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CEDERJ/UERJ – GEOGRAFIA Disciplina: Geografia Agrária do Brasil – Professor: Luis Felipe Umbelino GABARITO AD2 – 2022.1 Aluno: ________________________________________________________ 1 – A partir da Lei de Terras, a aquisição de terras passa a contar com a participação do capital, uma vez que passa a constituir um bem com valor de uso e de troca, configurando- se assim, uma mercadoria, nos moldes do capitalismo e sendo utilizada como forma de poder. Nesse sentido, a partir desse momento, a estrutura fundiária brasileira sofre por intensas transformações e a concentração de terras por parte de poucos proprietários tende a aumentar, em detrimento da maioria da população rural, causando uma série de conflitos pela posse o uso da terra. É nesse cenário que começam a se desenvolver os principais movimentos sociais brasileiros. Dentre eles podemos destacar as Ligas Camponesas, que são fruto de movimentos sociais rurais nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Surgiu no estado de Pernambuco, no Engenho Galileia, ganhando proporção para outros estados nordestinos. A princípio era denominada Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP), contando com o apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB). As ligas conseguiram agregar uma quantidade significativa de trabalhadores rurais na luta pela terra em diferentes estados nordestinos e conseguir influência política importante para o movimento. Tinham como objetivo prestar ajuda assistencial, como jurídicas, médicas e até de defesa pessoal em caso de ameaças; aspiravam também a ensinar e tornar sólido o direito comum àqueles que, por muito tempo, tiveram que se sujeitar a trabalhos opressivos e contratos que beneficiavam apenas o empregador. Com o Golpe Militar de 1964 houve a dissolução do movimento, mas as suas principais reivindicações permaneceram incorporadas aos sindicatos rurais até metade dos anos 1980. Outro movimento de luta pela posse da terra foi a Comissão Pastoral da Terra (CPT), fundada em 1975, que contava com articulação com a Igreja, uma vez que a repressão também ocorreu com agentes pastorais e lideranças populares. Com a influência da Igreja nos campos político e cultural a CPT tinha como objetivo tornar a situação dos trabalhadores rurais e posseiros mais visível. O foco principal da CPT é redefinir os rumos do homem rural, seus objetivos e aspirações. Importante movimento também foi o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fundado no ano de 1984, em Cascavel – Paraná, por centenas de trabalhadores rurais que tinham como objetivo principal organizar um movimento social camponês que lutasse pela reforma agrária e pelas transformações necessárias ao campo, de uma maneira geral. De acordo com os participantes do movimento, o grupo foi criado baseado nas lutas dos indígenas contra a mercantilização e apropriação da mão de obra e pela posse de suas terras, pela resistência dos quilombos, pela experiência e lutas das Ligas camponesas, do MASTER (Movimento dos Agricultores Sem Terra), entre outros. O MST se descreve como uma continuidade de todos esses grupos que lutaram e ainda lutam por um país mais democrático. 2 – As principais comunidades tradicionais brasileiras, que tiveram importante papel na formação do nosso povo são as comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras e ribeirinhas. Os índios constituem os povos originários de nossas terras, antes de qualquer outra cultura. São o exemplo da primeira comunidade tradicional do Brasil, estabelecendo uma relação solidária e harmônica com a natureza, estabelecendo assim sua identidade tanto cultural quanto territorial. A partir do Estatuto do Índio, que assegura a posse e demarcação de terras indígenas, muitos conflitos se sucederam entre indígenas e latifundiários. Com relação à causa quilombola, entendemos que ela apresenta forte ligação com o campo, uma vez que, toda construção identitária desse povo passa pela questão da terra e lutas pelo direito de usá-la com liberdade. Nesse sentido, vemos que antes da abolição tínhamos o trabalho no campo na forma de trabalho escravo, tendo muitos escravos fugidos para áreas de difícil acesso, para que assim pudessem manter as suas atividades de forma clandestina e posterior à abolição a luta não diminuiu, tendo em vista as poucas mudanças nas condições de trabalho dessa população. Então, podemos observar que as lutas pelo acesso à terra e condições dignas de trabalho sempre estiveram na primeira pauta da causa quilombola. Nesse sentido, o território é categoria importante na compreensão da identidade quilombola. Ele representa a memória de seus antepassados e a cultura resistente às formas mais perversas imprimidas pela globalização. É a identificação de uma trajetória particular dotada de especificidades locais e (re)conhecimento de um local que trouxe a possibilidade de se recriar um ponto de pertencimento social e, ao mesmo tempo, coletivo. A comunidade caiçara tem sua formação por volta do século XVI, com a ocupação do litoral brasileiro, especificamente as regiões Sudeste e Sul. Comunidade formada pela hibridização dos índios, colonizadores e escravos africanos que não foram beneficiadas com as políticas da metrópole portuguesa. A questão identitária desse povo com as áreas litorâneas também é importante para a reprodução de suas vidas, porque é através da atividade da pesca e vida simples que eles se reconhecem enquanto participantes do espaço. Já as comunidades ribeirinhas são povos que vivem nas beiras dos rios, mais especificamente na região amazônica, convivendo de forma tranquila com os períodos de cheias dos rios. A principal atividade econômica é a agricultura, extrativismo, criação de animal e as ligadas ao rio, como a pesca. 3 – O processo de ocupação e organização do espaço brasileiro se deu baseado na produção agrícola como importante produtor de bens agrícolas para suprir as necessidades internacionais. O processo de deslocamento da população pelo território, primeiramente de origem internacional e posteriormente entre as diferentes regiões do país, esteve diretamente ligado com as áreas de produção e as consequentes expansões de suas fronteiras. Foi assim com os grandes ciclos econômicos em que se desenvolveram no país, nas diversas regiões e contribuíram para a produção e reprodução do espaço nacional. Nesse sentido, a fronteira agrícola nacional vai se formando à medida que o plano político econômico para o país vai identificando novas atividades em diferentes áreas e que pode ser considerado atividade de desenvolvimento nacional. Foi assim com a cana-de-açúcar no Nordeste, com a atividade mineira em Minas Gerais, com as drogas do sertão no Norte. A cada período, a população era chamada a se deslocar pelo espaço para atuar nessas áreas de produção de riqueza e desenvolvimento para o país, formatando assim, a chamada fronteira agrícola nacional, quando novas áreas vão progressivamente sendo incorporadas ao setor agrícola nacional. 4 – Os principais estágios da expansão da fronteira agrícola nacional ocorreram a partir do desenvolvimento dos grandes ciclos econômicos nacionais. Assim, a produção da cana-de-açúcar pode ser considerada a primeira atividade econômica a ser desenvolvida no território nacional, configurando-se como a primeira fronteira agrícola nacional. A partir dela, com a ocupação cada vez mais intensa para o interior do país, através da pecuária e busca por metais preciosos, estando a primeira atividade ligada à produção de cana, como atividade complementar e o segundo desenvolvida no estado de Minas Gerais. Nesse sentido, teremos a fronteira agrícola se expandindo pelo território através dessas atividades e posteriormente também pelas terras do Sudeste com a produção do café. Vale salientar que o desenvolvimento desses ciclos econômicos se deu no espaço em ocasiões diferentes, impulsionadospelo declínio da produção e do lucro de uma em detrimento de outra, estimulando o deslocamento da população entre as diferentes regiões do país. Mais tarde, no final do século XIX e início do XX, tem-se início o ciclo da borracha no norte do país, expandindo a fronteira agrícola para a região da floresta amazônica e deslocamento população principalmente do nordeste brasileiro. Em todo o século XX o deslocamento da população no espaço só aumentou e consequentemente também se expandiu cada vez mais a fronteira agrícola, com a incorporação de mão-de-obra estrangeira nas lavouras de café. A política estatal de produção de mercadorias agrícolas se estendeu para o Sul até o momento que os solos já estavam esgotados pelo ritmo da produção. Com o aumento da produção, a questão da qualidade dos solos, a disponibilidade de áreas ficou comprometida ocasionando o deslocamento da população sulista para outras regiões do país. Além disso, esse inchamento na fronteira desencadeou um mercado bastante lucrativo de mercado de terras. Temos aqui a questão da terra como reserva de valor, além de ser o lugar de moradia e de produção. 5 – Os principais modelos de desenvolvimento econômico do país foram: Modelo de desenvolvimento rural atrelado à modernização da agricultura brasileira, cujo processo de concentração de terras na própria região Sul foi crucial para a sua implantação e posterior consolidação e o Modelo de desenvolvimento rural que valorizava a incorporação de novas terras ao modelo agroexportador, baseado na produção de commodities. Com o uso da tecnologia intensiva atrelada à agricultura moderna, a expansão da produção de soja e a vinculação desse tipo de produção ao mercado internacional, constituem um marco na expansão da fronteira agrícola nacional. As regiões do Cerrado e Amazônia passaram a aparecer como potenciáveis áreas para essa expansão, como a fronteira do sul não comportava mais expansão, os agricultores dessa região receberam estímulos para se deslocarem a outras regiões. Assim não só o Centro-Oeste recebe agricultores sulistas, como também o oeste da Bahia, sul do Maranhão e até o Norte do país. A fronteira agrícola nacional nesse novo estágio de desenvolvimento consegue se expandir numa velocidade bem maior que dos períodos anteriores, porque está formatada em uma lógica empresarial, voltada para os mercados internacionais e dotada de alta tecnologia. Assim, podemos identificar duas grandes fronteiras agrícolas no Brasil atual: A região Norte e as áreas de Cerrado do Nordeste. Nessas áreas, o uso intensivo de capital, associado à alta tecnologia, à obras e infraestrutura, aceleraram a produção e o fluxo de mercadorias, atraindo população pelos altos índices de produção que geram.
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