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AIA e Licenciamento Ambiental no Brasil

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Avaliação de impacto e licenciamento ambiental 57
4
AIA no Brasil
Os efeitos da intensa degradação ambiental gerada pelo modelo desenvolvimen-
tista adotado pelos seres humanos já são notáveis. São claras as evidências de mudan-
ças climáticas, desertificação, crise hídrica, extinção de espécies, entre outros resultados 
da degradação. A avaliação de impacto ambiental se insere nesse contexto como uma 
importante ferramenta para o auxílio na tomadas de decisões pelos órgãos ambientais 
competentes, responsáveis pelo licenciamento e pela gestão ambiental no Brasil.
Neste capítulo serão apresentados aspectos da avaliação de impactos ambien-
tais no Brasil, dando enfoque para seus antecedentes históricos, bem como os marcos 
legais de seu ordenamento jurídico – além de seus instrumentos de aplicação, que são 
os órgãos ambientais executores e os órgãos legisladores.
AIA no Brasil4
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental58
4.1 Histórico 
Desde os anos de 1960, um grande movimento nas áreas técnica e política fomentou inú-
meras discussões acerca das formas de desenvolvimento da humanidade, que no pós-Segunda 
Guerra Mundial teve grande evolução no desenvolvimento de tecnologias industriais e desen-
volvimentistas, gerando profundos impactos socioambientais que se estendem até os dias atuais. 
Um marco importante foi a realização da primeira Conferência das Nações Unidas para 
o Meio Ambiente, em 1972, na cidade Estocolmo, Suécia, quando a ONU (Organização das 
Nações Unidas) incorporou em suas práticas e ações o apoio para políticas ambientais ao re-
dor do mundo, fomentando e influenciando organizações financeiras internacionais (como o 
Banco Mundial), a pedir estudos de impacto ambiental para os financiamentos de projetos, fi-
cando estes condicionados à viabilidade ambiental para o recebimento de créditos financeiros. 
O Brasil, mesmo estando sob um regime de ditadura militar (que tinha como foco o 
desenvolvimento a todo custo, não se preocupando com os temas socioambientais e de sus-
tentabilidade), foi pressionado pelas agências internacionais de fomento financeiro e cedeu 
espaço ao diálogo para a previsão de impactos de grandes projetos de infraestrutura, como, 
por exemplo, a construção de hidrelétricas e rodovias.
No cenário global, os Estados Unidos foram o primeiro país a criar um instrumento 
jurídico específico para a avaliação de impactos ambientais. A Política Nacional de Ação 
para o Meio Ambiente (National Environmental Policy Act – NEPA) foi instituída no país em 
1969, estabelecendo que qualquer intervenção no meio ambiente deveria ser acompanhada 
de estudos que serviriam de base para a realização de projetos, planos, programas e pro-
postas legislativas. Esse modelo serviu de base para o ordenamento jurídico brasileiro sobre 
avaliação de impacto ambiental; no entanto, os legisladores brasileiros fizeram inúmeras 
adaptações e alterações advinda do interesse do governo federal, que estava com inúmeros 
projetos de infraestrutura em pleno desenvolvimento ou em fase de início. 
Assim, no Brasil, os legisladores no Congresso Nacional, sob pressão internacional, elabo-
raram a primeira lei que estabelecia a obrigatoriedade de realização de estudos de avaliação de 
impacto ambiental como ação preliminar à tomada de decisão por parte do Poder Público. Isso 
ocorreu por meio da Lei 6.803, de 2 de julho de 1980, que trata do zoneamento industrial em 
áreas críticas de poluição. Embora aparentemente parecesse um grande avanço, esse instrumen-
to jurídico era muito específico para os setores industriais petrolíferos, químicos e carboníferos.
O avanço histórico no ordenamento jurídico foi impulsionado, além da pressão inter-
nacional, pela opinião pública brasileira acerca dos resultados catastróficos de um modelo 
de industrialização na região de Cubatão, no estado de São Paulo, em que os projetos indus-
triais não tinham nenhuma consideração com as questões ambientais, ocasionando uma de-
gradação ambiental e social sem precedentes no Brasil. Esses resultados foram amplamente 
divulgados pelos meios de comunicação da época.
Em função disso, no ano de 1981, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou a Lei 6.938, 
estabelecendo a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) e instituindo o Sistema 
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). 
AIA no Brasil
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
4
59
Esse momento foi histórico para o Direito Ambiental Brasileiro, pois esse instrumento 
preventivo de tutela ambiental estimulou a participação da sociedade, que na época era 
reprimida pelo sistema de ditadura militar nas discussões democráticas sobre implantação 
de projetos de desenvolvimento do Brasil (MACHADO, 2004). Dessa forma, esse ordena-
mento foi muito importante para a divulgação, em todo o território nacional, da conscien-
tização acerca da necessidade do Estudo de Impacto Ambiental e seu Relatório de Impacto 
Ambiental, trazendo informações para subsidiar a tomada de decisões de realização, ou não, 
de projetos, e também, se fosse o caso, de adaptação dos projetos originais a fim da viabili-
zação com relação aos aspectos ambientais.
Deve-se destacar que a Lei 6.938/81 foi muito importante para o Brasil, alterando de for-
ma significativa os rumos normativos da proteção e defesa do meio ambiente no território 
nacional, que foi, alguns anos mais tarde, em 1988, a base para o disposto no artigo 225 da 
Constituição Federal.
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente instituiu como instrumentos para a sua 
efetivação a avaliação de impactos ambientais (AIA) e o licenciamento ambiental para a 
revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, de modo a compatibilizar o de-
senvolvimento econômico-social do país com a preservação da qualidade do meio ambiente 
e do equilíbrio ecológico. Assim, de forma efetiva, a AIA surgiu pela primeira vez no Brasil 
por essa referida lei, tornando-se um marco no direito ambiental brasileiro. 
Da mesma forma, a obrigatoriedade desses estudos significou um marco na evolução 
do ambientalismo brasileiro, que era representado por universidades, centros de pesquisas 
e algumas iniciativas da sociedade civil organizada, que, a partir do final da década de 
70, denunciava que nos chamados projetos desenvolvimentistas eram apenas consideradas as 
variáveis técnicas e econômicas, sem qualquer preocupação séria com o meio ambiente – e 
frequentemente indo em caminho contrário ao interesse da população brasileira.
Esse avanço histórico no ordenamento jurídico brasileiro logo começou a sofrer algu-
mas alterações. A AIA inicialmente era destinada a todos os níveis de decisão, incluindo a 
avaliação de políticas, planos e programas do Poder Público, que é mais conhecida como 
avaliação ambiental estratégica (AAE). Contudo, o Decreto 99.274/90, regulamentador da 
Lei da PNMA, e a Resolução do Conama 01/86, restringiram a avaliação de impacto ambien-
tal ao processo de licenciamento ambiental de empreendimentos, voltado somente para pro-
jetos (MACHADO, 2004). Também por esse fato, verifica-se a confusão existente entre AIA 
e EIA, sendo que o EIA é parte das fases da AIA de abrangência restrita ao licenciamento de 
obra ou atividade que possa causar significativa degradação ao meio ambiente.
Assim, a AIA fica restrita à análise de impactos de projetos, restando fora do seu alcance 
políticas, planos e programas, ou seja, a avaliação ambiental estratégica. Ademais, diversos 
outros tipos de estudos ambientais podem ser enquadrados como espécies de AIA, como, 
por exemplo, estudo de viabilidade ambiental, relatório preliminar ambiental, relatório do 
controle ambiental, entre tantos que, conforme metodologia específica, podem ser incorpo-
rados nas análises. 
AIA no Brasil4
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental60
De qualquer forma, foi um avanço significativo para a proteção ambiental do Brasil, 
que ora somente formulava políticas públicas que prestassem interesses aos assuntos eco-
nômicos. A Política Nacionaldo Meio Ambiente veio para marcar um importante posicio-
namento de conservação e proteção dos recursos naturais brasileiros e incluiu a AIA como 
um instrumento para atingir os objetivos dessa lei.
Quadro 1 – Marcos históricos e acontecimentos acerca da avaliação de impacto ambiental no Brasil.
Marcos históricos Acontecimentos
Década de 1970
• crescimento da atividade econômica e expansão das fronteiras 
econômicas internas (ícones: rodovia Transamazônica e barra-
gem de Itaipú);
• começou a se cristalizar no país um pensamento ecológico 
bastante crítico sobre o modelo de desenvolvimento.
Transição entre as dé-
cadas de 1970 e 1980
• No final da década de 70 e início dos anos 80 foram adota-
dos os primeiros estudos de impacto ambiental para hidrelé-
tricas de Sobradinho, Tucuruí e terminal Porto Ferroviário 
Ponta da Madeira.
Promulgação da Lei 
Federal 6.803, de 2 
de julho de 1980
• trata do zoneamento industrial em áreas críticas de poluição.
Promulgação da 
Lei 6.938/81, que 
definiu a Política 
Nacional de Meio 
Ambiente (PNMA)
• lançou as bases dos instrumentos de licenciamento ambiental, 
definiu sua obrigatoriedade e discorreu sobre as etapas de um 
licenciamento. 
• estabeleceu ligação entre o licenciamento ambiental e o Estudo 
de Impacto Ambiental (AIA), de modo que o licenciamento 
de atividade poluidora depende da aprovação do EIA/RIMA 
pelo órgão ambiental estadual competente.
Promulgação 
da Constituição 
Federal de 1988
• a partir da aprovação da PNMA, a AIA foi incorporada à le-
gislação brasileira, confirmada e fortalecida com o artigo 225 
da Constituição Federal de 1988:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamen-
te equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e 
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações.
§1.° - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao 
Poder Público:
[...]
V - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativi-
dade potencialmente causadora de significativa degradação 
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a 
que se dará publicidade. (BRASIL, 1988)
AIA no Brasil
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
4
61
Marcos históricos Acontecimentos
Desdobramentos 
importantes da 
Lei 6.938/81, que 
institui a PNMA
• publicação da Resolução Conama 001 de 23/01/86 – EIA-RIMA.
• publicação da Resolução Conama 237 de 19/12/97 – 
Licenciamento Ambiental.
Fonte: BRASIL, 1997. Adaptado. 
4.2 Órgão legislador 
A legislação ambiental brasileira é complexa, pois tem o desafio de ordenar juridica-
mente sobre assuntos muito diversos situados no imenso território de dimensões continen-
tais. Como exemplo, temos as peculiaridades da Região Amazônica no norte do Brasil, que 
possui inúmeros ecossistemas únicos associados a uma enorme diversidade cultural, e a 
Região Sul, que possui, além dos Pampas, a Mata Atlântica, a Floresta de Araucária e tam-
bém uma rica diversidade cultural.
Nesse sentido, o direito ambiental brasileiro não lida apenas com matéria de preserva-
ção ambiental propriamente dita, mas também se relaciona ao desenvolvimento econômico 
e ao desenvolvimento social. O direito ambiental não foi criado apenas para proteger e pre-
servar o meio ambiental, mas também para assegurar para as futuras gerações os recursos 
naturais que lhes servirão de base para a sobrevivência. 
Por esse princípio, os órgãos legisladores devem ter discernimento, coerência e emba-
samento técnico das necessidades de conservação ambiental e desenvolvimento econômico, 
visto que o impedimento do desenvolvimento socioeconômico estará gerando indiretamen-
te uma maior agressão ao meio ambiente – pois atividades irregulares começarão a aparecer, 
gerando pressões mais elevadas nos recursos naturais.
Assim sendo, a política ambiental brasileira foi construída tendo como base dois prin-
cípios, que são o princípio da prevenção e o princípio do poluidor pagador (MACHADO, 
2004), que norteiam todo e qualquer tema do direito ambiental brasileiro. Dessa forma, o 
legislador deve se atentar para esses princípios na elaboração de políticas públicas ou orde-
namentos jurídicos a respeito dos temas ambientais.
O princípio da prevenção entende que a recuperação, se possível, de um dano ambiental 
é extremamente longa, com raras exceções, visto que, conforme Odum e Barrett (1983), a resi-
liência de um ambiente ou ecossistema, quando recebe sucessivas intervenções de pequena es-
cala ou mesmo uma só intervenção em escala mais elevada, perde capacidade de se recuperar. 
O ideal da Política Nacional do Meio Ambiente é evitar o dano. Toda a legislação ambiental 
brasileira se estrutura nisso, tendo como princípio a prevenção do dano, e não tentar remediá-lo 
ou consertá-lo. O desenvolvimento de um país rumo à sustentabilidade deve evitar os danos 
ambientais, justificando assim o porquê do princípio da prevenção, que orienta toda a matéria 
ambiental dentro dos órgãos competentes, especialmente a matéria de licenças ambientais.
AIA no Brasil4
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental62
Em um empreendimento no qual foi feita toda e qualquer política de prevenção, e que 
seguiu todo o processo do licenciamento ambiental, se mesmo assim aparecer o dano, apli-
ca-se o princípio do poluidor pagador, previsto na própria Constituição Federal de 1988, em 
seu art. 225, §3°: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão 
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas independente-
mente da obrigação de reparar os danos causados” (BRASIL, 1988).
Nesse contexto, a avaliação de impacto ambiental ganha importância e relevância den-
tro do planejamento e da concepção de novos empreendimentos, que necessitam atender 
às demandas dos investidores de reduzir, ao máximo possível, os riscos de investimento. 
Deve-se incluir o meio ambiente como um fator ponderante e de grande importância em 
todo projeto de ação humana que possa, de alguma forma, impactá-lo. 
A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), em seu artigo 9°, inciso III, prevê 
que a avaliação de impactos ambientais também é um dos instrumentos de gestão ambien-
tal, a qual deve ser conjugada com o licenciamento ambiental quando a atividade ou obra 
for passível de gerar significativa degradação ao meio ambiente (MILARÉ, 2007).
A legislação brasileira, principalmente no que tange algumas resoluções emitidas pelo 
Conama, em alguns casos referiu-se à AIA como “estudo” em vez de “avaliação”, o que 
levou muitos a acreditar que ambos se tratam da mesma coisa.
Tanto a AIA, nos moldes da Lei 6938/81, como também o EIA, de acordo com os pre-
ceitos das resoluções emitidas pelo Conama, foram inicialmente desenvolvidos sob uma 
realidade social diferente da atual, em que, apesar da criação de tais instrumentos, o meio 
ambiente ainda era visto como desimportante, ou seja, era levada em consideração a ideia 
de que o crescimento e o desenvolvimento deveria ser a todo custo, não importando qual 
fossem os meios empregados para tal, tampouco a capacidade de dano de tais atividades 
progressistas ao meio ambiente.
A matéria está regulamentada basicamente pelas Resoluções Conama 01/86 e 09/87, sem 
olvidar da importância da Resolução 237/97 e da disposição contida no artigo 225, §1°, inciso 
IV, da Constituição Federal de 1988. Ainda, o jurista Milaré (2007) frisa que o EIA é uma das 
mais importantes espécies de “estudos ambientais” (conforme conceitua a Resolução 237/97, 
artigo 1°, inciso III), sendo exigível apenas nos casos de significativa degradação ambiental, 
a qual, segundo o mesmo autor, “é presumível, salvo prova em contrário, para as atividades 
mencionadas no artigo 2° da Resolução 01/86, entre elas as hidrelétricas acima de 10 MW 
(inciso VII)” (MILARÉ, 2007, p. 465).
Dessa forma, a AIA é fundamental para compreender que a realização dos EIA volta-
-se principalmente a trazerelementos para subsidiar a decisão administrativa, a qual, num 
primeiro momento, será voltada para a concessão ou não da licença prévia (MACHADO, 
2004). Nesse sentido, o legislador deve se atentar ao que já prevê a legislação ambiental vi-
gente, cabendo à administração pública adicionar o que entender cabível diante do interesse 
público (MACHADO, 2005).
Dentre as controvérsias doutrinárias existentes quanto ao tema, destacam-se as questões 
da constitucionalidade e legalidade das Resoluções Conama 01/86 e 237/97 e dos critérios a 
AIA no Brasil
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
4
63
serem utilizados para a solução dos eventuais conflitos de competência, por serem conside-
radas as mais relevantes para a posterior análise das propostas de regulamentação do artigo 
23, VI e VII, da Constituição Federal de 1988 (MACHADO, 2004). 
Quanto à Resolução Conama 01/86, a discussão diz respeito à sua recepção ou não pela 
Constituição Federal de 1988, ante a determinação constante do inciso IV, do §1°, do arti-
go 225, da exigência de EIA para instalação de obra ou atividade potencialmente causa-
dora de significativa degradação do meio ambiente, e do disposto no artigo 25 do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que estabelece a revogação, a partir de 
180 dias da promulgação da Constituição Federal de 1988, dos dispositivos legais que atri-
buíam ou delegavam a órgão do Poder Executivo competência de legislar e estabelecer ações 
normativas (MILARÉ, 2007).
A Política Nacional do Meio Ambiente que criou o Sisnama proporcionou segurança ju-
rídica no que tange ao ordenamento jurídico ambiental, trazendo, além das normas e diretri-
zes, as competências da legislatura conforme a peculiaridade da localidade, levando-se em 
consideração o enorme território brasileiro com suas complexas relações sociais, culturais e 
de grande diversidade de paisagem e biodiversidade.
Assim sendo, as esferas administrativas federal, estadual e municipal têm o dever e o 
direito de propor ordenamentos jurídicos que atendam à melhoria da qualidade de vida e o 
interesse público. Ressalva-se que a validação de instrumentos jurídicos como leis e decretos 
deve passar pelo ritual democrático de aprovação do Congresso Nacional para o âmbito 
federal, nas Assembleias Legislativas no âmbito estadual e nas Câmaras dos Vereadores no 
âmbito municipal. 
Outros instrumentos como resoluções, portarias e normas técnicas ficam na tutoria dos 
órgãos competentes como, por exemplo: 
• esfera federal – Ministério do Meio Ambiente, Ibama, ICMBio (Instituto Chico Mendes 
de Conservação da Natureza), Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama); 
• esfera estadual – Secretaria Estadual de Meio Ambiente e seus órgãos, como 
Institutos e Fundações e Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema); 
• esfera municipal – Secretarias ou Departamentos de Meio Ambiente e Conselhos 
Municipais de Meio Ambiente (Comdemas).
4.3 Órgãos executivos
Segundo a Constituição Federal, art. 225, o meio ambiente é um “bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade 
o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
Para distribuir as responsabilidades de gestão ambiental foi instituído o Sisnama que 
visa descentralizar a gestão ambiental pública entre os municípios, os estados e a União, 
criando uma rede articulada de organizações nos diferentes âmbitos da Federação.
AIA no Brasil4
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental64
4.3.1 Esfera federal 
O Ministério do Meio Ambiente tem como uma de suas diretrizes o fortalecimento do 
Sisnama. Esse trabalho tem-se pautado, prioritariamente, nas seguintes frentes:
• incentivo à estruturação de órgãos ambientais nos municípios, com a descentrali-
zação da gestão ambiental;
• aumento da articulação e do diálogo na área ambiental entre as três esferas de 
governo, com a criação das comissões tripartites;
• estímulo à criação de redes de conselhos, órgãos e fundos de meio ambiente em 
âmbitos estaduais, regionais e nacional;
• esforço para realizar uma política ambiental integrada, no sentido de incluir a di-
mensão ambiental nas políticas de governo. 
O art. 4° da Resolução Conama 237, de 19 de dezembro de 1997, define: 
Art. 4° - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis – Ibama, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento 
ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, de 
empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito 
nacional ou regional, a saber:
I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no 
mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em ter-
ras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.
II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País 
ou de um ou mais Estados;
IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar 
e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nu-
clear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão 
Nacional de Energia Nuclear - CNEN;
V - bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação 
específica. (BRASIL, 1997)
4.3.2 Esfera estadual
Em nível estadual, a estrutura da gestão ambiental executora repete o modelo adotado 
para o governo federal. Cada estado define a estrutura que considera mais adequada. O ór-
gão central adquire o formato de secretaria, departamento ou fundação de meio ambiente, 
sendo este exclusivo ou compartilhado com outras áreas. Essas estruturas têm como atri-
buição formular e coordenar a política estadual de meio ambiente, bem como articular as 
políticas de gestão de recursos naturais.
AIA no Brasil
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
4
65
Para dar suporte às ações sobre o meio ambiente no âmbito estadual devem haver órgãos 
técnicos executivos criados pelo governo, com atribuição de executar a política ambiental, 
monitorar a qualidade do meio ambiente, realizar educação ambiental e atuar em pesquisa.
Além desses, existem os conselhos estaduais de meio ambiente, que normalmente são 
órgãos normativos, paritários entre Poder Público e sociedade civil, respeitando os direitos 
democráticos, podendo ser de caráter consultivo e deliberativo. Os conselhos estão organi-
zados para atender às demandas executivas de gestão ambiental no âmbito estadual em câ-
maras técnicas especializadas, como, por exemplo, de recursos naturais e hídricos, educação 
ambiental, licenciamento ambiental, entre tantas outras. Os conselhos, além de atuarem na 
elaboração de instrumentos legais, sugerem políticas públicas para diversos setores e elabo-
ram normas técnicas específicas para a conservação da natureza.
A execução dessa política de gestão ambiental, de forma geral, é feita por meio de fun-
dos específicos para o meio ambiente, além de dotação orçamentária específica. 
Quadro 2 – Órgãos ambientais estaduais executores de avaliação de impacto ambiental.
Estado Órgão ambiental executor
Acre Sema
Amazonas SDS/Ipaam
Roraima Semaisjus/Femact
Pará Sectam
Amapá Sema
Rondônia Dedam
Mato Grosso Sema/Fema
Mato Grosso do Sul Sema/Imap
Maranhão Sema
Tocantins Seplan/Naturatins
Goiás Semarh/Agma
Distrito Federal Semarh
Minas Gerais Semad/Feam
São Paulo SMA/Cetesb/Daia
Espírito Santo Seama/Iema
Rio de Janeiro Semads/Feema
Paraná Sema/IAP
Santa Catarina SDS/Fatma
Rio Grande do Sul Sema/Fepam
Bahia Semarh/CRA
Sergipe Sema
AIA no Brasil4
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental66
Alagoas Semarhn/IMA
Pernambuco Sectama/CPRH
Paraíba Sectma/Sudema
Rio Grande do Norte Idema
Ceará Soma/Semace
Piauí Semar
Fonte: Elaborado pelo autor.
4.3.3 Esfera municipal
A Política Nacional do Meio Ambiente e a ResoluçãoConama 237, de 19 de dezembro 
de 1997, também preveem a execução de estudos e avaliação de impacto ambiental tendo 
como órgão ambiental competente os definidos pela esfera municipal, quando tratada de 
impactos para pequenos empreendimentos com abrangência dentro dos limites políticos 
dos municípios.
Essa autonomia dada aos municípios foi propiciada legalmente pela Constituição 
Federal, objetivando estimular a gestão de suas questões em várias áreas, como, por exem-
plo, saúde, educação, habitação e meio ambiente (FIORILLO, 2009). 
A partir dos anos de 1990, quando da realização da Conferência Internacional para o 
Meio Ambiente, houve aumento de consciência e pressão das populações locais por ações 
voltadas à proteção ambiental.
A esfera municipal foi pressionada então a melhorar seus sistemas de gestão ambiental, 
criando órgãos para tratar dos assuntos ambientais locais. Esses órgãos criados eram de-
partamentos ou secretarias e estavam ligados normalmente às estruturas já formadas e em 
andamento da área da agricultura ou do turismo.
Também tendo como diretriz a Política Nacional do Meio Ambiente, os municípios co-
meçaram a criar seus conselhos municipais de meio ambiente, também conhecidos como 
Comdema, que têm como atribuição auxiliar na execução da gestão ambiental do município 
de forma democrática – e também auxiliar nos processos de licenciamento ambiental e nas 
avaliações de impacto ambiental de interesse municipal.
Com isso, as administrações municipais percebem que a atuação de conselhos munici-
pais de meio ambiente permite realizar de maneira mais efetiva a gestão ambiental local e 
consequentemente a conservação do meio ambiente, além de aumentar o poder dos muni-
cípios e das suas organizações representativas dentro do Sisnama, melhorando, assim, a ca-
pacidade de diálogo das prefeituras com os governos estaduais e federal na área ambiental 
(BRASIL, 2016).
AIA no Brasil
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
4
67
 Ampliando seus conhecimentos
Evolução histórica da legislação ambiental
(FARIAS, 2007) 
Ao longo da história, antes que o Direito Ambiental se firmasse como um 
ramo autônomo da Ciência Jurídica, inúmeros dispositivos jurídicos brasi-
leiros e portugueses ao longo da história previram a proteção legal ao meio 
ambiente. Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin defendem que a 
evolução da legislação ambiental brasileira se desenvolve em três fases 
ou momentos históricos, que são a fase de exploração desregrada, a fase 
fragmentária e a fase holística.
[...]
É preciso dizer que essas fases históricas não possuem marcos afirmativos 
precisamente delineados, de maneira que elementos caracteristicamente 
pertencentes a uma fase podem estar cronologicamente relacionados a 
outra fase. 
O primeiro momento histórico no que diz respeito à legislação ambiental 
brasileira é aquele descrito como do descobrimento até aproximadamente 
a década de 30 sendo chamado de fase fragmentária. Essa fase é caracteri-
zada pela não existência de uma preocupação com o meio ambiente, a não 
ser por alguns dispositivos protetores de determinados recursos ambien-
tais. Édis Milaré faz um estudo da legislação ambiental desse período 
afirmando que o esbulho do patrimônio natural e a privatização do meio 
ambiente eram muito comuns nesse período.
Na época do descobrimento vigorava em Portugal as Ordenações 
Afonsinas, cujo trabalho de compilação foi concluído no ano de 1446 
durante o reinado de Dom Afonso IV. É possível encontrar na Ordenações 
Afonsinas algumas referências à preocupação com o meio ambiente, a 
exemplo do dispositivo que tipificava como crime de injúria ao rei o corte 
de árvores frutíferas. 
As Ordenações Manuelinas foram editadas em 1521 também contendo 
dispositivos de caráter ambiental, a exemplo da proibição da comerciali-
zação das colmeias sem a preservação das abelhas ou da caça de animais 
como coelhos, lebres e perdizes com instrumentos que pudessem denotar 
crueldade. A tipificação do corte de árvores frutíferas passou a ser punida 
AIA no Brasil4
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com o degrado para o Brasil quando a árvore abatida tivesse valor supe-
rior a trinta cruzados.
As Ordenações Filipinas, editadas durante o período em que o Brasil 
passou para o domínio espanhol, proibiam que seja jogassem na água 
qualquer material que pudesse matar os peixes e suas criações ou que se 
sujassem os rios e as lagoas. A tipificação de árvores frutíferas é mantida, 
prevendo-se como pena o degredo definitivo para o Brasil. 
O primeiro Código Criminal de 1830 tipificou como crime o corte ilegal 
de madeira e a Lei n. 601/1850 discriminou a ocupação do solo no que diz 
respeito a ilícitos como desmatamentos e incêndios criminosos.
[...]
A segunda fase é chamada de fragmentária e se caracteriza pelo começo 
da imposição de controle legal às atividades exploratórias tratamento 
ambiental e tem como início o final da década de 20.
Contudo, esse controle era exercido de forma incipiente porque de 
um lado era regido pelo utilitarismo, visto que só se tutelava o recurso 
ambiental que tivesse valoração econômica, e de outro pela fragmentação 
do objeto, o que negava ao meio ambiente uma identidade própria, e em 
consequência até do aparato legislativo existente. 
Edis Milaré destaca a importância do Código Civil de 1916 como prece-
dente de uma legislação ambiental mais específica ao trazer alguns ele-
mentos ecológicos, especialmente no que diz respeito à composição dos 
conflitos de vizinhança.
Ricardo Toledo Neder afirma que o que marca o Estado brasileiro após 
a década de 30 em relação ao meio ambiente é o estabelecimento do con-
trole federal sobre o uso e ocupação do território e de seus recursos natu-
rais, em uma atmosfera de disputa entre o governo central e as forças 
políticas e econômicas de diferentes unidades da Federação. Para o autor, 
a “regulação pública sobre recursos naturais no Brasil nasceu da coaliza-
ção de forças políticas industrialistas, classes médias e operariado urbano 
que deu origem à Revolução de 30 e do modelo de integração (nacional e 
societária) daí decorrente”.
Os recursos ambientais como a água, a fauna, a flora passaram a ser regidos 
por uma legislação diferenciada, de maneira a não existir articulação entre 
cada um desses elementos ou entre cada uma das políticas específicas.
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Dessa forma, a saúde pública passou a ser regida pelo Regulamento de 
Saúde Pública ou Decreto n. 16.300/23, os recursos hídricos passaram a se 
reger pelo Código das Águas ou Decreto-Lei n. 852/38, a pesca pelo Código 
de Pesca ou Decreto-Lei n. 794/38, a fauna pelo Código de Caça ou Decreto-
Lei n. 5.894/43, o solo e o subsolo pelo Código de Minas ou Decreto-Lei 
n. 1.985/40, e a flora pelo Código Florestal ou Decreto n. 23.793/34. 
Entre os textos legislativos mais importantes se destacam o Estatuto da 
Terra ou Lei n. 4.504/64, o Código Florestal ou Lei n. 4.771/65, a Lei de 
Proteção à Fauna ou Lei n. 5.197/67, o Código de Pesca ou Decreto-Lei 
n. 221/67 e o Código de Mineração ou Decreto-Lei n. 227/67.
Por conta da ênfase dada ao direito de propriedade não existia efetiva-
mente uma preocupação com o meio ambiente, já que não se considerava 
as relações de cada dos recursos naturais entre si como se cada recurso 
ambiental específico não influísse no restante do meio natural e social ao 
redor de si.
[...]
 Atividades
1. O Brasil, mesmo estando sob um regime de ditadura militar, que tinha como foco o 
desenvolvimento a todo custo, não se preocupando com os temas socioambientais e de 
sustentabilidade, foi pressionado pelas agências internacionais de fomento financeiro 
e cedeu espaço para o diálogo sobre a previsão de impactos de grandes projetos de 
infraestrutura no Brasil, como, por exemplo, a construção de hidrelétricas e rodovias. 
Cite alguns marcos importantes que resultaram na exigência de políticas ambientais.2. A legislação ambiental brasileira é complexa, pois tem o desafio de ordenar juridica-
mente sobre assuntos muito diversos situados no imenso território, que tem dimen-
sões continentais. Por exemplo, temos as peculiaridades da Região Amazônica, no 
norte do Brasil, que possui inúmeros ecossistemas únicos associados a uma enorme 
diversidade cultural; e a Região Sul possui, além dos Pampas, a Mata Atlântica, a 
Floresta de Araucária e também uma rica diversidade cultural. Qual é a forma que a 
legislação brasileira buscou para contemplar tais peculiaridades? 
3. Todo estado ou município tem a sua própria estrutura para a área de meio ambiente. 
Descubra como funciona e quais são os órgãos que compõem o sistema no seu estado 
ou município.

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