do valor de mercado de uma empresa. • Conhecer preliminarmente as instruções: Instrução CVM nº 436, de 5 de julho de 2006, e Instrução CVM nº 361, de 5 de março de 2002, que contêm aspectos relacionados a avaliação de empresas. Avaliação de Empresas - Valuation 5 Introdução Assaf Neto (2011) afirma que a avaliação de empresas não ocorre seguindo conceitos de uma ciência exata. Na avaliação de empresas são estudados fatores que refletem a realidade econômica e financeira tanto da empresa quanto de seu ambiente. Há complexidades nessa atividade, exigindo-se do analista que efetua esse trabalho coerência e rigor conceitual no esta- belecimento de um método ou modelo para se efetuar o cálculo do valor. Nesse trabalho, há que se considerar que alguns pressupostos ou premis- sas adotadas no método de cálculo do valor da empresa, ou mesmo de um outro ativo, receberá um certo grau de subjetividade. Há dezenas de modelos de avaliação. Damodaran (2012) instrui que há duas abordagens de avaliação: a intrínseca e a relativa. O valor intrínse- co de uma empresa ou de qualquer ativo é determinado pelos fluxos de caixa que se espera sejam gerados por esse ativo durante a vida útil, pon- derados os graus de incerteza atinentes a esses fluxos de caixa. Por sua vez, o valor calculado pela avaliação relativa é aquele que é estimado, tomando-se por base o preço de mercado de outros ativos que possuam atributos e características semelhantes. Damodaran (2012) adverte ainda que há cuidados inerentes ao trabalho de Avaliação de Empresas – Valuation. Com frequência, já existem parece- res e opiniões pessoais do analista sobre as empresas antes de se introdu- zir números nos modelos de avaliação, segundo os métodos aceitos pela comunidade acadêmica e empresarial. Assim, mesmo os cálculos feitos corretamente dessa maneira, trarão em seu âmago vieses dos profissio- nais que executam tais cálculos. Assim, deve-se ter sempre em mente que cálculo de valor não é algo exato e quem usa um laudo de avaliação, para embasar suas decisões, precisa verificar quais premissas foram utilizadas pelo avaliador para a realização dos cálculos e, assim, ter um melhor dis- cernimento sobre os resultados de valor apresentados por esse laudo. Avaliação de Empresas - Valuation 6 1. Avaliação como métrica de desempenho Copeland, Koller e Murrin (2001) afirmam que as empresas possuem o objetivo de aumentar o valor para o proprietário ou acionista. E admitem que tal objetivo não deve entrar em conflito com os interesses das demais partes interessadas (ou stakeholders). E que o valor seria a melhor métrica de desempenho de uma empresaporque exige informação mais com- pleta. Para abordar a criação de valor em uma empresa, é preciso utilizar uma visão de longo prazo, estudar os fluxos de caixa a serem gerados, bem como saber comparar os fluxos de caixa de diferentes períodos ajus- tados pelo decurso de tempo e pelos riscos existentes. Assim, os executi- vos e gestores de uma empresa deveriam ser avaliados prioritariamente pelo aumento do valor da entidade, que proporcionam, entre outras mé- tricas e metas de desempenho existentes. PARA SABER MAIS Stakeholder significa público estratégico, uma pessoa ou um grupo que têm interesse em uma empresa, podendo ou não ter feito um investimento nela. Em inglês stake significa inte- resse, participação, risco. Holder significa aquele que possui. Assim, stakeholder significa parte interessada ou intervenien- te em uma empresa. Podem ser os funcionários, governo, fornecedores, comunidade etc. Disponível em: <https://www. significados.com.br/stakeholder>. Acesso em: 31 out. 2018. 2. Avaliação. Conceitos. Vieses. Damodaran (2007) coloca que o princípio fundamental de um investimen- to é que o investidor não pague por um ativo ou uma empresa mais do que eles valem. Isso pode parecer lógico e óbvio. Há argumentos que dizem Avaliação de Empresas - Valuation 7 que qualquer preço poderia ser justificado desde que haja um compra- dor disposto a o pagar. Há decisões que são de natureza mais emocional, sentimental ou comportamental, como é o caso de obras de arte, certas residências, certas viagens ou experiências. Porém, a maioria dos bens ou ativos são comprados em decorrência dos fluxos de caixa futuros a serem gerados. Os modelos de avaliação buscam correlacionar o valor presente de um ativo ao tamanho, risco e expectativa de aumento nesses fluxos de caixa futuros. Ao iniciar o cálculo de avaliação de um ativo, por um método aceito, o profissional que o faz não começa o trabalho do zero. As suas opiniões e percepções que já possui sobre determinada empresa, por exemplo, vão influenciar as conclusões de um cálculo de avaliação. E esse valor calculado pode trazer de maneira significativa esses vieses, uma vez que o analista esteve influenciado, consciente ou inconscientemente, nas pre- missas inseridas e utilizadas nos cálculos, por tais opiniões e percepções que já possuía. Há três maneiras em que os vieses podem se manifestar. A primeira delas são os inputs que o profissional utiliza ao fazer o cálculo. Ao avaliar uma empresa, há momentos em que alternativas se apresentam ao analista. Por exemplo, para fazer uma estimativa, ele pode usar uma hipótese oti- mista, realista ou pessimista e isso vai impactar o resultado final da avalia- ção. Por exemplo, para uma empresa com altas margens de lucro opera- cional, pode-se admitir que a empresa conseguirá as manter, o que seria uma hipótese otimista, uma vez que a tendência da concorrência seria a de imitar a prática rentável da empresa. Uma segunda maneira de se manifestarem os vieses é o que se chama de alterações pós-avaliação. O analista, seguindo premissas de seu méto- do, chega a um valor que considera inadequado. Assim, refaz os cálculos, com novas hipóteses, procurando chegar a um resultado mais condizente com o de sua concepção, opinião ou parecer pessoal inicial. A terceira ma- neira seria a de o analista que faz o cálculo deixar o valor de sua avaliação Avaliação de Empresas - Valuation 8 como está, atribuindo eventuais diferenças em relação à sua concepção, opinião ou parecer pessoal inicial a fatores qualitativos ou mesmo subjeti- vos ou ainda a outros fatores porventura existentes que não tenham sido colocados no cálculo. Assim, essa diferença ficaria como que sem expli- cação, ou seja, a diferença existe porque há fatores ainda desconhecidos que não foram considerados no cálculo do valor da empresa ou do ativo. PARA SABER MAIS Em dezembro de 2012, a AMBEV contratou a Consultoria Apsis para calcular valor de empresa para atender a interes- ses específicos de natureza societária. Procure acessar o link a seguir e verifique quais são as premissas e metodologia utilizadas para a realização do trabalho. Laudo de avaliação Apsis SP-404/13-03, de 31/12/2012. Disponível em: <http://ri.ambev.com.br/conteudo_pt.asp?i- dioma=0&tipo=43225&id=0&conta=28&ano=2013>. Acesso em: 31 out. 2018. 3. Laudos de Avaliação. Instrução CVM nº 436, de 5 de julho de 2006, e Instrução CVM nº 361, de 05 de março de 2002 ASSIMILE A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada em 07/12/1976 pela Lei n. 6.385/76 com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valo- res mobiliários (títulos como ações ou cotas de fundos de investimento) no Brasil. A CVM é uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com Avaliação de Empresas - Valuation 9 personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de au- toridade administrativa independente, ausência de subordi- nação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus di- rigentes, e autonomia financeira e orçamentária. A função primordial da CVM é a de estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários (títulos como ações ou cotas de fundos de investimento), promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações, e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas sob controle de capitais priva- dos nacionais. Link: <http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/ins- titucional/sobre/cvm.html>. Acesso em: 31 out. 2018. Link: <http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst361. html>. Acesso em: 31 out. 2018. Link: <http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst436. html>. Acesso em: 31 out. 2018. Essa Instrução da CVM, a CVM 361, regula o procedimento aplicável a quaisquer ofertas públicas de aquisição (OPA) de ações de companhias abertas. Por exemplo, há algumas razões pelas quais uma empresa inte- rage com o mercado para comprar ações, entre elas pode-se citar a alie- nação do controle acionário. Isso ocorre quando uma pessoa, uma família ou mesmo uma empresa deseja comprar uma participação expressiva no capital de uma outra empresa sociedade por ações ou sociedade anônima. A OPA será realizada de maneira a assegurar tratamento equitativo aos destinatários, permitir-lhes a adequada informação quanto à companhia objeto e ao ofertante, e dotá-los dos elementos necessários para a tomada de decisão de comprar ou não ações da empresa que as está alienando ou Avaliação de Empresas - Valuation 10 vendendo. No contexto de nossos estudos sobre Avaliação de Empresas – Valuation – a CVM pode exigir que a empresa que deseja adquirir parcela expressiva das ações ordinárias de outra corporação apresente um laudo de avaliação. Esse laudo de avaliação deve indicar o valor da companhia segundo determinados critérios. A instrução CVM 436 regula o formato dos laudos de avaliação. EXEMPLIFICANDO Para esclarecer melhor, por exemplo, a empresa A deseja comprar 30% do capital da empresa B, mediante compra de suas ações ordinárias nesse percentual. Para fazer isso, a CVM exige que seja realizada – pela empresa A – uma OPA na forma das instruções CVM citadas. Assim, os demais acio- nistas (minoritários), e não somente os acionistas maiores ou controladores, da empresa B, teriam oportunidade de ven- der suas ações para a empresa A nas mesmas condições que os controladores da empresa B fizerem, não ficando eventu- almente prejudicados nesse processo. Notar que a Instrução CVM nº 436 é o Anexo III da Instrução CVM nº 361, de 5 de março de 2002. QUESTÃO PARA REFLEXÃO Nas recentes décadas, conforme relata Damodaran (2007), os mode- los ou métodos de Avaliação de Empresas – Valuation – foram se tor- nando mais complexos em virtude de recursos computacionais mais sofisticados e potentes, bem como a disponibilidade muito ampla de acesso à informaçõese base de dados sobre quase tudo. Isso é bom por um lado, porém contém desafios. Há um custo para essa comple- xidade nas avaliações de empresas. Há sobrecarga de informações e, fruto disso, há informações que não serão consideradas. Portanto, Avaliação de Empresas - Valuation 11 a decisão de usar ou não determinada gama de informações fica ao arbítrio e critério do profissional que faz o cálculo, ao decidir sobre quais dados, entre tantos disponíveis, estarão no input de seu mode- lo ou método de avaliação. Há com essa complexidade também uma “síndrome de caixa-preta”. Os modelos se tornam tão complicados que nem mesmo os analistas que os utilizam compreendem perfeitamente o seu funcionamento interno. E parte dessa dificuldade de entendimento acabará se apli- cando ao usuário de um laudo de avaliação, que utilizará o valor cal- culado para tomar uma decisão sobre determinado ativo ou empresa. A partir disso, pode-se refletir: deve-se ou não se optar por um mo- delo mais simples de avaliação, se possível, antes de recorrer a um modelo mais sofisticado? Se podemos avaliar uma empresa ou um ativo com vinte inputs, por que devemos usar um modelo ou método que faça uso de trinta inputs? É possível definir que um modelo, um método mais simples é preferível a um mais complicado ou sofistica- do, se os dois tiverem acuidade semelhante? 4. Considerações finais • A avaliação de empresas não ocorre seguindo conceitos de uma ciência exata. • O valor seria a melhor métrica de desempenho de uma empresa porque exige informação mais completa para ser calculado. • Os modelos de avaliação buscam correlacionar o valor presente de um ativo ou de uma empresa ao tamanho, risco e expectativa de aumento nesses fluxos de caixa futuros. Avaliação de Empresas - Valuation 12 • Deve-se ter consciência que os modelos e métodos de Valuation, mesmo rigorosamente efetuados, contêm vieses dos profissionais que os executam. • As Instruções CVM 361 e 436 contêm importantes referências ao uso de laudos de avaliação no Brasil, aplicáveis a empresas de capi- tal aberto em determinadas circunstâncias. Glossário • Viés: estudos no campo de Finanças Comportamentais indicam que as pessoas e os investidores são dotados de racionalidade limitada. Isso significa que uma decisão econômica não seria totalmente racio- nal, mas sofreria influências de aspectos emocionais. Esse fenôme- no é conhecido como viés, vieses ou atalhos mentais que o ser huma- no apresenta ao tomar decisões em determinadas circunstâncias. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/blogs/economia- -e-politica/terraco-economico/post/4001375/financas-comporta- mentais-decisoes-dos-investidores>. Acesso em: 31 out. 2018. • Input: é uma expressão da língua inglesa que significa entrada. O termo é muito utilizado na área da Tecnologia da Informação (TI), como também em diversas outras áreas da atividade humana. Disponível em: <https://www.significados.com.br/input/>. Acesso em: 31 out. 2018. • OPA: a oferta pública de aquisição de ações, conhecida no mer- cado como OPA. É a oferta na qual um determinado proponen- te manifesta o seu compromisso de adquirir uma quantidade es- pecífica de ações, a um preço e prazo determinados, respeitando determinadas condições. O intuito é oferecer a todos os acionis- tas, em igualdade de direitos, a possibilidade de alienar/vender Avaliação de Empresas - Valuation 13 as suas ações para o adquirente em situações que normalmen- te envolvem mudanças na estrutura societária da companhia. Disponível em: <http://www.investidor.gov.br/menu/Menu_ Investidor/ofertas/opas.html>. Acesso em: 31 out. 2018. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 1 1. Há dezenas de modelos de avaliação. Damodaran (2012) instrui que há duas abordagens de avaliação, a intrínseca e a relativa. Indique a alternativa CORRETA. a) O valor intrínseco de uma empresa ou de qualquer ativo é determinado pelos fluxos de caixa que se espera sejam gerados por esse ativo durante a vida útil, ponderados os graus de incerteza atinentes a esses fluxos de caixa. b) O valor intrínseco de uma empresa ou de qualquer ativo é determinado por cenários, que devem ser fei- tos sob a ótica otimista, realista e pessimista. c) O valor intrínseco de uma empresa ou de qualquer ativo é determinado pelos fluxos de caixa que se espera sejam gerados por esse ativo durante a vida útil e, tendo em vista que há certeza nessas proje- ções, não há preocupações quanto a riscos. d) O valor calculado pela avaliação relativa é exata- mente o mesmo do valor calculado pela abordagem intrínseca. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 2. Há três maneiras em que os vieses, no trabalho de Avaliação de Empresas – Valuation – podem se manifestar. Indique a Avaliação de Empresas - Valuation 14 alternativa INCORRETA. a) O profissional que faz o cálculo de Valuation pos- sui vieses, ou seja, na escolha dos inputs que utiliza em seu modelo ou método pode haver concepções, opiniões ou pareceres iniciais que influenciam suas decisões ao fazer o trabalho. b) O profissional que faz o cálculo de Valuation, ao concluir seu trabalho, entende que o valor encon- trado não esteja correto devido às suas convicções iniciais. Então ele refaz o cálculo procurando encon- trar um resultado mais condizente com as opiniões ou pareceres iniciais. Isso se chama alterações pós-avaliação. c) O profissional que faz o cálculo de Valuation tem consciência de que o cálculo realizado é exato e não sujeito a qualquer influência, que não sejam as dos dados técnicos utilizados. d) O profissional que faz o cálculo de Valuation, ao con- cluir seu trabalho, entende que o valor encontrado não esteja correto, porém não faz qualquer alteração no que foi feito, atribuindo essa diferença a fatores ainda desconhecidos que não foram considerados. e) Nenhuma das alternativas anteriores está incorreta. 3. Quanto às instruções CVM nº 436, de 5 de julho de 2006, e Instrução CVM nº 361, de 05 de março de 2002, pode-se afirmar: a) Tais instruções da CVM se aplicam exclusivamente às empresas com cotas de responsabilidade limitada (Ltda.), quando há mudanças societárias. Avaliação de Empresas - Valuation 15 b) Uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) não exige em nenhuma circunstância a realização de um laudo de avaliação de empresas. c) A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), para diver- sas situações relatadas nas instruções CVM 361 e CVM 436, regula a realização de laudos de avaliação de empresas constituídas por ações, de capital aber- to, no contexto brasileiro. d) A Instrução CVM 436 é totalmente independente da Instrução CVM 361. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. Referências bibliográficas ASSAF NETO, Alexandre. Curso de Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BREALEY, Richard A.; MYERS, Stewart C.; ALLEN, Franklin. Princípios de Finanças Corporativas. 10. ed. Porto Alegre: McGraw Hill Education, Bookman, 2013. BRIGHAM, Eugene F.; EHRHARDT, Michael C. Administração financeira: teoria e prá- tica. São Paulo: Cengage Learning, 2012. COPELAND, Thomas E.; KOLLER, Tim; MURRIN, Jack. Avaliação de empresas – Valuation: calculando e gerenciando o valor das empresas. 3. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001. DAMODARAN, Aswath. Avaliação de empresas. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. ______. Valuation: como avaliar empresas e escolher as melhores ações. Rio de Janeiro: GEN – LTC, 2012. GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. Avaliação de Empresas - Valuation 16 JUCÁ, Michele Nascimento; BASTOS, Douglas Dias; NAKAMURA, Wilson Toshiro. Estrutura de maturidade das dívidas das empresas brasileiras: um estudo empíri- co. RAC-Revista de Administração Contemporânea,v. 15, n. 2, 2011. OLIVEIRA, Nelson Bueno de. O impacto do aumento do disclosure na redução da assimetria de informação, abordada como componente do custo de capi- tal próprio. 2016. 87 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2016. Disponível em: <http://tede.mackenzie.br/ jspui/handle/tede/2815>. Acesso em: 13 dez. 2018. ROSS, Stephen A. et al. Fundamentos de Administração Financeira. 10. ed. Porto Alegre: Editora McGraw-Hill, 2015. Gabarito – Tema 01 Questão 1 - resposta correta: A. Questão 2 - resposta correta: C. Questão 3 - resposta correta: C. Avaliação de Empresas - Valuation 17 TEMA 02 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO – VALUATION Objetivos • Conhecer os principais métodos aceitos para cálculo de Avaliação de Empresas – Valuation. • Discernir as diferenças conceituais entre os métodos de cálculo de valor. • Entender porque o método de Fluxo de Caixa Descontado é o mais aceito pela comunidade acadê- mica e profissionais de mercado. • Identificar as definições de valor justo, valor de nego- ciação, valor de liquidação e valor de reposição. Avaliação de Empresas–Valuation 18 Avaliação de Empresas–Valuation 19 Introdução Ross et al. (2015) e Assaf Neto (2011) afirmam que a metodologia mais aceita pela comunidade acadêmica e de mercado é o Fluxo de Caixa Descontado (DCF, em inglês). O cálculo do valor – valuation – de uma em- presa ou de um ativo desperta um interesse muito grande dos agentes econômicos em suas decisões econômicas e financeiras. A busca do valor justo (fair value) é ingrediente e informação fundamentais para negocia- ções que envolvam aquisição, alienação (venda), fusão, incorporação de empresas, e também que sejam relativas ao processo de formação de carteira de investimentos (em que se avaliam diversos ativos conjunta- mente), entre outras decisões de investimento em geral. O valor presente de um ativo ou empresa é assunto prioritário. Copeland, Koller e Murrin (2001) afirmam que a utilização do Lucro por Ação (Lucro do exercício dividido pela quantidade de ações em circulação) não é uma eficiente métrica de desempenho, porque eventualmente um lucro maior no curto prazo pode implicar em piores resultados a longo prazo, na hipótese de as decisões tomadas no presente não levarem em consideração adequada o aspecto de sustentabilidade e responsabilida- de socioambiental. Tomando-se por exemplo as práticas das empresas de TV a cabo, Copeland, Koller e Murrin (2001) relatam que há empresas que adotam como mé- trica a maximização do lucro contábil. Nesse contexto, atribuem um valor fixo para cada assinante existente. Alegam que o uso da quantidade de assinantes como indicador do valor da ação da empresa (no caso uma empresa sociedade por ações de capital aberto) implica que o valor possa ser elevado com o aumento do número de assinantes. Somente que isso não é sempre a realidade. Se o aumento da quantidade de assinantes for feito, por uma promoção que diminua exageradamente o preço da assi- natura, o valor da empresa pode até diminuir. Pode-se buscar outro exemplo. Considere-se que determinada empresa, visando o aumento dos lucros contábeis no curto prazo, reduza a qualida- de dos componentes integrantes da fabricação de seu produto. No longo prazo, o volume de defeitos poderá aumentar, onerando a necessidade de revisões dos produtos dentro do prazo de garantia ou mesmo a eleva- ção do volume de reclamações de clientes junto aos órgãos de defesa do consumidor, o que seria maléfico para a reputação da empresa. Tais fatos poderiam destruir valor da empresa. Assim, Copeland, Koller e Murrin (2001) afirmam que o lucro contábil so- mente seria útil para avaliação de empresas se ele fosse uma boa pre- visão dos fluxos de caixa da empresa no longo prazo. Entretanto, nem todas as empresas geram o mesmo fluxo de caixa para cada real (R$) de lucro contábil. Assim, entendem que a melhor forma de se avaliar uma empresa é utilizando-se os fluxos de caixa previstos para o futuro, des- contados a uma taxa que reflita adequadamente o risco associado a esses fluxos de caixa. 1. Métodos de avaliação de empresas–Valuation Conforme Damodaran (2007) e Jucá (2014), existem diversos métodos de avaliação de empresas, devendo sua escolha considerar o propósito da avaliação e as características próprias do empreendimento. Eles podem ser classificados nas seguintes principais técnicas: (a) baseadas em ativos e passivos contábeis e de mercado; (b) comparativas ou múltiplos de mer- cado, por exemplo, dez vezes o faturamento anual ou oito vezes a gera- ção de caixa ou adoção de valor semelhante à transação de venda de uma empresa concorrente, etc.; (c) baseadas no desconto de fluxos de caixa futuros (fair value); (d) baseadas na cotação de mercado e (e) baseada em opções reais. Avaliação de Empresas–Valuation 20 PARA SABER MAIS Os ativos intangíveis em uma empresa, as marcas, as paten- tes, a pesquisa e desenvolvimento voltados para a inovação geram valor para as entidades. Há muitos estudos indicando essa correlação. Sobre a relação dos ativos intangíveis e o valor de mercado das empresas, consulte: DE VASCONCELOS, Tiago; ARAÚJO FILHO, Hélio Ferraz; JUCÁ, Michele Nascimento. A relação dos ativos intangíveis e o valor de mercado das empresas. Revista Brasileira de Administração Científica, v. 7, n. 1, p. 147- 159, 2016. Disponível em: <http://sustenere.co/journals/in- dex.php/rbadm/article/view/1245>. Acesso em: 31 out. 2018. De Vasconcelos, Araújo Filho e Jucá (2016), abordam que no passado as empresas eram valorizadas pelos seus ativos tangíveis, principalmente por serem mais diretamente evidenciados e mensurados. Ao longo do tempo se percebeu que o valor de uma empresa não se restringia apenas aos ativos tangíveis, mas principalmente era decorrente de seus ativos que não possuíam forma física, tais como marcas, capital intelectual, pa- tentes, entre outras formas de ativos intangíveis. Segundo CVM (2002; 2006) e Jucá (2014), o laudo de avaliação de empre- sas, deverá indicar o valor da companhia conforme os seguintes critérios: a) Preço médio ponderado de cotação das ações da companhia objeto na Bolsa de Valores ou no mercado de balcão organizado, discriminando os preços das ações por espécie e classe: (i) dos 12 (doze) meses imediatamente anteriores à publicação até a data do fato relevante (referente à Oferta Pública de Aquisição de Ações) e (ii) entre a data de publicação do fato relevante e a data do laudo de avaliação. Avaliação de Empresas–Valuation 21 b) Valor do Patrimônio Líquido por ação da companhia objeto apu- rado nas últimas informações periódicas (anuais ou trimestrais) enviadas à CVM. c) Valor econômico da companhia avaliada, com indicação, inclusive, do valor por ação, calculado por, pelo menos, uma das seguin- tes metodologias: (I) fluxo de caixa descontado; (II) múltiplos de mercado ou (III) múltiplos de transações comparáveis, se for mais adequado com exposição de motivos. d) Outro critério de avaliação escolhido pelo avaliador geralmente aceito no ramo de atividade da companhia avaliada, previsto em lei ou aceito pela CVM, para a definição do preço justo ou intervalo de valor, se for o caso, e não abrangido nas alíneas anteriores. PARA SABER MAIS Revise a aula anterior, Tema 01. As circunstâncias, no contexto da Oferta Pública de Aquisição de Ações, que requerem a apresentação de laudo de avaliação, re- comendado pela CVM, são abordadas com maior detalhamento. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/legislacao/instruco- es/inst361.html>. Acesso em: 31 out. 2018. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/legislacao/instruco- es/inst436.html>. Acesso em: 31 out. 2018. 2. Avaliação pelo fluxo de caixa descontado – DCF (Discounted Cash Flow) Na avaliação pelo Fluxo de Caixa Descontado (DCF, em inglês), segundo Damodaran (2007), o valor de um ativoou empresa é o valor presente Avaliação de Empresas–Valuation 22 dos fluxos de caixa futuros previstos de serem gerados por esse ativo ou empresa, descontado a uma taxa que reflita o grau de risco desses fluxos de caixa. Assim, um ativo ou empresa terão mais valor à medida que seus fluxos de caixa futuros a serem gerados sejam maiores ou menos arrisca- dos. Por outro lado, terão menor valor se os fluxos de caixa futuros forem menores ou mais arriscados. O DCF possui a seguinte formulação matemática, segundo Assaf Neto (2011): 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹1 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹2 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹3 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑉𝑉𝑉𝑉 = + + + ⋯ + (1 + 𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹) (1 + 𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 )^2 (1 + 𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹)^3 (1 + 𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹)^𝐹𝐹𝐹𝐹 Na fórmula acima, o símbolo (^2) significa um número elevado à segunda potência, por exemplo 22 = 4. A taxa de desconto é o Custo Médio Ponderado de Capital (WACC, em inglês, Weighted Average Cost of Capital), em que menção a uma taxa de juros especialmente relevante em Finanças. Essa taxa de juros baliza as decisões financeiras e de investimento. Os projetos empresariais têm que apresentar rentabilidade superior ao WACC, como forma de agregar valor à empresa. Nessa taxa, portanto, considera-se consubstanciado o risco pertinente ao ativo. Tal taxa é utilizada para trazer ao valor presente os fluxos de caixa futuros projetados. Como reforço, no método do Fluxo de Caixa Descontado, considera-se, segundo Assaf Neto (2011), que o valor calculado por essa metodologia seja o valor intrínseco do ativo ou empresa. Tal valor intrínseco é função dos seguintes fatos econômicos: (a) benefícios econômicos esperados de caixa (os fluxos de caixa futuros projetados); (b) risco associado a esses fluxos projetados; (c) taxa de desconto utilizada, sendo essa o WACC da empresa. São esses parâmetros, que refletem as expectativas dos agen- tes econômicos envolvidos no cálculo de valor, que determinam o valor do ativo ou da empresa. Avaliação de Empresas–Valuation 23 Ressalva-se que as expectativas colocadas em um cálculo de valor – valua- tion – podem se alterar ao longo do tempo, tendo em vista as novas reali- dades que se apresentam. A avaliação de empresas é feita, portanto, com base em variáveis que buscam refletir, de forma mais isenta possível, a re- alidade do comportamento futuro dos fluxos de caixa projetados. Assim, alguma análise de sensibilidade deve ser incorporada aos cálculos, para que o valor resultado dos cálculos reflita com melhor acuidade o efetivo valor da empresa ou ativo. ASSIMILE A Análise de Sensibilidade permite que o profissional que efetua o cálculo de valuation estabeleça alguns cenários a respeito do comportamento futuro de projeções. Isso por- que ocorrem e podem ocorrer fatos imprevistos ou situa- ções que não foram consideradas originalmente no cálculo. Cenários otimista, realista e pessimista são os mais utiliza- dos. A Análise de Sensibilidade propicia ao gestor financeiro responder a alguns questionamentos como o que pode ocor- rer com os fluxos de caixa futuros projetados se um cenário pessimista ou realista ou otimista ocorrerem em termos das receitas a serem obtidas ou custos a serem suportados. Leia mais sobre Análise de Sensibilidade. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/ conteudo/artigos/administracao/analise-de-sensibilida- de/43643>. Acesso em: 31 out. 2018. Na avaliação econômica de investimentos, segundo Assaf Neto (2011), o DCF é o que contém o maior rigor técnico e conceitual para expressar o valor econômico de um ativo ou empresa. Isso porque o DCF foca a apura- ção de riqueza do investimento realizado, medido pelo valor presente de um fluxo de caixa, representativo dos benefícios econômicos esperados Avaliação de Empresas–Valuation 24 no futuro. Isso é consistente com o entendimento de que o propósito maior de uma empresa é o de gerar riqueza para os acionistas, com visão ampliada para os demais stakeholders. O valor de um ativo ou empresa, sendo avaliados pelo DCF, expressa, a valor presente, os benefícios econômicos futuros esperados, desconta- dos por uma taxa de atratividade, o WACC, que reflete o custo de oportu- nidade dos fornecedores de capital, ou seja, os credores de longo prazo (Passivo Não Circulante) e os proprietários (Patrimônio Líquido). Como se sabe, o conceito de custo de oportunidade é que ele é a rentabilida- de da alternativa de investimento de que um determinado agente abriu mão para investir em outra alternativa de investimento. Além do custo de oportunidade, um agente econômico pode também exigir um prêmio pelo risco ou pela liquidez do novo investimento. EXEMPLIFICANDO Custo de oportunidade e prêmio de risco. Conforme Brigham e Ehrhardt (2012) e Gitman (2010), o custo de oportunidade representa quanto um agente econômico (empresa ou pessoa ou governo) sacrifica de remuneração por ter tomado decisão de aplicar seus recursos em outra al- ternativa de investimento. Pressupõe a existência de duas ou mais alternativas disponíveis de serem implementadas e de natureza mutuamente excludentes, ou seja, faz-se uma ou se faz a outra. Não podem ser feitas ao mesmo tempo. Para uma alternativa de investimento que possua risco maior, o agente econômico exigirá um Prêmio de Risco para assumir esta posição. Exemplo: um empresário possui um CDB no valor de R$ 1.500.000,00 em um banco de primeira linha, remunerado a Avaliação de Empresas–Valuation 25 100% do CDI, ou 6,5% a.a. Para ele investir em uma nova loja, exigirá esta remuneração do CDB (que é seu custo de opor- tunidade) mais um prêmio de risco, por exemplo, de 10% a.a. Um novo negócio é mais arriscado. Taxa Mínima de Atratividade = Expectativa de Ganho do pro- prietário = Custo de Oportunidade + Prêmio de Risco. TMA = 6,5% a.a. + 10,0% a.a. = 16,5% a.a. Se a nova loja lhe der a perspectiva de render 16,5% a.a., ou mais, o empresário faz o investimento. 3. Valor justo e valor de negociação O valor justo (fair value), conforme Ross et al. (2015) e Assaf Neto (2011), é calculado com base nas projeções de fluxos de caixa futuros a serem gerados pela empresa ou outros ativos, trazidos a valor presente com o uso de uma taxa de desconto que reflete o risco do negócio. Dessa forma, o valor de uma empresa ou ativo é função de sua capacidade de gerar benefícios econômicos futuros, traduzidos nessas projeções de fluxos de caixa. Com essa definição, entende-se que o valor justo é o valor presente dos benefícios econômicos futuros e não o valor atual de seus ativos ou a geração passada de resultados. O valor justo de mercado (fair market value) é formado pela livre intera- ção entre demanda e oferta e admite-se que compradores e vendedores possuem o mesmo grau de conhecimento a respeito das transações en- volvidas. O valor justo de mercado, portanto, deve representar e consubs- tanciar as expectativas dos agentes de mercado, compradores e vende- dores, não se admitindo qualquer influência das partes sobre a formação de preços (manipulação de mercado) ou acesso a informações privilegia- das – informações que são vazadas de dentro das organizações, o que se Avaliação de Empresas–Valuation 26 constitui em comportamento antiético e crime. E ainda que o mercado funciona em condições normais de negociação. Por sua vez, o valor de negociação de uma empresa é o valor máximo que um comprador estaria disposto a pagar e, ao mesmo tempo, o ven- dedor estaria disposto a vender, para a transação de uma empresa ou de um outro ativo. EXEMPLIFICANDO A B3 – Brasil, Bolsa, Balcão – é a bolsa brasileira, resultado da associação entre a Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo, a BM&F Bolsa de Mercadorias e de Futuros, e a CETIP Central de Custódia e Liquidação Financeira deTítulos Privados. Com isso, a B3 – Brasil, Bolsa, Balcão é uma das maiores empresas provedoras de infraestrutura para o mercado financeiro do mundo em valor de mercado, oferecendo serviços de nego- ciação (bolsa), pós-negociação (clearing), registro de opera- ções de balcão e de financiamento de veículos e imóveis. Os preços formados nos pregões da B3 são exemplos de valor justo de mercado. Disponível em: <http://www.b3.com.br/pt_br/>. Acesso em: 31 out. 2018. PARA SABER MAIS Informação privilegiada, ou insider trading. Com a publicação da Lei n. 10.303/01, que alterou e acrescentou dispositivos na Lei n. 6.404/76 (Lei das S.A.) e na Lei n. 6.385/76 (lei que dispõe sobre o Mercado de Capitais e que criou a CVM), o uso indevido de informações privilegiadas passou a ser tipificado Avaliação de Empresas–Valuation 27 como crime. Insider é a pessoa que trabalha em uma empre- sa que, devido a sua posição em uma função de confiança, tem acesso direto a informações antes que elas sejam de co- nhecimento público. As empresas de capital aberto divulgam fatos relevantes ao mercado, e isso é o que é previsto para divulgação de informações de forma que todos os agentes possam ter o acesso a elas ao mesmo tempo. Uma informa- ção relevante é aquela que pode influenciar a decisão de um agente econômico. Por exemplo, o diretor de relações com investidores (RI) de uma corporação possui conhecimento sobre decisões estra- tégicas que a sua organização poderá ou que vá adotar, di- ga-se, o lançamento de um novo produto ou a aquisição de uma empresa concorrente. Ele pode, em atitude antiética, in- formar alguns parentes ou amigos para que comprem ações da sua empresa porque as medidas ainda a serem anuncia- das ao mercado serão promissoras, o que vai estimular a va- lorização das ações no mercado, gerando ganhos para esses seus parentes ou amigos. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/2600/a-caracteri- zacao-do-uso-indevido-de-informacao-privilegiada-a-luz-da- -lei-n-10-303-2001>. Acesso em: 31 out. 2018. 4. Valor de liquidação e valor de reposição Ross et al. (2015) e Assaf Neto (2011) definem que o valor de liquidação é o resultado que se obtém de um eventual encerramento das atividades de uma empresa. Nessa situação, os ativos da empresa, bens e títulos a Avaliação de Empresas–Valuation 28 receber em geral, ficariam sujeitos aos preços pelos quais poderiam ser vendidos. Quanto aos títulos a receber, a empresa pode vender o direito de receber determinado valor de seus devedores, por exemplo, uma car- teira de duplicatas a receber mediante um deságio sobre o valor nominal das duplicatas. O valor de liquidação geralmente contém perdas de valor pelo fato de os ativos serem vendidos somente pelo seu conteúdo físico, sem considerar-se os benefícios econômicos. Imagine-se que uma em- presa se torna insolvente e resolve encerrar atividades. No momento des- te anúncio, como os ativos serão vendidos em um momento desfavorável da empresa, em que seu poder de permuta encontra-se enfraquecido, a tendência de perda de valor é inexorável. Os passivos, ou seja, as dívidas teriam que receber tratamento específico nessas circunstâncias, o que inclui passivos trabalhistas e passivos tributários, assunto esse que não é objeto de análise agora. O valor de liquidação, se utilizado, implica na descontinuidade do empre- endimento. O valor de liquidação é admissível, portanto, nestas circuns- tâncias: (a) a empresa anuncia que vai suspender suas atividades; (b) os ativos, ou mercadorias, ou produtos, ou estoques em geral tenham per- dido sua utilidade usual, tornando-se obsoletos ou deteriorados. O valor de liquidação tende a ser menor do que o valor representado pelo preço corrente de venda de uma empresa ou outro ativo. Por sua vez, o valor de reposição equivale ao preço corrente de repor to- dos os ativos em uso. Admite-se, no valor de reposição, que a avaliação será feita com base no custo representado pelos valores de mercado dos ativos. Considera-se nesse sentido que os ativos a serem adquiridos se- riam novos. Isso significa que o ativo total de uma empresa seria avaliado pelo valor de reposição, ou seja, o seu custo corrente. Deve produzir o va- lor que se deveria pagar para montar outra empresa em condições muito semelhantes, em estado de nova. Essa análise é principalmente indicada para um investidor que esteja avaliando adquirir uma participação no ca- pital de uma empresa. Assim, teria um valor em mãos que lhe permita Avaliação de Empresas–Valuation 29 visualizar quanto gastaria para montar uma outra empresa semelhante. Assim, poderia decidir se é compensador comprar parcela de uma em- presa que já existe ou se seria mais interessante montar por conta pró- pria uma empresa nova semelhante. QUESTÃO PARA REFLEXÃO Por que um investidor aceitaria pagar por uma empresa ou ativo uma quantia superior ao valor calculado ou o valor justo? A decisão de pagar mais do que o valor justo pode ser explicada por haver interesses estratégicos? E quanto às sinergias a serem obtidas com uma fusão de empre- sas, por exemplo? O que seria sinergia? A sinergia pode ser entendida quando a combi- nação de dois fatores produz um resultado superior ao da soma iso- lada das partes? Admita-se que duas empresas se fundem e as áreas financeiras e de recursos humanos atuais ficariam sobrepostas. Um ganho de produtividade nessas áreas seria um exemplo de sinergia? 5. Considerações finais • A busca do valor justo (fair value) é ingrediente e informação fun- damentais para negociações que envolvam aquisição, alienação (venda), fusão, incorporação de empresas, e também que sejam relativas ao processo de formação de carteira de investimentos, em que se avaliam diversos ativos conjuntamente, entre outras deci- sões de investimento em geral. • Existem diversos métodos de avaliação de empresas, devendo sua escolha considerar o propósito da avaliação e as características pró- prias do empreendimento. Avaliação de Empresas–Valuation 30 • Na avaliação econômica de investimentos, o método de Fluxo de Caixa Descontado é o que contém o maior rigor técnico e conceitu- al para expressar o valor econômico de um ativo ou empresa, por focar a apuração de riqueza do investimento realizado, medido pelo valor presente de um fluxo de caixa, representativo dos benefícios econômicos esperados no futuro. • O valor justo (fair value) é calculado com base nas projeções de flu- xos de caixa futuros a serem gerados pela empresa ou outros ativos, trazidos a valor presente com o uso de uma taxa de desconto que reflete o risco do negócio. • O valor justo de mercado (fair market value) é formado pela livre interação entre demanda e oferta e admite-se que compradores e vendedores possuem o mesmo grau de conhecimento a respeito das transações envolvidas. Glossário • Mercado de balcão: o mercado de balcão nada mais é que mais um segmento do mercado de capitais, no qual são negociados títulos autorregulados sob fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários. Neste segmento, não existe um local físico determi- nado para as operações de compra e venda de ativos – que cos- tumam acontecer por telefone ou através de sistemas eletrôni- cos. Enquanto a Bolsa de Valores é um mercado organizado em que ativos financeiros são negociados, o mercado de balcão é um mercado onde são negociados os mais diversos títulos de valores mobiliários que não possuem autorização para serem negociados na Bolsa de Valores. Disponível em: <https://andrebona.com.br/o- -que-e-mercado-de-balcao/>. Acesso em: 31 out. 2018. Avaliação de Empresas–Valuation 31 • Risco de mercado: o risco de mercado decorre das condições da economia e afetam os preços dos ativos nos mercados como um todo. Esse tipo de risco é mais comum em investimentos que apre- sentam maior oscilação de valor, ou, como se diz no mercado finan- ceiro, são investimentosde alta volatilidade. Por exemplo, a osci- lação de preços na cotação das ações de uma empresa. Disponível em: <https://andrebona.com.br/risco-de-mercado/>. Acesso em: 31 out. 2018. • CDB DI: é um título de renda fixa com rendimento pós-fixado defi- nido pelo Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI; percentual de variação do indexador). Ao decorrer da aplicação, este percen- tual não é alterado. Por não existir a possibilidade de rentabilidade negativa, pois o rendimento CDB segue a oscilação das taxas de juros, de acordo com o percentual contratado, é um investimento indicada às pessoas de perfil conservador, ou seja, para quem pro- cura segurança e tranquilidade para aplicar seu dinheiro. Os ban- cos utilizam essa modalidade de captação para lastrear os emprés- timos para aquisição de veículos ou para financiar o capital de giro de empresas, por exemplo. Disponível em: <https://www.bb.com. br/pbb/pagina-inicial/voce/produtos-e-servicos/investimentos/in- vestimentos-de-baixo-risco-a-longo-prazo/cdb-di#/>. Acesso em: 31 out. 2018. • Opções reais: os métodos tradicionais de avaliação econômi- ca de projetos não consideram o valor associado à flexibilidade dos agentes econômicos em poder adiar as decisões sobre a im- plementação de um projeto. Para que se obtenha uma avaliação apropriada do valor das suas oportunidades de investimento, de- ve-se utilizar a teoria do investimento sob incerteza, conhecida por Teoria das Opções Reais (TOR). Por definição, uma opção real é o direito, mas não a obrigação, de empreender uma ação, por exem- plo, adiar, expandir, contrair ou abandonar um projeto, a um custo Avaliação de Empresas–Valuation 32 predeterminado, denominado preço de exercício, por um período preestabelecido: a vida da opção. • SANTOS JOAQUIM, Maísa et al. Aplicação da teoria das opções reais na análise de investimentos em sistemas agroflores- tais. CERNE, Universidade Federal de Lavras, v. 21, n. 3, 2015. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 2 1. A metodologia de avaliação de empresas – valuation – mais aceita pela comunidade acadêmica e de mercado é o Fluxo de Caixa Descontado (DCF, em inglês). Qual a razão disso? Indique a alternativa CORRETA. a) Porque o DCF é baseado em ativos e passivos contábeis. b) Porque o DCF, entre outros métodos, sempre con- duz ao maior valor de avaliação, o que beneficia as partes. c) Porque o DCF possui em seu cálculo o uso das opções reais e, por ser assim sofisticado, sempre conduz ao valor mais adequado. d) Porque o DCF é feito com base na comparação e ado- ção de valor de transações de empresas semelhantes. e) Porque o DCF expressa, a valor presente, os bene- fícios econômicos futuros esperados, descontados por uma taxa de atratividade, o WACC, que reflete o custo de oportunidade dos fornecedores de capi- tal, ou seja, os credores de longo prazo (Passivo Não Circulante) e os proprietários (Patrimônio Líquido). Avaliação de Empresas–Valuation 33 2. A taxa de desconto WACC (Weighted Average Cost of Capital em inglês), utilizada no método DCF, é o Custo Médio Ponderado de Capital. É uma taxa de juros especialmente relevante em Finanças. Por que o WACC é assim tão funda- mental? Indique a alternativa INCORRETA. a) Porque ele é formado somente pela média das linhas de financiamento bancário de longo prazo de que a empresa dispõe. b) Porque ele é a média entre o custo do capital de terceiros de longo prazo (PNC) e o custo do capital próprio (PL). c) Porque ele é a taxa de desconto utilizada no método de DCF. d) Porque ele representa o custo de oportunidade dos fornecedores de recursos para o financiamento de longo prazo da empresa, quer sejam credores, quer sejam proprietários. e) Nenhuma das alternativas anteriores está incorreta. 3. Preencha corretamente as lacunas da afirmação a seguir. O valor justo de mercado (fair market value) é formado pela livre interação entre demanda e oferta e admite-se que compradores e vendedores possuem o mesmo grau de _________ a respeito das transações envolvidas. O valor jus- to de mercado, portanto, deve representar e consubstan- ciar as expectativas dos agentes de mercado, compradores e vendedores, não se admitindo qualquer __________ das partes sobre a formação de preços (manipulação de mer- cado) ou acesso a informações __________ . E ainda que o mercado funciona em condições __________ de negociação. Avaliação de Empresas–Valuation 34 a) Influência; conhecimento; privilegiadas; críticas. b) Conhecimento; influência; relevantes; críticas. c) Conhecimento; influência; privilegiadas; normais. d) Conhecimento; expectativas; relevantes; normais. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. Referências bibliográficas ASSAF NETO, Alexandre. Curso de Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BREALEY, Richard A.; MYERS, Stewart C.; ALLEN, Franklin. Princípios de Finanças Corporativas. 10. ed. Porto Alegre: McGraw Hill Education, Bookman, 2013. BRIGHAM, Eugene F.; EHRHARDT, Michael C. Administração financeira: teoria e prá- tica. São Paulo: Cengage Learning, 2012. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Apresentação de laudo de avaliação no contexto de OPA Oferta Pública de Aquisição de Ações. Instrução CVM nº 361, de 05 de março de 2002. ______. Apresentação de laudo de avaliação no contexto de OPA Oferta Pública de Aquisição de Ações. Anexo III da Instrução CVM 361. Instrução CVM nº 436, de 5 de julho de 2006. COPELAND, Thomas E.; KOLLER, Tim; MURRIN, Jack. Avaliação de empresas – Valuation: calculando e gerenciando o valor das empresas. 3. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001. DAMODARAN, Aswath. Avaliação de empresas. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. ______. Valuation: como avaliar empresas e escolher as melhores ações. Rio de Janeiro: GEN – LTC, 2012. DE VASCONCELOS, Tiago; ARAÚJO FILHO, Hélio Ferraz; JUCÁ, Michele Nascimento. A relação dos ativos intangíveis e o valor de mercado das empresas. Revista Brasileira de Administração Científica, v. 7, n. 1, p. 147-159, 2016. Avaliação de Empresas–Valuation 35 GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. JUCÁ, Michele Nascimento. Aulas de Avaliação de Empresas – Valuation. Conteúdo ministrado dentro do Programa de Mestrado em Finanças da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014. OLIVEIRA, Nelson Bueno de. O impacto do aumento do disclosure na redução da assimetria de informação, abordada como componente do custo de capi- tal próprio. 2016. 87 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2016. Disponível em: <http://tede.mackenzie.br/ jspui/handle/tede/2815>. Acesso em: 13 dez. 2018. ROSS, Stephen A. et al. Fundamentos de Administração Financeira. 10. ed. Porto Alegre: Editora McGraw-Hill, 2015. Gabarito - Tema 02 Questão 1–Resposta correta: E. A alternativa E é a que corresponde à definição conceitual do DCF. Questão 2–Resposta correta: A. A alternativa A não condiz com a definição conceitual de WACC. Questão 3–Resposta correta: C. A alternativa C é a que preenche corretamente as definições sobre valor justo de mercado. Avaliação de Empresas–Valuation 36 TEMA 03 MÉTODO DO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO DCF – PARTE I Objetivos • Aprofundar-se no conhecimento do Método de Fluxo de Caixa Descontado (DCF, em inglês, Discounted Cash Flow). • Conhecer e saber fazer as projeções dos fluxos de cai- xa a serem utilizados para o cálculo de valor presente da empresa ou do ativo pelo Método DCF. • Conhecer ou revisar os conceitos de EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation, Depletion and Amortization) e EBIT (Earning Before Interest and Taxes). Avaliação de Empresas–Valuation 37 Introdução Conforme Damodaran (2007) e Jucá (2014), autorestratados no Tema 02, existem diversos métodos de avaliação de empresas, devendo sua esco- lha considerar o propósito da avaliação e as características próprias do empreendimento. Eles podem ser classificados nas seguintes principais técnicas: (a) baseadas em ativos e passivos contábeis e de mercado; (b) comparativas ou múltiplos de mercado, por exemplo, dez vezes o fatura- mento anual ou oito vezes a geração de caixa ou adoção de valor seme- lhante à transação de venda de uma empresa concorrente, etc.; (c) base- adas no desconto de fluxos de caixa futuros (fair value); (d) baseadas na cotação de mercado e (e) baseada em opções reais. No Tema 01, aborda-se conceitos amplos de valor, principalmente destacan- do que não se trata de um cálculo exato, e há presença significativa de vie- ses nos números calculados. Registra-se também que a Comissão de Valores Mobiliários preceitua quais métodos são aceitos na prática brasileira, em consonância com os métodos citados por Damodaran (2007) e Jucá (2014). No Tema 02, estuda-se os métodos existentes, em grandes linhas. Porém há que se ressaltar que há um consenso na comunidade acadêmica e de mercado de que o Método do Fluxo de Caixa Descontado é o que produz um cálculo com maior correlação com o valor de mercado, que as empre- sas de capital aberto apresentam em bolsas de valores. Sobre números contábeis, há que se ressaltar que é muito natural que o valor de mercado de uma empresa de capital aberto (cotação nas bolsas de valores) normalmente seja superior ao do patrimônio líquido, da con- tabilidade (avaliado a valor de mercado). Isso pelo fato de a contabilida- de, por mais bem-feita que seja – consideradas as International Financial Reporting Standards (IFRS) –, não capturar plenamente as realidades eco- nômicas provenientes do “Goodwill”, ou seja, atributos de reputação, mar- ca, inovação, clima organizacional, perfil do CEO, etc. Os ativos intangíveis, Avaliação de Empresas–Valuation 38 que estão na contabilidade, como se sabe, refletem somente parcialmen- te tais fatores, que são abrangidos pelo “Goodwill”. 1. Método do Fluxo de Caixa Descontado (DCF) Brealey, Myers e Allen (2013) afirmam que investidores individuais ven- dem e compram ações de empresas rotineiramente, enquanto as empre- sas compram e vendem outras empresas ou participações em outras em- presas, em processos de fusões, incorporações e cisões. Conforme a Lei n. 6.404/76, a Lei das Sociedades por Ações, a cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, deixando de existir a sociedade cindida. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obriga- ções. As sociedades objeto da fusão deixam de existir após o processo. Por sua vez, a incorporação é a operação pela qual uma ou mais socie- dades são absorvidas por outra, a incorporadora, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. As empresas absorvidas deixam de existir, enquanto a sociedade incorporadora permanece em ser, naturalmente com tamanho maior. Os investidores individuais, por sua vez, recebem relatórios das correto- ras das quais são clientes, com recomendações de compra ou de venda de ações. Se pelo cálculo de valuation, uma ação é considerada barata, ou seja, o valor calculado é superior ao da cotação de mercado, esta ação po- deria ser comprada. Ao contrário, se o valor calculado for menor do que o da cotação de mercado, esta ação estaria cara e poderia ser vendida, caso o cliente a tenha em seu portfólio de investimentos. O método do Fluxo de Caixa Descontado, conforme abordado preliminar- mente no Tema 02, é dado pela seguinte formulação. Como se aborda no Avaliação de Empresas–Valuation 39 Tema 02, o DCF é o método mais vigoroso conceitualmente, aceito pela comunidade acadêmica e de mercado. FC1 FC2 FC3 FCn Valor do ativo = + + + ⋯ + (1 + WACC) (1 + WACC)^2 (1 + WACC)^3 (1 + WACC)^n Na fórmula acima, o símbolo (^2) significa um número elevado à segunda potência, como, por exemplo 22 = 4. Nos Tema 04 e 05, aprofunda-se o estudo do cálculo de DCF. Neste Tema 03, foca-se as projeções de fluxos de caixa para uso no DCF. FCn significa um fluxo projetado futuro que seja perpétuo. No Tema 05, os horizontes de análise do DCF serão me- lhor discutidos. A taxa de desconto WACC é o Custo Médio Ponderado de Capital (em inglês, Weighted Average Cost of Capital). Essa taxa de juros baliza as de- cisões financeiras e de investimento. Os projetos empresariais têm que apresentar rentabilidade superior ao WACC, como forma de agregar valor à empresa. Nessa taxa, portanto, considera-se consubstanciado o risco pertinente ao ativo. Tal taxa é utilizada para trazer ao valor presente os fluxos de caixa futuros projetados. PARA SABER MAIS Corretoras de títulos e de valores mobiliários. Uma correto- ra de títulos e valores mobiliários é uma entidade que atua no mercado financeiro como uma intermediadora de negó- cios entre investidores e outras instituições. As corretoras trabalham com diversas modalidades de papeis, como CDB (Certificado de Depósitos Bancários), LCI (Letras de Crédito Imobiliário), Tesouro Direto (títulos públicos do Governo Federal), Ações, entre outros ativos. Avaliação de Empresas–Valuation 40 As corretoras também prestam serviços, como assessoria técnica, administração de carteiras de ativos, entre outros. No Brasil, as corretoras são fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br) e pela Comissão de Valores Mobiliários (www.cvm.gov.br). A diferença em ser atendido por uma corretora ao invés de um banco é a diversificação, não só em termos de tipos de produtos como também de emissores dos papeis. Mais co- mumente, o cliente de um banco só consegue aplicar nos produtos desse próprio banco. Diferentemente, em uma corretora, o cliente pode escolher entre produtos ofertados por outros emissores, quer sejam bancos, empresas etc., po- dendo haver um ganho em termos de menores tarifas entre outras condições. Sobre corretoras de valores, consulte: <https://andrebona. com.br/corretora-de-valores-entenda-como-funcionam-e- -se-voce-precisa-de-uma/>. Acesso em: 31 out. 2018. 2. Fluxo de Caixa Livre para a Empresa (FCLE) Conforme Damodaran (2007), Brealey, Myers e Allen (2013); e Jucá (2014), o método de Fluxo de Caixa Descontado é o que melhor evidencia a gera- ção de riqueza de um ativo, por retratar, em valor presente (data de hoje), a conjugação de entradas e saídas futuras de caixa, projetadas ao longo do tempo, durante a vida útil a ser considerada no horizonte de análise do projeto, ativo ou empresa, ponderado o nível de risco que tais projeções futuras apresentam. Segundo Martins (2013), o art. 183 da Lei n. 6404/76 prevê que a diminui- ção do valor dos elementos dos ativos imobilizados e intangíveis é feita da Avaliação de Empresas–Valuation 41 seguinte forma: (a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; (b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos de propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; (c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente de sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplica- dos nessa exploração. A depreciação, exaustão e amortização merecem atenção porque são apropriadas no regime de competência da contabilidade. Porém, para efeito de cálculo ou projeção de fluxos de caixa, os valores referentes aos custos e despesas de depreciação, amortização e exaustão não são conta- dos como saídas de caixa. O regimede competência e o regime de caixa, da contabilidade, são abordados a seguir. Considerando-se as perspectivas para a empresa, tanto para seu mercado de atuação, quanto para si própria, faz-se projeções para os benefícios econô- micos de caixa no horizonte de tempo. O Fluxo de Caixa Livre para a Empresa (FCLE) é o fluxo de caixa resultante e disponível para os credores e acionistas. O cálculo do FCLE, segundo Assaf Neto (2011), é feito da seguinte forma: Quadro 1 | Cálculo do fluxo de caixa livre para a empresa FCLE Descrição do item Valores (hipotéticos) RECEITA OPERACIONAL BRUTA 12.000.000 (-) Deduções e Tributos sobre Vendas. (1.000.000) (-) Custos e Despesas Operacionais (exceto depre- ciação, exaustão e amortização, que não possuem efeito caixa). (4.000.000) Avaliação de Empresas–Valuation 42 Descrição do item Valores (hipotéticos) (=) EBITDA (Lucro antes dos juros, do IRPJ, da depreciação, exaustão e amortização) (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation, Depletion And Amortization, em inglês). 7.000.000 (-) Custos e Despesas de Depreciação (Exaustão e Amortização) (não representam desembol- sos de caixa) * (500.000) (=) EBIT (Lucro antes dos juros e do IRPJ) (Earning Before Interest and Taxes, em inglês) (o EBIT é a base de cálculo do IRPJ, que inclui depreciação, etc.). 6.500.000 (-) Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ (que é cal- culado sobre o EBIT). (1.500.000) (+) Depreciação (exaustão e amortização)–Para efeito de cálculo de fluxo de caixa, não se conside- ra a Depreciação como saída. * 500.000 (=) FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL 5.500.000 (-) Gastos com investimentos CAPEX (Capital Expenditures: gastos, investimentos em bens de ca- pital, máquinas, etc.). (700.000) (-) Variações nas necessidades de capital de giro. (300.000) (=) FCLE Fluxo de Caixa Livre para a Empresa 4.500.000 Fonte: adaptado de Assaf Neto (2011). Segundo Damodaran (2007), o Fluxo de Caixa Livre para a Empresa são os fluxos de caixa antes do pagamento das dívidas (credores) e dos dividen- dos (acionistas), subtraindo-se do lucro operacional – após o Imposto de Avaliação de Empresas–Valuation 43 Renda Pessoa Jurídica IRPJ – as necessidades de investimento para sus- tentar o crescimento. As projeções do FCLE são utilizadas no método DCF. O FCLE é semelhante à apuração do lucro contábil. Porém, ele considera o regime de caixa, da contabilidade, e não o regime de competência. Como se sabe, o regime de caixa apropria as receitas e despesas na data em que ocorrem. Por sua vez, o regime de competência prevê o registro das receitas e despe- sas nos períodos a que se referem, independentemente de as entradas já terem ocorrido ou de os pagamentos efetivos já terem sido realizados. Por exemplo, no regime de competência, se uma empresa vende a prazo, concedendo 60 dias para seu cliente pagar, a receita é contabilizada já na realização da venda, embora a entrada de caixa venha a ocorrer somente 60 dias após. Se essa transação fosse feita no regime de caixa, a receita so- mente seria apropriada no momento do efetivo recebimento, ou seja, 60 dias após a transação de venda. A contabilização da depreciação, por sua vez, é feita no regime de competência, porém, por não haver desembolso, não é considerada como saída de caixa, em função do regime de caixa. PARA SABER MAIS CAPEX (Capital Expenditures, gastos de capital) são investi- mentos incrementais em máquinas, equipamentos, imóveis, pesquisa e desenvolvimento (P&D), logística, entre outros. São gastos considerados fundamentais para a sustentação dos fluxos de caixa futuros. PARA SABER MAIS As variações nas necessidades de capital de giro (caixa, duplica- tas a receber e estoques) são estabelecidas com base no volume de vendas e de produção. Aumentos na necessidade de capital de giro reduzem os fluxos de caixa. Reduções nas necessidades de capital de giro, por sua vez, elevam os fluxos de caixa. Avaliação de Empresas–Valuation 44 3. EBITDA e EBIT. Depreciação, exaustão e amortização O EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation, Depletion and Amortization) é o lucro antes dos juros, do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), da depreciação, da amortização e da exaustão. A deprecia- ção incide sobre os bens da empresa, enquanto que a amortização sobre alguns direitos como a propriedade industrial, patentes, e a exaustão so- bre reservas minerais. O objetivo básico da depreciação, da amortização e da exaustão é o de recuperar o capital investido no ativo e que é utilizado por mais de um exercício. A depreciação, amortização e exaustão não implicam em de- sembolso de caixa imediato. Porém, é essencial, em termos econômicos, que sejam reconhecidas como custos e despesas, para poderem estar nas planilhas de cálculo do preço de venda dos produtos e serviços. Para uma revisão mais completa sobre depreciação, amortização e exaustão recomenda-se a consulta do livro de Martins et al. (2013). O EBIT (Earning Before Interest and Taxes) é o lucro antes dos juros e do IRPJ. O EBIT é calculado a partir do EBITDA menos as despesas e custos de depreciação, exaustão e amortização. A importância do EBIT é que ele é a base de cálculo para o IRPJ. Note-se que, no regime de competência, os valores de depreciação, exaustão e amortização são considerados negati- vamente para cálculo do EBIT. EXEMPLIFICANDO Tome-se como exemplo uma empresa hipotética que se esquecesse de contabilizar a depreciação da frota de cami- nhões de que se utiliza. A contabilização é feita a débito de uma conta de custo ou de despesa e a crédito da conta de- preciação acumulada, que é redutora do ativo imobilizado. Avaliação de Empresas–Valuation 45 Como o desgaste de seus caminhões não é apropriado, tal fa- tor não é incorporado na planilha de custos e despesas. Logo, quando a empresa forma o preço de venda do frete que cobra de seus clientes, sem considerar a depreciação como custo, não cobrará isso de seus clientes. Passados, por exemplo, cin- co anos, tal fato ficará explícito pois não haverá reservas fei- tas para financiar ainda que parcialmente a renovação de sua frota. Percebe-se, então, que apesar de a depreciação não ter efeito caixa imediato, ela é um componente importante, em termos econômicos, dos custos e despesas de uma empresa e é reconhecida no regime de competência da contabilidade. Ressalta-se que a taxa de juros a ser utilizada como taxa de desconto, para trazer a valor presente tais projeções de fluxos de caixa futuros é o WACC (Custo Médio Ponderado de Capital). O Tema 04 trata especifica- mente e detalhadamente dessa taxa de juros. No Tema 05, há abordagem sobre os horizontes de análise. Cita-se que há um outro conceito denominado Fluxo de Caixa Livre para o Acionista (FCLA), porém não é utilizado propriamente em cálculos de valuation, conforme aceito pela comunidade acadêmica e de mercado. ASSIMILE Todos os fluxos de caixa, para efeito do método do Fluxo de Caixa Descontado são calculados líquidos do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, consideradas os investimentos de CAPEX e as variações na necessidade de capital de giro. Note-se que os custos e despesas de depreciação, exaustão e amortização não são considerados como saídas de caixa para efeito do Fluxo de Caixa Livre para a Empresa. Para cálculo dos fluxos de caixa, considera-se o regime de caixa e não o de competência. Avaliação de Empresas–Valuation 46 QUESTÃO PARA REFLEXÃO Por que os valores referentes aos custos e despesas de depreciação, exaustão e amortização não são considerados como saídas de caixa no cálculo do Fluxo de Caixa Livre para a Empresa? Fazer projeções para os benefícios econômicos futuros, traduzidos no FCLE, é algo simples? Na prática empresarial, qual a melhor forma de se fazer as projeções de FCLE? Quais profissionais devem ser envolvidos nessa tarefa? Qual horizontede tempo deve ser considerado no cálculo de valor pelo método do Fluxo de Caixa Descontado? Esse assunto será apro- fundado no Tema 05. 4. Considerações finais • O método do Fluxo de Caixa Descontado é um valor presente que utiliza como taxa de desconto o Custo Médio Ponderado de Capital. • O Fluxo de Caixa Livre para a Empresa são os fluxos de caixa antes do pagamento das dívidas (credores) e dos dividendos (acionistas), subtraindo-se do lucro operacional – após o Imposto de Renda Pessoa Jurídica – as necessidades de investimento para sustentar o crescimento. • As projeções do FCLE são utilizadas no método do Fluxo de Caixa Descontado. • Há que se ter um cuidado ao tratar das despesas e custos de depre- ciação, amortização e exaustão, uma vez que tais itens não significam desembolsos de caixa. • O WACC é abordado no Tema 04. Avaliação de Empresas–Valuation 47 Glossário • Goodwill: é um valor pertencente às empresas pela sinergia entre todos os ativos, inclusive intangíveis, registrados contabilmente ou não, e por outros aspectos como a reputação, a gestão, o clima organizacional, a força de vendas, a capacidade de distribuição, a localização, a fidelidade da clientela, o perfil do CEO, etc., que pro- movem retornos acima do considerado normal, ou seja, expecta- tiva de rentabilidade futura acima do normal. Goodwill, em termos práticos, possui uma definição operacional, referendada pela lite- ratura contábil, nestes termos: é a diferença entre o valor total da empresa, por exemplo, a cotação das ações ordinárias em mer- cado de bolsas de valores e seu patrimônio líquido (valor contá- bil) avaliado a valores de mercado. Disponível em: MARTINS, Eliseu et al. Goodwill: uma análise dos conceitos utilizados em trabalhos científicos. Revista Contabilidade & Finanças, v. 21, n. 52, 2010. • IFRS: no Brasil, o início do processo de harmonização das políticas contábeis brasileiras se deu por meio da adoção das International Financial Reporting Standards (IFRS), a partir das Leis n. 11.638/07 e n. 11.941/09. Entre outros benefícios, espera-se que a adoção das IFRS proporcione um aumento na transparência ou disclosure e comparabilidade internacional das demonstrações financeiras. A adoção integral das IFRS no Brasil é obrigatória a partir do ano ca- lendário de 2010, cujas demonstrações contábeis são publicadas no primeiro quadrimestre de 2011. • Disponível em: OLIVEIRA, Nelson Bueno de. O impacto do aumen- to do disclosure na redução da assimetria de informação, abor- dada como componente do custo de capital próprio. 2016. 87 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2016. Disponível em: <http://tede.mackenzie. br/jspui/handle/tede/2815>. Acesso em: 13 dez. 2018. Avaliação de Empresas–Valuation 48 • Depreciação (ou exaustão ou amortização): a depreciação do perí- odo deve ser normalmente reconhecida no resultado. No entanto, por vezes os benefícios econômicos futuros incorporados no ativo são absorvidos para a produção de outros ativos. Nesses casos, a de- preciação faz parte do custo de outro ativo, devendo ser incluída no seu valor contábil. Por exemplo, a depreciação de máquinas e equi- pamentos de produção é incluída nos custos de produção de estoque (produtos acabados). De forma semelhante, a depreciação de ativos imobilizados usados para atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) pode ser incluída no custo de um ativo intangível. Disponível em: Comitê de Pronunciamentos Contábeis–pronunciamento técnico CPC 27–Ativo Imobilizado, item 43. Ver também Martins et al. (2013). VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 3 1. Preencha corretamente as lacunas da afirmação a seguir. A taxa de desconto denominada __________ [utilizada no método de Fluxo de Caixa Descontado DCF, que contém projeções de fluxos de caixa por intermédio do __________ (Fluxo de Caixa Livre para a Empresa)] chama-se Custo Médio Ponderado de Capital, em inglês, Weighted Average Cost of Capital. Essa taxa de juros baliza as decisões financeiras e de investimento. Os projetos empresariais têm que apre- sentar rentabilidade __________ ao WACC, como forma de agregar __________ à empresa. Nessa taxa, portanto, considera-se consubstanciado o risco pertinente ao ativo. Tal taxa é utilizada para trazer ao valor presente os fluxos de caixa futuros projetados. Avaliação de Empresas–Valuation 49 a) FCLE; WACC; superior; valor. b) WACC; FCLE; superior; valor. c) SELIC; WACC; inferior; lucros. d) WACC; FCLA; inferior; valor. e) WACC; FCLE; igual; lucros. 2. Calcule: (a) o EBITDA lucro antes dos Juros, do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, da depreciação, exaustão e amorti- zação e (b) o Fluxo de Caixa Livre para a Empresa, utilizando as informações seguintes. Indique a alternativa CORRETA. Descrição do item Valores Receita Operacional Bruta. 25.000.000 (-) Deduções e Tributos sobre Vendas. (2.000.000) (-) Custos e Despesas Operacionais (exceto depreciação, exaustão e amortização, que não possuem efeito caixa). (7.000.000) (=) EBITDA (Lucro antes dos juros, do IRPJ, da de- preciação, exaustão e amortização) (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation, Depletion And Amortization, em inglês). (-) Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ (que é calculado sobre o EBIT (Earning Before Interest and Taxes, em inglês) (3.500.000) (-) Gastos com investimentos (CAPEX Capital Expenditures: investimentos em bens de ca- pital, máquinas, etc.). (1.500.000) (-) Variações nas necessidades de ca- pital de giro. (1.000.000) (=) FCLE Fluxo de Caixa Livre para a Empresa. Avaliação de Empresas–Valuation 50 a) EBITDA = 15.000.000; FCLE = 10.000.000. b) EBITDA = 17.000.000; FCLE = 10.000.000. c) EBITDA = 16.000.000; FCLE = 11.000.000. d) EBITDA = 16.000.000; FCLE = 10.000.000. e) EBITDA = 18.000.000; FCLE = 10.000.000. 3. Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as afir- mações falsas. Indique a sequência nas alternativas a se- guir. Indique a alternativa CORRETA. ( ) O valor da depreciação dos bens do ativo imobilizado NÃO é contado como saída de caixa no estabelecimento do Fluxo de Caixa Livre para a Empresa. ( ) O valor do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (calculado sobre o EBIT) NÃO é contado como saída de caixa para estabeleci- mento do Fluxo de Caixa Livre para a Empresa. ( ) O valor dos investimentos em CAPEX (em bens de capital, etc.) e o valor da variação da necessidade de capital de giro NÃO são contados como saída de caixa para estabelecimen- to do Fluxo de Caixa Livre para a Empresa. a) F – F – F. b) V – V – V. c) V – F – F. d) V – V – F. e) F – F – V. Referências bibliográficas ASSAF NETO, Alexandre. Curso de Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. Avaliação de Empresas–Valuation 51 BREALEY, Richard A.; MYERS, Stewart C.; ALLEN, Franklin. Princípios de Finanças Corporativas. 10. ed. Porto Alegre: McGraw Hill Education, Bookman, 2013. BRIGHAM, Eugene F.; EHRHARDT, Michael C. Administração financeira: teoria e prática. São Paulo: Cengage Learning, 2012. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Apresentação de laudo de ava- liação no contexto de OPA Oferta Pública de Aquisição de Ações. Instrução CVM nº 361, de 05 de março de 2002. ______. Apresentação de laudo de avaliação no contexto de OPA Oferta Pública de Aquisição de Ações. Anexo III da Instrução CVM 361. Instrução CVM nº 436, de 5 de julho de 2006. COPELAND, Thomas E.; KOLLER, Tim; MURRIN, Jack. Avaliação de empre- sas – Valuation: calculando e gerenciando o valor das empresas. 3. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001. DAMODARAN, Aswath. Avaliação de empresas. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. ______. Valuation: como avaliar empresas e escolher as melhores ações. Rio de Janeiro: GEN – LTC, 2012.
Compartilhar