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1 2 3 Francisca Francirene Tomaz Parente Francisca Neide Camelo Martins Rodrigues. Adriana Pinto Martins Maria da Paz Arruda Aragão Neudiane Moreira Felix PESQUISA E PRÁTICA DE GESTÃO EDUCACIONAL 1ª Edição Sobral/2017 4 5 Sumário Palavra das Professoras autoras Sobre as autoras Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando UNIDADE DE ESTUDO I: A ORGANIZAÇÃO DA GESTÃO EDUCACIONAL NO BRASIL A Política da Gestão Educacional no Brasil A Gestão Educacional nos Princípios Legais. A Gestão Educacional no mundo Contemporâneo UNIDADE DE ESTUDO II: CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA GESTÃO EDUCACIONAL A gestão participativa nas escolas As relações entre a gestão da educação e da escola UNIDADE DE ESTUDO III: A GESTÃO DA ESCOLA NA ORGANIZAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR O Método e a Organização da Gestão Escolar. Como construir o funcionamento organizacional e curricular da escola? A Gestão da escola e a construção do P.P.P. 6 UNIDADE DE ESTUDO IV: FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS QUE REGEM A EDUCAÇÃO A Legislação Educacional e a formação dos profissionais da educação Como estimular ações inovadoras na gestão educacional e escolar? Explicando melhor com a pesquisa Leitura obrigatória Pesquisando na internet Saiba mais Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia da Web Vídeos 7 Palavra das professoras autoras Prezados estudantes, bem-vindos à disciplina Pesquisa e Prática de Gestão Educacional que propõe suscitar uma reflexão sobre: a concepção de gestão educacional, suas políticas e a formação do profissional de educação. Este estudo tem a particularidade de ser interdisciplinar, oportunidade de formar um profissional de educação que tenha condições de conhecer teoricamente as fundamentações da gestão educacional para agir no âmbito escolar. Fundamentado na ciência, o gestor encontra nesse estudo um espaço de reflexão sistemática, através de textos, e outros materiais que serão disponibilizados de modo a assegurar a qualificação do profissional em suas competências necessárias a sua formação profissional. As autoras! 8 Sobre as Autoras Francisca Francirene Tomaz Parente. Mestre em Ciências da Educação conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias ULHT – Lisboa/Portugal (2012). Possui graduação em Gestão Escolar pela Universidade Estadual do Ceará (2003). Atualmente é coordenadora do curso de Pedagogia presencial do UNINTA – Centro Universitário INTA. Tem experiência na formação de professores e gestores escolares atuando na área temática de organização do trabalho pedagógico e fundamentos da educação. Tem experiência como professora formadora no curso PROFORMAÇÃO e PROINFANTIL e como tutora no curso PROGESTÃO. Francisca Neide Camelo Martins Rodrigues. Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Portugal). Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (1989), especialista em Magistério de 1º Grau pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (1994). Atualmente Pró-Diretora de Supervisão Institucional e Ouvidora do UNINTA – Centro Universitário INTA, Diretora Geral do Centro de Educação Básica Sobralense - CEBAS. Adriana Pinto Martins. Especialista em Gestão Escolar pelo Instituto EDUCAR (2014). Pedagoga pela Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA (2003). Desenvolveu trabalhos como Supervisora Pedagógica pela Secretaria de Educação do município de Ipu/Ce (2009). Atuou como Tutora Educacional do PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR - 9 GESTAR II, em Ipu/Ce. Atualmente Gerente de Projetos no acompanhamento do material didático para os cursos de Educação a Distância – EAD do UNINTA – Centro Universitário INTA. Maria da Paz Arruda Aragão. Especialista em Gestão Docência do Ensino Superior pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA (2014). Especialista em Gestão Escolar - UDESC (2004). Pedagoga pela UVA (1986). Vem atuando na área de educação desde 1986, nas funções de professora, coordenadora pedagógica e diretora escolar. Desde 2015, participa do programa PARFOR/CAPES/UVA como Professor Pesquisador II do Plano Nacional de Articulação e Formação de Professor da Educação Básica. Atualmente atua na área de EaD - Educação a Distância do UNINTA – Centro Universitário INTA como assistente de coordenação do curso de Pedagogia. Neudiane Moreira Felix. Especialista em Gestão e Docência do Ensino Superior pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Desde 2015, participa do programa PARFOR/CAPES/UVA como Professor Pesquisador II do Plano Nacional de Articulação e Formação de Professor da Educação Básica. Atualmente atua na área de Educação a Distância do UNINTA – Centro Universitário INTA. 10 Ambientação à disciplina Olá estudantes! A partir dos estudos desta disciplina, irá aprender sobre as competências técnico-administrativas e políticas necessárias ao exercício da função de gestor escolar assim como, a liderança democrática com a legitimidade e a competência de saberes, teóricos e práticos no exercício da Gestão Escolar. Para tanto, discutiremos o papel do gestor escolar na construção de uma escola mais autônoma e crítica que vise a transformação social. No decorrer dos estudos compreenderá a organização e o funcionamento do projeto político-pedagógico no contexto escolar, tendo em vista o desenvolvimento de um trabalho eficiente e integrado com a realidade do contexto atual da educação. Você está convidado (a) para partilhar estes e outros saberes que serão indispensáveis na construção de seus conhecimentos como protagonista da práxis educacional. Bons estudos! 11 Trocando ideias com os autores Agora é o momento de você trocar ideias com os autores Sugerimos a leitura da obra Gestão Educacional: uma questão paradigmática. A autora traz discussões sobre a falta de profissionais qualificados nas redes de ensino e relata casos sobre gestão e administração educacional. Nesse livro, a autora mostra também como a gestão escolar é complexa e o quanto é pouco discutida pelos profissionais de educação. A sua proposta é fazer um elo entre as pessoas e a escola e promover avanços na área da educação. Uma obra indispensável para os estudantes do curso de Pedagogia, futuros gestores e educadores. LUCK, HELOÍSA. Gestão educacional: uma questão paradigmática. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. 116 p. ISBN 978-85-326-3296-8. 12 Propomos também a leitura do livro Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos. Uma obra maravilhosa que propõe contribuir com o debate sobre a gestão da educação. Reúne ensaios de pesquisadores e professores que vêm debatendo, refletindo, criticando e expondo diversos olhares sobre a política e a gestão da educação numa conjuntura mundial marcada pela diminuição da presença do Estado, pela crescente exclusão de contingentes popularese pelo avanço das forças do mercado. AGUIAR, MÁRCIA ÂNGELA DA S. (ORG.); FERREIRA, NAURA SYRIA CARAPETO. Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2009. 320 p. ISBN 978-85-249-0753-1. GUIA DE ESTUDO: Após a leitura das obras, escolha uma e realize uma síntese a partir das ideias que ficaram mais presentes em sua memória, em seguida compartilhe com seus colegas na sala virtual através do fórum de debates. 13 Problematizando Hoje as políticas educacionais têm defendido a gestão democrática fundamentando as propostas pedagógicas e curriculares das escolas. Baseado nesses conceitos remete-se ao pensamento de Freire quando diz: É verdade que, sem liderança, sem disciplina, sem ordem, sem decisão, sem objetivos, sem tarefas a cumprir e contas a prestar, não há organização e, sem esta, se dilui a ação revolucionária. Nada disso, contudo, justifica o manejo das massas populares, a sua coisificação (FREIRE, 1975, p. 251). Qual a definição da expressão “gestão democrática” no âmbito escolar de hoje? Está na mesma dimensão das políticas públicas educacionais? Que atividades da gestão escolar demonstra a participação coletiva? Qual o perfil do gestor educacional que se pretende formar para atender a demanda atual da escola? Atualmente como são definidas e desenvolvidas as atribuições do gestor educacional nas escolas considerando a realidade da diversidade cultural e a importância da formação democrática e participativa? GUIA DE ESTUDO: Considerando como ponto de partida os questionamentos acima, descreva como deve ser desenvolvida a gestão escolar considerando esses princípios e valores. Procure trocar opiniões e comentários com seus colegas na Sala Virtual. 14 15 A ORGANIZAÇÃO DA GESTÃO EDUCACIONAL NO BRASIL 1 CONHECIMENTOS Compreender e analisar o processo de gestão da educação no Brasil, identificando o contexto social e político que marcaram sua trajetória histórica. HABILIDADES Discutir a política da gestão educacional idealizada nas legislações brasileiras baseado nos contextos reais das instituições educacionais. ATITUDES Posicionar-se em relação aos conceitos adquiridos como ser atuante na formação do pensamento da gestão educacional brasileira. 16 17 A Política da Gestão Educacional no Brasil O contexto da abertura política nacional dos anos 80 deu espaço para que a educação fosse pensada a partir da realidade escolar. As novas políticas públicas passaram a contemplar a descentralização administrativa e gestão escolar participativa de cunho democrático, com o foco na realidade da escola e de suas comunidades. O final do século XX apresenta várias mudanças na política da administração da educação brasileira onde a legislação política proporciona mais participação da sociedade, inclusive com descentralização dos recursos financeiros. O Estado passa a permitir e incentivar a existência de várias formas mais democráticas do gerenciamento escolar. Nesses últimos anos as políticas educacionais da gestão escolar têm priorizado a qualidade do ensino considerando os resultados da aprendizagem. A gestão é o meio de administrar a educação para atingir os objetivos, as metas avaliando os processos e resultados da aprendizagem e assim fazer os ajustes necessários que atendam as demandas educacionais. Enfim, a gestão considerada eficiente é aquela capaz de administrar a instituição de forma consciente buscando a melhoria da educação, do ensino, da escola e da aprendizagem. As políticas públicas buscam a gestão participativa e com ela a qualidade da educação através do ensino que desenvolva competências e habilidades do aluno na leitura do mundo como protagonista da história, desenvolvendo o raciocínio lógico no entendimento dos fatos históricos e sociais. A gestão educacional visa desenvolver os conceitos e as formas de administrar a educação de forma que possibilite a escola criar novos padrões de organizar a gestão garantindo o efetivo ensino e a significativa aprendizagem. 18 Segundo Matos e Bassoli (2004, p. 3): As políticas públicas podem ser conceituadas como instrumentos de execução de programas políticos baseados na intervenção estatal na sociedade com a finalidade de assegurar igualdade de oportunidades aos cidadãos, tendo por escopo assegurar as condições materiais de uma existência digna a todos os cidadãos. Segundo Saut (2007) as políticas públicas representam um ponto fundamental da rede de garantia dos direitos porque integram o conceito e a função social do Estado, e porque constituem a primeira instância de soluções, possibilidades e oportunidades de transformação da realidade. A gestão escolar visa conhecimento da política educacional, da organização do trabalho pedagógico, dos fundamentos da educação para orientar na tomada de decisões e supervisão da escola como um todo. “Gestão da educação significa ser responsável por garantir a qualidade de uma mediação no seio da prática social global” (SAVIANI, 1996, p. 120). A sociedade e a educação devem servir de pontos de referências no processo de planejamento e desenvolvimento das políticas das gestões educacionais do sistema de ensino. É importante reconhecer o contexto real que a escola está inserida para dar suporte no planejamento das estratégias de ensino. Não basta existir a lei educacional, é necessário disponibilizar escola de qualidade com recursos humanos qualificados e materiais didáticos diversificados com possibilidade de atender a demanda escolar e social construindo saberes e fazeres que possibilitem formar o cidadão crítico, consciente e reflexivo. 19 De acordo com Dourado (2007) não tem como dissociar políticas públicas da gestão escolar, muitos programas foram criados, objetivando contribuir para o processo de democratização da escola pública. A gestão escolar deve ser conhecedora do processo educativo desenvolvido no contexto sociocultural, pelas práticas docentes que se efetiva no ensino e na aprendizagem, pelas formas organizacionais da escola através das propostas pedagógicas, metodológicas e curriculares. A gestão educacional constitui uma área importante da educação através da função social da escola relacionando as questões educacionais com a visão estratégica das ações interligadas com o perfil de aluno que a escola pretende formar. Os gestores precisam se envolver com as questões político educativas para que as escolas públicas desenvolvam a formação do aluno com capacidade de conquistar a educação que forme a igualdade de direitos para todos respeitando as culturas diversas. É importante saber Gestão de Sistema Educacional A gestão de sistema implica o ordenamento normativo e jurídico e a vinculação de instituições sociais por meio de diretrizes comuns. A democratização dos sistemas de ensino e da escola implica aprendizado e vivência do exercício de participação e de tomadas de decisão. Trata-se de um processo a ser construído coletivamente, que considera a especificidade e a possibilidade histórica e cultural de cada sistema de ensino, municipal, distrital, estadual ou federal de cada escola. Gestão da Escola Pública Trata-se de uma maneira de organizar o funcionamento da escola pública quanto 20 aos aspectos políticos, administrativos, financeiros, tecnológicos,culturais, artísticos e pedagógicos, com a finalidade de dar transparência às suas ações e atos e possibilitar à comunidade escolar e local a aquisição de conhecimentos, saberes, ideias e sonhos, num processo de aprender, inventar, criar, dialogar, construir, transformar e ensinar. Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Gestão da educação escolar. Brasília: UnB/ CEAD, 2004. No cenário atual da educação a gestão do ensino é objeto de estudo da política educacional procurando compreender os fatores que compõem esse processo e os segmentos escolares que também são envolvidos. O projeto político pedagógico da escola idealiza uma gestão que promova a prática pedagógica qualificada podendo repercutir na aprendizagem significativa do aluno. Legalmente a educação brasileira se institucionaliza como democrática e participativa através da organização do seu sistema de ensino e do desenvolvimento das instituições educacionais. Ainda existe a necessidade de pesquisas e experiências sobre a melhor forma de gerir a educação fundamentada nos princípios e valores da família, escola e sociedade. Várias medidas da política da gestão educacional têm sido idealizadas e planejadas para a melhoria dos indicadores educacionais, mas a qualidade da educação, sendo foco maior da meta principal, ainda apresenta baixos indicadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), de grande parte dos municípios brasileiros. A pretendida eficiência da gestão educacional é orientada pelos princípios legais da educação brasileira visando um padrão de gestão cuja qualidade resulte 21 da organização administrativa dos resultados alcançados no ensino e na aprendizagem. O modo democrático de gestão abrange o exercício do poder, incluindo os processos de planejamento, a tomada de decisões e a avaliação dos resultados alcançados. É importante a participação das comunidades escolar e local na gestão, descentralizando os processos de decisão e dividindo as responsabilidades, envolvendo assim todos os componentes escolares na construção da educação de qualidade. Nesse processo de organização gerencial devem ser envolvidos os aspectos pedagógicos, financeiros e administrativos. Na gestão competente são desenvolvidas atividades pedagógicas que garantem a conquista e a confiança mútua entre os membros da escola validando a realidade local com os desafios da atualidade educacional. A formação dos gestores para atuarem em educação é uma estratégia importante para entender todo o processo educacional, trabalhando baseado nas teorias pedagógicas e nas práticas docentes. SAIBA MAIS Política Educacional, Administração e Qualidade. A relação que se quer estabelecer entre qualidade e participação no contexto escolar vai muito além da competência técnica capaz de ser resolvida pela competência dos gestores, pais, professores, alunos, funcionários. Ela envolve questões políticas internas e externas à escola e que vislumbram no desenvolvimento do processo educacional. Os desafios educacionais e os problemas escolares têm sido creditados na participação das comunidades escolar e local, que devem estar preparadas para entendê-los e assim criar 22 estratégias educacionais para resolvê-los. A sociedade admite a importância da escola na preparação de cidadãos com melhor potencial de trabalho e passa a exigir mais competência, mais flexibilidade e agilidade dos gestores escolares, de modo que a escola possa acompanhar seu próprio desenvolvimento educacional. A autonomia do gestor escolar tem sido mero de muitas discussões, enquanto a descentralização ainda se encontra em processo de formação, pois a escola de hoje exige do gestor educacional um maior conhecimento e experiência nessa habilidade profissional. O exercício da autonomia pode ser um aliado na busca da qualidade da educação. Os líderes escolares devem exercer gestão democrático-participativa e autonomia, conforme legislam a Constituição da República Federativa do Brasil de 19882 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96. A participação do gestor no processo educacional é condição básica para uma vivência democrática, e para o exercício pleno da autonomia, o que impõe desafios constantes para as comunidades escolar e local. Esses desafios na rotina escolar são grandes e permanentes dificultando a participação do gestor nas tomadas de decisões coletivas e no envolvimento de toda comunidade local. Fonte: LÜCK, Heloísa. Gestão escolar e formação de gestores. ISSN 0104-1037 Em Aberto, Brasília, v. 17, n. 72, p. 1-195, fev./jun. 2000. http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/em_aberto_72.pdf As políticas públicas envolvem todos os grupos de necessidades da sociedade civil, que são as políticas sociais, estas determinam o padrão de proteção social implementado pelo Estado, voltadas em princípio, à redistribuição dos benefícios sociais (INEP, 2006, p. 165), dentre eles o direito a educação. A política educacional do Brasil deve ser guiada pela demanda do povo, respeitando o direito de cada indivíduo e assegurando o bem comum social. O exercício da construção de uma política de gestão deve ser regido pelos anseios, objetivos e valores da educação. 23 A Gestão Educacional nos Princípios Legais Dentre os direitos constituídos legalmente na Constituição Federal encontra- se o da educação afirmado no art. 205, a educação é regida como direito de todos e dever do Estado e da família, que deverá ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Assim, cabe aos Estados e municípios em regime de colaboração com os sistemas de ensino oferecer uma educação pública de qualidade com uma gestão educacional que garanta a formação continuada do professor e o desenvolvimento integral do aluno. As lutas pela democratização da educação pública e de qualidade fazem parte das reivindicações da sociedade resultando na aprovação do princípio de gestão democrática na educação descrita na Constituição Federal no artigo 206. Artigo 206 da Constituição Federal de 1988 O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. 24 VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). O art. 208 da Constituição Federal evidencia o dever do Estado com a educação, § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.A Constituição Federal de 1988 estabelece princípios para a educação brasileira, com a obrigatoriedade, gratuidade, liberdade, igualdade e gestão democrática. O artigo 227 expressa ser dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária sem discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. A Constituição já visava a qualidade da gestão educacional de forma democrática, cooperativa, planejada garantindo legalmente um padrão de qualidade da educação e do ensino. Segundo Arelaro (2005) A Constituição Federal declara como princípios do ensino a igualdade de condições de acesso e permanência com oferta de uma escola com um padrão de qualidade que possibilite a todos brasileiros cursar uma escola com boas condições de funcionamento e de competência educacional, em termos de pessoal, material, recursos financeiros e projeto pedagógico, que lhes permita identificar e reivindicar a “escola de qualidade comum” de direito de todos os cidadãos (ARELARO, 2005, p.37). Esses preceitos legais da Constituição Federal de 1988 representa um marco para a construção de uma sociedade com vistas a atender a demanda do 25 contexto sócio educacional. Com isso ficava a necessidade de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB 9.394/96. É responsabilidade de o governo criar e desenvolver programas que garantam a todos seus deveres de ensinar e seus direitos de aprender. . A própria LDB de 1996 enfatiza em seu artigo 10 que “incumbe aos Estados elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações dos seus Municípios”. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabelece que a educação tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho e que o ensino público deve ser ministrado com base na gestão democrática. A democratização na escola se desenvolve através da participação dos representantes da comunidade escolar em todas as etapas da proposta pedagógica, metodológica e curricular da escola envolvendo o planejamento, a execução e avaliação do desempenho escolar. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - Lei nº 9394/96 defende nos artigos de 12 a 15 que: A gestão democrática do ensino público fundamental é amparada na autonomia pedagógica e administrativa das escolas, com a elaboração de ações por todos os membros envolvidos na escola, incluídas práticas sociais que possam contribuir para a consciência democrática e a participação popular no interior da escola. A gestão democrática vai planejar suas ações na área educativa propriamente dita da escola, definindo as linhas de atuação em função dos objetivos das comunidades e dos alunos, propondo metas a serem atingidas, onde o diretor é auxiliado nessa tarefa pela comunidade escolar. 26 No artigo 22 da LDB 9.394/96 a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Entendendo Melhor A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) trata a questão da gestão da educação quando determina os princípios que devem reger o ensino, indicando que um deles é a gestão democrática. O artigo 14 define que os sistemas de ensino devem estabelecer normas para o desenvolvimento da gestão democrática nas escolas públicas de educação básica e que essas normas devem estar de acordo com as peculiaridades de cada sistema garantindo a “participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola”. A gestão democrática da educação requer mudanças nas estruturas organizacionais, conhecimento da legislação educacional, formação continuada dos gestores escolares e professores, criação de projetos de pesquisa baseado na demanda dos alunos, elaboração de plano de gestão escolar fundamentada na proposta educacional. A visão do gestor educacional deve estar além dos muros da escola numa forma de situar o cenário real na perspectiva de projetar a escola ideal. Deve estar além dos padrões considerados normais numa perspectiva de desafiar sempre o novo, saindo um pouco do espaço burocrático inserindo mais na área pedagógica. A forma de administrar a educação constitui-se num fazer coletivo, no processo diversificado e múltiplo onde várias falas têm direito a voz definindo o padrão da educação de qualidade para todos. BORDIGNON, G.; GRACINDO, R. V. Gestão da educação: o município e a escola. In: FERREIRA, N. S. C.; AGUIAR, M. A. da S. Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2004. 27 A educação pertence ao grupo de políticas públicas sociais do país movido por pessoas que conhecem, sentem e fazem a educação gerencial. A política da gestão educacional é de responsabilidade de todos com base nos conhecimentos da sociedade e se estabelece um processo de tomada de decisões que resultam nas normatizações da escola. No âmbito educacional, a gestão democrática tem sido defendida como dinâmica a ser efetivada nas escolas, visando garantir processos coletivos de participação e decisão na função social da escola. A legislação educacional propõe a descentralização do sistema, dando à escola autonomia pedagógica, administrativa e financeira, estabelecendo uma relação mútua entre poder e exercício deste poder na prática da gestão educacional. A escola pode assumir com responsabilidade a competência de gestão com profissionais qualificados, salários dignos de sua função, tempo disponível para estudo, discussão e atuação em outras atividades educacionais dentro e fora do contexto escolar. Atualmente o processo da política da gestão educacional no Brasil é desenvolvido fundamentado legalmente na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 primando pela descentralização de poderes distribuídos entre escola, estado e municípios com participação da sociedade civil. A LDB nº 9.394/1996 é a lei orgânica da educação brasileira, dita as diretrizes e as bases da organização do sistema educacional onde estabelece: I A educação profissional técnica de nível médio articulada, segundo essa Lei, será desenvolvida nas formas integrada e concomitante. 28 II A educação de jovens e adultos deverá ser oferecida, preferencialmente, articulada à educação profissional. III As instituições de educação profissional e tecnológica oferecerão cursos regulares e cursos especiais, abertos à comunidade. IV Na educação profissional técnica de nível médio, a preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. A Conferência Mundial de Educação para Todos (Jomtien-Tailândia,1990) identificou a necessidade da construção de um novo modelo de gestão educacional capaz de assegurar, para todos, uma educação básica de qualidade, vista como uma das condições essenciais do desenvolvimento humano. No processo de elaboração da política educacionalé considerado importante mobilizar educadores na organização e reordenação da gestão educacional considerando os diferentes momentos históricos, os vários espaços sociais que apresentam culturas diversificadas. A descentralização, a municipalização, a participação, a gestão democrática e a "modernização" são fatores que devem ser considerados no processo da gestão educacional. Os princípios que norteiam a gestão educacional estão focalizados na participação, descentralização e transparência na área educacional e social segundo critérios político-econômicos. A Gestão Educacional no mundo Contemporâneo No momento atual as políticas públicas de governo ainda não formam o gestor escolar de qualidade com capacidade de entender o processo educacional 29 envolvendo a organização do trabalho pedagógico e os fundamentos legais da educação. O gestor capacitado atua na escola com mais segurança, entendendo as razões dos acontecimentos e sabendo direcionar as estratégias de trabalho docente. O nível do trabalho do gestor repercute na qualidade da educação fazendo gerar as dinâmicas de administração do trabalho na escola. A gestão precisa de dinâmicas inovadoras, abertas e participativas de forma que atenda as exigências da sociedade moderna. É preciso e até urgente que a escola vá se tornando em espaço escolar acolhedor e multiplicador de certos gostos democráticos como o de ouvir os outros, não por puro favor, mas por dever, o de respeitá-los, o da tolerância, o do acatamento às decisões tomadas pela maioria a que não falte, contudo o direito de quem diverge de exprimir sua contrariedade. (FREIRE, 1995, p. 91). Para administrar a escola é necessário um gestor que entenda de investimento na qualidade do ensino e da aprendizagem de forma que sua visão se estenda desde as áreas pedagógicas, administrativas e financeiras, respondendo a demanda do cenário da educação brasileira. Atualmente os gestores das escolas se voltam mais para os resultados dos indicadores educacionais. Na realidade o país ainda conta com professores que precisam da formação continuada de forma que responda as expectativas do aluno através da dinâmica da prática docente. Enquanto o país demonstra evolução em números, ainda não avançou o suficiente na estrutura organizacional e financeira da escola como forma de sustentar as exigências emergenciais pedagógicas. 30 Hoje, o gestor escolar é considerado o gerenciador de resultados que servem de propósitos educativos para a escola se destacar no patamar desejado a nível nacional, estadual e municipal. A educação precisa ser organizada baseada em metas e objetivos descritos pelos indicadores de avaliação da escola, como SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), Prova Brasil, ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). O gestor escolar precisa planejar as atividades administrativas, pedagógicas e financeiras da escola acompanhando todo o processo do cotidiano de suas realizações, consolidando as atividades pedagógicas que desenvolvem o ensinar e o aprender. O conceito de qualidade envolve muitas definições, a UNESCO apresenta que: A qualidade se transformou em um conceito dinâmico que deve se adaptar permanentemente a um mundo que experimenta profundas transformações sociais e econômicas. É cada vez mais importante estimular a capacidade de previsão e de antecipação. Os antigos critérios de qualidade já não são suficientes. Apesar das diferenças de contexto, existem muitos elementos comuns na busca de uma educação de qualidade que deveria capacitar a todos, mulheres e homens, para participarem plenamente da vida comunitária e para serem também cidadãos do mundo (UNESCO, 2001, p.01). A escola deve ser um lugar de práticas sociais democráticas, onde todos trabalhem visando a mesma finalidade que é a educação de qualidade. O objetivo do gestor é construir uma educação com a contribuição e participação dos 31 membros da comunidade, entendendo que a escola é administrada pelos desejos e propostas populares formando sua identidade própria. Vivemos no mundo de variedades de linguagens, de ideias, de ideais, de formas, de cores, de desejos e de crenças onde essas diferenças formam o novo saber. O gestor educacional deve conhecer e reconhecer as identidades próprias dos agentes escolares como forma de melhor administrar a diversidade cultural na escola. Segundo Santos (2003, p. 56), Temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades. O gestor escolar deve ampliar sua habilidade de visão para conhecer e analisar os níveis de formação e competência dos professores relacionando com o desempenho dos alunos para identificar as reais necessidades da escola e daí projetar ideias para atingir uma educação significativa para todos. Gestão democrática, gestão compartilhada e gestão participativa são termos que fazem parte da luta de educadores e movimentos sociais organizados em defesa de um projeto de educação pública de qualidade social e democrática. A gestão educacional é considerada como forma de descrever o processo pedagógico e administrativo contextualizado da educação a partir dos conceitos de sistemas de ensino e gestão escolar. De acordo com o Plano Nacional de Educação “a gestão deve estar inserida no processo de relação da instituição educacional com a sociedade, de tal forma a possibilitar aos seus agentes a utilização de mecanismos de construção e de conquista da qualidade social na educação”. 32 A participação só será considerada efetiva se os agentes que compõem a comunidade escolar conhecerem as leis que a regem, as políticas governamentais que a formam e as propostas educacionais que a administram. Cabe ao administrador da escola conhecer e fazer cumprir a legislação educacional, garantindo o desenvolvimento das obrigações de cada membro escolar, criando estratégias para enfrentar os desafios da rotina na escola e fazendo relação entre as instâncias do sistema educacional e escolar dentro do contexto real vivido na comunidade local. As transformações que vêm ocorrendo no mundo contemporâneo são consequências dos processos de globalização, das necessidades sociais, da demanda da qualidade da educação, das propostas que formam o conhecimento da sociedade civil como um todo. As relações entre essas transformações e a gestão escolar apontam para um gestor competente com habilidade na criatividade das ideias e praticidade dos projetos educacionais. Segundo Libâneo (2003) as escolas são organizações sociais constituídas de pessoas que trabalham juntas destinadas a atingir determinados objetivos. De acordo com Libâneo (2003) a organização e a gestão adotadas na instituição escolar envolvem recursos humanos e materiais. Por racionalização do uso de recursos compreende-se a escolha racional de meios compatíveis com os fins visados e adequada utilização desses recursos [...] Por coordenação e acompanhamento compreende-se as ações e procedimentos destinados a reunir, a articular e a integrar as atividades das pessoas que atuam na escola, para alcançaros objetivos comuns. (LIBÂNEO, 2003, p. 293). 33 A escola é um espaço legítimo da educação, lugar de criação e construção do conhecimento visando o entendimento das múltiplas linguagens e das diversidades culturais que interagem no processo de formação humana. O gestor deixa de ser a autoridade máxima para ser um grande articulador de todos os segmentos, aquele que prioriza as questões pedagógicas e mantém o ânimo de todos na construção do trabalho educativo. Partilha decisões com a comunidade escolar trazendo as mesmas dificuldades da convivência democrática presentes em nossa sociedade. (SÁ, 2002, p.08). As políticas educacionais da democratização escolar deve considerar o contexto em que estão inseridas, as necessidades decorrentes e as condições objetivas em que se efetivam a educação. Com base no princípio significativo do papel do diretor da escola na gestão da organização do trabalho escolar, Libâneo (2003) destaca: A participação, o diálogo, a discussão coletiva, a autonomia são práticas indispensáveis da gestão democrática, mas o exercício da democracia não significa ausência de responsabilidades. Uma vez tomadas as decisões coletivamente, participativamente, é preciso pô- las em prática. Para isso, a escola deve estar bem coordenada e administrada. (LIBÂNEO et. al., 2003, p. 332). Ramalho afirma que, numa gestão democrática, O gestor, que continua tendo o papel mais importante, fica com a missão de identificar e mobilizar os diferentes talentos para que as metas sejam cumpridas. E, principalmente, conscientizar todos da contribuição individual para a qualidade do todo. De olho nessa nova realidade, cabe a ele desenvolver algumas competências como aprender a buscar parcerias, pensar em longo prazo, trabalhar com as diferenças e mediar conflitos. (RAMALHO, 2000, p. 11). 34 Concluímos com as palavras do educador Gadotti (2004): A gestão democrática é, portanto, atitude e método. A atitude democrática é necessária, mas não é suficiente. Precisamos de métodos democráticos de efetivo exercício da democracia. Ela também é um aprendizado, demanda tempo, atenção e trabalho. (GADOTTI, 2004, p. 04). O gestor escolar necessita criar situações para romper as barreiras entre a teoria e a prática, entre a escola e a comunidade como forma de gerir democraticamente o ensino e a aprendizagem. O processo de gestão democrática e participativa não é uma função centralizada no gestor escolar, mas no trabalho participativo, que envolve todos os segmentos sociais que compõem a escola com decisões compartilhadas. O gestor escolar deve trabalhar no currículo pautado na realidade local, baseado na proposta pedagógica envolvendo os diferentes agentes em uma proposta onde todos se sintam responsáveis pelo sucesso da escola repercutindo na aprendizagem e desenvolvimentos dos alunos. A gestão educacional atua na rotina escolar buscando garantir o ensino de qualidade na intenção de formar pessoas conscientes e reflexivas para atuarem como protagonistas da história educacional. A democratização é considerada como condição básica para a qualidade e efetivação da educação. 35 CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA GESTÃO EDUCACIONAL 2 CONHECIMENTOS Compreender a gestão democrática e participativa articulando educação, escola e ensino. HABILIDADES Identificar os protagonistas que compreendem o trabalho desenvolvido na Gestão Educacional. ATITUDES Posicionar-se criticamente sobre as especificidades e características que compreendem os modelos de gestão e suas práticas desenvolvidas. 36 37 A gestão participativa nas escolas Numa democracia os problemas da sociedade, são problemas em que todos têm o direito de participar das decisões que afetam sua vida. Numa escola, as decisões interferem com a vida de muita gente: pais, alunos, professores, funcionários etc, mas será que a democracia funciona no dia a dia de uma escola? Percebe-se que a sociedade vive em constante metamorfose e o momento atual reclama por novas concepções e práticas no cotidiano escolar. Não se pode falar em gestão participativa sem remeter conceitos à gestão democrática, ou seja, uma está para a outra. Sabe por quê? De acordo com Libâneo (2004, p.102) “a participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar”. Já segundo Bordignon e Gracindo (2004, p. 170), quando se referem à participação, revelam que: Tem-se falado muito em participação e compromisso, sem definir claramente o sentido. E não raras vezes situa-se a participação como mero processo de colaboração, de mão única, de adesão, de obediência às decisões da direção. Subserviência jamais será participação e nunca gerará compromisso. A gestão democrática é uma prática cotidiana, que contém o princípio da reflexão, da compreensão e da transformação sobre as dificuldades e necessidades da escola. Tem como fundamento, a descentralização das decisões onde tudo e todos se tornam responsáveis pela escola. 38 Para melhor compreender, vale relembrar que as instituições escolares passaram por muitas mudanças desde a constituição federal de 1988 onde o poder centralizador era a maneira mais comum de administrar as escolas. Desse modo, todas as decisões centralizavam-se na figura do “diretor”. A administração escolar era pautada no autoritarismo e controle absoluto das decisões, mas a construção de uma educação de qualidade não se constrói apenas com visão única. É preciso que a comunidade escolar tenha participação ativa nas decisões, tornando a escola coletiva e transparente onde cada um é responsável pelas tomadas de decisões no âmbito escolar, pois “só participa efetivamente quem efetivamente exerce a democracia.” (ANTUNES, 2002, p.98). A relação entre família e escola é e sempre será muito importante para o ensino e aprendizagem de todos, mas algumas vezes ela se dá com alguns desencontros. Frequentemente essas relações se dão pela falta de diálogo, parceria ou conflitos de opiniões e por isso é preciso estar aberto a encontrar outros caminhos possíveis. O interessante é que tanto a família como a escola almeja a mesma coisa, melhorar aprendizagem dos educandos, por isso é fundamental que os assuntos pedagógicos digam respeito a todos: família, comunidade, estudantes, professores, gestores etc. Figura 1: Gestão Participativa 39 Fonte: http://cacimbaodahistoria.blogspot.com.br/2017/03/ii-simulado-do-curso-de-formacao- de.html A escola é a responsável por criar espaços de troca e discussão sobre os assuntos pedagógicos, onde todos possam ter voz e não apenas serem informados das decisões tomadas. Mas como a escola pode favorecer a criação desses espaços? Nos estudos educacionais feitos por um Centro de Pesquisa Europeu chamado CREA - Centro Especial de Investigação em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades, foram identificadas 05 formas diferentes de participação da comunidade na escola e a sua relação com os resultados e objetivos. Vamos conhecê-las?I- A INFORMATIVA: Ficou mais conhecida como aquelas reuniões de pais que acontecem uma vez por semestre para apresentar o trabalho desenvolvido e aquele que estar por vir. Nestes casos, as decisões foram tomadas pela escola e os pais são apenas informados. II - Na CONSULTIVA: A participação dos pais se baseia em consultas as famílias sobre decisões que a escola pretende tomar, geralmente se dão pelas entidades estatutárias da escola como Associação de Pais e Mestres e os Conselhos de escola onde as famílias participam por representatividade, ou seja, os poucos familiares que fazem parte daquele grupo opinam em nome de todos os demais. Estas duas instâncias são muito importantes e as mais adotadas na maioria das escolas, porém tanto na participação informativa quanto na consultiva a probabilidade de se conseguir êxito escolar e envolvimento das famílias é menor. 40 Por outro lado, as formas de participação decisória, avaliativa e educativa que serão discutidas a seguir serão as que mais incluem os familiares. III- Na forma DECISÓRIA que também ocorre por meio das entidades estatuárias já mencionadas ou pelas formações de comissões mais abertas, como por exemplo, membros da comunidade participam de modo efetivo na tomada de decisões que impactam diretamente os resultados educacionais. IV- Na AVALIATIVA, os familiares e membros da comunidade ajudam a avaliar o progresso dos educandos e decidir sobre os programas e currículos da escola a partir da participação dos processos de aprendizagem dos estudantes. V - Na EDUCATIVA, os familiares e membros da comunidade participam de algumas das atividades propostas aos estudantes, atuando diretamente para a melhoria da aprendizagem. Nessa forma de participação também são planejadas e colocadas em prática pela comunidade, programas educacionais que respondam as suas próprias necessidades. Vários autores como Tassoni (2000), Mortimer (2002) destacam a importância das interações no ambiente de aprendizagem e o quanto a presença da comunidade na escola favorece o desenvolvimento dos estudantes e da própria comunidade. Nessa perspectiva, como bem diz Paro (1997, p.30): A escola por sua maior aproximação às famílias constitui-se em instituição social importante na busca de mecanismos que favoreça um trabalho avançado em favor de uma atuação que 41 mobilize os integrantes tanto da escola, quanto da família, em direção a uma maior capacidade de dar respostas aos desafios que impõe a essa sociedade. Alguns pesquisadores focam na maneira como a participação da família em processos que envolvam a sua própria aprendizagem gera novas interações dentro do contexto familiar e impacta de forma positiva na aprendizagem do estudante pertencente aquela família. Em outras palavras a participação da família pode ajudar e muito na participação de todos seja de forma direta em sala de aula ou indiretamente nos espaços de decisão e avaliação da escola. Existem diversas formas que as escolas propõem para participação avaliativa, decisória e educativa dos familiares na escola. Vamos conhecer aquelas que as comunidades de aprendizagem realizam: Participação em cursos de formação nas áreas de interesse da comunidade em espaços compartilhados pelos estudantes e famílias; Realização de tertúlias dialógicas literárias organizadas por e para os familiares e comunidade; Envolvimento da família e da comunidade nos grupos interativos participando de atividades dentro da sala de aula como voluntários; A presença da comunidade, familiares e estudantes nas comissões mistas contribuindo nos momentos de decisão e avaliação da escola, como por exemplo, na avaliação e desenvolvimento do currículo. Essas formas de participação favorecem o diálogo igualitário onde os argumentos e as vozes de todos são consideradas imprescindíveis para a vida escolar. 42 O gestor escolar desempenha uma importante função no processo educacional de uma instituição de ensino. Necessita ter a compreensão de articular, acompanhar, intervir na elaboração, execução e avaliação da proposta pedagógica, visando o desempenho de qualidade e seu estabelecimento de ensino. Precisa inclusive de uma ampla experiência na área educacional e competência de saberes para o exercício de sua gestão escolar. Assim sendo o diretor deve ser o representante do projeto político social de educação, buscando uma gestão democrática voltada a necessidade de sua comunidade. Considerando essas características, a LDB/1996 destaca a importância dessa atuação da gestão educacional no desenvolvimento das ações do gestor escolar, integrando a proposta pedagógica e administrativa com a comunidade. O desenvolvimento dentro da democratização escolar consiste no processo de mobilização da proposta escolar, para implementação de mudanças no intuito de elevar as oportunidades e a qualidade da educação tendo como base a participação da sociedade no processo. Sobre o gestor escolar de acordo com Adrião e Camargo (2007, p. 68) explicam: “uma tentativa de superação do caráter técnico, pautado na hierarquização e no controle do trabalho por meio da gerência científica, que a palavra administração (como sinônimo de direção) continha”. As competências e habilidades que devem ser observadas no exercício de uma gestão democrática são aspectos que necessitam do desenvolvimento das relações (intra e inter) pessoais que são: tomada de decisão, criatividade, 43 colaboração, cidadania, formação de opinião, resolução de problemas, pensamento crítico e no trabalho em equipe. Segundo Libâneo (2008, p. 105): Para atingir os objetivos de uma gestão democrática e participativa e o cumprimento de metas e responsabilidades decididas de forma colaborativa e compartilhada é preciso uma mínima divisão de tarefas e a exigência de alto grau de profissionalismo. Assim constata-se que a Gestão Democrática da educação se constrói de forma coletiva por meio da participação de todos os envolvidos nos processos escolares, no desenvolvimento de ações que incidem na cidadania da escola possibilitando o desenvolvimento de uma consciência de participação mais ampla na sociedade. As relações entre a gestão da educação e da escola A gestão educacional baseia-se na organização dos sistemas de ensino: federal, estadual, municipal e das delegações desses sistemas com várias formas de articulação entre as instâncias que determinam as normas que executam e definem o setor educacional e a oferta da educação pelo setor público e privado. No contexto educacional do País, cada sistema tem um papel a desempenhar. Por exemplo, a educação básica, compete aos Estados, Distrito Federal e Municípios ofertá-la. O ensino médio é um dever dos Estados e do Distrito Federal e a educação infantil fica sob a responsabilidade dos Municípios. Diferente da gestão educacional, a gestão escolar é uma forma diferente de gestão, ela é quem organiza o trabalho pedagógico que implica na visibilidade de objetivos e metas dentro da instituição escolar. Cada escola deve elaborar e 44 executar sua proposta pedagógica, administrando seus recursos, materiais e humanos, planejamento de suas atividades, distribuições de funções e atribuições na relação interpessoal de trabalho e partilha do poder. Com base nisso, podemos perceber que a gestão escolar, situa-se no âmbito da escola e trata das tarefas que estão sob sua responsabilidade, ou seja, procura promovero ensino e a aprendizagem para todos. Já a gestão educacional é compreendida através das iniciativas desenvolvidas pelos sistemas de ensino. Você sabe qual é a função social da escola? A resposta para essa questão varia de acordo com a época e o contexto histórico vivido pela sociedade. As funções políticas e sociais da escola consistem em interesses diferenciados das classes sociais nas quais contribuem nas diferentes concepções da função escolar. Em geral, pode-se adiantar que a escola é a responsável pelos processos de ensino e aprendizagem, proporcionando a todos os instrumentos necessários a aquisição do saber sistematizado. Percebe-se que a escola pode apresentar funções sociais diferenciadas de acordo com cada perspectiva e teoria de educação, influenciada pela concepção social vigente em cada época. Mas o que é possível afirmar sobre a função social da escola atualmente? Você já observou que existem diversas formas de atuar na gestão escolar? É importante que você conheça esses aspectos que norteiam o conceito sobre liderança e sua implicação na gestão escolar. A partir de agora você irá aprender que existem diversos tipos ou estilos de direção assim como diferentes formas de conceber a Gestão Educacional, por exemplo, há o gestor autocrático, o democrático, o laissez-faire (liberais). Vejamos as características que identificam cada modelo de liderança: 45 Gestão Autocrática (EU) Apenas o líder decide, estilo dominador; Gestão Democrática (NÓS) Comanda de forma participativa; Gestão Liberal (ELES) Delega a responsabilidade na tomada de decisão. O gestor não vem pronto é fruto de um processo de formação que promove compromisso pessoal para o alcance e ampliação de conhecimentos gerais e habilidades específicas. Dessa maneira, o gestor por meio dessa competência conseguirá orientar, mobilizar e coordenar o trabalho da comunidade escolar no sentido amplo, visando a melhoria contínua dos processos de ensino e aprendizagem. Assim sendo, enquanto a gestão educacional está preocupada em gerir o sistema de ensino no todo, a gestão escolar está voltada para a transformação social do poder na instituição escolar e nas demais organizações, primando pela participação dos funcionários, professores, estudantes, pais e comunidade local na gestão da escola e na luta pela superação da forma como a sociedade está organizada e isto como já foi discutido de forma bastante específica. 46 47 A GESTÃO ESCOLAR E A PROPOSTA CURRICULAR 3 CONHECIMENTOS Compreender sobre os métodos de gestão escolar. Entender a forma de elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola. HABILIDADES Reconhecer os critérios para construir, implementar e avaliar o Projeto Político Pedagógico. ATITUDES Aplicar o PPP (Projeto Político Pedagógico) nas escolas afim de contribuir com as melhorias do desenvolvimento escolar. 48 49 O Método e a Organização da Gestão Escolar. Sabemos que a escola funciona como uma organização social e local de formação de homens e mulheres, tendo como uma de suas funções a criação de projetos educativos numa perspectiva transformadora e inovadora onde os afazeres e as práticas não estejam centrados nas questões individuais, mas sim coletivas. Dessa forma, para que o trabalho realizado pela escola dê certo, o mesmo precisa ser feito de forma organizada, ou seja, é necessário haver uma gestão escolar de qualidade, sendo imprescindível que o gestor saiba trabalhar com a coletividade, articulando e estimulando atividades educacionais. Frequentemente, costuma-se confundir os termos “Gestão Escolar” e “Administração Escolar”, mas os mesmos apresentam algumas diferenças. A palavra Gestão vem do latim do termo gerere que tem o sentido de governar, conduzir, dirigir. Já o termo administração também vem do latim da palavra administrare, e tem sentido de gerir um bem, defendendo os interesses daquele que o possui. Assim podemos dizer que gestão escolar é o conjunto de funções desempenhadas pelos atores institucionais da escola que tem diferentes graus de complexibilidade, coordenadas por uma equipe técnica-pedagógica liderada pelo diretor da escola. A ideia da existência de uma equipe gestora marca uma característica bastante atual da gestão escolar. Muitas vezes, a imagem que temos é a de um diretor tradicional, rígido, burocrático, sentado atrás de sua mesa, carimbando e assinando papeis. A visão moderna da gestão em equipe começou a aparecer no Brasil a partir da década de 80. Podemos dizer que a partir de estudos realizados no Brasil nos últimos anos é possível elencar três concepções mais relevantes de organização da 50 gestão escolar: a técnico-científica ou funcionalista, a autogestionária e a democrático-participativa. A concepção técnico científica visa a racionalização do trabalho e os bons resultados dos serviços escolares, baseando-se na hierarquia de funções e cargos. Assemelha-se à administração empresarial no sentido de possuir uma divisão técnica do trabalho escolar, nas relações de subordinação e hierarquia, existência de normas, regras e atividades burocráticas, comunicação linear e maior importância nas tarefas que nas pessoas. Na concepção autogestionária percebe-se a ausência de uma direção centralizada e a presença da participação de todos os membros da escola de maneira direta e uniforme. Essa concepção baseia-se na responsabilidade coletiva e por isso, as decisões são tomadas em reuniões onde não há autoritarismo, pois se exerce a autogestão. Há, também, maior importância nas inter-relações que nas tarefas. A concepção democrática-participativa tem como base a participação e envolvimento de todas as pessoas na busca por objetivos educacionais comuns assumidos por todos. Nessa concepção, a coletividade discute publicamente as questões e toma as decisões, e cada membro da equipe de gestão assume uma parte no trabalho. Há uma intensa interação entre direção e os demais membros da escola, pois a gestão é realizada com a participação de todos os sujeitos da comunidade escolar. O conceito de gestão escolar engloba diversos elementos ligados à otimização dos serviços educacionais. Cada escola possui, conforme determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, liberdade e autonomia para organizar a sua gestão. Para isso, cada escola pode e deve elaborar seu próprio plano de gestão desde que esteja de acordo com a legislação em vigor, tendo como base a busca por resultados excelentes através de liderança forte e 51 integrada com os sujeitos que compõem a comunidade escolar. Por isso, é necessário que esse plano contemple os aspectos mais importantes da organização da gestão escolar: gestão pedagógica da escola, gestão administrativa da escola e gestão de recursos humanos da escola. Na gestão pedagógica da escola, o gestor deve se preocupar em organizar e planejar a parte educacional da escola, bem como os conteúdos curriculares, além de acompanhar os resultados e rendimentos de estudantes e professores. Nesse campo da gestão são desenvolvidas atividades diretamente ligadas ao planejamento e à organização educacional de acordo com o que constano projeto político-pedagógico da escola, colaborando para que tudo o que há nesse projeto não fique apenas registrado no papel, mas, de fato, aconteça na prática. Na gestão de recursos humanos da escola, é necessário gerir o corpo docente, discente, colaboradores e comunidade externa de forma que seja mantido um bom relacionamento entre todas as partes, a fim de que os direitos e deveres sejam respeitados. O gestor precisa saber lidar com os possíveis conflitos que possam existir, além de criar um ambiente onde todos os alunos, professores, colaboradores e demais pessoas da comunidade externa, sintam-se responsáveis e motivados a darem a sua contribuição no intuito de conseguirem excelentes resultados. Já na gestão administrativa da escola, o gestor necessita organizar a estrutura de funcionamento da escola no que se refere à utilização de recursos materiais e didáticos, recursos financeiros e recursos físicos de acordo com o Plano Político Pedagógico de Gestão Escolar e o Regimento Escolar. Faz-se necessário, também, controlar o orçamento da escola, priorizar os investimentos e prestar contas sobre os gastos com o intuito de que todas as necessidades da escola sejam atendidas. 52 Como construir o funcionamento organizacional e curricular da escola? Nos últimos anos o termo gestão democrática na escola tem sido alvo de estudo por alguns estudiosos. O processo organizacional é um dos pontos de maior discussão, quando a escola é capaz de construir, implementar e avaliar o seu projeto pedagógico, ela propicia uma educação de qualidade e exerce sua autonomia pedagógica. Ao exercer essa autonomia, a escola realiza uma missão, constrói um processo integrado de planejamentos e ações que corresponde os resultados de avanços e conquistas futuras. Nesta perspectiva, podemos conceituar o projeto político - pedagógico (PPP) como uma ferramenta teórico - metodológico responsável pela organização e integração do trabalho escolar, visando à transformação dessa realidade e acreditando que cada escola irá construir suas alterações a partir de condições específicas. Sabendo-se que a maior compreensão é que o projeto pedagógico é o elemento que busca um rumo, um direcionamento para as práticas que serão desenvolvidas na escola é um instrumento que tem a responsabilidade de construção da identidade da escola. Os resultados direcionados do PPP são estudados, executados e amparados pela LDB/ 9.394/96, as leis não fazem milagres por si só, é necessário pessoas que construam suas práticas visando a democratização do espaço escolar. É importante favorecer um momento em que cada educador faça uma reflexão da sua própria identidade cultural e através dessa reflexão ele seja capaz de descrevê-la e desenvolver como tem sido construída, que referenciais têm sido privilegiados e por quais caminhos essa análise pessoal instigará o profissional a 53 estruturar essa construção. Essa autonomia é dada para que haja uma construção de um ensino de qualidade e dar oportunidades ao profissional a reconhecer a importante missão de construir através de suas experiências e buscando aprendizado e respeito para a classe educacional. Será analisada através de reflexões de suas práticas para consolidar sua própria autonomia, a escola pode construir o conceito de qualidade de ensino e adequar melhor a sua função às necessidades da comunidade nesse sentido, organizando o seu trabalho pedagógico, a escola avança para outro nível de autonomia, mais solidário e com mais diálogo, que pode levar as partes a se envolverem no processo de forma mais efetiva, pelas ações desenvolvidas no dia a dia escolar. Aí temos, de fato, uma autonomia gerada pelas práticas da própria escola. Na LDB (Lei de Diretrizes e Bases), destacam-se três grandes eixos diretamente relacionados à construção do projeto pedagógico: Eixo da Flexibilidade, Eixo da Avaliação e Eixo da Liberdade Considerando esses três eixos, a LDB destaca na escola um importante ambiente educativo e nos profissionais da educação uma capacidade técnica e política que os certifica a participar da elaboração do seu projeto pedagógico. Nessa perspectiva democrática, a lei estende o papel da escola diante da sociedade, coloca-a como centro de atenção das políticas educacionais mais gerais e sugere o fortalecimento de sua autonomia. Podemos concluir que a construção coletiva do projeto pedagógico deve acontecer visando à autonomia dialogada na escola, e não simplesmente para cumprir uma formalidade legal. Essa autonomia deve ser criada em torno de uma concepção educativa que aponte à melhoria da qualidade do ensino e ao sucesso 54 da aprendizagem do aluno, essa é a razão que torna importante a construção do projeto pedagógico. É necessário compreender que as leis não modificam a realidade como um passe de mágica, é preciso um ponto de partida para as pessoas pensarem suas próprias condições e transformá-las. Por isso, não basta a LDB (Lei nº 9.394/96) impor as unidades escolares de ensino a tarefa de elaborar o projeto pedagógico; é necessário que a escola, não confunda autonomia com soberania, encontre alternativas teóricas e práticas para mostrar aos seus segmentos a importância de outra autonomia: construída, solidária e dialogada. A Gestão da escola e a construção do P.P.P. A proposta pedagógica é o grande alicerce para que a escola faça as conexões e articulações necessárias para compreender o sujeito em toda sua complexidade. Para se construir a proposta curricular de uma escola faz-se necessário seguir algumas etapas que serão de grande importância para a construção do PPP. Veja quais são as etapas: Diagnóstico da realidade escolar; Levantamento das concepções do coletivo da escola; Definições de estratégias, pessoais ou grupos, visando garantir as ações estabelecidas pelo coletivo. Essas etapas, juntas e bem consolidadas revelam-se como elemento dinâmico que contribui para criação da identidade da escola. 55 É importante ressaltar que o fato do projeto pedagógico ser construído coletivamente não isenta a equipe gestora de cumprir o papel importante em seu processo de construção e implementação. O gestor tem o desafio da mobilização e conscientização dos conflitos existentes, garantindo assim um processo participativo, democrático e produtivo. Cada escola seguirá uma dinâmica própria na construção do seu projeto, é importante que os participantes levantem as informações que seja fundamental para identificar a escola e o seu projeto tais como: Denominação, localização, referenciais legais de sua criação e níveis de ensino, as modalidades de educação que ela oferta, quantidades de alunos, enfim tudo que for importante para compor e traçar os dados que serão decisivos nessa criação de identidade. Essa atividade diagnóstica baseia - se no levantamento de informações que mostrem o trabalho escolar como o todo. Após a coleta desses dados, a escola se reúne e discute, problematiza e compreende questões relacionadas a prática. Nessa etapa do diagnóstico, a escola deve desenvolver também, a capacidade de identificar suas possibilidades e obstáculos a enfrentar em suas práticas diárias. É importante que a escola não perca de vista a necessidade de identificar os responsáveis por determinadas ações assumidas pelo grupo. É importante que a escola trabalhe com cronogramas, calendários e horários bem definidos, afim de assegurar o acompanhamento e a avaliação das ações que venham sendo desenvolvidas.Vale ressaltar que todas as etapas que compõem os três grandes momentos de construção do projeto político pedagógico devem passar por constante processo de avaliação. Essa estratégia é de fundamental importância 56 para garantir que o projeto construído seja investigador das práticas da escola, processual, contínuo, flexível e duradouro. A construção do projeto pedagógico é um processo que exige diálogo, persistência e a sistematização e avaliação dos dados coletados em todos os seus movimentos. Como processo, necessita ser visto em sua construção contínua e com resultados gradativos que decorrem da vivência dos segmentos que o elaboram, constituindo-se em uma referência de autocrítica para esses mesmos sujeitos. É importante determinar coletivamente, formas claras de acompanhamento e avaliação das ações que serão desenvolvidas e os segmentos responsáveis por determinadas ações. As avaliações que serão feitas sobre a realização das ações definidas pelo coletivo precisam apontar não só as fragilidades encontradas no caminho, mas também os avanços da escola, ao implementar o projeto pedagógico. A avaliação precisa preocupar-se com os múltiplos aspectos do seu processo de construção, cobrindo um grande número de questões que vão desde aquelas especificamente voltadas para o processo ensino-aprendizagem desenvolvido em sala de aula até outras que tratam do trabalho da escola como um todo. Na verdade, você verifica que a mensagem apresentada e a avaliação do projeto pedagógico mostram que ele é um processo longo, cheio de idas e vindas, mas bastante compensador, não é verdade? Ele não acaba somente porque o ano letivo termina: na realidade, ele é construído durante todo o ano e recomeça no ano seguinte, sofrendo, obviamente, as adaptações necessárias. Por último, é preciso lembrar que o processo avaliativo, estando presente em todos os movimentos de elaboração do projeto pedagógico, não pode restringir-se aos olhares dos segmentos internos à escola. Ao contrário, deve-se ouvir a comunidade local acerca do projeto que ela espera da escola, um projeto capaz 57 de ajudar esta última a alcançar, da melhor maneira possível, sua função social. Por isso, é importante comparar os olhares dos próprios atores da escola sobre a prática que produzem com os de outros indivíduos que avaliam o trabalho da escola, a partir de uma posição externa. 58 59 FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS QUE REGEM A EDUCAÇÃO 4 CONHECIMENTOS Conhecer e compreender a legislação que regulamenta a formação dos educadores HABILIDADES Posicionar - se criticamente em relação a aplicação das leis no que se refere a formação dos educadores, interpretando e compreendendo - as para melhor aplicação no cotidiano da escola. ATITUDES Aplicar os conhecimentos adquiridos para desenvolver uma boa gestão educacional, dentro de uma visão sócio, política e democrática. 60 61 A Legislação Educacional e a formação dos profissionais da educação O termo Formação, ainda é um grande desfio para a educação brasileira e traz em seu significado a possibilidade de verdadeiramente educarmos o ser humano para a vida. A verdadeira formação não se limita apenas a treinamentos, reciclagens e ou capacitações, mas é um processo permanente de transformação ao qual nos submetemos para como seres humanos, nos responsabilizarmos por outros seres humanos através da educação, ou seja educar o educador para educar seres humanos, dando formação para a vida, com base em princípios e valores éticos, morais e sociais que contribuam para uma formação integral do cidadão. O processo de formação do profissional da educação passa pela emancipação enquanto ser humano que pretende educar se e educar o outro num constante processo de preparação para atuar no espaço escolar, seja como gestor de sala de aula, seja como gestor de um grupo mais amplo = escola, considerada como lócus do saber docente. A formação dos profissionais da educação é um assunto que tem tomado importante relevância nas discussões nos últimos anos. As discussões crescem por dois principais motivos: o primeiro é a constatação de que a escola não vai bem, que apesar das discursões sobre o assunto, quase nada tem mudado no que se refere a qualidade do ensino. O segundo motivo refere se as criticas sobre as concepções tecnicistas da educação da década de 70. Quando na época o que interessava era a técnica, ou seja os meios e recursos utilizados para o ensino, e os professores eram apenas treinados para a aplicação com os alunos que não passavam de meros aprendizes. Percebe se ao longo da história, que a formação 62 dos profissionais da educação não era assumida pelo poder publico, não havendo por parte deste, nenhuma preocupação e investimento nessa área. Mas até antes mesmo de falarmos nesse assunto, é de relevante importância refletirmos de forma mais fundamentada, sobre a questão: quem são realmente os profissionais da educação ? Alguém com formação em curso de graduação (licenciatura), que dedica todo o seu tempo na sala de aula? Alguém com formação em bacharelado, que ministra aulas na rede de ensino pública e particular, e que faz curso de formação na área específica de atuação? Alguém que tem formação em curso de graduação, que atua na escola, dedicando todo o seu tempo em atividades voltadas para o aluno, mas que está fora de sala de aula? Enfim, alguém que tem formação em curso de licenciatura, que atua na escola, dedicando todo o seu tempo em atividades docentes? Um docente é considerado um profissional de Educação quando exerce como prioridade e de forma definitiva o magistério como carreira. Assim sendo, diríamos que todo profissional de educação é professor, mas nem todo professor é um profissional de educação. Um jornalista, um fisioterapeuta, um arquiteto, um dentista, qualquer profissional liberal, pode em suas horas livres, fazer o exercício do magistério. Isso de certa forma irá contribuir com as instituições de ensino, que certamente ganharão muito com suas experiências no mundo do trabalho. Dessa forma, por exemplo, um juiz torna-se, um juiz-professor, mas não é um profissional de educação na sua essência, ao contrário dos demais profissionais de ensino que exercem o magistério com dedicação exclusiva, isto é, faz da sala de aula é sua principal fonte de sustento. De acordo com Campos (2010, p.55): 63 A gestão educacional baseia-se na organização dos sistemas de ensino: federal, estadual, municipal e das delegações desses sistemas com várias formas de articulação entre as instâncias que determinam as normas que executam e definem o setor educacional e a oferta da educação pelo setor público e privado. No contexto educacional do País, cada sistema tem um papel a desempenhar. Segundo o autor, o professor deve ter sua formação baseada nas diretrizes curriculares, e esta formação deverá permear a sua prática docente, considerando a necessidade de formação continuada e permanente para o exercício de sua profissão com competência e responsabilidade, de forma a desenvolver um trabalho com qualidade e eficiência. A regulamentação e normatização do sistema nacional de educação é feita por intermédio da LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), sancionada no dia 20/12/96, pelo
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