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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA PSICOLOGIA GLAUCILENE BRANDÃO DOS SANTOS DA SILVA – 20182102352 LEONARDO SERAFIM DA SILVA – 20181104617 MARIA LUZIA COVAS FONSECA RIBEIRO – 20161100936 NAYARA BORDONAL KRAEMER – 20202101121 RAPHAEL ALEXANDRE QUINTANILHA – 20192102993 CASO PHINEAS GAGE – A1 Atividade Avaliativa Virtualizada – A1 apresentada ao Prof. Flávio Roberto de Carvalho Santos, como requisito obrigatório da disciplina de Neuropsicologia no curso de Psicologia da Universidade Veiga de Almeida. RIO DE JANEIRO 2022.1 INTRODUÇÃO Em 1848, um jovem operário americano, Phineas Gage, sofreu um grave acidente de trabalho. Em uma explosão, uma barra de ferro atravessou o seu crânio, passando pela bochecha esquerda, olho esquerdo, atingindo os lobos frontais, na região do córtex pré-frontal. Seu caso foi bastante representativo para a medicina e neurociência da época, contribuindo para o desenvolvimento dos estudos sobre o funcionamento cerebral. Foi uma das primeiras evidências científicas a apontar que lesões em determinadas regiões do cérebro, especificamente o córtex pré frontal, eram capazes de alterar a personalidade do indivíduo. Gage retornou ao cotidiano três meses após sua recuperação, e logo foi possível perceber suas alterações comportamentais. “Gage já não era Gage.” O comprometimento cognitivo era notório. Após o acidente, os lobos frontais passaram a ser associados às funções mentais e emocionais, que ficaram alteradas. Porém, sem muitos estudos ou provas. DESENVOLVIMENTO O rapaz, que era tido como bastante disciplinado, educado e responsável, passou a ser hostil com as pessoas, com o comportamento evitativo e distante. Dificuldade na regulação emocional e de planejamento, assim como na tomada de decisões, manifestando reações inadequadas aos estímulos diários. Se tornou desrespeitoso e irresponsável, apresentando sério comprometimento nas relações sociais. Contudo, foi notado também que aspectos da sua inteligência, no processamento de informações, na habilidade linguística, aprendizagem e raciocínio matemático, estavam preservados. A partir dessas percepções, então, a parte do lobo frontal, que até então era tida como uma região sem função, começou a ser estudada. A primeira reconstituição aconteceu em 1878, pelo fisiologista britânico David Ferrier, que já havia afirmado que a lesão de Phineas estava, provavelmente, situada no córtex pré- frontal, a camada de matéria cinzenta que cobre a extremidade frontal do cérebro. Nos estudos sobre as regiões do córtex pré frontal, destaca-se também o trabalho do psicólogo Alexander Luria, no século XX, com pacientes portadores de lesões oriundas da Segunda Guerra. Ele construiu um modelo explicativo dos processos mentais classificados como unidades funcionais, destacando os lobos frontais como o centro gerenciador de funções cognitivas complexas, como habilidade de planejamento, regulação das atividades e o monitoramento de comportamentos intencionais (LURIA, 1981). Outro trabalho de grande contribuição para a compreensão funcional do córtex cerebral foi da Muriel Lezak, quando em 1982 ela apresentou o termo “Funções Executivas”, para denominar as habilidades cognitivas localizadas na região do córtex pré-frontal. Funções executivas essas, são responsáveis por executar ações do nosso dia a dia, que nos permitem estabelecer, manter, monitorar, corrigir e realizar um plano de ação. Em 1994, os neurologistas portugueses António e Hanna Damásio foram os primeiros, com apoio da tecnologia, a determinar com exatidão, a localização da lesão de Gage, radiografando o seu crânio e medindo com grande precisão a sua forma interior e exterior. Utilizaram um modelo 3D já existente de um crânio humano “médio” e deformaram esta imagem computadorizada de maneira a adaptá-la às dimensões do crânio de Gage. O casal Damásio, publicou os seus resultados na revista Science, confirmando assim que Gage tinha uma lesão pré-frontal. E concluíram, a partir deste caso histórico e de vários casos de doentes por eles estudados, que “as lesões envolvidas [...] causavam um déficit nas tomadas de decisão racionais e no processamento das emoções” - a base da teoria da importância das emoções na racionalidade humana, desenvolvida por Damásio no seu célebre primeiro livro, publicado nesse mesmo ano, O Erro de Descartes. Outro achado importante está correlacionado a essa reabilitação de Phineas após o convívio social, que é a plasticidade neuronal. Este conceito refere-se à plasticidade de um material que tem a propriedade de modificar sua forma e de se readequar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o passar dos anos, novas e importantes descobertas surgiram, graças ao avanço da tecnologia. Permitindo assim, uma melhor compreensão do cérebro humano. Sendo o caso Phineas Gage ainda hoje citado como um dos parâmetros referenciais para todo esse processo de desenvolvimento na construção dos estudos da mente, já que foi um divisor de águas na medicina contemporânea, fazendo cientistas voltarem a estudar o lobo frontal como região associada a características da personalidade. Com isso, a neurociência pôde melhorar seu entendimento sobre o Sistema Nervoso Central. Hoje se sabe que o encéfalo não é feito de vários órgãos, mas que a forma de organização do cérebro é construída em partes específicas, executando tarefas específicas. O caso de Gage contribuiu para desvendar como o processamento cerebral constrói personalidade, sentimento, ideias, pensamentos e o comportamento como um todo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAMÁSIO, Antonio R. et al. The Return of Phineas Gage: Clues About The Brain from the Skull of Famous Patient. Vol. 264. Science, 1994. FARIA, Sérgio Henrique. Breve História da Neurociência. Estúdio da Mente, 2019. Disponível em: <www.estudiodamente.com.br>. Acesso em: 06 abr. 2022. HAMDAN, Ame Carvalho; PEREIRA, Ana Paula de Almeida. Avaliação Neuropsico- lógica das Funções Executivas: Considerações Metodológicas. Universidade Federal do Paraná. Scielo, 2008. LURIA, Aleksandr Romanovich. Fundamentos de Neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1981. SANTOS, F. H.; ANDRADE, V. M.; BUENO, O. F. A. (Orgs.). Neuropsicologia Hoje. 2ª. ed. Porto Alegre. ARTMED, 2015.
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