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Direito constitucional

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SUMÁRIO 
Direito Constitucional 
PROFESSORA MALU ARAGÃO 
PROFESSOR FELIPE GRANGEIRO 
 
TÍTULO I – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ............................................................................. 3 
TÍTULO II - DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ........................................................... 5 
CAPÍTULO I - DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ................................... 5 
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ................................................................................. 30 
CAPÍTULO II - DIREITOS SOCIAIS ............................................................................... 40 
MAPAS - DIREITOS DOS TRABALHADORES ............................................................... 47 
CAPÍTULO III – DA NACIONALIDADE ......................................................................... 49 
CAPÍTULO IV – DOS DIREITOS POLÍTICOS ................................................................. 52 
TÍTULO III – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ........................................................................... 57 
COMPETÊNCIAS ....................................................................................................... 61 
PODER LEGISLATIVO E PODER EXECUTIVO NO ÂMBITO ESTADUAL E MUNICIPAL..... 70 
CAPÍTULO VII – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................... 75 
TÍTULO V – DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS ........................ 91 
CAPÍTULO III - DA SEGURANÇA PÚBLICA .................................................................. 91 
 
 
 3 
PROFESSORA MALU ARAGÃO 
PROFESSOR FELIPE GRANGEIRO 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
TÍTULO I – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
O termo princípio traduz-se na ideia de início, origem, 
começo, e ainda, numa outra acepção, em mandamento, 
norma nuclear de um sistema. Nesse contexto, os princípios 
fundamentais nada mais são que as diretrizes básicas que 
produzem decisões políticas imprescindíveis à estruturação 
do Estado. São alicerce, a base, as linhas mestras sociais e 
políticas que norteiam e inspiram os conteúdos positivados 
pelo legislador constituinte originário. 
No artigo 1º estão estabelecidos os fundamentos da 
República Federativa do Brasil, como se vê a seguir: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição. 
Nesse dispositivo tem-se a definição da República Federativa 
do Brasil sob o aspecto territorial, ou físico, a República é 
composta dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
Há de se observar que República Federativa do Brasil é o 
nome do Estado Brasileiro, que adota o federalismo, por isso 
a designação Estado Federal. Este, por sua vez, compõe-se 
de coletividades regionais autônomas denominadas Estados-
membros ou federados. 
Para Celso Bastos, soberania é atributo que se confere ao 
poder do Estado em virtude de ser juridicamente ilimitado 
(todo o poder). Já autonomia é margem de discrição de que 
uma pessoa goza para decidir sobre seus negócios (parcela 
do poder). 
A Constituição adotou como Forma de Estado o 
Federalismo, que no conceito de Dalmo Dallari é uma 
“aliança ou união de Estados”, baseada em uma constituição 
e onde “os Estados que ingressam na federação perdem sua 
soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, 
contudo, uma autonomia político-administrativa”. Assim, 
não se admite secessão, separação ou segregação. Lembre-
se, o legislador constituinte determinou a impossibilidade de 
qualquer deliberação sobre proposta de emenda 
constitucional tendente a abolir a Federação (art. 60, § 4º, I 
da CF). 
A República foi a Forma de Governo assumida pelo país, 
tendo como características: a eletividade, temporariedade e 
responsabilidade do governante perante os governados. 
O Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, em 
nosso Estado Federal, foi consagrado em nossas 
constituições republicanas desde 1891 e tem duas 
finalidades básicas: a unidade nacional e a necessidade 
descentralizadora. Inadmissível, portanto, qualquer 
pretensão de separação de um Estado-membro, do Distrito 
Federal ou de qualquer Município da Federação, inexistindo 
em nosso ordenamento jurídico o denominado direito de 
secessão, pois a mera tentativa de secessão permitira a 
decretação de intervenção federal (art. 34, I da CF). 
O Estado Democrático de Direito é mais amplo que Estado 
de Direito. A expressão “Estado de Direito” na sua origem 
significa governo a partir de leis, porém quaisquer leis. Com a 
introdução da característica de ser democrático na 
Constituição Federal de 1988, impõe-se a todas as normas a 
observância a tal princípio; não sendo suficientes apenas as 
leis, mas principalmente que nestas esteja inserido o 
conteúdo democrático, uma vez que o regime político 
adotado é a democracia. 
A soberania significa poder ilimitado na ordem interna e 
independente na ordem internacional. 
A cidadania está relacionado com a titularidade de direitos 
políticos, implicando, assim, na parcela detentora de 
capacidade eleitoral ativa. 
A dignidade da pessoa humana compreende o direito de 
nascer com vida e permanecer vivo com uma vida digna. 
Deve ser interpretado com o máximo de amplitude possível 
na hora de conceituá-lo, aplicando o princípio da máxima 
efetividade ou eficiência. 
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são 
características do sistema capitalista: valorização do 
trabalho, único responsável pela subsistência e 
desenvolvimento dos indivíduos e do país e a prevalência da 
livre iniciativa, a qual afasta os ideais socialistas de 
planificação da economia. 
O pluralismo político não significa apenas pluripartidarismo, 
sendo este uma espécie do gênero daquele. Caracteriza-se 
pela aceitação de diversidade de opiniões, participação 
plural na sociedade do mais diversos modos, abrangendo 
associações, sindicatos, partidos políticos, igrejas, 
universidades, escolas etc. 
O Regime Político adotado no Brasil é o democrático, ou 
seja, governo do povo, para o povo, pelo povo. O poder 
 
 4 
advém do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente (democracia semidireta ou 
participativa). 
Dispositivo correspondente: art. 170, CF. 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou 
a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade 
judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; 
caso contrário, nega-se o Estado de Direito. (STF HC 
73.454/RJ). 
EMENTA. (...) O princípio da livre iniciativa não pode ser 
invocado para afastar regras de regulamentação do mercado 
e de defesa do consumidor. (STF RE 349.686, 14.06.2005). 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos 
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Defende a doutrina que a divisão é de Funções, e não de 
Poderes, considerando que o Poder é uno, além de ser 
indivisível e indelegável. 
A Tripartição de Poderes foi esboçada por Aristóteles e 
firmada por Montesquieu e Locke. 
Os poderes participam, por vezes, das atribuições uns dos 
outros, a fim de que se garanta a harmonia entre eles, a 
inocorrência de abusos e a consequente realização do bem 
da coletividade, através do sistema de freios e contrapesos – 
checks and balances. Assim as funções administrativa, 
legislativa e judiciária não são exercidas com exclusividade, 
mas apenas preponderantemente por cada “Poder”. Daí a 
denominação em funções típicas e atípicas (secundárias ou 
subsidiárias). 
Os Poderes são harmônicos e independentes, ou seja, entreos órgãos há cortesia no trato recíproco e na atuação do 
exercício de suas atribuições não há ingerência dos demais, 
com liberdade para organizar serviços e tomar decisões, 
apesar da doutrina indicar na própria constituição exceções a 
separação dos poderes, como por exemplo, o art. 50, § 1º. 
Como exemplo, tem-se a competência de legislar do Poder 
Legislativo. O Congresso aprova os projetos de leis, que 
podem ser sancionados ou vetados pelo Presidente da 
República e no caso de haver sanção, poderá o Poder 
Judiciário declarar a inconstitucionalidade. 
Ressalte-se que a Separação dos Poderes é cláusula pétrea 
(art. 60, § 4º, III). 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação. 
Não se trata de um rol taxativo, mas exemplificativo. 
Dispositivo correspondente: art. 170, CF. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não intervenção 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a 
integração econômica, política, social e cultural dos povos 
da América Latina, visando à formação de uma comunidade 
latino-americana de nações. 
Os dez princípios de relações internacionais que devem ser 
hermeneuticamente analisados e concretizados com o 
intuito de lograr o objetivo constante no parágrafo único e 
consistem em verdadeiros desafios das relações 
internacionais rumo a efetiva implantação de uma 
comunidade latino-americana de nações. 
O princípio da independência nacional retrata, segundo 
Cretela Júnior, a afirmativa da soberania como fundamento 
da República, previsto no art. 1º da Lei Maior. O princípio da 
autodeterminação dos povos também está marcado pela 
Soberania, pois diz respeito aos limites a todo e qualquer 
poder colonizante. Ainda no campo da soberania, o princípio 
da não intervenção consiste na proibição de um Estado 
interferir sobre outro em assuntos de natureza interna. 
Acerca do princípio da prevalência dos direitos humanos, 
tem-se a lição de Pedro Dallari: "a prevalência dos direitos 
humanos, enquanto princípio norteador das relações 
exteriores do Brasil e fundamento colimado pelo País para a 
regência da ordem internacional não implica tão-somente o 
engajamento no processo de edificação de sistemas de 
normas vinculados ao Direito Internacional Público. Impõe-se 
buscar a plena integração das regras de tais sistemas à 
ordem jurídica interna de cada Estado". 
O princípio da igualdade prevê que todos os Estados são 
iguais perante a lei brasileira. 
 
 5 
O princípio da solução pacífica dos conflitos determina como 
o Brasil se posiciona em relação aos conflitos. O desinteresse 
em envolver-se em um conflito e a falta de incentivo a 
prática da guerra estão relacionados ao princípio da defesa 
da paz, um objetivo supranacional. 
O princípio do repúdio ao racismo e ao terrorismo é um 
compromisso ético-jurídico assumido pelo Estado Brasileiro, 
quer perante a sua própria Constituição, quer em face da 
comunidade internacional. Há adesão do Brasil a tratados e 
acordos multilaterais que repudiam quaisquer 
discriminações raciais, de cor, credo, descendência ou 
origem inspiradas na pretensa superioridade de um povo 
sobre outro. 
Sobre o princípio da cooperação para o progresso da 
humanidade, o legislador pretende alcançar uma 
cooperação entre países para um desenvolvimento 
unilaterial ou bilateral ou multilateral. Nesse sentido, o Brasil 
já possui relações internacionais de cooperação, tais como: a 
Declaração de Princípios sobre a Cooperação entre o Governo 
da República Federativa do Brasil e o Governo do Canadá 
para a Manutenção da Paz e da Segurança Internacionais, 
realizado em Brasília, em 15 de janeiro de 1998, e o Tratado 
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República 
Portuguesa e a República Federativa do Brasil, aprovado pela 
Resolução da Assembleia da República 83/2000, de 14 de 
dezembro de 2000. 
Partindo do conceito, segundo o mestre Rezec, asilo político 
“... é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido 
alhures – geralmente, mas não necessariamente, em seu 
próprio país patrial –, por causa de dissidência política, de 
delitos de opinião, ou por crimes que, relacionados com a 
segurança do Estado, não configuram quebra do direito 
penal comum”, verifica-se que não há incompatibilidade 
entre o instituto do asilo político e o da extradição passiva, 
na exata medida em que o Supremo Tribunal Federal não 
está vinculado ao juízo formulado pelo Poder Executivo na 
concessão administrativa daquele benefício. A condição 
jurídica de asilado político não suprime, só por si, a 
possibilidade de o Estado brasileiro conceder, presentes e 
satisfeitas às condições constitucionais e legais que a 
autorizam, a extradição que lhe haja sido requerida. O 
estrangeiro asilado no Brasil só não será passível de 
extradição quando o fato ensejador do pedido assumir a 
qualificação de crime político ou de opinião. 
É importante, ainda, comentar sobre a relativização da 
soberania em prol dos direitos humanos. A teoria da 
soberania absoluta e plena foi sendo transformada até se 
alcançar o que se denomina de princípio da soberania. Os 
princípios da não-intervenção e da igualdade formal dos 
Estados não exercem papel imperativo no contexto 
internacional, tendo em vista as justificativas dadas pelas 
grandes forças mundiais, tais como o terrorismo, os Direitos 
Humanos e até mesmo a busca pela justiça e pela paz, na 
tomada de medidas que interferem fora do âmbito daquilo 
que poderíamos chamar de soberania interna dos Estados. 
No Brasil, um novo conceito de soberania surgiu frente os 
avanços trazidos pela Constituição Federal de 1988 e as 
jurisprudências do Supremo Tribunal Federal, em que 
prevalece a dignidade humana nas relações internacionais. 
Exemplo disso é a submissão do Brasil ao Tribunal Penal 
Internacional (art. 5º, § 4º, da CF/88). 
 
TÍTULO II - DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS 
 
CAPÍTULO I - DIREITOS E DEVERES 
INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 
DIREITOS. DESTINATÁRIOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, 
nos termos desta Constituição; 
Os destinatários dos direitos e deveres ora mencionados são 
os brasileiros e estrangeiros residentes no país, devendo a 
expressão “residentes no país” ser interpretada no sentido 
de que tais direitos só serão assegurados dentro do território 
brasileiro, não excluindo o estrangeiro em trânsito pelo 
território nacional, segundo entendimento defendido pela 
doutrina e pela jurisprudência pátria. 
Tais direitos são extensíveis às pessoas jurídicas, no que 
couber, bem como ao próprio Estado. 
O princípio da Igualdade ou princípio da isonomia está 
previsto no caput desse artigo, prescrevendo que toda 
pessoa tem o direito de tratamento idêntico pela lei, em 
concordância com os critérios albergados pelo ordenamento 
jurídico. Entretanto, deve-se buscar não somente a igualdade 
formal, direcionada ao legislador, mas a igualdade real ou 
material ousubstancial, direcionada ao operador do direito, 
ao intérprete. Parte-se da premissa de que a verdadeira 
igualdade está em tratar igualmente os iguais e 
desigualmente os desiguais. 
 
 6 
O referido princípio não veda o tratamento diferenciado 
estabelecido pela lei, proíbe as diferenças arbitrárias, as 
discriminações absurdas, já que o tratamento desigual aos 
desiguais é uma questão de justiça, sendo justificável pelo 
objetivo que se pretende atingir pela lei, conforme a Súmula 
683 do STF que reza: “O limite de idade para a inscrição em 
concurso só se legitima em face do art. 7º, XXX, da 
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza do 
cargo a ser preenchido”. Entretanto somente serão possíveis 
tais distinções se estiverem previstas em lei. 
Vale destacar as discriminações positivas (affirmative 
actions), proveniente do direito norte americano, que cuida 
em estabelecer medidas de compensação para reduzir as 
desigualdades sociais. É neste escólio que traz a lição do 
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim B. Barbosa 
Gomes, que ensina: As ações afirmativas 'consistem em 
políticas públicas (e também privadas) voltadas à 
concretização do princípio constitucional da igualdade 
material e à neutralização dos efeitos da discriminação racial, 
de gênero, de idade, de origem nacional e de compleição 
física. Impostas ou sugeridas pelo Estado, por seus entes 
vinculados e até mesmo por entidades puramente privadas, 
elas visam a combater não somente as manifestações 
flagrantes de discriminação de fundo cultural, estrutural, 
enraizada na sociedade'. 
A discriminação reversa deve-se revestir de uma índole 
compensatória e não meramente garantir uma repartição de 
bens, sem levar em conta o uso da liberdade das pessoas e o 
esforço e mérito de cada um. Avaliadas sob o teste do 
princípio da proporcionalidade, as medidas de discriminação 
reversa devem ser adequadas para superar os obstáculos 
que o preconceito gerou para o grupo. Para isso devem-se 
dirigir a propiciar condições de acesso a bens e serviços que 
a discriminação vedou. Devem ter em mira o 
restabelecimento de uma igualdade de oportunidades tão 
efetiva quanto possível. 
São exemplos de tratamento diferenciado entre homens e 
mulheres na Constituição Federal de 1988: arts. 7º, XVIII e 
XIX, 40, III, 143, §§ 1º e 2º, 202, I e II, da CF. 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) O súdito estrangeiro, mesmo o não domiciliado 
no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar o remédio 
constitucional do “habeas corpus”, em ordem a tornar 
efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito 
subjetivo, de que também é titular, à observância e ao 
integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que 
compõem e dão significado à cláusula do devido processo 
legal. - A condição jurídica de não-nacional do Brasil e a 
circunstância de o réu estrangeiro não possuir domicílio em 
nosso país não legitimam a adoção, contra tal acusado, de 
qualquer tratamento arbitrário ou discriminatório. (...). (STF 
HC 94.404/SP. Min. Rel. Celso de Mello. DJ 18.06.2010). 
EMENTA. (...) Inexistência de ofensas ao direito à vida e da 
dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-
tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os 
fins a que se destinam) significa a celebração solidária da 
vida e alento aos que se acham à margem do exercício 
concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver 
com dignidade (Ministro Celso de Mello). (...) A 
potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é 
meritória o bastante para acobertá-la, infra 
constitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas 
de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três 
realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto 
é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não 
existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa 
humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança (“in 
vitro” apenas) não é uma vida a caminho de outra vida 
virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de 
ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o 
ser humano não tem factibilidade como projeto de vida 
autônoma e irrepetível. (...) Ação direta de 
inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente. (STF 
ADI 3510/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 29/05/2008). 
EMENTA. (...). Na espécie, aduziu inescapável o confronto 
entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver 
respeitada sua dignidade e, de outro, os de parte da 
sociedade que desejasse proteger todos os que a 
integrariam, independentemente da condição física ou 
viabilidade de sobrevivência. (...) Afirmou que, conforme a 
Resolução 1.480/1997 do Conselho Federal de Medicina 
(CFM), os exames complementares a serem observados para 
a constatação de morte encefálica deveriam demonstrar, de 
modo inequívoco, a ausência de atividade elétrica cerebral 
ou metabólica deste órgão ou, ainda, inexistência de 
perfusão sanguínea nele. Elucidou que, por essa razão, o 
CFM, mediante a Resolução 1.752/2004, consignara serem 
os anencéfalos natimortos cerebrais. Desse modo, eles 
jamais se tornariam pessoa. Nessa senda, sintetizou que não 
se cuidaria de vida em potencial, porém, seguramente, de 
morte. (...). Exprimiu, pois, que a anencefalia mostrar-se-ia 
incompatível com a vida extrauterina, ao passo que a 
deficiência, não. (...) Observou que seria improcedente a 
alegação de direito à vida dos anencéfalos, haja vista que 
estes seriam termos antitéticos. (...). Destarte, a interrupção 
de gestação de feto anencefálico não configuraria crime 
contra a vida, porquanto se revelaria conduta atípica. (...). 
Por derradeiro, versou que atuar com sapiência e justiça, 
calcados na Constituição e desprovidos de qualquer dogma 
ou paradigma moral e religioso, determinaria garantir o 
direito da mulher de manifestar-se livremente, sem o temor 
de tornar-se ré em possível ação por crime de aborto. (STF 
ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12-4-2012, 
Plenário). 
EMENTA. (...). Sabemos, tal como já decidiu o STF (RTJ 
136/444, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello), que o princípio 
 
 7 
da isonomia – cuja observância vincula todas as 
manifestações do Poder Público – deve ser considerado, em 
sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir 
privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: a) o da 
igualdade na lei e b) o da igualdade perante a lei. A igualdade 
na lei – que opera numa fase de generalidade puramente 
abstrata – constitui exigência destinada ao legislador, que, 
no processo de formação do ato legislativo, nele não poderá 
incluir fatores de discriminação responsáveis pela ruptura da 
ordem isonômica. (...) A igualdade perante a lei, de outro 
lado, pressupondo lei já elaborada, traduz imposição 
destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da 
norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que 
ensejem tratamento seletivo ou discriminatório. A eventual 
inobservância desse postulado pelo legislador, em qualquer 
das dimensões referidas, imporá, ao ato estatal por ele 
elaborado e produzido, a eiva de inconstitucionalidade. (STF 
AI 360.461 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª T, DJ de 28-3-
2008). 
EMENTA. Direito Constitucional. Ação Direta de 
Constitucionalidade. Reserva de vagas para negros em 
concursos públicos. Constitucionalidade da Lei n° 
12.990/2014. Procedência do pedido. 1. É constitucional a 
Lei n° 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das 
vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento 
de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da 
administração pública federal direta e indireta, por três 
fundamentos. 1.1. Em primeiro lugar, a desequiparação 
promovida pela política de ação afirmativa em questão está 
em consonância com o princípio da isonomia. Ela se funda 
na necessidade de superar o racismo estrutural e 
institucional ainda existente na sociedade brasileira, e 
garantir a igualdade material entre os cidadãos, por meio 
da distribuiçãomais equitativa de bens sociais e da 
promoção do reconhecimento da população 
afrodescendente. 1.2. Em segundo lugar, não há violação 
aos princípios do concurso público e da eficiência. A reserva 
de vagas para negros não os isenta da aprovação no 
concurso público. Como qualquer outro candidato, o 
beneficiário da política deve alcançar a nota necessária 
para que seja considerado apto a exercer, de forma 
adequada e eficiente, o cargo em questão. Além disso, a 
incorporação do fator “raça” como critério de seleção, ao 
invés de afetar o princípio da eficiência, contribui para sua 
realização em maior extensão, criando uma “burocracia 
representativa”, capaz de garantir que os pontos de vista e 
interesses de toda a população sejam considerados na 
tomada de decisões estatais. 1.3. Em terceiro lugar, a 
medida observa o princípio da proporcionalidade em sua 
tríplice dimensão. A existência de uma política de cotas 
para o acesso de negros à educação superior não torna a 
reserva de vagas nos quadros da administração pública 
desnecessária ou desproporcional em sentido estrito. Isso 
porque: (i) nem todos os cargos e empregos públicos 
exigem curso superior; (ii) ainda quando haja essa 
exigência, os beneficiários da ação afirmativa no serviço 
público podem não ter sido beneficiários das cotas nas 
universidades públicas; e (iii) mesmo que o concorrente 
tenha ingressado em curso de ensino superior por meio de 
cotas, há outros fatores que impedem os negros de 
competir em pé de igualdade nos concursos públicos, 
justificando a política de ação afirmativa instituída pela Lei 
n° 12.990/2014. 2. Ademais, a fim de garantir a efetividade 
da política em questão, também é constitucional a 
instituição de mecanismos para evitar fraudes pelos 
candidatos. É legítima a utilização, além da autodeclaração, 
de critérios subsidiários de heteroidentificação (e.g., a 
exigência de autodeclaração presencial perante a comissão 
do concurso), desde que respeitada a dignidade da pessoa 
humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa. 3. 
Por fim, a administração pública deve atentar para os 
seguintes parâmetros: (i) os percentuais de reserva de vaga 
devem valer para todas as fases dos concursos; (ii) a reserva 
deve ser aplicada em todas as vagas oferecidas no concurso 
público (não apenas no edital de abertura); (iii) os 
concursos não podem fracionar as vagas de acordo com a 
especialização exigida para burlar a política de ação 
afirmativa, que só se aplica em concursos com mais de duas 
vagas; e (iv) a ordem classificatória obtida a partir da 
aplicação dos critérios de alternância e proporcionalidade 
na nomeação dos candidatos aprovados deve produzir 
efeitos durante toda a carreira funcional do beneficiário da 
reserva de vagas. 4. Procedência do pedido, para fins de 
declarar a integral constitucionalidade da Lei n° 
12.990/2014. Tese de julgamento: “É constitucional a 
reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos 
para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no 
âmbito da administração pública direta e indireta. É 
legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios 
subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a 
dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e 
a ampla defesa”. (STF ADC 41, Rel. Min. Luís Roberto 
Barroso, julgamento em 08.06.2017, Plenário). 
EMENTA. (...). No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo 
Min. Ayres Britto, relator, que dava interpretação conforme 
a Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir qualquer 
significado que impeça o reconhecimento da união contínua, 
pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como 
entidade familiar, entendida esta como sinônimo perfeito de 
família. Asseverou que esse reconhecimento deveria ser 
feito segundo as mesmas regras e com idênticas 
consequências da união estável heteroafetiva. (...). (STF ADI 
4.277/DF, rel. Min. Ayres Britto, DJ 5.5.2011). (ADPF 132). 
EMENTA. Violência doméstica. (...) O art. 1º da Lei 
11.340/2006 surge, sob o ângulo do tratamento diferenciado 
entre os gêneros – mulher e homem –, harmônica com a CF, 
no que necessária a proteção ante as peculiaridades física e 
moral da mulher e a cultura brasileira. (STF ADC 19, Rel. Min. 
Marco Aurélio, julgamento em 9-2-2012, Plenário). 
 
 8 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. 
PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE. 
 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei; 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem 
pena sem prévia cominação legal; 
Consagração do princípio da legalidade. Tal princípio visa 
combater o poder arbitrário do Estado, pois somente 
mediante espécies normativas elaboradas segundo as regras 
do processo legislativo pátrio podem-se criar obrigações para 
os indivíduos. O princípio da legalidade se difere do princípio 
da reserva legal nesse ponto, pois este consiste em dizer que 
a regulamentação de determinada matéria há de fazer-se 
necessariamente pelo poder legislativo, aparecendo na 
constituição sob a forma: “nos termos da lei” ou “na forma 
da lei” e aquele é a submissão e o respeito à lei. 
A Constituição Federal estabelece essa reserva de lei, de 
modo absoluto ou relativo. Assim, temos a reserva legal 
absoluta quando a norma constitucional exige para sua 
integral regulamentação a edição de lei formal, entendida 
como ato normativo emanado do Congresso Nacional 
elaborado de acordo com o devido processo legislativo 
constitucional. Por outro lado, temos a reserva legal relativa 
quando a Constituição Federal, apesar de exigir edição de lei 
formal, permite que este fixe tão somente parâmetros de 
atuação para o órgão administrativo, que poderá 
complementa-la por ato infralegal, sempre, porém, 
respeitados os limites ou requisitos estabelecidos pela 
legislação. 
Existe ainda a reserva legal simples e a qualificada. A reserva 
legal simples ocorre no caso de a Constituição Federal 
estabelecer, em seus artigos, que determinado assunto seja 
objeto de lei (“na forma da lei”, “nos termos da lei”). A lei 
não pode limitar o conteúdo da Constituição ou suprimi-lo, 
ou seja, há limites implícitos na lei que será elaborada. A 
reserva legal qualificada ocorre no caso de, além de 
estabelecer qual assunto será objeto de lei, o dispositivo da 
Constituição estabelece as condições ou fins que devem ser 
objeto da norma (“para fins de”). Como exemplos pode se 
indicar os incisos VII e XII, ambos do presente artigo. 
Além do princípio da reserva legal, previsto no inciso XXXIX, 
tem-se o princípio da anterioridade, que diz: não há crime 
sem lei “anterior” que o defina e não há pena sem “prévia” 
cominação legal (nullun crimem, nulla poena sine praevia 
lege). 
Vale ressaltar que a Administração Pública é regida pela 
legalidade estrita (art. 37, caput), pois não pode atuar contra 
a lei, nem na ausência da lei. 
 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
SÚMULA VINCULANTE 44. Só por lei se pode sujeitar a exame 
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. 
EMENTA. (...). A reserva de lei em sentido formal qualifica-se 
como instrumento constitucional de preservação da 
integridade de direitos e garantias fundamentais. O princípio 
da reserva de lei atua como expressiva limitação 
constitucional ao poder do Estado, cuja competência 
regulamentar, por tal razão, não se reveste de suficiente 
idoneidade jurídica que lhe permita restringir direitos ou 
criar obrigações. Nenhum ato regulamentar pode criar 
obrigações ou restringir direitos, sob pena de incidir em 
domínio constitucionalmente reservado ao âmbito de 
atuação material da lei em sentido formal. (STF ACO 1.048-
QO, 31/10/07). 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o 
anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao 
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à 
imagem; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,científica e de comunicação, independentemente de 
censura ou licença; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
Segundo o ilustre Alexandre de Morais, “a proteção 
constitucional abrange não só o direito de expressão oral ou 
por escrito, mas também o direito de ouvir, assistir e ler”. 
A vedação do anonimato é ampla, inclui todos os meios de 
comunicação. 
O direito de resposta aplica-se em relação às ofensas, 
configurem ou não infrações penais, tendo como requisito a 
proporcionalidade, devendo o desagravo ter o mesmo 
destaque, a mesma duração e o mesmo tamanho que a 
notícia geradora da lesão. A responsabilidade pela 
divulgação do direito de resposta é do órgão de 
comunicação. O dano pode ser material (danos sofridos e 
lucros cessantes), moral (à intimidade da pessoa) e à imagem 
(dano produzido contra a pessoa em suas relações externas). 
Dispositivos correspondentes: art. 220, caput e § 2º, da CF. 
 
 
 
 9 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Programas humorísticos, charges e modo 
caricatural de pôr em circulação ideias, opiniões, frases e 
quadros espirituosos compõem as atividades de ‘imprensa’, 
sinônimo perfeito de ‘informação jornalística’ (§ 1º do art. 
220). Nessa medida, gozam da plenitude de liberdade que é 
assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que o 
exercício concreto dessa liberdade em plenitude assegura ao 
jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, 
ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, irônico 
ou irreverente, especialmente contra as autoridades e 
aparelhos de Estado. Respondendo, penal e civilmente, pelos 
abusos que cometer, e sujeitando-se ao direito de resposta a 
que se refere a Constituição em seu art. 5º, V. A crítica 
jornalística em geral, pela sua relação de inerência com o 
interesse público, não é aprioristicamente suscetível de 
censura. Isso porque é da essência das atividades de 
imprensa operar como formadora de opinião pública, lócus 
do pensamento crítico e necessário contraponto à versão 
oficial das coisas, conforme decisão majoritária do STF na 
ADPF 130. Decisão a que se pode agregar a ideia de que a 
locução ‘humor jornalístico’ enlaça pensamento crítico, 
informação e criação artística. (...). (STF ADI 4.451-MC - REF, 
rel. min. Ayres Britto, Plenário, DJ de 24-8-2012). 
EMENTA. (...). Não é proibindo, recolhendo obras ou 
impedindo sua circulação, calando-se a palavra e 
amordaçando a história que se consegue cumprir a 
Constituição. (...). A norma infraconstitucional não pode 
amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições 
ao exercício de liberdades”. (...). O que não me parece 
constitucionalmente admissível é o esquartejamento das 
liberdades de todos pela censura de uns, especialmente no 
caso de obras biográficas que dizem respeito não apenas ao 
biografado, mas que diz respeito a toda coletividade pela sua 
natureza de referenciabilidade do que precisa ser 
aproveitado. (...). (STF ADI 4815, Min. Rel. Cármem Lúcia, DJ 
10/06/2015). 
EMENTA. Editais de concurso público não podem estabelecer 
restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações 
excepcionais em razão de conteúdo que viole valores 
constitucionais. Com base nesse entendimento, o Plenário, 
por maioria, deu provimento a recurso extraordinário em 
que se discutia a constitucionalidade de proibição, contida 
em edital de concurso público, de ingresso em cargo, 
emprego ou função pública para candidatos que possuam 
tatuagem. No caso, o recorrente fora excluído de concurso 
público para provimento de cargo de soldado da polícia 
militar por possuir tatuagem em sua perna esquerda. (...) A 
opção pela tatuagem relacionar-se-ia, diretamente, com as 
liberdades de manifestação do pensamento e de expressão 
(CF, art. 5º, IV e IX). Na espécie, estaria evidenciada a 
ausência de razoabilidade da restrição dirigida ao candidato 
de uma função pública pelo simples fato de possuir 
tatuagem, já que seria medida flagrantemente 
discriminatória e carente de qualquer justificativa racional 
que a amparasse. Assim, o fato de uma pessoa possuir 
tatuagens, visíveis ou não, não poderia ser tratado pelo 
Estado como parâmetro discriminatório quando do 
deferimento de participação em concursos de provas e 
títulos para ingresso em carreira pública. Entretanto, 
tatuagens que representassem obscenidades, ideologias 
terroristas, discriminatórias, que pregassem a violência e a 
criminalidade, discriminação de raça, credo, sexo ou origem, 
temas inegavelmente contrários às instituições 
democráticas, poderiam obstaculizar o acesso a função 
pública. Eventual restrição nesse sentido não se afiguraria 
desarrazoada ou desproporcional. Essa hipótese, porém, não 
seria a do recorrente que teria uma tatuagem tribal, 
medindo 14 por 13 cm. (STF RE 898.450, rel. min. Luiz Fux, j. 
17.08.2016). 
EMENTA. Ação direta de inconstitucionalidade. Expressão 
“em horário diverso do autorizado”, contida no art. 254 da 
Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
Classificação indicativa. Expressão que tipifica como infração 
administrativa a transmissão, via rádio ou televisão, de 
programação em horário diverso do autorizado, com pena de 
multa e suspensão da programação da emissora por até dois 
dias, no caso de reincidência. Ofensa aos arts. 5º, inciso IX; 
21, inciso XVI; e 220, caput e parágrafos, da Constituição 
Federal. Inconstitucionalidade. 1. A própria Constituição da 
República delineou as regras de sopesamento entre os 
valores da liberdade de expressão dos meios de 
comunicação e da proteção da criança e do adolescente. 
Apesar da garantia constitucional da liberdade de expressão, 
livre de censura ou licença, a própria Carta de 1988 conferiu 
à União, com exclusividade, no art. 21, inciso XVI, o 
desempenho da atividade material de “exercer a 
classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e 
de programas de rádio e televisão”. A Constituição Federal 
estabeleceu mecanismo apto a oferecer aos telespectadores 
das diversões públicas e de programas de rádio e televisão as 
indicações, as informações e as recomendações necessárias 
acerca do conteúdo veiculado. É o sistema de classificação 
indicativa esse ponto de equilíbrio tênue, e ao mesmo tempo 
tenso, adotado pela Carta da República para compatibilizar 
esses dois axiomas, velando pela integridade das crianças e 
dos adolescentes sem deixar de lado a preocupação com a 
garantia da liberdade de expressão. 2. A classificação dos 
produtos audiovisuais busca esclarecer, informar, indicar aos 
pais a existência de conteúdo inadequado para as crianças e 
os adolescentes. O exercício da liberdade de programação 
pelas emissoras impede que a exibição de determinado 
espetáculo dependa de ação estatal prévia. A submissão ao 
Ministério da Justiça ocorre, exclusivamente, para que a 
União exerça sua competência administrativa prevista no 
inciso XVI do art. 21 da Constituição, qual seja, classificar, 
para efeito indicativo, as diversões públicas e os programas 
de rádio e televisão, o que não se confunde com autorização. 
Entretanto, essa atividade não pode ser confundida com um 
 
 10 
ato de licença, nem confere poder à União para determinar 
que a exibição da programação somente se dê nos horários 
determinados pelo Ministério da Justiça, de forma a 
caracterizar uma imposição, e não uma recomendação. Não 
há horário autorizado, mas horário recomendado. Esse 
caráter autorizativo, vinculativo e compulsório conferido 
pela norma questionada ao sistema de classificação, data 
vênia, não se harmoniza com os arts. 5º, IX; 21, inciso XVI; e 
220, § 3º, I, da Constituição da República. 3. Permanece o 
dever das emissoras de rádio e de televisão de exibir ao 
público o aviso de classificação etária, antes e no decorrer da 
veiculação do conteúdo, regra essa prevista no parágrafo 
único do art. 76 do ECA, sendo seu descumprimento 
tipificado como infraçãoadministrativa pelo art. 254, ora 
questionado (não sendo essa parte objeto de impugnação). 
(...). 5. Ação direta julgada procedente, com a declaração de 
inconstitucionalidade da expressão “em horário diverso do 
autorizado” contida no art. 254 da Lei 8.069/90. (STF ADI 
2.404/DF, Relator(a): Min. Dias Toffoli, Julgamento: 
31/08/2016, Plenário). 
EMENTA: (...). Os dispositivos impugnados da “Lei das 
Eleições” estabeleceram ser vedado às emissoras de rádio e 
televisão, em sua programação normal e noticiário, a partir 
de 1º de julho do ano da eleição: a) “usar trucagem, 
montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de 
qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, 
partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa com 
esse efeito” (inciso II) e b) “difundir opinião favorável ou 
contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou 
representantes” (segunda parte do inciso III). Os §§ 4º e 5º 
explicam o que se entende, respectivamente, por trucagem e 
por montagem.(...) Historicamente, a liberdade de discussão, 
a ampla participação política e o princípio democrático 
sempre estiveram interligados com a liberdade de expressão. 
Todos têm por objeto a proteção de pensamentos, ideias, 
opiniões, crenças, realização de juízo de valor e críticas a 
agentes públicos, com vistas a garantir a real participação 
dos cidadãos na vida coletiva. A Constituição protege a 
liberdade de expressão no seu duplo aspecto: positivo e 
negativo. O positivo é a livre possibilidade de manifestação 
de qualquer pessoa e permite a responsabilização nos 
termos constitucionais. É a liberdade com responsabilidade. 
O negativo proíbe a ilegítima intervenção do Estado por meio 
de censura prévia. Não existe permissivo constitucional para 
limitar preventivamente o conteúdo do debate público em 
razão de conjectura sobre o efeito que alguns conteúdos 
possam vir a ter junto ao público. O exercício do direito à 
liberdade de expressão não pode ser cerceado pelo Estado 
ou por particular. O traço marcante da censura prévia, com 
seu caráter preventivo e abstrato, está presente em ambas 
as normas questionadas. São inconstitucionais porque 
consistem na restrição, subordinação e forçosa adequação 
programática da liberdade de expressão a mandamentos 
normativos cerceadores durante o período eleitoral, 
pretendendo diminuir a liberdade de opinião e de criação 
artística e a livre multiplicidade de ideias, com a nítida 
finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do 
pensamento crítico, indispensável ao regime democrático. 
Deste modo, está configurado a ilegítima interferência 
estatal no direito individual de criticar. (...). (STF ADI 4.451, 
Rel. Min. Alexandre de Morais, J. 21/06/2018). 
 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA 
 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e 
as suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença 
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as 
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e 
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
A Constituição de 1824, em seu art. 179, V, já assegurava os 
direitos religiosos, desde que respeitasse a do Estado, nos 
seguintes termos: 
“Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e 
Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a 
liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é 
garantida pela Constituição do Império, pela maneira 
seguinte. 
V. Ninguém pode ser perseguido por motivo de 
Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não 
ofenda a Moral Publica”. 
A partir da Constituição Federal de 1891, estabeleceu-se o 
Estado Laico ou Leigo, que não adota qualquer religião como 
oficial. Como ensina José Afonso da Silva, “na liberdade de 
crença entra a liberdade de escolha de religião, a liberdade 
de aderir à qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) 
de mudar de religião, mas também compreende a liberdade 
de não aderir à religião alguma, assim como a liberdade de 
descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o 
agnosticismo”. 
Bom lembrar que o livre exercício dos cultos é assegurado 
enquanto não forem contrários à ordem, tranquilidade e 
sossego públicos, bem como compatíveis aos bons costumes. 
E a liberdade religiosa não é absoluta, uma vez que não será 
permitido a qualquer religião ou culto atos atentatórios à lei, 
sob pena de responsabilidade civil e criminal. 
 
 11 
Vale frisar também sobre o PREÂMBULO, que reza: 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um 
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício 
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a 
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a 
igualdade e a justiça como valores supremos de uma 
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, 
fundada na harmonia social e comprometida, na 
ordem interna e internacional, com a solução pacífica 
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de 
Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL. 
Segundo posicionamento jurisprudencial, o Preâmbulo não 
constitui norma central, não se trata de norma de 
reprodução obrigatória na Constituição do Estado, já que não 
tem força normativa, entretanto faz parte da estrutura da 
Constituição Federal. 
Sobre as entidades de internação coletiva, mencionadas no 
inciso VI, são exemplos: hospitais, asilos (públicos e 
privados), presídios e quartéis são locais de internação 
coletiva. 
A escusa de consciência e de crença, aplica-se às obrigações 
legais de forma genérica e não somente ao serviço militar 
obrigatório, embora esse seja o exemplo mais indicado pelos 
doutrinadores quando enfocam o assunto. 
O art. 143 da Constituição Federal, prescreve: 
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da 
lei. 
§ 1º às Forças Armadas compete, na forma da lei, 
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, 
após alistados, alegarem imperativo de consciência, 
entendendo-se como tal o decorrente de crença 
religiosa e de convicção filosófica ou política, para se 
eximirem de atividades de caráter essencialmente 
militar. 
 
O serviço alternativo no caso de descumprimento do serviço 
militar obrigatório por imperativo de consciência é 
estabelecido pela Lei 8.239/91. 
Caso não seja cumprida a prestação alternativa, ocorrerá a 
privação dos direitos políticos, nos termos do art. 15, IV, da 
CF/88: 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja 
perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou 
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. 
NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. Normas centrais 
da Constituição Federal: essas normas são de reprodução 
obrigatória na Constituição do Estado-membro, mesmo 
porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a ordem local. 
Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). II. Preâmbulo 
da Constituição: não constitui norma central. Invocação da 
proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução 
obrigatória na Constituição estadual, não tendo força 
normativa. III. Ação direta de inconstitucionalidade julgada 
improcedente. (ADI 2.076/AC. Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 
08.08.2003). 
EMENTA: ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS. 
CONTEÚDO CONFESSIONAL E MATRÍCULA FACULTATIVA. 
RESPEITO AO BINÔMIO LAICIDADE DO ESTADO/LIBERDADE 
RELIGIOSA. IGUALDADE DE ACESSO E TRATAMENTO A TODAS 
AS CONFISSÕES RELIGIOSAS. CONFORMIDADE COM ART. 
210, § 1º, DO TEXTO CONSTITUCIONAL. 
CONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO33, CAPUT E §§ 1º E 2º, 
DA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCACAO NACIONAL E 
DO ESTATUTO JURÍDICO DA IGREJA CATÓLICA NO BRASIL 
PROMULGADO PELO DECRETO 7.107/2010. AÇÃO DIRETA 
JULGADA IMPROCEDENTE. 1. A relação entre o Estado e as 
religiões, histórica, jurídica e culturalmente, é um dos mais 
importantes temas estruturais do Estado. A interpretação da 
Carta Magna brasileira, que, mantendo a nossa tradição 
republicana de ampla liberdade religiosa, consagrou a 
inviolabilidade de crença e cultos religiosos, deve ser 
realizada em sua dupla acepção: (a) proteger o indivíduo e as 
diversas confissões religiosas de quaisquer intervenções ou 
mandamentos estatais; (b) assegurar a laicidade do Estado, 
prevendo total liberdade de atuação estatal em relação aos 
dogmas e princípios religiosos. 2. A interdependência e 
complementariedade das noções de Estado Laico e 
Liberdade de Crença e de Culto são premissas básicas para a 
interpretação do ensino religioso de matrícula facultativa 
previsto na Constituição Federal, pois a matéria alcança a 
própria liberdade de expressão de pensamento sob a luz da 
tolerância e diversidade de opiniões. 3. A liberdade de 
expressão constitui um dos fundamentos essenciais de uma 
sociedade democrática e compreende não somente as 
informações consideradas como inofensivas, indiferentes ou 
favoráveis, mas também as que possam causar transtornos, 
resistência, inquietar pessoas, pois a Democracia somente 
existe baseada na consagração do pluralismo de ideias e 
 
 12 
pensamentos políticos, filosóficos, religiosos e da tolerância 
de opiniões e do espírito aberto ao diálogo. 4. A 
singularidade da previsão constitucional de ensino religioso, 
de matrícula facultativa, observado o binômio Laicidade do 
Estado (CF, art. 19, I)/Consagração da Liberdade religiosa (CF, 
art. 5º, VI), implica regulamentação integral do cumprimento 
do preceito constitucional previsto no artigo 210, § 1º, 
autorizando à rede pública o oferecimento, em igualdade de 
condições (CF, art. 5º, caput), de ensino confessional das 
diversas crenças. 5. A Constituição Federal garante aos 
alunos, que expressa e voluntariamente se matriculem, o 
pleno exercício de seu direito subjetivo ao ensino religioso 
como disciplina dos horários normais das escolas públicas de 
ensino fundamental, ministrada de acordo com os princípios 
de sua confissão religiosa e baseada nos dogmas da fé, 
inconfundível com outros ramos do conhecimento científico, 
como história, filosofia ou ciência das religiões. 6. O binômio 
Laicidade do Estado/Consagração da Liberdade religiosa está 
presente na medida em que o texto constitucional (a) 
expressamente garante a voluntariedade da matrícula para o 
ensino religioso, consagrando, inclusive o dever do Estado de 
absoluto respeito aos agnósticos e ateus; (b) implicitamente 
impede que o Poder Público crie de modo artificial seu 
próprio ensino religioso, com um determinado conteúdo 
estatal para a disciplina; bem como proíbe o favorecimento 
ou hierarquização de interpretações bíblicas e religiosas de 
um ou mais grupos em detrimento dos demais. 7. Ação 
direta julgada improcedente, declarando-se a 
constitucionalidade dos artigos 33, caput e §§ 1º e 2º, da Lei 
9.394/1996, e do art. 11, § 1º, do Acordo entre o Governo da 
República Federativa do Brasil e a Santa Sé, relativo ao 
Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, e afirmando-se 
a constitucionalidade do ensino religioso confessional como 
disciplina facultativa dos horários normais das escolas 
públicas de ensino fundamental. (STF - ADI: 4439 DF - 
DISTRITO FEDERAL 9932145-90.2010.1.00.0000, Relator: 
Min. ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 27/09/2017, 
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-123 21-06-2018). 
EMENTA: (...) É constitucional a lei de proteção animal que, a 
fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício 
ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. 
Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, negou 
provimento a recurso extraordinário em que discutida a 
constitucionalidade da Lei estadual 12.131/2004, que 
acrescentou o parágrafo único ao art. 2º da Lei 11.915/2003 
do estado do Rio Grande do Sul (Código Estadual de Proteção 
aos Animais). (STF RE 494601/RS, rel. Min Marco Aurélio, 
red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 
28.3.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 
22.4.2019.) 
INVIOLABILIDADES 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou durante o dia, por determinação judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
Princípio da exclusividade. A intimidade, como exigência 
moral da personalidade para que em determinadas situações 
seja o indivíduo deixado em paz, constituindo um direito de 
controlar a indiscrição alheia nos assuntos privados que só a 
ele interessa, tem como um de seus fundamentos o princípio 
da exclusividade, formulado por Hannah Arendt com base 
em Kant. 
Os conceitos de intimidade e vida privada são interligados, 
mas podem ser diferenciados. A intimidade da pessoa diz 
respeito às relações subjetivas e de trato íntimo, relações 
familiares e de amizade e a vida privada refere-se a todos os 
relacionamentos da pessoa, inclusive os objetivos, tais como 
os comerciais, de trabalho, de estudo, etc. 
O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de 
que entidade de classe não tem legitimidade para promover 
interpelação judicial em defesa da honra de seus associados, 
por se tratar de um direito personalíssimo de quem, 
concretamente, se viu atingido pelas afirmações tidas por 
ofensivas (PET nº 1.249/DF-AgR, Pleno, Relator o Ministro 
Celso de Mello, DJ de 9/4/99). 
A expressão casa tem um alcance muito amplo, não sendo 
limitada pelos conceitos de direito privado, como já pacificou 
o STF, considerando casa todo local delimitado e separado 
que alguém utiliza com exclusividade, mesmo que para fins 
profissionais, não importando a relação jurídica de seus 
habitantes com aquele prédio ou terreno. O Código Penal 
Brasileiro conceitua “casa” em seu artigo 150. 
Para José Afonso da Silva dia é o período das 6:00h às 18:00h 
e para Celso de Mello deve ser levado em conta o critério 
físico-astronômico, como o intervalo de tempo situado entre 
a aurora e o crepúsculo. 
Vê-se que não houve previsão de quebra do sigilo das 
correspondências e nem de dados (bancários, fiscais ou 
telefônicos) mediante lei, haja vista que a exceção 
constitucional expressa refere-se somente à interceptação 
telefônica, entretanto entende-se que nenhuma liberdade 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2419108
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2419108
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 13 
individual é absoluta, sendo possível, respeitados alguns 
parâmetros, a interceptação das correspondências e 
comunicações telegráficas e de dados sempre que as 
liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como 
instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. 
O preceito que garante o sigilo de dados engloba o uso de 
informações decorrentes da informática e a quebra do sigilo 
dos dados telefônicos consiste na apreensão do histórico de 
conta telefônica (extrato telefônico), dentre outros. Além do 
Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal admite que a 
ComissãoParlamentar de Inquérito, diretamente, determine 
a quebra do sigilo dos dados. 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a 
constitucionalidade do art. 6º da Lei Complementar 
105/2001, no Recurso Extraordinário 601314, para 
reconhecer o direito de a Receita Federal obter a 
transferência do sigilo dos dados bancários. 
Há quebra do sigilo telefônico quando a captação for 
realizada por um terceiro de uma comunicação telefônica 
alheia, sem o conhecimento dos comunicadores, por decisão 
judicial (cláusula de reserva jurisdicional), na forma da Lei 
9.296/96 e para fins criminais. Referida interceptação difere 
da Escuta telefônica, que é a captação realizada por um 
terceiro de uma comunicação telefônica alheia, mas com o 
conhecimento de um dos comunicadores e da gravação 
telefônica, que ocorre entre dois interlocutores, onde um 
deles capta a conversa sem o conhecimento do outro e sem 
intervenção de terceiro. A gravação telefônica, em regra, é 
lícita, segundo jurisprudência da Corte Suprema. 
Dispositivos correspondentes: arts. 136, I, “b” e “c” e 139, III, 
da CF. 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
SÚMULA 227, STJ. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
EMENTA. (...) Busca e apreensão em aposentos ocupados de 
habitação coletiva (como quartos de hotel) - subsunção 
desse espaço privado, desde que ocupado, ao conceito de 
“casa” - consequente necessidade, em tal hipótese, de 
mandado judicial, ressalvadas as exceções previstas no 
próprio texto constitucional. - para os fins da proteção 
jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da constituição da 
república, o conceito normativo de “casa” revela-se 
abrangente e, por estender-se a qualquer aposento de 
habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), 
compreende, observada essa específica limitação espacial, os 
quartos de hotel. (...). (STF RHC 90.376/RJ, Rel. Min. Celso de 
Mello. DJ 18.05.2007). 
EMENTA. (...). Cuidando-se de crime de natureza 
permanente, a prisão do traficante, em sua residência, 
durante o período noturno, não constitui prova ilícita. (STF 
HC 84.772, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 19-10-
2004, Segunda Turma, DJ de 12-11-2004.) No mesmo 
sentido: HC 70.909, Rel. Min. Paulo Brossard, julgamento em 
11-10-1994, Plenário, DJ de 25-11-1994. 
EMENTA. (…).7. PROVA. Criminal. Escuta ambiental. 
Captação e interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos 
ou acústicos. Meio probatório legalmente admitido. Fatos 
que configurariam crimes praticados por quadrilha ou bando 
ou organização criminosa. Autorização judicial 
circunstanciada. Previsão normativa expressa do 
procedimento. Preliminar repelida. Inteligência dos arts. 1º e 
2º, IV, da Lei 9.034/95, com a redação da Lei 10.217/95. Para 
fins de persecução criminal de ilícitos praticados por 
quadrilha, bando, organização ou associação criminosa de 
qualquer tipo, são permitidos a captação e a interceptação 
de sinais eletromagnéticos, óticos e acústicos, bem como seu 
registro e análise, mediante circunstanciada autorização 
judicial. 8. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e exploração 
de local. Captação de sinais óticos e acústicos. Escritório de 
advocacia. Ingresso da autoridade policial, no período 
noturno, para instalação de equipamento. Medidas 
autorizadas por decisão judicial. Invasão de domicílio. Não 
caracterização. Suspeita grave da prática de crime por 
advogado, no escritório, sob pretexto de exercício da 
profissão. Situação não acobertada pela inviolabilidade 
constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150, 
§ 4º, III, do CP, e art. 7º, II, da Lei 8.906/94. Preliminar 
rejeitada. Votos vencidos. Não opera a inviolabilidade do 
escritório de advocacia, quando o próprio advogado seja 
suspeito da prática de crime, sobretudo concebido e 
consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto 
de exercício da profissão. (…). (STF - Inq: 2424 RJ, Relator: 
Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 26/11/2008, 
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-055 DIVULG 25-03-
2010 PUBLIC 26-03-2010). 
EMENTA. (...) A entrada forçada em domicílio sem mandado 
judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando 
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a 
posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação 
de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, 
civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos 
atos praticados. (...) (STF RE 603616, Rel. Min. Gilmar 
Ferreira Mendes, J. 05.11.2015). 
EMENTA. (...) A administração penitenciária, com 
fundamento em razões de segurança pública, de disciplina 
prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre 
excepcionalmente, proceder à interceptação da 
correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a 
cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não 
pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas 
ilícitas (...). (STF HC 70.814/SP). 
EMENTA. (...) O Tribunal já firmou entendimento de que as 
Comissões Parlamentares de Inquérito são dotadas de poder 
investigatório, ficando assentado que devem elas, a partir de 
meros indícios, demonstrar a existência concreta de causa 
 
 14 
provável que legitime a quebra do sigilo. (...) Causa provável 
ensejadora da quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. 
Segurança denegada. (STF MS 24217/DF, rel Min Maurício 
Corrêa, 18/10/2002). 
EMENTA. Mandado de Segurança. Tribunal de Contas da 
União. Banco Central do Brasil. Operações financeiras. Sigilo. 
1. A Lei Complementar 105, de 10/1/01, não conferiu ao 
Tribunal de Contas da União poderes para determinar a 
quebra do sigilo bancário de dados constantes do Banco 
Central do Brasil. O legislador conferiu esses poderes ao 
Poder Judiciário (art. 3º), ao Poder Legislativo Federal (art. 
4º), bem como às Comissões Parlamentares de Inquérito, 
após prévia aprovação do pedido pelo Plenário da Câmara 
dos Deputados, do Senado Federal ou do plenário de suas 
respectivas comissões parlamentares de inquérito (§§ 1º e 2º 
do art. 4º). (...). (STF MS 22.801/DF. Rel. Min Menezes 
Direito. DJ 13.03.2008). 
EMENTA. (...) SÉTIMA PRELIMINAR. DADOS DE EMPRÉSTIMO 
FORNECIDOS PELO BANCO CENTRAL. PEDIDO DIRETO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. REQUISIÇÃO 
FEITA PELA CPMI DOS CORREIOS. POSTERIOR AUTORIZAÇÃO 
DE COMPARTILHAMENTO COM O MINISTÉRIO PÚBLICO 
PARA INSTRUÇÃO DO INQUÉRITO. LEGALIDADE. (...). (STF 
Inq. 2.245/MG. Rel. Min. Joaquim, Barbosa, DJ 09.11.2007). 
EMENTA. Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. 
Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim 
de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por 
autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito 
policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, 
contra outros servidores, cujos eventuais ilícitos 
administrativos teriam despontado à colheita dessa prova. 
Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. 
Inteligência do art. 5º, XII, da CF e do art. 1º da Lei Federal 
9.296/1996. (...) Dados obtidos em interceptação de 
comunicações telefônicas e em escutas ambientais, 
judicialmente autorizadas para produção de prova em 
investigação criminal ou em instrução processual penal, 
podem ser usados em procedimento administrativo 
disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em 
relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores 
cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa 
prova. (STF Inq 2.424 QO. Rel. Min Cezar Peluso. DJ 
24.08.2007). 
EMENTA. (....) O presente caso versa sobre a gravação de 
conversa telefônica por um interlocutor sem o conhecimento 
de outro, isto é, a denominada “gravação telefônica” ou 
“gravação clandestina”. Entendimento do STF no sentido da 
licitude da prova, desde que não haja causa legal específica 
de sigilo nem reserva de conversação. Repercussão geral da 
matéria (RE 583.397/RJ). 3. Ordem denegada. (STF HC 91613, 
Relator Min. GILMAR MENDES, 2ª T, DJ 17-09-2012). 
EMENTA. (...). O art. 6º da Lei Complementar105/01 não 
ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade 
em relação aos cidadãos, por meio do princípio da 
capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos 
objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária 
para a fiscal. (...). (STF RE 601314, Rel. Min. Edson Fachin, 
Plenário, Julgamento em 24.02.2016). 
EMENTA: PROCESSUAL PENAL E PENAL. RECURSO 
ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. 
TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. 
EXCESSO DE PRAZO. ALVARÁ DE SOLTURA. WRIT 
PREJUDICADO. NEGATIVA DE AUTORIA. REVOLVIMENTO 
FÁTICO-PROBATÓRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. 
PROVA ILÍCITA. NULIDADE. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO 
JUDICIAL PARA ACESSO DE DADOS DE APLICATIVO CELULAR 
WHATSAPP. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A questão referente 
à alegação de excesso de prazo encontra-se superada diante 
da expedição de alvará de soltura em favor do paciente. 2. 
A via estreita do habeas corpus, ação constitucional de rito 
célere e cognição sumária, não comporta discussão de 
negativa de autoria, por demandar o revolvimento fático-
probatório, devendo a coação ser manifestamente ilegal. 3. 
Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de 
whatsapp, obtidas diretamente pela polícia em celular 
apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial. 4. 
Recurso em habeas corpus parcialmente provido para 
declarar a nulidade das provas obtidas no celular do paciente 
sem autorização judicial, cujo produto deve ser 
desentranhado dos autos. (STJ RHC 76.510/PR, Rel. Min. Nefi 
Cordeiro, 6ª Turma, Dje 17.04.2017). 
 
LIBERDADE DE PROFISSÃO 
 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer; 
Compete à União legislar sobre o exercício das profissões, 
nos termos do art. 22, XVI, da CF/88. 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) A reserva legal estabelecida pelo art. 5º, XIII, 
não confere ao legislador o poder de restringir o exercício da 
liberdade profissional a ponto de atingir o seu próprio núcleo 
essencial. (...) O jornalismo é uma profissão diferenciada por 
sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de 
expressão e de informação. (...) O jornalismo e a liberdade de 
expressão, portanto, são atividades que estão imbricadas por 
sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas 
de forma separada. Isso implica, logicamente, que a 
interpretação do art. 5º, inciso XIII, da Constituição, na 
hipótese da profissão de jornalista, se faça, 
impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do art. 5º, 
incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição, que 
 
 15 
asseguram as liberdades de expressão, de informação e de 
comunicação em geral. (...) A exigência de diploma de curso 
superior para a prática do jornalismo - o qual, em sua 
essência, é o desenvolvimento profissional das liberdades de 
expressão e de informação - não está autorizada pela ordem 
constitucional, pois constitui uma restrição, um 
impedimento, uma verdadeira supressão do pleno, 
incondicionado e efetivo exercício da liberdade jornalística, 
expressamente proibido pelo art. 220, § 1º, da Constituição. 
(...). (STF RE 511.961/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 
13.11.2009). 
EMENTA. (...). A atividade de músico não depende de 
registro ou licença de entidade de classe para o seu 
exercício. Essa é a conclusão do Plenário ao negar 
provimento a recurso extraordinário, afetado pela 2ª Turma, 
em que a Ordem dos Músicos do Brasil – Conselho Regional 
de Santa Catarina alegava que o livre exercício de qualquer 
profissão ou trabalho estaria constitucionalmente 
condicionado às qualificações específicas de cada profissão e 
que, no caso dos músicos, a Lei 3.857/60 estabeleceria essas 
restrições – v. Informativos 406 e 568. Aduziu-se que as 
restrições feitas ao exercício de qualquer profissão ou 
atividade profissional deveriam obedecer ao princípio da 
mínima intervenção – a qual se pautaria pela razoabilidade e 
pela proporcionalidade. Ressaltou-se que a liberdade de 
exercício profissional, contida no art. 5º, XIII, da CF, seria 
quase absoluta e que qualquer restrição a ela só se 
justificaria se houvesse necessidade de proteção a um 
interesse público, a exemplo de atividades para as quais 
fosse requerido conhecimento específico, técnico, ou ainda, 
habilidade já demonstrada. (STF RE 414426/SC, rel. Min. 
Ellen Gracie, 1º.8.2011). 
 
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO 
 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de 
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele 
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
Dispositivo correspondente: art. 139, I, da CF/88. 
 
LIBERDADE DE REUNIÃO 
 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em 
locais abertos ao público, independentemente de 
autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 
O direito a reunião é uma manifestação coletiva da liberdade 
de expressão, tendo como requisitos: pluralidade de 
participantes, temporariedade, finalidade pacífica, ausência 
de armas, lugares abertos ao público e comunicação prévia. 
Haverá restrição ao direito de reunião na hipótese de 
decretação do estado de defesa e suspensão no caso de 
decretação do estado de sítio (art. 136, § 1º, I, “a” e art. 139, 
IV, da CF). São limitações circunstanciais. 
 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. “Marcha da Maconha”. Manifestação legítima, por 
cidadãos da república, de duas liberdades individuais 
revestidas de caráter fundamental: o direito de reunião 
(liberdade-meio) e o direito à livre expressão do pensamento 
(liberdade-fim). A liberdade de reunião como pré-condição 
necessária à ativa participação dos cidadãos no processo 
político e no de tomada de decisões no âmbito do aparelho 
de Estado. Consequente legitimidade, sob perspectiva 
estritamente constitucional, de assembleias, reuniões, 
marchas, passeatas ou encontros coletivos realizados em 
espaços públicos (ou privados) com o objetivo de obter apoio 
para oferecimento de projetos de lei, de iniciativa popular, 
de criticar modelos normativos em vigor, de exercer o direito 
de petição e de promover atos de proselitismo em favor das 
posições sustentadas pelos manifestantes e participantes de 
reunião. Estrutura constitucional do direito fundamental de 
reunião pacífica e oponibilidade de seu exercício ao poder 
público e aos seus agentes. Vinculação de caráter 
instrumental entre a liberdade de reunião e a liberdade de 
manifestação do pensamento. Dois importantes precedentes 
do STF sobre a íntima correlação entre referidas liberdades 
fundamentais: HC 4.781/BA, rel. min. Edmundo Lins, e ADI 
1.969/DF, rel. min. Ricardo Lewandowski. A liberdade de 
expressão como um dos mais preciosos privilégios dos 
cidadãos em uma república fundada em bases democráticas. 
O direito à livre manifestação do pensamento: núcleo de que 
se irradiam os direitos de crítica, de protesto, de 
discordância e de livre circulação de ideias. Abolição penal 
(abolitio criminis) de determinadas condutas puníveis. 
Debate que não se confunde com incitação à prática de 
delito nem se identifica com apologia de fato criminoso. 
Discussão que deve ser realizada de forma racional, com 
respeito entre interlocutores e sem possibilidade legítima de 
repressão estatal, ainda que as ideias propostas possam ser 
consideradas, pela maioria, estranhas, insuportáveis, 
extravagantes, audaciosas ou inaceitáveis. O sentido de 
alteridade do direito à livre expressão e o respeito às ideias 
que conflitem com o pensamento e os valores dominantes 
no meio social. Caráter não absoluto de referida liberdade 
fundamental (CF, art. 5º, IV, V e X; Convenção Americana de 
Direitos Humanos, art. 13, § 5º.) (STF ADPF 187, rel. min. 
Celso de Mello, j 15.06.2011, Plenário, DJ 29.05.2014).16 
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO 
GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DE 
MANIFESTAÇÃO. DIREITO DE REUNIÃO E DE EXPRESSÃO. 
AVISO PRÉVIO. DESNECESSIDADE. PROVIMENTO DO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. Em uma sociedade 
democrática, o espaço público não é apenas um lugar de 
circulação, mas também de participação. Há um custo 
módico na convivência democrática e é em relação a ele que 
eventual restrição a tão relevante direito deve ser estimada. 
2. O aviso ou notificação prévia visa permitir que o poder 
público zele para que o exercício do direito de reunião se dê 
de forma pacífica e que não frustre outra reunião no mesmo 
local. Para que seja viabilizado, basta que a notificação seja 
efetiva, isto é, que permita ao poder público realizar a 
segurança da manifestação ou reunião. 3. Manifestações 
espontâneas não estão proibidas nem pelo texto 
constitucional, nem pelos tratados de direitos humanos. A 
inexistência de notificação não torna ipso facto ilegal a 
reunião. 4. A notificação não precisa ser pessoal ou 
registrada, porque implica reconhecer como necessária uma 
organização que a própria Constituição não exigiu. 5. As 
manifestações pacíficas gozam de presunção de legalidade, 
vale dizer, caso não seja possível a notificação, os 
organizadores não devem ser punidos por sanções criminais 
ou administrativas que resultem multa ou prisão. 6. Tese 
fixada: A exigência constitucional de aviso prévio 
relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a 
veiculação de informação que permita ao poder público zelar 
para que seu exercício se dê de forma pacífica ou para que 
não frustre outra reunião no mesmo local. (STF RE 806339, 
Rel. Ministro Marco Aurélio, J. 15/12/2020). 
 
LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO 
 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, 
vedada a de caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de 
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente 
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão 
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em 
julgado; 
O direito de associação só alcança as associações criadas 
para fins lícitos, com ou sem personalidade jurídica. O 
caráter paramilitar é verificado quando a associação destina-
se ao treinamento do uso de material bélico, com as 
seguintes características: organização hierárquica e respeito 
ao princípio da obediência. 
As associações aqui referidas devem ser entendidas em 
sentido amplo, incluindo os partidos políticos e as 
associações sindicais (art. 8º, I), as quais devem ser criadas 
na forma da lei, sem necessidade de autorização do poder 
público, nem possibilidade de interferência deste em seu 
funcionamento, considerando que a interferência arbitrária 
do poder público no exercício desse direito pode acarretar 
responsabilidade penal, político-administrativa e civil. 
Importante diferenciar os institutos, pois a associação não 
tem fins lucrativos, o patrimônio é constituído pela 
contribuição dos membros para alcançar fins educacionais, 
religiosos, culturais etc. Já a cooperativa, sociedade ou 
empresa constituída por membro de determinado grupo 
econômico ou social, objetiva desempenhar, em beneficio 
comum, determinada atividade econômica. 
Fica subentendido que qualquer ato normativo editado pelo 
poder Executivo ou pelo poder Legislativo, no sentido de 
dissolução compulsória, será inconstitucional, uma vez que a 
Lei Maior limita a atuação ao Poder Judiciário (cláusula de 
reserva do Poder Judiciário), autorizando-o à dissolução 
somente quando a finalidade buscada pela associação for 
ilícita, valendo ressaltar que no caso da medida mais 
drástica, ou seja, no caso da dissolução, a decisão judicial 
exige o trânsito em julgado. 
 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Com efeito, a liberdade de associação não se 
confunde com o direito de reunião, possuindo, em relação a 
este, plena autonomia jurídica (...). Diria, até, que, sob a 
égide da vigente Carta Política, intensificou-se o grau de 
proteção jurídica em torno da liberdade de associação, na 
medida em que, ao contrário do que dispunha a Carta 
anterior, nem mesmo durante a vigência do estado de sítio 
se torna lícito suspender o exercício concreto dessa 
prerrogativa. (...) Revela-se importante assinalar, neste 
ponto, que a liberdade de associação tem uma dimensão 
positiva, pois assegura a qualquer pessoa (física ou jurídica) o 
direito de associar-se e de formar associações. Também 
possui uma dimensão negativa, pois garante, a qualquer 
pessoa, o direito de não se associar, nem de ser compelida a 
filiar-se ou a desfiliar-se de determinada entidade. Essa 
importante prerrogativa constitucional também possui 
função inibitória, projetando-se sobre o próprio Estado, na 
medida em que se veda, claramente, ao Poder Público, a 
possibilidade de interferir na intimidade das associações e, 
até mesmo, de dissolvê-las, compulsoriamente, a não ser 
mediante regular processo judicial. (STF ADI 3.045, de 
1º/6/2007). 
 
 17 
EMENTA. (...). Cabe enfatizar, neste ponto, que as normas 
inscritas no art. 5º, incisos XVII a XXI da atual Constituição 
Federal protegem as associações, inclusive as sociedades, da 
atuação eventualmente arbitrária do legislador e do 
administrador, eis que somente o Poder Judiciário, por meio 
de processo regular, poderá decretar a suspensão ou a 
dissolução compulsória das associações. Mesmo a atuação 
judicial encontra uma limitação constitucional: apenas as 
associações que persigam fins ilícitos poderão ser 
compulsoriamente dissolvidas ou suspensas. Atos emanados 
do Executivo ou do Legislativo, que provoquem a 
compulsória suspensão ou dissolução de associações, 
mesmo as que possuam fins ilícitos, serão inconstitucionais. 
(STF ADI 3.045, 1º/6/07). 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a 
permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados 
judicial ou extrajudicialmente; 
Aqui consta a grande diferença entre associações e 
sindicatos, pois a estes cabe a defesa dos direitos e 
interesses coletivos e individuais da categoria (art. 8º, III), 
enquanto que aquelas possuem finalidades sociológicas. 
O dispositivo diz respeito à representação processual, que 
por sua vez difere da substituição processual (legitimidade 
ativa extraordinária). Aquela ocorre numa situação onde o 
representante atua em nome do representado, caso em que 
se faz necessário à autorização. A substituição processual o 
legitimado atua em seu nome próprio para defesa de direito 
alheio, não sendo necessária autorização. 
Vale dizer que no caso de impetração de mandado de 
segurança coletivo (art. 5º, LXX), a associação prescinde de 
autorização, uma vez que atua como substituto processual. 
 
Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). A representação prevista no inciso XXI do art. 
5º da Constituição Federal surge regular quando autorizada a 
entidade associativa a agir judicial ou extrajudicialmente 
mediante deliberação em assembleia. Descabe exigir 
instrumentos de mandatos subscritos pelos associados. (...). 
(STF RE 192.305, 21/5/01). 
SÚMULA 629, STF. A impetração de mandado de segurança 
coletivo por entidade de classe em favor dos associados 
independe da autorização destes. 
 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou 
por interesse social, mediante justa e prévia indenização 
em dinheiro, ressalvada os casos previstos nesta 
Constituição; 
O direito de propriedade é garantia individual e relativa, 
considerando que deve respeitar o conceito de função social 
que consta nos artigos 182, § 2º (propriedade

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