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Rio de Janeiro, 11 de Junho de 2020 Aluna: Bruna Carvalho da Cunha/ Matrícula: 20191302632 Disciplina: Morfossintaxe e Ensino da Língua Portuguesa/ Professora: Angela Ensino da Língua Portuguesa ofertado na escola do século XXI não é considerado exemplar, isso de deve a vários fatores, e, segundo (Geraldi (2012, p. 39), não é responsabilidade única do professor, pois é sabido o grande descaso e as más condições que esses profissionais são obrigados a exercer suas funções, principalmente os que atuam no ensino fundamental e médio. Diante disso reconhecemos o quanto a falta de estrutura contribui para a não formação adequada dos profissionais e consequentemente o não ensino correto da Língua Portuguesa. Por outro lado, dado o devido suporte teremos profissionais autônomos e independentes, livre de conceitos ultrapassados e que limitam o ensino e o aprendizado. Nesse sentido faremos reflexões sobre práticas do ensino especificamente de Morfossintaxe nas aulas de Língua Portuguesa, inserindo melhores abordagem para uma maior absorção do conteúdo. Sabemos que sintaxe (ordem, combinação, relação) é uma vertente da gramática que trata dos padrões da base os enunciados e as relações entre os termos nas frases e das frases no texto, no eixo sintagmático (linha horizontal) . É responsável por manter a identidade da língua e sustentar a capacidade comunicativa dos textos, “São as leis sintáticas que promovem, autorizam ou recusam determinadas construções, elegendo-as como "pertencentes à língua Portuguesa" ou como "não pertencentes" (Inez Sautchuk 2010 p. 43-51) Já a morfologia é a parte da gramática que é responsável por examinar a estrutura, a formação e a classificação das palavras. No estudo tradicional da morfologia o aluno é induzido a decorar quais são as classes gramaticais, a qual classe determinada palavra pertence, de forma mecânica sem qualquer aprofundamento e reflexão.Desta maneira a morfossintaxe nada mais é do que a junção das análise morfológica ( estudo de formas) e análise sintática (regras de combinação que regem a formação de frases) Sabemos o quanto a Linguagem e os conceitos citados são importantes na criação de sentido e se abordados corretamente é capaz de desenvolver o processo de comunicação. Entretanto na visão dos alunos esse papel da linguagem não é tão claro. Isso se deve a forma de ensino abordada em sala de aula, afinal, fazer com que eles saibam identificar a classe de palavras e a qual vocábulo pertence, a função sintática de um termo, o valor de um pronome relativo, é válido, mas não o suficiente. A Função principal é fazê-los enxergar qual é a importância dessas estruturas dentro de outra estrutura maior, que é o texto. A primeira vista o ensino gramática tradicional pode parecer imensamente satisfatório, mas de forma alguma pode ser considerado a única forma de ensinar a gramática da nossa língua. Então qual seria a forma correta de abordagem a fim de obter bons resultados na aprendizagem do Português? O professor de português não deve ser aquele que somente passa adiante regras e conceitos da gramática tradicional, mas sim aquele que deixa a disposição dos seus alunos recursos que a língua possui e que garantem a melhor comunicação de acordo com cada situação. A questão é fazer a língua ser entendida como ferramenta a ser tradutora de cada identidade, tirando o “peso” tradicional imposto a quem se aprende. Se tratando da Morfossintaxe, e o ensino da estrutura das orações baseadas no que é ensinado na gramática normativa, a dificuldade se dá na forma em que são distribuídos os termos das orações, que são classificados em essenciais, integrantes e acessórios. Essa divisão pode dar maior ênfase nos termos chamados de “essenciais” de acordo com a visão do aluno, fazendo com que não se perceba a relação entre os constituintes da oração e suas combinações gramaticais. Os termos constituintes da oração são classificados em : 1.Termos essenciais (sujeito e predicado) Predicado - Segundo a gramática normativa, predicado a ação de declarar algo sobre o sujeito numa oração. De acordo com essa afirmação podemos definir o sujeito como o ser sobre o qual se faz a declaração. Destacamos nesse trecho o predicado, já que na identificação dele automaticamente conseguimos identificar o sujeito e vice versa. Há três tipos de predicado o verbal, nominal e o verbo-nominal. O verbal se apresenta segundo Cegalla (2008), “como núcleo, um nome (substantivo, adjetivo, pronome), ligado por um verbo que indica estado (de ligação) ao sujeito”. Já o predicado verbal, segundo Cunha (2001), “aquele que apresenta como seu núcleo um verbo significativo (que expressa ação)”. E, por último o predicado verbo-nominal que, segundo Cegalla (2008)” é a combinação dos dois tipos de predicado, isto é, apresenta dois núcleos, um verbo significativo e um nome com valor predicativo”. O aluno nesse caso necessita que sejam apresentados a ele exemplos concretos desses conceitos para que possa compreender a relação entre esses termos numa oração, e assim saber identificar sua importância na produção textual. Uma boa abordagem nesse sentido seria usar um texto rico em exemplos desse conceito para a prática efetiva textual. Ao final da leitura o ideal seria realizar questionamentos pertinentes em relação ao conceito apresentado para que se tenha um verdadeiro aprendizado e não apenas a chamada “decoreba”. Determinadas perguntas ajudam nesse processo: ex, “Qual é a situação vivida pelo eu lírico?”/ “Na sua opinião, o eu lírico é masculino ou feminino?/ ” De quê ou quem as orações tratam?”/ “Dos dois tipos de predicado, qual deles predomina em determinada estrofe ou parágrafo?/”, “Por que predomina esse predicado?”/ “Qual é a relação existente entre o predicado predominante e o assunto da estrofe?” 2.Termos integrantes (complementos verbais, complemento nominal e agente da passiva): Objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, predicativo (há divergências na inserção do predicativo em integrante) 3.Termos acessórios (adjunto adverbial, adjunto adnominal, aposto e vocativo) Chamam-se ACESSÓRIOS os TERMOS que se juntam a um nome ou a um verbo para precisar-lhes o significado. Embora tragam um novo dado à oração, não são eles indispensáveis ao entendimento do enunciado. [...] ADJUNTO ADNOMINAL é o termo de valor adjetivo que serve para especificar ou delimitar o significado de um substantivo, qualquer que seja a função deste. (CUNHA, 2001, pp.148-149) No trecho anterior, Cunha deixa claro a importância dos termos classificados como “acessórios”, dando ênfase ao Adjunto Adnominal, que segundo ele é essencial para o entendimento do anunciado. Ao examinarmos o exposto, encontramos um contraditório, ao constatarmos que em determinados textos a compreensão só se pode haver devido a presença dos adjuntos. Partindo desse princípio, é correto apresentar esses termos como sendo de uma certa forma “dispensáveis” sendo eles tão importantes para o entendimento do texto? comoprofissionais da área poderiam apresentar da melhor forma essa questão aos alunos? De acordo com Dornelles é preciso: “Mesclar, nas aulas, a forma de abordar os assuntos exigidos pelos parâmetros curriculares nacionais, dando voz ao tradicional ao se apresentar algumas definições e conceitos e, em outro momento, não menos importante, apresentar a aplicação desses conceitos em textos dos mais diversos gêneros, para que o aluno perceba (se), dentro do processo, o poder que a língua (gem) possui e que ele, usuário/ falante dessa língua, pode sim ser o regente dos tantos instrumentos que ela oferece.” (DORNELLES.Pedro.p. 01) Eis aqui um exemplo de texto para ser trabalhado os adjuntos de forma prática facilitando o entendimento. Poema Circense (José Paulo Paes) “Atirei meu coração às areias do circo, como se ativa ao mar âncora aflita. Ninguém bateu palmas. O trapezista sorriu, o leão farejou-me desdenhosamente, o palhaço zombou de minha sombra fatídica. Só a pequena bailarina compreendeu. Em suas mãos de opala, meu coração refletia as nuvens de outono, os jogos de infância, as vozes populares. Depois de muitas quedas, aprendi Sei agora vestir, com razoável destreza, os risos da hiena, a frágil polidez dos elefantes,a elegância marinha dos corcéis Todavia quando as luzes se apagam, readquiro antigos poderes e voo Voo para um mundo sem espelhos falsos, onde o sol devolve a cada coisa a sombra natural e onde não há aplausos, porque tudo é justo, porque tudo é bom” O poema exposto traz algumas alguma estruturas destacadas, para serem analisados pelos alunos no momento da interpretação, cada elemento pertencente ao elemento exposto, treinando a capacidade de identificar núcleos e referenciais dentro do texto. O professor ainda pode questionar o aluno a respeito da importância dos termos na interpretação do texto, para que se perceba o valor do adjunto como determinador do sentido do mesmo. A partir do momento em que se deseja preparar uma aula sobre adjunção, há de se escolher diferentes gêneros textuais para que contenham muitos elementos para exemplificação e aprofundamento do assunto. Assim o resultado da aplicação será a melhor abordagem sem que se exclua totalmente o uso da gramática normativa. Ao exemplificarmos os dois conceitos anteriores chegamos a conclusão que com esse tipo de abordagem feita pelo professor, o aluno conseguirá encontrar e entender a relação entre a instrumentação linguística e o uso efetivo, de forma a facilitar o aprendizado sem se prender a regras intermináveis, sem baní-las, e sim fazer uso do bom senso para que possa entender que o sistema não é maçante, difícil, chato, mas que ele pode e tem a sua disposição ferramentas para que possa desenvolver sua comunicação. Referência Bibliográficas: DUARTE, M. E. Termos da oração. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. F. Ensino de gramática: descrição e uso. 2. ed. 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