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Materiais de Construção Volume 1 2014 2014 Materiais de Construção Volume 1 Livro de Atas 1º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO Livro de Atas 1º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO Livro de Atas Materiais de Construção Sustentáveis Volume 1 Edição Universidade do Minho Editores Barroso Aguiar, Aires Camões, Raul Fangueiro, Rute Eires, Sandra Cunha e Mohammad Kheradmand ISSN 2183-1866 Março de 2014 Organização Apoios / Patrocínios Media Partners 1 Índice Palestras ....................................................................................................................... 5 Utilização de resíduos na produção de betões...................................................................................... 7 Phase Change Materials: Contribute to Sustainable Construction..................................................... 19 Construção em terra crua e sustentabilidade ...................................................................................... 29 Gestão de resíduos na obra de Reforma e Adequação de Estádio Maracanã - RJ ............................. 43 Materiais e Tecnologias não Convencionais para o Século XXI ....................................................... 61 Novos materiais de construção com tecnologias avançadas .............................................................. 71 Tema 01: Materiais e Energia .................................................................................. 79 Comparison of embodied energy and carbon dioxide emissions of brick and concrete based on functional units ................................................................................................................................... 81 Environmental life cycle assessment from cradle to cradle of insulation cork boards ...................... 89 Avaliação do consumo de energia na produção de misturas asfálticas ............................................ 103 A relação entre as técnicas, materiais e conforto ambiental na concepção da arquitetura Luso- Brasileira. ......................................................................................................................................... 115 Resistência à água de argamassas com incorporação de agregados leves ....................................... 129 Cool facades. Thermal performance assessment using infrared thermography ......................... 139 Tema 02: Materiais e Nanotecnologia ................................................................... 147 Polymer composite materials modified with nano-oxides and phosphinates hybrid flame retardant systems ............................................................................................................................................. 149 Comportamento de Pastas de Cimento produzido com Nanotubos de Carbono para Poços de Petróleo ............................................................................................................................................ 159 Nanofibrillated cellulose by grinding method from bamboo organosolv pulp as nanoreinforcement in composites ................................................................................................................................... 171 Utilização de nano-partículas para a obtenção de betões de elevado desempenho .......................... 179 Argamassas Reforçadas por Nanotubos de Carbono ....................................................................... 191 Correlação entre coalescência de microcavidades, propriedade mecânica e termorresistividade de uma liga Al-0,5%Cu[0,24-0,28]%Fe-0,7%Si modificada com teores de titânio .................. 201 Tema 03: Materiais e Resíduos .............................................................................. 209 Argamassas cimentícias com resíduos industriais incorporados ..................................................... 211 Argamassas de elevada fluidez para cimentação de poços de petróleo com incorporação de cinza de biomassa da cana de açúcar (CBC) .................................................................................................. 223 Uso da cinza de caldeira de uma fábrica de celulose e papel em materiais cimentícios .................. 237 Telhas de fibrocimento utilizadas na construção civil: Análise do ciclo de vida ............................ 249 Sustainability Concepts Applied to Oilwell Construction Materials ............................................... 261 2 Piso flutuante composto com material resiliente alternativo: placas cimentícias com resíduo da indústria de calçados. ....................................................................................................................... 269 Produção de adobes com introdução de resíduo de concreto e adição de cimento .......................... 275 Evolução da frente de carbonatação em argamassas contendo cinzas volantes tendo em conta a presença de iões cloreto ................................................................................................................... 283 Estudo de materiais cerâmicos refratários com adição da sílica residual proveniente da queima da casca de arroz ................................................................................................................................... 291 Evaluating the pozzolanic activity of spent catalyst partially substituting type II Portland cement 303 Estudo para utilização de areia de fundição em blocos de pavimentos intertravados...................... 311 Avaliação de mini paredes com blocos EVA submetidas à ação de calor e choque térmico .......... 321 Estudo de vigas mistas de madeira e concreto com resíduo de borracha para aplicação em pontes 331 Produção de blocos cerâmicos com adição de 2,5% de adição de lodo de fosfatização em escala industrial .......................................................................................................................................... 343 Estudo das propriedades físicas de resíduos de demolição para reaproveitamento em peças pré – fabricadas de betão. .......................................................................................................................... 353 Gesso e resíduos de saco de cimento: propriedades térmicas de elementos construtivos para forro .......................................................................................................................................................... 363 Utilização de escória de alto-forno básica em concretos submetidos a meio agressivo .................. 371 A compatibilização de projetos como condição primordial para a sustentabilidade das construções .......................................................................................................................................................... 377 Análise e avaliação da gestão de resíduos da construção civil em Belo Horizonte ......................... 385 Viabilidade da utilização de resíduos de Paricá tratados com CCA e resina poliuretana à base de mamona na fabricação de painéis OSB ............................................................................................ 397 Estabilização do Adsorvente Composto por Cinza de Casca de Arroz e Carvão Ativado, Contaminado com Hidrocarbonetos de Petróleo, em Matriz de Cimento Portland ......................... 405 Uso de resíduos da indústria de rochas ornamentais na confecção de ladrilhos hidráulicos ........... 415 Efeito do uso de cinza de casca de arroz na absorção de água e resistência de concretos produzidos com agregado reciclado de concreto ................................................................................................427 Argamassas de cal hidráulica natural com incorporação de resíduos de mosaico de barro vermelho .......................................................................................................................................................... 439 Avaliação do abatimento e resistência à compressão de concretos produzidos com agregados cerâmicos submetidos a três taxas de pré-saturação. ....................................................................... 449 Otimização do consumo de cimento por meio da adição da Sílica da casca do arroz (SCA) .......... 461 Proposta de beneficiamento de cinza de casca de arroz com alto teor de carbono para emprego em concretos .......................................................................................................................................... 469 Influência do método de britagem dos agregados reciclados nas propriedades do betão ................ 479 Comportamento tensão-deformação de argamassas contendo areia de resíduos de construção e demolição ......................................................................................................................................... 491 Adequação do resíduo cinza de casca de arroz para emprego como material pozolânico ............... 501 3 Avaliação da Influência de Agregados Leves à base de Resíduos de PU/ EVA nas propriedades físicas de Argamassas Álcali-ativadas ............................................................................................. 513 Índice de atividade pozolânica da sílica de casca de arroz silcca nobre SCI proveniente da combustão em leito fluidizado ......................................................................................................... 523 Avaliação do Comportamento Mecânico e Ambiental de Argamassas Álcali-ativadas contendo Resíduos à base de PU/ EVA ........................................................................................................... 531 Comportamento mecânico de compósitos cimenticios com cinzas de bagaço de cana-de-açúcar .. 541 Metodologia para fabricação de dormentes de madeira reciclada visando redução do impacto ambiental .......................................................................................................................................... 551 Estudo da Viabilidade Técnica no Uso de Cinza de Casca de Arroz na Produção de Argamassas de Assentamento e Revestimento em Bloco Estrutural e de Vedação .................................................. 563 Desempenho de Concretos Estruturais Confeccionados com Agregado Miúdo de Resíduo de Construção e Demolição .................................................................................................................. 573 Performance of fly ash based one-part geopolymer mortars in durability tests ............................... 583 Caracterização da pozolanicidade de cinza de casca de arroz com diferentes teores de perda ao fogo com vistas ao emprego em concreto ................................................................................................ 593 Chapas de resíduos de serragem de eucalipto – otimização do tempo de prensagem das partículas e quantidade de cola, visando maior sustentabilidade do produto ...................................................... 607 Comportamento de uma areia estabilizada com cinzas de carvão mineral para aplicações geotécnicas ....................................................................................................................................... 617 Uso de propileno glicol como aditivo de moagem de cinzas de casca de arroz para sua adequação como material pozolânico ................................................................................................................ 629 Estudo Experimental e Numérico de um Solo Argiloso Reforçado com Borracha Moída de Pneus Inservíveis para Aplicações em Obras Geotécnicas ......................................................................... 639 Avaliação da redução e reciclagem de resíduos de pasta de gesso em canteiro de obra .................. 649 Tratamento térmico da lama do beneficiamento de rochas ornamentais, visando aplicação como substituição parcial de cimento ........................................................................................................ 661 Argamassas de revestimento produzidas com borracha proveniente do processo de recauchutagem de pneus............................................................................................................................................ 673 Microstructural Evolution of Porcellanato Ceramic Mass Due to the Addition of Kaolin Residue 685 Durabilidade de concretos com adição de sílica da casca de arroz obtida em leiro fluidizado à penetração de íons cloretos ............................................................................................................ 697 Aplicação de resíduos de construção e demolição (RCD) em aterros reforçados com geossintéticos .......................................................................................................................................................... 709 Preliminary study of admixtures and temperature effect on workability of mining waste based geopolymer ....................................................................................................................................... 721 Thermogravimetric determination of gypsum in Portland cements partially substituted by industrial wastes ............................................................................................................................................... 731 Simultaneous use of two catalytic wastes as aggregates to cement in sustainable construction materials .......................................................................................................................................... 739 Efeitos da incorporação da ecosílica no desempenho de argamassas produzidas por activação alcalina de metacaulinos .................................................................................................................. 747 4 Caracterização e viabilidade da utilização do resíduo do processo de beneficiamento do tabaco (“pó de fumo”) como adição pozolânica .................................................................................................. 759 Compósitos de bagaço de cana-de-açúcar: granulometria de partículas .......................................... 769 Avaliação de novas composições de argamassas autonivelantes com adição de resíduo da biomassa da cana-de-açúcar e resíduo de britagem ......................................................................................... 775 Utilização de areia usada de fundição como agregado na construção civil ..................................... 787 Sintese de pigmentos inorgânicos tendo como precursor a solução acida remanecente da decapagem de chapas de aço .......................................................................................................... 797 Avaliação de diferentes tipos de superplastificantes nas propriedades de pastas autonivelantes com adição de resíduo de britagem ............................................................................................... 805 5 Palestras 6 Congresso Luso-Brasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis 5, 6 e 7 de Março de 2014 Guimarães, Portugal 7 Utilização de resíduos na produção de betões BRITO Jorge de1,a, SILVA Rui1,b 1 Instituto Superior Técnico, Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, Portugal a jb@civil.ist.utl.pt, b rvpssilva@gmail.com Palavras-chave: Agregados reciclados; betão; resíduos de construção e demolição; resíduos industriais; borracha; vidro; plástico. Resumo. A procura mundial de agregadospara aplicação em construção tem aumentado nos últimos anos, principalmente devido ao crescimento célere das economias de países como o Brasil, a China e a Índia. Naturalmente, este crescimento motiva o desenvolvimento de actividades de construção e demolição gerando, consequentemente, mais resíduos. Este documento apresenta uma revisão do estado da arte de investigações que estudaram a incorporação de diversos agregados, de tipos e formas diferentes, provenientes de resíduos de construção e demolição, assim como de agregados oriundos de actividades industriais, com ênfase nas desenvolvidas no IST. Introdução A indústria da construção representa um dos maiores e mais activos sectores da União Europeia (UE), consumindo mais matéria-prima e energia do que qualquer outra actividade económica. Da mesma forma, os resíduos das suas actividades constituem a grande maioria dos resíduos produzidos em toda a UE. O aumento do consumo de recursos naturais, juntamente com a geração excessiva de resíduos de construção e demolição (RCD) assim como de actividades industriais, têm gerado grandes preocu- pações a nível ambiental e económico. No sentido de inverter essa tendência, existem actualmente esforços para promover a eficiência ecológica na indústria da construção, sendo a reutilização dos RCD uma das vertentes exploradas. A elevada produção de resíduos industriais é também uma pre- ocupação crescente da Sociedade actual em termos ambientais, sendo a deposição em aterro o seu principal destino. No entanto, esta é uma opção impactante e sem potencial económico, uma vez que não possibilita o reaproveitamento dos resíduos. Tendo isto em conta, a utilização de agregados reciclados (AR), como substitutos dos seus congéneres naturais na produção de betão, é tida como uma das formas mais salutares de contribuir para uma reciclagem efectiva dos materiais e, conse- quentemente, maior sustentabilidade na construção. Os estudos desenvolvidos sobre a utilização de AR no fabrico de betão têm demonstrado, de uma forma geral, uma diminuição das propriedades mecânicas e de durabilidade, quando comparadas com as de um betão com agregados naturais (AN), com as mesmas características (composição, condições de cura, classe de resistência, entre outras). Está também generalizada a conclusão de que, quanto maior for a taxa de substituição dos AN por AR, maiores serão as diferenças de desempenho entre os betões com agregados reciclados (BAR) e o betão convencional. O seguinte documento refere os autores de diversas investigações experimentais e do estado da arte, realizados no Instituto Superior Técnico, que englobam várias temáticas relacionadas com a utiliza- ção de vários tipos de AR na produção de betão. Produção de betão com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição O estudo de BAR remonta à década de 1970. Inicialmente, eram feitas análises e observações básicas ao comportamento deste material. Deste então, têm vindo a ser efectuados diversos estudos, 8 progressivamente mais complexos, analisando diversas variáveis para diferentes taxas de substituição de AN para AR. Dentro dos RCD, foram identificados três tipos de AR: de betão, de alvenaria e mistos. Geralmente, um AR de betão tem na sua composição, pelo menos, 90% de betão triturado. A mesma percentagem é considerada nos AR de alvenaria, considerando-se, em vez de betão, materiais não estruturais utilizados para o enchimento de paredes (tijolos cerâmicos, blocos de betão leve, tijolos de escória granulada de alto-forno, entre outros) [1]. Os AR mistos são compostos pelos dois agregados anteriores, variando a percentagem conforme as especificações existentes [2-15]. Agregados reciclados de betão. Evangelista e Brito [16, 17] estudaram o desempenho mecânico e em termos de durabilidade, respectivamente, de betões estruturais produzidos com AR finos de betão. Os resultados mostraram que é possível substituir completamente a fracção fina dos agregados com perdas de resistência à compressão inferiores a 10% (Fig. 1). Contudo, para a mesma taxa de substituição, a resistência à tracção e o módulo de elasticidade diminuíram em 23 e 18%, respectivamente. Relativamente ao desempenho em termos de durabilidade, as misturas de betões, com taxas de incorporação de 100% de AR finos de betão, demonstraram um declínio considerável de desempenho (Fig. 2), principalmente na absorção de água por capilaridade e carbonatação (aumentos de 78 e 68%, respectivamente, face ao betão de referência - BR). Os autores concluíram que, para produzir betões com perdas de desempenho aceitáveis, a taxa de incorporação de AR finos de betão terá que ser limitada a 30% por volume. y = -0.0008x + 1 R² = 0.9345 y = -0.0023x + 1 R² = 0.9899 y = -0.0018x + 1 R² = 0.9826 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 0 25 50 75 100 B A R / B R Taxa de incorporação (%) Resistência à compressão Resistência à tracção Módulo de elasticidade Figura 1: Relação das propriedades mecânicas dos BAR e BR, obtidas aos 28 dias, de betões com crescente incorporação de AR finos de betão [16] y = 0.0078x + 1 R² = 0.9439 y = 0.0034x + 1 R² = 0.9952 y = 0.0068x + 1 R² = 0.9998 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 0 25 50 75 100 B A R / B R Taxa de incorporação (%) Absorção de água por capilaridade Penetração de cloretos Carbonatação (91 dias) Figura 2: Relação das propriedades de durabilidade dos BAR e BR, de betões com crescente incorporação de AR finos de betão [17] Os mesmos autores [18] elaboraram uma Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) em betões feitos com AR finos de betão de forma a perceber os seus benefícios reais. Os resultados desta ACV apontaram consistentemente para um benefício ambiental, consequente da substituição de areia por AR finos de betão, principalmente devido à diminuição da extracção dos recursos naturais e todos os seus processos envolvidos. Vieira et al. [19] estudaram o comportamento mecânico após incêndio de betões com AR grossos de betão. Os autores concluíram que, apesar da maior porosidade e diferentes propriedades térmicas da interface entre os agregados e a matriz cimentícia dos BAR, quando comparados com o betão convencional, o aumento da taxa de incorporação dos AR de betão não influenciou o comportamento térmico do material. Adicionalmente, a variação das propriedades mecânicas residuais em estudo (resistência à compressão e à tracção e módulo de elasticidade) demonstrados pelos BAR, após terem sidos sujeitos a altas temperaturas, foi bastante semelhante àquela apresentada pelos BR. Por outras palavras, não pareceu existir uma relação entre a degradação das 9 propriedades mecânicas residuais estudadas e o aumento da taxa de substituição de AN por AR de betão, para as diferentes exposições de temperatura analisadas. Recentemente, foi efectuado um estudo à influência das condições de cura no desempenho mecânico [20] e em termos de durabilidade [21] de betões com AR grossos de betão. Como esperado, os betões curados em ambientes progressivamente mais secos demostraram um pior desempenho do que os curados numa câmara húmida ou imersos em água, devido ao menos eficiente processo de hidratação do cimento. Contudo, ao comparar o desempenho relativo dos betões, com diferentes taxas de incorporação e curados em condições diferentes, concluiu-se que existe pouca ou nenhuma influência das condições de cura. Devido à maior capacidade de absorção de água dos AR de betão, percebeu-se que, de modo a evitar uma perda significante de trabalhabilidade do betão, estes terão que ser utilizados em condições saturadas e com a superfície seca [1]. Ferreira et al. [22] estudaram a influência da pré- saturação de AR grossos de betão, em comparação com um método de compensação da água absorvida pelos AR. Os resultados dos ensaios à trabalhabilidade de betões produzidos com AR pré- saturados mostraram serem estesalgo mais instáveis do que os obtidos nos betões produzidos com o método da compensação de água. Além disto, os valores da resistência à compressão dos betões produzidos com agregados pré-saturados foram ligeiramente piores do que os obtidos nos betões produzidos com o método da compensação de água (Fig. 3a). Este declínio foi mais notório na absorção de água por capilaridade (Fig. 3b), na qual, para uma taxa de incorporação de 100% de AR grossos, os betões com AR pré-saturados exibiram, em média, valores quase 60% superiores aos do BR, enquanto os betões produzidos com compensação de água apresentaram valores apenas 33% superiores. y = -0.0022x + 1 R² = 0.6816 y = -0.0017x + 1 R² = 0.9376 0.7 0.75 0.8 0.85 0.9 0.95 1 1.05 1.1 0 25 50 75 100 B A R / B R Taxa de incorporação (%) Pré-saturação Compensação de água a) y = 0.0058x + 1 R² = 0.8339 y = 0.0033x + 1 R² = 0.9784 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 0 25 50 75 100 B A R / B R Taxa de incorporação (%) Pré-saturação Compensação de água b) Figura 3: Relação da a) resistência à compressão e b) absorção de água por capilaridade dos BAR e BR de betões com crescente incorporação de AR grossos de betão [22] Brito e Robles [23] registaram a Patente n.º PT103756 - "Metodologia de estimativa de betões com agregados reciclados" que, tal como o nome indica, permite uma previsão do comportamento das propriedades de um BAR, baseada numa revisão de literatura extensiva de campanhas experimentais internacionais. A metodologia apresentada baseia-se na determinação prévia das propriedades principais (densidade e absorção de água ponderada) de todos os agregados combinados (AN + AR), assim como na resistência à compressão aos 7 dias. Esta metodologia foi validada, baseada na análise gráfica das propriedades mais importantes de betões feitos com tais agregados (resistência à compressão e à tracção, módulo de elasticidade, retracção, fluência, absorção de água, carbonatação e penetração de cloretos). Os autores concluíram que esta metodologia pode prever o desempenho a longo prazo de BAR, relativo a um betão convencional. Esta previsão poderá também ser utilizada para adaptação a um dimensionamento estrutural. A 10 maior vantagem desta metodologia está relacionada com o seu baixo custo e curto tempo necessário para estimar o desempenho a longo prazo do betão endurecido. À semelhança do trabalho anterior [23], Brito e Alves [24] utilizaram a mesma metodologia para o panorama nacional. Apesar do tamanho da amostra ser inferior ao estudo anterior, a análise dos resultados obtidos nas investigações nacionais (a maioria no Instituto Superior Técnico) mostrou a validade da metodologia. Um outro tópico de grande interesse, que estranhamente foi muito poucas vezes abordado, é a reciclagem múltipla. Noutras palavras, pretende-se saber quantas vezes agregados provenientes da trituração do betão poderão ser utilizados na produção de novos betões até que estes demonstrem um declínio significativo no seu desempenho. Brito et al. [25] estudaram as propriedades de betões obtidos em três ciclos de reciclagem. Os resultados mostraram que todos os BAR demonstraram resistências à compressão semelhantes entre si e ao betão original. Isto sugere que o betão poderá ser sujeito a um número ilimitado de ciclos de reciclagem sem mostrar uma perda significativa no seu desempenho. Contudo, é necessário efectuar mais investigações neste tema, onde o aspecto da durabilidade também seja estudado. Recentemente, foram efectuados estudos na influência da adição de superplastificantes, com capacidades diferentes de redução de água, no comportamento mecânico do betão com AR grossos [26, 27] e finos [28, 29] de betão. Os resultados permitiram concluir que é de facto possível produzir BAR, com altas taxas de incorporação de AR grossos e finos, com uma perda de resistência à compressão aceitável. Além disto, foi possível concluir que a utilização de redutores de água é possível na produção de BAR com qualidade, independentemente da taxa de incorporação. Num dos estudos [26], os autores repararam que, para a mesma taxa de incorporação de AR grossos de betão, a perda de resistência à compressão, relativamente ao BR, aumentava à medida que a relação água/cimento (a/c) efectiva diminuía. No entanto, Pereira et al. [28] verificaram que os betões produzidos com o superplastificante com poder normal de redução de água demonstraram uma maior perda de resistência à compressão com o aumento da taxa de incorporação, em comparação aos betões produzidos com um superplastificante de forte poder de redução de água (Fig. 4). Este comportamento foi também verificado noutra investigação [30] no desempenho em termos de durabilidade de betões produzidos com AR finos provenientes na trituração de betão. Os resultados na Fig. 5 mostram que a profundidade de carbonatação aumentou mais nos betões produzidos com superplastificantes com poder normal de redução de água, à medida que a taxa de incorporação de AR finos de betão aumentou. As reacções álcalis-sílica são um dos processos de deterioração dos betões convencionais, condicionando por isso a sua durabilidade. Santos et al. [31] analisaram diversas variáveis que poderão instigar reacções álcalis-sílica em betões com incorporação total ou parcial de AR. O recurso em laboratório ao tratamento de imagem digital microscópica permitiu aprofundar o conhecimento destas reacções, utilizando métodos de diagnóstico com recurso ao microscópio óptico e à microscopia electrónica de varrimento. Algumas características dos BAR, como a maior porosidade e menor densidade, foram as apresentadas por alguns betões convencionais onde se verificou uma diminuição da apetência para o desenvolvimento da reacção álcalis-sílica. Figueiredo [32, 33] e Cabaço [32, 33] estudaram o desempenho mecânico e em termos de durabilidade, respectivamente, de betões com agregados provenientes da trituração de pisos de betão leve. Os resultados permitiram concluir que, embora a introdução de AR provenientes da trituração de betão estrutural leve tivesse produzido betões com melhores propriedades mecânicas e eficiência estrutural, também provocaram um declínio no desempenho em termos de durabilidade. Agregados reciclados de alvenaria. Brito et al. [34, 35] e Correia et al. [34, 35] estudaram o desempenho mecânico e em termos de durabilidade, respectivamente, de betões com AR grossos provenientes da trituração de tijolos cerâmicos. Como esperado, o aumento da taxa de incorporação de AR levou a um declínio no desempenho mecânico dos betões (a utilização de 100% de AR levou a uma queda de 45% da resistência à compressão, relativamente ao BR). Esta tendência foi também verificada no desempenho em termos de durabilidade. Houve, no entanto, uma melhoria com a 11 introdução de AR cerâmicos; de facto, o aumento da incorporação destes materiais levou a um aumento da resistência à abrasão. y = -0.0134x + 39.388 y = -0.0903x + 53.612 y = -0.0231x + 65.159 30 35 40 45 50 55 60 65 70 0 25 50 75 100 R es is tê n ci a à c o m p re ss ã o ( M P a ) Taxa de incorporação (%) Sem superplastificantes Superplastificante com poder normal Superplastificante com poder forte Figura 4: Resistência à compressão aos 28 dias de betões com crescente incorporação de AR finos de betão [28] y = 0.064x + 6.9487 y = 0.1043x + 2.2554 y = 0.0519x + 0.9462 0 2 4 6 8 10 12 14 0 25 50 75 100 P ro fu n d id a d e d a c a rb o n a ta çã o ( m m ) Taxa de incorporação (%) Sem superplastificantes Superplastificante com poder normal Superplastificante com poder forte Figura 5: Profundidade da carbonatação aos 91 dias de betões com crescente incorporação de AR finos de betão [30] Nas campanhas experimentais de Alves et al. [36] e Vieira [37] foi avaliado o desempenho mecânicoe em termos de durabilidade, respectivamente, de betões com incorporação de AR finos cerâmicos. Foram estudados dois tipos de AR: de tijolos cerâmicos triturados (em que foram confirmadas as tendências detectadas na campanha de Brito et al. e Correia et al.) e de equipamentos sanitários partidos. A adição progressiva destes materiais levou a conclusões interessantes. Devido ao facto de os AR finos de equipamentos sanitários terem exibido uma absorção de água semelhante à da areia natural, foi possível produzir betões com uma relação a/c efectiva igual à total. Contudo, à medida que a taxa de incorporação destes materiais aumentava, foi necessário aumentar muito a relação a/c para manter a trabalhabilidade. Além das suas formas irregulares, este fenómeno deveu-se à colagem das superfícies vítreas dos AR sucedidas devido às forças de Van der Waals dos iões de hidrogénio da água. Tanto relativamente ao desempenho mecânico como à durabilidade, e tal como esperado, à medida que a taxa de incorporação aumentava, estes pioravam. Este efeito foi mais notório nos betões com AR finos sanitários devido à necessidade de aumentar a relação a/c. Na campanha experimental de Martins [38], foi estudado o comportamento ao fogo de betões produzidos com AR grossos, provenientes da trituração de tijolos cerâmicos. Como esperado, a resistência à compressão diminuiu com o aumento da taxa de incorporação destes materiais. No entanto, como demonstrado na Fig. 6, à medida que os betões eram sujeitos a temperaturas progressivamente maiores, o declínio das propriedades mecânicas foi inferior nos betões com maiores quantidades de AR grossos cerâmicos. Isto demonstra um claro benefício da incorporação destes materiais nas propriedades mecânicas pós-fogo dos betões. Agregados reciclados mistos. Gomes et al. [39] e Gomes e Brito [40] estudaram o desempenho mecânico e em termos de durabilidade, respectivamente, de betões estruturais produzidos com diversos tipos de AR (i.e. betão, cerâmicos e mistos). Independentemente do tipo de AR, os desempenhos mecânico e em termos de durabilidade pioraram de uma forma geral. Este declínio foi mais notório à medida que a taxa de incorporação de AR cerâmicos aumentava. Para a mesma taxa de incorporação, os betões produzidos com AR de betão demonstraram propriedades mais semelhantes ao betão convencional, seguidos dos betões feitos com AR mistos e, finalmente, com AR cerâmicos. 12 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 0 200 400 600 R es is tê n ci a à c o m p re ss ã o ( M P a ) Temperatura de exposição (ºC) BR B20 B50 B100 a) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 100 200 300 400 M ó d u lo d e el a st ic id a d e (G P a ) Temperatura de exposição (ºC) BR B20 B50 B100 b) Figura 6: Valores da resistência à compressão (a) e módulo de elasticidade (b) residuais de betões, produzidos com AR grossos de alvenaria, após terem sido submetidos a temperaturas progressivamente maiores [38] Ao estudar as propriedades físicas, químicas e mineralógicas dos AR finos mistos, obtidos a partir de RCD de centrais de reciclagem portuguesas, Rodrigues et al. [41, 42] desenvolveram uma metodologia de ensaio, da qual foi registada a Patente n.º PT105921, para a determinação das massas volúmicas e absorção de água, ao longo do tempo, de AR finos. Esta nova metodologia, para a determinação da absorção de água de AR finos, foi essencial pois estes, após algum tempo, aglomeravam-se, dificultando assim o processo de determinação da absorção de água. Durante este estudo, os autores concluíram que, de forma a melhorar a qualidade dos AR finos, seria necessário que as centrais de reciclagem os submetessem a um processo de lavagem, antes de qualquer aplicação. Tal procedimento irá reduzir drasticamente o seu teor de argila e eliminar praticamente todos os contaminantes leves. Produção de betão com agregados reciclados provenientes dos resíduos de indústria A utilização de resíduos industriais na produção de betão é uma prática que remonta há algumas décadas. Existe uma panóplia de cimentos entre os quais se varia a quantidade de cinzas volantes, escória granulada de alto-forno e micro-sílica, todos estes resíduos de actividades industriais. Actualmente, continuam a existir esforços para encontrar novos materiais passíveis de serem utilizados na produção de betão, contribuindo assim para a sustentabilidade na construção. Agregados reciclados de mármore. Martins et al. [43] e André et al. [44] estudaram o desempenho mecânico e em termos de durabilidade, respectivamente, de betões com AR grossos de resíduos da indústria do mármore. Os autores compararam o desempenho destes com BR produzidos com AN de basalto, granito e calcário. A substituição total dos AN grossos levou a uma perda de resistência à compressão inferior a 10%, relativamente a todos os BR. Apesar de se ter notado um maior declínio no módulo de elasticidade e resistência à abrasão (perdas até 28% e 51%, respectivamente), de uma forma geral, a introdução de AR de mármore levou a apenas um ligeiro declínio em todas as propriedades. À semelhança dos estudos anteriores, Silva et al. [45] e Gameiro et al. [46] estudaram o desempenho mecânico e em termos de durabilidade, respectivamente, mas com incorporação de AR finos de mármore. Os resultados demonstraram uma perda entre 10 e 20% de resistência à compressão. Os autores concluíram que, em termos de durabilidade, a introdução de AR finos de mármore poderá produzir betões com desempenho semelhante àqueles com AN finos de granito, basalto e calcário. Agregados reciclados de borracha. Valadares et al. [47] e Bravo et al. [48] estudaram o desempenho mecânico e em termos de durabilidade de betões estruturais com granulado de borracha 13 de pneus usados. Os autores produziram betões com taxas de incorporação de 5, 10 e 15% de AR de borracha, com tamanhos diferentes. Também foi analisada a influência de utilização de AR finos obtidos por um processo criogénico. Em média, a incorporação de 15% destes materiais causou um decréscimo na resistência à compressão entre de 46 e 52% (Fig. 7). De uma forma geral, a utilização de AR de pneus na produção de betão causou um declínio significativo no desempenho em termos de durabilidade [48]. Contudo, verificou-se que a inclusão destes materiais permitiu produzir betões com valores de absorção de água por capilaridade semelhantes aos do BR (Fig. 8). Como continuação aos estudos anteriores, Correia et al. [49] e Marques et al. [50] estudaram o comportamento pós-fogo de betões produzidos AR de borracha. Os resultados foram bastante claros. A resposta ao fogo destes betões foi grandemente influenciada pela quantidade de AR de borracha, i.e. maiores taxas de incorporação causaram uma pior resposta ao fogo. Isto deve-se à natureza orgânica da borracha, que demonstrou um maior fluxo e libertação de calor assim como uma maior produção de fumo. Agregados reciclados de vidro. Serpa et al. [51] e Castro e Brito [52] estudaram o desempenho mecânico e em termos de durabilidade, respectivamente, de betões com AR provenientes da trituração de vidro. Os autores fizeram substituições de 5, 10 e 20% de AN por AR de vidro, com tamanhos diferentes. Como esperado, a resistência à compressão aos 28 dias diminuiu com a introdução destes agregados. Isto deve-se ao facto de os AR de vidro apresentarem uma superfície lisa e impermeável, que impossibilitou uma aderência eficiente com a pasta cimentícia. O grau deste declínio aumentou quando foram introduzidos agregados finos: diminuiu cerca de 20%, enquanto a utilização de AR grossos apenas diminuiu em 10%, para a mesma taxa de incorporação de 20%. Um aspecto interessante na utilização destes agregados é que permitiu produzir betões com um módulo de elasticidade quase inalterado, relativamente ao BR. Em termos de durabilidade,o desempenho destes betões melhorou na absorção de água e resistência à carbonatação, mas piorou na resistência à penetração dos cloretos e retracção. 20 25 30 35 40 45 50 55 60 0 5 10 15 R es is tê n ci a à c o m p re ss ã o ( M P a ) Taxa de incorporação (%) Finos (trituração mecânica) Finos (processo criogénico) Finos + Grossos (trituração mecânica) Grossos (trituração mecânica) Figura 7: Resistência à compressão de betões com crescente taxa de incorporação de AR de borracha [47] 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 0 5 10 15 A b so rç ã o d e á g u a p o r ca p il a ri d a d e à s 7 2 h o ra s (g /m m 2 ) Taxa de incorporação (%) Finos (trituração mecânica) Finos (processo criogénico) Finos + Grossos (trituração mecânica) Grossos (trituração mecânica) Figura 8: Absorção de água por capilaridade de betões com crescente taxa de incorporação de AR de borracha [48] Agregados reciclados de plástico. Saikia e Brito [53] produziram um estado da arte de betões produzidos com AR de resíduos plásticos, obtidos da trituração de garrafas usadas de PET. Foi verificado que a incorporação destes materiais diminui as propriedades resistentes dos provetes de betão e argamassas, devido à fraca ligação entre a superfície das partículas plásticas e a pasta de cimento. No entanto, essa redução nas propriedades da resistência à tracção e à flexão é menos 14 proeminente. O uso destes agregados altera consideravelmente o modo de rotura do betão, tornando- o mais dúctil do que o betão convencional e suprimindo o aparecimento das fendas geradas durante a rotura mecânica do betão. Um ponto positivo dos betões produzidos com estes materiais é que a sua resistência à abrasão, independentemente do tamanho e forma dos AR de PET, é superior à dos BR [54, 55]. Relativamente à durabilidade, Silva et al. [56] verificaram que a utilização de AR de plástico piorou consideravelmente o desempenho dos betões. Tal declínio foi agravado pelo uso de AR de plástico com tamanhos maiores e formato mais achatado. Correia et al. [57] estudaram o comportamento ao fogo de betões produzidos com AR de resíduos plásticos seleccionados tamanhos e formas diferentes. Estes foram produzidos com taxas de incorporação de 7.5 e 15%. Após os betões com AR terem sido sujeitos a temperaturas de 600 e 800 ºC, foi verificada uma crescente degradação do desempenho mecânico à medida que a taxa de incorporação aumentava. Isto deveu-se principalmente à rápida ocorrência da decomposição térmica dos plásticos, relativamente aos outros materiais. Outros tipos de agregados reciclados. Brito e Lopes [58] produziram um estado da arte com uma análise qualitativa dos efeitos da incorporação de diversos AR não convencionais, provenientes de resíduos industriais, nas propriedades mecânicas e de durabilidade do betão. Exemplos destes materiais são o couro, EVA (Etileno Acetato de Vinilo), ferro, carvão, pó de lamas de pedra, casca de ostras, casca de palmeira e até agregados sintéticos de lamas de esgoto. De uma forma geral, a utilização destes materiais como substitutos de AN resulta em perdas de desempenho mecânico e em termos de durabilidade consideráveis, a não ser que sejam utilizados em quantidades muito pequenas e/ou como materiais ultrafinos. Conclusões Este documento descreve os resultados principais de diversas investigações que ocorreram no Instituto Superior Técnico e estudaram a sustentabilidade na construção por incorporação de AR, provenientes de RCD e de actividades industriais, na produção de betão. De facto, a revisão do estado da arte permitiu determinar que existe uma panóplia de materiais passíveis de serem utilizados na produção de betão. Contudo, apenas alguns poderão ser utilizados em larga escala por razões de facilidade de processamento, por compatibilidade com os restantes materiais e até mesmo a sua disponibilidade. Apesar de alguns materiais provenientes de actividades industriais (e.g. escória granulada de alto- forno e cinzas volantes) terem demonstrado viabilidade de aplicação na indústria do betão, grande parte dos resíduos industriais são incompatíveis com o betão. Com um dos estudos mostrou, uma taxa de incorporação alta destes materiais causa, geralmente, um forte declínio no desempenho do betão. No que concerne os AR provenientes de RCD, três tipos foram identificados. Destes, os AR de betão foram considerados os mais compatíveis com o betão, principalmente porque foram obtidos da trituração de materiais semelhantes àqueles nos quais serão reutilizados. A utilização destes materiais na produção de betão levou a perdas de desempenho consideravelmente mais baixas do que qualquer dos outros dois tipos de AR de RCD (de alvenaria e mistos). Evidentemente, devido à variação de qualidade e força dos betões originais, de onde se obtêm os AR, são necessárias precauções adicionais, de modo a assegurar a melhor aplicação possível aquando da produção de betão estrutural. Para assegurar que AR de boa qualidade são produzidos, o controlo de qualidade terá que se iniciar durante as actividades de construção e demolição. Ao haver uma demolição selectiva, os RCD serão separados e armazenados de forma correcta, que, para além de facilitar o trabalho do pessoal das centrais de reciclagem, irá também minimizar os níveis de contaminação dos AR futuros. A redução destes níveis de contaminação poderá ser aperfeiçoada com a utilização de técnicas de processamento adequadas ao tipo e tamanho do resíduo em questão (e.g. a lavagem de AR finos irá remover praticamente todos os contaminantes leves, assim como o teor de argila). 15 De um modo geral, a introdução de AR no betão provoca um declínio no desempenho mecânico, nas propriedades do estado fresco e na durabilidade. No entanto, parte destas perdas de desempenho é pouco significativa quando analisada em valor numérico absoluto. Para cada tipo de material, é possível estabelecer-se um teor de substituição de AN por AR, que, juntamente com um ajuste das dosagens de cimento e de superplastificantes, torna a produção deste tipo de betões viável. Independentemente do tipo de AR, a fracção grossa do mesmo, geralmente, permite produzir BAR com um desempenho mais próximo daquele do BR, comparativamente à utilização de AR finos. Contudo, diversos estudos demonstraram que é de facto possível produzir betões com AR finos, desde que sejam aplicadas precauções especiais (e.g. compensação da água absorvida pelos AR finos, limitação da taxa de incorporação, atenção à qualidade do material original). Apesar de existir pouca informação acerca da reciclagem múltipla de betões, os estudos existentes sugerem que os betões podem ser submetidos a um elevado número de ciclos de reciclagem, sem que demonstrem uma perda de desempenho significante. Todavia, esta conclusão necessita de ser comprovada por investigações adicionais. Uma das conclusões mais importantes, que surgiu durante a revisão do estado da arte, é de que os AR de RCD deverão ser considerados como matéria-prima para a produção de betão, desde que sejam submetidos a correctos processos de reciclagem. Este conceito, no qual os AR são encarados como materiais valiosos, ao invés de resíduos inutilizáveis, é um passo em frente para uma construção mais sustentável. 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In a society with a high growth rate and increased standards of comfort arises the need to minimize the currently high energy consumption by taking advantage of renewable energy sources. The mortars with incorporation of phase change materials (PCM) have the ability to regulate the temperature inside buildings, contributing to the thermal comfort and reduction of the use of heating and cooling equipment, using only the energy supplied by the sun. This paper aims to contribute to the study of mortars incorporating PCM. The main characteristics of the material and the mortars doped with PCM, will be presented. It also aims to clarify the differences in the physical and mechanical characteristics of mortars doped with different types of PCM. Introduction Every year, the energy powered by the sun is about 10 000 times higher than the actual energy consumption worldwide. Thus, the need to find a way to take advantage of this natural energy source is pressing [1]. Presently, the concerns related to the energy consumption of buildings are increasing., The largest part of the energy consumption in residential sector is associated with heating and cooling. Therefore, it becomes imperative to obtain a constructive solution that minimizes these consumptions, improving the level of comfort inside buildings without damaging the environment. Furthermore, it is important to consider constructive solutions with renewable energy resources, providing an improvement in the quality of the buildings, especially in the comfort level of the occupants, without problems to the environment. The incorporation of Phase Change Materials (PCM) in mortars for the interior appears as a possible solution in an attempt to solve, or at least minimize, the massive energetic consumption related with buildings. The use of this material allows the regulation of temperature inside buildings through latent heat thermal energy storage, using only solar energy as a resource, or at least reducing the need to use heating and cooling equipment. Sustainable development is closely connected to three dimensions: economic, social and environmental. It is important to have a balance and harmony between them. The creation of a strong connection between the construction industry and the pillars of sustainable development is particularly important and early started to merit the attention of stakeholders in the construction sector. The incorporation of PCM microcapsules in mortars brings social, economic and environmental benefits, demonstrating a significant contribution to a construction with a higher value of sustainability. The social benefits derive from the thermal comfort increase inside buildings, given that nowadays this is an important requirement and frequently demanded by buyers and potential sellers as an important decision parameter. The increase of thermal comfort is achieved by the thermal capacity of the PCM, allowing store and release of energy, keeping the interior temperature sensibly constant, or at least with less variation. The environmental aspect concerns the fossil fuels depletion, given that this technology aims at maintaining constant temperatures inside the building, consequently leading to a decrease on air conditioning equipment usage. The economic benefit is related to the technology adequacy and implementation costs. These should be supported and easily 20 amortized by the user. It may also be noted that the economic benefits of reduced energy consumption and lag times for lower demand, are evident and can be achieved with the use of PCM. A broad knowledge of the thermo-physical properties of PCM is necessary for the correct design/optimization approaches for their use in building constructions. In this way, one of the most important properties to determine is the temperature-enthalpy relationship. Phase Change Materials It is known that all materials interact with the environment. However most of them lack the capability to alter its own properties according to the environment characteristics in which they are applied. Phase change materials (PCM) possess the capability to alter its own state as function of the environmental temperature (Figure 1) [2]. In other words, when the surrounding environmental temperature of PCM increases until the materials fusion point, it suffers a change from a solid state to a liquid state, absorbing and storing the heat energy from the environment. On the other hand when the temperature decreases until the PCM solidification point, the material alters from the liquid state to solid state, releasing the previously stored energy to the environment. This application could be made in coating mortars of buildings, with advantage in the passive regulation of internal temperature with increase of thermal inertia [3]. Figure 1: Phase Change Processes [4]. Encapsulation. The PCM must be encapsulated, for its correct use, otherwise during the liquid phase there is a possibility that it moves from the original area of application. There are two main forms of encapsulation, macroencapsulation (Figure 2) and microencapsulation (Figure 3). The macroencapsulation is based in the introduction of PCM into tubes, panels or other large containers. It is usually done in containers with more than 1 cm of diameter and presents a better compatibility with the material, improving the handling in construction [5]. The microencapsulation of phase change material consists on covering the material particles, with a material, usually a polymer, commonly known capsule, with dimensions between 1 μm to 60 μm. The polymer used could be polymethylmethacrylate, polyuriaor polyurethane and should respond at some demands of operation, as high heat transfer. The microcapsules can be spherical or asymmetric and with variable shape. The advantage of this encapsulation process is the improvement of heat transfer, through its large surface area [5, 6]. Figure 2: Macroencapsulation [5]. 21 The phase change materials with phase transition from solid to liquid are preferred for the thermal energy storage, because the associated volume variation is lower than the associated to the transition from liquid to gaseous or from gaseous to solid [7, 8]. Figure 3: Microencapsulation [9]. Classification. In 1983 emerged the first classification of substances used for thermal storage. These are classified as organic, inorganic and eutectic mixtures. Organic materials can be non- paraffinic or paraffinic. Usually, they have congruent phase changes without degradation. The inorganic materials are classified as hydrated salts and metals. The eutectic mixtures result from the combination of two or more compounds of organic and/or inorganic nature. By this way, it is possible to correspond to the need of more suitable transition temperatures for the demands [5, 10]. Properties. Not all existing PCM can be used for thermal storage. An ideal PCM must present certain thermo-physic, kinetic, chemical and economic properties. Thermo-physically, the transition temperature for the selected PCM must be within the desired range in order to guarantee both the storage and release of thermal energy. A high transition heat by volume unit is also required, in order to maximize the stored energy while minimizing the PCM usage, as well as a high sensitive heat (represented by its calorific capability), which allows an increase in its energy storing capability. Furthermore, high thermal conductivity characteristics in both solid and liquid states promote heat transfer with a reduced variation in volume during phase transition, reducing contention issues. From the kinetic point of view, a high growth velocity of the crystals can prevent sub cooling of the PCM liquid phase, enhancing its response to the surrounding demands. Thirdly, regarding the chemical properties, the chosen PCM should not be susceptible to degradation following a high number of cycles, while it must also be non-corrosive to construction materials, as well as non-flammable, non-toxic and non-explosive, in order to attend to environmental and security concerns. Finally, bearing in mind economic characteristics, availability and low acquisition cost are the main factors preceding the establishment of PCM as a competitive solution in comparison to conventional constructive and thermal storing systems [5]. Generally, the standard measurement method for the analysis of many thermo-physical properties is the Differential Scanning Calorimeter (DSC). From the literature survey [11-13] there are different possibilities of operation methods to analyze PCM through DSC testing. The two most common methods are: the dynamic method which corresponds to a constant heating rate and the step method which consists in applying variable heating rates to the sample [12]. Barreneche et al. [13] state that dynamic method and step method are suitable for the organic materials such as paraffin. The drawbacks of the step method are related to its programming complexity, the fact that it is time consuming and the difficulties in data treatment/interpretation [14]. Application in construction. Between all phase change materials possible applications in buildings, the most interesting is its incorporation in construction materials altering their materials thermal properties. The PCM may be used for thermal storage of passive solar heating being integrated in the floor, walls or ceilings, as well as being an integrating part of the most complex energetic system, such as heat pumps and solar panels [2]. The selection of the PCM transition temperature adequate to the atmospheric temperature is extremely important for the functionality of the solution. The adequacy of several PCM for 22 incorporation in gypsum plasterboard was studied by Khudhairi et al [15]. Although the employed materials presented a great ability for energy storing capability, their transition temperature did not achieve the comfort band. This study shows the suitability of various PCM for incorporation into gypsum boards. However, despite having large thermal storage capacity, the used PCM was not placed in operation, because the transition temperature did not coincide with the range of comfort temperature. PCM can be used in solutions for walls, floors and ceilings. Presently also exist some commercial solutions. The application of PCM in the walls of buildings is the preferential solution for exploring the potential of these materials. The incorporation of phase change materials in gypsum plasterboard has been the subject of several studies performed due to its low cost and various possibilities of application [16-19]. Darkwa et al., investigated the behavior of two solutions with incorporation of PCM in gypsum plasterboard. In one side the plasterboard used had 12 mm of thickness, all impregnated with PCM in order to compare with another situation in which they applied simple plasterboards with 10 mm of thickness, covered by PCM laminate with 2 mm . The amount of PCM incorporated in both cases was the same. The results showed that the use of PCM laminate is more efficient since it contributed to an increase in the minimum temperature [18]. However, other solutions had also been developed like alveolar PVC panels with PCM macroencapsulated, blocks and bricks [5, 20]. Cabeza et al., constructed and monitored the behavior of concrete test cells, with and without addition of 5% of PCM microcapsules. The incorporation of PCM was made in the concrete used on the roof and south and west walls. During the summer and without ventilation a decrease in maximum temperature and a time lag of about 2 hours were recorded [5]. The floors are probably one of the most important locals for heating and cooling a building. There are several authors who had investigated constructive solutions with incorporation of phase change materials, with applications in floors. These solutions are varied, such as electric heating under floor systems incorporating polyethylene plates impregnated with PCM, incorporation of PCM in concrete slab and the application of two types of PCM with different transition temperatures [10, 21-23]. The use of constructive solutions on ceilings ranges from the gypsum panels to steel panels with circulation of PCM in capillary networks [24, 25]. Influence of the use of different PCM microcapsules The mortars with incorporation of phase change materials (PCM) have the ability to regulate the temperature inside buildings, contributing to the thermal comfort and reduction of the use of heating and cooling equipment, using only the energy supplied by the sun. However, the incorporation of phase change materials in mortars modifies its characteristics. Thus, the need to compare mortars doped with two kinds of PCM emerged. Sixteen compositions were developed taking into account the future application of the mortar developed in the construction industry. The PCM content was fixed in 0%, 10%, 20% and 30% of total mass of solid particles. In order to overcome some of the problems related with the mortar shrinkage and consequent cracking, polyamide fibers and superplasticizer were incorporated. Type of PCM microcapsules. Two different types of PCM microcapsules, designated as A and B, were used. Both samples were used in powder form that means completely dry, although there is also the possibility of obtaining the same material in emulsion. In this study we decided to use the dry PCM in order to facilitatetheir incorporation in pre-mixed mortars. The PCM microcapsules tests were performed in order to compare the PCM provided by two different producers. The microcapsules A are constituted by a wall in polymethylmethacrylate and a core in paraffin, with transition temperature of about 22.5 °C and enthalpy of 110 kJ/kg. The microcapsules of PCM A exhibit a transition temperature of 25 ºC in the heating cycle and 20 ºC in 23 the cooling cycle. The microcapsules B are composed of a wall in melamine-formaldehyde and a core in paraffin, with temperature transition of about 22.5 °C and enthalpy of 147.9 kJ/kg. These exhibit a transition temperature of 24 ºC in the heating cycle and 21 ºC in the cooling cycle. The tests conducted using the high resolution scanning electron microscope indicate that the polymer present in the microcapsules A is rougher (Figure 4) compared to the polymer used in the microcapsules B (Figure 5) that presents a more regular texture. With the purpose of obtain more information related with the dimensions of PCM microcapsules granulometry tests were performed, using a laser particle size analyzer. It was possible to observe that the microcapsules A are agglomerated, having a greater dimension when observed under the electron microscope. However, the agitation that the sample suffer during the laser particle size analyze, allows the dispersion of agglomerated microcapsules. In this way, it was possible to conclude that the microcapsules A have a particle size distribution between 5.8 to 219 μm and an average particle size of 37.24 µm. The microcapsules B present a particle size distribution between 5.8 to 339 μm and an average particle size of 43.91 µm (Figure 6). a) b) Figure 4: Microscope observation of polymer surface of the microcapsules A: a) Enlargement of 1000x, b) Enlargement of 20000x. a) b) Figure 5: Microscope observation of polymer surface of the microcapsules B: a) Enlargement of 1000x, b) Enlargement of 20000x. Compositions. The studied compositions are presented in Table 1. The compositions present different contents of aerial lime, gypsum and PCM. The experiments for thermal performance of mortars also involved the study of two mortars containing PCMs. The first mortar, here termed as SPCMM24, is a single PCM mortar that contains MC24. The second mortar, here termed as HPCMM18_28, involves the combined use of MC18 and MC28 in the same total quantity as the first mortar contain only MC24. Detailed information on the mix proportions and adopted materials are shown in Table 2. 24 Figure 6: Particle size distribution of PCM microcapsules. Table 1: Composition of mortars (Microcapsules of PCM, superplasticizer, water and fibers as % of total mass of solid particles; gypsum and sand as % of binders mass). Compositions Sand Microcapsules of PCM A Microcapsules of PCM B Fibers Gypsum Superplasticizer L100G0 561.4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 L90G10 561.4 0.0 0.0 0.0 10.0 0.0 L100G0PCM20-A 561.4 20.0 0.0 0.1 0.0 1.0 L100G0PCM20F-A 561.4 20.0 0.0 0.1 10.0 1.0 L90G10PCM10F-A 561.4 10.0 0.0 0.1 10.0 1.0 L90G10PCM20F-A 561.4 20.0 0.0 0.1 10.0 1.0 L90G10PCM30F-A 561.4 30.0 0.0 0.1 10.0 1.0 L80G20PCM20F-A 561.4 20.0 0.0 0.1 20.0 1.0 L60G40PCM20F-A 561.4 20.0 0.0 0.1 40.0 1.0 L100G0PCM20-B 561.4 0.0 20.0 0.0 0.0 1.0 L100G0PCM20F-B 561.4 0.0 20.0 0.1 0.0 1.0 L90G10PCM10F-B 561.4 0.0 10.0 0.1 10.0 1.0 L90G10PCM20F-B 561.4 0.0 20.0 0.1 10.0 1.0 L90G10PCM30F-B 561.4 0.0 30.0 0.1 10.0 1.0 L80G20PCM20F-B 561.4 0.0 20.0 0.1 20.0 1.0 L60G40PCM20F-B 561.4 0.0 20.0 0.1 40.0 1.0 Table 2: Mix proportions of formulations SPCMM24 and HPCMM1828 Materials Formulations (percentage of the total weight of mortar) SPCMM24 HPCMM18_28 Cement type I class 42.5R 31.32 31.32 Sand 30.59 30.59 Water 18.79 18.79 Super Plasticizer (water reducer) 0.94 0.94 MC18 - 9.175 MC24 18.34 - MC28 - 9.175 Workability. The workability tests were performed with the main goal of verifying the adequacy for application of the developed mortars. According to Figure 7 it was possible to observe that the incorporation of 20% of the microcapsules A causes an increase in the amount of water of about 62%. This situation can be explained by the reduced particle dimension of the used PCM and by the water absorption of the polymeric wall of the microcapsule. However, the incorporation of microcapsules B also causes an increase in the 25 amount of water, but smaller, this being only about 12%. This behavior can be explained by the use of capsules with a less rough surface and higher particle dimension. The incorporation of fibers did not cause any change in the amount of water added to the mortar, however there was a slight reduction in the flow diameter obtained for the mortars with incorporation of microcapsules A and B. Figure 7: Water added to the mortar (in% of total mass of solid particles). Flexural and compressive behavior. According to the results (Figure 8) it was possible to observe a significant improvement in mechanical properties caused by the introduction of microcapsules A. However, the improvement of mechanical characteristics caused by the incorporation of microcapsules B is lower. The incorporation of 10% PCM leads to an increase in the value of flexural strength of about 380% and about 600% in compressive strength for the mortars with incorporation of microcapsules A. Regarding the mortars with incorporation of microcapsules B, the increase is about 85% in flexural strength and about 130% in compressive strength. These values were obtained comparing compositions with 10% of PCM with the composition without PCM. This increase in mechanical strengths is related to the increase of porosity caused by the introduction of higher water content and PCM presence. The increase in porosity benefits the carbonation of mortars, which was more evident in mortars with incorporation of microcapsules A, since the water content present is higher and the surface roughness of the PCM is higher for these mortars. However, it is possible to verify a decrease in the value of compressive and flexural strength with a PCM content of 30% when compared to the 20% PCM composition. Therefore is possible to conclude that the optimal content of PCM in terms of mechanical properties corresponds to 20%. Nonetheless, the value obtained for a PCM content of 30% is slightly higher or identical than the value presented by the mortar without PCM, which allows for the conclusion of the beneficial effect caused by the incorporation of PCM in mortars. Shrinkage. The shrinkage study was performed for only 9 of the 16 compositions studied. Thus, it was possible to observe the influence of the presence of PCM microcapsules in the mortars. According to Figure 9 it was possible to verify different behaviors in mortars with incorporation of the microcapsules A and B. The introduction of 20% of microcapsules A, causes an increase in shrinkage of about 300% compared to the reference mortar. The addition of polyamide fibers causes a decrease in shrinkage to about 50%. With the addition of gypsum it was possible to observe a decrease in shrinkage. The addition of 40% gypsum allows a reduction in the shrinkage of about 40%. The introduction of 20% of microcapsules B causes an increase in shrinkage of about 20% compared to the reference mortar. The incorporation of polyamide fibers allows for the verification of a decrease of about 30%. Finally the incorporation of 40% gypsum seems to cause a decrease in the value of shrinkage of about 40%. 26 Figure 8: Flexural and compressive behaviour. Figure 9: Shrinkage values since moulding until 7 days The increase in shrinkage with
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