Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANATOMIA HUMANA E BIOLOGIA CELULAR APRESENTAÇÃO Professora Me. Gislaine Cardoso de Souza Fiaes ● Mestre em Ciências Farmacêuticas (Universidade Estadual de Maringá) ● Bacharel em Farmácia Generalista (UniCesumar). ● Especialista em Farmacologia Aplicada à Terapêutica (Universidade Estadual de Maringá). ● Docente do curso de Farmácia e Estética e Cosmética - (Universidade Paranaense - Unipar). Com experiência docente de 3 anos ministrando a disciplina de Anatomia Humana. ● Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/8017598356774912 APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Seja muito bem-vindo(a) à disciplina de Anatomia Humana! Prezado(a) aluno(a), a partir de agora estamos iniciando uma jornada que trilharemos juntos em busca da aquisição de novos conhecimentos. Nestadisciplina construiremos um arsenal de conhecimento a respeito das estruturas e organização do corpo humano. O interesse sobre o conhecimento detalhado do corpo humano começou a receber atenção no final do século XX, através da dedicação de pesquisadores que tornou possível desvendar a forma e estrutura do corpo humano. Na unidade I iniciaremos nosso estudo a partir da introdução ao estudo da anatomia humana através da definição, terminologia anatômica e planos de secção do corpo humano que fornecerá embasamento para a compreensão dos tópicos seguintes. Posteriormente, iniciaremos o estudo do aparelho locomotor através do estudo de três sistemas: esquelético, articular e muscular. A respeito do sistema esquelético será abordado, suas funções, composição, formatos e classificações. O sistema articular estudaremos a definição e as classificações articulares. E finalizamos, estudando o sistema muscular que é tão complexo e fascinante ao mesmo tempo, mas veremos de maneira simples e de fácil entendimento as funções e classificações musculares. Na unidade II abrange o estudo do sistema circulatório que consiste no estudo do sistema cardiovascular que envolve a compreensão das estruturas do coração, e vasos sanguíneos como as artérias que levam às células o sangue arterial e as veias que transportam o sangue venoso de volta para o coração. Sobre o sistema linfático, será abordado sua função e a identificação dos órgãos linfáticos. Na sequência, será apresentado o sistema respiratório, com todas as suas estruturas anatômicas que viabilizam o processo de troca gasosa. A unidade III abordará o fascinante tópico relacionado ao sistema nervoso central e periférico, apresentando o tecido nervoso, as funções e descrição das estruturas anatômicas. Finalizaremos, com a unidade IV estudando o sistema digestório, urinário e genital masculino e feminino, abordando as funções atribuídas a cada uma destes sistemas e a descrição das estruturas anatômicas pertencentes a cada um destes sistemas. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! UNIDADE I INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA E APARELHO LOCOMOTOR Professora Mestre Gislaine Cardoso de Souza Fiaes Plano de Estudo: Tópico 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA ● Introdução a Anatomia Humana ● Níveis de Organização do corpo humano ● Terminologias anatômicas. ● Posição anatômica ● Planos anatômicos e Secções ● Termos de posição e direção Tópico 2 - SISTEMA ESQUELÉTICO ● Conceituar o Sistema esquelético; ● Divisão do Esqueleto Humano ; ● Composição dos ossos; ● Funções do Sistema Esquelético; ● Classificação Morfológica dos Ossos. Tópico 3 - SISTEMA ARTICULAR ● Definição do Sistema articular; ● Classificação Estrutural das Articulações; ● Articulações fibrosas; ● Articulações cartilagíneas; ● Articulações sinoviais. Tópico 4 - SISTEMA MUSCULAR ● Conceito sobre o sistema muscular; ● Tecido muscular; ● Funções e classificação dos músculos. Objetivos de Aprendizagem: ● Definir anatomia humana; ● Identificar os níveis de organização estrutural do corpo humano e as terminologias anatômicas; ● Definir os três sistemas que formam o aparelho locomotor: Sistemas esquelético, articular e muscular; ● Compreender as funções e classificações dos sistemas esquelético, articular e muscular. INTRODUÇÃO O estudo da anatomia humana é extremamente interessante por proporcionar a compreensão da constituição do corpo e como ele funciona permitindo à você adquirir conhecimentos que serão fundamentais na aplicação clínica após sua formação como profissional da área da saúde. Portanto, na unidade I iniciaremos nosso estudo a partir da introdução ao estudo da anatomia humana através da definição, terminologia anatômica e planos de secção do corpo humano que fornecerá embasamento para a compreensão dos tópicos seguintes. Posteriormente, iniciaremos o estudo do aparelho locomotor através do estudo de três sistemas: esquelético, articular e muscular. A respeito do sistema esquelético será abordado, suas funções, composição, formatos e classificações. O sistema articular estudaremos a definição e as classificações articulares. E finalizamos, estudando o sistema muscular que é tão complexo e fascinante ao mesmo tempo, mas veremos de maneira simples e de fácil entendimento as funções e classificações musculares. 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA Imagem do Tópico: ID 381224470 A anatomia é a ciência que estuda, macro e microscópicamente, a constituição e o desenvolvimento do corpo humano. Utilizamos o termo Morfologia para englobar as duas áreas de estudo anatômico, sendo elas: ● Anatomia microscópica que está relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e necessita de recurso instrumental para ampliação, como: lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Esta área se subdivide em: Citologia (estudo das células) e Histologia (estudo dos tecidos e como estes se organizam para a formação de órgãos). ● Anatomia macroscópica estuda as estruturas visíveis a olho nu, abordada da seguinte forma: anatomia de superfície (estuda as formas na superfície do corpo que revela os órgão que ficam escondidos, ex., estudo de músculos que se destacam por baixo da pele de halterofilistas), anatomia regional (estuda regiões específicas do corpo, ex., cabeça, pescoço, tórax, abdome). Enquanto, a anatomia sistêmica concentra os estudos nos sistemas que atuam na realização de funções complexas. O estudo macroscópico da anatomia sistêmica é a forma mais comum de proceder os estudos anatômicos relacionados à forma e as funções. Para exemplificar, estudamos isoladamente os aspectos anatômicos do sistema esquelético, sistema articular e o sistema muscular, no entanto, nenhum sistema do corpo humano funciona sozinho, juntos formam o chamado aparelho locomotor. (DANGELO; FATTINI, 2007; MARIEB, WILHELM; MALLATT, 2014). 1.1 Níveis de Organização do corpo humano O corpo humano é organizado estruturalmente em seis níveis que se estende desde átomos até a pessoa como um todo e ajuda na compreensão da anatomia, os níveis organizacionais do corpo humano, são os seguintes: os níveis químico, celular, tecidual, orgânico, sistêmico e organizacional (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 1) O nível químico inclui os átomos, que são as menores unidades da matéria que participam de reações químicas e são essenciais para a manutenção da vida, como por exemplo: oxigênio, carbono, hidrogênio, fósforo e cálcio. E as moléculas, que são caracterizadas pela ligação de átomos entre si, um exemplo das moléculas encontradas no corpo humano são o ácido desoxirribonucleico (DNA), o material genético passado de geração em geração, e a glicose (açúcar do sangue). 2) Nível celular: A combinação de moléculas formam as células, que são as unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo e originam os tecidos que são o próximo nível de organização. Como exemplos de células, temos: as células musculares, células nervosas e as células epiteliais. 3) O nível tecidual é formado por grupos de células com uma função específica. Existem quatro tipos básicos de tecidos em nosso corpo: o tecido epitelial, o tecido conjuntivo, o tecido muscular e o tecido nervoso. O tecido epitelial recobre as superfícies externas e internas do corpo. O tecido conjuntivo conecta, dá sustentação e protege os órgãos do corpo. O tecido muscular realiza contração produzindo movimento do corpo gerando calor. O tecido nervoso transmiteinformação de uma parte do corpo para outra por meio de impulsos nervosos. 4) Nível orgânico: os órgãos são as estruturas compostas por diferentes tipos de tecidos e desempenham funções específicas. Exemplos de órgãos incluem o estômago, a pele, os ossos, o coração, o fígado, os pulmões e o encéfalo. 5) Nível sistêmico. Um sistema é caracterizado por órgãos relacionados com uma função em comum como, por exemplo, o sistema digestório, que digere e absorve os alimentos. Seus órgãos incluem a boca, as glândulas salivares, a faringe, o esôfago, o estômago, o intestino delgado, o intestino grosso, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. Em alguns casos um órgão pertence a mais de um sistema. 6) Nível organizacional: Um organismo envolve todas as partes do corpo humano, funcionando em conjunto. 1.2 Terminologias anatômicas Assim como toda ciência, a anatomia também possui sua linguagem própria para descrever o organismo e suas partes, a padronização nos termos foi necessária pois no final do século XIX houve um avanço nas descobertas anatômicas gerando certa desordem, pois a mesma estrutura recebe denominações diferentes em cada centro de estudo. Em 1895, foi criada a primeira nomenclatura internacional na tentativa de uniformizar os termos e dando origem ao que chamamos de terminologia anatômica internacional (DANGELO; FATTINI, 2007). O conhecimento da terminologia anatômica é importante para promover a expressão clara e apropriada dos termos de maneira correta. Embora você conheça os termos coloquiais para designar as partes e regiões do corpo o que é importante para facilitar a comunicação com os indivíduos leigos que procurem atendimento, vocês futuros profissionais da área da saúde aprendam o uso da terminologia anatômica internacional, para permitir a comunicação precisa entre profissionais de saúde e cientistas do mundo todo (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). 1.2.1 Posição anatômica A posição anatômica é uma posição de referência utilizada em todas as descrições anatômicas dando significado aos termos direcionais utilizados na descrição das partes e regiões do corpo. As discussões sobre o corpo, o modo como se movimenta, sua postura ou a relação entre uma e outra área assumem que o corpo como um todo está numa posição específica chamada posição anatômica. A posição anatômica refere-se à posição do corpo onde o indivíduo se encontra ereto (posição ortostática, é o mesmo que em pé) com a cabeça, e pés apontados para frente e o olhar para o horizonte, os membros superiores estendidos ao lado do tronco e as palmas das mãos voltadas para frente (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). Usando essa posição e a terminologia apropriada, você pode relacionar com precisão uma parte do corpo a qualquer outra parte. 1.3.2. Planos anatômicos e Secções Para estudarmos a Anatomia Humana é necessário conhecermos os chamados planos anatômicos, que são fundamentais para facilitar as descrições anatômicas, localização e a situação dos diferentes órgãos do corpo baseando-se em quatro planos imaginários que cruzam o corpo na posição anatômica (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). ● Plano mediano ou também chamado de plano sagital mediano: É caracterizado por ser plano vertical que corta o corpo longitudinalmente, dividindo o corpo em metades direita e esquerda que passa através da linha mediana do corpo. ● Plano sagital: são planos verticais que atravessam o corpo paralelamente ao plano mediano. ● Plano frontal (coronal): são planos verticais que atravessam o corpo formando ângulos retos com o plano mediano, dividindo o corpo em partes anterior (frente) e posterior (atrás). ● Plano transverso: são planos horizontais que atravessam o corpo formando ângulos retos com os planos mediano e frontal, dividindo o corpo em partes superior e inferior. 1.3.2.1. Planos de secção Ao estudar uma região corporal é mostrada uma secção do mesmo. Uma secção é um corte do corpo ou de um de seus órgãos feito ao longo de um dos planos anatômicos descritos acima. É importante conhecer o plano da secção para compreender a relação anatômica de uma parte com a outra. A Figura 1 exemplifica três principais planos de secção: sagital, frontal e transversal, através de visões diferentes do encéfalo. Figura 1. Representa os planos anatômicos sagital, frontal/coronal e transverso que cruzam o corpo na posição anatômica. (ID. 1645354666) 1.3.4. Termos de posição e direção Para localizar as estruturas corporais, são utilizados termos de posição e direção. Partindo do princípio que o corpo do indivíduo encontra-se na posição de referência que é chamada posição anatômica, os anatomistas utilizam dois termos de posição que descrevem o corpo deitado. Se o corpo está com o rosto voltado para baixo, ele está em decúbito ventral. No entanto, se o corpo está com o rosto voltado para cima, ele está em decúbito dorsal. Quanto aos termos de direção específicos que descrevem a posição de uma parte do corpo em relação à outra. Existem vários termos direcionais que são agrupados em pares com e possuem significados opostos, ex., anterior (frente) e posterior (atrás). Abaixo estão listados os principais termos direcionais com seus respectivos exemplos (TORTORA; DERRICKSON, 2016). Termos Direcionais Exemplo de uso Superior O coração é superior ao fígado Inferior O estômago é inferior aos pulmões Anterior O esterno é anterior ao coração Posterior O esôfago é posterior à traquéia Medial A ulna é média ao rádio Lateral Os pulmões são laterais ao coração Proximal O úmero é proximal ao rádio Distal As falanges são distais aos ossos carpais Superficial As costelas são superficiais aos pulmões Profundo As costelas são profundas em relação à pele do tórax Ipsilateral A vesícula biliar e o colo ascendente são ipsilaterais (estão do mesmo lado) Contralateral O colo ascendente e o colo descendente são contralaterais (estão em lados opostos do corpo) APARELHO LOCOMOTOR 2 SISTEMA ESQUELÉTICO Imagem do Tópico: ID 43900419 O sistema esquelético é composto por vários tecidos diferentes e atua em conjunto com cartilagem e articulações. Cada osso do corpo é considerado um órgão, sendo responsável por fornecer suporte e sustentação ao corpo, servem como ponto de fixação para os músculos e armazenamento de minerais (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014). 2.1 Divisão do Esqueleto Humano O sistema esquelético é dividido em duas partes funcionais: esqueleto axial que é formado pelos ossos da cabeça, pescoço, e tronco localizados no centro do corpo. Enquanto, o esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos membros superiores e inferiores, inclusive aqueles que formam os cíngulos dos membros superiores e dos membros inferiores. A união do esqueleto axial com o apendicular acontece por meio das cinturas escapular e pélvica (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 2.2 Composição dos ossos O tecido ósseo é composto por dois tipos de osso, o osso compacto e o osso esponjoso. Diferencia-se pela quantidade de material sólido e pelo número e tamanho dos espaços que eles contêm, sendo que a proporção de osso compacto e esponjoso varia de acordo com a função do osso (TORTORA; DERRICKSON, 2016). O osso esponjoso localiza-se no interior do osso e seu aspecto esponjoso se deve a presença de espaços entre as lamínulas ósseas que são chamadas de trabéculas ósseas. Em algumas partes o osso esponjoso é substituído por uma cavidade medular que abriga a medula óssea amarela (armazena gordurosa) ou vermelha responsável pela função hematopoiética (produção de células sanguíneas e plaquetas) (TORTORA; DERRICKSON, 2016). O osso compacto está presente em todos os ossos como uma camada compacta, fina e superficial em torno de uma massa central de osso esponjoso, a proporção entre osso compacto e esponjoso é responsávelpor sua resistência. Os ossos longos, por exemplo, possuem uma maior quantidade de osso compacto no corpo do osso (diáfise), quando comparado às demais categorias de ossos. Abordaremos agora a estrutura dos ossos longos (Figura 2), que são as seguintes: ● Diáfise: é a haste longa do osso (corpo do osso). Ela é composta principalmente por tecido ósseo compacto, proporcionando resistência ao osso longo. ● Epífises: são as extremidades de um osso longo e locais onde um osso se articula a um segundo osso, formando uma articulação. Cada epífise é coberta com uma fina camada de cartilagem hialina, chamada cartilagem articular. ● Linha epifisial: Localiza-se entre a diáfise e cada epífise de um osso longo adulto. É um sinal da lâmina epifisial, que é um disco de cartilagem hialina responsável pelo crescimento ósseo (alongamento do osso) durante a infância. ● O periósteo (periósteo = em torno do osso) é uma membrana de tecido conjuntivo que recobre o ossos externamente, responsável por irrigar os ossos com nervos e vasos sanguíneos, por isso sentimos dor ao fraturar um osso. O periósteo fornece pontos de inserção para os tendões e ligamentos que se unem a um osso. Figura 2: Estrutura dos ossos longos Fonte: MARIE; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 136. 2.3 Funções do Sistema Esquelético As funções desempenhadas pelo sistema esquelético são as seguintes: ● Suporte: O esqueleto sustenta os tecidos moles e fornece pontos de fixação para tendões e músculos esqueléticos. ● Proteção: O esqueleto protege os órgãos vitais de lesão. Por exemplo, os ossos do crânio protegem o encéfalo e a caixa torácica protege o coração e os pulmões. ● Assistência ao movimento: A fixação dos músculos esqueléticos aos ossos produz movimentos através da contração da musculatura e tracionamento dos ossos. ● Armazenamento e liberação de minerais: O tecido ósseo armazena minerais, como: cálcio e fósforo, que contribuem para a resistência dos ossos e conforme a necessidade, os minerais são liberados para a corrente sanguínea de modo a manter a homeostasia. ● Função hematopoiética: É caracterizada pela produção de células sanguíneas que ocorre na medula óssea vermelha presente no interior de determinados ossos, como: os ossos do quadril; costelas e esterno, vértebras, crânio e extremidades do úmero e fêmur. A produção de hemácias (eritrócitos), leucócitos e plaquetas é denominada de hematopoese. ● Armazenamento de triglicerídeos: Com o avanço da idade, grande parte da medula óssea é transformada de vermelha para amarela. A medula óssea amarela é responsável pelo armazenamento de triglicerídeos que são reserva de energia para o organismo (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; TORTORA; DERRICKSON, 2016). 2.4 Classificação Morfológica dos Ossos Os ossos são classificados de acordo com suas características morfológicas por possuir tamanhos e formatos variados em cinco tipos: ossos longos, curtos, planos, irregulares e sesamóides (Figura 3), refletindo diretamente na função desempenhada. Para exemplificar, temos o fêmur que é o osso da coxa e pertence à categoria dos ossos longos, esta característica atribui a ele, a função de suportar o peso e pressão do corpo (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). 1) Ossos longos: Possui comprimento maior que a largura e são constituídos por um corpo e duas extremidades, chamadas de epífises e têm suas diáfises como sendo o corpo do osso é formada por tecido ósseo compacto. Exemplo de ossos longos: fêmur, tíbia, fíbula, úmero, radio e ulna. 2) Ossos curtos: Possuem comprimento igual à sua largura. Exemplos: ossos do carpo e tarso. 3) Ossos planos: São ossos finos e achatados que garantem considerável proteção. Exemplos: Ossos do crânio (frontal, parietal), osso esterno e escápula. 4) Ossos irregulares: São ossos com formas variadas e não se encaixa nas outras classificações, como exemplos: mandíbula e vértebras. 5) Ossos sesamóides: Os ossos sesamóides são considerados um tipo especial de osso por se desenvolver em alguns tendões e se encontrar em lugares onde os tendões cruzam as extremidades dos ossos longos nos membros. A patela é um exemplo de osso sesamóide e possui a função de proteger os tendões contra o desgaste excessivo. Figura 3: Ilustração Representando as Classificações Morfológicas dos Ossos Fonte: MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 135. 3 SISTEMA ARTICULAR Imagem do Tópico: ID 59466373 3.1 Definição As articulações são definidas como sendo o ponto de contato entre dois ossos, entre osso e cartilagem ou entre osso e dente, com formas e funções variadas. Algumas articulações não possuem movimento, outras permitem pequenos movimentos, enquanto outras têm mobilidade livre. (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). 3.2 Classificação As articulações são classificadas estruturalmente de acordo com as características anatômicas e funcionalmente de acordo com o tipo de movimento que as articulações realizam. A classificação estrutural das articulações baseia-se em dois critérios: 1) existência ou ausência de cavidade articular (espaço entre os ossos); 2) tipo de tecido conjuntivo que une os ossos. Portanto, de acordo com as caraterísticas estruturais, as articulações são classificadas como: articulações fibrosas, cartilagíneas e sinoviais. A classificação funcional é definida com relação ao grau de movimento que as articulações executam. Funcionalmente, as articulações são classificadas como: sinartrose (imóvel), anfiartrose (ligeiramente móvel) e diartrose (movimentos livres). 3.2.1 Classificação Estrutural das Articulações 3.2.1.1 Articulações fibrosas As articulações são formadas por tecido fibroso (tecido conjuntivo denso não modelado), nestas articulações as superfícies dos ossos estão quase em contato direto e a maioria das articulações fibrosas são imóveis ou ligeiramente móveis. Há três tipos principais de articulações fibrosas: ● Suturas: As suturas estão presentes apenas nos ossos do crânio, mantendo os ossos firmemente unidos e consideradas funcionalmente como articulações imóveis (sinartrose). Os tipos de suturas existentes são: plana, escamosa e denteada. ● Sindesmose: A sindesmose é um tipo de articulação fibrosa, une os ossos com uma lâmina de tecido fibroso, podendo ser um ligamento ou uma membrana fibrosa que une ossos (membrana interóssea). ● Gonfose ou também chamada de sindesmose dentoalveolar: é uma articulação fibrosa onde ocorre à fixação dos dentes nas cavidades alveolares na mandíbula e maxilas, é um processo semelhante a um pino encaixando-se em uma cavidade entre a raiz do dente e o processo alveolar da maxila. As sindesmoses e gonfoses são classificadas funcionalmente como anfiartroses, por realizar pequenos movimentos (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). 3.2.1.2 Articulações cartilagíneas Nas articulações cartilaginosas, os ossos são unidos por cartilagem e pequenos movimentos são possíveis nestas articulações. Existem dois tipos de articulações cartilagíneas: sínfises e sincondroses. ● Sínfises: são articulações fortes, ligeiramente móveis, unidas por fibrocartilagem. Exemplos desta articulação, incluem: discos intervertebrais (presente entre as vértebras) e sínfise púbica. A estrutura de fibrocartilagem confere resistência à tensão e a compressão, agindo como um amortecedor, as sínfises são articulações ligeiramente móveis (anfiartroses) fornecendo resistência com flexibilidade. ● Sincondroses: Os ossos são unidos por cartilagem hialina, as articulações do tipo sincondrose dividem-se em uniões temporárias e definitivas. Como sincondroses temporárias temo, a lâmina epifisial presente nas epífises dos ossos longos durante o desenvolvimento do osso longo e com opassar do tempo a lâmina epifisial se converte em osso e as epífises fundem-se com a diáfise. Como exemplo de sincondrose definitiva, temos a articulação esternocostal (cartilagem costal que une a primeira costela e o manúbrio do esterno). Funcionalmente, as sincondroses são classificadas como sinartroses por serem articulações imóveis (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014). 3.2.2.3 Articulações sinoviais As articulações sinoviais são as mais importantes e complexas articulações do corpo e permitem a realização de muitos movimentos, sendo considerada funcionalmente, diartrose. Exemplos de algumas articulações sinoviais: articulação do ombro (glenoumeral), joelho e quadril (coxofemoral). As articulações sinoviais possuem característica únicas, como: ● Cavidade articular: É uma característica presente somente nas articulações sinoviais é um espaço potencial que comporta uma pequena quantidade de líquido sinovial. ● Cápsula articular: membrana fibrosa dividida em duas camadas, a camada externa promove a união dos ossos e a camada interna é chamada membrana sinovial, reveste a cápsula articular e tem a importante função de produzir o líquido sinovial; ● Líquido sinovial: É um líquido viscoso que preenche o espaço da cavidade articular e atua como lubrificante articular, permitindo o deslizamento dos ossos com o mínimo de atrito. Cartilagem articular: Cobre as extremidades dos ossos e serve para absorver as forças de compressão aplicadas nas articulações, protege as extremidades ósseas (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). 4 SISTEMA MUSCULAR Imagem do Tópico: ID 290143442 4.1 Conceitos O sistema muscular é formado por músculos esqueléticos que são estruturas individualizadas que cruzam as articulações e, através da sua capacidade de contração, são capazes de transmitir movimento, esta habilidade é promovida por células específicas denominadas fibras musculares, sendo os músculos capazes de transformar energia química em energia mecânica (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). 4.2 Tecido Muscular Existem três tipos de músculos: músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso. ● O músculo estriado esquelético é de controle voluntário e está associado ao sistema esquelético movendo ou estabilizando ossos e outras estruturas, por isso recebe o nome de músculos esqueléticos. ● O músculo estriado cardíaco é um músculo de controle involuntário presente apenas nas paredes do coração. ● O músculo liso (músculo não estriado) é o músculo visceral, também de controle involuntário e reveste a parte interna das paredes da maioria dos vasos sanguíneos e órgãos ocos (ex., esôfago, estômago e bexiga). 4.3 Funções As funções do tecido muscular são as seguintes: 1) Produção dos movimentos corporais: O músculo esquelético encontra-se conectado ao sistema esquelético produzindo movimentos, como andar e correr. 2) Estabilizar as posições corporais: A contração contínua dos músculos esqueléticos, chamadas de tônus muscular, contribuem para estabilizar as articulações promovendo a manutenção das posições corporais, no ato de ficar em pé ou sentado. 3) Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos nos órgãos do sistema digestório promove a movimentação de alimentos através de movimentos chamados peristaltismo. Os músculos esfincterianos funcionam como válvulas que se abrem (relaxando deixa passar a substância) e fecham (contraindo impede a passagem). 4) Produção de Calor: A contração do tecido muscular produz calor que é usado na manutenção da temperatura corporal. Durante a realização de atividade física as contrações musculares são intensificadas gerando um excesso de calor e para impedir o aumento da temperatura corporal o reflexo imediato é a sudorese, que ocorre para resfriar o corpo (MARIEB,WILHELM; MALLATT, 2014). 4.4 Classificação dos músculos Os músculos podem ser classificados de acordo com seu formato relacionado com à disposição das fibras musculares. 4.4.1 Disposição paralela ● Músculos planos: Suas fibras são dispostas paralelamente. Exemplo: M. sartório (Figura 4) é um músculo plano estreito com fibras paralelas. Figura 4 - M. Sartório (músculo plano) Fonte: MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 330. ● Músculos triangulares: Tem origem em uma área larga e converge para formar um único tendão, assemelhando-se a um leque. Exemplo: M. peitoral maior (Figura 5). ● Músculos fusiformes: Seu diâmetro da região central (ventre) do músculo é maior que nas extremidades. Exemplo: M. bíceps braquial (Figura 5). Figura 5: M. Peitoral maior (músculos triangulares) e M. Bíceps braquial (músculo fusiforme). Fonte: MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 316. ● Músculos quadrados: Apresentar quatro lados iguais, sendo o comprimento igual à largura. Exemplo: M. reto do abdome e M. glúteo máximo. Figura 6: M. reto do abdome Fonte: DRAKE, 2011, p. 130. Figura 7: M. Glúteo máximo Fonte: MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 333. ● Músculos circulares: São músculos que circundam uma determinada região ou abertura do corpo, fechando-os quando se contraem. Exemplo: M. orbicular dos olhos (fecha as pálpebras). 4.4.2 Disposição oblíqua ● Músculos peniformes: A disposição das fibras musculares são parecidas com penas. E podem ser classificados como, semipeniformes, peniformes ou multipeniformes. Exemplo: M. extensor longo dos dedos (semipeniforme), M. reto femoral (peniforme) e M. deltóide (multipeniforme). Figura 8: Representação dos músculos peniformes Fonte: MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 275 SAIBA MAIS A osteoporose (osso poroso) é uma condição patológica que afeta todo o sistema esquelético acometendo 10 milhões de pessoas por ano nos EUA. Ocorre durante o processo de envelhecimento, devido a diminuição dos componentes orgânicos e inorgânicos do osso, à perda de cálcio do corpo (pela urina, fezes e suor) é maior do que a quantidade absorvido da alimentação, fazendo com que a massa óssea fique porosa tornando os ossos frágeis, perdendo a elasticidade e sofrendo fraturas espontâneas. Por exemplo, uma fratura de quadril pode resultar da simples ação de sentar-se muito rapidamente. Nos EUA, a osteoporose causa mais de 1,5 milhão de fraturas por ano, sendo as principais fraturas de quadril, punhos e vértebras. A osteoporose afeta principalmente pessoas idosas e de meia-idade, com maior prevalência de mulheres acometidas do que os homens por dois motivos, isto se deve a dois fatos: 1) os ossos das mulheres são menos compactos que os dos homens e 2) a produção hormônios nas mulheres diminui na menopausa (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). REFLITA Oração ao Cadáver Desconhecido "Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente." Dr. Karl Rokitansky (1876) – médico patologista. #REFLITA# CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), Neste material, busquei trazer para você os aspectos gerais da anatomia humana que servirá de base para o estudo dos temas subsequentes, fornecendo conhecimento de termos técnicos-científicos utilizados rotineiramente nos estudos. Posterior, a esta apresentaçãoinicial, iniciamos os estudos da anatomia macroscópica sistêmica que consiste no estudo detalhado dos sistemas que formam o corpo humano. Nesta abordagem, definimos e destacamos as funções de três sistemas: sistema esquelético, articular e muscular. Com base na contextualização de cada sistema acredito que tenha ficado claro à você que a forma didática de estudar a anatomia é através das classificações dos sistemas. No caso do sistema esquelético, classificamos os ossos de acordo com as características morfológicas que é o aspecto que este osso apresenta. Contudo, o sistema articular é classificado de duas formas: de acordo com a funcionalidade da articulação, que diz respeito ao grau de movimento que a mesma executa (imóvel, ligeiramente móvel ou movimentos livres) e a estrutura da articulação (qual tecido à compõem). E por fim, abordamos a classificação dos músculos de acordo com a forma que o músculo se apresenta que depende da disposição das fibras musculares. A partir de agora acreditamos que você está preparado para dar continuidade aos estudos dos próximos sistemas anatômicos que servirá de base para a compreensão de outras disciplinas, como a fisiologia que estudará de forma detalhada a funcionalidade de cada sistema e finalizamos com as classificações que são formas didáticas de apresentação das estruturas anatômicas. Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado! LEITURA COMPLEMENTAR Condromatose Sinovial - Relato de caso Introdução Condromatose sinovial é uma desordem rara de etiologia desconhecida e se caracteriza pela presença de múltiplos nódulos cartilaginosos dentro do tecido conjuntivo da membrana das articulações, bainhas e bursas. A articulação mais acometida é o joelho, seguido pelo quadril, ombro e mãos, com predomínio monoarticular. O aparecimento da lesão é mais comum no sexo masculino e em pessoas entre a terceira e quinta décadas de vida. O diagnóstico de condromatose sinovial é dado após uma minuciosa história, exame físico e exame radiográfico. No entanto, o diagnóstico definitivo é realizado após exame histológico do tecido sinovial e o tratamento de escolha para os pacientes sintomáticos é cirúrgico. Considera-se que a presença de múltiplos corpos livres intra-articulares, independentemente se de causa degenerativa, neuropática, osteocondrite dissecante ou outras, já é suficiente para caracterizar o quadro, podendo, em estágio mais tardio, apresentar a metaplasia condroide sinovial. Caso Paciente masculino, 34 anos de idade, apresentou dor forte em joelho esquerdo associado à incapacidade funcional sem fator desencadeante aparente. Procurou atendimento médico em dezembro de 2006, quando lhe foram prescritos AINES. Após um ano relatou aumento do edema e dor no local. Foi encaminhado ao especialista em joelho com suspeita de lesão meniscal. Ao exame, foram detectados edema intenso da articulação com limitação de movimento, dor exacerbada e punção articular negativa; como não apresentava alterações nas radiografias simples, foi solicitado exame de ressonância magnética do joelho. Ao exame de ressonância magnética, evidenciou-se volumoso acúmulo de líquido intra-articular, associado à acentuada proliferação sinovial sugestivo de sinovite vilonodular pigmentada com meniscos e ligamentos íntegros. Paciente foi submetido a artroscopia do joelho esquerdo que evidenciou fragmentos irregulares e esbranquiçados, sendo então realizada artrotomia com retirada da lesão e sinovectomia ampla, o material foi enviado para exame anatomopatológico, o qual evidenciou presença de condromatose sinovial. Após oito meses de cirurgia, o paciente apresenta-se sem queixas, joelho esquerdo com amplitude de 130º sem derrame articular ou sinais inflamatórios. A condromatose sinovial é uma metaplasia benigna rara da membrana sinovial, originando a formação de corpos livres cartilaginosos no espaço articular de difícil diagnóstico, já que 95% dos nódulos, quando não calcificados, podem passar despercebidos radiologicamente. Discussão A condromatose sinovial é uma metaplasia benigna rara da membrana sinovial, originando a formação de corpos livres cartilaginosos no espaço articular sem sinais de malignização, nem relação direta com traumatismos ou processos inflamatórios. Os nódulos podem ser pediculados e liberados no espaço articular onde podem permanecer como corpos livres e aumentar de tamanho. Sua origem pode ser primária ou secundária. As manifestações clínicas são dor, inflamação e limitação funcional monoarticular. As articulações mais afetadas são os joelhos (50%), quadril e tornozelo. A radiologia convencional é muito característica se os corpos livres estão calcificados (osteocondromatose), sendo difícil sua interpretação quando são radiotransparentes (condromatose). Na ressonância magnética observa-se hiperplasia sinovial heterogênea e na artroscopia observa-se um espessamento acentuado dos tecidos que constituem a cavidade articular acompanhados de numerosos nódulos cartilaginosos pequenos e irregulares. O diagnóstico diferencial deve ser feito com o condrossarcoma sinovial e a condrometaplasia secundária, que ocorre quando pequenos fragmentos de osso ou cartilagem articular se desprendem e ficam na cavidade articular após traumatismos ou doenças degenerativas. Em nosso caso, a idade, localização e a característica monoarticular coincidem com a literatura (LASMAR et al, 2010). LIVRO Título: Gray - Anatomia Clínica para Estudantes Autor: Richard Richard Drake. Editora: Guanabara Koogan. Sinopse: O Gray’s Anatomia Clínica para Estudantes, foca precisamente nas informações que você necessita para estudar Anatomia, em um formato fácil de ler e visualmente atraente que facilita o estudo. https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Richard+Richard+Drake&text=Richard+Richard+Drake&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks FILME/VÍDEO Título: Introdução à Anatomia Ano: 2020. Sinopse: O vídeo aborda os aspectos introdutórios à anatomia humana, destacando o conceito e apresenta a terminologia anatômica. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=5c3Pp-b7uwc. REFERÊNCIAS DANGELO, J. G; FATTINI, C. A. Anatomia Humana – Sistêmica e Tegumentar. São Paulo: Atheneu. 3º ed, 2007. DRAKE, R. Gray - Anatomia Clínica para Estudantes. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 3º ed, 2015. LASMAR, N. P; VIEIRA, R. B; ROSA, J; LASMAR, R. C. P; SCARPA, A. C. Condromatose Sinovial - Relato de caso. Revista Brasileira de Ortopedia. 2010; 45(5): 490-2. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/rbo.org.br/pdf/45- 5/condromatose_sinovial.pdf. Acesso em: 30 jun. 2021. MARIEB, E. N; WILHELM, P. B; MALLATT. Anatomia Humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. MOORE, K. L; DALLEY, A. F; AGUR. A. Anatomia Orientada para a Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 7º ed, 2014. TORTORA, G; DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. https://cdn.publisher.gn1.link/rbo.org.br/pdf/45-5/condromatose_sinovial.pdf https://cdn.publisher.gn1.link/rbo.org.br/pdf/45-5/condromatose_sinovial.pdf UNIDADE II SISTEMAS CARDIOVASCULAR, LINFÁTICO E RESPIRATÓRIO Professora Mestre Gislaine Cardoso de Souza Fiaes Plano de Estudo: Tópico 1 - SISTEMA CARDIOVASCULAR ● Introdução ao Sistema Cardiovascular; ● Composição do Sangue; ● Coração; ● Morfologia externa do coração; ● Morfologia interna do coração; ● Circulação pulmonar e sistêmica; ● Vasos sanguíneos. Tópico 2 - SISTEMA LINFÁTICO ● Introdução ao sistema linfático; ● Vasos linfáticos; ● Tecido e Órgãos Linfáticos. Tópico 3 - SISTEMA RESPIRATÓRIO ● Introdução ao Sistema Respiratório; ● Órgãos do Sistema Respiratório. Objetivos de Aprendizagem:● Conceituar o sistema cardiovascular e conhecer os elementos que compõem este sistemas (sangue, coração e vasos sanguíneos); ● Identificar a morfologia externa e interna do coração; ● Compreender a circulação pulmonar e sistêmica; ● Conceituar o sistema linfático; ● Definir os vasos linfáticos, tecidos e órgãos linfáticos; ● Conceituar o sistema respiratório e identificar seus órgãos. INTRODUÇÃO Nesta unidade vocês aprenderão sobre o sistema cardiovascular, linfático e respiratório. O sistema circulatório compreende o estudo de dois sistemas, o sistema cardiovascular e o linfático. Iniciaremos falando sobre o sistema cardiovascular que é formado pelo coração e vasos sanguíneos que trabalham em conjunto com o objetivo de manter o sangue circulando no nosso corpo. A circulação sanguínea é promovida pela ação do bombeamento do coração que impulsiona o sangue a sair do coração em direção as artérias, estas por sua vez se ramificam até se tornarem capilares sanguíneos que irrigam os tecidos corporais transportado pelo sangue oxigênio e nutrientes, e também promove o transporte de dióxido de carbono (CO2) e resíduos celulares que se difundem dos tecidos para a corrente sanguínea. Além do oxigênio, fica a cargo do sistema cardiovascular a realização do transporte de outras substâncias como, hormônios até seus órgãos-alvo, bem como, de células de defesa do corpo para locais específicos de combate à infecção. Com relação ao sistema linfático, ele também é considerado parte do sistema circulatório sendo composto por vasos linfáticos, órgão linfáticos e um líquido que flui através dos vasos linfáticos. Este líquido é proveniente da drenagem do líquido intersticial (líquido que banha as células) que ao adentram os vasos linfáticos recebe o nome de linfa. A linfa percorre o trajeto por vasos linfáticos, passando por linfonodos que são estruturas que abrigam células que destroem agentes estranhos patogênicos presentes na linfa promovendo seu retorno ao sangue. Finalizaremos, estudando sobre as estruturas anatômicas do sistema respiratório e a função primordial deste sistema que consiste em realizar a troca de gases (oxigênio e dióxido de carbono) com o ar atmosférico, garantindo a concentração de oxigênio no sangue necessária para as realização das reações metabólicas celulares, bem como, promover a eliminação de gases residuais, resultantes dessas reações que são representadas pelo gás carbônico. 1 SISTEMA CARDIOVASCULAR Imagem do Tópico: ID 1576424071 1.1 Introdução ao Sistema Cardiovascular O sistema cardiovascular é composto pelo sangue, coração e vasos sanguíneos e apresenta as seguintes funções: ● Transporte: O sangue é responsável pelo transporte de várias substâncias, como hormônios e inclui a captação do oxigênio pelos pulmões e nutrientes provenientes do sistema digestório até células do corpo que os utilizam para a produção de energia. O sangue também realiza o transporte de metabólitos que são resíduos produzidos pelas células, como o dióxido de carbono (CO2) que é transportado até os órgãos responsáveis pela sua eliminação. ● Regulação: O sistema cardiovascular atua no controle da temperatura corporal através da regulação da quantidade de sangue direcionada para a superfície do corpo. Para exemplificar pensem em um indivíduo ao realizar atividade física a temperatura corporal aumenta, o sangue é desviado para os vasos cutâneos (vasos da pele) mais superficiais, o indivíduo fica vermelho (rubor), a maior quantidade de sangue na superfície corporal gera o resfriamento do através da perda de calor para o ambiente. Em casos onde há diminuição da temperatura ambiente o sangue é desviado para vasos mais profundos, diminuindo a quantidade de sangue na superfície e nas extremidades do corpo acarretando na diminuição da perda de temperatura para o ambiente, mantendo o corpo aquecido. ● Proteção: A proteção ocorre através do transporte sanguíneo das células de defesa chamadas de glóbulos branco (leucócitos) que atuam combatendo infecções. Outro mecanismo de proteção acontece através da coagulação sanguínea evitando a perda de sangue, a coagulação é o processo de transformação do sangue líquido em um coágulo sólido, ajudando a interromper o processo de sangramento (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 1.2 Composição do Sangue O sangue corresponde a aproximadamente 8% da massa corporal, seu volume em homens adultos é de 5 a 6 litros e de 4 a 5 litros nas mulheres, esta diferença de volume entre homens e mulheres é decorrente das diferenças de tamanho corporal. O sangue é composto por células (elemento figurado) envoltas por matriz extracelular líquida chamada de plasma sanguíneo, que mantêm as células suspensas e substâncias dissolvidas (hormônios), este sangue recebe o nome de sangue total. Quando uma amostra de sangue é centrifugada em tubo de vidro é obtido a separação das células que por serem mais densas se depositam no fundo do tubo enquanto o plasma (que é menos denso) fica em uma camada na parte superior (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; TORTORA; DERRICKSON, 2016). ● Elementos figurados do sangue: Corresponde a cerca de 45% do sangue e incluem três componentes principais, que são as hemácias, leucócitos e plaquetas. 1) As hemácias ou também chamadas de eritrócitos transportam oxigênio dos pulmões para as células corporais e dióxido de carbono das células do corpo para os pulmões; 2) Os leucócitos são células do sistema de defesa e atua na proteção do corpo contra patógenos invasores (ex. vírus e bactérias); 3) As plaquetas, o último tipo de elemento figurado, são fragmentos celulares que promovem a coagulação do sangue nos casos de dano dos vasos sanguíneos impedindo o sangramento excessivo (Figura 1). ● Plasma sanguíneo: É a matriz extracelular aquosa de cor palha que contém substâncias dissolvidas (soluto). O plasma é composto por 91,5% de água e 8,5% de solutos, cuja maioria são proteínas que por serem encontradas no plasma são chamadas de proteínas plasmáticas e incluem: as albuminas, globulinas e fibrinogênio. Além de proteínas, os outros solutos no plasma são eletrólitos, nutrientes, substâncias reguladoras como enzimas e hormônios, gases e resíduos metabólicos, como: ureia, ácido úrico, creatinina, amônia e bilirrubina (Figura 1). INSERIR IMAGEM Composição do sangue - ID 1687001533 Figura 1: Mostra a composição do plasma sanguíneo e os números dos vários tipos de elementos figurados do sangue 1.3 Coração O coração é um órgão muscular oco, um pouco maior do que uma mão fechada e considerado o maior órgão do mediastino (região localizada entre os dois pulmões) cuja função é de bombear o sangue através do sistema cardiovascular. A contração cardíaca é chamada de sístole e o relaxamento do coração é chamado de diástole. O coração tem forma de cone, localiza-se no tórax com seu ápice voltado para o lado esquerdo do corpo, posterior ao osso esterno e as cartilagens costais e apoiado sobre o diafragma (Figura 2) (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). 1.3.1 Revestimento do coração O coração é revestido por uma membrana externa que protege o coração e mantém sua posição no mediastino, embora permita a realização de movimentação de contrações rápidas e vigorosas (Figura 2). O pericárdio consiste em duas partes principais: pericárdio fibroso e pericárdio seroso (Figura 3). Inserir imagem: ID 1713650539 Figura 2: Mostra a localização do coração recoberto pelo pericárdio O pericárdio fibroso é superficial é um tecido conjuntivo irregular, denso, resistente e não elástico, assemelha-se a um saco, repousa sobre o diafragma e se prende a ele. Contudo, o pericárdio seroso é uma membrana mais fina e mais delicada que forma uma dupla camada (parietal e visceral), envolvendo o coração.A camada parietal é a mais externa, do pericárdio seroso, enquanto, a camada visceral é mais interna do pericárdio seroso, também chamada epicárdio, adere fortemente à superfície do coração. Entre as camadas parietal e visceral do pericárdio seroso existe um espaço chamado de cavidade do pericárdio, esta cavidade é preenchida por um líquido seroso lubrificante, denominado líquido pericárdico, cuja função é reduzir o atrito entre as camadas do pericárdio seroso conforme o coração se move (Figura 3) (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 1.3.2 Camadas da parede do coração A parede do coração é formada por três camadas (Figura 3): o epicárdio (camada externa), o miocárdio (camada intermediária) e o endocárdio (camada interna). ● Epicárdio: Camada externa do coração é uma delgada lâmina de tecido seroso. O epicárdio é contínuo, a partir da base do coração, com o revestimento interno do pericárdio, denominado camada visceral do pericárdio seroso. ● Miocárdio: É a camada média e a mais espessa do coração, composto por músculo estriado cardíaco que permite a contração rápida e vigorosa do coração impulsionando o sangue que as do coração em direção aos vasos sanguíneos. ● Endocárdio: É a camada interna do coração uma fina camada de tecido composto por epitélio pavimentoso simples sobre uma camada de tecido conjuntivo. O endocárdio também reveste as valvas e é contínuo com o revestimento dos vasos sanguíneos que entram e saem do coração (TORTORA; DERRICKSON, 2016). Inserir imagem ID - 1853775175 Figura 3: A imagem mostra as membranas de revestimento do coração (pericárdio fibroso e seroso) e a composição da parede do coração. Observe de acordo com os números na imagem: 1) Pericárdio fibroso; 2) Pericárdio parietal; 3) pericárdio visceral (endocárdio); 4) miocárdio e 5) endocárdio. 1.4 Morfologia externa do coração O coração apresenta quatro faces: 1) Face Esternocostal (Anterior): Formada pelo ventrículo direito; 2) Face Diafragmática (Inferior) - Formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e parcialmente pelo ventrículo direito; 3) Face pulmonar direita, formada pelo átrio direito e; 4) Face Pulmonar Esquerda: Formada principalmente pelo ventrículo esquerdo, ela ocupa a impressão cárdica do pulmão esquerdo. As quatro margens do coração são: Margem superior (base do coração): formada pelos átrios e aurículas direita e esquerda, local onde emergem a parte ascendente da aorta, tronco pulmonar e recebe as veias pulmonares direita e esquerda e as veias cavas superiores e inferiores nas extremidades superior e inferior de sua porção do átrio direito. ● Margem inferior (ápice): formada principalmente pelo ventrículo direito e pequena parte pelo ventrículo esquerdo. ● Margem direita: formada pelo átrio direito e ventrículo direito. ● Margem esquerda: formada pelo ventrículo esquerdo e pequena parte pela aurícula do átrio esquerdo (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). 1.5 Morfologia interna do coração O lado direito do coração (coração direito) recebe sangue pouco oxigenado (venoso) através da veia cava superior e inferior e o bombeia através do tronco e das artérias pulmonares para ser oxigenado nos pulmões. O lado esquerdo do coração (coração esquerdo) recebe sangue oxigenado (arterial) vindo dos pulmões através das veias pulmonares e o bombeia para a aorta, de onde é distribuído para o corpo (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). O coração possui quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são as duas câmaras superiores que recebem sangue e os ventrículos são duas câmaras inferiores que bombeiam o sangue para fora do coração (Figura 4). Na face anterior de cada átrio existe uma estrutura enrugada, em forma de saco, chamada aurícula (semelhante à orelha de cão) que aumenta a capacidade do átrio para conter maior volume de sangue. Na superfície do coração existem vários sulcos, que contêm vasos sanguíneos coronarianos e uma quantidade variável de gordura, cada sulco marca a fronteira externa entre duas câmaras do coração. O sulco coronário circunda a maior parte do coração e marca a fronteira externa entre os átrios acima e os ventrículos abaixo. Enquanto, o sulco interventricular anterior é um sulco raso na face esternocostal do coração que marca a fronteira externa entre os ventrículos direito e esquerdo. Este sulco continua em torno da face posterior do coração como o sulco interventricular posterior, que marca a fronteira externa entre os ventrículos na face posterior do coração (Figura 4). (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014; TORTORA; DERRICKSON, 2016). INSERIR IMAGEM ID 454519363 Figura 4: Primeira imagem observa as quatro câmaras. Segunda imagem mostra as aurículas dos átrios direito e esquerdo e os sulcos coronário e interventricular 1.5.1 Átrio Direito (AD) O átrio direito recebe sangue venoso de duas grandes veias: veia cava superior e veia cava inferior. A veia cava superior recolhe sangue da cabeça e parte superior do corpo, enquanto, a veia cava inferior recebe sangue do abdômen e membros inferiores. O sangue passa do átrio direito para ventrículo direito através de uma válvula chamada tricúspide (formada por três válvulas). Entre o átrio direito e o átrio esquerdo existe uma parede fina chamada septo interatrial que possui uma depressão oval chamada de fossa oval, que representa um vestígio do forame oval presente no feto. O átrio direito apresenta uma expansão denominada aurícula direita, que serve para amortecer o impulso do sangue ao penetrar no átrio (Figura 5) (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 1.5.2 Ventrículo Direito (VD) O ventrículo direito forma a maior parte da superfície anterior do coração. Recebe o sangue do átrio direito e o bombeia para a artéria tronco pulmonar que direciona o sangue para a circulação pulmonar. A parede interna do VD apresenta uma série de feixes elevados de fibras musculares cardíacas chamadas trabéculas cárneas. No óstio atrioventricular direito existe um a presença de uma válvula atrioventricular (tricúspide) que impede o sangue de retornar do ventrículo para o átrio direito. A valva é presa por filamentos denominados cordas tendíneas, que se inserem em pequenas colunas cárneas chamadas de músculos papilares. A válvula do tronco pulmonar também é constituída por pequenas lâminas, dispostas em concha, denominadas válvulas semilunares (Figura 5) (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014). 1.5.3 Átrio Esquerdo (AE) O átrio esquerdo é uma cavidade com paredes finas e lisas que recebe o sangue já oxigenado através de quatro veias pulmonares. O sangue passa do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo, através da valva bicúspide (mitral), que tem apenas duas cúspides. O átrio esquerdo também apresenta uma expansão chamada aurícula esquerda revestida por músculos pectíneos (Figura 5) (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014). 1.5.4 Ventrículo Esquerdo (VE) O ventrículo esquerdo forma o ápice do coração. O VE bombeia o sangue em direção a artéria Aorta que possui válvula semilunares (valva aórtica) o impulsionando a percorrer a circulação sistêmica. As características são semelhantes ao VE contém trabéculas cárneas, músculos papilares, cordas tendíneas e uma válvula atrioventricular formada apenas por duas lâminas denominadas cúspides (mitral) localizada na abertura atrioventricular esquerda. Contudo, parte do sangue flui para as artérias coronárias, que se ramificam a partir da aorta ascendente, levando sangue para a parede cardíaca irrigando o músculo cardíaco; o restante do sangue passa para o arco da aorta e para a aorta descendente (aorta torácica e aorta abdominal). Ramos arteriais do arco da aorta e da aorta descendente levam sangue para todo o corpo (Figura 5) (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014). Figura 5: Corte frontal do coração mostrando a morfologia interna do coração Fonte: MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 592.1.6 Circulação pulmonar e sistêmica O coração é uma bomba muscular que impulsiona o sangue a percorrer os vasos sanguíneos. Todavia, existe uma diferença entre o sangue que percorre as artérias, chamado de sangue arterial do sangue venoso (sangue que percorre as veias) a diferença consiste no teor de oxigênio no sangue. O sangue venoso é um sangue pobre em oxigênio que precisa ser oxigenado para fornecer aos tecidos este elemento gasoso que é vital para a sobrevivência dos tecidos e para compreensão este processo é necessário entender que a circulação sanguínea ocorre a nível pulmonar e sistêmico (Figura 6) (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). ● Circulação Pulmonar: Circulação Pulmonar: O átrio direito é a câmera que recebe o sangue com baixo teor de oxigênio proveniente dos tecidos que chega ao o átrio direito através da veia cava superior e inferior. Depois, o sangue se desloca para o ventrículo direito do coração, sendo bombeado para os pulmões onde irá captar oxigênio (O2) e dispersar o dióxido de carbono (CO2) (Figura 6) ● Circulação Sistêmica: O sangue oxigenado retorna dos pulmões para o átrio esquerdo, posteriormente ocupa o ventrículo esquerdo que bombeia o sangue em direção a artéria Aorta por todo o corpo a fim de fornecer oxigênio e nutrientes para os tecidos do corpo (Figura 6) Figura 6: Circulação pulmonar e sistêmica. O lado direito do coração bombeia o sangue pobre em O2 e com alto teor de CO2 para os pulmões onde o sangue recebe O2 e deixa o CO2 para ser dispensado, caracterizando a circulação pulmonar. O lado esquerdo do coração recebe o sangue vindo dos pulmões e o bombeia para todos os tecidos do corpo via circulação sistêmica Fonte: MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 586. 1.7 Vasos sanguíneos Os vasos sanguíneos formam uma rede de tubos por onde o sangue circula em direção aos tecidos do corpo e de volta ao coração e são divididos em: artérias, veias e capilares. As artérias são os vasos sanguíneos que partem do coração e vão se ramificando em menor calibre, até atingirem os capilares que irrigam os tecidos do corpo. Enquanto, as veias são os vasos sanguíneos que chegam ao coração trazendo o sangue da periferia do corpo para o coração. Já os capilares sanguíneos são vasos de menor calibre (muito finos) responsáveis por chegar efetivamente até as células do corpo para realizar as trocas de gases, nutrientes e resíduos. Esta passagem de sangue através do coração e dos vasos sanguíneos é chamada de circulação sanguínea. 2 SISTEMA LINFÁTICO Imagem do Tópico: ID 1281335578 2.1 Introdução ao sistema linfático O sistema linfático é composto por uma rede de vasos linfáticos que transportam um líquido chamado linfa, e diversas estruturas e órgãos linfáticos (baço, linfonodos e timo). O sistema linfático apresenta três funções principais: ● Drenagem do excesso de líquido intersticial: O líquido intersticial é o líquido que banha as células do corpo, esta função é responsável pela conexão entre o sistema linfático e o sistema circulatório cardiovascular. O sistema linfático devolve o excesso de líquido para o sistema vascular sanguíneo através da drenagem do líquido intersticial realizado pelos vasos linfáticos e o transporta para a corrente sanguínea, devolvendo ao sangue. ● Desempenhar respostas imunes. O sistema imune protege o organismo contra agentes causadores de doenças atuando no combate à infecções, conferindo imunidade às doenças. ● Transportar lipídios oriundos da dieta. Os vasos linfáticos transportam lipídios e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) absorvidas pelo sistema digestório (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 2.2 Vasos linfáticos Os vasos linfáticos coletam o excesso de líquido intersticial, em volta dos capilares sanguíneos e o devolve para a corrente sanguínea. A partir do momento que o líquido intersticial é coletado e adentra os vasos linfáticos, ele passa a ser chamado de linfa e flui pelos linfonodos. Os vasos linfáticos são encontrados no tecido subcutâneo, acompanhando as veias, no entanto, os vasos linfáticos das vísceras geralmente acompanham as artérias. Os vasos linfáticos iniciam-se com os capilares linfáticos que são vasos menores localizados nos espaços entre as células recebendo a linfa e se unem para formar vasos linfáticos maiores. Contudo, a linfa é drenada dos vasos linfáticos para os troncos linfáticos, que se unem formando os ductos linfáticos que direciona a linfa para o coração (Figura 7) (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; TORTORA; DERRICKSON, 2016). INSERIR IMAGEM - ID 1660485676 Figura 7: Rede de vasos linfáticos 2.2.1 Capilares Linfáticos Os capilares linfáticos situam-se próximos aos capilares sanguíneos, e são vasos altamente permeáveis, esta característica favorece sua função de ser responsável por coletar o excesso de líquido intersticial, a partir do momento que o líquido intersticial drenado entra nos capilares linfáticos, ele recebe o nome de linfa. Devido à alta permeabilidade dos capilares eles conseguem absorver moléculas grandes como proteínas e lipídios. Existem capilares linfáticos localizados nas vilosidades intestinais que possuem a função exclusiva de absorver a gordura digerida pelo intestino, consequentemente, a linfa drenada se torna leitosa. Essa linfa gordurosa, por sua vez, recebe o nome de quilo e, como toda linfa, é transportada para a corrente sanguínea (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014). 2.2.2 Troncos Linfáticos A linfa é transportada dos capilares linfáticos para os vasos linfáticos que chegam aos linfonodos. Ao sair dos linfonodos os vasos linfáticos unem formando troncos linfáticos responsáveis por drenar a linfa de uma região específica do corpo. Os principais troncos linfáticos são: ● Troncos lombares: drenam a linfa dos membros inferiores, pelve, rins, glândulas suprarrenais e da parede abdominal. ● Tronco intestinal: drena a linfa do estômago, intestinos, pâncreas, baço e parte do fígado. ● Troncos broncomediastinais: drenam a linfa da parede torácica, pulmão e coração. ● Troncos subclávios: drenam os membros superiores. ● Troncos jugulares: drenam a cabeça e o pescoço. 2.2.3 Ductos Linfáticos A linfa é drenada dos troncos linfáticos para dois vasos linfáticos maiores, chamados ducto torácico e ducto linfático direito, que drenam a linfa para o sangue venoso. O ducto torácico começa com uma dilatação chamada cisterna do quilo que recebe a linfa dos troncos lombar direito, esquerdo e do tronco intestinal. No pescoço, o ducto torácico também recebe a linfa dos troncos jugular esquerdo, subclávio esquerdo e broncomediastinal esquerdo. Desta maneira, o ducto torácico é responsável por receber a linfa do lado esquerdo da cabeça, do pescoço, do tórax, do membro superior esquerdo e de todo o corpo abaixo das costelas, e proporciona a drenagem da linfa para o sangue. Todavia, o ducto linfático direito recebe a linfa do lado superior direito do corpo através dos troncos jugular direito, subclávio direito e broncomediastinal direito, drenando a linfa para o sangue venoso desembocando na veias do pescoço jugular interna direita e subclávia direita (Figura 8) (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; TORTORA; DERRICKSON, 2016). Figura 8: Mostra a distribuição dos vasos linfáticos. Área verde do corpo é drenada pelo ducto linfático direito, área rosa do corpo é drenada pelo ducto torácico Fonte: MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 655. 2.3 Tecido e Órgãos Linfáticos Classificamos em dois grupos de acordo com suas funções em: os órgãos linfáticos primários e secundários. Os órgãos linfáticos primários são a medula óssea (dá origem a linfócitos B maduros e a células T) e o timo. Já, os órgãos e tecidos linfáticos secundários são os locais em que ocorre a maior parte das respostas imunes e incluem: os linfonodos,o baço e os nódulos linfáticos (folículos). A seguir abordaremos os conceitos gerais sobre os principais órgãos linfáticos. 2.3.1 Timo O timo é um órgão linfático primário, bilobado (possui dois lobos) e localiza-se entre o esterno e a aorta (região do mediastino), envolto por tecido conjuntivo que mantém os dois lobos unidos (Figura 9). Cada lobo do timo é formado por um córtex externo de coloração escura e uma medula central de coloração mais clara. Na região do córtex contém uma grande quantidade de linfócitos T que migram da medula óssea para o córtex do timo, onde se proliferam e começam a maturar. Posteriormente, os linfócitos T que saem do timo pelo sangue para colonizar os linfonodos, baço e outros tecidos linfáticos (TORTORA; DERRICKSON, 2016). INSERIR IMAGEM TIMO - ID 1339078409 Figura 9: Ilustração da localização do timo (entre os pulmões – mediastino) 2.3.2 Linfonodos Os linfonodos possuem forma de feijão e estão espalhados pelo corpo ao longo dos vasos linfáticos e são responsáveis por remover os patógenos da linfa. Os linfonodos medem aproximadamente de 1 a 25 mm de comprimento, são cobertos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso e se dividem em dois compartimentos. Os linfonodos são encontrados em agrupamentos em locais superficiais ou mais profundos; os superficiais estão na região cervical, axilar e inguinal; enquanto os linfonodos profundos encontram- se no tórax, abdome e pelve. No interior dos linfonodos é observado uma rede de vasos aferentes e eferentes (Figura 10). Os vasos aferentes adentram aos linfonodos pela cápsula fibrosa trazendo a linfa, enquanto, os vasos eferentes saem dos linfonodos por uma região chamada hilo. A linfa infiltra através dos seios linfáticos que estão distribuídos no interior do linfonodos formando uma rede entrecruzada de fibras reticulares que é local de armazenamento de macrófagos (células destruidoras de agentes estranhos). O trajeto que a linfa percorre passando por vários linfonodos é essencial para torná-la livre de patógenos para ser despejada no sistema sanguíneo (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; TORTORA; DERRICKSON, 2016). INSERIR IMAGEM LINFONODO - ID 100624825 Figura 10: Linfonodo e seus vasos linfáticos aferentes e eferentes 2.3.3 Baço O baço é uma estrutura oval, maior massa de tecido linfático do corpo, tendo aproximadamente 12 cm de comprimento. Sua face superior é lisa e convexa que permite o encaixe perfeito à face côncava do diafragma. Localiza-se entre o estômago e o diafragma (região do hipocôndrio esquerdo) (Figura 11). Assim como os linfonodos, o baço também possui um hilo por onde chegam a artéria esplênica, a veia esplênica e os vasos linfáticos eferentes. No interior do baço observa-se o parênquima do baço, composto por dois tipos diferentes de tecido chamados de polpa branca e polpa vermelha (Figura 12). A polpa branca é composta por tecido linfático (linfócitos e macrófagos) organizados ao redor da artéria esplênica (que na polpa branca recebe o nome de artérias centrais). Já, a polpa vermelha é composta por veias cheias de sangue e por diversas células como: eritrócitos, macrófagos, linfócitos, plasmócitos e granulócitos. O baço desempenha as seguintes funções: 1) remover de células sanguíneas e plaquetas envelhecidas ou defeituosas; 2) armazenar o suprimento de plaquetas do organismo; 3) produzir células sanguíneas (hematopoese) durante a vida fetal. 4) funções imunológicas exercidas pelos linfócitos B e T e macrófagos destruindo agentes patogênicos. INSERIR IMAGEM BAÇO 11 - ID 450948988 Figura 11: Localização do baço em destaque de rosa na imagem INSERIR IMAGEM 12 - ID 555643480 Figura 12: Imagem da esquerda baço formato de feijão (vista anterior); imagem da direita corte frontal, observa-se a polpa vermelha e polpa branca ao centro 3 SISTEMA RESPIRATÓRIO Imagem do Tópico: ID 228843106 3.1 Introdução ao Sistema Respiratório As células do corpo humano utilizam oxigênio (O2) para realizar reações metabólicas e produção de ATP que são essenciais para sua sobrevivência. Em contrapartida, estas reações produzem metabólitos como, o dióxido de carbono (CO2) que precisam ser eliminados do organismo pois o acúmulo de CO2 promove a acidez do pH sanguíneo sendo tóxico para as células. É competência do sistema respiratório realizar as seguintes funções: 1) Promover a troca gasosa promovendo a captação do O2 do meio externo para dentro do organismo e eliminar o CO2 do meio interno para o meio atmosférico. 2) Regular o pH sanguíneo através da eliminação do CO2, impedindo a acidificação do pH que é letal para as células. 3) Promover a filtragem do ar inspirado e produzir sons (laringe). O sistema respiratório é constituído pelo nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pelos pulmões (Figura 13). Classificamos o sistema respiratório de acordo com sua estrutura ou função. Estruturalmente, o aparelho respiratório é formado por duas partes: 1) O sistema respiratório superior que inclui o nariz, a cavidade nasal, a faringe e laringe; 2) O sistema respiratório inferior inclui a laringe, a traquéia, os brônquios e os pulmões. Funcionalmente, dividimos o sistema respiratório em duas partes: denominadas de 1) Região condutora do ar: cuja função é filtrar, aquecer e umedecer o ar e conduzi-lo para os pulmões. É composto por várias estruturas tubulares e incluem: o nariz, a cavidade nasal, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os bronquíolos terminais; cuja função é filtrar, aquecer e umedecer o ar e conduzi-lo para os pulmões. 2) A zona respiratória é formada por estruturas anatômicas onde ocorrem as trocas gasosas. Estes incluem os bronquíolos respiratórios, os ductos alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos por executar a troca de gases entre o ar e o sangue (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014; TORTORA; DERRICKSON, 2016). INSERIR IMAGEM - ID 228843106 Figura 13: Sistema respiratório 3.2 Órgãos do Sistema Respiratório 3.2.1 Nariz O nariz é o primeiro órgão do sistema respiratório caracterizado por uma parte externa visível no centro da face e uma parte interna (intracraniana) chamada de cavidade nasal. O nariz externo é constituído por osso e cartilagem hialina recoberta por músculo e pele é revestida por túnica mucosa e permite a entrada do ar no trato respiratório através de duas aberturas chamadas narinas localizadas na face inferior do nariz e flui para a cavidade nasal. Os pêlos do interior das narinas filtram partículas grandes de poeira evitando sua inalação A cavidade nasal é a escavação encontrada no interior do nariz, e dividida pelo septo nasal em dois compartimentos, direito e esquerdo. A cavidade nasal se funde ao nariz permitindo a comunicação com a faringe por meio de duas aberturas chamadas de cóanos É na cavidade nasal que acontece a filtragem do ar retendo partículas menores, umedecido e aquecido do ar. Na parede lateral da cavidade nasal encontram-se as conchas nasais que são divididas em superior, média e inferior (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 3.2.2 Faringe A faringe é um tubo com início na região do coáno e une as cavidades nasal e oral respectivamente com a laringe e o esôfago, por isso consideramos que a faringe seja um órgão que pertence tanto ao sistema respiratório quanto ao sistema digestório, pois ela permite a passagem de ar e alimento. Contudo, dividimos a faringe em três regiões anatômicas: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe (Figura 14) (TORTORA; DERRICKSON, 2016). Figura 14: Divisão da faringe (parte nasal, oral e laríngea) Fonte: MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014, p. 676. ● Parte nasal da faringe (nasofaringe): Localiza-se posteriormente a cavidade nasal, inferior ao osso esfenóide e superior ao palato mole. Esta região da faringe por estar
Compartilhar