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1 1 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Aulas Ciclo Básico Ao todo são 11 aulas no Ciclo Básico, com os seguintes temas: A – Princípios Básicos B – Frequência Cardíaca C – Eixo Cardíaco D – Onda P e Intervalo PR E – Complexo QRS F – Segmento ST, Onda T e Onda U G – Intervalo QT H – Sobrecarga Ventricular I – Bloqueios de Ramo J – Pré- Excitação Ventricular K – Eletrólitos e Doenças Sistêmicas 2 2 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 A – Princípios Básicos O que é potencial de ação? Existe um gradiente de [ ] entre MIC (K > Na, portanto, negativo) e o MEC (Na > K, portanto, positivo) Gera um gradiente elétrico Movimentação de íons, que é o que chamamos de potencial de ação. O potencial de ação tem três fases: (1) repouso; (2) despolarização (potencial transmembrana positivo); (3) repolarização (MIC volta a ficar negativo). Os cardiomiócitos podem ser despolarizados de duas formas: (1) espontaneamente (automaticidade celular); (2) despolarização célula a célula (chamamos de ativação sequencial). No coração existem dois tipos de céls: (1) especializadas em contratilidade (gráfico 1); (2) especializadas em gerar e conduzir atividade elétrica (gráfico 2). Vide abaixo os gráficos correspondentes aos formatos de potencial de ação: O que são vetores elétricos cardíacos? Equivalem à coalescência (junção, resultante) dos potenciais de ação a nível celular. Os vetores possuem três propriedades: (1) intensidade (eixo vertical= amplitude); (2) duração (eixo horizontal= tempo); (3) direção (depende dos eletrodos e das derivações). MSD: vermelho; MSE: amarelo; MID: preto (eletrodo terra); MIE: verde Plano frontal!! O aparelho de ECG tem 10 cabos que ligaremos ao pcte: 4 cabos nos membros, representando o plano frontal (DI, DII, DIII, avR, aVL, avF) e 6 cabos no tórax, representando o plano horizontal/precordial (V1 a V6). * V3R e V4R: derivações usadas em IAM em VD. * V7, V8 e V9: derivações usadas em IAM parede “posterior” (que é na verdade parede lateral, e não “posterior/dorsal”). MACETE: Lado direito: FLAMENGO (VP de cima p/ baixo) Lado esquerdo: BRASIL (AV de cima p/ baixo) 3 3 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 As derivações são linhas elétricas em uma dada direção formada por 2 ou + eletrodos. O ECG convencional possui 12 derivações: 6 no plano frontal (DI, DII, DIII, aVR, aVL, aVF); 6 no plano precordial/horizontal (V1 a V6). * TCW= Terminal Central de Wilson: eletrodo composto formado por MSE, MSD e MIE. Mas que eletrodos eu vou usar para fazer V7, V8 e V9? Você pode pegar qualquer eletrodo precordial e usar para este fim. Basta saber qual eletrodo você está colocando em que lugar. Normalmente usa-se os eletrodos de V4 a V6 para colocar no lugar de V7 a V9. Aí basta riscar depois os nomes V4 a V6 no ECG impresso e substituir por V7 a V9. Como é a representação gráfica das derivações? Qual passo a passo seguir ao analisar um ECG? Você pode seguir 12 passos: 1º passo: Identificação do paciente, idade, biotipo (IMC). Checar padronização. 2º passo: Onda P- Ritmo 3º passo: Onda P- Frequência cardíaca 4º passo: Onda P- Sobrecargas atriais 5º passo: Onda P- Intervalo PR 6º passo: QRS- Orientação 7º passo: QRS- Duração 8º passo: QRS- Sobrecargas ventriculares 9º passo: QRS- Áreas inativas 10º passo: T- Segmento ST 11º passo: T- Morfologia de onda T 12º passo: T- Miscelânea – intervalo QT, onda U Quais são as ondas, pontos, intervalos e segmentos no ECG? As ondas são: Onda P: despolarização atrial Complexo QRS: despolarização ventricular o Onda Q: 1ª deflexão negativa do QRS, antes de uma onda positiva o Onda R: 1ª deflexão positiva do QRS o Onda S: deflexão negativa do QRS depois da onda R o Onda R’: 2ª deflexão positiva do QRD 4 4 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Se QRS monofásico: positivo= onda R; negativo= complexo QS. Onda T: repolarização ventricular Onda U: repolarização das fibras de Purkinje Os pontos são: Ponto J: fim do QRS, na junção com segmento ST Os intervalos são: Intervalo PR: começo onda P até o começo do complexo QRS Intervalo QT: começo do QRS até o final da onda T Intervalo RR: entre um QRS e o outro (consecutivo) Os segmentos (não incluem nenhuma onda) são: Segmento PR: final onda P até começo QRS Segmento ST: final QRS até começo onda T Como funciona o sistema de condução cardíaco? O caminho normal da atividade elétrica cardíaca é: Nó sinusal (junção VCS e AD) Átrios Nó AV Feixe de His ramos D e E Miócitos ventriculares. * Nó AV: protege ventrículo quando há taquiarritmia atrial (como FA), p ex. Como olhar padronização do ECG? A padronização mais comum é: Tempo (eixo horizontal): 25mm/s Intensidade/amplitude (eixo vertical): 10mm/mV Pela regra de três, temos que: 25mm --------- 1s. Logo, 1 mm (que equivale a 1 quadradinho) = 40ms (ou 0,04s Basta dividir por 100). 1 quadradão=200ms. 5 quadradões= 1s. 10mm --------- 1mV. Logo, 1mm (que equivale a 1 quadradinho) = 0,1mV. 5 5 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 B – Frequência Cardíaca Antes de calcular a FC a 1ª coisa a se fazer é ver se o ritmo é regular ou irregular. Se ritmo regular temos 2 métodos a serem usados: Regra exata Regra rápida Se ritmo irregular temos apenas 1 método: Regra da média Ritmos regulares 1) REGRA EXATA: Sabemos que: 25mm --------- 1s. Logo, 60s = 1500mm Portanto, FC= 1500/ intervalo RR (em mm). Ou, se preferir, 300/nº quadradões. 2) REGRA RÁPIDA: Não é tão quando há taquicardia, pois, entre 300 e 150 o intervalo é muito grande. Encontrar QRS em cima de ou próximo de uma linha espessa Determinar FC a partir da localização do próximo QRS. Se o próximo QRS cair: 1ª linha espessa: 300bpm 2ª linha espessa: 150bpm 3ª linha espessa: 100bpm 4ª linha espessa: 75bpm 5ª linha espessa: 60bpm 6ª linha espessa: 50bpm 7ª linha espessa: 43bpm 8ª linha espessa: 37bpm Ritmos irregulares 3) REGRA DA MÉDIA: A forma mais fácil nesses casos é contar quanto complexos QRS tem em uma linha inteira (50 quadradões =10.000ms=10s) e multiplicar por 6. 6 6 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 C – Eixo Cardíaco Como o VE tem maior massa que VD, o complexo QRS tem a direção predominantemente do VE. Existem 4 eixos cardíacos de despolarização ventricular no eixo frontal: NORMAL: -30° a +90° +D1 e +D2 DESVIADO PARA E: -30° a -90° +D1 e -D2 DESVIADO PARA D: +90° a +180° -D1 e +aVF DESVIADO PARA EXTREMA D: +180° a +270° -D1 e -aVF Existem 2 métodos para analisar eixo cardíaco: REGRA RÁPIDA: descrita acima. É a que usamos na nossa prática clínica!!! REGRA EXATA: ver quais derivações são perpendiculares. Regra exata Saber quais derivações são perpendiculares: D1 -------- aVF D2 -------- aVL D3 -------- aVR Devemos seguir 3 passos: 1º) Identificar a derivação com vetor mais isoelétrico 2º) Achar derivação perpendicular à derivação isoelétrica 3º) Ver se o vetor nessa derivação perpendicularé + ou -. Se +: eixo exatamente no sentido dessa derivação. Se -: eixo é no sentido oposto. Quais são as causas de desvio de eixo cardíaco? DESVIO DE EIXO PARA ESQUERDA: Sobrecarga VE BRE IAM parede inferior BDAS esquerdo DESVIO DE EIXO PARA DIREITA: Sobrecarga VD IAM parede lateral BDPI esquerdo * Pré-excitação ventricular pode desviar eixo para D ou para E, dependendo da localização da via acessória. DESVIO DE EIXO PARA EXTREMA DIREITA (180° a 270°): Mesmas causas de desvio para D Dextrocardia (pode tbm desviar para D) Inversão eletrodos membros superiores (pode tbm desviar para D) 7 7 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 E quando o ritmo origina no ventrículo (marcapasso ventricular, TV), como fica o eixo ventricular? Depende da origem do ritmo no próprio ventrículo. Portanto, nesses casos, NÃO caracterizamos o eixo cardíaco (exceto com intenção de localizar a origem da despolarização ventricular). Ou seja, só falamos de eixo cardíaco se o ritmo for supraventricular (nascer nos átrios) e se sistema condução elétrico for íntegro. Como diferenciar essas diferentes causas? O segredo está na ONDA P!!!! Se eixo normal (+D1 e +aVF) da onda P Desvio eixo ventricular p/ extrema D. Nesse caso, NÃO é inversão eletrodos e nem dextrocardia (pois essas duas mudam o eixo da onda P). Fazer dx diferencial com todas as causas de desvio para D. Se eixo anormal (-D1 e +aVR) da onda P Desvio eixo onda P desviado para D ou extrema D. As 2 causas são: o Inversão de eletrodos dos membros superiores o Dextrocardia Desvio isolado eixo ventricular NÃO afeta onda P. Pois, alteração eixo de onda P indica que TODO o coração (átrio + ventrículo) está com o eixo trocado (inversão eletrodos ou dextrocardia). Como diferenciar inversão de eletrodos dos membros e dextrocardia? Inversão de eletrodos: QRS e onda P com eixos anormais apenas no plano frontal (pois inversão de eletrodos é somente nos membros). Ou seja, QRS de padrão normal no plano precordial (QRS predominantemente negativo em V1, com progressão para onda R > S em V5/V6). Dextrocardia: eixo QRS anormal tanto no plano frontal quanto no plano precordial, pois TODO o coração está invertido. Portanto, no plano horizontal teremos QRS predominantemente negativo em V1, com progressão para onda R > S em V5/V6. RESUMINDO.... 1º passo) Identifique se o eixo cardíaco está para D ou para extrema D 2º passo) Analise padrão/eixo da onda P. o Eixo onda P normal: onda +P em D1, D2 e aVF; e -P em aVR Origem ventricular o Desvio eixo onda P no plano frontal: -P em D1 e aVF; +aVR Troca de eletrodos membros ou Dextrocardia 3º passo) Olhe eixo QRS no plano horizontal (para diferenciar troca de eletrodos e dextro) o QRS com eixo normal (negativo em V1 com transição para positivo em V5-V6): Inversão de eletrodos nos membros (problema apenas nas derivações frontais) o QRS com eixo invertido (positivo em V1 e negativo em V6): Dextrocardia. 8 8 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 D – Onda P e Intervalo PR ONDA P Como deve ser uma onda P normal? As melhores derivações para ver onda P são D2 e V1: • D2: está bem no eixo normal da onda P (em torno de 60°) • O vetor de despolarização do AE (para esquerda e para posterior) se afasta de V1, portanto é negativo em V1. Como podemos identificar no ECG que a onda P é sinusal, isso é, de origem no nó sinusal? Através do eixo da onda P. Quando a onda P é sinusal, os átrios são despolarizados de cranial p/ caudal e da D p/ E. Assim, o eixo normal da onda P é de 0°a 90°. Portanto, onda P positiva em D1, D2 e aVF (podendo ser isoelétrica em D1 ou aVF). Além do eixo, quais as outras características de uma onda P normal? Duração normal: <120ms (3 quadradinhos) Amplitude normal: <0,25mV em D2 (2,5mm) Em V1: onda P pode ser bifásica (despolarização AD seguida da do AE) Quando eu posso afirmar que a onda P tem eixo “ANORMAL”? Quando ela é negativa em D1 e/ou aVF. Existem 3 causas para isso: • Onda P de origem não sinusal. Ex.: Ritmo atrial ectópico. • Inversão de eletrodos dos membros superiores. Nesse caso, QRS tem eixo anormal no plano frontal (devido à troca de eletrodos), mas normal no plano horizontal. • Dextrocardia: Aqui QRS tem eixo anormal tanto no plano frontal quanto no plano precordial (pois o coração inteiro está virado). Como diferenciar SAE de SAD? SAE SAD duração onda P (≥120ms), geralmente com entalhe (ONDA P MITRALE) OU amplitude da onda P em D2 para ≥0,25mv (2,5 quadradinhos) ONDA P PULMONALE (onda P alta em D2) Parte negativa onda P em V1 com duração ≥40ms e amplitude ≥0,1mV (≥1 quadradinho duração e amplitude ÍNDICE DE MORRIS) INTERVALO PR Medido do começo onda P até o início do QRS. Sua maior parte representa o retardo fisiológico de condução do nó AV (segmento PR). Duração normal=120-200ms. 9 9 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 E – Complexo QRS COMPLEXO QRS Por que o complexo QRS tem duração tão estreita? Duração normal QRS= <100ms. A duração normal da onda P já vimos que ≤120ms. Isso acontece pq o ventrículo (apesar de maior massa) possui um sistema rápido de condução da atividade elétrica intraventricular (sistema de fibras de Purkinje). Quais as duas condições necessárias para que o QRS seja tão estreito? • Ritmo de origem supraventricular: o estímulo precisa nascer no nó sinusal, nó AV etc. Ou seja, acima do ventrículo. Caso contrário, teremos um QRS alargado. • Sistema His-Purkinje intacto: o sistema de condução intacto permite uma ativação rápida e sincronizada dos ventrículos. Caso contrário, teremos um QRS alargado. Quais as causas de QRS alargado? Sempre que há demora para ativação da massa ventricular o QRS alarga. Isso pode ocorrer por 2 motivos: • massa ventricular (sobrecarga ventricular): se sistema condução intacto, o alargamento do QRS é bem pequeno. • Ativação lenta dos ventrículos: (1) Ritmos de origem ventricular (marcapasso ventricular, TV); (2) Doença do sistema de condução elétrica intraventricular (bloqueios ramo); (3) Condução ventricular por via acessória (feixe de Kent). Em quais situações temos alteração na amplitude do QRS? AMPLITUDE: sobrecargas ventriculares (SVD e SVE) AMPLITUDE: baixa voltagem ventricular: • Critérios p/ baixa voltagem: o PLANO FRONTAL: Amplitude total QRS (+ e -) < 0,5mV (5mm=5 quadradinhos) em todas as derivações o PLANO PRECORDIAL: Amplitude QRS <1mV (10mm) • Causas de baixa voltagem: obesidade, DPOC com enfisema, derrame pericárdico, doença infiltrativa (como amiloidose ou hemocromatose), IAM extenso, hipotireoidismo, cardiomiopatia dilatada. Abaixo temos um ECG com baixa voltagem no plano precordial: 10 10 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 F – Segmento ST, Ondas T e U SEGMENTO ST Segmento ST é medido do final do complexo QRS até o início da onda T (lembrar que segmentos não incluem ondas). O segmento ST inicia-se no ponto J (final QRS). Normalmente, o segmento ST é plano, isoelétrico e na mesma posição vertical do segmento TP (linha de base). Quais são as alterações no segmento ST? • Supradesnivelamento ST: elevação segmento ST em relação à linha de base (segmento TP) • Infradesnivelamento ST: depressão segmento ST em relação à linha de base (segmento TP) Quais as duas morfologiaspossíveis para o supra ST? CÔNCAVO: pode ser IAM, mas também pode ser pericardite e repolarização precoce. CONVEXO: altamente sugestivo de IAMCSST. Veja o exemplo abaixo: O que devemos analisar no infra ST? Diferentemente do supra (onde analisamos concavidade), no infra analisamos o aclive, o qual pode ser de 3 tipos: • Ascendente: NÃO representa isquemia miocárdica • Horizontal: isquemia miocárdica • Descendente: isquemia miocárdica 11 11 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 ONDA T Onda T= repolarização ventricular. Normalmente é positiva, exceto nas derivações à D (V1, aVR ou D3). Geralmente tem a mesma direção do QRS. Sua amplitude normal é <6mm nas derivações plano frontal e <10mm nas precordiais. Quais as 3 classificações das alterações da onda T? • Alterações primárias da repolarização ventricular Isquemia miocárdica; Doença SNC; Ondas T apiculadas em hipercalemia; Sd do coração partido (Takotsubo); Displasia arritmogênica VD. • Alterações secundárias da repolarização ventricular Sobrecarga ventrículos; Bloqueios de ramo; Pré-excitação Repolarização anormal 2ª à despolarização ventricular anormal!!! Sobrecarga ventricular: onda T pode estar invertida e assimétrica na direção oposta à voltagem principal do QRS. Ex. na magem ao lado. Bloqueio ramo: onda T pode estar invertida e assimétrica na direção oposta à onda terminal indolente do QRS. • Alterações inespecíficas da repolarização ventricular Aqui as ondas T são achatadas ou minimamente invertidas. Como o nome já diz, essas alterações NÃO SÃO específicas para nenhuma patologia. Exemplo: alterações inespecíficas da repolarização ventricular; repare as ondas T achatadas em V4, V5 e V6. ONDA U Onda U= deflexão logo após a onda T, que representa a repolarização das fibras de Purkinje. Maioria das vezes é ausente. Melhor vista em V2 e V3. Amplitude é pequena. * Importante excluir onda U quando formos quantificar o intervalo QT (por meio da regra da tangente), pois, em algumas situações (como taquicardia) a onda U pode se fundir à onda T. 12 12 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 G – Intervalo QT INTERVALO QT Intervalo QT= é medido do começo do QRS até o final da onda T. DICA: ao medir intervalos, sempre escolher o intervalo mais longo. Esse intervalo varia inversamente proporcional à FC: • FC: intervalo QT (pois intervalo RR) Portanto, devemos fazer o QT corrigido (QTc) para a FC. A fórmula mais usada para isso é a FÓRMULA DE BAZETT. Fórmula Bazett: QTc= QT/raiz quadrada de RR (segundos) • Intervalo RR em seg= 60bpm/FC • Limite superior normal do QTc: Homem=450ms; Mulher=470ms Qual o principal risco de se ter um QT longo? É o risco de Torsade de Pontes Taquicardia ventricular polimórfica com potencial p/ PCR e morte súbita. Quando QTc ≥ 500ms o risco ↑ significativamente. No exemplo abaixo o intervalo QT mede 360 ms. A FC é 75 bpm. Logo, o intervalo RR é 0,8s (60/75). Usando a fórmula de Bazett, temos que o QTc é 360/√0,8, ou seja, 405ms. Portanto, está normal. Quais as duas armadilhas para medir intervalo QT? 1) Cuidado para NÃO incluir artefatos (aquilo que destoa do resto) 2) Cuidado para NÃO incluir onda U Quando a onda T e a onda U estão fundidas, obtém-se o QT usando a tangente do aclive descendente da onda T p/ evitar incluir onda U. Como medir QT e QTc em ritmos irregulares? Usamos a REGRA RÁPIDA: QT normal= qdo QT é menos da metade do intervalo RR. Se QT > metade RR (se FC normal=50 a 115) = QT alargado. Como medir QT e QTc quando QRS é alargado? É importante saber que QRS alargado NÃO contribui para o risco de Torsades de Pointes. Portanto, para que o QRS alargado não “falseie” o intervalo QT usamos a FÓRMULA DE BOGOSSIAN, quando QRS for >120ms: • Medir QRS e intervalo QT • Reduzir intervalo QT, tirando metade QRS • Calcular QTc a partir do intervalo QT reduzido Quais os principais grupos de drogas que ↑ QT? Conduta? Anticonvulsivantes, agentes de motilidade, antipsicóticos, ATB e anti- histamínicos. A conduta frente ao ↑ QT é suspender a droga e repetir ECG para constar a ↓ QT. 13 13 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 H – Sobrecarga Ventricular É caracterizada por um ↑ amplitude do vetor em direção ao ventrículo hipertrofiado. Isso pode mudar a direção do vetor do QRS e desviar o eixo: (1) para E = SVE; (2) para D = SVD. SVE SVD CRITÉRIO DE SOKOLOW-LYON: amplitude onda S em V1 + onda R em V5 ou V6 > 3,5mv (ou seja, mais do que 7 quadradões) ESSENCIAL: Desvio do eixo p/ D (>110°) CRITÉRIO DE CORNELL: amplitude onda R em aVL + onda S em V3 >2mV em mulheres e >2,8mV em homens (20 e 28 quadradinhos, respectivamente) ESSENCIAL: Onda R dominante em V1 (R > S ou R > 7mm) SAE SAD Alteração 2ª repolarização ventricular (PADRÃO STRAIN) Alteração 2ª repolarização ventricular (PADRÃO STRAIN) Desvio eixo QRS p/ E (pode acontecer) Alargamento mínimo do QRS (100- 120ms) Alargamento mínimo do QRS (100- 120ms) Qual o melhor critério eletrocardiográfico para SVE? É o CRITÉRIO DE ROMHILT-ESTES. Porém, por ser complexo, é pouco usado na prática clínica. Exemplos: SVD: Desvio do eixo p/ D (D1 negativo, aVF positivo), e onda R > S em V1 SVE: Critério Sokolow-Lyon. Amplitude de S em V1 + R em V5 = 53mm. Há também alteração 2ª repolarização ventricular (padrão strain = onda T e segmento ST seguem a direção oposta à polaridade dominante do QRS). 14 14 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 I – Bloqueios de Ramo ANATOMIA: Normalmente, o estímulo elétrico nasce supraventricular, mais especificamente no nó sinusal, e segue para o nó-AV. Depois, temos o feixe His, que se divide em ramo D e ramo E, o qual se subdivide em divisão anterossuperior e inferoposterior. O que acontece quando há BRE ou BRD? O ramo normal (não bloqueado) despolariza o seu respectivo ventrículo normalmente, causando um QRS normal na parte inicial. PORÉM... o ventrículo com o ramo bloqueado se despolariza de forma lenta (célula a célula), resultando em um QRS alargado (>120ms). Quais as 2 condições necessárias para QRS estreito? Ritmo de origem SUPRAventricular + Sistema condução intraventricular (ramos D e E) intacto. BRE BRD QRS ≥ 120ms QRS ≥ 120ms QRS monofásico negativo em V1 (QS), já que toda a despolarização do VE se afasta de V1 (do VD p/ VE). Onda r inicial pequena ou ausente Onda R ou R’ terminal larga e positiva em V1 (significa que 1º despolarizou VE e depois o VD, este cél a cél) QRS monofásico positivo em derivações laterais (D1, aVL, V5 e V6) Onda S terminal e indolente (alargada) em derivações laterais (D1, aVL, V5 e V6) Alteração 2ª repolarização ventricular (aqui não chamamos de padrão strain) Alteração 2ª repolarização ventricular (aqui não chamamos de padrão strain) 15 15 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 REGRA PRÁTICA PARA DIAGNOSTICAR BDAS E BDPI: Para determinar a presença de BDAS é identificar o desvio do eixo p/ E primeiramente e depois excluir outras causas de desvio do eixo (SVE, BRE, IAM parede inferior e pré-excitação ventricular). Por fim, verifica-se a presença de morfologia característica (rS em derivações inferiores e qR em derivaçõeslaterais). O mesmo vale para BDPI: Primeiramente identifique o desvio do eixo p/ D e depois exclua outras causas de desvio do eixo p/ D (SVD, IAM parede lateral e dextrocardia). Por fim, verifica-se a presença de morfologia característica (rS em derivações laterais e qR em derivações inferiores). O que significa o termo “Bloqueio incompleto ramo D”? Situação onde há morfologia de BRD (onda R ou R’ terminal em V1 e onda S terminal em derivações laterais), mas a onda terminal NÃO alarga o QRS completamente (fica com duração de 100-120ms). Quais são os bloqueios divisionais do ramo E? BDAS BDPI QRS < 120ms (não alarga por completo, pois a outra subdivisão consegue despolarizar o VE de forma eficiente) QRS < 120ms Desvio eixo p/ E (<-45°) Desvio eixo p/ D (> 90°) Complexo qR em derivações laterais (D1 e aVL) e rS em derivações inferiores (D2, D3 e aVF) Complexo rS em derivações laterais e qR em derivações inferiores 16 16 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Outros tópicos em bloqueios de ramos: (1) Os BRE e BRD podem ser intermitentes, dependentes da FC. Veja o exemplo: O paciente apresenta QRS estreito a uma FC normal de 75 bpm. Quando o paciente desenvolve FA com resposta ventricular rápida e uma FC de 140 bpm, surge o BRE. (2) BLOQUEIO BIFASCICULAR = BRD + bloqueio divisional (habitualmente BDAS) Esse tipo de bloqueio bifascicular é muito comum da Doença de Chagas. Veja o exemplo: Observe a morfologia típica de BRD em V1, com QRS alargado e onda R terminal indolente em V1 (seta), e onda S terminal indolente em V6. Além do BRD, há desvio do eixo para a esquerda (+D1 e – D2) com padrão típico de BDAS (r pequena em derivações inferiores, seta). 17 17 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 J – Pré- Excitação Ventricular ANATOMIA: Abaixo veja a representação do esqueleto fibroso, responsável por isolar eletricamente os átrios dos ventrículos. Logo, a única comunicação elétrica entre as câmaras superiores e inferiores é o nó AV. O nó AV retarda o estímulo elétrico entre a despolarização atrial e a estimulação ventricular. Esse retardo da condução elétrica no nó AV faz parte do intervalo PR. Essa mesma função protege o ventrículo quando há uma taquiarritmia atrial, como FA, evitando uma frequência ventricular demasiadamente elevada. O que significa via acessória? Diz-se que há uma via acessória de comunicação atrioventricular (feixe de Kent) quando há uma comunicação elétrica entre os átrios e os ventrículos, que evade o nó atrioventricular. Nesses casos, quando a despolarização atrial atinge a via acessória, o estímulo já é conduzido para o ventrículo mesmo antes do nó AV permitir a comunicação elétrica com o ventrículo. O resultado disso é um intervalo PR curto (<120ms) e uma onda lenta e indolente (alargada) no início do QRS (diferente dos bloqueis de ramo, que alargam no final do QRS), chamada de ONDA DELTA (seta). A onda delta é lenta porque não se utiliza do sistema His-Purkinje para despolarizar o músculo cardíaco (nesse caso a despolarização é lenta, de célula a célula). Quando o estímulo passa pelo nó AV, a despolarização ventricular ocorre de forma normal (QRS alargado na porção inicial, mas o final ocorre normalmente). Via acessória conduz do A p/ V = condução anterógrada PR curto e onda delta = Via acessória manifesta. Via acessória conduz do V p/ A = retrógrada ECG normal = Via acessória oculta. Qual o problema da via acessória? Em ritmo sinusal, nenhum, mas elas podem participar de arritmias importantes. 18 18 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 OBSERVAÇÃO: O termo síndrome de Wolff-Parkinson-White indica a presença de uma via acessória de condução atrioventricular associada a qualquer manifestação clínica, seja as taquiarritmias da via acessória, palpitações ou morte súbita abortada. Na ausência de quaisquer sintomas relacionados à via acessória, o termo mais correto é dizer “pré-excitação ventricular”. Há basicamente dois grupos de arritmias relacionadas a vias acessórias: Taquicardia por Reentrada Atrioventricular (TRAV): Forma-se um circuito de reentrada que utiliza a via acessória, o átrio, o nó AV, e o ventrículo. Em outras palavras, o estímulo desce pelo nó-AV e sobe pela via acessória, gerando um QRS estreito. Fibrilação atrial (FA) com pré-excitação: Normalmente, em FA, o nó AV protege o ventrículo de uma frequência ventricular muito alta. Se houver FA com uma via acessória hígida, isto é, capaz de conduzir muito rapidamente para o ventrículo, a frequência ventricular pode ser altíssima, causando até mesmo uma fibrilação ventricular. As características desse ritmo perigoso são: o Ritmo irregular, pois trata-se de FA o QRS alargado, pois a condução para o ventrículo é por via acessória o Frequência ventricular bastante elevada (>200 bpm geralmente) o Os complexos QRS podem ter morfologias diferentes, pois cada QRS é formado a partir de uma combinação diferente de despolarização ventricular via nó AV e via feixe acessório de pré-excitação. o Apesar de morfologias diferentes, o eixo ventricular permanece o mesmo, isto é, o QRS não muda de polaridade na mesma derivação. Essa característica diferencia a FA com pré-excitação ventricular do torsades de pointes (taquicardia ventricular polimórfica por QT longo). Exemplo: FA com pré-excitação ventricular. Repare na FC elevada (200 bpm), ritmo irregular, QRS alargado e com morfologias diferentes, porém eixo cardíaco fixo. 19 19 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 K – Eletrólitos e Doenças Sistêmicas HIPERCALEMIA: As alterações características de hipercalemia se manifestam nas ondas T a partir de potássio ≥6 mEq/L. As ondas T aumentam de amplitude e ficam apiculadas, com base estreita (onda T em tenda). Com o progressivo dos níveis de potássio, também há progressão nos achados eletrocardiográficos. Com o potássio acima de 6,5 a 7 mEq/L, há um alargamento do complexo QRS e intervalo PR. A onda P se achata e pode desaparecer. Com o K ainda maior (K>7-8mEQ/L) temos o RITMO SINUSOIDAL (gravíssimo, muito próximo à parada cardíaca). É caracterizado pela junção total entre onda T apiculada + QRS alargado + achatamento onda P CLÍNICA: Algumas condições me fazem suspeitar de hipercalemia: DRC, IRA, falta de hemodiálise, IC tomando diurético poupador de K. TRATAMENTO: Gluconato de cálcio (estabiliza a membrana dos miócitos e me dá tempo de ↓ K, enquanto impedimos a FV). Podemos reduzir o K de várias formas: HD emergência, hidratação + diurético, laxativo, glicoinsulina, etc. HIPOCALEMIA: As alterações são opostas à hipercalemia As principais características do ECG são: Achatamento da onda T Proeminência da onda U Infra de ST leve Alargamento intervalo QT (>600ms) 20 20 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 A hipocalemia é particularmente perigosa em pacientes com QT longo (risco de torsades de pointes) e pacientes que fazem uso de digitálicos. CÁLCIO: intervalo QT vai na direção oposta à do Ca. HIPERCALCEMIA: intervalo QT curto • Ausência do segmento ST e fusão do QRS com onda T HIPOCALCEMIA: intervalo QT longo • Oalargamento é no segmento ST Exemplo: Hipocalcemia com intervalo QT longo por alargamento do segmento ST. O intervalo QT mede 440 ms. A FC é 75 bpm. Portanto, o QTc é 494 ms pela fórmula de Bazett. DIGITÁLICOS: A classe de digitálicos, como a digoxina, é utilizada no tto de IC e FA. O uso dessas drogas pode causar a chamada IMPREGNAÇÃO DIGITÁLICA (efeito esperado do remédio). Isso é diferente de intoxicação ou dose excessiva. A impregnação digitálica caracteriza-se por um infra de ST em formato côncavo (chamado de “colher-de-pedreiro”), achatamento de onda T e encurtamento do intervalo QT. O uso excessivo de digitálicos ou quando há insuficiência renal pode causar INTOXICAÇÃO DIGITÁLICA, caracterizada por arritmias específicas, sendo 2 as mais importantes: Taquicardia atrial com bloqueio atrioventricular 2:1 ou de alto grau Fibrilação atrial com BAV de 3º grau e ritmo de escape juncional. 21 21 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 DROGAS ANTIARRÍTMICAS: CLASSE IC: propafenona e flecainida. Bloqueiam canais Na, retardando a despolarização miocárdica ECG: Alargamento QRS. CLASSE III: sotalol e dofetilida. Bloqueiam canais K, retardando a repolarização miocárdica ECG: Alargamento do intervalo QT. CLASSE IA: quinidina, procainamida e disopiramida. Bloqueiam canais de Na e canais de K ECG: Alargamento do QRS e do QT. AMILOIDOSE: É caracterizada pela infiltração do tecido miocárdico por proteínas disfuncionais chamadas de AMILOIDES. Estas depositam-se no interstício, gerando uma espécie de lixo no MEC, podendo “falsear” uma hipertrofia ventricular. Isso porque o que realmente existe NÃO é hipertrofia, mas deposição de proteína amiloide, que espessa a parede do ventrículo (muito bem vista no ecocardiograma) e ↓ atividade elétrica. Temos 2 tipos de proteínas amiloides: Amiloidose por cadeias leves (AL): produzida no contexto de uma gamopatia monoclonal Amiloidose transtirretina (ATTR): pode ser hereditária ou mutante (wild-type). A principal característica de amiloidose no ECG é a baixa voltagem ou voltagem normal, de forma desproporcional ao ↑ espessura da parede ventricular. As áreas eletricamente inativas devido ao depósito de proteína amiloide podem se manifestar no ECG como onda Q patológica, gerando um aspecto de pseudo-infarto (parece infarto prévio, mas na verdade é amiloidose). O depósito amiloide pode afetar também o tecido de condução, causando bradiarritmias, particularmente bloqueio atrioventricular. Exemplo: amiloidose, com baixa voltagem, desproporcional à espessura da parede ventricular no ecocardiograma a seguir. Repare também a presença de ondas Q em derivações inferiores (D3 e aVF), indicando a presença de área eletricamente inativa (pseudo-infarto). 22 22 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA: Aqui, diferentemente da amiloidose (↑ espessura, mas não é hipertrofia muscular), temos uma HIPETROFIA DO MÚSCULO. É uma doença genética autossômica dominante com penetração incompleta (isto é, nem todo mundo que tem o gene vai desenvolver a doença), resultando em sobrecarga ventricular global ou regional, na ausência de causas secundárias de sobrecarga ventricular (estenose aórtica, HAS). Caracteriza-se, a nível celular, por uma desordem estrutural dos miócitos e fibrose intersticial. As principais implicações clínicas dessa doença são: Obstrução da via de saída VE, principal causa de sintomas Disfunção diastólica Morte súbita É uma doença autossômica dominante, com necessidade de rastreamento diagnóstico em parentes de 1º grau de afetados. Lembrar que: ECG normal não exclui dx. O screening dos parentes de 1º grau é feito com o ECOCARDIOGRAMA. A cardiomiopatia hipertrófica apical (sd Yamaguchi) caracteriza-se no ECG por inversão simétrica e profunda das ondas T nas derivações precordiais. Importante fazer correlação clínica para se fazer dx diferencial com outras doenças que invertem difusamente ondas T (alterações isquêmicas, p ex). Exemplo: cardiomiopatia hipertrófica apical, com inversão simétrica e difusas de ondas T no plano precordial. DISTÚRBIO DO SNC: Particularmente causas vasculares e tumores no SNC podem causar alterações características no ECG, manifestando-se com inversão difusa de ondas T, simétricas e com base alargada, além de alargamento do intervalo QT. Bradiarritmias também são comuns quando há aumento da pressão intracraniana. 23 23 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 EMBOLIA PULMONAR: O TEP gera ↑ súbito da resistência arterial pulmonar, gerando uma série de alterações ao ECG. O achado eletrocardiográfico mais comum no TEP é taquicardia sinusal, como é de se esperar em qualquer condição onde se ↓ volume sistólico, pois há ↑ FC na tentativa de preservar o DC. Outros possíveis achados eletrocardiográficos na embolia incluem: Bloqueio incompleto de ramo D Alterações do segmento ST Onda T em derivações à direita S1Q3T3 (D1 com onda S, D3 com onda Q e com onda T invertida). HIPOTERMIA: O padrão típico é a onda J de Osborn: deflexões bruscas no ponto J (junção do QRS com segmento ST), na mesma direção do complexo QRS. 24 24 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Aulas Ciclo Clínico Ao todo são 10 aulas no Ciclo Clínico, com os seguintes temas: L – Isquemia Miocárdica M - IAMCSST N – Área Eletricamente Inativa O – Ritmo Sinusal e Extrassístoles P – Bradiarritmias Q – Taquiarritmias Supraventriculares Regulares R – Taquiarritmias Supraventriculares Irregulares T – Taquiarritmias Ventriculares S – Ritmos de Marcapasso U – Abordagem Sistêmica ao ECG de 12 Derivações 25 25 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 L – Isquemia Miocárdica Como são divididas as sds clínicas de doença coronariana aterosclerótica? Doença estável (angina estável/SCC): é um dx clínico, confirmado por testes complementares (funcional ou anatômico) Testes funcionais para isquemia: teste ergométrico, ecocardiograma de estresse, cintilografia cardíaca Testes anatômicos para avaliação de placa aterosclerótica: angioTC coronárias, angiocoronariografia por cateterismo. A clínica da angina é: DOR PRECORDIAL ou um equivalente anginoso (ex. dispneia) COM ESFORÇO, aliviada com repouso ou nitrato. Anatomicamente: lesão fixa em 1 ou + artérias (ex.: 80% descendente anterior). Essa estenose fixa NÃO limita fluxo p/ seu território em repouso, mas impede hiperemia necessária p/ acompanhar ↑ demanda metabólica. O desequilíbrio entre oferta sangue e demanda miocárdica = ISQUEMIA. Sds coronarianas agudas (SCA): caracterizadas conforme ECG e troponina (marcador de necrose miocárdica). IAM com supra ST (IAMCSST) SCA sem supra ST (IAMSSST) Clínica: DOR TORÁCICA em repouso ou que inicia com esforço e persiste em repouso + Equivalente anginoso (dispneia, desconforto epigástrico) em repouso + Progressão acelerada de angina. Na ausência supra ST, sãos os marcadores de necrose miocárdica diferenciam IAMSSST de angina instável: IAMSSST: TROPONINA + Angina instável: TROPONINA - Em outras palavras: Podemos ter angina ESTÁVEL (placa estabilizada, sem ruptura e pcte assintomático, devendo controlarFR), angina SCA (qdo a placa de gordura se rompe ou tem erosão, expondo conteúdo necrótico e inflamatório, causando trombose no lúmen da coronária). Quando o trombo for TOTALMENTE OBSTRUTIVO chamamos de IAMCSST (isquemia transmural). Se PARCIALMENTE OBSTRUTIVO chamamos de IAMSSST (isquemia subendocárdica). Lembrar que a perfusão coronariana é de fora para dentro, isto é, do epicárdio para o endocárdio. Portanto, quando temos estenose luminal parcialmente obstrutiva, vai passar só um pouquinho de sangue, que vai perfundir primeiro o epicárdio e só depois o endocárdio. Portanto, o que difere angina instável de IAMSSST? O grau de lesão. Lesão miocárdica mais intensa causa necrose, ou seja, IAM, liberando troponina no sangue = IAMSSST (pois NÃO ocluiu totalmente o lúmen da coronária). 26 26 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 RECAPITULANDO.... Pcte assintomático: sem obstrução significativa para causar sintomas. CD: tratar FRs. Angina estável: lesão obstrutiva estável assintomático em repouso. Mas, ao esforço, pcte tem processo fisiopatológico chamado isquemia miocárdica (demanda O2 > oferta O2). SCA: placa que se rompeu o SCA sem supra ST: oclusão parcial. Entre as sem supra ST temos 2 subdivisões: Angina instável: TROP - IAMSSST: TROP + o SCA com supra ST: oclusão total (transmural) ATENÇÃO: O ECG não diferencia angina estável da SCA sem supra ST, mas só me mostra a isquemia miocárdica. Então, o que difere angina estável de IAMSSST? A clínica (em 1º lugar) e, depois, a troponina!!!! Exemplo 1: Pcte refere dor torácica há 6m quando corre. Mas, quando senta, alivia a dor = ANGINA ESTÁVEL (ou seja, reforço= dor torácica; repouso= alivia a dor De forma crônica (6m, nesse caso). Se fizéssemos o ECG nesse pcte no momento que ele sente a dor torácica, conseguimos pegar a isquemia no ECG (é o que fazemos no teste ergométrico). Exemplo 2: Pcte dá entrada no PS e refere dor torácica há 1 hora = SCA (placa rompeu há pouco tempo). Exemplo 3: Pcte chega no ambulatório e refere dor torácica (nunca sentida antes) aos mínimos esforços, há 2 semanas = SCA. Portanto, isquemia no ECG pode ter na estável, instável e IAMSSST!!! Se temos um pcte no PS com dor torácica e o ECG veio NORMAL, o que devemos fazer? Devemos seriar o ECG, pq isquemia é um processo dinâmico (vai e vem), diferentemente do IAMCSST. ECG normal NÃO exclui isquemia. 27 27 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Essa fisiopatologia acima é do IAM tipo I (ruptura placa, erosão endotélio e formação trombo). Lembrar que temos outros subtipos de IAM, como IAM tipo II (problema NÃO é ruptura de placa, mas é o ↑ absurdo da demanda, como em quadros de sepse, choque, anemia grave). Como é o ECG na isquemia miocárdica? São 3, lembrando que basta uma OU outra: Infra ST ≥ 0,5mm em 2 ou + derivações contíguas (olham a mesma parede do coração. Ex.: D2, D3 e aVF= parede inferior), com morfologia horizontal ou descendente Ondas T invertidas e simétricas em ≥2 derivações contíguas, particularmente se houver mudança em relação ao ECG de base Ondas T de Wellens (também chamadas de Plus Minus). Como diferenciar isquemia de alteração 2ª repolarização ventricular? SEMPRE correlacionar com a clínica. P ex.: Se pcte NÃO está com dor torácica, não está com isquemia miocárdica. Outra coisa importante é SEMPRE olhar o ECG de base (antigo). P ex.: Se há 3 anos, pcte tinha bloqueio de ramo e infra; e agora tem o mesmo bloqueio de ramo e infra. Logo, provável que esse infra seja alteração 2ª, e não isquemia. E se eu tiver somente o ECG atual, tem como diferenciar isquemia de alteração 2ª repolarização ventricular? SIM!!!! Lembrar que não tem como vc falar em repolarização 2ª se você não tem a coisa 1ª, que, no padrão strain, é a SV. Além disso, alteração 2ª = coisa 1ª + morfologia típica de alteração 2ª. Essa morfologia típica é um infra segmento ST e onda T invertida de forma assimétrica, parecendo o símbolo da nike invertido (não precisa ter os dois ao mesmo tempo) no sentido oposto da polaridade maior do QRS. Se for SV (coisa 1ª): a alteração 2ª é caracterizada por onda T e/ou infra ST no sentido oposto da polaridade maior do QRS; Se for BR (coisa 1ª): a alteração 2ª é caracterizada por onda T e/ou infra ST no sentido oposto à onda final do QRS. RESUMINDO... Quando vc ver o infra ST ou onda T invertida, o que fazer 1º? Primeiro prove que NÃO é alteração 2ª. Somente depois podemos ver se é ou não isquemia. Ou seja, para falar que é isquemia eu tenho que provar antes que NÃO é alteração 2ª repolarização ventricular. Assim como infra ST, não é toda onda T que indica isquemia. Então quais são os critérios para considerar onda T indicativa de isquemia? São basicamente 2 critérios: Inversão simétrica de ondas T em ≥ 2 derivações contíguas, com amplitude mínima de 1mm DICA RHANDERSON: no mesmo ECG, quando fIzermos dx de BRE NÃO devemos, de maneira geral, fazer dx de SVE ao mesmo tempo. 28 28 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 DICA RHANDERSON: no ciclo básico aprendemos descrições morfológicas. Aqui no ciclo clínico vamos partir para os diagnósticos. Logo, quando estivermos laudando um ECG de pcte com dor torácica, NÃO falaremos de inversão de ondas T (descrição morfológica), mas laudaremos como “isquemia miocárdica” ou como “alteração 2ª repolarização ventricular”. Excluindo-se alterações secundárias da repolarização ventricular Quais as características da sd de Wellens? São basicamente 3: Dor precordial: pode ser ativa (em andamento) ou com resolução recente Ondas T bifásicas (tipo A) ou profundamente invertidas (tipo B) em V2-V3 (podendo se estender até V5-V6) Segmento ST isoelétrico ou supra < 1mm em V2-V3. Qual o passo a passo para fazer o diagnóstico de isquemia no ECG? 1º) Vejo se é IAMCSST (quadro mais grave). “SUPRA É SUPREMO!!!!!!” 2º) Vejo se tem alteração 2ª repolarização ventricular: BR ou SV (coisa 1ª) + morfologia típica de alteração 2ª (ondas T invertidas e/ou infra ST) 3º) Vejo se tem isquemia cardíaca (que pode ser qqr uma das três aq seguir: angina estável, angina instável e IAMSSST). Exemplo: Ondas T Wellens tipo B (75%). Perceba que em V2 e V3 as ondas T são bifásicas e em V4, V5 e V6 elas são profundamente invertidas. Observe que o ECG acima tem a mesma morfologia das ondas T cerebrais (sangramento intracraniano). Por isso, SEMPRE CORRELACIONAR COM A CLÍNICA!! Contexto é dor precordial? Pensar ondas T Wellens. Lembrar que o padrão Wellens indica uma isquemia em território extenso, geralmente com estenose de alto grau em descendente anterior proximal. Logo, a presença de ondas T de Wellens no ECG de paciente com SCA confere um risco elevado, com indicação de reperfusão precoce. 29 29 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 O cateterismo acima mostra lesão em DA proximal. Esse achado, junto com ECG acima, caracteriza a SD DE WELLENS: isquemia de alto risco. Pcte com estenose subtotal (ainda tem um restinho de lúmen patente, por isso não é IAMCSST). Quais os 4 critérios presentes em uma isquemia extensa/grave? Amplitude do infra ST: quanto maior amplitude do infra, maior o grau de acometimento da isquemia (pior prognóstico) Nº de derivações acometidas: pior prognóstico Supra de aVR com infra difuso: quanto maior o supra, pior Onda T Wellens: isquemia alto risco, como DA proximalATENÇÃO: o que define gravidade da isquemia NÃO é apenas o ECG, mas também a clínica. Ex.: Vc deu muito nitrato e pcte ainda está com dor OU pcte com EAP (pode ter ECG com isquemia não muito importante, mas o pcte está encharcado, ou seja, tem isquemia grave que causou EAP). Exemplo: Pcte dá entrada no OS com dor torácica e vc pega o seguinte ECG: 1º) Olhar se é IAMCSST: nesse caso, não preenche critérios para IAMCSST 2º) Ver se é alteração 2ª repolarização ventricular. Nesse caso, não é. Apesar de ter os critérios de Sokolow-Lyon, mesmo assim não tem morfologia típica de alteração 2º (onda T invertida e/ou infra ST na polaridade oposta QRS) 3º) Ver se tem algum sinal de isquemia. Nesse caso, temos infra ST em D2, D3 e aVF (parede inferior). LAUDO: “Isquemia cardíaca grave”. Grave pq tem infra difuso em todos os grupos de derivações, além de ter supra em aVR (esse supra não é IAMCSS, mas apenas indica isquemia extensa/grave). Exemplo: Pcte chega ao PS com dor precordial e faz o seguinte ECG. É alteração 2ª ou isquemia cardíaca? 30 30 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Temos uma morfologia de ondas T invertidas difusamente em 2 derivações contíguas (D2, D3 e aVF, bem como em V3-V6), amplitude mínima de 1mm. Nesse caso, não é IAMCSST e nem tem a coisa 1ª (BR ou SV), portanto, não pode ser alteração 2ª. Logo, com a clínica de dor precordial o que nos resta é laudar: “Isquemia miocárdica”. 5 pilares do manejo do pcte com SCA: Dor Antitrombótico Medicamentos adjuvantes Comorbidades Estratificação de risco e revascularização ECG não é só para dar dx, mas também serve para estratificar o risco do pcte!!! ATENÇÃO!!! Lembrar que esses critérios, exceto a onda T Wellens, NÃO localiza a isquemia, ou seja, infra ST horizontal em derivações anteriores, podemos dizer que ECG sugere isquemia cardíaca, mas NÃO que a isquemia é em parede anterior. Diferentemente das ondas T Wellens que me indicam que a isquemia foi na DA proximal. 31 31 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 M e N – IAMCSST e Área Eletricamente Inativa Como é a fisiopatologia do IAMCSST? Relembrando que pcte assintomático é aquele tem placa estável e a cd é controlar os FR. Pcte com angina estável é aquele que tem placa estável, mas sente dor precordial aos esforços. Nesse caso a cd é dar os remédios (antianginosos e aspirina), mandar p/ a casa e encaminhar ao cardiologista. Já na SCA há ruptura da placa (instável), ocorre naquele pcte que chega com dor torácica aguda, e pode ser de 3 tipos: Angina instável: trop -, clínica pode ser de 3 tipos: dor precordial em repouso OU dor anginosa nova OU dor anginosa com progressão rápida. ECG: alteração de isquemia (tema da aula N) IAMSSST: trop +. ECG: alteração de isquemia (tema da aula N) IAMCSST: obstrução completa do lúmen arterial, causando isquemia transmural (afeta todas as camadas do coração, ou seja, isquemia do epicárdio até o endocárdio). Por isso, o tto indicado imediatamente para evitar ou minimizar o infarto/ necrose miocárdica é a reperfusão arterial. o TTO IAMCSST: indicação imediata da reperfusão arterial, a qual pode ser feita através de uma angioplastia 1ª (preferível, desde que disponível em tempo hábil) ou com trombolítico. O ECG deve ser feito em até 10min após a entrada do pcte ao hospital, para que possamos excluir o estado mais grave, que é o IAMCSST. Portanto, a fisiopatologia do IAMCSST envolve a ruptura do trombo e formação de um trombo totalmente oclusivo. Lembrar que: placas não obstrutivas também podem se romper. Ou seja, podemos ter um pcte assintomático, em que a placa oclui 20% da coronária, porém, ao se romper obstrui totalmente o lúmen e o pcte morre por morte súbita (FV devido ao IAM). Como é o ECG no IAMCSST? A oclusão total lúmen artéria gera isquemia transmural, causando um padrão no ECG, variando conforme o tempo de oclusão da coronária: Primeiros minutos ONDA T HIPERAGUDA (e não “T apiculada”, pois T apiculada é morfologia, e T hiperaguda é dx) Minutos a horas SUPRA ST (devido à isquemia transmural). Se tem 12 a 24h de início dos sintomas e pcte ainda sente dor e supra ST, a cd é revascularização (abrir a artéria ocluída). Porém, se já passou mais de 12-24h de início sintomas e pcte já não tem mais dor, a cd é manejar as complicações de um IAM não revascularizado. Se a artéria não for aberta (revascularização) = infarto se completa, ou seja, a área isquêmica começa a morrer totalmente (necrose/ perda irreparável do tecido) ONDA Q PATOLÓGICA (varia, mas é comum aparecer a partir de 3h do início do IAM). 32 32 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 V1 e V2 estão sobre a parede septal. As artérias septais são ramos da DA. Portanto, IAM de DA envolve parede anterior (com ou sem parede septal). Não existe IAM septal. Se pegou V1, pegou septo. Já V6 está posicionado mais na parede lateral E. Supra em V6= parede lateral. Supra em V5= pode ser tanto anterior ou lateral, isto é, se V4+V5=parede anterior; se V5+V6= parede lateral; V4+V5+V6= anterolateral). V5 é um coringa!!!! Lembrar que para ser derivações contíguas não necessariamente precisam ser derivações de mesmo plano (frontal ou precordial). Ex.: D1 é derivação contígua de V6. aVR NÃO é derivação contígua com ninguém, ela é isolada!!! NÃO pode pular derivações: ex.: falar que tem IAM se tiver supra só em V1 e V3, mas V2 inteiramente normal. ONDA T HIPERAGUDA: caraterizada por ↑ amplitude e formato apiculado. Geralmente em derivações precordiais (anteriores) e presente até mesmo antes do supra ST, desaparecendo dentro da 1ªh. Isto é, geralmente NÃO está mais presente quando o ECG inicial é feito (pois raramente o paciente chega ao hospital tão rapidamente). SUPRA ST: dx isquemia transmural, localizando a isquemia ao território onde ele aparece (≠ infra ST e inversão onda T). Parede anterosseptal: V1*, V2 e V3 Parede anterior: V1, V2, V3 e V4 Parede anterolateral: V4-V6*, D1 e aVL (pega mais lateral) Parede anterior extensa: V1-V6, D1 e aVL (septo, anterior e lateral) Parede lateral: D1, aVL, V5 e V6 Parede inferior: D2, D3 e aVF. Quais são os critérios para supra ST? - Elevação ponto J e do segmento ST o ≥ 1 mm amplitude, exceto em V2 e V3 Em V2 e V3, a amplitude do supra deve ser: Mulher: ≥ 1,5mm Homem > 40 anos: ≥ 2mm Homem jovem < 40 anos: ≥ 2,5mm - Supra deve estar presente em 2 derivações contíguas (ex.: V5 e V6= lateral; D2 e aVF= inferior) IAMCSST pode ter tanto côncavo quanto convexo. Ambos podem ser IAMCSST, porém, o convexo fala mais a favor, enquanto o côncavo também pode ser pericardite e repolarização precoce. EXEMPLO 1: pcte chega ao PS e faz o seguinte ECG. Qual o laudo? LAUDO 1: “IAMCSST de parede anterolateral”. Perceba que temos supra em V1-V5 e D1 e aVL. Portanto, provável infarto anterolateral. Relembrando: Isquemia subendocárdica: INFRA ST (angina instável e IAMSSST); Isquemia transmural: SUPRA ST (IAMCSST). 33 33 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 EXEMPLO 2: pcte chega ao PS e faz o seguinte ECG. Qual o laudo? LAUDO 2: “IAMCSST de parede inferior”. Perceba que temos supra em D2, D3 e aVF. Portanto, infarto parede inferior. Quais as possíveis evoluções a longo prazo do IAMCSST no ECG? Isquemia transmural= supra ST. O 1º CENÁRIO é o melhor, ou seja, é aquelepcte que passou pela reperfusão imediata (trombolítico OU angioplastia, que nada mais é do que cateterismo e abrir a artéria com balão/stent). Isso faz com que o ECG volte ao normal. Portanto, músculo não necrosou. 2º CENÁRIO: não deu tempo de reperfundir OU tentou passar stent e a artéria não abriu OU passou 12h. Nesse caso, podemos ter necrose (parcial ou total). Essa necrose gera no ECG a onda Q patológica (pode persistir por meses ou anos). 3º CENÁRIO: formação do aneurisma, sendo formado em área mais extensa e quando não há vascularização local. Ex.: pcte que infartou o ápice do VE e quando o coração contrai esse ápice não contrai concomitantemente, mas apenas se expande (ausência músculo viável). Esse exemplo é o famoso aneurisma de ápice ou de ponta. A longo prazo esses pctes com aneurisma têm no ECG o chamado supra ST persistente (pode persistir por meses ou anos, além de ter também a onda Q patológica). Quais os critérios para dizer que há onda Q patológica? 2 derivações contíguas ≥ 40ms de duração Amplitude ≥ 0,1mV (1 quadradinho) Prof. Rhanderson disse: Dias ou semanas iniciais pós-IAMCSST também podemos ter inversão onda T ao ECG. Podendo ter inversão onda T persistente. Exemplo: Se vc pega o ECG do pcte e vê onda Q patológica, vc deve inferir que esse pcte já infartou antes. Porém, se ao mesmo tempo tem onda T invertida, essa T invertida já NÃO é mais específica para isquemia, pois pode ser um resíduo de um infarto prévio, assim como a onda Q patológica. Prof. Rhanderson disse: O nome do laudo não é onda Q patológica (isso é morfologia), é área/zona eletricamente inativa (AEI). Ou seja, essa área possui mais atividade elétrica, pois tem fibrose (necrosou). Os vetores de despolarização da área acometido apenas se afastam (não há, portanto, vetores positivos por isso a onda Q é negativo, pois se afasta da área necrosada). Lembrando que as ondas Q patológicas NÃO me dão ideia de tempo (pode ter sido IAM há 1sem ou há 1 mês). Elas só indicam que, em algum momento, naquele território, teve IAM prévio. 34 34 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Quais os dx diferenciais de onda Q patológica? OLHAR NA AULA PRÁTICA AULA N (QUE SERÁ GRAVADA) Em qual cenário de evolução se encontra o ECG abaixo? Esse pcte infartou previamente em paredes anterior e inferior. Principalmente na anterior, pois na inferior ainda temos uma ondinha r em aVF. Veja que em V1 temos uma onda Q patológica (morfologia QS), bem como em V2 e V3. Em V4 não, pois nele já temos uma onda R pequenininha. LAUDO: “AEI de parede anterosseptal”. Lembrar que se tiver onda r eu não posso chamar de onda Q patológica (exemplo no ECG acima é na derivação aVF). Mas, provavelmente, com o passar do tempo, nessa derivação também teríamos onda Q patológica, pois a onda r vai perdendo voltagem até se transformar na Q. EXEMPLO: Qual a evolução do ECG abaixo? LAUDO: “AEI de parede inferior”. Perceba que em D3, p ex, o QRS começou com onda negativa com mais de 1mm de profundidade e mais de 1mm de duração, ou seja, é uma onda Q patológica (mesmo tendo onda r depois, isso não importa). Portanto, onda Q patológica em D2, D3 e aVF. O que você vê no ECG abaixo? O que significa? Em V1-V3 vemos onda Q patológica (≥ 1 quadradinho de duração e amplitude em ≥ 2 derivações contíguas). Além disso, também temos supra ST nessas três derivações. Onda Q patológica + Supra ST presentes no mesmo eletro: 1ª HD: IAM em evolução (ex.: dor há 6h e chega no PS com esse eletro, ainda com dor). CD é revascularizar. 35 35 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 2ª HD: pcte sem dor torácica e IAM prévio há 5 anos Aneurisma (supra ST persistente) CONCLUSÃO: só pelo ECG eu não sei o dx. Quem vai me falar o dx é a clínica!! Esse entalhe significa que tem um repolarização anormal do QRS. RECAPITULANDO.... Existem 3 formas de ter supra ST no ECG: Supra de IAM em evolução (está ocorrendo isquemia transmural naquele momento) Supra persistente (aneurisma) Supra transitório: pcte infartou e, a longo prazo, evolui com AEI (necrosou). Mas durante alguns dias o supra pode persistir transitoriamente e depois sumir e ficar somente a onda Q patológica. É possível ter IAMCSST sem a presença do supra ST? SIM!!! Existem 2 possibilidades: IAMCSST na fase inicial: manifestado, no ECG, com onda T hiperaguda IAMCSST com onda T de De Winter: cerca de 3-5% dos eletros 1 a cada 20 pctes terão essa morfologia) ONDA T DE DE WINTER: precisa de 2 critérios: Infra ponto J (final QRS) + onda T apiculada em derivações precordiais (V1-V6). Precisa necessariamente ter as duas alterações na mesma derivação. NÃO precisa estar em 2 derivações contíguas e nem em todas as derivações precordiais. Quando temos onda T de De Winter a artéria acometida é a DESCENDENTE ANTERIOR (DA). Diferentemente da T hiperaguda, a onda T de De Winter pode persistir por mais tempo no ECG. EXEMPLO: Qual o laudo do seguinte ECG? LAUDO: “IAMCSST em parede anterior”. Temos onda T de De Winter em V2, V3, V4. Sendo que em V4 temos a morfologia típica de T De Winter (infra ponto J + T apiculada). 36 36 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Localização do infarto e artéria acometida: ANATOMIA No coração, em posição anatômica, temos 4 paredes: Anterior: pega a parte anterior VE Septal: entre VE e VD Lateral: pega a parte lateral VE Inferior: pega a parte posterior VE (e não o ápice, pois o coração está deitado no diafragma e a porção inferior é a parte posterior do VE Por isso, IAM parede inferior (D2, D3 e aVF) dão muitas alterações abdominais, como dor epigástrica, náusea e vômito, devido ao estímulo nervo vago/vagal). PAREDES VENTRICULARES EIXO LONGO Lembre-se que as a. coronárias se originam da parte ascendente da aorta: CORONÁRIA D: o Descendente posterior (DP): origina da coronária D em 85% das pessoas (lembrar que quem define a dominância é a coronária que emite a DP). Em 10% pessoas a DP vem da CX. Até 5% das pessoas têm 2 DP (1 da DA e 1 da CX codominantes). o Ramo marginal TRONCO DE CORONÁRIA E: o Descendente anterior (DA): desce pelo sulco interventricular anterior (entre VD e VE). Dela sai um ramo septal, que irriga o septo interventricular o Circunflexa (CX): dá a volta no sulco AV à E (assim como faz a coronária D no lado oposto) SENDO ASSIM: PAREDE ANTERIOR E SEPTAL V1-V4/V5 Sempre DA (paredes anterior, anterosseptal, anterolateral e anteroinferior, nesse último caso devido à DA longa) PAREDE LATERAL D1, aVL, V5 e V6 Pode ser DA ou CX. Anterolateral = DA Lateral isolada = CX (podendo ser a DA também) Isso pq a parede lateral pode ser irrigada tanto pela CX, através do ramo marginal obtuso, quanto pela DA, através do ramo diagonal (menos comum infartar) 37 37 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 PAREDE INFERIOR D2, D3 e aVF Sempre DP. Só que pode ser coronária D dominante ou CX dominante. Como distinguir pelo ECG?? Pela companhia, como demostrado logo abaixo: Inferior + VD = Coronária D dominante Inferior + parede lateral = CX dominante E quando infarta só parede inferior? Na maioria das vezes o infarto é na coronária D, simplesmente pq 85% pessoas é a coronária D que origina DP IAM DE VD IAM de VD é uma causa importante de choque cardiogênico.Sendo que 5- 10% pctes chegam no PS com IAM instável, ou seja, já com o choque cardiogênico (hipotenso, parada cardíaca, EAP etc). Qual a principal causa de choque cardiogênico no pcte com IAMCSST? É o IAMCSST em parede extensa (BAMI). Ex.: Pcte que infarta a DA proximal perde as paredes lateral (pelo ramo diagonal), septal (ramo septal) e anterior (DA) Ou seja, pcte perdeu 3 das 4 paredes de forma imediata!! A 2ª causa de choque cardiogênico seria IAM de VD (não é IAM extenso, mas de parede inferior). A fisiopato envolve o não funcionamento do VD, que gera ↓ pré-carga do VE (ou seja, VD não funciona e daí não chega sangue no VE). É um choque cardiogênico que se parece com choque hipovolêmico. Pulmão estará limpo, ou seja, não terá EAP (pq não tem sangue indo p/ pulmão, pois VD infartou). Logo, também não chega sangue no VE. CD: evitar drogas que ↓ ainda mais a pré-carga, tais como MORFINA e NITRATO. E adm drogas que ↑ pré-carga, ou seja, expansão volêmica. RECAPITULANDO..... IAM extenso (IAM) NÃO FAÇO REPOSIÇÃO VOLÊMICA (pois pcte já está em EAP) IAM VD FAÇO REPOSIÇÃO VOLÊMICA (pois pcte não está em EAP) * Em ambos os casos acima, o que causa esse pcte é a REPERFUSÃO IMEDIATA!! Quando suspeitar de IAM de VD??? R= Pensar quando pcte tem IAM de parede inferior (principalmente se pcte estiver instável hemodinamicamente, como ↓PA). Isso pq, quando o pcte infarta VD ele infartou a coronária D proximal (dominante também irriga a parede inferior em 85% das pessoas). 38 38 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 IAM DE PAREDE “POSTERIOR” Território posterior é um território específico entre o território lateral e inferior (tbm chamada de ínfero-lateral em outros exames da Cardio Eco, TC, RM). Mas lembrar que NÃO EXISTE verdadeiramente no coração uma parede posterior (isso se deve ao nome cunhado há década, visto que o ECG é uma técnica que precede aos exames mais recentes da cárdio). O IAM de parede “posterior” pode ser eletricamente SILENCIOSO, pois não é representado no ECG de 12 derivações. Para vermos, temos que fazer um ECG com derivações que pegam a parte “posterior”, que seriam V7, V8 e V9. Ou seja, pcte pode infartar apenas a área ínfero-lateral e, mesmo assim, o ECG convencional pode estar normal. Mas a clínica do pcte é muito característica (dor torácica persistente). Portanto, mesmo assim suspeite do IAMCSST de parede “posterior”, pedindo as derivações posteriores. Como colocar essas derivações? Arrancamos V4, V5 e V6 e migra eles para posição mais distal, ou seja, substituímos por V7, V8 e V9. Para não nos confundirmos na hora de ler o ECG, vamos lá com uma caneta e riscamos V4-V6 e colocamos no lugar V7-V9 (onde procuraremos os supras ST). Qual a outra maneira de fazer dx de IAM com parede "posterior”?? É o que chamamos de IMAGEM EM ESPELHO!! Ou seja, teremos supra ST em V7, V8 e V9 e infra ST nas derivações opostas, que são V1 e V2. Ou seja, suspeite SEMPRE que vc ver infra ST isolado em V1 e V2 e pcte tem clínica de dor torácica. Agora se infra estiver presente em várias outras derivações (V1-V5, p ex) você deve pensar em isquemia cardíaca. Alterações em espelho ou alterações recíprocas Quando tem IAMCSST, as derivações opostas ao supra apresentam um infra. Vejo um exemplo no ECG abaixo: No ECG acima temos supra em D2, D3 e aVF (parede inferior) do tipo côncavo. Veja que em D1 e aVL temos infra ST, mas não é isquemia. Mas, como o SUPRA É SUPREMO, o único dx possível para esse ECG é IAMCSST. 39 39 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 PORÉM... esse infra ST surgiu por conta do espelho do supra (e não da AEI). Ou seja, como temos supra nas derivações inferiores, o mesmo supra pode aparecer como infra nas derivações laterais (opostas às inferiores). Qual a importância das alterações em espelho? É que elas só acontecem em IAMCSST. Não acontecem, p ex, em pericardite e nem em repolarização precoce. Quais derivações são opostas umas às outras? PLANO FRONTAL: inferior com lateral (e vice-verso) PLANO PRECORDIAL: V1 com V2 (infarto de VD); V7, V8 e V9 (IAM parede “posterior”). Diagnóstico diferencial de supra ST Pericardite: pcte tbm sente dor torácica Repolarização precoce: alteração benigna (variação fisiológica) que não tem nada a ver com dor torácica. Comum em adultos jovens, que apresentam um “suprinha” BRE: ausência dor torácica Sd de Brugada: cardiopatia arritmogênica e ausência dor torácica Sd de Takotsubo: PERICARDITE AGUDA: manejo é totalmente diferente de IAMCSST. A pericardite nada mais é que inflamação do pericárdio. A pericardite tbm evolui em estágios no ECG, mas diferentemente do IAMCSST que evolui em horas, a evolução aqui é lenta (semanas). Temos estágios diferentes: (1) supra ST; (2) normal; (3) inversão onda T; (4) normal. Do ponto de vista prática, NÃO precisamos saber a evolução, pois o pcte chega na emergência e ambulatório com supra ST. E aqui que devemos entrar para diferenciar do IAMSST. CLÍNICA PERICARDITE: dor torácica pleurítica que melhora ao inclinar pra frente e piora ao decúbito dorsal. ECG: supra difuso de ST (pois inflama todo o pericárdio), do tipo côncavo e infra segmento PR. Diferentemente do IAMCSST, no qual temos supra em derivações diferentes, p ex, anterior e lateral, MAAAS, não temos anterior, lateral e inferior ao mesmo tempo (ou seja, infartou tudo). 40 40 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Abaixo temos um ECG de pericardite: supra ST côncavo em todos os grupos de derivações laterais, anteriores e inferiores (difuso) Outro sinal que também ajuda a diferenciar IAMCSST de pericardite (mas não é um sinal absoluto) é o SINAL DE SPODICK (presente na maioria dos casos de pericardite e na minoria dos casos de IAMCSST). O sinal de Spodick está presente quando temos um aclive descendente do final da onda T até o começo da onda P. E o DERRAME PERICÁRDICO?? Ele não tem nada a ver com o IAMCSST. Devemos nos lembrar que uma das causas mais comuns de tamponamento cardíaco é a pericardite. Nesses casos, maiorias das vezes temos ECG normal. O padrão-ouro pra dx é o ECOCARDIOGRAMA (coração balançando no meio de um derrame pericárdico volumoso “swinging heart”). Porém, ao ECG, temos 2 achados que podem falar a favor de tamponamento cardíaco: baixa voltagem e alternância elétrica (na mesma derivação a amplitude do QRS sobe e desce presente em D2 no ECG abaixo). REPOLARIZAÇÃO PRECOCE A morfologia do supra é: supra ST pequeno, côncavo (máx 2mm), geralmente localizado e em parede anterior (V1-V4) ou inferior (D2, D3 e aVF). Lembrar que a CLÍNICA É SOBERANA!!! BRE Lembrando que para ser BRE temos que ter QRS alargado + morfologia típica de BRE (QRS monofásico negativo em V1 + QRS monofásico positivo em paredes laterais). Nesse caso NÃO é Q patológica, pois o próprio BRE causa Q negativa (QRS monofásico). Em outras palavras.... Viu BRE, não existe dx de AEI. Porém, em alguns ECG (como abaixo) eu posso ter BRE com supra. Esse supra ST no BRE = Alteração 2ª da repolarização ventricular. Mas como diferenciar do IAMCSST? VER TÓPICO SOBRE!!! SD DE BRUGADA A sd de Brugada NÃO tem nada a ver com dor torácica. É tipo QT longo (mutação canais K). Na Brugada temos mutação dos canais de Na. É uma 41 41 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 cardiopatia arritmogênica, que gera síncope,taquiarritmias ventriculares e morte súbita. Ecocardiograma normal. ECG: Elevação ponto J e segmento SR arqueado (e não convexo) em V1, V2 e V3, com onda T negativa. P ex. Brugada não dá em D2, nem aVL. * Esse supra não precisa estar em todas as derivações. É muito comum de V1 a V2. Quando, portanto, pensar em Sd Brugada? Em pcte JOVEM com síncope ou com histórico familiar de morte súbita (doença genética autossômica dominante). A maioria dos pctes terá essa alteração também no ECG base. MAAAS... alguns pctes só manifestam Brugada quando tomam uma droga (medicamentos que pioram a função dos canais de Na). Outro quadro que manifesta a Brugada é a febre 9comum na faixa etária pediátrica infecção viral morte súbita). CD: se suspeitou, encaminhar para cardiologista. Como diferenciar BRE com supra de IAMCSST? O ramo E é muito mais grosso que o ramo D, por isso o BRD é mais comum que o BRE. Temos 3 formas de BRE e IAMCSST estarem associados: IAM causando BRE: isso é grave e comum em IAM extenso (DA proximal). Esse pcte evolui mal (choque cardiogênico, hipotenso etc) IAM em pcte BRE prévio BRE sem IAM Critérios de Sgarbossa Quando usar? Sempre frente a um BRE ou marcapasso ventricular. ANTIGO: Esse critério ajuda a diferenciar as três situações acima, principalmente BRE sem IAM e IAM em pcte com BRE prévio. Nesses critérios de Sgarbossa 42 42 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 vamos olhar se o supra é uma alteração 2ª por conta do bloqueio de ramo ou se é um processo à parte (IAMCSST na presença de um BRE). Esses critérios só valem depois de fazer dx de BRE no ECG. São 3 critérios: SUPRA ST CONCORDANTE (em qqr derivação e basta apenas 1) = 5 pts: no mesmo sentido da polaridade do QRS (o que diferencia da alteração 2ª repolarização ventricular) INFRA CONCORDANTE NAS DERIVAÇÕES V1, V2 E V3 = 3 pts: infra no mesmo sentido do QRS, pois QRS é negativo em V1-V3 quando temos BRE SUPRA ST DISCORDANTE E EXCESSIVO (>5mm) = 2 pts CRITÉRIO SGARBOSSA POSITIVO: ≥ 3 pts (S=20%; E=98%) MODIFICADO: supra concordante em D2, infra concordante em V2 e supra discordante e excessivo em D3 e aVF. NÃO precisa necessariamente ter os 3 critérios (basta 1) ao mesmo tempo conforme o Sgarbossa modificado (criado para melhorar a sensibilidade do exame). No modificado o supra concordante é um critério independente (não mudou nada), nem como o infra dependente. A única coisa que mudou foi que a amplitude do supra agora NÃO precisa mais ser ≥ 5mm, ela precisa ser >25% da amplitude da onda S (ST/ > 25%). CLÍNICA: BRE novo ou presumidamente novo NÃO é mais considerado, por si só, critério de dx IAMCSST de forma isolada. Precisa ter outros critérios, como os de Sgarbossa ou evidência no ecocardiograma de IAMCSST. 43 43 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 O – Ritmo Sinusal e Extrassístoles O que é RITMO SINUSAL? É quando a condução se inicia no nó-sinusal. O nó sinusal e o nó AV possuem automaticidade, se autodespolarizando e mandando o estímulo elétrico para o restante do coração. * Não são dos miócitos em si, mas das céls His-Purkinje que estão dentro do ventrículo. CARACTERÍSTICAS DE UM RITMO SINUSAL: Origem do estímulo no nó sinusal (maior automaticidade) Despolarização sequencial dos átrios e ventrículos FC 50-100bpm Como o estímulo, normalmente, nasce no nó-sinusal, a onda P terá uma morfologia característica, uma vez que a despolarização dos átrios é previsível: da D p/ E e de cranial p/ caudal. Isso gera a morfologia típica da onda P no ECG: Onda P positiva em D1, D2 e aVF Onda P negativa em aVR ONDA P DE ORIGEM SINUSAL: Ondas P com a mesma morfologia Intervalo PP e RR regular Ondas Os seguidas de QRS (relação P: QRS 1:1) O que é ARRITMIA SINUSAL? Onda P sinusal. Todo intervalo RR varia um pouco (SNAp). Variação de >160ms entre intervalo PP mais curto e PP mais longo Pessoas saudáveis e jovens Tônus vagal aumentado!!! NÃO tem implicação clínica, pois é fisiológico (não há CD!!) O que é EXTRASSÍSTOLE (ES)? Uma ES é um batimento PREMATURO em relação ao intervalo de base sinusal (fixo, diferentemente da arritmia sinusal, que varia). DICA RHANDERSON: NÃO tem necessidade de olhar a onda P em todas as derivações (D1, D2, aVF e aVR) para saber se é onda P sinusal. BASTA OLHAR D1 e aVF, pois D2 e aVR são redundantes entre si, visto que se tiver positiva em D2, estará obrigatoriamente negativa em aVR. Se negativa em D1 ou aVF a onda P NÃO é sinusal (ou pode ser dextrocardia ou troca de eletrodos). Se D1+ e aVF isoelétrica ainda assim é P sinusal. 44 44 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 CLASSIFICAÇÃO: Podem ser isoladas ou pareadas. Qdo pareadas podem ter padrão bigeminia (1N + 1ES, repetindo em todo o batimento) ou trigeminia (2N + 1ES ou 1N + 2ES, repetindo em todo o batimento). EXEMPLO 1: Qual o tipo de ES abaixo? Extrassístole ISOLADA. EXEMPLO 2: Qual o tipo de ES abaixo? Extrassístole pareada do tipo BIGEMINIA. Quais as origens da EXTRASSÍSTOLE (ES)? Pode ser: ES supraventricular: nasceu no átrio ou na junção AV (juncional). Mas diferenciar essas duas não tem tanta importância prática. Nesse caso, o QRS da ES é estreito. Há onda P antes do QRS sempre que for supraventricular (não precisa ser P sinusal). ES ventricular ou ES supraventricular com condução aberrante: nesse caso, o QRS é alargado 2 opções: ES origem ventricular ou ES supraventricular com condução aberrante. DICA RHANDERSON: O 1º batimento sempre será o ritmo de base, enquanto o 2º batimento representa a ES. Lembrar que intervalo RR mais curto é o que define ES. Sempre olhe a derivação longa para procurar a ES (fica mais fácil de ver). No caso de ES, o ritmo é IRREGULAR. Portanto, devemos usar a regra de ritmo irregular para contar FC (conta qtde QRS em 10s e multiplica por 6). Um dx diferencial é BAV, que também pode dar batimentos agrupados. 45 45 X CURSO INTENSIVO ECG (PROF. RHANDERSON): AULAS CICLO BÁSICO THAÍS RIBEIRO GARCIA – 2022/1 Abaixo temos um ES ventricular, pois QRS está alargado. Mas a pergunta que se segue é: Como é possível alargar apenas a ES, e não os batimentos de base? Pq, p ex., pcte pode ter um ramo E que não funciona tão bem, mas com FC normal o ritmo de base não apresenta QRS alargado (ou seja, não há BRE). Porém, vem uma ES e intervalo que era de 60 virou 120bpm, e aquele ramo E que conduzia bem a 60 agora não consegue conduzir em 120, aí bloqueia. O nome disso é BLOQUEIO DE RAMO FREQUÊNCIA DEPENDENTE. Às vezes o batimento da ES é tão prematuro, que a onda P cai em cima da onda T do QRS anterior. Veja um exemplo abaixo na ES em D2 (com QRS alargado). Essa ES em D2 é supraventricular com condução aberrante (QRS alargado e onda P prematura fundida com onda T). Essa morfologia é de BRE (QRS monofásico negativo em V1). Isso significa que naquele batimento da ES teve um BRE. O que é ES supraventricular bloqueada/não conduzida? Ocorre quando temos uma ES supraventricular (QRS estreito, em que átrio se despolariza primeiro). Nesse caso o átrio se despolariza primeiro, mas o ventrículo não se despolariza, pois, o nó-AV está refratário (pois acabou de conduzir a onda P anterior). Bloqueada pq a ES é tão prematura, que não apenas temos um BRE e BRD, mas um bloqueio do nó-AV (ausência QRS). Isso não é BAV, pois BAV implica uma patologia do nó-AV.
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