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Políticas e a Educação de surdos no Brasil

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2017
Políticas e a educação 
de surdos no Brasil
Prof. Anderson Luchese
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Prof. Anderson Luchese
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
371.912
L936p Luchese, Anderson 
 Políticas e a educação de surdos no Brasil / Anderson Luchese. 
Indaial: UNIASSELVI, 2017.
 179 p. : il.
 ISBN 978-85-515-0116-0
 
 1.Surdos - Educação. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
aPresentação
Prezado acadêmico!
Este livro didático refere-se à disciplina “Políticas e a Educação de 
Surdos no mundo e no Brasil”, onde eu, professor Surdo, pertencente à 
comunidade surda e líder atuante, contextualizarei a partir dos meus estudos 
e vivências, aspectos históricos da educação de surdos no mundo, desde sua 
origem até os dias atuais, compreendendo os processos históricos e filosóficos 
de cada época. Traremos estudos com o intuito de contribuir nas discussões 
sobre conceitos de surdez nas visões clínica e educacional, usando o termo 
“surdo” como categoria de alteridade, que envolve os sujeitos surdos em 
suas peculiaridades. Informações sobre a identidade e diferenças de surdos, 
o uso da língua de sinais, seu processo de aprendizagem e sua legalidade, 
assim como as informações sobre as mudanças políticas da educação de 
surdos, metodologias e propostas vigentes em âmbito nacional e estadual.
O estudo está dividido em três unidades:
Unidade 1 – Fundamentos filosóficos e sócio-históricos da educação 
de surdos.
Unidade 2 – Surdez e as legislações.
Unidade 3 – Políticas e a educação de surdos do Brasil.
A Unidade 1 contempla recortes históricos que ajudam a compreender 
a caminhada até aqui e os diferentes olhares em relação à educação de surdos. É 
importante que você aproveite as sugestões de filmes/leituras indicados ao longo 
deste livro, pois além de serem excelentes estudos complementares, também 
podem despertar a curiosidade que nos impulsiona a conhecer sempre mais, 
podendo vir a ser também pesquisador da área e divulgador da Comunidade e 
Cultura Surda, promovendo as mudanças positivas na educação atual.
Nas unidades 2 e 3 traremos estudos sobre o ouvido humano, as 
causas da surdez e como ela se classifica, dependendo do nível de perda. 
Quais as próteses auditivas sugeridas para cada caso e um pouco sobre 
implante coclear e a polêmica levantada em relação a ele. Conceituaremos 
as terminologias mais usadas no decorrer da história, a cultura, identidade 
e comunidade surda, trazendo ainda a língua utilizada por este grupo e 
algumas reflexões sobre o processo de aquisição. Finalizaremos, de forma 
mais aprofundada e contextualizada as questões legais e as políticas de 
educação desenvolvidas aqui no Brasil e no Estado de Santa Catarina. 
Explore ao máximo esta disciplina! 
Bons estudos!
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda 
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza 
materiais que possuem o código QR Code, que 
é um código que permite que você acesse um 
conteúdo interativo relacionado ao tema que 
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor 
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa 
facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
sumário
UNIDADE 1 – A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E 
 SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO .................................................................... 1
TÓPICO 1 – A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-
HISTÓRICOS DO MUNDO ....................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2 IDADE ANTIGA – 4000 A.C. ........................................................................................................... 3
2.1 MOISÉS – 476 A.C. ..................................................................................................................... 4
3 ROMA – 485-420 A.C. ........................................................................................................................ 5
3.1 HERÓDOTO – 480 A.C. ............................................................................................................ 6
4 GRÉCIA ............................................................................................................................................... 6
5 EGITO E PÉRSIA ............................................................................................................................... 7
6 SÓCRATES – 500 A.C. ...................................................................................................................... 7
7 HIPÓCRATES – 460-377 A.C. ........................................................................................................... 8
8 ARISTÓTELES – 384-322 A.C. ......................................................................................................... 8
9 JESUS CRISTO – 30 D.C. .................................................................................................................. 9
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 10
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 11
TÓPICO 2 – IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA ..................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 13
2 IDADE MÉDIA – 476 D. C. – 1453 .................................................................................................. 13
2.1 530 D.C. ITÁLIA NA IDADE MÉDIA ................................................................................ 14
2.2 IDADE MODERNA (1453 – 1789) ......................................................................................... 14
2.3 GIROLAMO CARDANO (1501-1576) .................................................................................. 14
2.4 MECHOR SÁNCHEZ DE YEBRA (1526-1586)................................................................. 15
2.5 PEDRO PONCE DE LEON (1520-1584) .............................................................................. 16
2.6 JUAN PABLO BONET (1579-1623) ....................................................................................... 17
2.7 JOHN BULWER (1644-1684) .................................................................................................... 18
2.8 JOHAN CONRAD AMMAN (1669-1724) ........................................................................... 19
2.9 JACOB RODRIGUES PEREIRE (1715-1780) ..................................................................... 21
2.10 SAMUEL HEINICKE (1729-1790) ....................................................................................... 21
2.11 ABADE CHARLES MICHEL DE L’ÉPÉE (1712-1789) ................................................. 22
2.12 THOMAS BRAIDWOOD (1715-1806) ................................................................................ 26
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 27
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 28
TÓPICO 3 – IDADE CONTEMPORÂNEA ..................................................................................... 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 29
2 IDADE CONTEMPORÂNEA ATÉ OS NOSSOS DIAS ................................................ 29
2.1 JEAN MARC GASPARD ITARD (1774-1838) ................................................................... 29
2.2 THOMAS HOPKINS GALLAUDET (1787-1851) ............................................................ 30
2.3 LAURENT CLERC ................................................................................................................... 32
2.4 UNIVERSIDADE DE GALLAUDET – GALLAUDET UNIVERSITY .................... 33
VIII
2.5 ALEXANDER GRAHAM BELL (1818 – 1905) .................................................................. 34
2.6 EDUARD HUET – 1822-1882 .................................................................................................. 36
3 CONGRESSO DE MILÃO (1880) – RETROCESSO HISTÓRICO PARA O ENSINO 
 DA LIBRAS ........................................................................................................................................ 39
4 HELLEN ADAMS KELLER .............................................................................................................. 43
5 OUTROS DESTAQUES NA COMUNIDADE SURDA EM GERAL....................................... 45
5.1 WILLIAN STOKOE (1960) ..................................................................................................... 47
5.2 EUGÊNIO OATES (1969) ......................................................................................................... 49
6 FEDERAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS 
 SURDOS – FENEIS............................................................................................................................ 49
7 CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS DE SURDOS (CBDS) ......................... 51
8 MARLEE BETH MATLIN (1986) ..................................................................................................... 52
9 EMMANUELLE LABORIT .............................................................................................................. 53
10 CLOSED CAPTION (1997) .............................................................................................................. 54
11 PRIMEIROS INSTRUTORES/AGENTE MULTIPLICADORES DE LIBRAS 
 NO BRASIL ....................................................................................................................................... 55
12 LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002 ..................................................................................... 55
13 GLADIS TERESINHA TASCHETTO PERLIN (2003) .............................................................. 57
14 LETRAS LIBRAS – UFSC (2006) ................................................................................................... 57
15 A FAMÍLIA BÉLIER (2014) ............................................................................................................. 59
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 60
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 62
UNIDADE 2 – SURDEZ E AS LEGISLAÇÕES ............................................................................... 65
TÓPICO 1 – MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO OUVIDO HUMANO E PRÓTESE 
AUDITIVA ...................................................................................................................... 67
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 67
2 MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO OUVIDO HUMANO ..................................................... 67
2.1 OUVIDO EXTERNO ............................................................................................................... 67
2.2 OUVIDO MÉDIO ...................................................................................................................... 68
2.3 OUVIDO INTERNO ............................................................................................................... 68
3 CAUSAS DA SURDEZ E TIPOS DE SURDEZ ............................................................................ 69
4 TIPOS DE SURDEZ........................................................................................................................... 71
5 PERDA AUDITIVA ........................................................................................................................... 71
6 TIPOS DE APARELHOS AUDITIVOS E IMPLANTE COCLEAR .......................................... 73
7 IMPLANTE COCLEAR ..................................................................................................................... 76
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 82
TÓPICO 2 – CONCEITOS OU CARACTERIZAÇÃO DE SURDEZ .......................................... 83
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 83
2 DEFICIÊNCIAS E TERMINOLOGIAS ......................................................................................... 83
3 DEFICIÊNCIA E EFICIÊNCIA ........................................................................................................ 84
4 SURDO-MUDO, DEFICIENTE AUDITIVO, SURDO E SURDOCEGO ............................... 86
5 QUEM SÃO OS SURDOS AFINAL? ............................................................................................. 88
6 ALGUNS CONCEITOS DE CULTURA, IDENTIDADE E COMUNIDADES SURDAS .... 90
6.1 IDENTIDADES SURDAS HÍBRIDAS ............................................................................... 92
6.2 IDENTIDADES SURDAS FLUTUANTES ...................................................................... 92
6.3 IDENTIDADES SURDAS INCOMPLETAS ................................................................... 93
6.4 IDENTIDADES SURDAS DE TRANSIÇÃO ................................................................... 93
7 SURDEZ E A AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS............................................................... 94
IX
RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................97
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 98
TÓPICO 3 – O DISCURSO LEGISLATIVO ACERCA DA LÍNGUA BRASILEIRA 
 DE SINAIS ...................................................................................................................... 99
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99
2 A CONSTITUIÇÃO DE 1988: DIREITOS DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA .......... 99
3 CONSIDERAÇÕES QUE ANTECEDEM A LEI DA LIBRAS ................................................... 100
4 LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002 ....................................................................................... 105
5 DECRETO DE LIBRAS Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005 ......................................... 107
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 110
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 111
UNIDADE 3 – POLÍTICAS DE ATENDIMENTO ÀS PESSOAS SURDAS ............................. 113
TÓPICO 1 – A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO CONTEXTO BRASILEIRO E 
ESPECIFICIDADES DA LÍNGUA DE SINAIS ....................................................... 115
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 115
2 CONTEXTO BRASILEIRO DA EDUCAÇÃO DE SURDOS E A LÍNGUA DE SINAIS ..... 115
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 121
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 122
TÓPICO 2 – CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO DE SURDOS ........................ 123
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 123
2 EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL – PARADIGMA OU MODELO............................. 123
3 ORALISMO ........................................................................................................................................ 124
4 COMUNICAÇÃO TOTAL ............................................................................................................... 127
5 BILINGUISMO .................................................................................................................................. 130
5.1 PEDAGOGIA SURDA ............................................................................................................ 133
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 137
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 138
TÓPICO 3 – AS POLÍTICAS DE ATENDIMENTO À SURDEZ ................................................. 139
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 139
2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE PARA PESSOAS 
 SURDAS .............................................................................................................................................. 139
2.1 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM LIBRAS................... 140
2.2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO DE LIBRAS ................... 141
2.3 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO DE LÍNGUA 
PORTUGUESA .......................................................................................................................... 141
3 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO DE SURDOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA ........... 142
4 AVALIANDO A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE BRASILEIRA .............................. 145
5 CONCEPÇÃO DE POLÍTICA LINGUÍSTICA PARA A EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE 
SURDOS .............................................................................................................................................. 148
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 152
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 161
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 162
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 165
X
1
UNIDADE 1
A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS 
ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-
HISTÓRICOS DO MUNDO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Objetivos de aprendizagem:
• perceber os diferentes olhares da história de educação de surdos do pre-
sente e do passado;
• buscar conhecimentos dos fundamentos filosóficos e históricos da edu-
cação de surdos a fim de promover as mudanças positivas na educação 
atual;
• identificar os marcos históricos da educação de surdos e as personalidades 
do mundo e do Brasil que são referências históricas.
Esta unidade contém três tópicos que trazem recortes do contexto histórico 
e filosófico, da origem da educação de surdos do mundo até os dias atuais, 
mencionando algumas versões históricas oficiais de surdos registradas em 
muitos livros. Os fatos listados no cronograma abaixo seguem na sequência 
em quatro grandes períodos: Idade Antiga ou Antiguidade, Idade Média, 
Idade Moderna e Idade Contemporânea. No final de cada tópico existem 
autoatividades sobre os temas que contribuirão para aprofundar seus 
estudos.
TÓPICO 1 – A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS 
E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
TÓPICO 2 – IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA
TÓPICO 3 – IDADE CONTEMPORÂNEA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS 
FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS 
DO MUNDO
1 INTRODUÇÃO
Nascimento (2006) afirma que um cronograma histórico é extração de 
várias partes de muitas publicações sobre a história dos surdos, isto não quer 
dizer que toda a história é verídica ou não. Para chegar a esta conclusão, há 
a necessidade de pesquisar de forma mais aprofundada cada fato histórico 
registrado, para assim poder comprová-lo. O próprio Berthier traz esta reflexão 
quanto aos recortes históricos:
Ainda tratando de professores espanhóis, Berthier nos revela sua 
indignação ao ver Juan Pablo Bonet (1579-1629), autor do livro "Arte 
para enseñar a hablar a los mudos", creditar a si a descoberta de 
como ensinar o surdo a falar. Segundo Berthier, tal crédito poderia 
ser reivindicado por seu rival Ramirez de Carrion, que era surdo 
congênito e teve sucesso no julgamento dos críticos de seu tempo, 
em um experimento com Emmanuel Philibert, o príncipe surdo de 
Carignan. “Seu livro, publicado nove anos depois do de Bonet, recebeu 
o título Maravillas de naturaleza, em que se contienen dos mil secretos 
de cosas naturales, 1629 (BERTHIER, 1984 apud NASCIMENTO, 2006, 
p. 170).
A partir desta análise, percebemos que os fatos são registrados a partir 
de um determinado tempo, local e realidade, não descartando a possibilidade de 
que outras experiências tenham acontecido em outros locais ao mesmo tempo. 
Apresentamos, neste contexto, os fatos históricos mais comuns encontrados em 
diversos registros sobre a história e educação de surdos.
2 IDADE ANTIGA – 4000 A.C.
Sobre a antiguidade, Nascimento cita o professor surdo da França, 
Berthier:
Inicia a história na antiguidade, relatando as conhecidas atrocidades 
realizadas contra os surdos pelos espartanos, que condenavam 
a criança a sofrer a mesma morte reservada ao retardado ou ao 
deformado: "A infortunada criançaera prontamente asfixiada ou tinha 
sua garganta cortada ou era lançada de um precipício para dentro das 
ondas. Era uma traição poupar uma criatura de quem a nação nada 
poderia esperar (BERTHIER, 1984, p.165 apud NASCIMENTO, 2006, 
p. 165).
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
4
FIGURA 1 – IDADE ANTIGA – EGITO
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/5yPLSp>. Acesso em: 30 
maio 2017.
No Egito (Figura 1), segundo as antigas leis judaicas, os surdos eram apenas 
protegidos. Eram considerados criaturas privilegiadas, enviados dos deuses. Os 
surdos eram adorados, como se fossem deuses, serviam de mediadores entre 
os deuses e os faraós. Acreditava-se que eles se comunicavam em segredo com 
esses deuses. Havia um forte sentimento humanitário e de respeito. Protegiam 
e tributavam aos surdos a adoração, sendo temidos e respeitados pela população. 
No entanto, os surdos tinham vida inativa e não eram educados. Na época do 
povo hebreu, na lei hebraica, aparecem pela primeira vez referências aos surdos.
FIGURA 2 – PAPIROS
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/ixWXxU>. Acesso em: 30 maio 2017.
Os papiros do Antigo Egito (Figura 2) traziam conteúdos morais, 
que de alguma forma já ressaltavam a necessidade de respeitar as pessoas 
com deficiência.
2.1 MOISÉS – 476 A.C.
Os surdos também são mencionados na Bíblia, no Velho testamento, 
quando Deus exorta a Moisés (Figura 3). “E disse-lhe o senhor: quem fez a boca 
do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou que vê, ou o cego? Não sou eu, 
o senhor?” (Êxodo 4:11). “Não amaldiçoarás ao surdo... mas terá temor do teu 
Deus. Eu sou o senhor” LEVÍTICO 19:14 (STROBEL, 2009, p. 17).
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS 
5
FIGURA 3 – MOISÉS
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 10)
Strobel (2009) afirma que os surdos não podiam ouvir e nem compreender 
o que acontecia a sua volta, pois a língua de sinais naquela época era desconhecida 
pela maioria das pessoas, ou somente usada pelos surdos, por isso Deus lhe deu a 
ordem para não amaldiçoar o surdo.
3 ROMA – 485-420 A.C.
Strobel (2009) salienta que, em Roma, não perdoavam os surdos porque 
achavam que eram pessoas castigadas ou enfeitiçadas, a questão era resolvida por 
abandono ou com a eliminação física – jogavam os surdos no rio Tiger. Só se salvavam 
aqueles que do rio conseguiam sobreviver, ou aqueles cujos pais os escondiam, mas 
era muito raro – e também faziam os surdos de escravos obrigando-os a passar toda 
a vida dentro do moinho de trigo empurrando a manivela.
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 10)
FIGURA 4 – ROMA – ITÁLIA
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
6
3.1 HERÓDOTO – 480 A.C.
O filósofo Heródoto (Figura 5) classificava os surdos como “Seres 
castigados pelos deuses”.
FIGURA 5 – HERÓDOTO
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 27)
4 GRÉCIA
Veloso & Filho, 2009, (p. 27) evidenciam que na Grécia os surdos eram 
considerados inválidos e muito incômodos para a sociedade, por isso eram 
“condenados à morte – lançados abaixo do topo dos rochedos de Taygéte, nas 
águas de Barathere – e os sobreviventes viviam miseravelmente como escravos 
ou abandonados”. 
FIGURA 6 – GRÉCIA
FONTE: Disponível em: <https://image.slidesharecdn.com/oficinaemi-
baiti-130403174647-phpapp01/95/histria-dos-surdos-12-638.
jpg?cb=1365011617>. Acesso em: 31 maio 2017.
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS 
7
5 EGITO E PÉRSIA
Strobel (2009), destaca que no Egito e na Pérsia, os surdos eram 
considerados criaturas privilegiadas, enviados dos deuses, porque acreditavam 
que eles se comunicavam em segredo com os Deuses. Havia um forte sentimento 
humanitário e respeito, protegiam e tributavam aos surdos à adoração, no entanto, 
os surdos tinham vida inativa e não eram educados.
FIGURA 7 – EGITO FIGURA 8 – PÉRSIA
FONTE: Disponível em: <http://media1.esco-
la.britannica.com.br/eb-media/94/
94894-004-28ED877B.jpg>. Acesso 
em: 30 maio 2017.
FONTE: Disponível em: <http://media1.esco-
la.britannica.com.br/eb-media/94/
94894-004-28ED877B.jpg>. Acesso 
em: 30 maio 2017.
6 SÓCRATES – 500 A.C. 
O filósofo grego Sócrates perguntou ao seu discípulo Hermógenes: 
“Suponha que nós não tenhamos voz ou língua, e queiramos indicar objetos um 
ao outro. Não deveríamos nós, como os surdos-mudos, fazer sinais com as mãos, 
a cabeça e o resto do corpo?” Hermógenes respondeu: “Como poderia ser de 
outra maneira, Sócrates?” (CRATYLUS DE PLATO, discípulo e cronista, 368 a.C. 
apud VELOSO & FILHO, 2009, p. 27).
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
8
FIGURA 9 – SÓCRATES
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 28)
7 HIPÓCRATES – 460-377 A.C.
Segundo Strobel (2009), o filósofo Hipócrates associou a clareza da palavra 
com a mobilidade da língua, mas nada falou sobre a audição.
FIGURA 10 – HIPÓCRATES
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 28)
8 ARISTÓTELES – 384-322 A.C.
O filósofo Aristóteles acreditava que quando não se falavam, 
consequentemente não possuíam linguagem e tampouco pensamento, dizia que: 
“[...] de todas as sensações, é a audição que contribuiu mais para a inteligência e 
o conhecimento [...], portanto, os nascidos surdos-mudos se tornam insensatos e 
naturalmente incapazes de razão” (STROBEL, 2009, p. 18), ele achava absurdo a 
intenção de ensinar o surdo a falar.
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS 
9
FIGURA 11 – ARISTÓTELES
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 28)
9 JESUS CRISTO – 30 D.C.
E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente: e rogaram-lhe que 
pusesse a mão sobre ele. E tirando-o à parte de entre multidão, meteu-lhe os 
dedos nos ouvidos; e, cuspindo, tocou-lhe na língua. E levantando os olhos ao 
céu, suspirou e disse: Efatá; isto é, Abre-te. E logo se abriram os seus ouvidos, 
e a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente. E ordenou-lhes que a 
ninguém o dissessem; mas, quanto mais lhes proibia, tanto mais o divulgavam. E 
admirando-se sobremaneira, diziam: Tudo faz bem: faz ouvir os surdos e falar os 
mudos (Marcos, 7: 31-37).
FIGURA 12 – JESUS CRISTO
FONTE: Bíblia Sagrada (2011, p. 560)
10
Neste tópico, você viu que:
• A Antiguidade é o período conhecido pelas maiores atrocidades Às pessoas 
surdas e com deficiência em geral, como Berthier (1984) afirmou: “Era uma 
traição poupar uma criatura de quem a nação nada poderia esperar”. E isso 
fica explícito nos fatos relatados em Roma e na Grécia, porém no Egito e na 
Pérsia os surdos eram protegidos e adorados, considerados mediadores entre 
Deus e os Faraós.
 
• Entre os filósofos: Hipócrates não se manifestava; Heródoto acreditava que 
eram seres castigados pelos Deuses; Aristóteles os julgava sem pensamento, já 
que não possuíam linguagem.
• Somente Sócrates traz uma reflexão sobre a condição de ser surdo.
RESUMO DO TÓPICO 1
11
(1) Heródoto.
(2) Sócrates.
(3) Hipócrates.
(4) Aristóteles.
( ) Diz que se não falavam, consequentemente não possuíam linguagem e 
tampouco pensamento, pois “[...] de todas as sensações, é a audição que 
contribuiu mais para a inteligência e o conhecimento [...], portanto, os 
nascidos surdos-mudos se tornam insensatos e naturalmente incapazes de 
razão” (STROBEL, 2009, p. 18).
( ) Colocou-se no lugar do surdo, questionando que, se não tivesse voz ou 
língua, e quisesse indicar objetos um ao outro. “Não deveríamos nós, como 
os surdos-mudos, fazer sinais com as mãos, a cabeça e o resto do corpo?”
( ) Segundo Strobel (2009), este filósofo associou a clareza da palavra com a 
mobilidade da língua, mas nada falou sobre a audição.
( ) Classificava os surdos como “Seres castigados pelos deuses”.
AUTOATIVIDADE
1 Reflita e escreva sobre o que Berthier (apud NASCIMENTO, 
2006, p. 165) relatou na época: “A infortunada criança era 
prontamente asfixiada ou tinha sua garganta cortada ou era 
lançada de um precipício para dentro dasondas. Era uma 
traição poupar uma criatura de quem a nação nada poderia esperar”.
2 Quais eram os únicos locais em que os surdos eram 
considerados criaturas privilegiadas, pois acreditavam que eles 
se comunicavam em segredo com os deuses. Havia um forte 
sentimento humanitário e respeito, protegiam e tributavam aos 
surdos à adoração, no entanto, os surdos ainda tinham vida inativa e não 
eram educados.
3 Relacione o filósofo ao seu pensamento, de acordo o texto 
estudado neste tópico:
12
13
TÓPICO 2
IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Na Idade Média encontramos poucos recortes históricos. Apesar de algum 
relato ainda de atrocidade, estes recortes trazem um avanço significativo na 
situação em relação ao período antiguidade, os surdos não são mais eliminados, 
porém ainda são muito castigados e vivem sem dignidade. Apenas na Itália surge 
uma pequena experiência de comunicação entre os surdos.
Na Idade Moderna encontramos mais referências e recortes históricos, a 
ciência procura explicar o que acontece com o sujeito surdo. Aparecem vários 
avanços históricos em relação aos surdos e encontramos também o início de 
registros históricos de tentativas de comunicação, inclusive com a criação dos 
primeiros alfabetos manuais, a disseminação da Língua de Sinais e as escolas 
para surdos. 
2 IDADE MÉDIA – 476 D.C. – 1453
Os surdos, nesta época, continuavam sendo vistos como sujeitos estranhos 
e objetos de curiosidades da sociedade. Strobel (2009) deixa claro que ainda não 
davam tratamento digno aos surdos, colocando-os em imensa fogueira. Esta é 
uma das últimas atrocidades encontradas em relatos históricos. 
A partir de então, Strobel (2009), já relata que os surdos eram proibidos 
de receberem a comunhão porque eram incapazes de confessar seus pecados, 
também havia decretos bíblicos contra o casamento de duas pessoas surdas, 
sendo permitidos somente aqueles que, pertencentes a uma classe social mais 
favorecida, recebiam favor do Papa. Observa-se que, ao menos, já não eram mais 
punidos com a morte. 
“Nesta época existiam leis que proibiam os surdos de receberem heranças, 
de votar e enfim, de todos os direitos como cidadãos”, conforme afirma Strobel 
(2009, p. 19). Estes direitos eram negados a todas as pessoas com deficiência, 
mulheres e pessoas sem posses, portanto, os surdos eram excluídos da sociedade, 
apenas os surdos de família nobres tinham maior atenção, apesar de crescerem 
escondidos da sociedade em geral. 
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
14
2.1 530 D.C. ITÁLIA NA IDADE MÉDIA
Strobel (2009) relata que os monges beneditinos, na Itália, empregavam 
uma forma de sinais para comunicar entre eles, a fim de não violar o rígido voto 
de silêncio. O objetivo da igreja era promover a comunicação com Deus e os 
ensinamentos da igreja.
Este pensamento seria novo para época, já que até o século XV, as concepções 
sobre os surdos e a surdez tinham significados diversos e bastante negativos. 
Segundo Guarinello (2007), os surdos eram considerados seres castigados pelos 
Deuses. Acreditava-se que pessoas que nasciam surdas eram também mudas, ou 
seja, não poderiam falar nem expressar seus pensamentos, tanto que até hoje a 
expressão surdo-mudo faz referência às pessoas surdas. A autora menciona que a 
crença era de que, para atingir a consciência humana, tudo deveria penetrar por 
um dos órgãos dos sentidos e a audição era considerada o canal mais importante 
de aprendizado.
Sacks (2010) afirma que no período anterior a 1750, as pessoas que 
possuíam surdez pré-linguística eram percebidas pela ótica da incapacidade de 
desenvolver a fala, pela impossibilidade de comunicação e pelas especificidades 
no processo de aprendizagem e desenvolvimento. O contato com outros surdos 
era pouco valorizado formalmente como estratégia de desenvolvimento, o que 
atualmente é reconhecida. A surdez pré-linguística caracteriza-se pela ocorrência 
da perda auditiva antes que a criança tenha desenvolvido a linguagem oral 
(GOLDFELD, 2001).
2.2 IDADE MODERNA (1453–1789)
Durante a Idade Moderna, novos cenários se desenharam para os 
indivíduos surdos, nesta breve revisão histórica, dá-se destaque à surdez no 
continente europeu, de onde provém grande parte dos registros e sobre os 
quais são mais numerosas as investigações, sendo a maioria pautada na área 
médica. Neste contexto, em alguns momentos os surdos foram marginalizados, 
apequenados e tidos como não educáveis; e em outros, passaram a contar com 
esforços assistenciais, caritativos e instrucionais. Ou seja, inicia efetivamente 
tentativas de comunicação com o sujeito surdo.
2.3 GIROLAMO CARDANO (1501-1576)
Girolamo Cardano era médico filósofo que reconhecia a habilidade do 
surdo para a razão, afirmava que “[...] a surdez e mudez não é o impedimento para 
desenvolver a aprendizagem e o meio melhor dos surdos de aprender é através 
da escrita [...], e que era um crime não instruir um surdo-mudo” (NASCIMENTO, 
2006, p. 185). Ele utilizava a língua de sinais e escrita com os surdos.
TÓPICO 2 | IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA
15
FIGURA 13 – GIROLAMO CARDANO
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 29)
2.4 MECHOR SÁNCHEZ DE YEBRA (1526-1586)
Segundo Veloso e Filho (2009), o Monge franciscano Yebra, de Madrid, foi 
o primeiro a escrever um livro chamado “Refugion Infirmorum”, que descreve e 
ilustra o alfabeto manual da época, publicado sete anos após a morte dele.
Yebra usava o alfabeto manual para finalidades religiosas ao promover 
entre o povo surdo a compreensão de matérias espirituais.
FIGURA 14 – ALFABETO MANUAL
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 29)
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
16
É um documento raro, com ilustração de alfabeto manual da época. Outra 
representação mais antiga do Alfabeto Manual é da Figura 15, Veneza, Itália, ano 
1579. Observamos a evolução da reprodução da imagem pela posição das letras 
em três maneiras, ou seja, passa a ideia e movimento de cada letra do Alfabeto 
Manual. 
2.5 PEDRO PONCE DE LEON (1520-1584)
Goldfeld (2001) salienta que no século XVI, na Espanha, o monge beneditino 
Pedro Ponce de Leon (1520-1584) estabeleceu a primeira escola para surdos em 
um monastério de Valladolid. Segundo Luchese (2016), inicialmente ensinava 
latim, grego e italiano, conceitos de física e astronomia aos dois irmãos surdos, 
Francisco e Pedro Velasco, membros de uma importante família de aristocratas 
espanhóis; Francisco conquistou o direito de receber a herança como marquês de 
Berlanger e Pedro se tornou padre com a permissão do Papa e ensinou alguns 
surdos de famílias nobres.
Goldfeld (2001) salienta também que Ponce de Leon desenvolveu uma 
metodologia de educação para crianças surdas que incluía datilologia, escrita e 
oralização, e criou uma escola de professores de surdos, porém ele não publicou 
nada em vida e depois de sua morte o seu método caiu no esquecimento porque 
a tradição na época era de guardar segredos sobre os métodos de educação de 
surdos.
FIGURA 15 – JUAN MARTIN PABLO BONET
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 30)
No século XVII (1620), “[...] Juan Martin Pablo Bonet publicou, na Espanha, 
o livro Reduccion de las letras y artes para enseñar a hablar a los mudos, que trata da 
invenção do alfabeto manual de Ponce de Leon” (GOLDFELD, 2001, p. 28).
 
TÓPICO 2 | IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA
17
Sacks (2010) situa que os educadores ouvintes, como Pedro Ponce de Léon, 
da Espanha; os Braidwoods, da Grã-Bretanha; Amman, da Holanda; e Pereire e 
Deschamps, da França, ensinaram alguns surdos a falar. Afirma também que, 
assim, as condições de sobrevivência dos surdos, naquela época, despertaram 
interesse em alguns filósofos, que levantaram algumas questões:
Por que a pessoa surda sem instrução é isolada na natureza e incapaz 
de comunicar-se com os outros surdos homens? Por que ela está 
reduzida a esse estado de imbecilidade? Será que sua constituição 
biológicadifere da nossa? Será que não possui tudo de que precisa 
para ter sensações, adquirir ideias e combiná-las para fazer tudo o 
que fazemos? Será que não recebe impressões sensoriais dos objetos 
como nós recebemos? Não serão essas, como ocorre conosco, as causas 
das sensações da mente e das ideias que na mente adquire? Por que 
então a pessoa surda permanece estúpida enquanto nos tornamos 
inteligentes? (SACKS, 2010, p. 24).
O autor evidencia as preocupações daquela época. Muitos educadores 
expressavam descrédito em relação ao futuro dos surdos. Acreditava-se que 
os surdos não possuíam ideias, abstrações, capacidade de argumentação e que 
pensavam por imagens. Imaginava-se, também, que os surdos não teriam sua 
própria língua. O reconhecimento posterior da língua de sinais permitiu que os 
surdos conquistassem credibilidade nas suas capacidades intelectuais.
2.6 JUAN PABLO BONET (1579-1623)
Strobel (2009), na Espanha, Juan Pablo Bonet iniciou a educação com outro 
membro surdo da família Velasco, Dom Luís, através de sinais, treinamento da 
fala e o uso de alfabeto dactilologia, teve tanto sucesso que foi nomeado pelo Rei 
Henrique IV como “Marquês de Frenzo”.
FIGURA 16 – JUAN PABLO BONET
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 30)
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
18
Juan Pablo Bonet publicou o primeiro livro (Figura 18) sobre a educação 
de surdos em que expunha o seu método oral, “Reduccion de las letras y arte para 
enseñar a hablar a los mudos” no ano de 1620, em Madrid, Espanha. Bonet defendia 
também o ensino precoce de alfabeto manual aos surdos (Figura 19).
FIGURA 18 – ALFABETO MANUAL AOS SURDOS
FONTE: LANE (1992, p. 58)
FONTE: LANE (1992, p. 55)
FIGURA 17 – 1º LIVRO SOBRE A EDUCAÇÃO DE SURDOS NA 
ESPANHA
2.7 JOHN BULWER (1644-1684)
John Bulwer (Figura 20) publicou “Chirologia e Natural Language of the 
Hand” (Figura 21), em que preconizou a utilização de alfabeto manual, língua de 
sinais e leitura labial, ideia defendida por George Dalgarno anos mais tarde. Para 
Perlin e Strobel (2008), John Bulwer acreditava que a língua de sinais era universal 
e seus elementos constituídos icônicos. E ainda publicou “Philocopus”, em que 
afirmava que a língua de sinais era capaz de expressar os mesmos conceitos que 
a língua oral.
TÓPICO 2 | IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA
19
FIGURA 20 – CHIROLOGIA E NATURAL LANGUAGE OF THE HAND
FONTE: LANE (1992, p. 62)
FONTE: LANE (1992, p. 62)
FIGURA 19 – JOHN BULWER
2.8 JOHAN CONRAD AMMAN (1669-1724)
Amman era um médico suíço praticando na Holanda. Ele escreveu sobre 
instrução para surdos e para aqueles que gaguejavam.
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
20
FIGURA 21 – JOHAN CONRAD AMMAN
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 31)
Em seu livro “Loquens Surdus” (O homem surdo falando), Amsterdam 1693, 
ele escreveu pela primeira vez sobre voz e a diferença entre ele e respiração. Ele 
então descreveu a natureza da produção de som de fala. Terminou o livro 
apresentando seu programa educacional para ensinar os surdos a falar.
FIGURA 22 – O HOMEM SURDO FALANDO
FONTE: Disponível em: <http://www.acsu.buffalo.edu/~duchan/
new_history/early_modern/amman.html>. Acesso em: 
10 jun. 2017.
TÓPICO 2 | IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA
21
2.9 JACOB RODRIGUES PEREIRE (1715-1780)
 
Perlin & Strobel (2008), destacam que Jacob Rodrigues Pereire foi, 
provavelmente, o primeiro professor de surdos na França, oralizou a sua irmã 
surda e utilizou o ensino de fala e de exercícios auditivos com os surdos. A 
Academia Francesa de Ciências reconheceu o grande progresso alcançado por 
Pereire: “Não tem nenhuma dificuldade em admitir que a arte de leitura labial 
com suas reconhecidas limitações [...] será de grande utilidade para os outros 
surdos-mudos da mesma classe, [...] assim como o alfabeto manual que o Pereire 
utiliza” (PERLIN; STROBEL, 2008, p. 22).
FIGURA 23 – JACOB RODRIGUES PEREIRE
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 32)
2.10 SAMUEL HEINICKE (1729-1790)
Para Luchese (2016), Heinicke, o “Pai do Método Alemão” – Oralismo 
puro –, iniciou as bases da filosofia oralista quando um grande valor era atribuído 
somente à fala. Samuel Heinicke publicou a obra “Observações sobre os mudos e 
sobre a palavra”. Em 1778, Samuel Heinicke fundou a primeira escola de oralismo 
puro em Leipzig. Inicialmente, a sua escola tinha nove alunos surdos. “Em carta 
escrita à L’Épée, Heinicke narra: meus alunos são ensinados por meio de um 
processo fácil e lento de fala em sua língua pátria e língua estrangeira através da 
voz clara e com distintas entonações para a habitações e compreensão” (PERLIN; 
STROBEL, 2008, p. 18).
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
22
FIGURA 24 – SAMUEL HEINICKE (1729-1790)
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 32)
2.11 ABADE CHARLES MICHEL DE L’ÉPÉE (1712-1789)
Luchese (2016), parafraseando Perlin e Strobel (2008), destaca uma 
pessoa muito conhecida na história de educação dos surdos, Abade Charles 
Michel de L’Épée. Ele conheceu duas irmãs gêmeas surdas que se comunicavam 
através de gestos, iniciou e manteve contato com os surdos carentes e humildes 
que perambulavam pela cidade de Paris, procurando aprender seu meio de 
comunicação e levar a efeito os primeiros estudos sérios sobre a língua de 
sinais. Procurou instruir os surdos em sua própria casa, com as combinações 
de língua de sinais e gramática francesa sinalizada denominado de “sinais 
metódicos”. L’Épée recebeu muita crítica pelo seu trabalho, principalmente dos 
educadores oralistas, entre eles, Samuel Heinicke. Entretanto, é considerado 
por outros autores “Pai dos Surdos”, pelas contribuições para a Língua de 
Sinais.
TÓPICO 2 | IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA
23
FIGURA 25 – CHARLES MICHEL DE L’ÉPÉE
FONTE: LANE (1992, p. 78)
Sacks (2010) afirma que era revolucionário, no século XVI, acreditar que 
para compreender algo não era necessário ouvir as palavras. Para o autor, L’Épée, 
com sua humildade, contribuiu para a mudança na história, visto que desejava 
dar a todas as pessoas surdas a oportunidade de aprenderem a palavra de Deus. 
Assim, ele dedicou-se a aprender a língua dos pupilos “surdos-mudos”, termo 
usado naquela época. Associando sinais a figuras e palavras escritas, o Abade 
De L’Épée (Figura 27) ensinou os surdos a ler, proporcionando-lhes acesso ao 
conhecimento e à cultura do mundo. Esse método, que era a união da língua 
nativa de sinais com a gramática francesa, proporcionava aos alunos surdos a 
possibilidade de escrever o que lhes era dito, através de um intérprete que se 
comunicava por sinais. Com isso, De L’Épée fundou a primeira escola que teve 
auxílio público em 1755, e treinou diversos professores, sendo que em poucos 
anos já haviam sido criadas mais de vinte e uma escolas para surdos na Europa. 
Dois anos após a morte de L’Épée, que ocorreu em 1789, sua escola transformou-
se na Nacional Institution for Deaf-Mutes.
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
24
FIGURA 26 – ABADE DE L’ÉPÉE E A PRIMEIRA ESCOLA DE 
SURDOS NO MUNDO
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 33)
Ainda segundo Sacks (2010), as escolas foram se expandindo, aumentou 
também o número de professores e intérpretes (Figura 28 e 29), porém em 1869, 
um movimento iniciado por pais e professores contra a utilização da Língua 
de Sinais pelos surdos, comprometeu toda a dedicação oferecida aos métodos 
utilizados.
FIGURA 27 – NOVOS PROFESSORES 
ATUANDO
FIGURA 28 – NOVOS PROFESSORES 
ATUANDO
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/8dwf-
jT>. Acesso em: 12 jun. 2017.
FONTE: Disponível em: <https://goo.
gl/2ATMfh>. Acesso em: 12 jun. 
2017.
Todo o trabalho (Figura 30) de abade L’Épée com os surdos dependia 
dos recursos financeiros das famílias dos surdos e das ajudas de caridades da 
sociedade.
TÓPICO 2 | IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA
25
FIGURA 29 – ABADE DE L’ÉPÉE FUNDADOR EM VÁRIAS ESCOLASDA EUROPA
FONTE: Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/libras/unidade3/
unidade3.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.
Segundo Strobel (2009), em 1789, abade Charles Michel de L’Épée publicou 
sobre o ensino dos surdos por meio de sinais metódicos: “A verdadeira maneira de 
instruir os surdos-mudos”, o abade colocou as regras sintáticas e também o alfabeto 
manual inventado por Pablo Bonnet e esta obra foi mais tarde completada com a 
teoria pelo abade Roch-Ambrois e Sicard.
FIGURA 30 – ESTÁTUA DE CHARLES-MICHEL DE L´EPÉE (1712-1789)
FONTE: Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publi-
co/eixo7/libras/unidade3/unidade3.htm>. Acesso em: 15 jun. 
2017.
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
26
2.12 THOMAS BRAIDWOOD (1715-1806)
Thomas Braidwood abre a primeira escola para surdos na Inglaterra, ele 
ensinava aos surdos os significados das palavras e sua pronúncia, valorizando a 
leitura orofacial, que é a leitura produzida pelo movimento da face e da boca ao 
mesmo tempo.
FIGURA 31 – THOMAS BRAIDWOOD
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 33)
27
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Idade Média é o período significativo de caminhada histórica, quando se 
passou das atrocidades contra às pessoas surdas, para uma exclusão social por 
serem seres castigados pelos Deuses ou ainda por serem objetos de curiosidade. 
• Como se valorizava muito os sentidos e o surdo não ouvia e nem falava, 
surgiu, na época, o termo surdo-mudo, que por equívoco muitas vezes ainda 
é utilizado nos dias atuais.
• Na Itália, com os monges beneditinos, surge uma experiência de comunicação 
entre os surdos.
• Na Idade Moderna, avança-se muito na caminhada histórica da educação de 
Surdos, acredita-se que o surdo é dotado de razão e se dissemina o ensino 
da Língua de Sinais entre os mesmos. Surgem muitos alfabetos manuais na 
época. 
• Muitas das experiências estão ligadas ao ensino de filhos surdos de famílias 
nobres, passando assim, a ter direito a heranças, por exemplo. Os monges 
educadores pretendiam também levar a palavra de Deus a todos.
• Surgem mais de vinte e uma escolas de Língua de sinais por toda Europa, 
influenciadas pelas experiências de L’Épée. 
• Entretanto surge também, defendida principalmente pelo alemão Heinicke, a 
filosofia oralista para comunicação com os sujeitos surdos.
28
a) ( ) Thomas Braidwood.
b) ( ) Abade Charles Michel de L’Épée.
c) ( ) Samuel Heinicke.
d) ( ) Johan Conrad Amman.
AUTOATIVIDADE
1 Encontre um fato da Idade Média que comprove os avanços na 
caminhada histórica em relação à educação de surdos, quando 
comparados à Antiguidade.
2 Os surdos, agora considerados dotados de razão, passam a ter 
instrução. Tente colocar-se no lugar dos educadores da época, 
imaginando o ensino da Língua de Sinais e do oralismo. Escolha 
o método que você usaria e justifique sua escolha.
3 Quem foi o “Pai do Método Alemão”, que iniciou a base da 
filosofia oralista, onde um grande valor era atribuído somente à 
fala?
4 Quem foi considerado, por Sacks (2010), um revolucionário, 
por acreditar que para compreender algo não era necessário 
ouvir as palavras? Seu método era a união da língua nativa de 
sinais com a gramática francesa, fundou a primeira escola de 
Língua de Sinais e treinou diversos professores, o que influenciou a criação 
de mais de vinte e uma escolas na Europa.
a) ( ) Samuel Heinicke.
b) ( ) Abade Charles Michel de L’Épée. 
c) ( ) Pedro Ponce de Leon.
d) ( ) Girolamo Cardano.
29
TÓPICO 3
IDADE CONTEMPORÂNEA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
As experiências de ensino em Língua de Sinais continuam se disseminando 
neste período, assim como o método do Oralismo Puro, até que, no Congresso de 
Milão, em 1880, se opta pelo método do Oralismo Puro para o ensino dos Surdos, 
o que é definido pela comunidade surda como um retrocesso para a Língua de 
Sinais. Entretanto, muitos surdos já instruídos e que se instruíram na época, 
passam a defender a comunidade surda e a Língua de Sinais, ganhando espaço e 
credibilidade na sociedade.
Conheça também neste tópico, surdos que se destacaram e são 
reconhecidos não apenas na área da educação. 
2 IDADE CONTEMPORÂNEA ATÉ OS NOSSOS DIAS
2.1 JEAN MARC GASPARD ITARD (1774-1838)
 
Para Jean Marc Gaspard Itard, dos Estados Unidos, o surdo podia ser 
treinado para ouvir palavras, ele foi o responsável pelo clássico trabalho com 
Victor, o “garoto selvagem” (o menino que foi encontrado vivendo junto com os 
lobos na floresta de Aveyron, no sul da França), Lopes (2004) afirma que Itard 
considerou o comportamento do menino semelhante a um animal por falta de 
socialização e educação, apesar de não ter obtido sucesso com o “selvagem” 
na relação à língua francesa. Mas influenciou na educação especial com o seu 
programa de adaptação do ambiente, afirmava que o ensino de língua de sinais 
implicava o estímulo de percepção de memória, de atenção e dos sentidos.
30
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
FIGURA 32 – JEAN MARC GASPARD ITARD
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 34)
DICAS
Assista ao filme: “O garoto selvagem”.
É um filme francês de 1970, do gênero drama, dirigido por François 
Truffaut e baseado em livro de Jean Itard, um médico francês que se 
torna responsável pela educação de uma criança selvagem.
FONTE DA IMAGEM: Disponível em: <http://www.grupoestacao.com.
br/distribuidora/filmes_old/garotoselvagem.html>.
2.2 THOMAS HOPKINS GALLAUDET (1787-1851)
Campello e Quadros (2010) afirmam que em Hartford, nos Estados unidos, 
o reverendo Thomas Hopkins Gallaudet observava as crianças brincando no seu 
jardim quando percebeu que uma menina, Alice Gogswell, não participava das 
brincadeiras por ser surda e era rejeitada das demais crianças. Gallaudet ficou 
profundamente tocado pelo mutismo da Alice e pelo fato de ela não ter uma 
escola para frequentar, pois na época não havia escola de surdos nos Estados 
Unidos. Gallaudet tentou ensinar-lhe pessoalmente e com o pai da menina, o Dr. 
Masson Fitch Gogswell, pensou na possibilidade de criar uma escola para surdos.
TÓPICO 3 | IDADE CONTEMPORÂNEA
31
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 38)
FIGURA 33 – THOMAS GALLAUDET E A ALICE GOGSWELL
Segundo as mesmas autoras acima citadas, o americano Thomas Hopkins 
Gallaudet parte à Europa para buscar métodos de ensino aos surdos. Na 
Inglaterra, o Gallaudet foi conhecer o trabalho realizado por Braidwood, na escola 
“Watson’s Asylum” (Figura 35 – uma escola onde os métodos eram secretos, caros 
e ciumentamente guardados), que usava a língua oral na educação dos surdos, 
porém foi impedido e recusaram-lhe a expor a metodologia, não tendo outra 
opção, Gallaudet partiu para a França onde foi bem acolhido e impressionou-se 
com o método de língua de sinais usado pelo abade Sicard.
FIGURA 34 – ESCOLA WATSON’S ASYLUM, LONDRES/INGLATERRA
FONTE: Lane (1992, p. 112)
32
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
2.3 LAURENT CLERC
Campello e Quadros (2010) relatam que Thomas Hopkins Gallaudet volta 
à América trazendo o professor surdo Laurent Clerc, melhor aluno do “Instituto 
Nacional para Surdos-Mudos” de Paris. Durante a travessia de 52 dias na viagem 
de volta ao Estados Unidos, Clerc ensinou a língua de sinais para Gallaudet, que 
por sua vez lhe ensinou o inglês.
FONTE: Disponível em: <https://goo.
gl/2Vhs66>. Acesso em: 18 
jun. 2017.
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 38)
FIGURA 35 – THOMAS HOPKINS 
GALLAUDET FIGURA 36 – LAURENT CLERC
Campello e Quadros (2010), salientam ainda que Thomas H. Gallaudet, 
junto a Clerc, fundou em Hartford, em 15 de abril 1817, a primeira escola 
permanente para surdos nos Estados Unidos em Hartford, “Asilo de Connecticut 
para Educação e Ensino de pessoas Surdas e Mudas”. Com o sucesso imediato da 
escola levou à abertura de outras escolas de surdos pelos Estados Unidos, quase 
todosos professores de surdos já eram usuários fluentes em língua de sinais e 
muitos eram surdos também.
TÓPICO 3 | IDADE CONTEMPORÂNEA
33
FIGURA 37 – THOMAS E LAURENT CLERC FUNDARAM A PRIMEIRA ESCOLA PERMANENTE 
PARA SURDOS DOS ESTADOS UNIDOS, EM HARTFORD (CONNECTICUT) 
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 38)
2.4 UNIVERSIDADE DE GALLAUDET – GALLAUDET UNIVERSITY
Em 1864 foi fundada a primeira universidade nacional para surdos 
“Universidade Gallaudet” em Washington – Estados Unidos – Segundo Campello 
e Quadros (2010), um sonho de Thomas Hopkins Gallaudet realizado pelo filho 
do mesmo, Edward Miner Gallaudet (1837-1917).
FONTE: Quadros (2014, p. 25)
FIGURA 38 – UNIVERSIDADE GALLAUDET
34
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
Sacks (2010) relata que Edward Gallaudet, em visitas que realizou a 
escolas de catorze países da Europa, no final da década de 1860, percebeu que 
embora houvesse escolas que utilizavam tanto a língua de sinais quanto a fala, 
as que utilizavam a língua de sinais obtinham melhores resultados com relação à 
educação geral. Retorna aos EUA e em assembleia sugere a escola elementar para 
surdos, melhor treinamento para professores, livros-textos, utilizar mais inglês 
escrito nos últimos anos de escola, uso de Leitura Orofacial (LOF) e treinamento 
de articulação para aqueles que tinham condições de aprender. Laurent Clerc 
morreu nesta época, quando o Oralismo atinge seu auge (ele lutava pelos sinais).
Campello e Quadros (2010), também fazem a reflexão sobre os bons 
resultados das escolas que utilizavam a Língua de Sinais e afirmam que 
a Universidade Gallaudet (Gallaudet University) é a única universidade do 
mundo cujos programas são desenvolvidos para pessoas surdas. Está localizada 
em Washington, D.C., a capital dos Estados Unidos. É uma instituição privada 
que conta com o apoio direto do Congresso desse país. A primeira língua oficial 
de Gallaudet é a American Sign Language – ASL –, a língua de sinais dos Estados 
Unidos (o inglês é a segunda). Nessa língua se comunicam entre si empregados, 
estudantes e professores, e se ditam a maioria dos cursos. Ainda que se conceda 
prioridade aos estudantes surdos, a universidade admite, também, um pequeno 
número de pessoas ouvintes a cada semestre. A estas se exige o domínio da ASL 
como requisito para permanecer na instituição. 
DICAS
Para conhecer de maneira mais aprofundada a história da fundação de Galaudet, 
acesse o link do Youtube: <https://www.youtube.com/watch?v=97P-C2nrYGw>.
2.5 ALEXANDER GRAHAM BELL (1818–1905)
Nasceu em Edimburgo, Escócia, em 3 de março de 1847, (Figura 40) 
o futuro instrutor de surdos-mudos e especialista em problemas auditivos. 
Estudou durante alguns anos na Universidade de Edimburgo e na Universidade 
de Londres e aos 23 anos de idade emigrou para o Canadá. Em 1871 partiu para 
os Estados Unidos da América, onde fundou uma escola para crianças com 
dificuldades auditivas.
TÓPICO 3 | IDADE CONTEMPORÂNEA
35
FIGURA 39 – ALEXANDER GRAHAM BELL
FONTE: Veloso e Filho (2009, p. 39)
Strobel (2009) salienta que Alexander Bell foi o inventor do telefone, 
começou seus estudos na Escola Superior de Edimburgo, sua cidade natal. Em 
seguida, passou por três universidades. Esteve primeiro na de Edimburgo, depois 
no University College de Londres e, por fim, na de Würzburg, na Alemanha, onde 
conseguiu formar-se em medicina. Graças ao título de Doutor em Medicina e à 
experiência acumulada pelo pai, Bell abriu uma escola para diplomar instrutores 
de surdos-mudos, tornando-se, ele próprio, professor de fisiologia vocal. Foi 
esse o início de uma carreira segura, que lhe permitia trabalhar tranquilamente 
e se dedicar a certas experiências de acústica que desde os tempos universitários 
tinham atraído sua atenção.
O pai de Bell, Segundo Strobel (2009), era autoridade indiscutível no campo 
dos problemas referentes à voz, à pronúncia e, sobretudo, às graves questões dos 
surdos-mudos, tivera a ideia de associar um desenho a todo som fonético para 
poder comunicar-se com os surdos-mudos e educá-los mais facilmente. Teria 
sido interessante construir um aparelho capaz de traçar automaticamente aqueles 
sinais fonéticos, a partir do som recebido. Ele permitia que seus filhos (Figura 41) 
assistissem às experiências que realizava nesse sentido.
FIGURA 40 – FOTOS COM A MULHER E FILHOS DE ALEXANDER BELL
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/ebjMeX>. Acesso em: 18 jun. 2017.
36
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
Entre os anos 1870 e 1890, Strobel (2009) relata que Alexander Grahan 
Bell publicou vários artigos criticando casamentos entre pessoas surdas, a cultura 
surda e as escolas residenciais para surdos, alegando que são fatores do isolamento 
dos surdos com a sociedade. Ele era contra a língua de sinais argumentando que 
ela não propiciava o desenvolvimento intelectual dos surdos. 
2.6 EDUARD HUET – 1822-1882
“O ser Surdo está presente como sinal e marca de uma diferença, de uma 
cultura e de uma alteridade que não equivale à dos ouvintes” (STROBEL, 2009, 
p. 16).
Em 1855, o ministro de Instrução Pública Drouyn de Louys, o embaixador 
da França Monsieur Saint George e a corte do Rio de Janeiro, apresentaram o 
conde e professor surdo, Eduard Huet a Dom Pedro II, incentivando-o a criar um 
ensino para surdos-mudos (termo que utilizavam naquela época). Aqui se inicia 
a caminhada histórica da educação de surdos no Brasil, que Rocha (2008, p. 23) 
assim menciona:
A educação escolar nas primeiras décadas do século XIX repercutiu 
nos primeiros momentos de organização do estado imperial. A ideia 
de disseminar o acesso à escolarização às camadas populares guardava 
também um sentido de controle dos súditos do novo império. 
Segundo Rocha (2008), a primeira escola criada no Brasil teve como objetivo 
ensinar a ler, escrever e contar. Era uma escola para pobres, brancos e livres. 
Naquela época, a sociedade, ainda escravocrata, organizava-se politicamente de 
forma distinta da atualidade. “Não guardava uma intenção de continuidade com 
os níveis de instrução secundária e superior, que eram destinados à aristocracia” 
(ROCHA, 2008, p. 23). Foi nesse cenário, conhecido como “das primeiras letras”, 
conforme Rocha, que em junho de 1855 E. Huet apresenta ao imperador D. Pedro 
II um projeto para criação de um estabelecimento para surdos.
FIGURA 41 – E. HUET
FONTE: Rocha (2008, p. 29)
TÓPICO 3 | IDADE CONTEMPORÂNEA
37
A escola para surdos começou a funcionar no Brasil em 1º de janeiro de 
1856, junto ao Colégio M. de Vassimon, no modelo privado. Nessa data, Huet 
apresentou seu programa de ensino, organizado com as seguintes disciplinas: 
“Língua portuguesa, Aritmética, Geografia e História do Brasil, Escrituração 
Mercantil, Linguagem Articulada (os que tivessem aptidão) e Doutrina Cristã” 
(ROCHA, 2008, p. 30).
Huet, personalidade importante na história da educação de surdos, 
solicitou ao governo a concessão de um terreno para realizar os atendimentos. 
Strobel (2009) salienta a importância da história do fundador da 1ª escola 
de surdos no Brasil: E. Huet, professor surdo, nasceu, viveu e estudou em Paris. 
Fundou outras escolas de surdos em diversos países. Chegou ao Brasil em 1855 
e fundou a primeira escola aqui. Em 1857, segundo Rocha (2008), a escola foi 
transferida para uma casa maior. Campello e Quadros (2010) ressaltam que 
os primeiros surdos que frequentaram a escola de surdos no Brasil foram um 
menino de 10 e uma menina de 12 anos. 
Rocha (2008) destaca que Huet nasceu em Paris em 1822 e ficou surdo aos 
12 anos de idade, em consequência de ter contraído sarampo. Em junho de 1855, 
Huet apresentou ao imperador D. Pedro II um relatório em Língua Francesa, 
contendo o plano de criação de uma escola para surdos, denominado “Imperial 
Instituto dos Surdos-Mudos”, hoje: “Instituto Nacional de Educação de Surdos” 
(INES).
FIGURA 42 – INSTITUTO NACIONAL SURDOS-MUDOS
FONTE:Rocha (2008, p. 30)
38
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
FIGURA 43 – INSTITUTO NACIONAL EDUCAÇÃO DE SURDOS – INES
FONTE: Rocha (2008, p. 90)
Strobel (2009) relata que o Instituto foi criado pela Lei nº 939, no dia 26 
de setembro de 1857, data em que é comemorado o “Dia Nacional dos Surdos” 
no Brasil. A primeira escola apresentou uma proposta que mesclava a língua de 
sinais francesa com os sistemas já usados pelos surdos de várias regiões do Brasil.
A autora comenta que no Instituto Nacional de Educação de Surdos 
(INES), Huet permaneceu até o ano de 1861, quando foi embora do Brasil devido a 
problemas pessoais, e para lecionar aos surdos no México. Neste período, o INES 
foi dirigido por Frei do Carmo, que logo abandonou o cargo e foi substituído por 
Ernesto do Prado Seixa. 
Segundo Rocha (2008), posteriormente, vários diretores foram se 
alternando no cargo do INES. Um dos marcos importantes foi o ano 1972, quando 
Tobias Rabello Leite assumiu o cargo efetivo de diretor do INES, cumprindo o 
objetivo de melhorar a rotina da instituição. “Umas das metas principais do Dr. 
Tobias era a de oferecer ensino profissionalizante” (ROCHA, 2008, p. 40).
Campello e Quadros (2010) salientam que se pode afirmar que a base da 
Língua de Sinais Brasileira foi a Língua de Sinais Francesa (LSF). Afirmam ainda 
que, posteriormente, Flausino José de Gama traduziu o dicionário Iconographia 
dos Signais dos surdos-mudos, cujos desenhos foram copiados em 1875, alterando 
as palavras francesas para a Língua Portuguesa.
TÓPICO 3 | IDADE CONTEMPORÂNEA
39
FIGURA 44 – ICONOGRAPHIA DOS SIGNAIS DOS SURDOS-MUDOS
FONTE: ROCHA (2008, p. 42)
Para Campello e Quadros (2010), os anos de 1855 a 1880 foram os “anos 
de Ouro” para a comunidade surda do Brasil, já que no Congresso de Milão, em 
1880, chegou-se à conclusão de que todos os surdos deveriam ser ensinados pelo 
Método Oral-Puro. 
3 CONGRESSO DE MILÃO (1880) – RETROCESSO 
HISTÓRICO PARA O ENSINO DA LIBRAS 
O Congresso de Milão foi uma conferência internacional de educadores 
de surdos, no dia 6 de setembro de 1880, na cidade de Milão, Itália. Havia 
representantes da França, Itália, Grã-Bretanha, EUA, Canadá, Bélgica, Suécia 
e Rússia. Apenas um surdo participou do congresso. O congresso não discutiu 
diretamente os métodos de ensino para pessoas surdas.
40
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
FIGURA 45 – LOCAL DO CONGRESSO EM MILÃO – ITÁLIA
FONTE: Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/pu-
blico/eixo7/libras/unidade3/unidade3.htm>. Acesso em: 15 
jun. 2017.
O interesse era reafirmar a necessidade de substituição da língua de 
sinais pela língua oral nacional. Foram retomados velhos tempos e princípios 
de Aristóteles que dizia: “[...] a fala é o privilégio do homem, o único e correto 
veículo do pensamento, a dádiva divina, da qual foi dito verdadeiramente: a fala 
é a expressão da alma, como alma é a expressão do pensamento divino” (apud 
VELOSO; FILHO, 2009, p. 39).
Foram colocadas as vantagens da fala e abolidos completamente os sinais. A 
língua de sinais, em todas as suas formas, foi proibida oficialmente, estigmatizada 
alegando que ela destruía a capacidade da fala dos surdos, argumentando que os 
surdos são “preguiçosos” para falar, preferindo usar a língua de sinais (VELOSO; 
FILHO, 2009, p. 45).
Os autores afirmam que o domínio da língua oral pelo surdo passou a ser 
condição de aceitação dentro de uma comunidade majoritária. E relatam ainda 
que Edward Gallaudet, presente no congresso, defendeu o sistema combinado 
(oralidade e língua de sinais), porém não foi ouvido.
As resoluções mais importantes do Congresso foram as seguintes, segundo 
Perlin e Strobel (2008):
1 Dada a superioridade incontestável da fala sobre os sinais para reintegrar os 
surdos-mudos na vida social e para dar-lhes maior facilidade de linguagem 
[…] este Congresso declara que o método de articulação deve ter preferência 
sobre o de sinais na instrução e educação dos surdos e mudos.
2 O método oral puro deve ser preferido porque o uso simultâneo de sinais e 
fala tem a desvantagem de prejudicar a fala, a leitura orofacial e a precisão de 
ideias. 
Veja as palavras de G. Ferreri (líder dos educadores italianos surdos) para 
um jornal de educação de surdo: 
TÓPICO 3 | IDADE CONTEMPORÂNEA
41
Eu sempre declarei que os surdos, mesmo aqueles instruídos, não 
podem ser colocados no mesmo lugar dos seus educadores ouvintes 
[...], posto que lhes falta, desde a mais tenra infância, o elemento que 
forma a inteligência, isto é, a língua mãe, eles permanecem para sempre 
inferiores no seu desenvolvimento psicológico, mesmo quando o mais 
paciente e habilidoso professor lhe transmite a fala (apud SACKS, 
2010, p. 34).
G. Ferreri (apud SACKS (2010), ainda afirma que os surdos privados de 
uma educação que lhes daria uma apreciação clara e exata de grande dádiva da 
fala, persistem em considerar com uma língua natural a sua mímica violenta e 
espasmódica, que pode, na melhor das hipóteses, simplesmente estabelecer o seu 
parentesco com os famosos primatas.
Sacks (2010) reflete que após o Congresso de Milão, o oralismo puro 
invadiu a Europa. Começa o desejo do educador de ter o controle total das salas e 
não se sujeitar a dividir o seu papel com um professor surdo. É a não valorização 
do surdo enquanto elemento capaz de educar e decidir.
Para Skliar (2012), uma das consequências do Congresso de Milão foi 
a demissão dos professores surdos a sua eliminação como educadores. Era a 
forma de impedir que eles pudessem ter qualquer tipo de força em organizar 
manifestações ou propostas que fossem contra o oralismo. O Congresso de Milão 
transformou a fala de uma comunicação em uma finalidade da educação.
 
Segundo Skliar (2012), a Itália aprovou o oralismo puro para facilitar o 
projeto geral da alfabetização do país, eliminando um fator de desvio linguístico. 
As ciências humanas e pedagógicas aprovaram porque o oralismo respeitava a 
concepção filosófica Aristotélica em que o mundo das ideias, abstrações e da razão 
são representados pela palavra, enquanto o mundo do concreto e do material é 
através dos sinais.
FIGURA 46 – APROVAÇÃO DO ORALISMO PURO 
FONTE: Lane (1992, p. 148)
42
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
Strobel (2009), salienta que Alexander Graham Bell teve grande influência 
neste congresso. O congresso foi organizado, patrocinado e conduzido por muitos 
especialistas ouvintes na área de surdez, todos defensores do oralismo puro (a 
maioria já havia empenhado muito antes do congresso em fazer prevalecer o 
método oral puro no ensino de surdos).
Em contrapartida Sacks (2010 p. 59) ressalta os Congressos que seguiram 
na linha de discussão para que retornasse o uso da Língua de Sinais: 
 1º Congresso Internacional dos Surdos – 1889, Paris. Foi proclamado: “[...] 
a infalibilidade do método de Abbé L’Épée, sem excluir o uso da fala, reconhece 
a língua manual como instrumento mais apropriado para desenvolver o intelecto 
do surdo”.
2º Congresso – Chicago – 1893. 
3º Congresso – Gênova – 1896, decidiram a favor do sistema combinado 
de instrução. 
4° Congresso – Paris – 1900. Os surdos tiveram reuniões separadas dos 
ouvintes, pois muitos dos educadores oralistas presentes não aprovaram a 
presença de surdos nas discussões.
Strobel (2009) afirma que, já no começo do século XX, surgem os primeiros 
relatos dos insucessos do oralismo puro. Um inspetor geral de Milão descreveu 
que o nível de fala e de aprendizado da leitura e escrita dos surdos após sete a 
oito anos de escolaridade era muito ruim, sendo que estes surdos não estavam 
preparados para uma função, a não ser como sapateiros ou costureiros.
Lane (1982) relata que na França isso também foi notado. Os surdos 
educados no oralismo tinham uma fala ininteligível. Dois psicólogos, Alfred Binet 
e Theodoro Simon (1910),realizaram a primeira avaliação sistemática da educação 
de surdos em duas instituições francesas, concluindo que a educação oralista 
não permitia que eles conseguissem trabalho, trocassem ideias com estranhos e 
“tivessem uma conversa real com aqueles pertencentes as suas relações pessoais.
Todos o que não progrediram na oralidade eram considerados deficientes 
mentais com necessidades especiais. Lane (1982) lembra que depois do Congresso 
de Milão, o conceito de surdo passou para “deficiente”, defendido pelo modelo 
médico. Vem então a descaracterização do surdo como diferente e a sua 
caracterização como anormal, como sujeito (indefinido) a ser tratado e curado, 
incapaz de responder àquilo que era esperado dele.
TÓPICO 3 | IDADE CONTEMPORÂNEA
43
SINOPSE DO FILME “SEU NOME É JONAS”
O filme conta a história de um menino surdo (Jonas) que foi internado em um hospital 
psiquiátrico, como deficiente mental, por um erro do médico. Quando os pais de Jonas 
realmente descobrem que ele é surdo e não deficiente mental, eles o tiram da clínica onde 
ele estava por 3 anos.
Devido ao erro médico, Jonas já havia perdido parte de 
sua vida, pois ele e sua família não sabiam nada sobre 
o mundo dos surdos. A mãe de Jonas vai em busca de 
recuperar o tempo perdido, levando-o para uma escola 
“apropriada” para ele. Porém, Jonas não consegue 
acompanhar seus colegas de sala, pois nessa escola o 
uso de sinais era proibido. Os responsáveis pela escola 
acreditavam que o uso dos sinais poderia deixar o surdo 
preguiçoso, ou seja, o surdo não seria oralizado, o que 
faria com que ele se comunicasse apenas com quem 
também é surdo. Ensinar Jonas a ler os lábios e a falar 
foi uma tarefa muito difícil, Jonas se sentia frustrado 
em ter que tentar pronunciar palavras que nunca havia 
ouvido o som. A mãe de Jonas se desespera, pois ela 
vê os dias passando e nada de Jonas evoluir na escola 
e muito menos no convívio familiar. O pai de Jonas não 
consegue lidar mais com essa situação e até sugere que 
Jonas seja internado novamente, pois assim o convívio 
da família seria mais fácil. A mãe de Jonas não aceita a 
ideia de seu pai, o qual vai embora, deixando toda sua 
família para trás.
Ao tentar buscar outros métodos para ajudar seu filho, a mãe de Jonas encontra uma família 
de surdos e vê que eles se comunicam por meio de sinais. Finalmente, a mãe de Jonas entra 
no mundo dos surdos, ela vai a um clube onde os surdos se encontram e conhece muitos 
deles, começa a aprender como funciona a língua de sinais e a cultura surda. A partir de 
então, alguns surdos começam a ensinar a língua de sinais para Jonas, que passa a ter uma 
nova descoberta do mundo.
FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3Z0_CAQlIzY>. Acesso em: 
12 out. 2017.
DICAS
4 HELLEN ADAMS KELLER
Helen Adams Keller nasceu em 27 de junho de 1880, em 
Tuscumbia, Alabama, Estados Unidos, ficou cega e surda aos dois anos de idade. 
Aos sete anos foi confiada à professora Anne Mansfield Sullivan, que lhe ensinou o 
alfabeto manual tátil (método empregado pelos surdos-cegos). Foi uma escritora, 
conferencista e ativista social norte-americana.
44
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
FIGURA 47 – HELLEN ADAMS KELLER
FONTE: Strobel (2008, p. 152)
Hellen Keller foi a primeira pessoa surda e cega a conquistar um 
bacharelado. Strobel (2009) relata que a história sobre como sua professora, 
Anne Sullivan, conseguiu romper o isolamento imposto pela quase total falta de 
comunicação, permitindo à menina fl orescer enquanto aprendia a se comunicar, 
tornou-se amplamente conhecida através do roteiro da peça The Miracle 
Worker, que virou o fi lme “O Milagre de Anne Sullivan” (1962). Seu aniversário em 
27 de junho é comemorado como Helen Keller Day, no estado da Pennsylvania, e 
foi autorizado em nível federal por meio da proclamação presidencial de Jimmy 
Carter em 1980, no centenário de seu nascimento.
FIGURA 48 – FILME “O MILAGRE DE ANNE SULIVAN”
FONTE: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/fi l-
mes/fi lme-4888/>. Acesso em: 15 jun. 2017.
TÓPICO 3 | IDADE CONTEMPORÂNEA
45
Tornou-se uma célebre e prolífica escritora, filósofa e conferencista, uma 
personagem famosa pelo extenso trabalho que desenvolveu em favor das pessoas 
com deficiência. Keller viajou muito e expressava de forma contundente suas 
convicções. Membro do Socialist Party of American e do Industrial Workersofthe 
World, participou das campanhas pelo voto feminino, direitos trabalhistas, 
socialismo e outras causas de esquerda. Ela foi introduzida no Alabama Women's 
Hall of Fame, em 1971. Hellen Adams Keller faleceu no dia 1 de junho de 1968 (87 
anos) em Westport, Connecticut, Estados Unidos.
Anne Sullivan nasceu em 14 de abril de 1866, em Nova Iorque, e faleceu 
no dia 20 de outubro de 1936. Foi uma educadora estadunidense, mais conhecida 
por ter sido a professora de Helen Keller, uma adolescente surda-cega a quem 
ensinou por meio da Língua de Sinais através do tato.
FIGURA 49 – ANNE SULIVAN
FONTE: Strobel (2008, p. 153)
5 OUTROS DESTAQUES NA COMUNIDADE SURDA EM 
GERAL
Strobel (2009) traz vários destaques da comunidade surda. Entre eles, em 
1932, Antônio Pitanga, escultor surdo, pernambucano formado pela escola de 
Belas Artes, foi vencedor de três prêmios: Medalha de prata (escultura Menino 
Sorrindo), Medalha de ouro (Escultura Ícaro) e o prêmio viagem à Europa (com a 
escultura Paraguassu).
46
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
FIGURA 50 – ANTÔNIO PITANGA
FONTE: Strobel (2008, p. 55)
A autora cita também Vicente de Paulo Penido Burnier, surdo, que em 
1951 foi ordenado como padre no dia 22 de setembro. Ele precisou esperar 
durante três anos uma liberação do Papa da Lei Direito Canônico1, pois na época 
havia a proibição de surdo se tornar padre. 
1 http://portalgualandi.com.br/site/?p=2119 
FIGURA 51 – VICENTE DE PAULO PENIDO BURNIER
FONTE: Strobel (2008, p. 58)
Strobel (2009), cita também o surdo brasileiro Jorge Sérgio L. Guimarães, 
que em 1961, publicou no Rio de Janeiro o livro “Até onde vai o surdo”, no qual 
ele relata suas experiências como surdo, em forma de crônicas.
TÓPICO 3 | IDADE CONTEMPORÂNEA
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FIGURA 52 – JORGE SÉRGIO L. GUIMARÃES
FONTE: Strobel (2008, p. 59)
5.1 WILLIAN STOKOE (1960)
Campello e Quadros (2010) afirmam que Willian Stokoe foi um dos 
primeiros linguistas a estudar uma língua de sinais com tratamento linguístico. É 
considerado o pai da linguística da língua de sinais americana.
FIGURA 53 – WILLIAN STOKOE
FONTE: Quadros, Pizzio e Rezende (2009, p. 17)
Stokoe publicou “Sign Language Structure: an Outline of Visual 
Communication Systems of the American Deaf” (Estrutura da língua de sinais: um 
esquema de sistemas de comunicação visual dos surdos americanos) afirmando 
que Língua de Sinais Americana (ASL) é uma língua com todas as características 
da língua oral. Para Campello e Quadros (2010), esta publicação foi uma semente 
de todas as pesquisas que floresceram nos Estados Unidos e na Europa.
48
UNIDADE 1 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS NOS ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DO MUNDO
FIGURA 54 – SIGN LANGUAGE STRUCTURE: AN OUTLINE OF 
VISUAL COMMUNICATION SYSTEMS OF THE 
AMERICAN DEAF
FONTE: Quadros, Pizzio e Rezende (2009, p. 28)
Quadros e Karnopp (2007, p. 30) afirmam que:
As línguas de sinais são, portanto, consideradas pela linguística como 
línguas naturais ou como um sistema linguístico legítimo e não como 
um problema do surdo ou como uma patologia da linguagem. Stokoe, 
em 1960, percebeu e comprovou que a língua dos sinais atendia a todos 
os critérios linguísticos de uma língua genuína, no léxico, na sintaxe e 
na capacidade de gerar uma quantidade infinita de sentenças.
Stokoe revolucionou a linguística da época, apresentando uma análise 
descritiva da língua de sinais americana. Quadros, Pizzio e Rezende (2009) 
afirmam que os estudos linguísticos de Stokoe concentravam-se nas

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