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GESTÃO DE PROCESSOS EDUCATIVOS JURACI LIMA SABATINO THAIS SABATINO MONTEIRO FERNANDES DE CASTRO GESTÃO DE PROCESSOS EDUCATIVOS 1ª Edição 2018 Copyright©2017. Universidade de Taubaté. Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade Administração Superior Reitor Prof. Dr. José Rui Camargo Vice-reitor Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto Pró-reitor de Administração Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto (interino) Pró-reitor de Economia e Finanças Prof. Dr. Mario Celso Peloggia (interino) Pró-reitora Estudantil Profa. Ma. AngelaPopoviciBerbare Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof. Dr. Mario Celso Peloggia Pró-reitora de Graduação Profa. Dra. Nara Lucia Perondi Fortes Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Dr. Francisco José Grandinetti Coordenação Geral EaD Profa. Dra. Patrícia Ortiz Monteiro Coordenação Acadêmica Profa. Ma. Rosana Giovanni Pires Coordenação Pedagógica Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino Coordenação de Tecnologias de Informação e Comunicação Wagner Barboza Bertini Coordenação de Mídias Impressas e Digitais Profa. Ma.Isabel Rosângela dos Santos Amaral Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Dra. Suzana Lopes Salgado Ribeiro Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti Coord. de Curso de Pedagogia Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Revisão ortográfica-textual Projeto Gráfico Diagramação Autor Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Amaral Me. Benedito Fulvio Manfredini Bruna Paula de Oliveira Silva Juraci Lima Sabatino Thais Sabatino Monteiro Fernandes De Castro Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432-Centro Taubaté – São Paulo CEP:12.020-270 Central de Atendimento:0800557255 Polo Taubaté Polo Ubatuba Polo São José dos Campos Polo São Bento do Sapucaí Avenida Marechal Deodoro, 605–Jardim Santa Clara Taubaté–São Paulo CEP:12.080-000 Telefones: Coordenação Geral: (12)3621-1530 Secretaria: (12) 3622-6050 Av. Castro Alves, 392 – Itaguá – CEP: 11680-000 Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 13h às 17h / 18h às 22h Av Alfredo Ignácio Nogueira Penido, 678 Parque Residencial Jardim Aquarius Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 8h às 22h EMEF Cel. Ribeiro da Luz. Av. Dr. Rubião Júnior, 416 – São Bento do Sapucaí – CEP: 12490-000 Tel.:(12) 3971-1230 e-mail: polosaobento@ead.unitau.com.br Horário de atendimento: das 18h às 21h (de segunda a sexta-feira) / das 8h às 12h (aos sábados). Ficha Catalográfica elaborada pSIBi – Sistema integrado de Bibliotecas – UNITAU C355g Castro, Thais Sabatino Monteiro Fernandes de Gestão de processos educativos./Thais Sabatino Monteiro Fernandes de Castro, Juraci Lima Sabatino. Taubaté: UNITAU, 2017. 127f. : il. Bibliografia 1. Processos educativos. 2. Processos financeiros. 3. Processos administrativos. I. Sabatino, Juraci Lima II. Universidade de Taubaté. III. Título mailto:polosaobento@ead.unitau.com.br 1 PALAVRA DO REITOR Palavra do Reitor Toda forma de estudo, para que possa dar certo, carece de relações saudáveis, tanto de ordem afetiva quanto produtiva. Também, de estímulos e valorização. Por essa razão, devemos tirar o máximo proveito das práticas educativas, visto se apresentarem como máxima referência frente às mais diversificadas atividades humanas. Afinal, a obtenção de conhecimentos é o nosso diferencial de conquista frente a universo tão competitivo. Pensando nisso, idealizamos o presente livro- texto, que aborda conteúdo significativo e coerente à sua formação acadêmica e ao seu desenvolvimento social. Cuidadosamente redigido e ilustrado, sob a supervisão de doutores e mestres, o resultado aqui apresentado visa, essencialmente, a orientações de ordem prático-formativa. Cientes de que pretendemos construir conhecimentos que se intercalem na tríade Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de forma responsável, porque planejados com seriedade e pautados no respeito, temos a certeza de que o presente estudo lhe será de grande valia. Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa leitura. Bons estudos! Prof. Dr. José Rui Camargo Reitor 2 3 Prefácio Neste livro-texto, as autoras nos trazem reflexões sobre os processos educativos presentes no cotidiano escolar. São considerados aqui Processos Educativos os processos que compõem o ambiente escolar, determinados pelos fatores sociais, políticos e pedagógicos, inseridos em um determinado contexto-social. Iniciamos nossa reflexão entendendo quem são os atores responsáveis pelos processos escolares, que em ações coletivas provocam intervenções que orientam o cotidiano escolar como um espaço de aprendizagem, de estudo e pesquisa. Pensando nos aspectos que envolvem os processos educativos escolares, o livro-texto destaca quatro processos fundamentais para o desenvolvimento da educação Básica. São eles: Processos Financeiros e Administrativos, que promovem na prática a efetivação de um projeto pedagógico que se adapta ao interesse coletivo; Processos de Políticas Públicas e Legislação, que são diretrizes e princípios norteadores mediados pelos atores escolares, entre o Estado e a Sociedade; Processos Culturais e Artísticos, que são decisivos para o estabelecimento de uma identidade cultural e para o processo de desenvolvimento sócio-emocional e cultural de crianças e jovens como sujeitos históricos; Processos Pedagógicos e Tecnológicos, que são os que encaminham ações diretamente relacionadas ao ensino e aprendizagem, e tratam das reflexões e ações e tomadas de decisões que orientam o Projeto Pedagógico das escolas e que envolvem todos – alunos, professores, gestores e comunidades de pais – em mudanças educacionais necessárias para a formação cidadã. O uso da tecnologia na escola aparece então como um eixo integrador em todas as áreas de conhecimento e transforma o conceito de aprendizagem no ambiente escolar. Desejo a vocês, professores e gestores em formação, bons momentos de estudos e aprendizagem. Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento Coordenadora do Curso de Pedagogia EAD-UNITAU 4 5 Sobre o autor JURACI LIMA SABATINO: Possui graduação em Psicologia Pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena (1980), Pedagogia pela Faculdade de Educação de Guaratinguetá (1984). Mestre em Ciências Ambientais (2007) - Universidade de Taubaté. Especialista em Saúde Pública (1989) - Universidade de Taubaté, Especialista em Gestão Educacional (2006) pela UNICAMP, Gestão Escolar e Tecnologias (2006) PUC-SP, PROGESTÃO (2006) CONSED. Supervisora de TCC nos cursos EAD Unitau. Docente de Apoio EAD da Universidade de Taubaté nos cursos Superiores de Tecnologia e nos cursos de Licenciatura. Diretor de Escola - Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Docente tutor em cursos oferecidos pela FUNDAP.Supervisora de Cursos de Qualificação Profissional - FUNDAP. Atualmente é efetivo do Governo do Estado de São Paulo. Tem experiência na área de Educação, docência com ênfase em Administração de Sistemas Educacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, pesquisa, meio ambiente. THAIS SABATINO MONTEIRO FERNANDES DE CASTRO: Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade de Taubaté, Mestranda em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté. Experiência docente na disciplina de Biologia e Laboratório de Biologia no ensino Fundamental e Médio. Experiência docente no TELECURSO TEC - programa oferecido pela Secretaria da Educação SP - Centro Paula Souza. Bióloga Trainee no Projeto TAMAR -Base de Ubatuba - SP e Base de Abais - SE Experiência docente no curso técnico em enfermagem - disciplina MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA. Docente na Universidade de Taubaté - Ciências do ambiente nos cursos de Engenharia. Docente na Universidade de Taubaté UNITAU - Curso de Biologia EAD. Inglês avançado. 6 7 Caros(as) alunos(as), Caros( as) alunos( as) O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição. Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das Unidades, dicas de leituras e indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo estudado. Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais atores desta formação. Para todos, os nossos desejos de sucesso! Equipe EAD-UNITAU 8 9 Sumário Palavra do Reitor ........................................................................................................... 1 Prefácio .......................................................................................................................... 3 Sobre o autor .................................................................................................................. 5 Caros(as) alunos(as) ...................................................................................................... 7 Ementa ......................................................................................................................... 11 Unidade1.Gestão de Processos Educativos, Financeiros e Administrativos ........ 29 1.1 Processos Financeiros ............................................................................................ 30 1.2 Processos Administrativos ..................................................................................... 38 1.3 Síntese da Unidade ................................................................................................ 51 1.4 Para saber mais ...................................................................................................... 52 1.6 Atividades .............................................................................................................. 52 Unidade 2. Políticas Públicas e Legislação Escolar ................................................ 55 2.1Políticas Públicas e Educação ................................................................................ 56 2.2 Legislação do Ensino e o Trabalho Escolar........................................................... 60 2.3 Síntese da Unidade ................................................................................................ 64 2.4 Para saber mais ...................................................................................................... 65 2.5 Atividades .............................................................................................................. 67 Unidade 3. Processos Culturais e Artísticos ............................................................ 75 3.1 Processos Culturais e Artísticos ............................................................................ 75 3.2 Síntese da Unidade ................................................................................................ 82 3.3 Para saber mais ...................................................................................................... 82 3.4 Atividades .............................................................................................................. 82 10 Unidade 4. Processos Pedagógicos e Tecnológicos .................................................. 87 4.1 Processos Pedagógicos .......................................................................................... 89 4.2 Processos Tecnológicos ....................................................................................... 104 4.3 Síntese da Unidade .............................................................................................. 109 4.4 Para saber mais .................................................................................................... 110 4.5 Atividades ........................................................................................................... .112 Referências ................................................................................................................117 11 GESTÃO DE PROCESSOS EDUCATIVOS Ementa ORGANIZE-SE!!! Você deverá dispor de 3 a 4 horas para realizar cada Unidade. EMENTA Aspectos que envolvem a gestão pedagógica na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio: a identidade da escola, o contexto sociocultural, a política educacional e os processos pedagógicos, tecnológicos e administrativos. O cotidiano escolar como espaço privilegiado de aprendizagem, de estudos e de pesquisa. A valorização dos processos formativos na escola: a formação continuada de professores, a formação do coordenador pedagógico, a autoformação de docentes e gestores. A organização dos espaços e tempos de aprendizagem e formação na escola. Identificar dados interdisciplinares e integradores nos processos educativos. . 12 13 Objetivo Geral Compreender a complexidade da gestão em ambientes educativos escolares. Objetivos Específicos Diferenciar as competências dos diferentes membros da Equipe Gestora de uma escola. Compreender que todas as dimensões da gestão escolar se articulam para o pleno desenvolvimento das ações educativas. Desenvolver a gestão pedagógicacomo mediação para a transformação e desenvolvimento da escola e da comunidade. 14 15 Introdução O ensino “formal” é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da educação), cria situações próprias para o exercício, produz os seus métodos, estabelece regras e tempos, e constitui executores especializados. É quando aparece a escola, o aluno e o professor [...] (BRANDÃO, 1995, p.26). Entendemos que a Educação não é apenas uma política social, com objetivo de melhorar as condições de vida das pessoas. Ela tem como proposta a construção do futuro, com o objetivo de colaborar na construção de uma visão de mundo e um projeto de nação através de geração por geração, aluno por aluno, desde a primeira infância deste até sua maturidade intelectual, social e profissional. Nesse contexto, convidamos você, professor em formação, a refletir sobre os processos educativos presentes nesse espaço denominado “Escola”. Consideraremos aqui como Processos Educativos a escolarização e todos os aspectos teóricos e práticos desenvolvidos no ambiente escolar, determinados por fatores sociais, políticos e pedagógicos, considerando seu contexto histórico-social, seus processos de aprendizagem, seus métodos de ensino, seus sistemas de avaliação e seu sistema educacional, bem como todos os atores responsáveis por esses processos. Os processos educativos caracterizam-se como instrumentos de ação mobilizados para atingir os objetivos propostos na organização educacional. Figura 1: Compreender como ocorrem os processos educativos na formação humana de homens e de mulheres ao longo de sua história possibilita conhecer como nos constituímos, o que somos e como agimos em nossa cultura. Fonte: MEC, 2010. 16 Nos estabelecimentos escolares, os processos de mudança de certa amplitude não se desenvolvem por si mesmas. Necessitam de uma orquestração ativa, da intervenção voluntária de um determinado número de atores que trabalhem deliberadamente para orientar as coisas em um sentido definido (THURLER, 2011). Pretendemos discutir alguns aspectos significativos para o entendimento da Gestão Escolar. Algumas questões aqui apresentadas serão sem dúvida um norteador para o entendimento dos diferentes papeis assumidos pelo pedagogo no exercício de sua profissão, seja atuando como Gestor Escolar, Coordenador Pedagógico, Supervisor Escolar ou no exercício da Docência. Perguntamos inicialmente: Quem são esses gestores? Quais são as naturezas de suas atuações? Quais ações são necessárias ao desenvolvimento de seu trabalho? Ao se pensar a escola como organização, identificamos vários papeis e funções que compõem sua estrutura básica. Iremos aqui identificar os papeis fundamentais presentes em qualquer estrutura escolar. EQUIPE GESTORA Figura 2: Os diversos papeis na escola. Fonte: https://pixabay.com Acesso em: 27 out. 2017. Figura 3: Equipe gestora Fonte: Sabatino, 2017. https://pixabay.com/ 17 Todos são peças fundamentais nos processos educativos desenvolvidos no âmbito escolar, tendo como prioridade a aprendizagem dos alunos. Segundo Lück (2009): Os gestores escolares, constituídos em uma equipe de gestão, são os profissionais responsáveis pela organização e orientação administrativa e pedagógica da escola, da qual resulta a formação da cultura e ambiente escolar, que devem ser mobilizadores e estimuladores do desenvolvimento, da construção do conhecimento e da aprendizagem orientada para a cidadania competente. Para tanto, cabe-lhes promover a abertura da escola e de seus profissionais para os bens culturais da sociedade e para sua comunidade. Sobretudo devem zelar pela constituição de uma cultura escolar proativa e empreendedora capaz de assumir com autonomia a resolução e o encaminhamento adequado de suas problemáticas cotidianas, utilizando-as como circunstâncias de desenvolvimento e aprendizagem profissional. De acordo com a Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de Maio de 2006, que Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura, identificamos as três grandes áreas de abrangência para formação profissional, conforme segue: Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III - a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. 18 Portanto, conhecer a função e os papeis inerentes a cada membro da escola é compreender seu papel articulador e mediador nos processos educativos. SUPERVISOR DE ENSINO E SUA IDENTIDADE PROFISSIONAL O supervisor de ensino caracteriza-se como o profissional designado pelas Secretarias de Educação (Estadual ou Municipal) para ser seu representante junto às escolas. Esse profissional tem a função de oferecer apoio técnico, administrativo e pedagógico às instituições de ensino e dinamizar a implantação de políticas públicas de educação. Esse profissional tem como perfil e/ou atribuições: Prestar assessoria, orientação e acompanhamento do planejamento, desenvolvimento e avaliação do ensino e da aprendizagem nas escolas públicas e privadas, tendo como referência a realidade das escolas; conhecer, no âmbito da educação, teorias e práticas educacionais e normas legais pertinentes à educação nacional. Participar da organização, desenvolvimento e avaliação dos trabalhos direcionados às escolas. Sua atuação é fundamental para assegurar a organização de condições que propiciem estudos de teorias e práticas educacionais e orientações sobre as normas que regulamentam a universalização da educação escolar: o acesso e a permanência do aluno na escola e a qualidade do ensino ofertado. Ser um dos responsáveis pela consolidação de políticas e programas desse Sistema, por meio de ações coletivas, que envolvam um movimento de ação, reflexão e ação. É um dos participantes do processo de construção da escola, tendo em vista: a) a contribuição para o envolvimento da equipe técnico-pedagógica da escola com os processos de ensino e de aprendizagem dos alunos; b) o compartilhamento de responsabilidades sobre a efetividade das propostas pedagógicas pertinentes ao acompanhamento, intervenção e avaliação da 19 implementação de ações integradas nas escolas nas diferentes redes de ensino. Orientar, fundamentado na concepção de gestão democrática e participativa, a promoção de um ensino de qualidade a todos os alunos e, consequentemente, a melhoria do desempenho das escolas. Adaptado – (drhu. edunet. sp. gov.br/2006.) DIRETOR DE ESCOLA E SUA IDENTIDADE PROFISSIONAL O Diretor de Escola como agente público deve agregar um perfil profissional com características pessoais e funcionais compatíveis ao cargo garantindo à comunidade escolar qualidade e eficiência no funcionamento do estabelecimento que dirige. Segundo o perfil profissional podemos definir o Diretor de Escola como dirigente, gestor e coordenador do processo educativo no âmbito da escola. Compete ao Diretor: Promover ações direcionadas à coerência e consistência de um projeto pedagógico centrado na formação integral dos alunos. Tendo como objetivo a melhoria do desempenho da escola, cabe-lhe, mediante processos de pesquisa e formação continuada em serviço, assegurar o desenvolvimento de competências e habilidades dos profissionais que trabalham sob sua coordenação, nas diversas dimensões da gestão escolar participativa: pedagógica, de pessoas, de recursos físicos,financeiros, e de resultados educacionais do ensino e aprendizagem. Como dirigente da unidade escolar, cabe-lhe uma atuação orientada pela concepção de gestão democrática e participativa, o que requer compreensão do contexto em que a educação é construída e a promoção de ações no sentido de assegurar o direito à educação para todos os alunos e expressar uma visão articuladora e integradora dos vários setores: pedagógico, curricular, administrativo, de serviços, e das relações com a comunidade. 20 Compete, portanto, ao Diretor de Escola uma atuação com vistas à superação de condições adversas ao desenvolvimento de uma educação de qualidade, ou seja, centrada na organização e desenvolvimento de ensino que promova a aprendizagem significativa à formação do aluno: pessoal, social e para o mundo do trabalho. Adaptado – (drhu. edunet. sp. gov.br/2006.) COORDENADOR PEDAGÓGICO E SUA IDENTIDADE PROFISSIONAL O Coordenador Pedagógico é peça fundamental nas ações pedagógicas desenvolvidas no âmbito escolar. Segundo Freitas (2010) o coordenador se define como: profissional da educação que dirige sua atenção à formação em serviço de todos os professores da escola, tendo em suas mãos o desafio de mobilizar e articular a equipe escolar para tecer o projeto político-pedagógico da instituição de ensino (FREITAS, 2010, p.78). É o profissional que responde pelas práticas e ações educativas junto ao diretor, através de uma relação de parceria e cumplicidade, no sentido de garantir que a escola se torne em um espaço de significativas aprendizagens. Constituem-se atribuições do docente designado para o exercício da função de Professor Coordenador: Atuar como gestor pedagógico, com competência para planejar, acompanhar e avaliar os processos de ensinar e aprender, bem como o desempenho de professores e alunos; Orientar o trabalho dos demais docentes, nas reuniões pedagógicas e no horário de trabalho coletivo, de modo a apoiar e subsidiar as atividades em sala de aula, observadas as sequências didáticas de cada ano, curso e ciclo; 21 Ter como prioridade o planejamento e a organização dos materiais didáticos, impressos ou em mídias, e dos recursos tecnológicos, disponibilizados na escola; Coordenar as atividades necessárias à organização, ao planejamento, ao acompanhamento, à avaliação e à análise dos resultados dos estudos de reforço e de recuperação; Decidir, juntamente com a equipe gestora e com os docentes das classes e/ou das disciplinas, a conveniência e oportunidade de se promoverem intervenções imediatas na aprendizagem, a fim de sanar as dificuldades dos alunos, mediante a aplicação de mecanismos de apoio escolar, em tempo real das respectivas aulas, e a formação de classes de recuperação contínua e/ou intensiva; Relacionar-se com os demais profissionais da escola de forma cordial, colaborativa e solícita, apresentando dinamismo e espírito de liderança; Trabalhar em equipe como parceiro; Orientar os professores quanto às concepções que subsidiam práticas de gestão democrática e participativa, bem como as disposições curriculares, pertinentes às áreas e disciplinas que compõem o currículo dos diferentes níveis e modalidades de ensino; Coordenar a elaboração, o desenvolvimento, o acompanhamento e a avaliação da proposta pedagógica, juntamente com os professores e demais gestores da unidade escolar, em consonância com os princípios de uma gestão democrática participativa e das disposições curriculares, bem como dos objetivos e metas a serem atingidos; Tornar as ações de coordenação pedagógica um espaço dialógico e colaborativo de práticas gestoras e docentes, que assegurem: o A participação proativa de todos os professores, nas horas de trabalho pedagógico coletivo, promovendo situações de orientação sobre práticas 22 docentes de acompanhamento e avaliação das propostas de trabalho programadas; o A vivência de situações de ensino, de aprendizagem e de avaliação ajustadas aos conteúdos e às necessidades, bem como às práticas metodológicas utilizadas pelos professores; o A efetiva utilização de materiais didáticos e de recursos tecnológicos, previamente selecionados e organizados, com plena adequação às diferentes situações de ensino e de aprendizagem dos alunos e a suas necessidades individuais; o As abordagens multidisciplinares, por meio de metodologia de projeto e/ou de temáticas transversais significativas para os alunos; o A divulgação e o intercâmbio de práticas docentes bem sucedidas, em especial as que façam uso de recursos tecnológicos e pedagógicos disponibilizados na escola; o A análise de índices e indicadores externos de avaliação de sistema e desempenho da escola, para tomada de decisões em relação à proposta pedagógica e a projetos desenvolvidos no âmbito escolar; o A análise de indicadores internos de frequência e de aprendizagem dos alunos, tanto da avaliação em processo externo, quanto das avaliações realizadas pelos respectivos docentes, de forma a promover ajustes contínuos das ações de apoio necessárias à aprendizagem; o A obtenção de bons resultados e o progressivo êxito do processo de ensino e aprendizagem na unidade escolar. Adaptado – (drhu. edunet. sp. gov.br/2006.) 23 O DOCENTE E SUA IDENTIDADE PROFISSIONAL Docentes são profissionais que colaboram ativamente na transformação da escola, tanto em termos de gestão, currículos, organização e projetos educacionais, quanto em relação às formas de trabalho pedagógico. O sucesso da gestão educacional não seria concretizado sem considerar seus docentes como autores diretos nos processos educativos. O perfil geral do educador pode ser definido como: Formação geral humanista/crítica, comprometida com a construção e ampliação de uma sociedade mais justa, posicionada contra as desigualdades sociais e a qualquer forma de opressão, de modo a garantir a todos as mesmas oportunidades de desenvolvimento de suas potencialidades. Exige, também, formação específica referenciada nas diversas áreas de conhecimento e no seu papel político em contribuir na apropriação e transformação da cultura. Pressupõe uma formação que habilite o educador a interpretar e fazer conexões com vivências de cunho ambiental, econômico, político, social, cultural e educacional; Dialogar sobre vivências e a realizar ações que promovam a qualidade da escola, em especial, que propiciem ensino e aprendizagem relevantes para uma formação integral, que prepare o aluno para a atuação ética, sustentável e transformadora na vida pessoal, social, política e no mundo do trabalho. Exercício profissional que implica em ação- reflexão-ação, ou seja, exige uma atitude reflexiva, fundada na realidade educacional e na pesquisa, para a constituição de uma prática pedagógica emancipatória, Figura 4: Ação – reflexão – ação Fonte: https://pixabay.com Acesso em: 27 out. 2017. 24 referenciada e pertinente à formação do aluno, à pratica educativa, ao meio em que atua e à finalidade da educação. Em síntese, implica conhecimento dos elementos sócio-históricos, políticos e culturais que interferem na construção da escola que temos e desenvolvimento de processos políticos e educativos direcionados à construção da escola que queremos: centrada no ensino contextualizado; na transversalidade dos conteúdos escolares referenciados no conhecimento da realidade, do projeto de educação nacional, do sistema educativo, da escola como instituição, das diferentes tendências pedagógicas, de ensino e de aprendizagem, de desenvolvimento humano, em seus aspectos físicos, cognitivos, afetivos e socioculturais. Nessa perspectiva, espera-se que o educador se expresse por meio de práticas que atendam às demandas da sociedade brasileira, do sistema de ensino e do diálogoentre educadores nos diferentes níveis do sistema (entre educador e aluno no âmbito da escola e entre educador e comunidade). A construção desse profissional exige providências do sistema de ensino e atitude do educador para assegurar o direito e o dever em relação à formação continuada em serviço centrada na análise, reflexão e efetivação de ações que respondam às demandas educacionais direcionadas à luta pela educação como direito de todos. Pressupõe o desenvolvimento de competências e habilidades que expressem a compreensão do educador a respeito da relação entre a escola e a sociedade em geral, a comunidade local, a sua função social e os espaços de atuação nos diferentes níveis do sistema de ensino, federal, estadual, escola e sala de aula. Adaptado – (drhu. edunet. sp. gov.br/2006.) Pesquisas apontam para um interesse crescente nas definições de habilidades e competências, no sentido de possibilitar a formação continuada e consequentemente a capacidade técnica e profissional dando à escola possibilidades de espaços de estudo, pesquisa, articulação dos processos pedagógicos e educativos, transformação das condições pedagógicas de ensino e intervenção. 25 Almeida (2000) aponta para a necessidade de formação em serviço colocando a escola como centro de interação e trabalho coletivo a serviço da comunidade escolar. A formação continuada deve estar centrada na escola [...]. É o lugar onde os saberes e as experiências são trocadas, validadas, apropriadas e rejeitadas [...]. É no cruzamento dos projetos individuais com o coletivo, nas negociações ali implicadas que a vida na escola se faz e que, quanto mais os projetos individuais estejam contemplados no coletivo, maior a possibilidade de sucesso destes (ALMEIDA, 2000, p. 86). As ações de formação inicial e continuada devem garantir condições para que os professores possam desenvolver continuamente as seguintes competências: Pautar-se por princípios da ética democrática: dignidade humana, justiça, respeito mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade, atuando como profissionais e como cidadãos; Utilizar conhecimentos sobre a realidade econômica, cultural, política e social brasileira para compreender o contexto e as relações em que está inserida a prática educativa; Orientar suas escolhas e decisões metodológicas e didáticas por princípios éticos e por pressupostos epistemológicos coerentes; Gerir a classe, a organização do trabalho, estabelecendo uma relação de autoridade e confiança com os alunos; Analisar situações e relações interpessoais nas quais estejam envolvidos com o distanciamento profissional necessário à sua compreensão; Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e afirmação responsável de sua autoridade; Investigar o contexto educativo na sua complexidade e analisar a prática profissional, tomando-a continuamente como objeto de reflexão para 26 compreender e gerenciar o efeito das ações propostas, avaliar seus resultados e sistematizar conclusões de forma a aprimorá-la; Promover uma prática educativa que leve em conta as características dos alunos e da comunidade, os temas e necessidades do mundo social e os princípios, prioridades e objetivos do projeto educativo e curricular; Analisar o percurso de aprendizagem formal e informal dos alunos, identificando características cognitivas, afetivas e físicas, traços de personalidade, processos de desenvolvimento, formas de acessar e processar conhecimentos, possibilidades e obstáculos; Estabelecer metas que promovam a aprendizagem e potencializem o desenvolvimento de todos os alunos, considerando e respeitando suas características pessoais, bem como diferenças decorrentes de situação socioeconômica, inserção cultural, origem étnica, gênero e religião, atuando contra qualquer tipo de discriminação ou exclusão; Atuar de modo adequado às características específicas dos alunos, considerando as necessidades de cuidados, as formas peculiares de aprender, desenvolver-se e interagir socialmente em diferentes etapas da vida; Criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações didáticas eficazes para a aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos, utilizando o conhecimento das áreas a serem ensinadas, das temáticas sociais transversais ao currículo escolar, bem como as respectivas didáticas; Utilizar diferentes e flexíveis modos de organização do tempo, do espaço e de agrupamento dos alunos para favorecer e enriquecer seu processo de desenvolvimento e aprendizagem; Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos, sabendo eleger as mais adequadas, considerando a diversidade dos alunos, os objetivos das atividades propostas e as características dos próprios conteúdos; 27 Analisar diferentes materiais e recursos para utilização didática, diversificando as possíveis atividades e potencializando seu uso em diferentes situações; Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir de seus resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos; Participar coletiva e cooperativamente da elaboração, gestão, desenvolvimento e avaliação do projeto educativo e curricular da escola, atuando em diferentes contextos da prática profissional além da sala de aula; Estabelecer relações de parceria e colaboração com os pais dos alunos, de modo a promover sua participação na comunidade escolar e uma comunicação fluente entre eles e a escola; Desenvolver-se profissionalmente e ampliar seu horizonte cultural, adotando uma atitude de disponibilidade para a atualização, flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura e empenho na escrita profissional; Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se em compartilhar a prática e produzir coletivamente; Participar de associações da categoria, estabelecendo intercâmbio com outros profissionais em eventos de natureza sindical, científica e cultural; Utilizar o conhecimento sobre a legislação que rege sua atividade profissional. A importância da formação profissional implica na qualidade do trabalho pedagógico desenvolvido na escola. É no trabalho coletivo que centralizamos a responsabilidade de estabelecer conexões entre teorias e práticas pedagógicas, tomadas de decisões corretas e producentes para a implantação de políticas educacionais, a fim de promover cada vez mais a aproximação da comunidade externa, criar estratégias didático-metodológicas para um ensino de qualidade e uma aprendizagem significativa para os alunos. 28 É também através do trabalho coletivo e qualificação de seus membros que poderemos tornar o projeto político-pedagógico da escola um instrumento eficiente de construção e ação coletiva. Estudos indicam o reconhecimento de que a qualidade da educação se concretiza a partir da competência técnica de seus profissionais em oferecer aos alunos e à comunidade em geral experiências educacionais significativas, capazes de promover o conhecimento, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para o enfrentamento dos desafios propostos em um mundo globalizado e universalmente diversificado. Para melhor entendermos os Processos Educativos existentes no âmbito da Gestão Escolar, estudaremos aqui 4 pilares fundamentais que buscam compreender como esses processos estão integrados na rotina escolar. Na Unidade 1 – Processos Educativos: Financeiros e Administrativos, discutimos e caracterizamos os principais processos que envolvem procedimentos financeiros e administrativos presentes no dia a dia da escola, apresentamos as responsabilidades e funções do gestor escolar frente às questões financeiras e administrativas. Na Unidade 2 – Processos Educativos: PolíticasPúblicas e Legislação Escolar, apresentamos e discutimos a função e competência dos órgãos normativos das políticas educacionais, formas e meios de aplicação da legislação escolar e sua importância no desenvolvimento de ações no âmbito escolar. Na Unidade 3 – Processos Educativos: Culturais e Artísticos, refletimos sobre a importância dos processos culturais e artísticos presentes na escola e seu papel na construção da identidade escolar, do clima institucional e do desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Na Unidade 4 - Processos Educativos: Pedagógicos e Tecnológicos, apresentamos as principais formas de gestão pedagógica existentes na escola, funções e objetivos que contribuem para o sucesso da aprendizagem, bem como a aplicação e eficiência dos recursos tecnológicos na formação docente e desenvolvimento dos alunos. 29 Unidade1 Unidade1 .Gestão de Processos Educativos: Financeiros e Administrativos Gestão Escolar ou Administração Escolar são conceitos fundamentais aplicados no âmbito escolar com o objetivo de aumentar a eficiência dos processos educativos e a qualidade de ensino. Segundo Lück (2009), Gestão Escolar relaciona-se a uma atuação que foca em promover a organização, mobilização e articulação das condições essenciais para garantir o avanço do processo socioeducacional das instituições de ensino e possibilitar que elas promovam o aprendizado dos estudantes de forma efetiva. Portanto a Gestão Escolar aborda situações concretas da rotina escolar denominadas como Processos Educativos, que buscam garantir que a escola tenha as condições necessárias para o cumprimento de seu papel fundamental, ou seja, o de oferecer ensino de qualidade formando cidadãos competentes e com habilidades indispensáveis para a vida pessoal e profissional. Os principais objetivos dos Processos Educacionais consistem em orientar para resultados significativos de desempenho escolar e indicadores educacionais, através de análise, reflexões e motivação da equipe escolar em alcançar os objetivos propostos, sempre com ênfase na qualidade do currículo e na efetiva participação da comunidade escolar para atingir a excelência no ensino. A partir dos estudos da Introdução, identificamos a importância fundamental de uma equipe gestora integrada, dotada de funções específicas e que ao mesmo tempo disponha de competências e habilidades para que possa coletivamente gerir programas e 30 desenvolver ações que contribuam para a qualidade de ensino e o pleno desenvolvimento dos alunos em todos os aspectos: sociais, intelectuais e cognitivos. Sabemos também da importância da equipe gestora na formação dos professores como foco de atenção e pesquisa, tendo em vista sua relevância para a qualidade dos processos educativos. Nessa Unidade discutiremos os processos educativos sob os aspectos Administrativos e Financeiros da escola, processos esses que contemplam os desafios da Gestão Escolar em promover na prática cotidiana a efetivação de um projeto pedagógico inovador que atenda ao interesse coletivo, assim como se adaptar às mudanças no mundo do trabalho e da educação, tornando a escola mais real e atuante. 1.1 Processos Financeiros Os processos financeiros na gestão escolar referem-se àqueles que são desenvolvidos no sentido de permitir um funcionamento eficaz e eficiente na organização. O que é administração? O dicionário Aurélio define administração como “um conjunto de princípios, normas e funções que têm por fim ordenar os fatores de produção e controlar a sua produtividade e eficiência, para se obter determinado resultado”. Pensar a administração nos remete aos princípios da administração em geral. No entanto, pensar em administração escolar significa o desenvolvimento de princípios e procedimentos referentes à ação de planejar o trabalho da escola, racionalizando os Figura 1.1: Pensar e refletir. Fonte: https://pixabay.com Acesso em: 27 out. 2017. 31 recursos materiais, financeiros, intelectuais; coordenar e controlar os processos administrativos para um fim comum. Lück (2005) ao discutir as competências do Gestor Escolar na área administrativa aponta a necessidade de: Visão de conjunto e de futuro sobre o trabalho educacional e o papel da escola na comunidade; Conhecimento de política e da legislação educacional; Habilidade de planejamento e compreensão do seu papel na orientação do trabalho conjunto; Habilidade de manejo e controle do orçamento; Habilidade de organização do trabalho educacional; Habilidade de acompanhamento e monitoramento de programas, projetos e ações; Habilidade de tomar decisões eficazmente; Habilidade de resolver problemas criativamente e de emprego de grande variedade de técnicas. O Gestor escolar necessita compreender que o desenvolvimento eficiente dos processos da escola é fundamental para o pleno desenvolvimento do trabalho pedagógico, oferecendo suporte para realização das ações e dos objetivos educacionais propostos. Gestão da Escola Pública trata-se de uma maneira de organizar o funcionamento da escola pública quanto aos aspectos políticos, administrativos, financeiros, tecnológicos, culturais, artísticos e pedagógicos, com a finalidade de dar transparência às suas ações e atos e possibilitar à comunidade escolar e local a aquisição de conhecimentos, saberes, ideias e sonhos num processo de aprender, inventar, criar, dialogar, construir, transformar e ensinar (ABÁDIA, 2005). Os processos financeiros fazem parte da rotina e da organização escolar; elencamos aqui 32 algumas competências do Gestor Escolar: Aplicação de recursos físicos, materiais e financeiros da escola para melhor efetivação dos processos educacionais. Organização, atualização de documentação, escrituração, registros. Coordenação e aplicação dos recursos financeiros e materiais de acordo com normas legais, garantindo transparência e participação coletiva em seu uso e aplicação. Planejamento e utilização dos recursos e equipamentos disponíveis na escola, para a realização do trabalho pedagógico. Cumprimento da Legislação escolar emanadas pelos órgãos Federais, Estaduais e Municipais. Manutenção dos bens patrimoniais da escola; bom uso do patrimônio escolar, espaços, equipamentos e materiais. Integração da gestão de patrimônio à gestão pedagógica da escola. Identificação de soluções para as dificuldades de gestão de materiais e do patrimônio e seleção das prioridades de ação. Criação de estratégias de mobilização e gerenciamento público com controle social do material e do patrimônio da escola. Conhecimento e identificação dos dispositivos legais e procedimentos reguladores da gestão de patrimônio na administração pública. Construção de vínculos entre a gestão do material e do patrimônio e a gestão pedagógica da escola. 33 A gestão financeira da escola tem papel fundamental no processo de democratização da educação e da gestão, tendo como princípio: a descentralização administrativa; a desconcentração da aplicação de recursos e desenvolvimento da autonomia da escola, o que favorece a resolução de muitos de seus problemas de consumo, manutenção e reparos, pelo repasse de recursos oriundos das diferentes esferas administrativas (Federal Estadual e Municipal). Os recursos destinados às escolas através de seus sistemas de ensino são disponibilizados em proporção ao número de alunos matriculados, a fim de que possam realizar despesas diversas. Portanto, é responsabilidade do Gestor acompanhar os recursos orçamentários e financeiros destinados à escola, em consonância com os princípios de autonomia, ética e racionalidade administrativa, exercitando as etapas de planejamento, execução e controle, sempre vinculados ao Projeto Pedagógico da escola,elaborando planos de aplicação, instrumentos de supervisão e meios de prestação de contas à comunidade. São princípios do Processo de Administração Pública de acordo com o Art. 37, da Constituição Federal (1988): Figura 1.2: Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. (Lei nº 9.394/1996). Fonte: https://pixabay.com Acesso em: 27 out. 2017. Figura 1.3: Art. 37. A administração pública e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988). Fonte: Sabatino, 2017. https://pixabay.com/ 34 Ao nos referirmos à escola pública, sabemos que esta tem por função o atendimento ao cidadão em seu direito fundamental de acesso à educação de qualidade; vimos também que a escola é uma organização que dispõe de um conjunto de normas e leis para a manutenção de sua estrutura administrativa, financeira e pedagógica. Nesse sentido entendemos que a escola integra o sistema de administração pública da educação (Federal, Estadual e Municipal). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) em seu Art. 15 garante a autonomia pedagógica, administrativa e da gestão financeira atendendo sempre aos princípios da administração pública. É fundamental ao Gestor estar atento às regras e à estrutura da administração pública, que retrata o conjunto de órgãos e serviços constituídos para execução das políticas educacionais, sendo a escola pública considerada também uma Unidade Administrativa. O domínio e o desenvolvimento dos processos administrativos presentes na escola estão diretamente relacionados à qualificação de seu gestor em atender as necessidades financeiras e pedagógicas, tendo como resultado desse trabalho o sucesso do aluno quantificado por instrumentos de avaliação e análise tanto internas como externas – IDEB (índice de Desenvolvimento da Educação Básica). 1.1.1 Autonomia da gestão financeira na escola O diagrama ao lado (Figura 1.4) demonstra hierarquicamente a vinculação da Escola ao Sistema da Administração Pública da Educação: São duas as formas de aplicação de recursos públicos: a centralizada e a descentralizada. Figura 1.4:Hierarquia da vinculação da Escola ao Sistema da Administração Pública da Educação. Fonte: Sabatino, 2017. 35 Você aprendeu que a gestão financeira da escola envolve etapas fundamentais para o seu bom gerenciamento como: planejamento, execução e prestação de contas. Vamos agora entender como esses recursos chegam até a escola. A Constituição Federal (1988) prevê em seu Art. 212 que a União deve aplicar anualmente 18% de seus recursos; os Estados, Distrito Federal e Municípios, no mínimo 25% da receita e impostos na manutenção no desenvolvimento do ensino. E como são distribuídos esses recursos? Para garantir a distribuição dentro de cada estado e município, foi criado a partir da Constituição Figura 1.5: Formas de aplicação dos recursos públicos. Fonte: Sabatino, 2017. APLICAÇÃO CENTRALIZADA Realizada por instância administrativa (Secretaria da Educação) Maior parte dos recursos financeiros - Estrutura física - Mobiliários escolares (carteiras, mesas, etc.) - Pagamento de servidores. APLICAÇÃO DESCENTRALIZADA Realizada pela Escola - Através de Unidade Executora – (UEx) – APM (Associação de Pais e Mestres e Colegiados) - Aquisição de materiais (material de consumo e equipamentos de uso pedagógico e administrativo) - Contratação de serviços de manutenção e reparos Figura 1.6: Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida e proveniente de transferências, na manutenção e no desenvolvimento do ensino. Fonte: Sabatino, 2017. 36 Federal o FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) através da Lei 11.494/2007. Possui vigência de 14 anos (a partir de 2007 até 2020); tem como alcance a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e Ensino Médio, e destinação dos recursos: 60% para remuneração de professores e profissionais do magistério e 40% para manutenção e desenvolvimento do ensino básico. O FUNDEB como uma política pública de financiamento da educação tem como função: Promover a equalização na distribuição dos recursos; Reduzir as desigualdades; Contribuir para a universalização da educação; Valorizar os profissionais da educação. O gestor é quem assume a responsabilidade pelos recursos financeiros destinados à escola, de acordo com o número de seus alunos e as fontes de recursos disponíveis. Figura 1.7: A gestão de sistema implica o ordenamento normativo e jurídico e a vinculação de instituições sociais por meio de diretrizes comuns. “A democratização dos sistemas de ensino e da escola implica aprendizado e vivência do exercício de participação e de tomadas de decisão. Trata-se de um processo a ser construído coletivamente, que considera a especificidade e a possibilidade histórica e cultural de cada sistema de ensino: municipal, distrital, estadual ou federal de cada escola.” Fonte:(BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Gestão da educação escolar. Brasília: UnB, CEAD, 2004, vol. 5. p. 25). O que vem ocorrendo na prática educacional brasileira (...) é o deslocamento do processo decisório, do centro do sistema, para os níveis executivos mais próximos aos seus usuários, ou seja, a descentralização do governo federal para as instâncias subnacionais, onde a União deixa de executar diretamente programas educacionais e estabelece e reforça suas relações com os Estados e os municípios, chegando até ao âmbito da unidade escolar. Da mesma forma, os sistemas estaduais vêm adotando política similar, ou seja, transferem recursos e responsabilidades com a oferta de serviços educacionais, tanto para o município, quanto diretamente para a escola (LÜCK, 1999, p. 13). 37 Essa gestão é compartilhada com os colegiados presentes na escola (Caixa Escolar, Conselho Escolar, Associação de Pais e Professores), que se constituem em uma personalidade jurídica própria, sem fins lucrativos, formada por pais, professores, alunos e funcionários da escola. Para que a avaliação e o monitoramento dos recursos financeiros da escola obtenham sucesso, Lück (2009) aponta algumas questões que devem ser observadas pelo Gestor escolar: Quais são as fontes e o montante de recursos de que a escola dispõe? Como é decidido o seu gasto? – por quem e tendo por base o quê? É feito um orçamento de gastos possíveis da escola no seu Plano de Desenvolvimento? Esse orçamento é definido com base numa perspectiva reativa ou proativa, isto é, depende do que é dado pelo governo, ou também leva em consideração a possibilidade e o esforço de levantar novos recursos, a partir de iniciativas da escola e da unidade executora? A decisão da distribuição de recursos leva em conta a definição de prioridades educacionais, isto é, sua contribuição para a melhoria da qualidade do ensino? Os gastos são corretamente calculados e de acordo com as prioridades? As compras realizadas pela escola são feitas de modo a atender as disposições legais orientadoras de compras pelo serviço público? Os registros e documentações financeiras da escola são mantidos organizados e atualizados? Que situações podem assegurar ouso mais satisfatório dos recursos? 38 O gerenciamento dos recursos financeiros numa perspectiva democrática de educação torna-se fundamental no sentido de legitimar, dar transparência e estabelecer prioridades, considerando que os programas de descentralização fundamentam-se na obrigatoriedade da participação da comunidade escolar bem como seus colegiados. Portanto, compete ao Gestor conhecer a legislação nacional, a estadual e as normatizações do sistema ou rede de ensino a que pertença. Os temas aqui tratados não esgotam o assunto, mas são fundamentais para uma gestão administrativa eficaz, compartilhada e atendendo aos princípios básicos de democratização do ensino. 1.2 Processos Administrativos É através dos processos administrativos que a escola garante a efetivação das ações pedagógicas e organização da escola. As obrigações administrativas formais estão presentes na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), quanto à organização, administração e ao desenvolvimento da estrutura tanto administrativa como financeira e pedagógica da Unidade Escolar. Dentre os processos administrativos que compõem a rotina escolar, podemos definir como fundamentais: constituição dos conselhos escolares; atualização e emissão de Figura 1.8: Gerenciamento de recursos tem de ser pensado e visar ao bom desempenho do uso dos recursos públicos. Fonte: https://pixabay.com Acesso em: 27 out. 2017. 39 documentação; escrituração escolar; construção, aprovação e acompanhamento do PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola. As atividades previstas e desenvolvidas nos processos administrativos tornam-se indispensáveis no apoio ao trabalho docente, visando melhores condições físicas e materiais na execução das ações pedagógicas. Através de um trabalho coletivo, os processos administrativos presentes na rotina organizacional são considerados importantes meios na busca dos fins propostos no Projeto Político Pedagógico da escola. Segundo Libâneo (2008), as rotinas no campo da gestão administrativa representam meios “adequados e suficientes para assegurar aos alunos, aos serviços administrativos e pedagógicos e aos professores todas as condições para desenvolvimento do trabalho e garantir qualidade de ensino”. De acordo com os princípios da Gestão democrática participativa, existe uma relação orgânica entre a direção e a participação do pessoal da escola, com ênfase na busca de objetivos comuns assumidos por todos, caracterizando-se como decisões tomadas coletivas e discutidas publicamente, em que cada membro da equipe assume sua responsabilidade em diferentes funções e saberes. Libâneo (2008) nos apresenta outras características do modelo de Gestão democrática participativa: Definição explícita de objetos sócio-políticos e pedagógicos da escola, pela equipe escolar; Articulação entre a atividade de direção e a iniciativa e participação das pessoas da escola e das que se relacionam com ela; Qualificação e competência profissional; Busca de objetividade no trato das questões da organização e gestão, mediante coleta de informações reais; 40 Acompanhamento e avaliação sistemáticos com finalidade pedagógica: diagnóstico, acompanhamento dos trabalhos, reorientação dos rumos e ações, tomada de decisões. Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são avaliados. Toda instituição possui uma estrutura de organização interna, prevista no Regimento Escolar ou em legislação específica Estadual ou Municipal, que define as inter-relações entre os vários setores e funções. A seguir, apresentamos a estrutura básica com todas as unidades e funções típicas existentes na organização de uma escola. Discutiremos a seguir algumas ações e escriturações importantes que compõem as rotinas administrativas na escola. Figura 1.9: Organograma Básico de Escolas Fonte: Libâneo, 2008. 41 1.2.1 Regimento escolar O Regimento Escolar é um documento legal, que expressa um conjunto de normas e regras e regula as atividades desenvolvidas por cada segmento da comunidade escolar. O Regimento tem como proposta registrar a organização curricular, administrativa e pedagógica da unidade de ensino. Constam no Regimento escolar: Os Planos de Estudos; Os Planos de Trabalho do Professor; O Plano Integrado da Escola (PIE); A Proposta Político-Pedagógica(PPP); O Regime de Matrícula; A Metodologia de Ensino; O Calendário Escolar; A Metodologia de Avaliação. 1.2.2 Censo escolar O Censo Escolar, definido em Portaria Ministerial nº 286 de 07 de julho/2007, consiste em um levantamento de informações estatístico-educacionais de âmbito nacional que abrange a Educação Básica, em todos os níveis – Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio – e modalidades de ensino como: Educação Especial e Educação de Jovens e Adultos presentes no SISTEMA EDUCACENSO. Os dados apurados anualmente pelo Censo Escolar servem de base para a determinação dos coeficientes que serão parâmetros para a distribuição dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Figura 1.10: Regimento Escolar Fonte: https://pixabay.com Acesso em: 27 out. 2017. 42 Educação – FUNDEB, Livro Didático; Alimentação Escolar; Recurso Financeiro Direto para Escola; Transporte Escolar; e outros programas e projetos das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação (Fonte: MEC, 2009). 1.2.3 Fluxo Escolar Fluxo escolar está diretamente relacionado a acesso, permanência e conclusão do processo de escolarização. Refere-se à movimentação dos estudantes, da qual extraímos as taxas de aprovação, reprovação, transferência e abandono escolar. A análise desses dados possibilita acompanhar quais as séries ou anos em que as taxas são mais altas e ainda o nível de congestionamento do sistema educacional resultante de ingressos tardios, reprovações, evasões e reingresso dos estudantes no sistema. A partir desses dados a escola deverá desenvolver estratégias que fomentem a melhoria do processo de ensino-aprendizagem e que garantam a entrada, a permanência e o sucesso escolar dos estudantes. Os dados do fluxo escolar incidem também sobre os indicadores externos da escola. 1.2.4 Calendário escolar O Calendário Escolar é elaborado anualmente, pela equipe pedagógica da escola e referendado pelo Conselho de Escola, com a finalidade de fixar o início e o término do ano letivo, assim como recesso, férias, feriados e comemorações cívicas, de acordo com as eventualidades. O Ano Letivo e o Calendário Escolar devem ser organizados de acordo com a legislação vigente, com a Figura 1.11:Fluxo escolar Fonte: https://pixabay.com Acesso em: 27 out. 2017. Figura 1.12:Calendário escolar Fonte: https://pixabay.com Acesso em: 27 out. 2017. 43 garantia de 200 dias letivos conforme consta na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). 1.2.5 Documentação Escolar e Arquivamento É um conjunto de documentos que comprovam os dados e fatos relativos à vida escolar do aluno e da Unidade escolar. O arquivo é composto por dossiês dos alunos, professores e demais funcionários, além de outros documentos como: Controle de frequência de funcionários; Livro de registro de diplomas e certificados; Atas de Resultados Finais; Livro de Termo de Visita; Livro de Atas de Incineração de Documentos; Diários de Classe; Ficha de matrícula; Ficha Individual; Boletim Escolar; Histórico Escolar; Certificados. 1.2.6 Gestão de Pessoas A Gestão de Pessoas apresenta-se fundamental nos processos administrativos, pois o relacionamento com alunos, professores, funcionários e comunidadesempre será um desafio ao Gestor Escolar. Tem como papel fundamental motivar a equipe, criar um ambiente no qual todos se sintam estimulados, por meio de um clima de confiança e solidariedade. 44 Cabe ao Gestor escolar: Envolver os docentes com o ensino, com a proposta pedagógica da escola e com resultados; Distribuir as tarefas entre os setores e pessoas; Investir em ferramentas que facilitem o trabalho da equipe; Possibilitar formação continuada e aprimoramento da formação docente; Acompanhar os funcionários e orientá-los em suas funções; Reconhecer os pontos fortes e o potencial da equipe; Estabelecer clima de cooperação, entrosamento e respeito entre todos os segmentos da escola; O gestor educacional deve pautar seu trabalho de desenvolvimento humano na motivação no compartilhamento de responsabilidades, na formação profissional e no desenvolvimento de habilidades para uma comunicação eficiente. A gestão de pessoas nos espaços escolares é um dos processos administrativos de grande importância. A escola, como instituição tradicional por natureza, é dotada de uma hierarquia administrativa, na qual prevalece o gerenciamento de regras, que devem ser compartilhadas com toda a equipe escolar. Para tanto, o Gestor escolar necessita desenvolver um modelo de gestão que considere as pessoas como seu principal diferencial, transformando-as em agentes efetivos e multiplicadores de ações positivas e integradoras. Figura 1.13: Desenvolvimento humano Fonte: https://pixabay.com Acesso em: 27 out. 2017. 45 A gestão de pessoas deve possibilitar a formação de uma rede de compartilhamentos propiciando ambientes saudáveis, promovendo dessa forma satisfação pessoal e profissional, considerando-se que os recursos mais importantes de uma organização são as pessoas, e que cada ser humano possui aptidões, atitudes, valores, motivações e comportamentos próprios. Nas relações administrativas encontramos um elemento em comum: o “individuo”, que se influencia por diversos fatores, como motivação, comunicação, criatividade e trabalho em equipe. Chiavenato apresenta o conceito de Gestão de Pessoas como sendo: contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da estrutura organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos e de uma infinidade de outras variáveis importantes (CHIAVENATO, 2004, p. 6). O gestor escolar deverá desenvolver e conhecer e princípios de Gestão de Pessoas, no sentido de possibilitar que os relacionamentos interpessoais atendam aos objetivos da escola, além de conhecer princípios como motivação, trabalho em equipe e comunicação interpessoal, que são aspectos fundamentais na formação do Gestor escolar. 1.2.7 Motivação Fatores internos e externos influenciam na maneira como a pessoa desempenha suas ações e como vê o mundo. O desenvolvimento de sua capacidade pode depender dos fatores que estão presentes no seu processo motivacional. Pois a motivação é reflexo de diversos fatores que afetam os estímulos do comportamento; acontece por meio de incentivos; quando realizada com intensidade, torna-se gratificante e prazeroso. Porém, quando há falta de estímulos o indivíduo pode sentir-se desmotivado (BZUNECK, 2004). A motivação é fator de satisfação em todos os envolvidos no processo educacional. Pode ser desencadeada por fatores externos, relacionados ao ambiente, ou por fatores internos, próprios dos indivíduos. “Na era do conhecimento, o sucesso sorri para os que sabem administrar seus pontos fortes e fracos”. Peter Drucker 46 Portanto, o grau de motivação/satisfação das pessoas tem influência significativa em seu desempenho e nos resultado das suas tarefas, podendo ser explicado pelo ciclo motivacional de Chiavenato (2007). O Gestor escolar é aquele que tem o papel de motivador de uma equipe escolar, “orientando-os na realização de suas necessidades pessoais de desenvolvimento e a sentirem satisfação em seu trabalho e em participar de uma organização de aprendizagem dinâmica, viva, organizada, atuante e competente” (LÜCK, 2009, p.85). É sua responsabilidade, portanto, orientar e estimular o processo de motivação da equipe para, com isso, promover: Uma boa organização do trabalho; Concentração na aprendizagem e melhoria contínua; Prevenção contra as condições de dispersão e desconcentração em relação aos objetivos educacionais; Figura 1.14: Etapas do ciclo motivacional com a satisfação de uma necessidade. Fonte: Chiavenato, 2007, p.297. 47 Ambiente ordeiro e focado em objetivos; Limpeza, segurança, tranquilidade; Relações interpessoais dinâmicas bi e multilaterais; Bom humor, entusiasmo, espírito de servir; Participação e envolvimento, dentre outros aspectos. (LÜCK, 2009, p.85) Propiciar a motivação em um ambiente de trabalho possibilita um processo de comunicação e bom nível de relacionamento interpessoal, estimulando assim ações mais eficientes e objetivas para o desenvolvimento de metas e objetivos propostos pela equipe escolar. 1.2.8 Trabalho em equipe O trabalho em equipe é fundamental para os processos da gestão escolar, assim como para as tomadas de decisões; as ações compartilhadas são princípios da Gestão democrática, em que todos os segmentos têm responsabilidades pelo êxito nos resultados. Lück (2009) afirma que “[...] a educação é um processo complexo e contínuo que demanda esforço conjunto de inúmeras pessoas, de diversos segmentos e perspectivas de atuação”. Ter clareza sobre responsabilidades e objetivos é um trabalho construído em conjunto. Na formação de equipe alguns aspectos devem ser considerados, segundo Chiavenato (2007): 1. Modelagem do trabalho, ou seja, determinar a atividade dos indivíduos que compõem sua equipe e a distribuição do trabalho entre eles; 2. Preparação ou treinamento e capacitação dos membros da equipe; 48 3. Condução, que é um aspecto fundamental a ser considerado, pois trata da liderança dessa equipe, a qual determina as suas metas e os seus objetivos, assim como acompanha os processos e determina como ela alcançará o que foi determinado; 4. Motivação e recompensas visando manter o entusiasmo em uma equipe de trabalho. Portanto, para se pensar em trabalho em equipe não podemos desconsiderar as individualidades e características pessoais de cada membro. Teixeira et al. (2010) apresenta um modelo, no qual considera importante: 1. Utilizar, de forma construtiva, as diferenças de habilidades e competências existentes; 2. Levar em consideração as tarefas determinadas para grupo, já que algumas podem ser mais complexas que outras; 3. Perceber que o comportamento do grupo é fundamental para o entendimento de como cada um contribui para o grupo como um todo (informação, conflitos, etc.); 4. Influências da organização que estão relacionadas com a estrutura e com o relacionamento interpessoal. O trabalho em equipe é, pois, fundamental na gestão escolar, uma vez que deve envolver todos com responsabilidades compartilhadas nos processos de tomada de decisões, o que vai garantir uma participação consciente com responsabilidade e eficiência. 49 1.2.9 Comunicação interpessoal As relações interpessoais dizem respeito às relações humanas que ocorrem no processo de interação interpessoal (interação entre duas ou mais pessoas) e intrapessoal (a comunicação que estabelecemos conosco mesmos). No contexto escolar, as relações interpessoais são percebidas em todas as ações desenvolvidas na escola, sejam elas intra ou extraescolares. A escola é considerada como um espaço multicultural, no qual as diferenças, os problemas,as diversidades de conhecimento, as regras e valores fazem um emaranhado envolvendo uma gama de pessoas cujas características são diferenciadas, e as relações interpessoais são imprescindíveis para a convivência e o sucesso escolar (LÜCK, 2009, p.89). Figura 1.15: Modelo para o estudo do grupo de trabalho. Fonte: Adaptado de Teixeira et al., 2010, p. 289. 50 É na escola o lócus onde se perpetuam as relações de diversos personagens gestores, professores, alunos, funcionários e família. O gestor, grande articulador da escola deve esforçar-se por criar canais adequados de comunicação e interação e garantir o alcance dos objetivos da escola, mantendo um bom clima entre as pessoas que fazem parte da comunidade escolar e local (MARCELOS, 2009,p.02). Uma boa comunicação garante que: Os professores estejam alinhados com a proposta da instituição; Os setores saibam quais são suas prioridades; Os colaboradores entendam que suas tarefas influenciam na realização do todo; Os alunos se mantenham engajados e focados no aprendizado; Os pais entendam a importância do seu papel no processo de ensino. A boa comunicação no ambiente escolar permite: Manter os responsáveis informados sobre as atividades da instituição; Manter os responsáveis informados sobre as atividades e tarefas dos filhos; Informar aos responsáveis se os alunos estão realizando as tarefas propostas pelos professores; Informar aos responsáveis sobre notas, frequência e ocorrências disciplinares dos alunos; Manter o aluno informado sobre o calendário de provas e atividades da instituição; Manter o aluno informado sobre eventos e comunicados da instituição. O papel do gestor frente aos processos administrativos e financeiros possibilitará uma gestão transparente, eficiente, atendendo aos princípios democráticos da educação. Sua 51 função é de extrema importância para o desenvolvimento da escola, para as orientações dos caminhos e rumos traçados a partir do projeto pedagógico da escola. O compromisso com a formação e o conhecimento possibilitará uma atuação eficiente buscando soluções conjuntas para resolução de problemas e tomada de decisões. 1.3 Síntese da Unidade Nessa Unidade discutimos um conjunto de conhecimentos, que lhe permitiram: acompanhar a gestão administrativa e dos recursos financeiros destinados à escola, com segurança e de acordo com os princípios de autonomia, ética, eficiência e racionalidade administrativa; compreender a gestão financeira como uma das competências da escola, conhecendo as etapas de planejamento, execução e controle dos recursos financeiros e de sua vinculação ao projeto pedagógico; entender a importância das práticas de gestão financeira da escola aos princípios básicos da administração pública, conhecendo as diferentes fontes de financiamento da educação básica. Dica de Leitura Programas federais para a gestão da educação básica: continuidade e mudanças Janete Maria Lins de Azevedo, Socióloga e Doutora em Ciências Sociais pela UNICAMP (RBPAE - v. 25, n. 2, p. 211-231, mai/ago 2009) Educação e Gestão Descentralizada: Conselho Diretor, Caixa Escolar, Projeto Político-Pedagógico Antônio Cabral Neto; e, Maria Doninha de Almeida - Doutores em Educação pela Universidade de São Paulo (USP)(Em Aberto, Brasília, v. 17, n. 72, p. 35-46, fev/jun 2000) A educação, a política e a administração: reflexões sobre a prática do diretor de escola Professor Vitor Henrique Paro, titular na PUC/SP, pesquisador sênior na Fundação Carlos Chagas, Coordenador do Gepae (Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 763-778, set/dez 2010) http://www.educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/gestao_democratica/kit5/programas_federais_para_gestao_da_educacao_basica.pdf http://www.educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/gestao_democratica/kit5/programas_federais_para_gestao_da_educacao_basica.pdf http://www.educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/gestao_democratica/kit5/reflexoes_sobre_a_pratica_do_diretor_de_escola.pdf http://www.educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/gestao_democratica/kit5/reflexoes_sobre_a_pratica_do_diretor_de_escola.pdf 52 Quanto aos processos administrativos, apresentamos situações concretas que o gestor enfrenta nas suas atividades cotidianas, como: identificar os fatores que favorecem e dificultam o processo de interação dos membros da escola; conhecer quais instrumentos de comunicação que o gestor deve utilizar no processo de integração coletiva; caracterizar a equipe escolar segundo os níveis de atuação da equipe gestora e da equipe escolar no desenvolvimento do trabalho educativo. 1.4 Para saber mais Livros Planejamento, Gestão e Legislação Escolar Orientações para acompanhamento das ações do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Sites /https://www.youtube.com/watch?v=-TG1rfDVq_A Vitor Henrique Paro - Gestão Escolar Democrática https://www.youtube.com/watch?v=4Ig7q29BBPA&t=73s Gestão de Processos Educativos. O Desafio da Gestão Escolar 1.6 Atividades 1) Leia a afirmativa, e desenvolva um texto dissertativo justificando-a. “A avaliação de um planejamento participativo envolve o acompanhamento de seu desenvolvimento e a mediação de situações de conflito, visando-se objetivos propostos.” 53 Responda as questões. 2) Segundo Paro (2014), a administração escolar tem adotado mecanismos gerenciais da administração capitalista que, em larga medida, são contrários aos objetivos educacionais da escola. Sobre o papel do diretor como administrador escolar, na análise de Paro, é CORRETO afirmar que: a. A posição de autoridade que o diretor ocupa na instituição escolar dificulta grandemente a percepção de que as condições concretas em que se dá a educação escolar e as múltiplas determinações sociais, econômicas e políticas que a condicionam o tornam impotente para resolver a maioria dos problemas fundamentais da escola. b. A função do diretor deve ser sempre dominantemente administrativa, de maneira a gerenciar recursos financeiros de maneira efetiva, focando-se especialmente nas formalidades burocráticas advindas dos órgãos educacionais superiores. c. O diretor deve gerenciar a escola a partir dos preceitos da administração capitalista que têm se mostrado compatíveis com uma proposta de articulação da escola com os interesses da classe trabalhadora. d. Uma administração democrática caracteriza-se pela participação dos diversos setores da escola e da comunidade que votam nas decisões propostas pelo diretor, pois este profissional deve ser considerado o mais habilitado para decidir sobre as questões importantes da escola. 3) A participação ativa na gestão escolar é considerada uma das funções básicas do professor. Para tanto é imprescindível que ele: 54 a. Concentre sua atuação na gestão da sala de aula, pois a gestão administrativa é de decisão exclusiva do diretor da escola. b. Saiba trabalhar em equipe e tenha espírito colaborativo com outros profissionais, tendo atitudes de solidariedade e responsabilidade frente a todas as demandas da escola. c. Domine e conheça a estrutura organizacional e as normas regimentais, tenha pleno conhecimento sobre a escrituração escolar. d. Tome o lugar do diretor sempre que este precisar se ausentar da escola, dando sua contribuição na gestão participativa. 4) No contexto de uma escola imbuída dos princípios da gestão democrática e participativa, para desenvolver e fortalecer o trabalho coletivo é preciso que o gestor: a. Reafirme sua necessidade de centralização das ações na escola e defina as responsabilidades de todos e de cada um: professores, equipe técnica e o próprio sistema de ensino. b. Conte com a iniciativa e a disposição
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