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A história do movimento psicanalítico ➢ Nesse texto de 1914, Freud faz um balanço de sua teoria, levantando a importância do conceito de recalque no seu percurso. ■ “A teoria do recalque é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise. É a parte mais essencial dela e, todavia, nada mais é senão a formulação teórica de um fenômeno que pode ser observado quantas vezes se desejar se se empreende a análise de um neurótico sem recorrer à hipnose.” (p. 26) ➢ Antes se usava a hipnose, que dependia muito da sugestão (o próprio terapeuta sugeria uma causa ao paciente). Foi-se chegando à conclusão que o importante é o que vem da fala do paciente, não das sugestões de seus médicos. ➢ A história da construção da psicanálise por Freud é repleta de hesitações, especulações e reformulações, o que certamente exigiu alguns pontos de remate por parte do autor. Nesse processo se encontra a elaboração da técnica da associação livre. ■ “Por conseguinte, a história da psicanálise propriamente dita só começa com a nova técnica que dispensa a hipnose.” (p. 26) ➢ O método da hipnose ocultava as resistências do sujeito, que tinham seu valor por apontar para seu inconsciente. Isto é, o recalque se encontra na base de sua constituição, apartando da consciência conteúdos que virão a compô-lo. ➢ A associação livre permitiu acolher o que vem do paciente, escutar a expressão do que se passa com ele. A associação livre permite à escuta identificar o conflito que vem do sujeito, não sugestiona-lo. Ao abandonar a sugestão, foi permitido à psicanálise se afastar da normatização. Isso pois não visa traçar normas que devem ser seguidas, mas permite que o sujeito tome lugar no que ele mesmo traz. Não há certo e errado, ou o desejável a se fazer. É valioso que o sujeito possa se encontrar nele mesmo, expresso em suas falas. Dessa forma que o sujeito terá condições de encontrar com o seu desejo. Desejo, para a psicanálise, não equivale à vontade. O desejo para psicanálise é constituinte, insiste, é inconsciente. ○ O que é inconsciente quer sempre retornar, mas o recalque faz com que tenhamos determinados conteúdos /representações que fiquem de fora e insistem pra voltar, e nisto provavelmente está o que veicula o nosso desejo. ➢ Para a cultura existir, não há como todos cederem às suas inclinações, pois isso leva a uma impossibilidade da vida coletiva. É respeitando um limite posto pela presença do outro que ela pode acontecer. O desejo incestuoso, por exemplo, deve ser afastado para que a cultura exista. A lei do incesto é uma lei fundante da cultura. (Totem e tabu, 1913) É preciso deixar a relação simbiótica para partir para algo que tá fora, o externo, o mundo. Sem isso a civilização não se constrói. Nesse corte, o recalque, se instaura alguma coisa que fica de fora, que quer retornar e é o desejo. (O que fica de fora são os conteúdos incompatíveis e excessivos. Desses conteúdos, o principal é justamente o incesto. Assim, essa relação primeira tem de ficar de fora. E é nesse corte que vem a constituição do sujeito). ➢ Freud fala do sexual, como a causa da patologia, mas logo veremos que o sexual é a base do sujeito, de sua constituição. ○ O autor percebe que as pessoas ouvem sobre o sexual, mas que não o querem trazer. Isso se conecta com a resistência e, por conseguinte, com o mecanismo do recalque. Logo, as investigações psicanalíticas apontam para a sexualidade infantil e para a transferência. (A transferência remete aos primeiros laços que se tem. Se transfere para os que cuidam os investimentos postos sob si. Daí vem a ideia de vínculo, fundamental para a psicanálise). ■ “O surgimento da transferência sob forma francamente sexual – seja de afeição ou hostilidade –, no tratamento das neuroses, apesar de não ser desejado ou induzido pelo médico nem pelo paciente, sempre me pareceu a forma mais irrefutável de que a origem das forças impulsionadoras da neurose está na vida sexual.”
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