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livro Metodologia do Ensino da Arte

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Metodologia do 
ensino da arte
Prof. José Inacio Sperber
Prof.a Káthia Regina Bublitz
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. José Inacio Sperber
Prof.a Káthia Regina Bublitz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
S749m
Sperber, José Inacio Sperber
Metodologia do ensino da arte. / José Inacio Sperber; Káthia Regina 
Bublitz. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
229 p.; il.
ISBN 978-65-5663-960-4 
ISBN Digital 978-65-5663-961-1
1. Ensino da arte no Brasil. - Brasil. I. Bublitz, Káthia Regina. II. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 372.5
apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Metodologia 
do Ensino da Arte. Nesta disciplina, você encontrará discussões sobre a 
trajetória do ensino da arte no Brasil. Esse percurso se construiu por diversas 
experiências pedagógicas, que variaram no decorrer da história dos aspectos 
políticos e sociais vigentes em nosso país. 
Dentre alguns momentos importantes desta trajetória, podemos 
destacar a influência dos jesuítas na educação, os movimentos trazidos pela 
missão Francesa e as propostas pedagógicas que foram criadas e difundidas, 
principalmente, no século XX. Essas propostas se estendem até os dias atuais, 
na relação com outras discussões da contemporaneidade, como as diversidades 
sociais, a interculturalidade e o multiculturalismo. Assim como outros aspectos 
discutidos na sociedade e que se refletem no ensino da arte na escola. 
Na Unidade 1, abordaremos os aspectos históricos que compõem a 
história do ensino da arte no Brasil. Conhecer esses aspectos nos faz perceber o 
porquê dos acontecimentos do presente, nesse sentido. Por isso, ressaltamos a 
importância dos estudos acerca da história do ensino da arte e dos diversos 
autores e pesquisadores que fazem parte destes movimentos.
Na Unidade 2, discutiremos a legislação que rege a arte-educação no 
Brasil. Apresentaremos a você aspectos que caracterizam o ensino da arte de 
forma mais abrangente e geral, pois não é o intuito desta disciplina aprofundar 
discussões acerca de cada uma das linguagens artísticas reconhecidas pela 
legislação. Nesse aspecto, também discutiremos os movimentos históricos 
em relação à polivalência no ensino da arte e sua relação com a formação dos 
professores da área.
Por fim, na Unidade 3, exploraremos o mais recente documento 
educacional aprovado no Brasil: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 
A Base traz elementos específicos acerca do ensino da arte e modifica aspectos 
na organização curricular da educação básica. Nesse sentido, vamos prepará-
lo para adentrar as salas de aula com segurança e conhecimento sobre o atual 
contexto educacional brasileiro. 
Almejamos que esta seja uma leitura sensível e que mobilize em cada 
um de vocês o desejo de seguir trilhando este belo caminho da arte e da 
educação, que ainda precisa de muitos esforços para que seja valorizado e 
reconhecido, em sua total importância para a educação.
Desejamos a todos um bom estudo e muitas provocações estéticas!
Prof. José Inacio Sperber
Prof.a Káthia Regina Bublitz
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
suMário
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE ...................................................................... 1
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL ................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ARTE E A ARTE NA EDUCAÇÃO ........................ 4
3 EDUCAÇÃO JESUÍTICA ................................................................................................................. 13
4 MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA ................................................................................................ 15
5 SÉCULO XX ......................................................................................................................................... 21
5.1 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 ............................................................................... 23
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 32
TÓPICO 2 — LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO DA ARTE ........................................ 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35
2 ARTE NA ESCOLA: PERSPECTIVAS E DESAFIOS .................................................................. 35
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 41
TÓPICO 3 — BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) DA EDUCAÇÃO 
INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................... 43
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 43
2 ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL E A BNCC ........................................................................... 45
3 ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL E A BNCC ...................................................................... 58
4 CONSTRUINDO UM PLANO DE AULA COM A BNCC ........................................................ 72
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 76
RESUMODO TÓPICO 3..................................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 82
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 83
UNIDADE 2 — METODOLOGIAS E CURRÍCULO DE ARTE .................................................. 85
TÓPICO 1 — PROPOSTA TRIANGULAR DO ENSINO DA ARTE ......................................... 87
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 87
2 A PROPOSTA DE ANA MAE BARBOSA .................................................................................... 87
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 94
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 95
TÓPICO 2 — PESQUISA E NO ENSINO DA ARTE ..................................................................... 97
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 97
2 A/R/TOGRAFIA ................................................................................................................................. 97
3 CARTOGRAFIA .............................................................................................................................. 100
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 106
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 107
TÓPICO 3 — O DESENHO INFANTIL ......................................................................................... 109
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 109
2 O DESENHO DA CRIANÇA ........................................................................................................ 109
3 ESTEREÓTIPOS............................................................................................................................... 120
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 128
TÓPICO 4 — OLHARES A PARTIR DA CULTURA ................................................................... 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131
2 INTERCULTURALIDADE E ESTÉTICA DO COTIDIANO .................................................. 131
3 CULTURA VISUAL ......................................................................................................................... 136
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 147
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 150
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 151
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 153
UNIDADE 3 — MÉTODOS E TÉCNICAS DO ENSINO DE ARTE ........................................ 155
TÓPICO 1 — AS LINGUAGENS DA ARTE: ARTES VISUAIS, MÚSICA, DANÇA 
E TEATRO ................................................................................................................... 157
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 157
2 A ARTE E SUAS LINGUAGENS .................................................................................................. 157
2.1 ARTES VISUAIS .......................................................................................................................... 158
2.1.1 Pintura ................................................................................................................................. 159
2.2 TÍTULO DO SUBTÓPICO ........................................................................................................ 162
2.2.1 Escultura ............................................................................................................................. 166
2.2.2 Desenho ............................................................................................................................... 172
2.2.3 Desenho em sala de aula................................................................................................... 172
2.2.4 Gravura ............................................................................................................................... 177
2.2.5 Fotografia e outras tecnologias ........................................................................................ 180
2.3 MÚSICA ....................................................................................................................................... 181
2.4 ARQUITETURA, DESIGN E MODA ....................................................................................... 184
2.5 DANÇA ........................................................................................................................................ 188
2.6 TEATRO ....................................................................................................................................... 192
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 195
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 196
TÓPICO 2 — REGISTRO E AVALIAÇÃO EM ARTE ................................................................. 199
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 199
2 FORMAS DE REGISTRO E AVALIAÇÃO ................................................................................. 199
3 CURADORIA EDUCATIVA .......................................................................................................... 203
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 207
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 208
TÓPICO 3 — OUTRAS RELAÇÕES ENTRE ARTE E EDUCAÇÃO ........................................ 209
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 209
2 ARTE E AS BRINCADEIRAS TRADICIONAIS ....................................................................... 209
3 EDUCAÇÃO ESTÉTICA E SENSÍVEL ........................................................................................ 216
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 221
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 222
LEITURA COMPLEMENTAR ..........................................................................................................224
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 229
1
UNIDADE 1 — 
HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• refletir sobre alguns conceitos que permeiam o campo da arte;
• reconhecer a importância da arte na educação;
• conhecer a história do ensino da arte no Brasil;
• compreender a legislação brasileira para o ensino da arte.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – ENSINO DA ARTE NO BRASIL
TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO DA ARTE
TÓPICO 3 – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) DA 
EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
ENSINO DA ARTE NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
O conteúdo desta disciplina é de grande importância para a atividade 
docente de todos os arte-educadores. Conhecer a história é o primeiro passo para 
que possamos compreender o presente. Todavia, antes de adentrar aos tópicos 
da História do ensino da arte no Brasil, vamos apresentar algumas considerações 
acerca da arte e da arte na educação.
O arte educador é o docente que se dedica a lecionar o componente curricular 
de ARTE na educação básica ou nos espaços não formais e informais de ensino. De modo 
geral, é o profissional que trabalha com o ensino de arte. Nesse sentido, encontramos 
arte educadores nas escolas formais, em setores educativos de museus de arte, galerias 
e outros espaços de fomento à cultura e à arte, em suas mais diversas linguagens (Artes 
Visuais, Dança, Teatro e Música).
NOTA
Compreender os sentidos atribuídos a arte e sua importância na educação 
é um passo importante para que você, acadêmico, entenda alguns aspectos 
específicos das metodologias que foram desenvolvidas historicamente e que hoje 
compõem as propostas educativas dos professores de arte no Brasil.
No decorrer da disciplina, você compreenderá as tensões e atravessamentos 
políticos, sociais, culturais e pedagógicos que fazem parte do campo da arte-
educação. E para além dos aspectos educacionais, você compreenderá a linha 
tênue que existe entre a arte e a vida, e que nossa prática docente e artística é 
também reflexo daquilo que somos enquanto seres humanos.
A partir deste momento, seguiremos juntos por uma caminhada estética 
e sensível e discutir algumas considerações importantes para entendermos as 
relações entre a arte e a educação.
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
4
2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ARTE E A ARTE 
NA EDUCAÇÃO
A arte é uma produção humana, e está presente em toda a história da 
humanidade. Desde a Pré-história, as pessoas que neste período viviam, já 
usavam meios para expressar-se nas paredes das cavernas, por meio do que hoje 
conhecemos como pinturas rupestres. A arte é também uma possibilidade de 
perceber o mundo, por meio dos sentidos, das experiências estéticas, artísticas e 
de um olhar sensível ao que nos acontece.
A conceituação do que é arte nos renderia um outro livro, apenas com 
discussões acerca das transformações que este conceito teve em toda a história. 
Porém, o fato de não termos algo fixo e definitivo nos provoca a pensar que a arte é 
um elemento em constante transformação e, por isso, não pode ser categorizada e 
definida por critérios e compreensões teóricas de apenas um determinado contexto.
Algumas discussões centrais que permeiam essa discussão conceitual se 
referem às perspectivas filosóficas acerca do que é arte, e foram problematizadas 
por diversos filósofos, como Platão, Kant, Hegel e muitos outros.
Porém, nesta breve discussão sobre a arte, gostaríamos de tecer algumas 
considerações sobre o que compreendemos como arte nos tempos de hoje. E, para 
nos ajudar com esta discussão, trazemos para este diálogo a autora Kátia Canton, 
que nos diz que a arte contemporânea:
[...] se materializa a partir de uma negociação constante entre arte e 
vida, vida e arte. Nesse campo de forças, artistas contemporâneos 
buscam um sentido, mas o que finca seus valores e potencializa a 
arte contemporânea são as inter-relações entre as diferentes áreas do 
conhecimento humano (CANTON, 2009a, p. 49).
A partir do que nos apresenta a autora, podemos dizer que a arte, hoje, se 
relaciona com as diversas áreas do conhecimento, e está presente nas múltiplas 
dimensões da vida cotidiana. Para exemplificar esta discussão, convidamos você 
a apreciar um painel do artista Mundano:
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
5
FIGURA 1 – OPERÁRIOS DE BRUMADINHO (MUNDANO)
FONTE: <https://arteforadomuseu.com.br/site/wp-content/uploads/2020/11/image_
processing20200211-16474-1pj75kx.jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
FIGURA 2 – OPERÁRIOS DE BRUMADINHO (MUNDANO)
FONTE: <https://arteforadomuseu.com.br/site/wp-content/uploads/2020/11/grafite-
brumadinho-mundano_2-1024x684.jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
6
Para conhecer o processo de criação do artista, assista ao vídeo: https://youtu.
be/WW1x3HI4DDc.
DICAS
O artista, em uma releitura da obra Operários (1933), da artista Tarsila 
do Amaral, nos apresenta um painel, no centro da cidade de São Paulo, que 
representa e denuncia o caso do rompimento de uma barragem na cidade de 
Brumadinho (MG), em que 270 vidas foram perdidas.
A partir deste exemplo, podemos compreender que na 
contemporaneidade, os artistas se relacionam de uma outra forma com a arte 
e exploram as suas potencialidades de protesto, denúncia e provocação que 
podem ser feitas para o público.
Diferente do que existiu, predominantemente, no século XX, a arte do 
nosso tempo não se organiza mais por meio de movimentos artísticos, como 
o Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo. A arte contemporânea é fragmentada e 
apresenta tendências temáticas que discutem e problematizam os mais diversos 
temas sociais, como: corpo, identidade e erotismo; tempo e memória; espaço e 
lugar; políticas e micropolíticas; e narrativas enviesadas (CANTON, 2009b).
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
7
Os movimentos artísticos eram caracterizados por um grupo de artistas que, 
a partir de um mesmo ideal, criavam suas obras com o intuito de transmitir uma crítica ou 
romper com as lógicas dos padrões artísticos de determinadas épocas. Estes movimentos 
têm grande importância no início do século XX, com a chegada do que ficou conhecido na 
história como “Arte Moderna”. Alguns exemplos de movimentos são: cubismo, dadaísmo, 
surrealismo, futurismo, fauvismo etc.
NOTA
Todas estas questões também nos fazem pensar sobre como tecer estas 
relações no ambiente escolar. Afinal, como mediar os encontros com a arte em 
sala de aula?
A mediação é uma das tarefas do arte-educador, que se propõe a fazer, em 
sala de aula, discussões com e a partir das obras de arte, sejam elas de qual tempo 
e contexto forem. Mediar é “[...] andar junto, promover encontros com a arte e 
cultura, esteja ela nos museus, nos livros, no teatro ou nos muros do colégio” 
(URIARTE et al., 2016, p. 41).
Seja por meio de uma obra visual, sonora ou teatral, seja em uma literatura 
ou em um espetáculo de dança, todas estas manifestações nos mobilizam e nos 
deslocam ao ato de fruir. A fruição está relacionada aos sentidos, a forma como 
nosso corpo se comporta e reage diante da obra. Nesse processo, emoções, 
sentimentos, memórias, diversos elementos compõem um lugar outro de sentir, 
que é possibilitado por meio da experiência com a obra de arte.
Muito bem! Agora que estamos envolvidos nesta proposta de estudos, 
queremos ajudá-lo a vencer mais este desafio... Pesquisamos no Dicionário 
Houaiss da língua portuguesa (2009, p. 932) o significado da palavra fruir.
FRUIR significa: 
1 desfrutar,gozar, utilizar (vantagens, benefícios etc.) 1.1 Rubrica: direito civil, desfrutar (as 
vantagens ou das vantagens de determinado bem); usufruir. 
2 Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1) desfrutar prazerosamente (algo ou de 
algo). Então podemos concluir que fruir quer dizer apreciar, aproveitar, desfrutar, sentir, 
ler obra de arte. (DICIONÁRIO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009, p. 932).
NOTA
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
8
É importante que os estudantes compreendam que os artistas, assim como 
todos os seres humanos, sentem alegria, tristeza, raiva etc. Sentimentos que muitas 
vezes fazem parte da composição das obras de arte, estando estes elementos 
visíveis ou invisíveis aos nossos olhos. A partir dessa questão, apresentamos a 
seguir algumas frases de grandes artistas, para que possamos também olhar para 
o lado humano destes grandes personagens da história da arte.
QUADRO 1 – FRASES DE GRANDES ARTISTAS
Frida 
Kahlo
“Sinto-me mal, e ficarei pior, mas vou aprendendo a estar sozinha e isso já é uma 
vantagem e um pequeno triunfo. Eu pinto flores para que elas não morram”.
Tarsila do 
Amaral
“Minha força vem da lembrança da infância na fazenda, de correr e subir em 
árvores. E das histórias fantásticas que as empregadas negras me contavam”.
Pablo 
Picasso
“Não devemos ter medo de inventar seja o que for. Tudo o que existe em nós 
existe também na natureza, pois fazemos parte dela”.
FONTE: Os autores
Para continuar as reflexões acerca da arte e das relações que podemos 
tecer com a vida, convidamos você a refletir sobre uma crônica publicada pela 
autora Marina Colasanti (1937) no Jornal do Brasil, em 1972:
FIGURA 3 – MARINA COLASANTI
FONTE: <https://cultura.estadao.com.br/blogs/babel/wp-content/uploads/sites/110/2017/08/
marina.jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
9
EU SEI, MAS NÃO DEVIA
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não 
ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se 
acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma 
a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma 
a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece 
o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã̃ sobressaltado, porque está́ na 
hora. A tomar o café́ correndo, porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus, 
porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche, porque não 
dá para almoçar. A sair do trabalho, porque já́ é noite. A cochilar no ônibus, 
porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando 
a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os 
números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas 
negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje 
não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser 
ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. 
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que 
precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a 
saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais 
dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e 
ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir 
publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável 
catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado 
e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos 
levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água 
do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter 
galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a 
não ter sequer uma planta.
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
10
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, 
tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma 
revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um 
pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no 
resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de 
semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir 
cedo e ainda fica satisfeito, porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a 
pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca 
e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que 
aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
FONTE: <https://www.culturagenial.com/eu-sei-mas-nao-devia-marina-colasanti/>. 
Acesso em: 9 set. 2021.
Trouxemos esta crônica da autora para pensar em algo que nos é muito 
caro na arte-educação: a experiência. Para Jorge Larrosa, a experiência “[...] é o 
que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não que se passa, não o que 
acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo 
tempo, quase nada nos acontece” (LARROSA, 2016, p. 18).
Pensar a experiência é algo fundamental para a prática docente, não apenas 
em arte, mas em todas as áreas do conhecimento. Se um estudante não é afetado 
pelo que apresentamos, por nossas provocações, talvez seja necessário repensar o 
que estamos propondo e buscar compreender o porquê desta anestesia.
Por muitas vezes podemos nos perguntar: qual é o sentido da arte na vida 
das pessoas? Qual o sentido da arte para os nossos estudantes? Você já parou 
para se fazer esta pergunta? Qual o sentido da arte em nossas vidas?
Vivemos em um tempo em que a sensibilidade parece ter sido perdida. 
Estamos envoltos de um cotidiano que parece cada vez mais rápido, cada vez mais 
passageiro. E, nesse movimento corriqueiro da vida, muitas vezes nos percebemos 
“neutros” diante de algumas questões. Para elucidar este pensamento, trazemos 
para nossa discussão uma escrita das autoras Mirian Celeste Martins e Gisa 
Picosque (2012):
O contrário da estesia é a anestesia, a dessensibilização que traz a crise 
de nossos sentidos. Seu efeito em nós deixa marcas profundas no modo 
de compreender o mundo e nele agir. Se por um lado ficamos com o 
fazer criativo rebaixado, agindo como meros executores de tarefas, por 
outro lado não baixamos mais os olhos para o lixo jogado no chão, o 
corpo estendido no chão (MARTINS; PICOSQUE, 2012, p. 37).
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
11
A partir do que nos apresentam as autoras, podemos refletir sobre um 
ensino da arte que nos apresente a sensibilidade, que provoque os estudantes e 
que leve à estesia, pois na maior parte do nosso cotidiano, somos guiados a agir 
por meio da sensibilidade, mesmo que não nos demos conta disso, e o ensino 
da arte é também um lugar para o exercício deste saber sensível (DUARTE 
JÚNIOR, 2001).
Seguindo na linha de discussão acerca da importância da arte para a vida 
em sociedade, voltamos o nosso olhar para a importância da arte na educação. 
Um dos aspectos muito ressaltados, quando se fala na importância da arte para 
o desenvolvimento integral dos estudantes, é a criatividade. Por vezes, reduzem 
o papel da arte apenas a esta questão e são esquecidas as contribuições para o 
desenvolvimento da sensibilidade, criticidade, elaboração de posicionamentos e 
outras questões que são oportunizadas por meio da arte-educação.
Sobre os aspectos criativos imbricados no fazer artístico, Meira e Pillotto 
(2010, p.29) nos dizem que o “[...] ato criador envolve aspectos teóricos e práticos, 
ou seja, ativamos pensamento, corpo, espaço, movimento e ação. Afetamo-nos e 
somos afetados pelos outros, pelo contexto e por nós mesmos”. 
Muitos questionam o lugar da arte na educação, seja por preconceito ou 
falta de conhecimento sobre as diversas dimensões do humano, que podem ser 
desenvolvidas por meio da arte. Para citar alguns destes aspectos, buscamos nos 
estudos de Barbosa (1998) uma discussão pontual sobre os aspectos positivos que 
podem ser elencados acerca do ensino da arte na escola e sua contribuição para o 
desenvolvimento das crianças e jovens:
A arte na educação como expressão pessoal e como cultura é 
um importante instrumento para a identificação cultural e o 
desenvolvimento. Através das artes, é possível desenvolver a percepção 
e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver 
a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e 
desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi 
analisada (BARBOSA, 1998, p. 16).
Como apresentado pela autora, são muitas as contribuições da arte e 
ressaltamos a importância do desenvolvimento da criticidade. Pois este é um 
aspecto muito importante para que nossas crianças e jovens saibam lidar, por 
exemplo, com casos de Fake News. Se nosso objetivo é o de formar cidadãos 
que não se rendam à alienação de um mundo tão baseado no consumo e na falta 
de posicionamento, cabe à arte-educação o papel de contribuir para a formação 
cidadã das futuras gerações.
No início deste tópico, ressaltamos que é muito difícil a classificação de um 
conceito universal de arte, justamente porque a produção artística está em constante 
mutação. Mas para apresentar uma definição que possa ajudar você, acadêmico, a 
compreender melhor a função da arte na educação e na sociedade, apresentamos, 
aqui, outra importante discussão da pesquisadora Ana Mae Barbosa:
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
12
Através das artes temos a representação simbólica dos traços 
espirituais, materiais, intelectuais e emocionais, que caracterizam a 
sociedade ou o grupo social, seu modo de vida, seu sistema de valores, 
suas tradições e crenças. A arte, como linguagem presentacional dos 
sentidos, transmite significados que não podem ser transmitidos 
através de nenhum outro tipo de linguagem, tais como as linguagens 
discursiva e científica (BARBOSA, 1998, p. 16).
Vistas algumas das contribuições da autora Ana Mae Barbosa para as 
discussões acerca do ensino da arte, cabe a nós apresentar a você, de forma mais 
aprofundada, a importância desta pesquisadora para tudo o que sabemos hoje 
sobre a arte na educação:
FIGURA 4 – ANA MAE BARBOSA
FONTE: <https://www.annaramalho.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Ana-Mae-Barbosa_
foto.jpg> Acesso em: 9 set. 2021.
Ana Mae Barbosa foi uma das pioneiras da Arte/Educação no Brasil. Para 
a autora:
[...] através das artes, temos a representação simbólica dos traços 
espirituais, materiais, intelectuais e emocionais, que caracterizam a 
sociedade ou o grupo social, seu modo de vida, seu sistema de valores, 
suas tradições e crenças. A arte, como uma linguagem presentacional 
dos sentidos, transmite significados que não podem ser transmitidos 
através de nenhum outro tipo de linguagem, tais como as linguagens 
discursiva e científica. Não podemos entender a cultura de um país 
sem conhecer sua arte. Sem conhecer as artes de uma sociedade, só 
podemos ter conhecimento parcial de sua cultura. Aqueles que estão 
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
13
engajados na tarefa vital de fundar a identificação cultural, não podem 
alcançar um resultado significativo sem o conhecimento das artes. 
Através da poesia, dos gestos, da imagem, as artes falam aquilo que 
a história, a sociologia, a antropologia etc. não podem dizer, porque 
elas usam um outro tipo de linguagem, a discursiva, a científica, que 
sozinhas não são capazes de decodificar nuances culturais. Dentre as 
artes, a arte visual, tendo a imagem como matéria-prima, torna possível 
a visualização de quem somos, onde estamos e como sentimos. A arte 
na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante 
instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento. 
Através das artes é possível desenvolver a percepção e a imaginação, 
apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade 
crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver 
a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada 
(BARBOSA, 1998, p. 16).
No próximo tópico, iniciaremos nossa viagem ruma à história do ensino 
da arte no Brasil. Nosso objetivo é compreender quais as influências, os nomes 
e os movimentos que se destacam nesta trajetória que nos trouxe ao que hoje 
compreendemos como ensino de arte. Vamos nessa?
3 EDUCAÇÃO JESUÍTICA
Os primeiros indícios de uma ação educativa no Brasil ocorrem entre os anos 
de 1549 e 1808, e se dá por meio do processo de colonização e, consequentemente, da 
vinda dos jesuítas para duas funções: 1) a catequização dos povos indígenas e 2) a 
formação das elites e lideranças religiosas para a perpetuação do poder nas mãos 
dos colonizadores (ZOTTI, 2002).
A ação dos jesuítas anulou a cultura nativa existente no recém invadido 
território brasileiro e, por meio da catequese, impôs-se aos indígenas a cultura 
europeia que se faz presente até os dias de hoje. 
A elite tinha compreensão da importância da educação para a formação 
de representantes políticos que pudessem vir a intervir no poder público para 
defender seus interesses, e para atender a estes objetivos “[...] a proposta curricular 
contemplava a educação literária, filosófica e teológica dos níveis elementar, 
secundário e superior” (ZOTTI, 2002, p. 67). 
A educação elementar (ler, escrever, contar e a educação religiosa) era 
apenas uma complementação do que a família aristocrática já ensinava. Nesse 
sentido, não era de interesse das elites que estes ensinamentos se estendessem às 
camadas mais abastadas da população (ZOTTI, 2002).
Segundo Zotti (2002), o currículo do nível secundário, com o curso 
de humanidades, era composto pela retórica, humanidades e gramáticas. 
Currículo este também alinhados à formação de uma elite alinhada à igreja e à 
elite portuguesa.
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
14
FIGURA 5 – PRIMEIRA MISSA NO BRASIL (VICTOR MEIRELLES)
FONTE: <https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/09/primeira-missa.jpg>. 
Acesso em: 9 set. 2021.
A obra Primeira missa no Brasil do artista Victor Meirelles pode ser lida 
como um exemplo clássico de uma representação que dociliza os corpos dos 
indígenas e propõe uma narrativa outra acerca dos fatos históricos.
Segundo Subtil (2011, p. 243), “os jesuítas utilizaram-se do ensino de arte 
com a finalidade de evangelizar. Para prender a atenção dos indígenas, homens 
livres e pouco afeitos ao trabalho intelectual usavam métodos que conquistassem 
os sentidos: dramatização, música e poesia”. Vemos, neste caso, o uso da arte 
para a dominação.
Em 1759, com a reforma de Pombal, os jesuítas são expulsos, porém os 
professores que aqui continuam na educação são formados pelos jesuítas. Nesse 
contexto, Barbosa (1998, p. 21) nos afirma que “expulsá-los não significou, 
portanto, expurgar o país de suas ideias, que continuaram a germinar em virtude 
da ausência de ideias novas que substituíssem aquelas veiculadas pela ação 
missionária e colonizadora dos jesuítas no Brasil”.
Após este período, chega ao Brasil o que ficou conhecido como Missão 
Artística Francesa, e que, na onda de uma mudança cultural e política no país, 
vem a transformar também os padrões estéticos existentes.
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
15
4 MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA
Chefiada por Joachim Lebreton, a Missão Artística Francesa chega ao 
Brasil em 1816, trazendo artistas franceses com um único objetivo: modificar a 
concepção popular de arte e o barroco brasileiro pela arte Neoclássica,carregada 
de influências e modas europeias.
Sobre essa mudança estética, Barbosa (1998) nos aponta um preconceito 
estético com a cultura e arte presente no Brasil naquela época. A autora nos diz 
que esta transição foi abrupta e “[...]provocou suspeição e arredamento popular 
em relação à Arte” (BARBOSA, 1998, p. 19).
Dentre os artistas que vieram com a Missão Francesa, se destacam Taunay 
e Debret.
QUADRO 2 – PINTORES DA MISSÃO FRANCESA
FIGURA 6 – NICOLAS TAUNAY 
(1755-1830)
FIGURA 7 – JEAN-BAPTISTE DEBRET 
(1768-1848)
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/d/d3/Nicolas-Antoine_Taunay_-_
auto-retrato.jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/5/54/Jeanbaptistedebret.
jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
Taunay foi um pintor francês de grande destaque 
na corte de Napoleão Bonaparte e considerado 
um dos mais importantes da Missão Francesa. 
Ficou no Brasil por cinco anos e retratou 
paisagens do Rio de Janeiro.
Debret foi desenhista, aquarelista, pintor 
cenográfico, decorador, professor de pintura e 
organizador da primeira exposição de arte no 
Brasil (1829). Dedicou-se a retratar importantes 
acontecimentos da história brasileira sob 
demanda do império. Seus temas preferidos 
são a nobreza e as cenas do cotidiano brasileiro, 
abarcando o ideal, o que foi a sociedade 
brasileira do século XIX. 
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
16
FIGURA 8 – LARGO DA CARIOCA, 1816, DE 
NICOLAS TAUNAY
FIGURA 9 – ESCRAVOS CARREGANDO CAFÉ, 
1826, DE JEAN-BAPTISTE DEBRET
FONTE: <https://d3swacfcujrr1g.cloudfront.
net/img/uploads/2000/01/007750001019.
jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
FONTE: <https://cdn.britannica.com/
s:575x450/62/140462-004-68C4AE8E.jpg>. 
Acesso em: 9 set. 2021.
Acadêmico, para que você aprofunde seus conhecimentos sobre Taunay e 
Debret, recomendamos os seguintes livros: 
SCHWARCZ, L. M. O sol do Brasil: Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos artistas 
franceses na corte de D. João. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
 A historiadora Lilia Moritz Schwarcz se debruça sobre a vida e a obra do pintor 
francês Nicolas Antoine Taunay. Um ensaio agudo a respeito do imaginário francês sobre 
os trópicos, da arte neoclássica, da vinda da família real portuguesa e do grupo que a 
historiografia batizou de “Missão Artística Francesa”.
BANDEIRA, J.; LAGO, P. C. Debret e o Brasil: obra completa (1816-1831). Rio de Janeiro: 
Capivara, 2007.
 Com 708 páginas e mais de 1.300 imagens, este volume ilustra a totalidade dos 
trabalhos do artista que os autores conseguiram identificar e descrever como resultado de 
uma pesquisa. As centenas de óleos, aquarelas, desenhos e gravuras, produzidas por Debret 
nos 15 anos passados no Brasil (1816-1831), estão reunidos neste volume, para permitir uma 
visão da obra do pintor.
DICAS
Em decreto de 1816, D. João VI criou o ensino artístico no Brasil, de forma 
institucional e oficial, por meio de uma determinação que instituía a fundação 
de uma Escola de Ciências, Artes e Ofícios. Porém, para Barbosa (1998) o texto 
legal “[...] caracteriza a arte como acessório, um instrumento para modernização 
de outros setores e não como uma atividade com importância em si mesma” 
(BARBOSA, 1998, p. 21).
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
17
Em 1826, a Escola de Ciências, Artes e Ofícios é transformada em Academia 
Imperial de Belas Artes. Para dar aulas na academia, D. João VI, com a ajuda do 
Marquês de Marialva e do naturalista Alexandre von Humboldt, contrata artistas 
que atuavam no instituto da França e eram considerados vanguarda da época 
(BARBOSA, 1998).
FIGURA 10 – ACADEMIA IMPERIAL DAS BELAS ARTES – LITOGRAFIA – MUSEU HISTÓRICO DA 
CIDADE DO RIO DE JANEIRO
FONTE: <http://docplayer.com.br/docs-images/68/58959606/images/73-0.jpg>. 
Acesso em: 9 set. 2021.
Academia Imperial de Belas Artes ou Academia Imperial das Belas Artes 
(18221889) é o antigo nome da atual Escola de Belas Artes, hoje unidade da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. Foi inicialmente denominada como 
Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, quando da sua fundação por D. João VI (1816-
1826), em 12 de agosto de 1816, ao fim do período colonial brasileiro. O soberano teria sido 
influenciado, nesse gesto, por António de Araújo e Azevedo, o 1.° conde da Barca. Após 
a Independência do Brasil, em 1822, a escola passou a ser conhecida como Academia 
Imperial das Belas Artes e, mais tarde, como Academia Imperial de Belas Artes. A instituição 
foi definitivamente instalada em 5 de novembro de 1826, em edifício próprio à altura da 
Travessa do Sacramento (atual Avenida Passos), inaugurada por D. Pedro I (1822-1831). Em 
1938 o seu edifício histórico foi demolido, tendo sido preservado o portal em granito e 
mármore, onde se destacam os ornamentos em terracota, de autoria de Zéphyrin Ferrez. 
Este, por sua vez, foi transportado em 1940 para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde 
se encontra na atualidade.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
18
Como já comentado anteriormente, a missão artística francesa chega ao 
Brasil com o intuito de propagar os ideais neoclássicos da arte europeia. Segundo 
Barbosa (1998, p. 31), “[...] os artistas franceses instituíram uma Escola neoclássica 
de linhas retas e puras, contrastando com a abundância de movimentos do nosso 
barroco”. Esse movimento de imposição teve consequências negativas para 
aquele contexto, pois a partir do acontecido “[...] instalou-se um preconceito de 
classe baseado na categorização estética” (BARBOSA, 1998, p. 31).
Grandes nomes da arte brasileira foram alunos da academia de Belas 
Artes, entre eles, podemos citar: Victor Meirelles e Pedro Américo. Além da 
“Primeira missa no Brasil” (1860), já apresentada neste tópico, Victor Meirelles 
produziu a obra “Batalha dos Guararapes” (1875/1879). 
FIGURA 11 – BATALHA DOS GUARARAPES
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/Victor_Meirelles_-_%27Battle_
of_Guararapes%27%2C_1879%2C_oil_on_canvas%2C_Museu_Nacional_de_Belas_Artes%2C_
Rio_de_Janeiro.JPG> Acesso em: 9 set. 2021.
Pedro Américo foi o autor da obra Independência ou morte, conhecida 
também como O grito do Ipiranga.
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
19
FIGURA 12 – INDEPENDÊNCIA OU MORTE
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/41/Pedro_Am%C3%A9rico_-_
Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_cores_ajustadas.jpg/700px-Pedro_Am%C3%A9rico_-_
Independ%C3%Aancia_ou_Morte_-_cores_ajustadas.jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
Victor Meirelles e Pedro Américo foram artistas que se destacaram na 
Academia Imperial de Belas Artes e conseguiram ter muitos privilégios. Dentre 
algumas destas conquistas, ambos ganharam prêmios para estudar na Europa. 
Os dois artistas também foram professores da Academia.
O ensino de História da Arte se deu após o início do ensino artístico no 
Brasil. Esta não foi uma atividade fácil de ser implantada, pois não havia profissionais com 
formação adequada para a atividade. O primeiro titular desta cadeira na Academia Imperial 
de Belas Artes, em 1870, foi o artista Pedro Américo.
IMPORTANT
E
No contexto até agora apresentado, não temos a concretização de um 
ensino de arte propriamente dito. O que existiu neste período foi um ensino 
do desenho. Sobre este enfoque no desenho, Ana Mae Barbosa nos apresenta a 
seguinte explicação:
Desde o início do século XIX era o Desenho, dentro da pedagogia 
neoclássica, o elemento principal do ensino artístico, levando à 
precisão da linha e do modelado. A importância destes elementos 
refletia a influência dos exercícios de observação da escultura antiga 
que, existente em maior número do que a pintura, era utilizada com 
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
20
maior frequência. Para os neoclássicos, o artista era o gênio, era uma 
inteligência superior que, através do desenho, seria limitada, domada 
pela ração, pela teoria, pelas convenções da composição para melhor 
entender a tradição e ahistória (BARBOSA, 1998, p. 34).
O desenho era ensinado nas escolas primárias e secundárias, o que 
conhecemos hoje como Ensino Infantil, Fundamental e Médio. Para a formação 
de professores, criaram-se as escolas normais. E também os “liceus de artes e 
ofícios” ou “escolas de artes e ofícios”, que foram espaços destinados à educação 
voltada à necessidade de técnicas e mão de obra especializada para atender à 
demanda da expansão da indústria nacional.
Sobre essa arte aplicada à indústria, Barbosa (1998) nos diz que era vista 
não apenas como uma técnica, mas como algo maior que poderia acessar a 
“Beleza”. Nesse sentido, esta arte voltada à indústria foi ainda mais defendida a 
fazer parte dos currículos das escolas primárias e secundárias.
Como você pôde ler, caro acadêmico, a valorização do desenho no Ensino da 
Arte era muito forte nesta época. Segundo Barbosa (2002), nas escolas secundárias desta 
época predominavam o retrato e a cópia. Perguntamos a você: a cópia não é atividade 
que predomina em sala de aula? Você poderá perceber ao longo da história do Ensino da 
Arte que muitas técnicas ainda utilizadas nas aulas de Arte, encontram-se enraizadas até 
mesmo nos séculos passados. Aproveite esta leitura que volta às raízes do ensino da Arte 
no Brasil, para refletir sobre sua prática em sala de aula.
IMPORTANT
E
Entre os anos de 1888 e 1890, temos como acontecimentos marcantes a 
abolição da escravatura e a Proclamação da República. Neste meio tempom, 
também ocorrem diversas reformas, em diversas esferas da sociedade, que são 
provocadas pelas correntes do liberalismo e do positivismo. E estas tensões 
também se expandiriam para o ensino da arte.
 
Ainda com o enfoque no ensino do desenho, Rui Barbosa, representante 
da corrente do liberalismo, e com fortes influências americanas acreditava que por 
meio do desenho, a exemplo do uso do desenho geométrico nos Estados Unidos, 
a indústria teria uma mão de obra mais qualificada e, assim, consequentemente, 
teríamos um desenvolvimento econômico mais fértil. De modo resumido, os 
liberais acreditavam que, por meio do ensino do desenho, teríamos uma mão de 
obra mais qualificada para o mercado de trabalho.
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
21
Do outro lado, os positivistas acreditavam que a arte era “[...] um poderoso 
veículo para o desenvolvimento do raciocínio desde que, ensinada através do 
método positivo, subordinasse a imaginação à observação, identificando as leis 
que reagem à forma” (BARBOSA, 1998, p. 67).
Neste embate de correntes teóricas, se formam também tensões na 
Academia Imperial de Belas Artes, que se divide em um grupo de positivistas e 
liberais que fazem as suas reinvindicações.• 
QUADRO 3 – AUTORES DAS TENDÊNCIAS POSITIVISTA E LIBERAL NO ENSINO DA ARTE
POSITIVISTAS LIBERAIS
AUTORES
• Décio Villares 
• Aurélio de Figueiredo 
• Montenegro Cordeiro
• Eliseu Visconti
• França Júnior
• Henrique Bernadelli 
• Rodolfo Amoedo 
• Zeferino da Costa
IDEOLOGIAS
Este grupo brigava pela manutenção 
do modelo vigente de educação 
da Escola Imperial de Belas Artes, 
como escola de aprendizado de 
ofícios e de Belas Artes.
Este grupo defendia a importância da 
renovação de um modelo acadêmico 
de ensino e as Belas Artes como foco de 
atenção da escola.
FONTE: Adaptada de Barbosa (1999)
5 SÉCULO XX
Nas primeiras décadas do século XX, a arte não encontrou um lugar em 
que pudesse se firmar na educação brasileira, pois até este momento da história o 
ensino da arte ainda não contava como componente curricular obrigatório, e nesse 
sentido o que temos até aqui são práticas com o desenho, em sua maioria, voltadas à 
geometria e com ênfase na preparação para o melhoramento da indústria; trabalhos 
manuais ou música (canto coral ou canto orfeônico) (ROSA, 2005).
Anteriormente a este período, existia um certo preconceito e diferenciação 
com relação ao lugar da criança na sociedade, pois ainda não se discutia a existência 
de uma infância propriamente dita. Mas é a partir do início deste século que “[...] 
surgem os primeiros trabalhos de valorização da produção artística infantil por 
artistas plásticos representantes da vanguarda” (ROSA, 2005, p. 27).
É neste período que se desenvolve a experimentação da criança com 
a linguagem do desenho de forma mais “livre”, o que viria se compreender 
posteriormente como “livre expressão”. Sobre este termo, Ferraz e Fusari nos 
explicam que “A educação Através da Arte, quando difundida no Brasil, recuperou 
a valorização da arte infantil e a concepção de arte baseada na expressão e na 
liberdade criadoras” (FERRAZ; FUSARI, 1991, p. 35). E para que essa liberdade 
se concretizasse, era necessário que a criança e o jovem pudessem criar sem a 
interferência de um adulto. 
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
22
Anos depois entraria na pauta uma discussão mais crítica acerca deste 
método, que teve suas primeiras experiências nos trabalhos do educador tcheco 
Franz Cizek, da escola de Artes e Ofícios de Viena. Alguns professores levaram a 
liberdade de criação dos estudantes a um extremo onde tudo era permitido e, em 
alguns casos, a expressão dos alunos não poderia sofrer qualquer interferência do 
professor, pois alegava-se que prejudicaria o processo de criação. É a partir desta 
concepção de livre expressão, de certa forma exagerada, que se centra a crítica a 
este modelo experimental de criação dos estudantes.
Outras perspectivas originadas na psicologia viriam a se fazer presentes 
nas práticas dos arte-educadores da época. Estas experimentações fazem parte de 
uma prática que ficou conhecida no Brasil como Pedagogia Nova, que, em suma, 
dizia que “[...] a aula de Arte traduz-se mais por um proporcionar condições 
metodológicas para que o aluno possa “exprimir-se” subjetiva e individualmente” 
(FERRAZ; FUSARI, 1991).
Voltando à discussão acerca da valorização das crianças pelos artistas de 
Vanguarda, no Brasil, Rosa (2005) nos conta que:
Em 1917, junto com uma exposição de seus trabalhos em São Paulo, 
Anita Malfatti expôs desenhos infantis. Apoiada por Mário de 
Andrade, ela continuou com este trabalho apesar da sociedade, que 
ainda vivia sob o princípio de que a criança é um adulto em miniatura, 
desvalorizando o significado de uma expressão infantil. (ROSA, 2005, 
p. 27-28).
A exposição de Anita Malfati não foi bem recebida pela crítica e destacou-
se, na época, uma crítica feita por Monteiro Lobato a então exposição modernista 
da artista brasileira. A seguir, apresentamos alguns recortes da crítica de Monteiro 
Lobato sobre as obras de Anita:
Recém-chegada da Europa e dos Estados Unidos, onde foi estudar 
pintura, Anita Malfatti, resolveu, com o apoio dos amigos, organizar 
a sua exposição de pintura moderna nos meses de dezembro de 1917 
e janeiro de 1918. Ela e um grupo de vanguardistas de São Paulo 
acreditavam que havia chegado a hora de a arte no Brasil abandonar 
os modelos tradicionais e buscar novos rumos. No acanhado meio 
artístico paulistano, a exposição provocou comentários contra e a favor. 
No entanto, um artigo da “Folha de São Paulo”, de autoria de Monteiro 
Lobato, que também era crítico de arte, ultrapassou os limites da sua 
conhecida lucidez. Leia, a seguir, fragmentos do artigo denominado 
“Paranoia ou Mistificação?”, de autoria de Monteiro Lobato, sobre 
a Exposição de Anita Malfatti: “Há duas espécies de artistas. Uma 
composta dos que veem normalmente as coisas [...] A outra espécie é 
formada pelos que veem anormalmente a natureza e interpretam-na à 
luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, 
surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. [...] Embora eles 
se deem como novos, precursores de uma arte a vir, nada é mais velho 
do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com 
a mistificação. [...] Essas considerações são provocadas pela exposição 
da senhora Malfatti onde se notam acentuadíssimas tendências para 
uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picassoe companhia”.
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
23
A reação da elite paulistana, que confiava cegamente nas opiniões e 
gostos pessoais do autor de Urupês, é imediata: escândalo, quadros 
devolvidos, uma tentativa de agressão à pintora, a mostra é fechada 
antes do tempo. O artigo demolidor e as suas consequências serviram 
para que os jovens "vanguardistas" brasileiros, até então dispersos, 
isolados em pequenos agrupamentos, se unissem em torno de um 
ideal comum: destruir as manifestações artísticas que remontavam ao 
século XIX, especificamente, no caso da literatura, o parnasianismo 
poético, medíocre e superado. Neste sentido, a exposição de Anita 
Malfatti funciona como estopim de um movimento que explodiria na 
Semana de Arte Moderna de 1922 (LIMA, 2008, s.p.).
5.1 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
A semana de Arte Moderna, como ficou conhecida, foi realizada entre os 
dias 13 e 17 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. Reunindo 
representantes das diversas linguagens artísticas, como as artes plásticas, música, 
teatro, arquitetura, que defendiam uma arte brasileira com identidade própria, 
deixando de lado os cânones europeus, com mais ênfase o academicismo.
A seguir, apresentamos a capa do catálogo da semana de 22, elaborada 
pelo artista Di Cavalcanti.
FIGURA 12 – CATÁLOGO DA SEMANA DE ARTE MODERNA
FONTE: <https://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/011523001019.jpg> 
Acesso em: 9 set. 2021.
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
24
É importante lembrar que antes do acontecimento propriamente dito da 
Semana de 22, as inspirações modernistas já apareciam em produções artísticas 
brasileiras, como: 1) As críticas literárias de Oswald de Andrade, Menotti del 
Picchia e Mario de Andrade; 2) As exposições de Lasar Segall (1913) e Anita 
Malfatti (1917).
FIGURA 13 – LASAR SEGALL “ALDEIA RUSSA” (1917-18)
FONTE: <https://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/001487019019.jpg> 
Acesso em: 9 set. 2021.
Na próxima imagem, apresentaremos os nomes dos artistas que 
participaram da semana de 22 e as respectivas linguagens artísticas em que cada 
um desenvolveu seu trabalho modernista.
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
25
FIGURA 14 – ARTISTAS PARTICIPANTES DA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
FONTE: Os autores
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
26
Caro acadêmico, sugerimos que você assista ao vídeo do Portal Toda Matéria, 
sobre a semana de 1922 para compreender de forma mais profunda os acontecimentos 
que levaram à realização deste grande marco da história da arte brasileira. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=Zg3kd6tlB20. Acesso em: 9 set. 2021.
DICAS
Para complementar as considerações acerca da importância da Semana 
de 22, Subtil (2011, p. 245) nos diz que “com esse movimento houve contestação 
dos valores clássicos tão entranhados nas práticas artísticas. Essa contestação não 
aconteceu por acaso, mas resultou da busca de renovação da arte brasileira”.
Como já apresentado anteriormente, Anita Malfatti, em 1917, leva para a 
sua exposição desenhos de crianças para compor a mostra. Esta já era uma ação 
que demonstrava alguns dos efeitos que o modernismo no Brasil traria para o 
ensino da arte, como a investigação sobre a arte das crianças e outros incentivos 
ao ensino da arte.
Uma mudança significativa ocorre com a substituição das cópias pela 
livre expressão, da prática da reprodução surgiram outros movimentos de 
experimentação e criação com os estudantes. Neste período, os ensinamentos 
do pesquisador americano John Dewey são apropriados pelos idealizadores do 
movimento da escola nova e influenciam a prática dos arte-educadores por meio 
do livro “Arte como experiência”, de 1980 (SUBTIL, 2011).
Em 1948, o artista Augusto Rodrigues criou a “Escolhinha de Arte do 
Brasil”, baseado nos princípios da livre expressão. Estas escolas eram voltadas 
para o ensino infantil e também serviam como espaço de formação para os 
professores de arte, que até então estavam desamparados em relação à formação 
para a docência em arte.
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
27
No início do século XX, a arte não possuía um lugar de importância na 
educação. Não sendo um “componente curricular” da escola, a arte era praticada 
por meio do desenho geométrico, dos trabalhos manuais e na música destacavam-
se o canto coral e o canto orfeônico (ROSA, 2005).
Caro acadêmico, perguntamos a você: será que a reprodução de modelos 
ainda existe em nossas escolas? Será que o teatro e a dança, ou a própria figura do professor 
de artes ainda não recebe esta valoração de organizador de apresentações e murais para 
datas comemorativas?
NOTA
Sobre o ensino da música, Subtil (2011) nos destaca que “na década 
de 1930, Villa-Lobos assentou as raízes de sua música na tradição folclórica e 
popular e idealizou o projeto do Canto Orfeônico como ensino de canto coral 
(orfeão) fundamentado pela teoria musical” (SUBTIL, 2011, p. 246). A partir 
desta contribuição de Villa-Lobos para o ensino da Música, convidamos você a 
conhecer um pouco mais sobre a vida e obra deste artista.
FIGURA 15– MAESTRO HEITOR VILLA-LOBOS
FONTE:<http://s2.glbimg.com/T9L8ZD4eQrHnd5Z8ltu8Mr1OfSg=/s.glbimg.com/og/rg/f/
original/2013/10/17/villa-lobos_1_-_606x455.jpg>. Acesso em: 9 set. de 2021.
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
28
MAESTRO E COMPOSITOR BRASILEIRO HEITOR VILLA-LOBOS
Rio de Janeiro/RJ, 05/03/1887 - 17/11/1959
Heitor Villa-Lobos se tornou conhecido como um revolucionário que 
provocava um rompimento com a música acadêmica no Brasil. As viagens que 
fez pelo interior do país influenciaram suas composições. Entre elas, destacam-
se: “Cair da Tarde”, “Evocação”, “Miudinho”, “Remeiro do São Francisco”, 
“Canção de Amor”, “Melodia Sentimental”, “Quadrilha”, “Xangô”, “Bachianas 
Brasileiras”, “O Canto do Uirapuru”, “Trenzinho Caipira”.
Em 1903, Villa-Lobos terminou os estudos básicos no Mosteiro de São 
Bento. Costumava juntar-se aos grupos de choro, tocando violão em festas e 
em serenatas. Conheceu músicos famosos como Catulo da Paixão Cearense, 
Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e João Pernambuco.
No período de 1905 a 1912, Villa-Lobos realizou suas famosas viagens 
pelo norte e nordeste do país. Ficou impressionado com os instrumentos 
musicais, as cantigas de roda e os repentistas. Suas experiências resultaram, 
mais tarde, em "O Guia Prático", uma coletânea de canções folclóricas 
destinadas à educação musical nas escolas.
Em 1915, Villa-Lobos realizou o primeiro concerto com suas composições.
Nessa época, já havia composto suas primeiras peças para violão 
“Suíte Popular Brasileira”, peças para música de câmara, sinfonias e os 
bailados “Amazonas” e “Uirapuru”. A crítica considerava seus concertos 
modernos demais. Mas à medida que se apresentava no Rio e São Paulo, 
ganhava notoriedade.
Em 1919, apresentou-se em Buenos Aires, com o Quarteto de Cordas n° 
2. Na semana da Arte Moderna de 1922, aceitou participar dos três espetáculos 
no Teatro Municpal de São Paulo, apresentando, entre outras obras, “Danças 
Características Africanas” e “Impressões da Vida Mundana”.
Em 30 de junho de 1923, Villa-Lobos viajou para Paris financiado pelos 
amigos e pelos irmãos Guinle. Com o apoio do pianista Arthur Rubinstein e 
da soprano Vera Janacópulus, Villa-Lobos foi apresentado ao meio artístico 
parisiense e suas apresentações fizeram sucesso.
 Retornou ao Brasil em final de 1924. Em 1927, voltou a Paris com sua 
esposa Lucília Guimarães, para fazer novos concertos e iniciar negociações 
com o editor Max Eschig. Três anos depois, voltou ao Brasil para realizar um 
concerto em São Paulo. Acabou por apresentar seu plano de Educação Musical 
à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Em 1931, o maestro organizou 
TÓPICO 1 — ENSINO DA ARTE NO BRASIL
29
uma concentração orfeônica chamada “Exortação Cívica”, com 12 mil vozes. 
Após dois anos assumiu a direção da Superintendência de Educação Musical 
e Artística. A partir de então,a maioria de suas composições se voltou para a 
educação musical.
Em 1932, o presidente Vargas tornou obrigatório o ensino de canto nas 
escolas e criou o Curso de Pedagogia de Música e Canto. Em 1933, foi organizada 
a Orquestra Villa-Lobos. Villa-Lobos apresentou seu plano educacional, em 
1936, em Praga e depois em Berlim, Paris e Barcelona. Escreveu a sua esposa 
Lucília pedindo a separação, e assumiu seu romance com Arminda Neves de 
Almeida, que se tornou sua companheira. De volta ao Brasil, regeu a ópera 
“Colombo” no Centenário de Carlos Gomes e compôs o “Ciclo Brasileiro” e 
o “Descobrimento do Brasil” para o filme do mesmo nome produzido por 
Humberto Mauro, a pedido de Getúlio Vargas.
Em 1942, quando o maestro Leopold Stokowski e a The American 
Youth Orchestra foram designados pelo presidente Roosevelt para visitar o 
Brasil, o maestro Stokowski realizou concertos no Rio de Janeiro e solicitou a 
VillaLobos que selecionasse os melhores músicos e sambistas, a fim de gravar 
a Coleção Brazilian Native Music. Villa-Lobos reuniu Pixinguinha, Donga, 
João da Baiana, Cartola e outros, que, sob sua batuta, realizaram apresentações 
e gravaram a coletânea de discos, pela Columbia Records.
Em 1944/45, Villa-Lobos viajou aos Estados Unidos para reger as 
orquestras de Boston e de Nova York, onde foi homenageado. Em 1945 fundou 
a Academia Brasileira de Música. Dois anos antes de sua morte, o maestro 
compôs “Floresta do Amazonas” para a trilha de um filme da Metro Goldwyn 
Mayer. Realizou concertos em Roma, Lisboa, Paris, Israel, além de marcar 
importante presença no cenário musical latino-americano.
Praticamente residindo nos EUA entre 1957 e 1959, Villa-Lobos 
retornou ao Brasil para as comemorações do aniversário do Teatro Municipal 
do Rio de Janeiro. Com a saúde abalada, foi internado para tratamento e veio 
a falecer em novembro de 1959.
FONTE: <http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u525.jhtm>. Acesso em: 9 set. 2021.
Neste tópico, você pode compreender a importância de Villa-Lobos para 
o ensino na música no Brasil. Assim como o canto orfeônico foi substituído pela 
educação musical na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1971, o 
ensino da arte, de modo geral, vai ganhar outros espaços na legislação brasileira. 
Mas essa é uma conversa para o nosso próximo tópico de estudos.
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
30
Com o objetivo de compreender outros aspectos que não foram abordados 
neste material, deixamos como sugestão a leitura do artigo da Professora Ana Mae Barbosa, 
intitulado: Arte Educação no Brasil: do modernismo ao pós-modernismo, publicado na 
revista Art& em 2003. FONTE: <http://www.revista.art.br/site-numero-00/anamae.htm>. 
Acesso em: 9 set. 2021.
DICAS
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Neste tópico, você aprendeu que:
• A arte é uma das possibilidades de desenvolvimento do conhecimento 
sensível nos estudantes, proporcionando uma visão de mundo mais humana, 
crítica e ativa. 
• Uma das funções da Arte na escola é desenvolver as múltiplas inteligências.
• Os primeiros registros de atividade educacional no Brasil são marcados 
pela chegada dos jesuítas, que vieram ao país com objetivo de catequização 
dos povos indígenas e a formação das elites e lideranças religiosas para a 
perpetuação do poder nas mãos dos colonizadores.
• A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil, chefiada por Joachim Lebreton, 
com um grupo de artistas importados da França no ano de 1816, encarregados 
de substituir a concepção popular de arte, assim como o Barroco Brasileiro, pelo 
Neoclassicismo, com enfoque nos desenhos, pintura, escultura e moda europeia.
• Foi com a vinda da Missão Artística Francesa ao Brasil que, em 1816, foi criada 
a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, que após dez anos 
foi transformada em Imperial Academia e Escola de Belas Artes.
• Em 1917, junto com uma exposição de seus trabalhos em São Paulo, Anita 
Malfatti expôs desenhos infantis.
• A exposição de Anita foi muito criticada na época, inclusive pelo escritor 
Monteiro Lobato, que também era crítico de arte, porém toda esta crítica serviu 
como ponto de partida para o Movimento da Semana de Arte Moderna de 1922.
• A Semana de Arte Moderna, realizada entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no 
Teatro Municipal de São Paulo, reuniu um grupo de artistas; entre eles, músicos, 
artistas plásticos, arquitetos e escritores que defendiam a arte com estilo próprio 
brasileiro, negando as vanguardas europeias, principalmente o academicismo.
RESUMO DO TÓPICO 1
32
1 Dentre as funções que a arte possui na escola, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) A arte na escola tem por função apenas desenvolver as habilidades 
técnicas dos estudantes.
b) ( ) O ensino da arte na escola tem por função desenvolver múltiplas 
inteligências.
c) ( ) As aulas de arte tem por função proporcionar somente aspectos 
relacionados história da arte.
d) ( ) A única função do ensino da arte na escola é de promover atividades 
recreativas e de divertimento aos estudantes.
2 A vinda dos jesuítas para o Brasil, entre os anos de 1549 e 1808, no período 
da colonização, tinha dois objetivos principais. Sobre esses objetivos, analise 
as sentenças a seguir:
I- Os jesuítas tinham por objetivo a catequização dos povos indígenas.
II- Os jesuítas tinham por objetivo a construção de uma escola de artes e ofícios.
III- Os jesuítas tinham por objetivo a formação das elites e lideranças religiosas 
para a perpetuação do poder nas mãos dos colonizadores.
IV- Os jesuítas tinham por objetivo conhecer a arte indígena com o intuito de 
levar até a Europa os conhecimentos estéticos dos povos originários do Brasil.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
3 O século XX foi marcado por disputas em torno de diversas tendências 
teóricas que influenciaram o ensino da arte no Brasil. Sobre os principais 
autores que defendiam o enfoque positivista para o ensino da arte na 
Academia Imperial de Belas Artes, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Eliseu Visconti, França Júnior e Henrique Bernadelli.
b) ( ) Aurélio de Figueiredo, Oswald de Andrade e Montenegro Cordeiro.
c) ( ) Décio Villares, Aurélio de Figueiredo e Montenegro Cordeiro.
d) ( ) Rodolfo Amoedo e Zeferino da Costa.
AUTOATIVIDADE
33
4 O século XXI nos trouxe inúmeros avanços tecnológicos, e a vida incorporou 
uma nova rotina. A impressão é de que o tempo corre cada vez mais 
rápido e pouco nos sobra para viver experiências que nos sensibilizam. 
O ensino da arte pode contribuir com a sensibilização das pessoas diante 
dos acontecimentos que nos cercam. A partir do exposto, disserte sobre a 
importância do ensino da arte para que tenhamos estudantes mais sensíveis, 
críticos e humanos, convivendo em sociedade.
5 No decorrer de nossos estudos, vimos que, em 1948, o artista Augusto 
Rodrigues criou a “Escolhinha de Arte do Brasil”. Disserte, a partir da sua 
percepção, sobre a importância deste marco para o ensino da arte no Brasil.
34
35
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO DA ARTE
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, pudemos no inteirar da trajetória que o ensino da arte 
teve no Brasil, desde a chegada dos jesuítas até os ideais modernos da semana de 
1922. Discutimos a chegada dos jesuítas e seu modelo de educação; as influências 
da missão artística francesa no Brasil, e os movimentos de diferentes correntes 
teóricas, como o positivismo e o liberalismo, na concepção de arte-educação do 
século XX. Por meio dessa discussão, compreendemos a trajetória do ensino da 
arte no Brasil e as influências políticas, sociais e culturais que nos trouxeram para 
o atual contexto.
Neste tópico, conheceremos como a arte ganhou espaço na legislação 
brasileira e qual a importância dos movimentos de luta dos arte-educadores 
para este processo. Ao conhecer estesmovimentos, você poderá refletir sobre as 
influências e perspectivas teóricas que ainda hoje compõem as metodologias e 
teorias em torno do ensino da arte no Brasil.
Estudaremos a legislação e compreender o porquê de alguns movimentos 
se perpetuarem até hoje na arte-educação.
2 ARTE NA ESCOLA: PERSPECTIVAS E DESAFIOS
A arte na escola foi categorizada por diversas nomenclaturas: arte-
educação, educação através da arte, educação artística. Erra quem acha que são 
apenas nomes, pois cada um destes termos carrega em si um movimento em 
busca do reconhecimento e da valorização da arte na educação. Vamos discutir 
alguns pontos sobre essa questão. 
A proposta de educação através da Arte foi trazida ao Brasil por meio 
das ideias do filósofo inglês Herbert Head (1948). Segundo Ferraz e Fusari 
(1991, p. 15), “a base desse pensamento é ver a arte não apenas como uma das 
metas da educação, mas sim como o seu próprio processo, que é considerado 
também criador”.
36
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
A Educação Artística foi o primeiro reconhecimento legal do ensino da 
arte. A arte foi incluída no currículo por meio da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação de 1971. “Houve uma tentativa de melhoria do ensino da Arte na 
educação escolar, ao incorporar atividades artísticas com ênfase no processo 
expressivo e criativo dos alunos” (FERRAZ; FUSARI, 1991, p. 15-16).
A educação artística se desenvolve nas escolas, mas percebem-se inúmeras 
questões que não concretizam um verdadeiro ensino da arte que valorize o saber 
artístico. Como alguns pontos a serem abordados sobre essa questão, podemos 
destacar a falta de formação para os professores e também a falta de compreensão 
acerca de como e qual arte é protagonista nesse ensino. Essa falta de compreensão 
vai acarretar um ensino polivalente, no qual o professor leciona tudo e, ao 
mesmo, tempo nada, pois não há o aprofundamento e nem o conhecimento 
necessário sobre cada uma das linguagens artísticas na formação docente para 
que, respectivamente, se tenha o ensino de todos estes tópicos.
 Essas problemáticas do final da década de 1970 vão reverberar na criação 
de um movimento que ficou conhecido como Arte-educação. “Este movimento 
organizou-se fora da educação escolar e a partir de premissas metodológicas 
fundamentadas nas ideias da Escola Nova e da Educação Através da Arte” 
(FERRAZ; FUSARI, 1991, p. 16).
O movimento da Arte-educação defendia a não polivalência do ensino da 
arte, ou seja, que professores não fossem obrigados a abordarem em suas aulas 
as linguagens artísticas com as quais não se identificavam. E consequentemente, 
reivindicavam uma formação específica. 
Com a LDB 9394/96, o ensino da arte ganha espaço no currículo escolar 
como disciplina obrigatória e, com a alteração dada pela Lei n° 12.287/2010, aborda 
a especificidade das expressões regionais: “§ 2° O ensino da arte, especialmente 
em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório nos 
diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento 
cultural dos alunos” (BRASIL, 2010).
Além da obrigatoriedade do ensino da Arte, especialmente em suas 
expressões regionais, duas leis ainda dizem respeito aos componentes curriculares 
desta disciplina, a Lei n° 11.645 de 2008, que trata do estudo da história e cultura 
afro-brasileira e indígena:
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino 
médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e 
cultura afro-brasileira e indígena. 
§ 1° O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá 
diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação 
da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como 
o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e 
TÓPICO 2 — LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO DA ARTE
37
dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira 
e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as 
suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à 
história do Brasil.
§ 2° Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos 
povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo 
o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de 
literatura e história brasileira.
E a Lei n° 11.769, de 2008, que trata da obrigatoriedade do conteúdo 
de música. A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, no 
componente curricular de arte.
Passados dois anos da aprovação da lei que trata sobre o ensino da 
música, é apresentado no senado federal o projeto de Lei 7.032, que previa a 
obrigatoriedade no ensino de Artes [...] a música, as artes plásticas e as artes 
cênicas (BRASIL, 2010, p. 1). Com mudanças e adaptações no projeto de 
Lei original, a câmara dos deputados aprova, em 2016, a Lei n° 13.278 que 
torna as Artes Visuais, a Dança, a Música e o Teatro conteúdos obrigatórios 
do componente curricular Arte em toda a educação básica. A lei define em 
seu artigo 2° que [...] O prazo para que os sistemas de ensino implantem as 
mudanças decorrentes desta Lei, incluída a necessária e adequada formação dos 
respectivos professores em número suficiente para atuar na educação básica, é 
de cinco anos. (BRASIL, 2016, p. 1).
Todas essas mudanças na legislação apenas nos evidenciam o quanto as 
reflexões sobre o ensino da arte são recentes e demandam de cada um de nós muito 
estudo e participação nos processos de decisão, pois é importante que lutemos 
para que a arte continue a ser componente curricular obrigatório na educação 
básica e que tenha o seu devido valor reconhecido, em todos os sentidos.
É muito importante que você, acadêmico, compreenda que a formação mínima 
exigida para os professores de Ensino Fundamental e Médio é o curso de licenciatura. No 
entanto, principalmente na Educação Infantil, o profissional que trabalhará com esta área 
é o professor da turma, normalmente com formação em Pedagogia. Responsável ou não 
pelo desenvolvimento da aprendizagem em Arte, você, enquanto professor, necessitará de 
conhecimentos para abordar as linguagens que permeiam esta área de conhecimento. É 
justamente com a preocupação acerca desta necessidade que abordamos a trajetória do 
Ensino da Arte no Brasil, para que você compreenda a prática fundamentada, possibilitando 
a ampliação do seu repertório artístico, histórico e cultural.
IMPORTANT
E
38
UNIDADE 1 — HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE
A seguir, veja todas as principais mudanças na legislação sobre o 
ensino da arte. Esse esquema ajudará você a compreender de forma mais 
concisa os principais movimentos em torno da inserção da arte na escola, de 
forma obrigatória.
FIGURA 16 – MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO SOBRE O ENSINO DA ARTE SPERBER
FONTE: Os autores
TÓPICO 2 — LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO DA ARTE
39
Caro acadêmico, para ampliar seus conhecimentos sobre o Ensino da Arte, 
sugerimos que você leia os livros:
DICAS
Metodologia do Ensino da Arte - Autoras: Maria Heloísa 
Ferraz e Maria Rezende e Fusari. Assunto: as autoras 
discutem neste livro a importância da ARTE na formação de 
crianças e jovens, apontando a importância da mediação 
do educador, na construção e na vivência de um projeto 
pedagógico comprometido com a formação crítico-
reflexiva de educandos e educadores, tendo em vista o 
bem comum.
Didática do Ensino da Arte: A Língua do Mundo Poetizar, 
Fruir e Conhecer Arte - Autoras: Miriam Celeste Martins, 
Gisa Picosque, M. Terezinha Telles Guerra. Assunto: aborda 
as linguagens específicas das artes visuais, música, teatro e 
dança, em seu mais amplo contexto, serve como referencial 
para arte educadores de uma forma geral. 
As diversas mudanças na legislação do ensino da arte evidenciam um 
campo educacional em constante mudança. Durante todo este período, por 
muitas vezes foi questionada a importância do ensino da arte na educação básica. 
A existência de leis e normativas que assegurem

Outros materiais