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SISTEMAS DE PRODUÇÃO André Lunardi Steiner 2SISTEMAS DE PRODUÇÃO SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (NEAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pelo Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Darlan Scheid, Igor Zattera Revisora Ana Clara Garcia GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO 4 Qual é o Público Alvo? 6 A maneira de produzir esses itens é a mesma? 11 FUNÇÃO PRODUÇÃO 25 CONCEITOS ASSOCIADOS 32 CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS PRODUTIVOS 37 O MECANISMO DA FUNÇÃO PRODUÇÃO 42 MODELOS DE PRODUÇÃO 49 SISTEMA FORD DE PRODUÇÃO 50 SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO 55 SISTEMA VOLVO DE PRODUÇÃO 60 SISTEMA HYUNDAI DE PRODUÇÃO 63 METODOLOGIAS DA MANUFATURA ENXUTA 67 ESTABILIDADE OPERACIONAL 68 Heijunka 76 JUST-IN-TIME 77 Troca Rápida de Ferramentas 79 Fluxo de Uma Peça 83 Controle de Qualidade Zero Defeito 83 Kanban 86 ANDON 88 Resumo do Just-in-Time 88 JIDOKA 89 Poka-Yoke 89 Nagara 91 KAIZEN 92 “UM” SISTEMA 92 ÍNDICE DE RENDIMENTO OPERACIONAL GLOBAL 95 AUTOMAÇÃO DA MANUFATURA 101 3SISTEMAS DE PRODUÇÃO Introdução Nesta nossa apostila vamos desenvolver um estudo sobre várias questões ligadas aos sistemas de produção, que é um vasto universo de estudos ligados à interligação de diferentes elementos de diversas áreas, os quais, juntos, vão compor um resultado, que basicamente é o produto gerado por este sistema. A melhor combinação entre os diversos elementos disponíveis deverá gerar melhores resultados. Para este estudo, vamos abor- dar diferentes conceitos que, após, serão interligados, a fim de que consigamos poder observar os resultados obtidos pelo uso dos mesmos. Para desenvolver o conteúdo sobre Sistemas de Produção, vamos dividir este estudo em algumas etapas, as etapas 1 e 2 serão conceitos mais gerais, as etapas 3 e 4 vão explicar alguns modelos conhecidos de sistemas produtivos e suas sistemáticas, enquanto as etapas 5 e 6 vão discutir alguns controles e avanços no conteúdo visto, até então, de maneira mais aplicada. 4SISTEMAS DE PRODUÇÃO GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO Como definir o que produzir? Como entender de que maneira produzir? Se você procurar pela definição da palavra produção na internet, em um dicionário ou em qualquer outro meio de busca, verá que existem os mais diversos conceitos para as mais diversas aplicações do mesmo, pois é uma palavra, tanto de origem, quanto de significados, muito amplos. Mas antes mesmo de entendermos o que quer dizer Produzir, pre- cisamos entender questões um pouco mais fundamentais, até porque, normalmente esta Produção acaba por realizar algum produto ou serviço para “alguém”, que tem uma determinada “necessidade”. Pensando desse modo, primordialmente, para entendermos as questões de produção acabamos tendo que responder as seguintes questões: 5SISTEMAS DE PRODUÇÃO O que vou produzir? Uma vez que existem, para uma cer- ta necessidade, inúmeros produtos ou ser- viços, com uma centena de características, certamente o melhor deles será o que tiver a melhor relação dessas características. Para quem vou produzir? Exatamente essas características que comentamos anteriormente são a tradução das necessidades de alguém. Se bem entendidas as questões aci- ma, devemos estar percebendo que, antes de qualquer coisa, precisamos saber como identificar esse alguém para então desco- brirmos suas necessidades. Assim, trans- formarmos essa necessidade em caracte- rísticas de produto ou processo, para então definirmos qual será a melhor maneira de produzirmos, com que recursos, em que quantidade, etc. Para isso, precisamos re- capitular alguns conceitos de Marketing. Autores renomados tanto no Bra- sil quanto no resto do mundo, como nos casos de Limeira (2007) e Kotler (1988) afirmam o seguinte sobre Marketing: • Marketing é a função empresarial que cria valor para o cliente e gera vantagem competitiva para a em- presa, por meio da gestão estraté- gica das variáveis controláveis de marketing, a saber: produto, preço, promoção e ponto de distribuição; • Processo de planejamento e execu- ção da concepção, fixação de preço, promoção e distribuição de ideias, bens e serviços com a finalidade de criar trocas que satisfaçam aos obje- tivos individuais e organizacionais; • Atividade humana, dirigida para a satisfação das necessidades e desejos, através de processos de troca. Marketing é uma função estratégica da empresa. 6SISTEMAS DE PRODUÇÃO Independentemente da empresa ou do negócio, usualmente, a função do Marketing existe, em muitos casos, ainda não é extremamente formalizada, com um setor específico, uma pessoa ou grupo de pessoas específico, mas efetivamente, a função existe e, em certos momentos, não parece tão claro, pois a interpretação usu- al da palavra Marketing, principalmente para nós, brasileiros, acaba sendo direcio- nada para algum tipo de anúncio, como a Propaganda ou algo do gênero, porém o sentido mais correto da concepção de Marketing, ou ainda, a melhor tradução para o contexto que estamos estudando nesse momento seja: Comercializar. Quando tratamos dessa comerciali- zação, estamos querendo entender qual o contexto usado pela empresa ou negócio em questão, quanto a “Como esta empresa vai se relacionar com seu cliente (ou seu público) ”. E, mais uma vez, vamos en- tender que este modo de se relacionar não significa, diretamente, a maneira como vamos tratar o público, se vamos ser mais cordial, se vamos ir até o cliente, ou se o cliente virá até nós, e sim, temos que entender esse relacionamento de forma mais ampla, principalmente buscando a questão: Qual é o Público Alvo? Dessa forma, o Marketing atua no caso de querer compreender como ele in- f luencia o sistema produtivo da empresa, como um direcionador dos esforços de relação com o mercado com o qual uma dada empresa quer se relacionar. A função do Marketing, desde a dé- cada de 50, é ser um pilar do pensamento sistêmico da empresa, uma função estraté- gica que permeia toda a organização, com o intuito de que os mais diversos setores ou funções, dentro da mesma instituição, estejam concatenados, de modo que os mesmos utilizarão os esforços e recursos essenciais para atender as necessidades do público definido. Então, podemos enten- der que as principais funções do marke- ting, nesse caso, são: • Definição do público; • Avaliação das necessidades do pú- blico alvo; • Compreensão das melhores formas de “Agregar Valor” a esse público através dos produtos ou serviços da organização. O marketing vem sofrendo, mes- mo que tendo o mesmo intuito, imensas modificações no modo e na utilização de meios de exercer essa relação, isso acontece pelas constantes mudanças dos diferentes mercados e da maneira que tal mercado espera ser suprido de produtos e serviços. Dentre as modificações, podemos citar: • Existem mais ofertas de produtos vindos de diferentes fontes, e cada vez menos diferenças substanciais que esses produtos possuem em re- lação aos seus concorrentes; • Para alguns segmentos de mercado, uma parte do grupo de competido- res é global e menos local, ou seja, existem grandes possibilidades de estar competindo com concorrentes 7SISTEMAS DE PRODUÇÃO de outras partes do mundo, e não somente das áreas ao nosso redor, dentro do nosso estado, dentro do nosso país; • Apesar de existirem muito mais competidores, existe também mui- to mais possibilidade de estabele- cimento de parcerias com outras empresas; • A maneira de se relacionar com o cliente, para certos produtos e mer- cado, é um diferencial, sendo assim, o que importa na grande maioria das vezes, não é somente o produ- to, mas toda uma série de situações que vão desde prazo, atendimento, condições, confiança, etc., que aca-bam por se somar e pesar a favor ou contra uma empresa, pois são todos componentes do chamado “Valor Agregado”; • As empresas, hoje, analisam muito mais as situações para entender as necessidades dos clientes e então lançarem ou disponibilizarem seus produtos e serviços do que, simples- mente, fazer um produto ou serviço e esperar a sua aceitação ou não; • O cliente acaba, por vezes, prefe- rindo um pacote formado de um determinado produto, associado a um dado serviço (chamados Pro- diços) do que os dois de maneira desvinculada; • Em virtude de globalização e da superexposição e facilidade de busca de informações, hoje acabam por deixar os clientes muito mais facil- mente a par dos valores dos produ- tos. Desse modo, o público acaba se relacionando muito mais com aquele que oferece uma melhor relação de custo X benefício. Assim, podemos entender que, atualmente, o cliente acaba por participar das definições dos preços dos produtos; • Cada vez menos os moldes de publi- cidade tradicional surtem os efeitos almejados, visto a facilidade de se propagar boas ou más informações sobre um determinado produto ou empresa pelos meios eletrônicos, mídias sociais, etc. Veja as imagens a seguir e as expli- cações junto às mesmas: 8SISTEMAS DE PRODUÇÃO Veja estas três imagens, todas representam aviões, que até tem alguma semelhança entre si, mas possuem características, especificações e preços totalmente distintos em virtude da aplicação e público alvo a que se destinam. 9SISTEMAS DE PRODUÇÃO Do mesmo modo que as imagens anteriores, os carros aqui representados possuem uso pretendido, valores, durabilidade e possibilidades de acesso aos mesmos, totalmente diferente, no entanto, todos são carros e, em virtude disso, possuem certas características semelhantes. 10SISTEMAS DE PRODUÇÃO Outros tantos artigos que podemos encontrar em nossa casa, em nosso trabalho, na rua, entre outros, também têm características semelhantes e até uso básico pretendido e semelhantes, porém tipos de público, capacidade e funções agregadas, que acabam por diferenciar, em muito, os mesmos. 11SISTEMAS DE PRODUÇÃO Se bem entendidas as imagens e as devidas explicações que estavam junto às mesmas, fica agora mais uma questão: A maneira de produzir esses itens é a mesma? A resposta para a questão é: não. Visto que, mesmo com as semelhanças notórias entre alguns dos produtos, os materiais empregados, a quantidade a ser produzida, o nível de qualidade requerido, a diversidade entre os modelos, enfim, as necessidades específicas dos clientes ou do público alvo desses produtos acabam por modificar, em muito, os aspectos de produção dos mesmos. Estrategicamente falando, o Sistema Produtivo de uma empresa pode ser enten- dido, dividindo seus aspectos de mercado em Dimensões e seus aspectos referentes ao produto oferecido em objetivos. É fato que, de maneira geral, o cliente busca o melhor produto ao menor preço, maxi- mizando o resultado da sua compra e do seu gasto, já a empresa, busca vender pelo melhor valor com o menor custo possível, maximizando o resultado do seu esforço produtivo. A estratégia mais bem montada é aquela que consegue realizar produtos ou serviços que agradem ao público (ou seja, que sejam comprados) e que traga o melhor resultado financeiro para a empresa. Podemos entender que, princi- palmente ao modo de hoje, as empresas tendem a buscar a maximização dos seus recursos produtivos (produzir mais), mi- nimizando os custos associados a essa produção (enxugar gastos). Sendo assim, o começo de um bom entendimento estra- tégico do negócio começa com a correta identificação das características associadas ao mercado e produto da empresa. As Dimensões buscam o entendi- mento, de maneira que o mercado alvo ou público alvo da empresa venha requer o produto, ou seja, buscam o entendimento dos aspectos mercadológicos, sendo estes: • Volume: busca o entendimento de qual o volume requerido do produto da empresa. Essa dimensão deve ser entendida em comparação com produtos semelhantes para conse- guir realizar uma comparação como, por exemplo, podemos dizer que, pelos moldes atuais, uma empresa que produz automóveis em um vo- lume de cerca de 1000 unidades por dia, é considerada uma produção de alto volume e uma que produz 50 unidades por dia, pode ser conside- rada de baixo para médio volume. Se no mesmo caso, uma empresa do ramo de botões para vestuário produzir 1.000 unidades por dia é considerada de baixo volume ante uma que produz cerca de mais de 1.000.000 de unidades por dia, e assim por diante. Entendendo que, quanto maior o volume produzido, menores são os custos de produção, pois os custos de produção tendem a ser mais facilmente diluídos. • Variedade: a variedade está relacio- nada à quantidade de itens ou pro- dutos diferentes que são produzidos pela mesma empresa, entendendo que, quanto maior a diversidade, 12SISTEMAS DE PRODUÇÃO maiores são os custos de produção, associados à complexidade de se pro- duzir e administrar itens diferentes em um sistema; • Variação da Demanda: está relacio- nada ao quão constante é a demanda do mercado pelos produtos produ- zidos pela empresa em questão. Por exemplo, uma empresa que produz itens sazonais, tais como uma estufa para condicionamento térmico de ambientes, em um determinado pe- ríodo do ano, possui um acréscimo na demanda a ser produzida e, em outro período, a necessidade pelo produto no mercado que estamos analisando se reduz bastante. Dessa maneira, quanto maior for essa va- riação (quanto menos constante for a demanda), maiores serão os cus- tos associados à administração das necessidades de produtos a serem produzidas, à compra de materiais, à eventual necessidade de contração ou diminuição do quadro funcional, etc; • Visibilidade: esta dimensão está relacio- nada à necessidade que um determina- do mercado tem quanto à realização do produto ou do serviço de maneira mais próxima ou, mais “aos de quem compra”. Por exemplo, é de se esperar que em um restaurante que serve à lá carte, produza o prato solicitado na hora que foi pedido e a tolerância de espera pelo mesmo é relativa- mente pequena, assim, existe um custo alto associado a disponibilidade de recursos de prontidão para atender o público que, fatalmente, poderá não comparecer em dada ocasião. De modo contrário, quando a pessoa opta por comprar um determi- nado prato de comida congelada, esse foi produzido em um determinado tempo e com quantidades de recursos oportunas, o que acaba por reduzir os custos associados à produção. O quadro a seguir demonstra um compa- rativo das implicações das imposições feitas aos negócios pelos mercados que se propõe a atender. Todo o negócio está sujeito aos quatro fatores ao mesmo tempo. Dessa forma, o mercado de uma empresa é composto por uma dada combinação desses mercados. 13SISTEMAS DE PRODUÇÃO Implicações quando BAIXO Dimensão Implicações quando ALTO • Baixa repetição • Funcionário multitarefa • Menor sistematização • Alto custo unitário VOLUME • Alta repetitividade • Especialização • Capital intensivo • Baixo custo unitário • Bem definida • Rotineira • Padronizada • Regular • Baixo custo unitário VARIEDADE • Flexível • Completo • Atende necessidades dos consumidores • Alto custo unitário • Estável • Rotineira • Previsível • Alta Utilização • Baixo custo unitário VARIAÇÃO DA DEMANDA • Capacidade mutante • Antecipação • Flexibilização • Ajustado com a demanda • Alto custo unitário • Tempo entre contrução e consumo • Padronização • Pouca habilidade de contato • Alta utilização de funcionários • Centralização • Baixo custo unitário VISIBILIDADE contato com o cliente • Tolerância de espera limitada • Satisfação definida pela percepção do consumidor • Necessidade de habilidade de contato com o consumidor • Variedade recebida é alta • Alto custo unitário Entendido que as dimensões relacionam,de maneira geral, o comportamento das necessidades do mercado a ser atendido por uma empresa, os objetivos definem o que esse mercado, em específico, espera do produto em questão. Os produtos, como vimos anteriormente, possuem variações, principalmente, quanto ao seu uso pretendido, ou seja, o mercado que está sendo atendido com demanda para certas “necessidades” aos produtos que lhe são oferecidos. Sendo assim, estrategicamente falando, o melhor produto é aquele que melhor consegue entender e equilibrar as necessidades do mercado, pois, certamente, elas nunca são totalmente supridas ou atendidas. Do entendimento desse conceito, pode- mos pressupor que esta é uma prerrogati- va para haver evolução tecnológica, pois existe alguma necessidade que não seja plenamente atendida e a evolução busca, incessantemente, corrigir essa falha, mas as necessidades também vão evoluindo, gerando requisitos aos produtos, diferentes daqueles até então existentes. Os objetivos quanto aos produtos podem ser divididos e entendidos sob 5 diferentes aspectos. São eles: • Qualidade: esse objetivo está re- lacionado às especificações de di- ferentes características (em inglês, features) requeridas de um produto, ou seja, descreve as “qualidades” re- queridas do produto em questão. Vamos tomar como exemplo um automóvel qualquer, o público que adquire aquele produto deseja que o mesmo tenha um determinado nível de desempenho, conforto, economia. Esse automóvel pode estar extrema- mente adequado a um determinado tipo de público, mas longe de ser aceito sob a ótica de outro público ou Fonte: Adaptado de Slack (2009) 14SISTEMAS DE PRODUÇÃO mercado que admite, por exemplo, um nível de desempenho menor, desde que o conforto seja mantido e com nível de economia maior. O mesmo pode ocorrer com outro tipo de produto, por exemplo, o telefone celular que, para um dado público, basta ter uma boa autonomia de ba- teria, bom nível de sinal e realizar facilmente as ligações que estará to- talmente adequado, no entanto, não serve para atender as necessidades de um público que se contenta com uma autonomia menor, mas deseja, também, acesso à internet, câmara fotográfica, etc. Portanto, o Objeti- vo Qualidade mede as características básicas exigidas do produto pelo pú- blico alvo, ou seja, este público alvo “paga” por um produto que tenha uma determinada gama de caracte- rísticas, quanto mais alta a necessi- dade de características, usualmente, mais caro é o produto. O quadro a seguir mostra exemplos do que pode ser entendido pelo Objetivo de Qualidade em diferentes situações. • Rapidez: está relacionado ao prazo de entrega do produto ou do serviço, ou seja, o quão rápido após o pedido, o produto é entregue ou o serviço é executado. Como forma de exemplo, um determinado documento precisa ser entregue em um prazo muito curto à um destinatário de um outro estado, nesse momento, mesmo em detrimento de um preço maior, o consumidor opta por um serviço de entrega expressa, que costumeiramente tem preço maior, mas a necessidade é de uma entrega rápida que, provavelmente, será realizada da mesma maneira que a entrega em tempo normal (ou seja, não tem características diferenciadas), mas acontece em um tempo menor. Outro exemplo que podemos citar são Objetivo de Qualidade Hospital • Pacientes recebem tratamento adequado • Tratamento é conduzido de maneira correta • Pacientes são consultados e mantidos informados • Funcionários corteses, amigáveis e solícitos • O produto é atraente e sem defeitos Fábrica de Automóveis • Todos os componentes são fabricados conforme as especificações • A montagem atende às especificações • O produto é confiável Transporte Coletivo • Os ônibus são limpos e arrumados • Os ônibus são silenciosos e não emitem gases poluentes • O horário é rigoroso e atende as necessidades dos usuários • Funcionários corteses, amigáveis e solícitos Supermercado • Produtos estão em boas condições • Loja limpa e organizada • Decoração adequada e atraente • Funcionários corteses, amigáveis e solícitos Fo nt e: A da pt ad o de S la ck (2 00 9) 15SISTEMAS DE PRODUÇÃO as compras de produtos realizadas pela internet, versus as compras dos mesmos produtos realizadas em uma loja de um shopping center, onde, geralmente, o produto costuma ser mais caro, mas a pessoa acaba levan- do o mesmo, por ser mais rápido. Até pelo motivo de que na compra pela internet o consumidor terá que esperar alguns dias até o mesmo ser entregue. Dessa maneira, o Objetivo Rapidez mede o tempo de entrega requerido do produto pelo públi- co alvo, ou seja, este público alvo “paga” pelo produto que tem pra- zo de entrega mais curto (ou está imediatamente disponível), quanto mais alta a necessidade tempo cur- to (imediatismo), usualmente, mais caro é o produto. O quadro a seguir mostra exemplos do que pode ser entendido pelo objetivo de Rapidez em diferentes situações: Objetivo de Rapidez Hospital • Tempo entre solicitação de tratamento e realização é mínimo • Tempo para resultado dos exames é mínimo Fábrica de Automóveis • Tempo entre pedido de um carro específico por um revendedor e sua entrega ao consumidor é mínimo • Tempo de espera pela assistência técnica é mínimo Transporte Coletivo • Tempo total da jornada para usuário atingir seu objetivo é mínimo Supermercado • Tempo envolvido na transação total, desde a chegada à loja, realização das compras e retorno do consumidor à sua casa é mínimo • Imediata disponibilidade de bens • Confiabilidade: Diferentemente e facilmente confundido com o objetivo de Qualidade, a confiabilidade acaba sendo a certeza do funcionamento ou dispo- nibilidade de um produto, independentemente da quantidade de características contidas no mesmo, ou seja, em certos casos é preferível um produto mais simples e que tenha confiabilidade pelo tipo do uso pretendido do mesmo. Como por exemplo, um dado consumidor que costuma viajar bastante, mesmo diante de um automóvel com menor preço e com mais características acaba optando por um mais simples e mais caro, devido ao nível de garantia e disponibilidade de assistências técnicas que a marca em questão oferece. Sendo assim, o Objetivo Confiabilidade mede o grau de certeza de funcionamento correto do produto pelo público alvo, ou seja, este público alvo “paga” pelo produto que tem uma Fo nt e: A da pt ad o de S la ck (2 00 9) 16SISTEMAS DE PRODUÇÃO maior garantia funcional, ou que tenha boa reputação no mercado, quanto mais alta a necessidade de confiabilidade e disponibilidade, geralmente, mais caro é o produto. O quadro a seguir mostra exemplos do que pode ser entendido pelo objetivo de Confiabilidade em diferentes situações: Objetivo de Confiabilidade Hospital • Proporção de consultas canceladas é mínima • Consultas são realizadas no horário programado • Resultados dos exames entregues como prometido previsto Fábrica de Automóveis • Entrega veiculos aos revendedores no tempo previsto • Entrega peças de reposição aos centros de serviços no tempo Transporte Coletivo • Cumpre o horário fixado em todos os pontos de trajeto • mantém assentos disponíveis para passageiros Supermercado • Previsibilidade do horário de funcionamento • Proporção de bens em falta é mínima • Tempo em fila é mínimo • Disponibilidade de vagas de estacionamento • Flexibilidade: o objetivo de f lexi- bilidade acaba definindo o quanto um produto é vendido de maneira padronizada ou o quão customizá- vel é esse produto, ou seja, como o cliente pode modificar ou optar por diferentes versões de produto. En- tendendo que, quanto mais padrão for o produto, menor seu custo de produção, pois se repete sempre a mesma coisa com o mesmo processo, do contrário, quando mais opções tem um produto, mais chances o mesmo tem de atender a um maior público possível. Como exemplo, podemos citar o comparativo de comprar uma roupa em uma loja popular ou então pedirpara um al- faiate ou costureira fazer uma roupa igual, porém totalmente ajustada ao tamanho da pessoa, biótipo, tom exato de cor que gosta, tipo do te- cido que gosta e assim por diante. Sendo assim, o Objetivo Flexibilida- de mede o grau de customização do produto pelo público alvo, ou seja, este público alvo “paga” pelo produto que tem uma maior diferenciação, Fonte: Adaptado de Slack (2009) 17SISTEMAS DE PRODUÇÃO quanto mais alta a necessidade de diferenciação e exclusividade, usualmente mais caro é o produto. O quadro a seguir apresenta exemplos do que pode ser entendido pelo objetivo de Flexibilidade em diferentes situações: Objetivo de Flexibilidade Hospital • produto/serviço - novos tipos de tratamentos • composto (mix) - variedade de tratamentos • volume - ajuste ao número de pacientes atendidos • entrega - habilidade de reprogramar consultas Fábrica de Automóveis • produto/serviço - introdução de novos modelos • composto (mix) - variedade de opções disponíveis • volume - ajuste ao número de veículos fabricados • entrega - habilidade de reprogramar prioridades produção Transporte Coletivo • produto/serviço - novas rotas ou excursões • composto (mix) - grande número de locais servidos • volume - ajuste a frequência dos serviços • entrega - habilidade de reprogramar viagens Supermercado • produto/serviço - novos bens e promoções • composto (mix) - variedade de bens estocados • volume - ajuste ao número de consumidores atendidos • entrega - habilidade de repor estoques/ itens em falta • Custo: visto que existem produtos que se diferenciam por diferentes maneiras de atender seu público alvo, uma delas também é o cus- to, ou seja, independentemente de durabilidade, características, prazo de entrega, customização, existe o público alvo que visa pagar o menor valor possível por um determinado item. Por exemplo, ao se deparar com a necessidade da compra de sa- bão em pó, um determinado cliente busca aquele que acredita ter a me- lhor performance, enquanto outro cliente verifica simplesmente o que é mais barato, independentemente do que oferece de diferencial. Sendo assim, o Objetivo Custo mede o grau de valor cobrado pelo produto pelo público alvo, ou seja, este público alvo “paga” o mínimo pelo produto, independentemente do que oferece. O quadro que sucede mostra exem- plos do que pode ser entendido pelo objetivo de Flexibilidade em dife- rentes situações: Fonte: Adaptado de Slack (2009) 18SISTEMAS DE PRODUÇÃO Objetivo de Custo Hospital • Tecnologia empregada e instalações • Compra de materiais e serviços • Custo de funcionários Fábrica de Automóveis • Tecnologia empregada e instalações • Compra de materiais e serviços • Custo de funcionários Transporte Coletivo • Tecnologia empregada e instalações • Compra de materiais e serviços • Custo de funcionários Supermercado • Tecnologia empregada e instalações • Compra de materiais e serviços • Custo de funcionários • OBS: Atentar ao fato de "Quanto do meu orçamento total eu destino a cada uma destas contas Do mesmo modo que nas Dimensões, todo o produto de toda a empresa está sujeito a se enquadrar dentro desses objetivos, a empresa define em que grau de en- quadramento dentro de cada um destes objetivos seu produto estará. Dessa forma, todo o produto atende aos 5 objetivos, em maior ou em menor grau, cada um deles. As definições dos objetivos do produto, assim como as dimensões, tendem a modificar drasticamente o Sistema Produtivo, que executará o mesmo, pois é muito diferente produzir um produto de alto nível de qualidade e um produto de baixo custo, ou de alta necessidade de rapidez. Deve ser notório que as possibilidades de configuração entre os diferentes graus de necessidade das Dimensões de Mercado, versus as combinações entre os diferentes enquadramentos dos Objetivos do Produto geram infinitas maneiras da empresa se posicionar, junto ao seu público alvo. Visto tal situação , é possível afirmar que não existem dois processos de produ- ção, ou melhor, dois Sistemas Produtivos idênticos, pois por mínimo que seja, um vai se diferenciar do outro perante algum dos Objetivos ou Características. Do mesmo modo, devemos entender que a estratégia de mercado e produto pode ir mudando com o passar do tempo, afim de adequar o produto às novas necessida- des, ou ainda, buscar uma sobrevida para o mesmo. Produtos maiores, mais com- plexos, mais tradicionais, seguem ciclos de vida mais longos, enquanto, do contrário, produtos tecnológicos tendem a cada vez mais terem ciclos de vida curtos, mas de todo modo, a linha do tempo, representa- da pelo infográfico que segue, demonstra as diferenças estratégicas do produto em relação ao mercado com o passar do tempo dentro do ciclo de vida previsto para o produto em questão. Fonte: Adaptado de Slack (2009) 19SISTEMAS DE PRODUÇÃO Introdução Crescimento Maturidade Declínio FASE Produto acaba de ser lançado no mercado Produto ou serviço ganha aceitação no mercado Necessidades do mercado começam a ser atendidas Necessidades do mercado amplamente atendidas VOLUME Crescimento lento das vendas Crescimento rápido do volume de vendas Redução das vendas, atingindo um patamar estável Declínio das vendas CONSUMIDORES Inovadores Adotantes pioneiros Grande fatia do mercado Retardatários CONCORRENTES Poucos/nenhum Número crescente Número estável Números em declínio VARIEDADE DE PROJETOS, PRODUTOS E SERVIÇOS Possível customização alta ou frequentes mudanças no projeto Cada vez mais padronizado Surgimento de tipos dominantes Possível movimento para a padronização PROVÁVEIS GANHADORES DE PEDIDO Características do produto/ serviço, desempenho ou novidade Disponibilidade de produtos ou serviço de qualidade Preço baixo Fornecimento confiável Preço baixo PROVÁVEIS QUALIFICADORES Qualidade Gama de produtos ou serviços Preço Gama de produtos ou serviços Gama de produtos ou serviços Qualidade Fornecimento confiável PRINCIPAIS OBJETIVOS DE DESEMPENHO DAS OPERAÇÕES Flexibilidade Qualidade Rapidez Confiabilidade Qualidade Custo Confiabilidade Custo Fonte: Adaptado de Slack (2009) 20SISTEMAS DE PRODUÇÃO Outro detalhe que vem a ajudar a diferenciar os sistemas produtivos entre uma empresa e outra, é a maneira com que os recursos produtivos são ajustados em relação à realização do produto, sendo que, para esse ajuste, dá-se o nome de leiaute ou arranjo produtivo. Existem alguns ar- ranjos produtivos clássicos que estaremos demonstrando a seguir, cada qual produz efeitos diferentes quanto à velocidade de produção e seu consequente volume e, principalmente, quanto à variedade de produtos que podem ser produzidos: • Arranjo Posicional: também co- nhecido como dock assembly, o ob- jeto que está sendo transformado não se move e sim os recursos trans- formadores à sua volta sim, ou seja, o produto fica parado de maneira e em local conveniente ao mesmo, bem como os recursos, tais como: máquina, operadores, matéria pri- ma, etc. é que vão até o objeto. Esse arranjo proporciona, de maneira ge- ral, um baixo volume de produção, mas em contrapartida, proporcio- nam também a maior variedade ou diversidade de produção possível. Esse é um caso típico da produção de grandes embarcações, mineração, construção civil e restaurantes finos, onde qualquer processo pode ser praticamente executado a qualquer momento, desde que se desloque até o objeto. Objeto Processo Processo Processo Processo Processo Processo • Arranjo por Processo: também conhecido como arranjo convencional, neste tipo de arranjo o objeto que está sendo processado, ou seja, o produto, é que se desloca em relação aos recursos produtivos que são alocados de maneira con- veniente e local apropriado para os mesmos, tais como similaridade, facilidade de operação, espaço físico, etc. Esse é o arranjo mais utilizado nas empresas do ramo metalmecânico (exemplo, existe o setor de prensas, o setor de usinagem,o Fonte: Autor 21SISTEMAS DE PRODUÇÃO setor de montagem) e nos supermercados em geral (área dos laticínios, açougue, padaria, enlatados). Esse arranjo proporciona, de maneira geral, um bom volume de produção e uma certa variedade, pois os objetos se movem para os processos necessários na ordem necessária, não havendo obrigatoriedade de sequência. • Arranjo Celular: neste tipo de arranjo um grupo específico de objetos se move em relação à um grupo específico de recursos transformadores, ou seja, não é qualquer produto que pode ser realizado, pois o mesmo fica limitado a uma certa sequência de recursos transformadores, que foram convenientemente es- colhidos e alocados, de maneira a melhor processar “aquele” grupo específico de produtos, sendo que a sequência de produção é quase obrigatória (existe uma certa liberdade). Nesse caso, a versatilidade ou variedade é diminuída, mas o volume produzido e a velocidade têm incrementos significativos. Caso típico utilizado na indústria de autopeças e na maternidade de um hospital (independentemente do tipo de parto ou da criança, as mesmas seguem uma certa sequência de situações por onde devem passar). Processo Processo Processo Processo Objetivo Fonte: Autor 22SISTEMAS DE PRODUÇÃO • Arranjo por Produto: também co- nhecido como leiaute em linha ou f low shop, este arranjo produtivo é literalmente montado, de manei- ra que, o produto específico, seja processado da forma e na sequência mais conveniente, para o melhor resultado em termos de velocidade e volume produzido. Nesse caso, a sequência de processos é obrigatória e a versatilidade ou variedade de produtos, possíveis de serem pro- duzidos é mínima, pois é o arranjo feito, dedicado para a realização “da- quele” produto. Nesse caso, deve ficar claro, que esse arranjo é ado- tado somente para produtos onde existe uma necessidade de volume de produção muito grande, e onde a variedade não é uma necessidade tão grande do mercado. Desse modo, é o leiaute mais adotado para a produção de produtos, onde se requer baixo custo produtivo, caso típico das li- nhas de montagem de automóveis, processos de produção de produtos enlatados, restaurante self-service, etc. Dessa maneira, podemos entender que, dos fatores apresentados como Di- mensões de Mercado, as mais inf luentes são a relação entre Volume necessário a ser produzido e variedade requerida. Esses fatores estratégicos vão modificar, dras- ticamente, os conceitos táticos da orga- nização, à nível de realização do produto (tais como seu arranjo físico) e os demais vão inf luenciar outros fatores, tais como, a localização (no caso da Visibilidade) e tipo de mão de obra e gama de produtos a ser produzidos (Variação da Demanda). Objetivo Objetivo Processo Processo Processo Processo Objetivo Processo Processo Processo Processo Fo nt e: A ut or Fo nt e: A ut or Agora, vamos a um Autoestudo! 1. Quais são as dimensões de merca- do e quais suas implicações quan- to aos Sistemas de Produção? 2. Quais são os objetivos de produto e quais suas implicações quanto aos Sistemas de Produção? 3. De que maneira os arranjos dos recursos produtivos são influen- ciados pelas Dimensões de Mer- cado? 4. Você consegue identificar estas dimensões e objetivos no âmbito do seu trabalho? O mercado, ou público alvo, de uma organização, define: Volume, Variedade, Va- riação de Demanda e Visibilidade em relação às decisões da organização. De posse desses fatores, deve ser defi- nido qual o grau de atendimento do produto realizado em relação aos objetivos de Quali- dade, Rapidez, Confiabilidade, Versatilidade e Custo. O conjunto dessas decisões, associados aos arranjos dos recursos produtivos vão de- finir o Sistema de Produção da empresa em questão, sendo inúmeras as possibilidades de decisões. Não existem dois Sistemas Produtivos idênticos e nem existe um Sistema melhor ou pior, e sim, mais ou menos adequado às necessidades dos mercados e produtos. REVISANDO!!! 25SISTEMAS DE PRODUÇÃO FUNÇÃO PRODUÇÃO O que é produzir? Como evoluíram os conceitos de produção? Vamos conhecê-los? Os conceitos e as maneiras de produzir, de forma ge- ral, no mundo, foram sendo modificadas com os anos que se passaram, sendo que, a grande maioria dessas modificações só acabou ocorrendo em menos de 200 anos de história da humanidade. O que se entende, é que grandes mudanças, nessa maneira de produzir, ainda estão ocorrendo. No entanto, cada vez mais rápido e em taxas exponencialmente mais altas do que se modificavam até cerca de um século e meio atrás. Para melhor compreender estas mudanças gerais, segue um breve histórico das questões e fatores produtivos, de acordo com o tempo que foi passando: O nosso mundo mudou e, de acordo com estas mudanças, aconteceram mudanças na maneira de produzir e de pensar a produção, houve elevação de volumes, de resultados, de adequação às necessidades dos consumidores. 26SISTEMAS DE PRODUÇÃO • Produção Artesanal: desde os pri- mórdios o homem “Produz”, enten- dendo por produção a transformação de certos materiais em produtos para seu uso e consumo. Desse modo, podemos entender como produção desde o plantio de algo e sua colheita para consumo, como também o fato de fazer uma ferramenta para usar em alguma atividade. Obviamente que, tanto os produtos, como a ma- neira de produzir os mesmos foram evoluindo muito desde os primór- dios dos homens das cavernas até o período que estamos agora, anali- sando que é o início do século XIX. Contudo, mesmo assim, em se tra- tando de sistemas de produção, essa evolução foi bastante pequena nesse meio tempo, pois, independente- mente do produto ou da técnica de manufatura utilizada, o homem produzia estes objetos de maneira artesanal, ou seja, os conhecimen- tos eram praticamente passados dos pais para filhos (eventualmente de mestre para aprendiz) e o artesão fazia toda a manufatura do produto. Assim, desde a escolha e compra da matéria prima, realização do pro- duto como um todo e em todas as suas fases, venda, etc. De maneira geral, como o homem sempre viveu em comunidades, dentro de cada comunidade havia uma pessoa ou um pequeno grupo de pessoas que se responsabilizava por cada função, isto é, havia o padeiro, o costurei- ro, os agricultores, os criadores de gado, o ferreiro, o sapateiro e assim por diante. A questão da evolução acontece quando, por exemplo, al- gum desses “artesões”, de uma dada comunidade, acaba por descobrir um meio melhor de fazer um de- terminado produto e as pessoas de outra comunidade acabam sabendo e acabam por buscar tal produto em outra comunidade que não a sua, com isso, o negócio do artesão em questão, acaba crescendo e começam a surgir as primeiras empresas, que são, de maneira geral, um grande conglomerado de artesões que fazem o mesmo produto. O artesão realizava o produto específico que era sua especialidade, praticamente sozinho, do início ao fim. O trabalho era ensinado de mestre para aprendiz. 27SISTEMAS DE PRODUÇÃO • Revolução Industrial: em mea- dos do século XIX, na Inglaterra, acontece o efeito que a literatura descreve como a primeira revolu- ção industrial, que não teve uma data específica, mas foi sim um fe- nômeno que foi gerado devido ao fato do crescimento das empresas e a criação de um elemento tecnológico, inicialmente aplicado na fabricação de tecidos. • Com o crescimento das empre- sas, os até então artesões acabam por entender que o volume e a velocidade daquilo que podiam produzir é bastante aplicado com a divisão das tarefas de produção. Ou seja, o artesão não faz mais o produto do início ao fim, mas sim uma parte do seu processo, então, começa-se a notar que certas tarefas rendem mais ou menos do que outras e acabam necessitando, para equilíbrio da quantidade a ser produzida, de- mandando mais ou menos mão de obra e recursos para serem realizadas. Dessa forma, come- çam a surgiros especialistas em realizar determinada parte do processo, diferentemente dos es- pecialistas em realizar o produto como um todo, isso acaba por aumentar, substancialmente, o volume daquilo que estava sen- do produzido, e em tendo um especialista em cada tarefa, um eventual acréscimo na qualidade do produto final. Esse fenômeno da divisão do produto em tarefa e da especialização da tarefe acaba por receber o nome de Manu- fatura. • Um invento, chamado máqui- na a vapor (mais tarde conhe- cido como motor a vapor), que foi criado em meados do século XVII, acaba evoluindo, sendo melhorado e, no início do século XIX acaba por ganhar popula- ridade. Esse invento permite a realização de força muito maior do que o ser humano é capaz so- zinho, apesar dessa função já ser O fenômeno da manufatura com o adendo do motor à vapor proporcionou o efeito da Revolução Industrial no século XIX. 28SISTEMAS DE PRODUÇÃO feita pelos moinhos de vento, ro- das d’água e sistemas movidos à tração animal, possui uma dife- rença substancial, o mesmo não depende de haver um fenômeno natural (vento, água corrente) e nem da força e presença de um animal. O motor à vapor pode ser instalado em praticamente qualquer lugar e acaba por tomar um espaço substancialmente me- nor do que um moinho ou algo parecido, isso proporciona o uso do mesmo em escala industrial, pois as empresas agora podiam se instalar onde lhes fosse mais conveniente. Sendo assim, a união do efeito da Manufatura aliada ao uso do Mo- tor à Vapor proporcionou o surgi- mento de grandes conglomerados de empresas, em diversas partes da Inglaterra, denominando isso como Revolução Industrial. O que muda drasticamente a forma de trabalhar e produzir do homem, o mesmo não mais precisa saber fazer um produto específico e se responsabilizar por todo o mesmo, mas sim, acaba se tornando um especialista na rea- lização de determinada tarefa, au- mentando seu potencial de trabalho e não restringindo seu talento, força e habilidade a um só produto, con- sequentemente, o volume de produ- tos produzidos sofre um acréscimo substancial. • Produção em larga escala: também conhecido como fenômeno da pro- dução em massa ou ainda tido como a Segunda Revolução Industrial foi o efeito de uma nova maneira de pensar e organizar os recursos pro- dutivos, idealizado e aplicado pelo industrial americano Henry Ford no início do século XX. Ford perce- beu, em dado momento, que deve- ria poder produzir um produto com baixo preço e, assim, proporcionar que o mesmo fosse comprado por uma grande quantidade de pessoas que estariam dispostas a trabalhar para juntar recursos e poder possuir os consumir os produtos que seus A padronização do produto e a padronização do seu processo de produção proporcionaram o efeito da produção em larga escala de produtos acessíveis. 29SISTEMAS DE PRODUÇÃO salários pudessem proporcionar a compra. Sendo assim, a indústria obteria grande lucro com a venda de produtos em grande quantidade, que seriam comprados pelos pró- prios trabalhadores que trabalhavam nessas indústrias, uma vez que que, teriam recursos para poderem con- sumir esses produtos, desde que re- cebessem salário justo e tais produtos fossem possíveis de serem adquiridos com esse salário. Para viabilizar essa percepção, Ford chegou à conclusão que a divisão do produto em tarefas, tão somente não era suficiente, mas que seria necessário padronizar este produto para que as tarefas fossem padronizadas e assim se buscasse a forma mais produtiva de executar as mesmas, isso acabaria por gerar um produto “Padrão”, sempre igual, mas, em compensação, esse produto poderia ter um processo dedicado somente à execução dele, criando assim, o efeito de redução drástica do seu custo de produção. • Primeira e Segunda Guerra Mun- dial: a primeira Guerra Mundial (1914 até 1918) e a segunda Guerra Mundial (1939 até 1945) produzi- ram o efeito de grande desenvol- vimento tecnológico e produtivo. Apesar de todo o efeito negativo que uma guerra proporciona, com suas mortes, grandes somas de dinheiro gasto, destruição e etc., essas duas guerras em específico, pela propor- ção que tomaram e número de pa- íses e pessoas evolvidas acabaram por gerar um efeito sobre as ques- tões de produção um tanto curioso. Com o advento da guerra, os paí- ses participantes se veem, de uma hora para outra, obrigados a gerar recursos bélicos, tais como armas, uniformes, mantimentos, munição, etc. Dessa forma, o consumo desses itens cresce de maneira vertiginosa, rapidamente. Soma-se esse fato ao que, de certa forma, é uma grande vantagem competitiva na guerra, o país que tiver os recursos bélicos mais avançados, sendo assim, nes- te período de guerras os governos Muitas indústrias tiveram alto grau de desenvolvimento de produtos e processos motivados pelas Primeira e Segunda Guerras Mundiais. 30SISTEMAS DE PRODUÇÃO mundiais subsidiaram o desenvol- vimento tecnológico em termos de produtos e de processos para diversas empresas que, ao final da guerra, não mais produziam recursos béli- cos, mas acabaram utilizando esses desenvolvimentos tecnológicos em prol da produção de produtos mais avançados e de maior nível de qua- lidade, em um volume maior e com custos menores. • Manufatura Enxuta: as crises fi- nanceiras mundiais que acabaram gerando as quedas das bolsas e crises do petróleo (1973 e 1979), acabaram por surtir um efeito, em termos de pensamento dos sistemas produti- vos, um tanto quanto diferentes. Acontece que, com tais crises, a dis- ponibilidade de dinheiro circulante no mercado acaba por ser escassa, fazendo com que a prioridade de consumo passe a ser, em itens mais básicos, ou então, em itens de menor valor. Fato que causou um efeito de colapso em grandes empresas ao re- dor do mundo, todavia, nesse meio tempo, acaba por se ouvir falar de empresas japonesas, mais especifica- mente, a Toyota, que mesmo com o advento da crise acaba por não sofrer todo o efeito devastador da mesma. Sendo assim, após a crise de 1979 os olhos de grandes conglomerados americanos se voltam para buscar o entendimento de uma nova maneira de pensar as questões de produção, uma maneira que visa a produção mais racional de bens, com menos desperdícios materiais, de mão de obra e de recursos produtivos. Este novo paradigma de produção recebe o nome de Manufatura Enxuta ou ainda Terceira Revolução Industrial. • Abertura no Mercado Nacional: de maneira mais específica, as indús- trias brasileiras se veem na obrigação de repensar seus produtos e, fatal- mente, seus métodos de produção, devido a abertura de mercado que foi realizada durante a presidência de Fernando Collor, na década de 1990. Quando houve uma grande redução nas taxas de importação Os conceitos de manufatura enxuta acabam por modificar, severamente, a maneira de pensar produção a nível Mundial. 31SISTEMAS DE PRODUÇÃO de produtos prontos para o Brasil. O que proporcionou a entrada, no nosso mercado, de produtos tec- nologicamente mais avançados e com preços muito competitivos em reação aos produtos nacionais, ou seja, nosso mercado foi invadido, principalmente, por eletrônicos e automóveis vindos de outras partes do mundo, o que acabou por obrigar a indústria nacional, como forma de sobrevivência, a melhorar tan- to a tecnologia embarcada em seus produtos, como rever seus processos produtivos, bem como, de modo a serem mais competitivos. Visto o que acabamos de verificar em termos históricos, temos como efeito o entendimento que a capacidade pro- dutiva versus a demanda por produtos inverte, pois onde, até então, o mundo era carente por produtos (baixa oferta e alta demanda), cria-se um efeito em que acaba por existir alta oferta de produtos e uma demanda decrescente pelos produtos ofertados. Nesse sentido, as empresas se veem obrigadas a diversificar sua manei- ra de pensar produção, uma vez que,os produtos padronizados não mais são tão bem aceitos no mercado, que já requer certa customização, afim de satisfazer suas necessidades. A indústria mundial se vê com a necessidade de ajustar seus produtos conforme necessidades da demanda, então acontece a competição por objetivos. Se entendemos corretamente o que vimos até aqui, produtos padronizados são produzidos em altos volumes, reduzindo seus preços. Do contrário, o mercado acaba por exigir diferenciação do mesmo, mas isso tenderia a aumentar os custos produti- vos, ou seja, sai-se da Produção em Massa para a Customização em Massa. Junta-se a esse fato o efeito da globalização, onde as empresas acabam competindo com seus produtos com produtos vindos de todas as partes do globo. Então, aluno, para ref letirmos, fica a seguinte questão: Como aliar diversidade de produ- ção com baixos custos produtivos? Inversão da capacidade produtiva Relação entreàerta e demanda Competitividalde por Objetivos (Custos, Qualidade, Tempo, Flexibilidade e Inovação) “Produção em Massa” para ”Customização em Massa” Mercado Global Fonte: Autor 32SISTEMAS DE PRODUÇÃO CONCEITOS ASSOCIADOS Para compreendermos os conceitos dos novos paradigmas produtos, temos que, primeiramente, formatar alguns con- ceitos importantes: • Produtividade: ao contrário do en- tendimento geral, a produtividade não tem a ver com o volume de pro- dutos produzidos, mas sim, a quan- tidade de produtos produzidos em relação ao uso de um determinado recurso produtivo. Então, para en- tender, se um Sistema de Produção é melhor do que outro (ou seja, é mais produtivo do que outro) de- vemos primeiramente definir uma base comparativa entre os mesmos, pois, lembrando, não existem sis- temas iguais. Sendo assim, vê-se necessário o estabelecimento de um parâmetro de comparação. Como exemplo, não adianta dizer que de- terminada empresa de frutas produz 5.000 frutas por mês e outra produz 30.000, a melhor empresa é que a realiza o melhor resultado em re- lação ao recurso utilizado. Usando o mesmo exemplo, poderíamos ter, consecutivamente, os seguintes re- sultados comparando quantas frutas por hectare plantado entre as duas empresas, logo a primeira poderia produzir 1.000 frutas por hectare e a segunda somente 800 frutas, ou seja, mesmo produzindo mais, a se- gunda empresa não é melhor, pois a primeira possui um rendimento melhor, relacionado aos seus recur- sos produtivos. Costumeiramente, o recurso produtivo comparado é modificado em relação ao tipo de empresa, convenientemente àquele recurso produtivo que é mais custoso em virtude do tipo de produto, no nosso exemplo, usamos para frutas a hectare plantado, na construção civil poderíamos estar comparando metros quadrados construídos em relação à quantidade de funcioná- rios utilizados ou, ainda assim, a base mais comum de comparação é a quantidade de produtos médios realizados por hora. • Novo Paradigma de Custos: usu- almente, os preços de venda de um produto eram calculados, de manei- ra geral, sendo a soma do custo de produção com o lucro pretendido, matematicamente, isso está correto (contabilidade dos custos). Novas linhas de pensamento começaram a ensinar que, com a competitividade, os preços dos produtos não mais são calculados pelas empresas, são sim definidos pelo mercado (se um pro- duto for muito mais caro que outro e não tiver diferencial nenhum em relação ao mesmo, então o merca- do deixa de comprar esse produto). Desse modo, a maneira de pensar foi modificada para que o lucro da empresa fosse o resultado do preço praticado, menos os custos de pro- dução, isso também está matema- ticamente correto e coerente com a fórmula anterior (controle dos custos). As linhas de pensamento mais modernas já compreendem que Produtividade: Quantidade produzida Unidade ou Tempo 33SISTEMAS DE PRODUÇÃO • Inovação: tipicamente, o entendimento geral de inovação é o produto mais moderno, com maior número de características e possibilidades, com design mais inovador. Esse conceito é totalmente correto, mas está alicerçado na ideia de inovação de produto. Pensando dessa maneira, nos vêm à cabeça que po- demos inovar, também usando máquinas mais modernas, recursos produtivos mais rápidos e, além disso, esse conceito é correto, mas está alicerçado na ideia de inovação de processos. Quando tratamos de Sistemas Produtivos, em vários momentos vamos nos deparar com a necessidade de Inovar Produtos e Inovar Processos, pois eles fazem parte de uma ideia muito maior, a qual acaba nos remetendo à Inovações de Mercado (buscar mercados diferentes para produtos o lucro de uma empresa é a razão da mesma existir, ou seja, ou exis- te o lucro ou não existe a empresa. Assim, a maneira atual de pensar é que o custo de um produto deve ser o resultado do valor praticado pelo mesmo, junto ao mercado me- nos o lucro requerido pela empresa, novamente, está matematicamen- te correto e coerente com as duas maneiras anteriores, mas a linha de pensamento é que muda. Nesse caso, se o preço é estabelecido pelo mercado e o lucro é a razão de existir de uma empresa, então a decisão de produzir um produto ou não, está em ser possível conseguir realizar o produto com o custo resultante (gerenciamento de custos). Aqui tornamos a lembrar duma questão interessante, quanto mais padrão for o produto, menor seu custo, do contrário, quanto maior variedade de produtos, maior o mercado po- tencial da empresa e possibilidade de vendas do mesmo, ou seja, existe a necessidade de achar um meio termo entre quantidade e variedade, afim de que o custo seja atendido. Estudos demonstram que, ao dobrar o volume de produção de um produto, seus custos caem de 15 a 25%, do mesmo modo que, ao dobrar a variedade produzida, os custos aumentam de 20 a 25%. 34SISTEMAS DE PRODUÇÃO acionistas (interesse no lucro que a empresa pode gerar) e a comunidade em geral (interesse nos empregos e prosperidade que a empresa pode gerar no seu redor). Sempre que uma inovação é realizada, todas essas partes interessadas são atingidas, às vezes em maior ou às vezes em menor grau, às vezes positiva, às vezes negativamente, mas sempre sofrem as consequências da inovação. O importante aqui é entender quem representa essas partes interessadas e saber verificar os possíveis efeitos e tomar as melhores definições acerca da inovação proposta ao Sistema. • Lógica de Processos e Sistemas: um processo é uma operação de transformação, basicamente, se utilizada das entradas (inputs) que podem ser matéria prima, insumos, máquinas, pessoas, instruções e devolvendo as saídas (outputs), que podem ser o serviço, produto, sobras de material, rejeitos, etc. Nesse processo de se utilizar das entradas e, ao realizar a operação, transformar a junção das mesmas em saídas, obrigatoriamente existe um gasto (custo) e agregação de valor (lucro), por isso, não existe agregação de valor sem transformação, do mesmo modo que não se pode chamar de processo uma operação que não agregue valor. Um sistema tão somente é a ligação de diversos processos, em outras palavras, as saídas de um processo serão as entradas do processo subsequente. já existentes), Inovações de Mate- riais (matéria prima alternativa para substituir as atualmente utilizadas) e, de maneira mais ampla, busca- -se a Inovação de Gestão, ou seja, arranjar e ajustar a interação entre os diversos recursos produtivos, de modo a gerar um efeito que tende a tornar o Sistema Produtivo melhor, produzindo um produto melhor, de maneira mais rápida e com custo menor. • Partes Interessadas: também co- nhecido na literatura com o nome de Stakeholders, o entendimento de partes interessadas está em compre- ender que, quando uma inovação é realizada, ela afeta positiva ou ne- gativamente um ou mais elementos das partes interessadas. Sendo muito diferentes os “públicos” que são aten- didos por uma empresa, composto dos clientes (interesse no produtorealizado), funcionários (interesse nos benefícios e salários recebidos), fornecedores (interesse no consu- mo de seus produtos pela empresa), Fonte: Autor 35SISTEMAS DE PRODUÇÃO Um processo pode se utilizar como objeto principal de trabalho, tanto Matérias Primas (normalmente processos industriais), Informações (tipicamente processos sem uma saída tangível) ou Pessoas (serviços realizados ao consumidor). Materiais Informações Consumidores Manufatura Mineração e extração Operações de varejo Armazéns Serviços postais Transporte Contadores Matriz de Banco Pesquisa e Marketing Analistas Financeiros Serviço de notícias Institutos de Pesquisa Telecomunicaçõe Cabeleireiros Hotéis Transporte de pessoas Teatro/Cinema Parques Dentista/ Médicos A grande complicação está em reconhecer os processos, suas entradas e suas saídas, para tanto, o quadro a seguir faz a comparação de diferentes processos, suas operações, suas entradas e saídas. Operaçao Entradas Processo Saídas Indústria Matéria prima Colaboradores Maquinário/recursos Usinagem Caldeiraria Solda Produto pronto Companhia aérea Avião Equipe de terra Tripulação Passageiros e carga Transportar passageiros e cargas Passageiros e carga transportados Estabelecimento comercial Produtos à venda Equipe (vendas/staff) Registros Clientes Dispor os bens Aconselhar compra Vender produtos Produto vendido ao consumidor Polícia Oficiais de polícia Sistema/informações Público (criminosos) Prevenir crimes Solucionar crimes Prender criminosos Sociedade justa Sentimento de segurança De posse dos conhecimentos dos conceitos apresentados até aqui, podemos, agora, partir para o entendimento do que é um sistema de produção, o qual é, ba- sicamente, a união dos diversos Subpro- cessos dentro de uma empresa, que têm como objetivo comum, realizar operações de transformação em torno de um obje- to e, assim, agregar valor ao mesmo. O entendimento dos sistemas de produção está baseado na compreensão dos diversos processos necessários para compreender como o objeto é transformado. Se quiser- mos entender a empresa como um todo, formando um grande processo, isto é to- talmente possível, do mesmo modo que, se quisermos compreender a operação de uma única máquina como um processo, isso também é possível. O importante está em definir qual a abrangência necessária e o grau de precisão que vamos necessi- tar para poder analisar um determinado processo ou sistema. Se a análise for algo venha generalizar, então, podemos enten- der a empresa como um grande processo com a entrada da matéria prima e a saída de um produto acabado, como exemplo, mas fatalmente o processo de melhoria Fonte: Adaptado de Slack (2009) Fonte: Adaptado de Slack (2009) 36SISTEMAS DE PRODUÇÃO perde em nível de precisão e oportunida- des de verificação. Já, se a análise for algo extremamente minucioso, podemos então entender a operação de uma máquina como processo, porém estaremos incorrendo no erro de não enxergar as interligações que este processo tem com os demais. Então, podemos ainda, incorreremos por falta de informação para nosso processo de me- lhoria. O mais correto é ir analisando de maneira genérica, compreendendo o “Sis- tema”, com isso poderemos compreender as interações entre os diversos “Processos” e assim conseguir compreender quais são os “Subprocessos” que realmente precisam de uma análise mais minuciosa, afim do apontamento de possíveis melhorias. Em uma visão particular, Shingo (1996) trata os sistemas de produção e seus processos de forma evolutiva, partindo do princípio, conforme comentamos no entendimento da Revolução Industrial, anteriormente. As operações artesanais foram divi- didas (Divisão do Trabalho) em operações individuais, isso acarretou no aumento de mão-de-obra, proporcionalmente, atri- buída ao produto (Aumento da Função das Mãos). Essa divisão de operações possibilitou a medição e estudo das mes- mas (Ciência do Trabalho), de forma a buscar melhorias nos métodos de traba- lho. Posteriormente, houve estudos que mostraram que, mesmo inseridas dentro dos processos produtivos, as pessoas que dele participam possuem necessidades a serem atendidas (Necessidades Humanas) e, como são pessoas, naturalmente produ- zem variação. Essa variação é prejudicial ao processo, existe sim a necessidade de haver certo controle sobre as operações e também sobre as pessoas que as realizam, mas este controle, quando realizado de maneira opressora, tende a gerar resulta- dos inconstantes, pois fica extremamente dependente da relação chefe-empregado. Dessa forma, é que Shingo acaba ressal- tando que o Sistema só atinge o patamar de Manufatura Enxuta (produção com estoque zero) quando compreende esse processo como evolutivo e cria maneiras para que o “Sistema” faça o controle sob sua própria variação, e não que este con- trole dependa única e exclusivamente das pessoas que comandam o sistema, pois essas também variam em sua operação. lº - Divisão do Trabalho 2º - Aumento da Função das Mãos (mecanização e motorização) 3º - Ciência do Trabalho 4º - Necessidades Humanas (Hawthorne) 5º - Produção com Estoque Zero Fonte: Adaptado de Shingo (1996) 37SISTEMAS DE PRODUÇÃO CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS PRODUTIVOS A fim de proporcionar um melhor entendimento ou compreensão dos siste- mas produtivos, a literatura acaba por criar uma classificação entre os mesmos. Claro que um sistema não pode e nem deve ser analisado diretamente de acordo com esta classificação. Entretanto, esta é sim, uma maneira de compreender, de forma geral, os fenômenos gerais produzidos por tais processos, compreendendo que um Sistema Produtivo é tão somente a forma como organizam-se os recursos para a produção de produtos e serviços. Os sistemas produtivos são, primei- ramente, divididos pela sua função, ou seja, de maneira geral pela missão primordial que se prestam a cumprir e, novamente, deve-se entender que o sistema não faz, usualmente, uma só função, mas aqui tra- tamos da função primária do mesmo: • Manufatura: sistemas que tem como função principal a produção de bens de consumo ou que serão utilizados para consumo em ou- tros produtos, tais como a indústria metal mecânica, beneficiamento de alimentos, fábricas de automóveis; • Serviços: produtos intangíveis, que não podem ser tocados, mas que são realizados de forma a satisfazer uma necessidade específica, tais como instituições financeiras, serviços de telefonia, etc.; • Transportes: o produto desse tipo de sistema é o deslocamento de car- gas ou pessoas, tais como compa- nhias aéreas, companhia de trans- porte rodoviário, etc.; • Suprimento: basicamente está na aproximação de bens entre a ma- nufatura e o consumidor, tais como centros de distribuição, supermer- cados, lojas de comércio, etc.; • Extração: como o próprio nome sugere, sistemas que tem como função a extração de material base da natureza, onde originalmente se encontram, tais como companhias mineradoras, companhias petrolí- feras, etc.; • Cultivo: parecido com a extração, mas difere-se pelo fato de que, nesse tipo de sistema, o local para exe- cução da extração é escolhido de maneira conveniente aos produtos, tais como a agricultura e a pecuária. Já, de acordo com a representativi- dade econômica dos mesmos, podem ser divididos da seguinte forma: • Setor Primário: sistemas produtivos de base, usualmente trabalham com produtos padronizados, de grande volume, e relativamente baixos va- lores agregados, muitos dos produ- tos desses processos são controlados pelos governos através de padrões de valor de venda, a ênfase está nas relações do governo com empresas ou ainda de empresas com empre- sas, tipicamente estão as atividades de Cultivo e Extração nesse grupo; 38SISTEMAS DE PRODUÇÃO • Setor Secundário: sistemas pro- dutivos de transformação e benefi- ciamento de produtos, tipicamente atividades de Manufatura. Usual- mente, trabalha-se com produtosde volumes médios para altos e valor agregado mediano, sendo a ênfase na relação de empresas para em- presas, com alguma relação com o consumidor final; • Setor Terciário: sistemas produ- tivos, com ênfase no consumidor final, o valor agregado está baseado na aproximação do cliente, ou ainda, na facilidade de aquisição, tipica- mente as empresas de Suprimentos, Transportes e Serviços. Os sistemas produtivos também podem ser classificados de acordo com a forma que interagem com seus clientes, onde basicamente podemos entender para o caso de produção de bens materiais: • Fabricação para Estoque (MTS- -make to stock): a empresa realiza seu produto de acordo com suas pró- prias especificações e então disponi- biliza os mesmos para o mercado, tí- pico caso da indústria de eletrônicos, eletrodomésticos e bens de consumo, quase não há customização possível, produção de altíssimos volumes; • Montagem sob Encomenda (ATO-assembly to order): a em- presa fabrica produtos pré-definidos e realiza a configuração final desse produto de acordo com a demanda, caso típico das montadoras automo- tivas, certo nível de customização controlada em pacotes pré-defini- dos, produção de grandes volumes; • Produção sob Encomenda (MTO- -make to order): e empresa realiza seu produto de acordo com as es- pecificações do cliente, típico caso das indústrias de autopeças, que produzem de acordo com as espe- cificações das montadoras, grandes níveis de customização possíveis, de acordo com predefinições, produção de médios para grandes volumes; • Projeto sob Encomenda (PTO- -project to order): a empresa realiza tanto o projeto quanto a execução, de acordo com a demanda do mercado, caso típico da construção civil, que tem que realizar um novo projeto a cada novo produto, altos níveis de customização possíveis, produção de baixos volumes. Nos casos dos serviços a classifica- ção tem pequenas modificações: • Serviço em Massa: serviço padro- nizado, de baixo custo relativo, não customizado e de altos volumes, caso das companhias de luz, telefônicas, etc.; • Loja de Serviço: serviço de relativa padronização, certo nível de custo- mização e de médios volumes, caso das assistências técnicas e revende- dores autorizados; • Serviço Profissional: serviço alta- mente customizado, baixo volume produzido e altos custos relativos 39SISTEMAS DE PRODUÇÃO associados, caso dos profissionais liberais, tais como mecânicos, ele- tricistas, encanadores, pedreiros, etc. A classificação mais importante no âmbito do estudo dos sistemas produtivos se dá pelo tipo de processo que a empresa utiliza, basicamente, pode-se entender os sistemas de produção sob duas óticas: • Sistemas Contínuos: sistemas com f luxo contínuo de produção, altos volumes de produção e baixas va- riedades; • Sistemas Discretos: sistemas com fluxo intermitente, onde o tempo de setup (preparação e ajuste do pro- cesso) é grande em relação ao tempo de operação. Com o passar do tempo, essa clas- sificação foi evoluindo, essencialmente, refinando o entendimento sobre os siste- mas de produção discretos, sendo assim, ficamos com as seguintes classificações: • Processo por Projeto: estes tipos de sistemas de produção são carac- terizados por produzirem produtos altamente customizados e com tem- po de produção longos, mas, apesar disso, costumeiramente possuem início e f im de produção muito bem definidos. Isto é, sendo pre- visto um começo e um encerramento da atividade. Por causa do nível de customização, requerem recursos produtivos, altamente f lexíveis, e é notório o fato que estes recur- sos passam por grandes períodos de ociosidade, geralmente. Esses recursos transformadores, quando estão executando o produto, são extremamente dedicados e acabam por, usualmente, serem arranjados. Assim, diferentemente, de maneira mais conveniente para cada produto, sendo o posicional, tipo de leiaute mais utilizado. Tipicamente, esse tipo de processo é usado em esta- leiros, construção civil, fabricação de aeronaves. 40SISTEMAS DE PRODUÇÃO • Processo do tipo Jobbing: costuma ser utilizado na produção de pro- dutos com grande grau de custo- mização, porém onde pode haver certo grau de repetição. Os recursos transformadores, muitas vezes, são f lexíveis e podem ser compartilha- dos com mais do que um produto por vez. Por vezes, utiliza-se de ar- ranjos por processo ou, em alguns casos, arranjos físicos posicionais, sendo esse o caso típico da produção de moldes e matrizes (Matrizarias) e também de Alfaiatarias; • Processo do tipo Batch: caracte- rizado pela produção de produtos em lotes (ou bateladas) onde, após a produção desse lote (que pode ser caracterizado pelo modelo de um ano específ ico, modelo sazonal, linha de produtos do ano, etc) o mesmo não mais se repetirá. Nesse momento, podemos observar que existe repetição, mas a mesma será por um tempo finito e planejado (usualmente um ano, uma estação ou 6 meses), ou seja, temos uma quanti- 41SISTEMAS DE PRODUÇÃO dade limitada de produto e um ciclo de vida relativamente curto, em que se utilizam de arranjos celulares ou, em algumas vezes, arranjos físicos por processo. Esse é o caso típico da indústria calçadista e da fabricação de eletrodomésticos; • Processo de produção em Mas- sa: caracterizado pela produção de produtos com alto grau de padro- nização, altos volumes e com ciclo de vida longo. Nesse caso são ad- mitidas algumas variações, mas es- sas não podem afetar o processo de produção básico, pois utiliza-se de recursos transformadores dedicados e, usualmente, busca-se a automa- tização como forma de aumento de produtividade. Normalmente, o arranjo produtivo está entre os do tipo celular e os arranjos por produto (linha de produção), é o caso típico da produção de produtos enlatados, produtos de limpeza, produção de automóveis, etc. • Processo de Produção Contínuo: neste momento, estamos falando de processos de produtos altamente padronizados, produzidos por es- paços de tempo muito longos, que permitem pouquíssima ou nenhu- ma variedade, cujos investimentos no processo produtivo demandam de altos investimentos, assim são produzidos produtos de custo re- lativamente baixos. Utilização de arranjos por produto (linha de pro- dução) onde, em certos momentos, o processo é literalmente contínuo, ou seja, não para. Caso típico da indústria petrolífera e geradoras de energia elétrica. Visto o que acabamos de compreen- der entre os diversos processos, o gráfico a seguir nos demonstra uma escala entre as possibilidades de variedade, as quais podem ser proporcionadas por cada um destes tipos de processos versus os volumes de produção. 42SISTEMAS DE PRODUÇÃO Projeto Jobbing Batch Massa Contínuo Tempo de setup/tempo de operação Alto Baixo volume Baixo Alto Variedade Alto Baixo Grau de padronização do produto Baixo Alto Ciclo de vida do produto Curto Longo Flexibilidade dos recursos Alto Baixo Dedicação dos recursos Alto Baixo Do mesmo modo, o quadro comparativo, que sucede essa breve explicação, demonstra as principais características dos processos em comparação com os demais apresentados. O MECANISMO DA FUNÇÃO PRODUÇÃO Tendo compreendido o material até aqui, agora, estamos aptos a compreender o Mecanismo da Função produção, ou seja, de que maneira funciona a função ou fato de produzir. Basicamente, dividimos a função produção em dois momentos, a Função Processo e a Função Operação, sendo que todo e qualquer processo, im- pendentemente do produto ou serviço que está se realizando, pode ser compreendido dessa forma. • Função Processo: esta é a função que observa o f luxo do “objeto” que está sendo processado dentro do processo e, consequentemente, dentro do sistema produtivo. Nesse momento é importante entender a sequência de etapas que o objeto que está sendo processado sofre, em outras palavras, o que mais importa é de onde vem e para onde vai o objeto que estásendo processado. Não importando, nesse momento, Fonte: Autor Fonte: Adaptado de Slack (2009) 43SISTEMAS DE PRODUÇÃO qual é o tipo de operação que está sendo realizada, e sim, compreender que, para chegar ao final do processo em questão, o objeto necessita re- alizar esta operação. Sendo assim, observe no exemplo que segue, pro- cure observar o f luxo do objeto de trabalho (seja ele material, pessoas, informação) no tempo e no espaço; • Função Operação: esta é a fun- ção que observa o objeto proces- sado dentro da operação, ou seja, o que acontece com este objeto na operação que está sendo realizada. Importante entender, que sempre que realizarmos uma melhoria qual- quer, a mesma será feita na função Operação, ou seja, a melhoria se dá, pontualmente, em cada opera- ção do processo. Dessa forma, no exemplo a seguir, procure observar o f luxo do sujeito de trabalho (o que as máquinas, pessoas, recursos pro- EXEMPLO: Nesse processo, o objeto passa pela operação A, que consegue realizar uma taxa de produção de 10 peças em uma hora, depois passa para a operação B, que consegue realizar uma taxa de produção de 5 peças por hora e, finalmente, passa por uma operação C, que realiza uma taxa de produção de 8 peças por hora. Diante desse processo que, conforme informado, tem uma demanda de 10 peças por hora. Agora, reflita, procure ver se compreendeu as questões que seguem: 1-O processo consegue realizar a demanda necessária? Resposta: Não consegue, pois se é necessário passar pela sequência de operações e a operação B só atinge 5 peças/h, então já é possível compreender que o processo em questão não atende à demanda necessária. 2-Qual é a taxa de produção total do processo? Resposta: O processo tão somente consegue executar uma taxa de 5 peças/h no total. Nesse ponto, é importante notar que a operação A consegue produzir 10 peças /h, quando estas peças chegam na operação B, esta só consegue executar 5 peças/h, ou seja, metade dos objetos que estão sendo processados ficam parados na operação B. Após isso, tais peças passam para a operação C, que tem capacidade de 8 peças/h, no entanto, só chegam 5 oriundas da operação anterior, e independentemente da taxa de produção de cada recurso, o Sistema como um todo está limitado à menor delas. 3- Trocar a máquina A por uma de melhor performance (15pç/h), melhora o processo ou a operação? Resposta: neste caso, haverá uma melhoria na operação A, mas ela não vai refletir melhoria no processo como um todo, pois o mesmo continua sendo limitado pela operação B. Sendo assim, precisamos compreender a função operação, que é o caminho por onde o objeto passa, não haverá melhoria se não houver melhora no caminho como um todo. Fonte: Autor 44SISTEMAS DE PRODUÇÃO dutivos está realizando) no tempo e no espaço; Importante compreender que sempre serão realizadas melhorias na função operação, mas estas sempre terão de ser subordinadas à função processo, pois esta é a função que representa o f luxo de produtos que o sistema está processando. Ou seja, as melhorias devem ser realizadas no processo, que será avaliado e onde será notada qual a operação contribui para o resultado indesejado do mesmo, nesse momento, a operação apontada em questão deverá ser ajustada. Diversos tipos de processos podem ser retratados, analisados e estudados e as formas de demonstrar isso variam de pessoa para pessoa ou de organização para or- ganização. A literatura também traz diversas formas de realizar esta demonstração, a isso se dá o nome de diagrama de f luxo de processo, sendo que sua função é entender o processo de manufatura e identificar oportunidades de melhorias com a elimina- ção dos desperdícios (estes serão tratados em específico no capítulo sobre perdas). Shingo (1996) define uma forma de tratar e descrever processo, padronizando uma nomenclatura a tipos de operações, conforme segue: EXEMPLO: Nesse processo, a operação em questão é o transporte de objeto de massa equivalente a 500 kg por uma distância de 1 km entre os pontos A e B. Diante desse processo, onde foi realizada uma modificação, sendo a operação de transporte modificada de manual para mecanizada, responda: 1-Trocar o sistema de transporte de manual para mecanizado melhora o processo ou a operação? Resposta: Sendo a distância e a carga inalteradas e não havendo dados sobre, por exemplo, o tempo ou o custo que esta operação tem, não é possível dizer se houve melhoria na operação. Do mesmo modo que, se não houve melhoria na operação, não há como ter havido melhoria no processo. Fonte: Autor Fonte: Shingo (1996) 45SISTEMAS DE PRODUÇÃO • Processamento: mudança na forma, mudança nas propriedades, mon- tagem ou desmontagem, operação onde há real agregação de valor ao objeto; • Inspeção: comparação com um pa- drão que não agrega valor, medição, verificação dos resultados de opera- ções anteriores; • Transporte: mudança de posição que não agrega valor, deslocamento entre operações. Não confundir com o produto Transporte; • Espera ou Estocagem: passagem de tempo sem a execução de qualquer outro tipo de operação. A espera pode ser classificada em quatro ca- tegorias: * Espera ou estocagem de maté- ria-prima: esperas anteriores ao início do processo; * Espera do processo: aguardo do término da operação que está sendo executada no lote anterior, até que a máquina, dispositivo e/ ou operador estejam disponíveis para o início da operação (pro- cessamento, inspeção ou trans- porte); * Esperando lote: é a espera a que cada peça componente de um lote é submetida, até que todas as pe- ças do lote tenham sido proces- sadas para, então, seguir para o próximo passo ou operação; * Espera ou estocagem dos produ- tos acabados. Sendo a simbologia aplicada a se- guinte: Também é importante compreender os conceitos de como são tratados os tem- pos necessários para mapear um processo: • Lead Time: tempo total transcor- rido entre a entrada do produto em produção dentro do processo e a saí- da do produto ao final desse mesmo processo, também conhecido como tempo de atravessamento. De ma- neira prática, usualmente é o tempo total do processo. • Tempo de Ciclo: tempo “transcor- rido” (executado) entre a repetição de um mesmo evento (saída de um produto até a saída do próximo pro- duto), ou seja, o intervalo entre a saída de dois produtos de dentro do processo produtivo. Usualmente, Fonte: Autor 46SISTEMAS DE PRODUÇÃO depende dos tempos unitários de processamento em cada operação (tempo padrão) e do número de tra- balhadores alocados no processo. • Takt Time: tempo “requerido” (te- órico) entre a saída de um produto pronto e a saída do próximo produto pronto do processo. Normalmente, deve ser regulado a partir da de- manda necessária de produtos, ou seja, a quantidade de produto a ser fabricado e o tempo de entrega es- perado para a produção do mesmo. Geralmente, determina o “ritmo da produção”. Agora, vamos a um Autoestudo! 1. Qual o efeito que o aumento de volume e o aumento de variedade criam nos Sistemas Produtivos? 2. O que é e como se caracteriza um processo? 3. Que diferenças podemos com- preender entre as Funções Pro- cesso e Operação no Mecanismo da Função Produção? 4. É possível identificar o Lead Time, O Tempo de Ciclo e o Takt Time dos processos no âmbito do seu trabalho? 5. Você consegue identificar as en- tradas, operações e saídas no seu âmbito de trabalho? A organização e a maneira de produzir foram modificadas com o tempo, em virtu- de de fatores históricos e da demanda por produtos. Sistemas Produtivos são avaliados con- forme sua eficácia, ou seja, uso de recursos para o fim desejado. As melhorias fundamentais dos siste- mas produtivos visam, atualmente, a redução dos custos associados à produção. O acréscimo de volume e o acréscimo de variedade são, taticamente, os dois ele- mentos que mais criam variações sistêmicas de custos
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