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Feridas e curativos Juliana Ximenes Ferida É definida como qualquer lesão no tecido epitelial, mucosa ou orgãos com prejuízo de suas funções básicas. Classificação da lesão Etiologia Evolução Complexidade Comprometimento tecidual Espessura Presença de infecção Etiologia Patológicas: Causadas por fatores endógenos ou lesões secundárias a uma ou mais doenças de base. Iatrogênicas: Resultantes de procedimentos ou tratamentos. Intencionais ou cirúrgicas: Lesões previsíveis, realizadas sob condições assépticas de acordo com a necessidade terapêutica. Acidentais ou traumáticas: Aquelas que ocorrem de forma inesperada, resultantes de um trauma, violência ou acidentes Causadas por fatores externos: Causadas devido ao contato da pele com substÂncias inflamáveis. Evolução Agudas: Feridas recentes, traumáticas e nas quais ocorre ruptura da vascularização e o desencadeamento imediato do processo de hemostasia. Crônicas: Ocorrem quando o processo cicatricial é retardado por fatores intrínsecos e/ou extrínsecos. Complexidade Feridas simples Feridas complexas Comprometimento tecidual Fechadas: Quando não ocorre a violação da continuidade da pele Aberta: Quando a continuidade da pele é interrompida Espessura Superficial: Onde o comprometimento envolve somente a epiderme ou porção superior da derme. Profunda: Apresenta comprometimento desde a derme até a epiderme e o tecido cutâneo, apresentando perda de espessura da pele. Profunda total: Há destruição ou perda total da epiderme, da derme e do tecido subcutâneo, atingindo tecido muscular e estruturas adjacentes. Presença de infecção Limpa: Produzidas em ambiente cirúrgico sob condições assépticas, sem sinais de infecção. Potencialmente contaminadas: Há contaminação grosseira, como nas feridas ocasionadas por faca de cozinha ou em que houve abertura dos sistemas digestório, respiratório e genito- urinário. Contaminadas: Há reação inflamatória, feridas em que houve contato com fezes e terra ou que já se passaram 6hrs do ato que resultou na ferida. Infectadas: Aquelas em que apresentam sinais de infecção Tipos de tecidos de cicatrização Tecido de granulação: Composto de capilares e colágeno, apresenta aspecto vermelho, brilhante e úmido. Tecido de epitelização: Multiplicação das células epiteliais nas bordas da ferida, cor rosa-azulada ou branca-rosada; quando se espalha pela superfície da ferida tem cor branca-rosada. Tecido fibrinoso: Apresenta cor amarela, de consistência cremosa, que pode recobrir toda a lesão ou parcialmente, sendo mais comum sua deposição sobre o tecido de granulação Tecido necrótico: área isquêmica, tecido morto, crosta, de cor preta, marrom, cinzenta ou esbranquiçada Tipos de tecidos de cicatrização Tecido de granulação Tecido de epitelização Tipos de tecidos de cicatrização Tecido fibrinoso Tecido necrótico Tipos de cicatrização Cicatrização por primeira intenção: cicatrização mais simples ocorre em grande parte das feridas com perda mínima de tecido e aproximação das bordas por sutura Cicatrização por segunda intenção: há perda tecidual completa e/ou dano excessivo nos tecidos e não há aproximação das bordas Cicatrização por terceira intenção: ocorre quando qualquer fator retarda o processo de cicatrização, e passa a ser necessário deixar a lesão aberta para drenagem ou para anular possível infecção Curativo O curativo é um conjunto de cuidados promovidos a uma lesão, visando proporcionar segurança e conforto ao doente e favorecer a cicatrização Tipos de curativo Oclusivo: oclui a ferida, sendo realizado em lesão aberta ou cirúrgica (primeiras 48 horas ou enquanto há exsudato). oclusivo úmido: tipo de curativo em que é aplicada cobertura para promover a umidade, como soro fisiológico. Geralmente empregado em lesões abertas oclusivo seco: tipo de curativo em que é aplicada cobertura seca sobre a lesão, empregado em ferida cirúrgica, área de inserção de cateter e dreno. Aberto: sem cobertura sobre a ferida, realizado em incisão cirúrgica após as 48 horas ou quando não há mais exsudato Compressivo: realiza compressão da lesão e área ao redor da ferida no intuito de promover hemostasia ou favorecer o retorno venoso Princípios básicos para a realização de um curativo Higienizar a bancada onde será colocado os materiais Higienizar as mãos antes e após o procedimento Comunicar ao paciente o que será feito Utilizar luvas não estéreis para a retirada da cobertura secundária Limpar a ferida com soro fisiológico 0,9% Utilizar seringade 20ml e agulha 40x12mm para a limpeza da lesão Não secar o leito da ferida Utilizar coberturas que mantenham o ambiente favorável a cicatrização Ocluir com adesivos hipoalergênicos Princípios básicos para a realização de um curativo Observar reações do paciente Desbridar, se necessário, evitando o comprometimento vascular Preencher túneis e cavidades Utilizar cobertura para realização de curativo de acordo com o tecido identificado na lesão Proteger suas bordas Não utilizar substâncias tóxicas ou que não tenham procedência garantida Registrar o curativo realizado no paciente Limpeza da lesão Limpeza mecânica: É realizada com gazes umedecidas com soro fisiológico Irrigação: É promovida por jato de soro fisiológico, gerada por seringa de 20ml e agulha de grosso calibre Para lesões com tecido de granulação faz-se irrigação com pouca pressão, sendo contraindicado aplicar o contato com a gaze umedecida Toda limpeza possui sentido, do menos para o mais contaminado, de forma a prevenir a propagação de infecção. Além disso, caso o paciente tenha mais de uma lesão é importante iniciar sempre da menos contaminada para a mais contaminada Procedimento do curativo Higiene das mãos Reunir e organizar o material necessário Colocar o paciente em posição confortável e explicar o procedimento Local deve ser bem iluminado e preservar a intimidade do paciente Usar EPIs Calçar luvas de procedimento Retirar cobertura Desprezar o curativo/luvas no lixo Calçar luvas estéreis Procedimento do curativo Fazer limpeza mecânica da pele ao redor da ferida Irrigar o leito da ferida com soro a uma distância de aproximadamente 20cm Não secar o leito da ferida Aplicar cobertura escolhida Aplicar hidratante na pele íntegra adjacente à ferida, quando necessário, sempre após a colocação de cobertura Fazer uso da cobertura secundária, se necessário Registrar o procedimento Desbridamento É a remoção de tecidos desvitalizados, deixando a ferida em condições adequadas para a cicatrização. Não se deve fazer em feridas isquêmicas Desbridamento Cirúrgico ou instrumental: É realizado com uso de tesouras e lâmina de bisturi. Mecânico: Remoção dos tecidos inviáveis do leito da ferida com uso de força física, pressão manual ou irrigação Autolítico: Manter a ferida em meio úmido, promovido por coberturas oclusivas ou semioclusivas para que o próprio organismo faça a degradação natural com enzimas Químico ou enzimático: Degradação dos tecidos necróticos com a utilização de enzima proteolítica exógena que romperá o colágeno. É isso, desculpa a demora.