Buscar

historia da surdez

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
INTRODUÇÃO 
Discutir sobre a surdez e seus temas subjacentes exige um posicionamento 
sobre duas questões básicas: a primeira fortemente ligada ao discurso 
bioclínico de normalidade, onde no passado legitimou-se toda uma prática 
com relação a normalização e medicalização do corpo defeituoso do sujeito 
surdo; e uma segunda de ordem cultural, onde a comunidade surda é 
compreendida como um grupo social minoritário com uma cultura inferior, 
quando não sem cultura. Ao me propor olhar para a história dos surdos 
destaco a importância de um olhar fora do convencional, não preocupado 
com a patologia, mas sim com os aspectos culturais. Com base em duas 
correntes teóricas: os Estudos Surdos e os Estudos Culturais, apresento a 
história da surdez ao longo dos séculos. As diferentes concepções de 
surdez e de sujeito surdo ao longo dos tempos. 
Neste capítulo abordaremos da negação do direito de existir na Antiguidade, 
passaremos pela defesa do direito de acesso a educação no século XVI, o 
surgimento das metodologias de ensino para surdos e a constituição de uma 
língua, também serão temas abordados neste capítulo. 
Em oposição ao Congresso de Milão e a proibição do uso da língua de 
sinais, surgem as associações de surdos com o objetivo de organizar a luta 
surda e o reconhecimento de seu ethos. 
Encerraremos nossos estudos com as principais conquistas obtidas pela 
comunidade surda. 
 
 
2 
História da Surdez: o que 
contam sobre os surdos 
Olhar o passado pode ser um recurso, como tantos outros, para se entender 
o presente, questioná-lo e projetar o futuro. Mas antes de voltar nosso olhar 
para o passado é importante ter presente que o “passado oficial” da 
humanidade, a história, enquanto registro científico, é determinada não 
simplesmente pelo fato em si, mas pelo olhar daquele que o registra. Isso 
faz com que nenhum registro seja neutro, há sempre uma intenção por traz 
do que é apresentado. Que é determinado por um grupo, em geral 
dominante responsável por definir o que deve ser lembrado e como ser 
lembrado e o que deve ser esquecido. 
Quantos grupos, quantas tribos, quantos sujeitos, quantos nomes não 
integram o corredor da história da humanidade? Quantos quadros de fatos 
importantes não são disponibilizados na grande exposição da história 
oficial? Muitos, centenas, milhares, não há como saber. Outros surgem em 
um determinado tempo e espaço, quando na realidade sempre sub-
existiram, mas que só passaram a existir por reivindicação, por organização 
política, por luta, mas que ainda assim são descritos e representados 
conforme os olhos dominantes. 
 
 
3 
Com os surdos não foi muito diferente. Por muito tempo não existiram 
historicamente, e quando passaram a existir foram descritos por seus 
opostos, atribuindo-lhe como marca identificatória a incapacidade de ouvir, 
de comunicar-se, o defeito a ser corrigido, a patologia a ser curada. 
Os primeiros registros históricos sobre surdos, remetem a passagens 
bíblicas e escritos sagrados: 
“Quem deu uma boca ao homem? Quem fez o mudo e o surdo, o que vê e 
o cego? Não sou eu o Senhor? Vai, pois e eu serei na tua boca e te 
ensinarei o que hás de falar” (Êxodo,4: 11-12). 
Para a tradição judaica o surdo é considerado um anormal, mas ainda sim 
um filho de Deus, o que significa que está sob sua proteção. 
No antigo Egito os surdos eram considerados seres enviados pelos deuses, 
por isso eram muito respeitados, mas por serem capazes de falar com os 
deuses eram mantidos em segurança e não tinham uma vida social. 
Na Grécia Antiga o direito de viver era concedido somente àqueles que eram 
considerados produtivos, o que na concepção da época não era atribuído 
ao surdo, já que era considerado incapaz de desenvolver linguagem e por 
conseqüência pensamentos, o que os impediria de aprender. Aristóteles faz 
menção à surdez em seus escritos, obviamente ressaltando a marca da 
deficiência e da incapacidade. Para Aristóteles a educação só poderia ser 
obtida através da audição, sendo assim um surdo não poderia ser educado, 
conforme Quirós (1996). Ainda que possa ter ocorrido um problema de 
tradução das obras de Aristóteles como defendem algumas correntes 
 
 
4 
filosóficas, tal afirmação colocou em hibernação a possibilidade de acesso 
a educação dos surdos até o final da Idade Média. 
Sem acesso a educação coube ao surdo viver à margem da sociedade 
mendigando concessões: 
“Plínio, hablando Del arte de la pintura em Roma em su tratado La História 
Natural refiere el caso de Quinto Pódio, el nieto sordo del cónsul romano 
homónimo. Por ser descendiente de la família de Massala, el Imperador 
César Augusto le concedió la possibilidad de cultivar su talento artístico, 
pero no de cursar una carrera normal”. (SKLIAR, 1997, p. 17). 
O cristianismo promoveu uma certa mudança no trato com deficientes, 
portadores de limitações e outras minorias, já não considerados como 
impuros, mas seres inferiores que necessitavam da piedade e benevolência 
dos que aspiram a santidade. Os surdos, no entanto não teriam acesso a 
salvação, já que por não serem capazes de falar não poderiam confessar 
seus pecados. 
Os primeiros registros a cerca de educadores para surdos são do século 
XVI. O médico Girolano Cardano (1501 – 1576) é considerado o primeiro a 
defender o direito à educação dos surdos. Segundo Radutzky (1992) sua 
motivação deve-se ao fato de seu primogênito ser surdo. Porém, é na figura 
do espanhol Beneditino Pedro Ponce de Leon (1520 – 1584) que se 
encontrou a primeira metodologia sistematizada para a educação de surdos, 
que baseava-se na datilologia (representação manual das letras do 
alfabeto), na escrita e na oralização. Ponce de Leon ensinava latim, grego, 
 
 
5 
italiano e conceitos de física e astronomia a surdos filhos de famílias nobres 
espanholas. 
Pode-se dizer que os surdos só tiveram acesso a educação, em virtude de 
sua condição social: 
“Até 1760 apenas surdos provenientes de famílias abastadas tinham 
acesso à educação. Cada tutor desenvolvia sua própria práxis pedagógica 
e a guardava em absoluto segredo. Um segredo que, quando convertido 
em sucesso, conferia fama e muito dinheiro a quem o dominasse. 
Sucesso, por sua vez, que trazia em conseguir que o surdo escrevesse e 
lesse mais do que fazê-lo falar” (SOUZA, 1998, p. 130). 
Outro nome bastante importante na história da educação dos surdos é o do 
abade francês Charles Michel de L’Épee (1712 – 1789), que pesquisou os 
sinais utilizados entre os surdos para comunicar-se, combinando-os com a 
gramática francesa, dando origem aos sinais metódicos, o que não significa 
dizer que L’Épee tenha sido o criador da língua de sinais francesa, na 
realidade os surdos a desenvolveram, mas é através da defesa do abade 
que ela passa a ter credibilidade. 
L’Épee fundou ainda uma escola pública para surdos, em 1771, em sua 
própria casa, onde ensinava surdos pobres e ricos. Em 1785, o Instituto 
para Jovens Surdos e Mudos de Paris, já atendia 75 alunos, um número 
expressivo para a época. A escola é responsável ainda pela formação de 
inúmeros professores surdos. 
 
 
6 
Nesta mesma época, em 1750, surge na Alemanha Samuel Heinick, 
fundador da primeira escola pública utilizadora da metodologia oralista, que 
acreditava ser o ensino da língua oral o único meio de incluir o surdo na 
comunidade geral. 
O século XVIII é considerado o período mais fértil da educação de surdos: 
“Esse período que agora parece uma espécie de época áurea na história 
dos surdos testemunhou a rápida criação de escolas para surdos, de um 
modo geral dirigidos por professores surdos, em todo mundo civilizado, 
saída dos surdos da negligência e da obscuridade, sua emancipação e 
cidadania, a rápida conquista de posições de eminência e 
responsabilidade __ escritores surdos, engenheiros surdos, filósofos 
surdos, intelectuaissurdos, antes inconcebíveis, tornam-se subitamente 
possíveis” (SACKS, 1997, p. 26). 
O professor americano Thomas Hopkins Gallaudet (1742 – 1822), em 1815, 
segue para Europa em busca de dados sobre a educação de surdos. 
Conhece o Instituto fundado por L’Épee e seu método manual de ensinar. 
Em 1817, auxiliado pelo melhor aluno da escola de L’Épee, Laurent Clerec, 
Gallaudet funda a primeira escola para surdos dos Estados Unidos, que 
adota como forma de comunicação uma espécie de francês sinalizado, 
adaptado, obviamente, ao inglês. 
 
 
7 
 
É a partir de 1821 que se inicia o movimento rumo à ASL (Linguagem de 
Sinais Americana), ainda muito influenciada pelo francês sinalizado. 
Somente em 1850 é que a ASL passa a ser utilizada nas escolas 
americanas. Ao mesmo tempo, as escolas da Europa começam utilizar a 
língua de sinais, promovendo assim uma enorme mudança no nível de 
escolarização dos surdos. Através disso eles podem compreender com 
maior facilidade, os conteúdos trabalhados nas disciplinas. 
A Universidade de Gallaudet, a primeira universidade nacional para surdos 
é fundada em 1864 em Washington, nos Estados Unidos, tendo como reitor 
Edward Gallaudet, filho de Thomas Gallaudet. 
 
 
8 
Estima-se que em 1869 havia cerca de 550 professores de surdos e 41% 
dos professores de surdos eram surdos. (LANE, 1989). 
Embora fosse comprobatório o desenvolvimento intelectual dos surdos 
alcançado pela utilização da língua de sinais, o método oralista fortaleceu-
se muito, em função do avanço tecnológico que potencializava o 
aprendizado da fala pelo surdo. Embalados pelo entusiasmo da 
possibilidade de aprendizado da língua oral, muitos profissionais defendiam, 
e até hoje defendem, que a língua de sinais é prejudicial ao aprendizado da 
língua oral. 
Alexander Graham Bell, pesquisador muito conhecido premiado pela 
invenção do telefone, é também, uma das figuras significativas na defesa do 
oralismo, pois afirmava que a língua de sinais era inferior à língua oral e não 
contribuía para o desenvolvimento intelectual dos surdos. Exerceu forte 
influência na votação do Congresso Internacional de Educadores Surdos, 
em 1880, na cidade de Milão, onde os surdos foram impedidos de votar na 
metodologia que seria utilizada em sua educação. Sem a participação dos 
surdos, estabeleceu-se que o método de ensino utilizado na educação de 
surdos seria o oralismo, tornando oficialmente proibido o uso da língua de 
sinais. 
Proibir o uso da língua natural de um povo significa muito mais do que não 
utilizá-la, significa extinguir de forma violenta e silenciosa a identidade 
cultural de uma comunidade inteira. Pois a língua é um importante facilitador 
de compreensão entre os seres humanos. As palavras e os termos de um 
idioma expressam muito mais do que o nome das coisas. O significado 
 
 
9 
carrega em si toda a história de um povo, seus valores éticos, suas crenças, 
mas, sobretudo, sua cultura. 
 
Concentrados todos os esforços no ensino da língua oral, as demais 
disciplinas componentes do currículo escolar foram postas em segundo 
plano, provocando uma significativa queda no nível de escolarização, 
deixando marcas profundas no desenvolvimento lingüístico e cognitivo dos 
surdos. 
Não é possível apagar uma língua como se faz com uma palavra mal escrita, 
pois a língua possui vida própria que independe do poder de um grupo sobre 
outro. 
 
 
10 
Em resposta a tentativa de “adestramento” imposta pelos ouvintes 
justificada através do discurso científico, os surdos começam a organizar-
se em associações para defender sua língua, sua cultura, seu 
desenvolvimento. 
Até a publicação das pesquisas de Stocke, na década de setenta, o oralismo 
imperou em todo o mundo. Stocke procurou demonstrar que a ASL era uma 
língua com todas as características da língua oral, o que suscitou inúmeras 
pesquisas nesta área. Promoveu, assim, o retorno da língua de sinais e 
outros métodos manuais ao contexto escolar. 
Em 1968 surge a Filosofia da Comunicação Total e a partir da década de 
oitenta o Bilingüismo. 
O “surgimento” do surdo 
brasileiro 
Os surdos brasileiros também possuem sua história, que inicia 
“oficialmente” em 1855, com a vinda do professor surdo Hernest Huet, 
francês que, a convite do imperador D. Pedro II, inicia um trabalho, custeado 
pelo governo, com duas crianças surdas. 
Em 26 de setembro de 1857 é fundado o Instituto Nacional de Surdos 
Mudos, posteriormente passou a chamar-se de Instituo Nacional de 
Educação dos Surdos - INES. Inicialmente, esse instituto utiliza a língua de 
 
 
11 
sinais como língua oficial, mas seguindo a tendência mundial referente a 
decisão do Congresso de Milão, em 1911 opta pelo oralismo em toda a sua 
grade curricular. Ainda assim a língua de sinais permaneceu em sala de 
aula até 1957 quando é proibida oficialmente pela diretora Ana Rímola de 
Faria Doria. Num ato de revolta os alunos continuavam a se comunicar em 
sinais pelo pátio e corredores da escola. 
A Comunicação Total chegou ao Brasil somente no fim da década de 
setenta, através de Ivete Vasconcelos, educadora da Universidade 
Gallaudet. 
 
 
 
12 
As pesquisas do lingüista Willian Stoke sobre a língua de sinais americana 
serviram como base para estudos em lingüística na Europa e no Brasil. O 
bilingüismo chega na década de oitenta, através das pesquisas da 
professora lingüista Lucinda Ferreira Brito, sobre a língua de sinais utilizada 
em uma aldeia indígena da Amazônia e a língua de sinais utilizada pelos 
surdos dos centros urbanos. 
Grande parte das conquistas da comunidade surda são resultados das lutas 
e reivindicações articuladas nos movimentos de surdos. As associações e 
clubes de surdos do país são espaços de socialização, constituição e 
discussão da cultura surda e de seus artefatos. 
As associações inicialmente pensadas para dar assistência e informações 
aos surdos constituem ainda hoje em um espaço político, onde articulam-se 
as lutas de uma comunidade local. 
A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – FENEIS, 
fundada em vinte e cinco de novembro de 1988, sob a presidência de uma 
mulher, Ana Regina e Souza Campello, nasceu para mostrar a capacidade 
dos surdos em organizar-se para lutar e pensar propostas de educação, 
defender sua identidade e divulgar a cultura surda e lutar pelos direitos de 
surdos brasileiros. A sede nacional está no Rio de Janeiro e possui 
regionais em vários estados do país. 
O dia do surdo, comemorado no dia 26 de setembro, data da fundação da 
primeira escola de surdos no Brasil, é uma conquista para a comunidade 
 
 
13 
surda brasileira, pois representa, simbolicamente, o reconhecimento de sua 
cidadania, da luta organizada de um grupo minoritário e não de deficientes. 
É válido dizer que mesmo participando da experiência visual do mundo, nem 
todo surdo é igual, haverá diferenças dentro da comunidade surda. Visto 
que a subjetividade é um fator a ser considerado, pois está relacionado aos 
pensamentos que temos de nós mesmos sobre quem somos. No entanto, 
cabe lembrar que o fato dos surdos e surdas terem uma inserção tardia na 
comunidade sua subjetividade é determinada inicialmente no mundo ouvinte 
o que pode gerar marcas profundas. 
“As identidades surdas são construídas dentro das representações 
possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com o maior ou 
menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa 
receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência 
oposicional pela qual o indivíduo representa a si mesmo, se defende da 
homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da 
sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia 
social”. (PERLIN apud STROBEL, 2009. p. 27). 
A língua portuguesa representou por muito tempo um símbolo da cultura 
ouvintee um instrumento de colonização do surdo, quando imposta pela 
maioria dominante como o modelo a ser alcançado na busca por uma 
normalização. Em 2002, depois de muitas lutas, conseguiu-se a conquista 
e vitória da homologação da Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002, também 
conhecida como lei de libras, que reconheceu a língua de sinais como língua 
 
 
14 
da comunidade surda brasileira e garante o direito de seu uso em todos os 
espaços. 
Com o intuito de regulamentar a lei de libras em dezembro de 2005 é 
publicado o Decreto Nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. De forma geral, 
o decreto discorre sobre vários itens, entre eles: a definição de pessoa 
surda; a colocação de Libras como disciplina curricular obrigatória e a 
ampliação dos cursos que a ensinem, e em alguns casos a opção nos 
cursos; a formação do professor e do instrutor de Libras; exames de 
proficiência e outras avaliações; medidas para difusão e uso de Libras e 
Língua Portuguesa como forma de dar ao surdo acesso à educação; a 
formação do tradutor/intérprete de Libras/ Português; a garantia dos direitos 
dos surdos à educação e à saúde; o papel do poder público no apoio à 
difusão da Libras; o controle do orçamento público e o controle do uso e 
difusão das medidas legisladas. 
O surdo passa a ser Surdo e não mais deficiente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BRASIL . Lei 10436 de 24/04/2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de 
Sinais – LIBRAS – e dá outras providências. Diário Oficial de 25/04/2002, 
da República Federativa do Brasil. Brasília. 
LABORIT, Emmanuelle. O vôo da gaivota. São Paulo: Best Seller, 1994. 
MEC, Ministério da Educação e Cultura. O tradutor Intérprete de Língua 
Brasileira de Sinais. Brasília: MEC, 2004. 
SILVA, Tomaz Tadeu da. Teoria cultural e educação: um vocabulário 
crítico. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. 
______. Identidade e diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais. 7º 
ed. Petrópolis: Vozes, 2000 
SKLIAR, Carlos Bernardo. Pedagogia (improvável) da diferença: e se o 
outro não estivesse a? Rio de Janeiro: DP&A, 2003. 
SACKS, Oliver. Vendo vozes: uma jornada no mundo dos surdos. Rio de 
Janeiro: Imago, 1997. 
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. 2. ed. 
Florianópolis: Editora da UFSC, 2009. 
 
 
16 
THOMA, Adriana da Silva; LOPES, Maura Corcini (Org.). A invenção da 
surdez: cultura, alteridade, identidade e diferença no campo da educação. 
Santa Cruz do Sul, RS: Ed. da UNISC, 2004. 
VILHALVA, Shirley. Despertar do Silêncio. Petrópolis: Ed. Arara Azul, 
2004.