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Elaborado por: Brenda Alves | Passei Direto QUESTÃO: De acordo com a nova sistemática jurídica e as relações pessoais, o direito internacional torna-se essencial para a resolução dos problemas e possíveis conflitos. No entanto, há de observar os critérios a serem aplicados. Nesse sentido: Disserte sobre o objeto do Direito Internacional Privado e como a matéria pode ser elucidativa para a solução de conflitos extraterritoriais. RESPOSTA: O direito Internacional privado se preocupa com situações particulares, mas de conteúdo internacional, sendo utilizado para tratar da aplicação de leis civis, comerciais ou penais estrangeiras em relações privadas de caráter internacional. No que diz respeito à definição do Direito Internacional Privado, tem-se alguns autores renomados: Haroldo Valladão, diz que o DIPr é o ramo da ciência jurídica que resolve os conflitos de leis no espaço, disciplinando os fatos, em conexão no espaço, com leis divergentes e autônomas; para Edgar Carlos de Amorim, é o ramo da ciência jurídica que trata da ilicitude das condições do estrangeiro, da aplicação de suas leis e dos conflitos destas com as leis locais; por fim, e não menos importante, Luiz Ivani de Amorim Araújo, diz que é um conjunto de regras de Direito interno que objetiva solucionar os conflitos de lei originários de Estados diversos, indicando, em cada caso que se apresente, a lei competente a ser aplicada. Assim, pode-se observar ainda que a DIPr se refere a aplicação da lei, seja nacional ou estrangeira, a um caso concreto. Não obstante, em relação ao objeto primordial do Direito Internacional Privado, os autores supramencionados concordam que é o conflito de leis ou de ordenamentos. Assim, pode-se citar Haroldo Valladão que diz que o DIPr tem por objeto leis de qualquer natureza que abranjam conflitos de leis no espaço. Além disso, pode-se dizer que o objeto do DIPr é a autorização para que o juiz, ante um fato interjurisdicional, proceda de acordo com a natureza especial do fato, aplicando-lhe, se necessário, lei de outra jurisdição, ou ainda, organizar direito adequado à apreciação do fato anormal, tendo como objetos: resolver conflitos de leis; indicar direito competente para o fato interjurisdicional e indicar direito aplicável ou adequado a esse fato. Corroborado por Maristela Basso, que diz “solucionar o conflito de leis ao indicar a lei material (nacional ou estrangeira) aplicável ao fato jurídico em análise”. Elaborado por: Brenda Alves | Passei Direto A fim de solucionar tais conflitos é que surgem, no Direito Internacional Privado, os elementos de conexão. Essas regras visam definir, a partir do caso fático apresentado, qual é o elo que melhor define a norma aplicável quando da existência dessa dúvida. Em outras palavras, os elementos de conexão cuidam de solucionar os casos concretos, determinando quais leis deverão ser aplicadas a cada situação, destacando-se as peculiaridades de cada caso. Para, então, buscar a melhor aplicação do direito, as regras de conexão são fundamentais na definição da lex fori. Afinal, segundo Haroldo Valladão, os elementos de conexão “são mísseis que transportam as leis de um território de um Estado para o território de outro”. Assim, muitos são os elementos chamados ‘de conexão’. Os principais, citados pela maioria dos autores são: nacionalidade, domicílio e territorialidade. Em relação ao elemento territorialidade, Valerio Mazzuoli afirma que o território é o principal elemento de conexão das normas indicativas ou indiretas de DIPr. É sobre ele, que se localiza determinado imóvel, que certo ato jurídico é praticado, que ocorre determinado fato, em que se encontram certas pessoas, que se fixa a nacionalidade originária jus soli e aeronaves militares. A regra é que o direito de um país somente pode ser aplicado a fatos ocorridos no seu território. No entanto, há algumas situações em que o direito de um país pode ser aplicado para fatos havidos fora de seu território, no que chamamos de extraterritorialidade. Cada país basicamente possui suas próprias normas de Direito Internacional privado, e, por tal razão, o juiz ao aplicar o direito, baseia -se em primeiro lugar na ordem jurídica interna. Se as normas de direito internacional privado indicarem o direito estrangeiro como aplicável, este não impõe ao juiz por força própria. A sua aplicação dependerá da vontade do legislador nacional e nunca do Estado estrangeiro. Quanto ao elemento nacionalidade, é o vínculo jurídico de direito público interno entre uma pessoa e um Estado. A nacionalidade pressupõe que a pessoa goze de determinados direitos frente ao Estado de que é nacional, como o direito de residir e trabalhar no território do Estado, o direito de votar e ser votado (este, conhecido como cidadania), o direito de não ser expulso ou extraditado e o direito à proteção do Estado (inclusive a proteção diplomática e a assistência consular, quando o nacional se encontra no exterior), dentre outros. Existem dois critérios que auxiliam a determinar a aplicação da nacionalidade: a) jus sanguinis; e b) jus soli. A primeira prega que a nacionalidade é determinada pelos laços de sangue, já o segundo estabelece que a nacionalidade é fixada pelo local do nascimento. Edgar Carlos de Amorim, no trecho de sua obra: diz que os países da Europa, com o propósito de serem conservados os laços consanguíneos da nacionalidade com base na raça, sempre Elaborado por: Brenda Alves | Passei Direto adotaram o jus sanguinis como fator determinante de nacionalidade, com exceção apenas do período medieval, conforme dissemos. Enquanto isso, os das américas, principalmente o Brasil, em razão do despovoamento, foram forçados a adotar o jus soli. Percebe-se que a nacionalidade perdeu relevância no cenário atual, devido as crescentes dificuldades de estabelecer a norma aplicável, diante de indivíduos com diversas nacionalidades, o que acarreta insegurança jurídica. Por fim, aplica-se o domicilio a lei local onde é domiciliada a pessoa. Também é utilizado, normalmente, para a determinação da capacidade do estatuto pessoal, como o direito da família e sucessório, sendo predominante nos países de grande imigração, tais como os americanos, mais próximo da realidade das pessoas e de fácil aplicação pelos tribunais locais. Sobre o conceito de domicílio, esta é uma questão complexa, especialmente quando surge dúvida sobre o domicílio da pessoa. Tem-se, assim, o conceito dado pelo CC/2002: art.70 o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Para Del’Olmo, quando houver pluralidade de domicílios, deve se dar preferência ao domicílio nacional. Contudo, parte da doutrina entende que os conflitos de normas de direito internacional privado devem ser resolvidos da mesma forma como se resolvem os conflitos espaciais entre leis civis, comerciais, processuais etc. Isso ocorre em razão desses conflitos possuírem uma mesma natureza, afinal, no fundo e na realidade, tratam-se de conflitos entre as leis do foro e estrangeira. Dessa forma, as questões relacionadas a esses conflitos devem ser solucionadas com justiça e equidade, sem prevenções discriminatórias contra o direito estrangeiro. Ademais, tais conflitos no espaço decorrem de dois fatores: Diversidade legislativa, ou seja, cada sistema jurídico, autônomo e soberano dá tratamento diferente a aspectos sociais; e a existência de uma sociedade transnacional que se caracteriza por proporcionar relações entre indivíduos vinculados a distintos sistemas jurídicos. Em regra, deve prevalecer o direito pátrio, sendo que a aplicação do direito estrangeiro somente pode ocorrer quando houver expressa determinação da legislação interna. Contudo, nos casos em que deve ser aplicado o direito estrangeiro, tal incidência deverá ser afastada quando se verificar que: choca-secom a ordem pública, a soberania ou os bons costumes; fica caracterizada a intenção dos envolvidos de fraudar a legislação interna. A fraude à Lei apresenta dois elementos distintos, um objetivo e outro subjetivo: o elemento objetivo se caracteriza com a prática de ato que, em razão das disposições das leis nacionais, não poderia ser realizado; já o elemento subjetivo se caracteriza pela intenção do agente de fugir da aplicação da lei que Elaborado por: Brenda Alves | Passei Direto regularia a sua situação e, de forma deliberada, buscaria na lei estrangeira o devido amparo de sua pretensão. Dessa forma, como foi visto, o Direito Internacional privado deve ser considerado um sobredireito, pois tem como objetivo indicar o direito aplicável para a solução do litígio, sem, propriamente, incidir sobre a sua solução. Os objetivos mais relevantes correspondem a resolver o conflito de leis e jurisdições. O conflito de leis investiga as relações humanas ligadas a dois ou mais sistemas jurídicos cujas regras materiais não são concordantes, assim como o direito aplicável a uma ou diversas relações jurídicas de Direito Privado com conexão internacional; e o conflito de jurisdições analisa a competência do Poder Judiciário – nacional ou de outro Estado – na solução de situações que envolvem pessoas, coisas ou interesses que extravasam o limite de uma soberania, observando o reconhecimento e a execução de sentenças proferidas no estrangeiro. Além dessas questões, como vimos, o Direito Internacional privado também tem como objetivos de definir a nacionalidade e estabelecer regras sobre a condição jurídica do estrangeiro. Não obstante, para finalizar, falarei brevemente a respeito de pontos introdutórias da disciplina como forma complementar ao assunto discutido anteriormente. Portanto, em relação ao que diz respeito as fontes do DIPr, prevalece o estudo das fontes internas, que são a Lei, a Doutrina, a jurisprudência, os princípios gerais do Direito e os costumes. Há também a incidência de tratados internacionais em que nosso país é um dos pactuantes. De forma breve, a lei é a fonte principal do Direito Internacional privado, sendo que em nosso país, as principais regras estão dispostas do artigo 7º ao 17 da Lei de introdução às normas do direito brasileiro; os princípios gerais do direito são enunciados genéricos que orientam a compreensão e aplicação das normas jurídicas como, por exemplo, “ninguém pode se beneficiar da própria torpeza”; “quem causa prejuízo a outrem deve indenizá-lo”; a doutrina tem particular importância no Direito Internacional privado, afinal, interpreta as decisões judiciais em matéria de direito internacional privado, e com base nas mesmas elabora princípios da matéria; por outro lado, a doutrina serve de orientação para os tribunais, que, muito mais do que nas outras áreas, recorrem à lição dos doutrinadores para decidir questões de direito internacional privado; a jusrisprudência é uma fonte de extrema importância, pois a reiteração de interpretações dadas pelos tribunais indica, em situações fáticas, a forma como, em geral, determinadas questões específicas da disciplina são resolvidas; os costumes, correspondem a uma importante fonte do Direito Internacional privado, sendo caracterizados pela presença de dois elementos: Objetivo, o costume se estabelece pela prática reiterada de determinada conduta, e subjetivo, que é a convicção da obrigatoriedade dessa prática, pois é correta e deve ser respeitada; e por fim, os Elaborado por: Brenda Alves | Passei Direto tratados que são acordos internacionais que materializam os interesses e objetivos dos entes participantes – Estados e organizações internacionais –, buscando a convergência de seus interesses e garantindo o equilíbrio nas relações internacionais. Além disso, o DIPr tem por finalidade, em princípio, indicar ao juiz nacional a norma substancial (nacional ou estrangeira) a ser aplicada ao caso concreto, porém, sem resolver a questão jurídica posta perante a Justiça do foro. REFERÊNCIAS AMORIM, Edgar Carlos de. Direito Internacional Privado. 9. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. ARAUJO, Luiz Ivani de Amorim. Introdução ao Direito Internacional Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990. GOUVEIA, POLLY. Introdução ao direito internacional privado. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/102159439/unidade-iv-introducao-ao-direito- internacional-privado. Acesso em: 05/04/2022 JUSBRASIL. Bárbara Stefany. Conflitos de Leis no Espaço e a Norma de Direito Internacional Privado. Disponível em: https://barbarastefanyy.jusbrasil.com.br/artigos/335778380/conflitos-de-leis-no-espaco-e-a- norma-de-direito-internacional-privado. Acesso em: 05/04/2022 NOVO, Benigno Núñez. A aplicação do direito estrangeiro. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/63938/a-aplicacao-do-direito-estrangeiro. Acesso em: 05/04/2022 SANTOS, Marcelo Loeblein dos. Direito internacional privado. Coleção educação a distância. Série livro-texto. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011. 96p. VALLADÃO, Haroldo, Direito Internacional Privado, v. 1, Ed. Freitas Bastos, 4ª ed., 1974. https://www.passeidireto.com/arquivo/102159439/unidade-iv-introducao-ao-direito-internacional-privado https://www.passeidireto.com/arquivo/102159439/unidade-iv-introducao-ao-direito-internacional-privado https://barbarastefanyy.jusbrasil.com.br/artigos/335778380/conflitos-de-leis-no-espaco-e-a-norma-de-direito-internacional-privado https://barbarastefanyy.jusbrasil.com.br/artigos/335778380/conflitos-de-leis-no-espaco-e-a-norma-de-direito-internacional-privado https://jus.com.br/artigos/63938/a-aplicacao-do-direito-estrangeiro
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