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Ciências Humanas e Sociais (UniFatecie) (1)

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Ciências Humanas e 
Sociais
Professora Ma. Renata Oliveira dos Santos
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
S237c Santos, Renata Oliveira dos 
 Ciências humanas e Sociais / Renata Oliveira dos Santos 
 Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
 83 p. : il. Color. 
 
 
 
1. Sociologia. 2. Sociologia política. I. Centro Universitário 
 UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. 
 
 CDD : 23 ed. 301 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock e 
Wikimedia Commons.
AUTORA
Professora Mestra Renata Oliveira dos Santos 
● Mestra em Ciências Sociais - Universidade Estadual de Maringá. 
● Graduada em Ciências Sociais - Universidade Estadual de Maringá. 
● Especialista em História e Sociedade - Universidade Estadual de Maringá. 
● Especialista em Educação a Distância - UNIFAMMA - Centro Universitário Me-
tropolitano de Maringá 
● Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPE) - Universida-
de Estadual de Maringá. 
● Integrante do Grupo de Pesquisa em Educação a Distância e Tecnologia (GPEa-
DTEC) - Universidade Estadual de Maringá. 
● Principais temas de interesses: Educação, Ensino de Sociologia, Políticas 
Públicas, Educação a Distância (EaD), Tecnologia, Comunicação. Atualmente, 
Professora de Sociologia - Educação Básica. Professora de Ciências sociais e 
Áreas afins - Ensino Superior. 
● Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/7216942697334779
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Aprender é realmente uma grande viagem. Por isso, é necessário conhecer cada 
vez mais. É com esse espírito de compreender o que ainda não se sabe que a disciplina 
de Ciências Sociais está sendo proposta. Espero que você esteja aberto(a) ao novo, ao 
desconhecido e que faça de cada unidade um momento de conhecimento único, inspirador 
e transformador. 
Saiba que quando falamos de Ciências Sociais estamos nos referindo a uma tríade 
de ciência que tem como objeto de estudo as relações sociais. Assim, vamos debater sobre 
a Sociologia, a Ciência Política e a Antropologia. Dessa maneira, nosso aprendizado estará 
dividido assim:
Na Unidade I vamos conhecer o desenvolvimento da Sociologia como ciência por meio 
de um passeio sobre sua história e também sobre o seu primeiro pensador, Augusto Comte. 
Já na Unidade II iremos nos aprofundar ainda mais nos pesquisadores sociais 
compreendendo a teoria dos chamados Clássicos da Sociologias, são eles: o francês Émile 
Durkheim e os alemães Max Weber e Karl Marx. Você perceberá que a maneira como cada 
um interpreta a sociedade é bem específica e particular e entenderá que não existe apenas 
uma forma para compreender as relações sociais.
Na Unidade III você será convidado(a) a pensar algumas problemáticas sociais à 
luz de autores considerados contemporâneos. Assim, conhecerá um pouco mais sobre as 
discussões provocadas por Zygmunt Bauman em relação à Modernidade Líquida, Socieda-
de de Consumo e Identidade. Assim como os debates empreendidos por Pierre Bourdieu 
por meio dos conceitos de Habitus, Campo e as definições sobre gostos e os capitais: 
Econômico, Social, Simbólico e Cultural.
Por fim, na Unidade IV iremos discutir sobre as implicações do conhecimento pre-
tendido pela Ciências Políticas e também pela Antropologia. Dessa maneira, finalizaremos 
nossa discussão por meio do entendimento dos processos políticos como fundamentais 
para nossa ação em sociedade e da compreensão sobre a cultura, o respeito à diversidade 
e a necessidade de promover uma sociedade mais igualitária e justa para todos.
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Sociologia como Ciência e Augusto Comte
UNIDADE II ................................................................................................... 21
Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl 
Marx
UNIDADE III .................................................................................................. 43
Sociologia Contemporânea: Zygmunt Bauman e Pierre Bourdieu
UNIDADE IV .................................................................................................. 62
Ciência Política e Antropologia
3
Plano de Estudo:
● Pensar Sociologicamente;
● Sociologia como Ciência: Contexto;
● Augusto Comte e o Positivismo;
● Lei dos Três estados e a Religião da Humanidade.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender o que significa pensar de maneira sociológica;
● Contextualizar o surgimento da Sociologia como ciência;
● Refletir sobre a importância do pensamento de Augusto Comte;
● Entender a importância da Lei dos três estados e da Religião da Humanidade 
para a formação do pensamento social.
UNIDADE I
Sociologia como Ciência 
e Augusto Comte
Professora Ma. Renata Oliveira dos Santos
4UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar na sociedade em que vive? Já se questionou alguma 
vez qual a razão de existirem inúmeros problemas sociais? Afinal, que sociedade é essa? 
Se você faz parte dela, como pode ajudar a transformá-la?
Bom, essa unidade tem por objetivo apresentar para você uma ciência que irá 
ajudar a despertar sua capacidade crítica, o pensamento coerente e consciente. Porém, 
para isso, é necessário estar atento ao mundo ao seu redor, o mundo do seu cotidiano e 
como ele se apresenta para você.
É essencial que você seja capaz de questionar, de perguntar, de buscar explica-
ções que vão além do senso comum, ou seja, daquela certeza cristalizada, generalizadora 
e subjetiva desenvolvida na maioria das vezes por habitarmos um determinado meio ou 
grupo social.
A partir desse despertar, torna-se possível compreender que a Sociologia não é 
uma ciência vazia, que não surge sem uma razão. Você verá que ela é fruto de um con-
texto histórico, social, político, econômico e cultural de um período em que as mudanças 
ocorridas em todos esses aspectos exigiram uma nova forma de pensar a sociedade e 
suas mudanças.
Dessa forma, essa primeira unidade abre as portas para uma nova realidade, um 
novo começo, um olhar diferenciado sobre a sociedade,um desafio que vai além das leitu-
ras teóricas e ancora na realidade vivenciada no cotidiano de cada um.
Bons estudos!
5UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
1. PENSAR SOCIOLOGICAMENTE
A palavra Sociedade significa o que para você? Em algum momento você já parou 
para pensar qual a razão e importância em vivermos em sociedade? Será que você já 
percebeu que faz parte dela, que atua sobre ela e pode decidir os seus caminhos?
Muitas vezes acreditamos que a sociedade está toda errada, ainda mais quando 
vemos na televisão os casos de corrupção política, violência doméstica, falta de segurança, 
saúde e transporte. 
Ficamos indignados e poucos de nós se perguntam como é possível mudar essa 
realidade. Isso porque, na maioria das vezes, não nos colocamos como parte dessa so-
ciedade corrupta, violenta e desigual. É como se criticássemos algo que está à parte, à 
margem e que, embora nos afete de maneira direta, parece estar distante do cotidiano.
O autor português José Saramago, em seu livro Ensaio sobre a Cegueira (1995), 
diz que é necessário sempre reparar, ver, enxergar, o que está à nossa frente. Pois, às 
vezes somos cegos mesmo tendo plena visão. 
Porém, enganam-se aqueles que acham que sair dessa cegueira é simples e fácil. 
Na verdade, é um processo, uma construção, um despertar que proporciona o desenvolvi-
mento da consciência. E o que se entende por consciência?
Segundo a filósofa Marilena Chauí (2000, p. 165), a consciência “tem como centro 
a figura do sujeito do conhecimento, na qualidade de consciência em si reflexiva ou ativi-
dade permanente racional que conhece a si mesma”. Dessa forma, ser consciente é ter a 
capacidade de se perceber, podendo, assim, ver o que está ao redor, de maneira racional.
6UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
É essa racionalidade autônoma de cada um que a sociologia busca despertar. O ser 
social crítico não é o chato que tudo parece saber, não é aquele que impõe suas verdades 
absolutas, mas sim quem consegue perceber de maneira racional, sem juízos de valor, sem 
“achismos” a realidade à sua volta e questioná-la de maneira coerente.
A sociologia preza por despertar em cada um de nós, seres pensantes indepen-
dentes, que sejamos capazes de analisar o cotidiano, das coisas mais simples às mais 
complexas. Pensadores que refletem sobre uma determinada notícia, uma cena de novela, 
que possam ouvir e opinar sobre uma dada situação ou fala de alguma autoridade. 
Ela é dinâmica, mutável, assim como a sociedade. Por isso, possibilita que novos 
estudos surjam, sem que seja necessário desprezar ou descartar o que já foi estudado. Por 
ser contínua, a sociedade possibilita o desenvolvimento da sociologia em uma constante 
ampliação do conhecimento. 
Porém pensar sociologicamente ainda é um desafio para todos nós e sabe por quê? 
Porque a sociologia nos faz ver o mundo com um olhar novo, muitas vezes desconfiado, 
descontente. Revela-nos um mundo que, aos poucos, esquecemos por que decidimos não 
pensar sobre ele. Assim, afirma o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2010, p. 24):
Em face de um mundo considerado familiar, governado por rotinas capazes 
de reconfirmar crenças, a sociologia pode surgir como alguém estranho, ir-
ritante e intrometido. Por colocar em questão tudo aquilo que é considerado 
inquestionável, tido como dado, ela tem potencial de abalar as confortáveis 
certezas da vida, fazendo perguntas que ninguém quer se lembrar de fazer e 
cuja simples menção provoca ressentimentos naqueles que detêm interesses 
estabelecidos. Essas questões transformam o evidente em enigma e podem 
desfamiliarizar o familiar [...] 
Assim, é essa descoberta e estranhamento do que nos parece tão familiar que faz 
a sociologia uma ciência voltada ao questionamento, à inquietação, à negação de achar 
tudo natural ou normal.
Dessa maneira, para Bauman (2010), pensar sociologicamente é ter uma cons-
ciência relacional que possibilite a compreensão para além daquilo tido como uma verdade 
absoluta e imutável. 
Diante de uma realidade em constante mudança, torna-se imprescindível ser toleran-
te e sensível às diferenças, para que todos possam viver e conviver em sociedade de maneira 
a respeitar os mais variados tipos de pensamento, conhecimentos e comportamentos.
O exercício de refletir sobre a sociedade pode ser realizado também por meio do 
que o sociólogo estadunidense Charles Wright Mills (1959) chamou de imaginação socio-
lógica. Mas, o que é necessário para despertar esse tipo de imaginação? O próprio autor 
nos responde:
7UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
O que precisam, é de uma qualidade de espírito que lhes ajude a perceber o 
que está ocorrendo no mundo e o que pode estar acontecendo dentro dele 
mesmo. É essa qualidade que poderemos chamar de imaginação sociológica 
(MILLS, 1959, p. 09).
Podemos compreendê-la ainda como a capacidade de pensar sobre o nosso coti-
diano individual e a vivência no coletivo. Por essa razão, para despertar a imaginação so-
ciológica não podemos esquecer que é necessário conhecer o meio social em que vivemos, 
as questões políticas, culturais, econômicas e sociais que são característica do espaço, do 
lugar que ocupamos.
Ela privilegia o contato com aquilo que está ali, na nossa frente, com o que temos 
referências diariamente e que devemos compreender mais profundamente para identificar 
as raízes dos dilemas e dificuldades que temos no meio que fazemos parte.
O fato é que a mudança que desejamos na sociedade faz parte de como nos re-
lacionamos e agimos com ela. Nossas atitudes podem fazer do meio social um espaço de 
convivência pacífica ou conflituosa dependendo das relações humanas que estabelecemos 
cotidianamente.
8UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
2. SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA: CONTEXTO
Algumas vezes, quando nos deparamos com algo novo, nos perguntamos de onde 
e por que aquilo surgiu. Pergunta essa que nos faz buscar o sentido, o significado para algo 
que nos é desconhecido. 
Talvez você nunca tenha ouvido falar em Sociologia, muito menos em pensamento 
sociológico e nem sabia que existiam autores considerados como clássicos, que são res-
ponsáveis por essa ciência, não é mesmo?
Dessa forma, é muito importante dizer que a Sociologia não é uma ciência “vazia” 
ou que surgiu “do nada” – expressão que usamos para dar sentido àquilo que não sabemos 
argumentar. Pois bem, ela surgiu das novas configurações e condições sociais, políticas e 
econômicas advindas das transformações que ocorreram no mundo ocidental entre o final 
do século XVIII e início do século XIX. Ela surge para dar sentido a essas transformações, 
explicando suas características e consequências para emergência da sociedade capitalista: 
Na verdade, a sociologia, desde o seu início, sempre foi algo mais do que 
uma mera tentativa de reflexão sobre a sociedade moderna. Suas explica-
ções sempre contiveram intenções práticas, um forte desejo de interferir no 
rumo desta civilização (MARTINS, 1994, p. 07).
Por isso, para o autor Carlos B. Martins (1994), ela pode ser considerada uma 
ciência contraditória e tensa, que ora pode representar os interesses dos dominantes ou 
dar vozes aos movimentos revolucionários.
9UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
A Sociologia surge para revelar uma nova área do conhecimento científico, tendo 
como propósito pensar o mundo social, que se desenvolvia em um contexto específico, em 
meio à decadência da sociedade feudal e a consolidação da sociedade capitalista. 
Além disso, as chamadas Revoluções Clássicas – Revolução Inglesa, Revolução 
Francesa e Revolução Gloriosa – também contribuíram para a formação dessa ciência. Afinal, 
era necessário entender tudo o que estava acontecendo, como: a saída do homem do campo 
para a cidade, o artesanato dando lugar aos produtos industrializados, máquinas x homens.
Vale lembrar que uma revolução tem por objetivo mudar todosos aspectos de uma 
sociedade. Ela se configura como uma transformação radical. No caso da Revolução Ingle-
sa/Industrial, além do aperfeiçoamento produtivo, da introdução da máquina a vapor e do 
trabalho nas fábricas, ela consolidou o poder do capitalista que tinha em suas mãos cada 
vez mais terras, máquinas, fábricas e, com isso, transformava uma enorme massa humana 
em trabalhadores dependentes de seu poderio.
Assim, surgia uma nova sociedade que se industrializava e se urbanizava rapida-
mente, fazendo nascer uma outra maneira de organização social. O homem agora saía 
do campo e se dirigia para a cidade. Deixou de lado o trabalho artesanal e individual e 
passou a fazer tudo de maneira fragmentada, ou seja, por parte, dependendo de outros 
para produzir apenas um único produto.
Aliás, a produção se tornou em grande escala, em quantidade e para que isso 
ocorresse não foram poupadas mulheres e crianças, que chegavam a trabalhar por 12 
horas seguidas nessas fábricas. E você sabia que mediante o trabalho exaustivo muitas 
crianças morriam? 
Pois é, se não morriam, muitas tiveram suas mãos cortadas por máquinas, e isso 
porque a função principal era a de limpá-las, isso devido ao fato de terem as mãos pe-
quenas e serem destinadas para esse tipo de trabalho. Além disso, e infelizmente, como 
ainda acontece hoje em algumas funções, os homens também ganhavam mais do que as 
mulheres e as crianças.
Toda essa movimentação, a vinda do homem para cidade e o trabalho nas fábricas 
trouxeram consequências. As cidades ficaram cheias, o crescimento demográfico tornou-se 
um problema, pois as estruturas não comportavam todo mundo. Assim, não havia moradia, 
nem muito menos serviços de saúde e sanitário que pudessem suportar tamanha popu-
lação. Por exemplo, as cidades na Inglaterra, no período dos séculos XVII-XVIII, eram 
pequenas e não foram pensadas para uma quantidade crescente de pessoas.
10UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
Além desse crescimento desordenado que abriu caminho para novos problemas 
sociais. Houve um aumento assustador da prostituição, dos atos de suicídio, das diferentes 
formas de violência e também de doenças que se espalhavam rapidamente e mataram uma 
parcela grande da população.
A organização social se transformava de maneira rápida e desordenada. As ins-
tituições sociais se desenvolviam devido a inúmeras determinações sociais e culturais 
presentes nessa “nova” sociedade. 
Entre tantos fatores, sem dúvida o aparecimento da classe trabalhadora ou prole-
tariado foi o marco das mudanças desse período. Ficou muito clara a divisão entre traba-
lhadores e donos das empresas, como veremos adiante em outra unidade, a divisão social 
entre proletariado e burguesia.
Mediante tantas desigualdades, a classe trabalhadora nunca se calou. Promoveram 
inúmeras revoltas que se configuraram desde a destruição das máquinas até a consolida-
ção de sindicatos e organizações para lutar contra os mandos e desmandos da burguesia.
Será que você já conseguiu entender a necessidade e o porquê do surgimento da 
sociologia em meio a tantas mudanças? 
Bom, já existiam diversas ciências, porém ainda faltava aquela que pudesse estu-
dar os problemas sociais e, como vimos, com tantas transformações, eles se multiplicaram.
Assim, os primeiros pensadores ingleses começaram a analisar a sociedade. Não 
eram sociólogos de formação, até porque a ciência não estava ainda consolidada, tratava-
-se de “homens voltados para ação” (MARTINS, 1994, p.14), ou seja, procuravam entender 
essas modificações e atuar sobre elas. Entre esses pesquisadores se destacam Owen 
(1771-1858), William Thompson (1775-1833), Jeremy Bentham (1748-1832), que, embora 
possuíssem olhares diferentes, concordavam que a sociedade precisava ser refletida. Co-
meçaram, assim, o desenvolvimento de um novo conhecimento.
O próprio pensamento estava em transformação: entrava em cena o saber RA-
CIONAL, que prioriza a compreensão não mais por meio do sobrenatural, mas sim de uma 
certeza que só poderia ser comprovada por meio da observação e da experimentação, um 
novo método científico que era capaz de explicar a natureza, o meio e suas consequências.
Foi assim, então, num período de mais ou menos 150 anos, ou seja, de Copérnico 
a Newton, que a ciência progrediu, sendo capaz até de mudar a localização do planeta 
Terra no universo (MARTINS, 1994). 
Aliás, antes dessas descobertas, você acredita que muitas pessoas pensavam que 
a Terra era suspensa por um gigante? Pois bem, foi a ciência racional que superou os mitos 
sobrenaturais inquestionáveis, revelando ao mundo que tudo pode ter uma explicação lógica.
11UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
3. AUGUSTO COMTE E O POSITIVISMO
Em busca de uma nova forma de pensar, surge um grupo de pensadores franceses 
que, no século XVIII, desejavam transformar a sociedade. Eles foram chamados de Ilumi-
nistas, ideólogos burgueses que negavam o pensamento da sociedade feudal baseado 
no poderio da igreja e dos nobres, instituindo uma nova forma de análise. Dessa maneira, 
fizeram do uso da razão e da observação o caminho para a reflexão de quase todos os 
aspectos da sociedade que emergia.
Esses estudos tinham como objetivo revelar como as instituições daquela época eram 
injustas e muitas vezes irracionais, pois não permitiam que os homens tivessem liberdade. 
Ser um cidadão, tomar decisões, indagar o que estava errado, nada disso era per-
mitido e sabe por quê? Porque, embora houvessem ocorrido tantas mudanças em relação 
às questões culturais e sociais, suas estruturas permaneceram inabaladas.
Por essa razão, os iluministas não queriam apenas compreender o que estava 
acontecendo, mas produzir críticas e mudanças sobre a sociedade. Transformações con-
cretas que revelassem a todos a tamanha desigualdade que existia entre os indivíduos, 
assim como a falsa noção de liberdade. 
Assim, o saber agora estava pautado nos fenômenos histórico-sociais, que pos-
sibilitaram não apenas estudos científicos sobre a sociedade feito por especialistas, mas 
também realizados por “homens comuns” (MARTINS, 1994, p. 21), que passaram a com-
preender que a sociedade era um produto ativo, dinâmico e mutável da atividade humana, 
cabendo a todos pensar sobre ela.
12UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
Da mesma maneira como ocorreu na Inglaterra, uma grande revolução também acon-
teceu na França. Com o objetivo de derrubar a monarquia do poder, em 1789, a burguesia 
toma o poder e decide mudar radicalmente o Estado, as estruturas sociais e culturais, além 
de promover profundas transformações na economia e política. Foi capaz ainda de destruir 
antigos privilégios de classe, o poder da igreja e incentivar a ação dos empresários.
Entretanto, tantas mudanças também causaram o caos e a desorganização. Para 
alguns pensadores franceses, a revolução causou um impacto que parecia ter sido mais 
para o mal do que para o bem da sociedade. Por essa razão, era necessário organizar e 
aperfeiçoar essa sociedade. 
Vale lembrar que, assim como na Inglaterra, em que a revolução Industrial traz 
muitas situações inesperadas, não é diferente com a consolidação da Revolução Francesa, 
que também propiciou um crescimento demográfico, trabalhadores sendo explorados em 
suas funções, o uso de mulheres e crianças nas fábricas. Assim como os trabalhadores 
ingleses, os franceses se organizaram contra as condições de miséria que viviam. Foram 
tantos os enfrentamentos que os pensadores franceses buscaram soluções para organizar 
e manter a sociedade em equilíbrio (MARTINS, 1994).
Por isso, uma ciência que pensasse sobre todos esses problemas era primordial 
para equilibrar a sociedade. Sendo assim, a sociologia surge com um sentido prático, ou 
seja, os primeiros sociólogos farão dela um caminho para repensar o problema social, de 
manter e organizar a sociedade por meio da manutenção das instituiçõessociais, a família, 
a hierarquia social.
A grande contradição desse período foi que, embora tivesse ocorrido a revolução, 
os pensadores acreditavam que as bases antigas da organização social francesa poderiam 
manter a ordem, ou seja, mudava-se o poder de mãos, mas não de ideologia. É como se 
eles precisassem de algo mais seguro para buscar o novo. 
Em meio a esses primeiros pensadores sociais, destaca-se Auguste Comte, que 
será o responsável por dar início à Sociologia como ciência.
Segundo a socióloga Cristina Costa (2005), foi o positivismo que sistematizou o 
pensamento sociológico. Mas, afinal, o que significa positivismo?
Bem, o positivismo tem sua origem na palavra positiva, que nada mais é do que algo 
que se tem certeza, é seguro e definitivo. Derivado do cientificismo, o positivismo acredita no 
poder absoluto da razão humana em investigação e conhecimento da realidade e transformá-
-la em leis de regulamentação da vida do homem, da natureza e do próprio universo.
13UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
Essas definições surgem após o aparecimento do positivismo advindo de seu maior 
formulador, o pensador francês Auguste Comte que foi capaz de sistematizar e definir o ob-
jeto, conceitos e criar uma nova metodologia de investigação pautada no estudo científico 
da sociedade. Inicialmente, a sociologia foi chamada, por ele, de “FÍSICA SOCIAL”. 
Segundo Quintaneiro (2009) Comte afirmava que para existir o tão sonhado equilí-
brio social, era importante reorganizar as ideias e o conhecimento que pudesse ser comum 
a todos os homens. Assim, para pensar nessa nova sociedade, era necessário criar uma 
forma diferenciada de se entender a realidade.
Essa realidade poderia ser entendida por meio de uma visão positiva que se desen-
volveu a partir do uso dos métodos de investigação utilizados pelos estudos das ciências da 
natureza, como a observação, a experimentação, a comparação, ou seja, a racionalidade e 
a realidade empírica como base certa, absoluta do entendimento da sociedade. Sendo as-
sim, a “física social” deveria buscar os acontecimentos que ocorriam de maneira repetitiva, 
como era possível ver na própria natureza.
Com isso, o positivismo entendia a sociedade como um organismo, em que todas 
as partes estão interligadas e que, por isso, devem funcionar de maneira harmoniosa. 
Embora pareça uma grande loucura, a ideia que figurava entre esses pensadores era de 
“ordem e progresso”.
Por falar em Ordem e Progresso, você já ouviu essa expressão e sabe onde ela 
está registrada? Sim, na nossa bandeira nacional e isso indica que nossos republicanos do 
século XIX eram adeptos dos pensamentos de Comte.
Para ele, para se reconstruir uma sociedade era necessário, primeiramente, o 
estabelecimento da Ordem e assim seria possível pensar no progresso. Sua grande crítica 
aos pensadores da época e até mesmo à burguesia que estava no poder, era que eles 
pensavam justamente o inverso.
É inegável a importância de Auguste Comte para o início das pesquisas e da 
compreensão da sociedade como um estudo científico, não é mesmo? Então, antes de es-
tudarmos mais profundamente as ideias dos considerados autores clássicos da sociologia, 
vamos nos aventurar a compreender um pouco mais das ideias de Comte?
14UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
4. A LEI DOS TRÊS ESTADOS E A RELIGIÃO DA HUMANIDADE
Bom, já sabemos que, para Comte, a sociedade devia ser reorganizada, mas isso 
não deveria acontecer apenas nas estruturas/instituições sociais e sim no intelectual hu-
mano. Se cada homem tivesse seu pensamento renovado e modificado, seria capaz de 
compreender a sociedade e isso determinaria uma real mudança. 
Mudança essa que poderia ser entendida por meio do estudo de uma filosofia da 
história e do modo de pensar existente em cada época do desenvolvimento da humanidade, 
por meio da filosofia positiva e de uma nova configuração das instituições sociais, tendo 
destaque para a forma religiosa que era entendida por Comte como uma parte importante 
de renovação social.
Para compreender a filosofia da história, Comte criou a lei dos três estados em que 
defendia que era possível entender o desenvolvimento da ciência e do espírito humano 
através de três momentos distintos, identificados por ele como: Estado Teológico, Estado 
Metafísico e Estado Positivo.
Sabe quando acontece uma grande catástrofe, seja enchente ou seca e alguns 
jornalistas entrevistam os moradores desses lugares e muitos deles atribuem estarem vivos 
por bondade divina? Repetem “Graças a Deus estou viva”, “Deus não quis o pior para mim 
e a minha família”, “está seco demais porque Deus quis assim”. Pois bem, segundo Comte, 
esse tipo de pensamento humano pode ser considerado um Estado Teológico. 
15UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
Isso porque, diante de uma adversidade natural, o indivíduo só consegue ter uma 
explicação baseada no sobrenatural, ou seja, na crença de um Deus que decide tudo por 
ele. Esse estado de pensamento está baseado em uma certeza absoluta, não pautada na 
própria ação do homem, mas de outro ser. Por isso, ele nada questiona, apenas aceita. 
Podemos muito bem exemplificar esse estado como uma “criança”, que não pensa 
por si mesma e não questiona o que não entende. Por isso, quando ela se machuca e 
chora, rapidamente, a mãe pega a criança pelo braço, beija o machucado e diz: “Quando 
crescer sara!” e, como num passe de mágica, ela para de chorar e volta a brincar aceitando, 
plenamente, o que sua mãe disse.
O segundo momento de desenvolvimento da humanidade para Comte é o Estado 
Metafísico, aqui o homem está entre a segurança de sua crença e a incerteza das primei-
ras investigações científicas. A metafísica substitui o concreto pelo abstrato e a imaginação 
dá lugar à argumentação. Dessa maneira, o estado teológico passou a ser questionado, as 
vontades divinas agora abrem caminho para a formação de ideias. Comte exemplifica que, 
no caso da política, nesse estado os reis deveriam ser substituídos por juristas, já que a 
sociedade seria baseada num contrato e na vontade geral do povo. 
Podemos comparar esse estado com o nosso desenvolvimento ainda na adolescên-
cia em que desejamos uma liberdade em relação aos nossos responsáveis, mas também 
desejamos ter eles por perto para tomar as decisões necessárias.
Por fim, o Estado Positivo seria o desenvolvimento pleno do pensamento humano, 
nele a imaginação e a argumentação seriam substituídas pela observação. Assim, tudo 
poderia ser entendido como lei em uma relação constante dos fenômenos observáveis. 
Assim chegaríamos a nossa fase adulta, em que podemos decidir por tudo, tendo as ações 
pessoais como determinantes para nossa vida.
Para a filosofia positiva, é impossível reduzir os fenômenos a único princípio, seja 
ele a natureza ou um deus. Por isso, cada ciência deve se ocupar de um aspecto e objeto 
para que se desenvolvam análises positivas e absolutas sobre diferentes fatores.
Por isso, caro(a) aluno(a), o lema principal do conhecimento positivo era: “Ver para 
prever”, pois, ao prever, é possível desenvolver uma técnica, o que corresponde ao domínio 
do homem em relação à própria natureza. Enfim, é possível compreender o estado positivo 
como aquele que inaugura uma investigação científica real, do certo e absoluto, que não 
causa dúvida, deixando no passado o poder das forças espirituais e do controle do sobre-
natural e dando um novo direcionamento para o poder material disponível entre os sábios 
e os cientistas (MARTINS, 1994).
16UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
Assim, a Sociologia surgiu como uma ciência positiva, que, ao pesquisar e observar 
os fatos repetidos da sociedade, poderia se unir às demais ciências a ponto de entender 
o ser humano por completo. Os estudos Comteanos se basearam na ideia de estudar a 
ordem como algo estático, enquanto o progresso como dinâmico.
Além de pensaruma filosofia da história e da consolidação de uma ciência objetiva, 
Comte viu na religião um campo de estudo que seria capaz de reorganizar a sociedade 
de maneira positiva. Você verá que a religião defendida por ele é muito diferente das que 
temos ou professamos em nosso cotidiano.
Como vimos até agora, Comte não se atreve apenas a pensar de maneira universal 
os problemas sociais, muito menos acreditava que, ao reformular as instituições e reorgani-
zar a sociedade, pós-revolução, tudo estaria resolvido. Para ele, era essencial que o próprio 
pensamento humano mudasse.
Por isso, além da lei dos três estados, de refletir sobre a sociologia como uma ciên-
cia, ele se dispôs nos últimos anos de sua vida a pensar sobre os princípios fundamentais 
de uma nova religião, chamada por ele de Religião da Humanidade.
Com características que podem ser percebidas como inusitadas, a religião da 
humanidade foi organizada da seguinte maneira: os meses do calendário receberam os 
nomes de grandes personagens históricos, como o caso do filósofo René Descartes, os 
dias “santos” foram batizados como dias em que deveriam ser comemoradas as grandes 
obras de Dante Alighieri, William Shakespeare, Adam Smith entre outros (MARTINS, 1994).
Havia ainda outras peculiaridades, como a substituição da ideia de um Deus cristão 
pela Humanidade. E seu lema era: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso 
por fim”. Tratava-se de uma religião tão inovadora que a santa que a representava tinha 
traços do rosto da própria esposa de Comte, Clotilde de Vaux. 
Você deve estar se perguntando quem frequentava essa nova religião e até mesmo 
se ela ainda existe... Bom, os frequentadores geralmente defendiam as mesmas ideias 
positivistas de Comte e aqui no Brasil ainda hoje existem muitos adeptos. Ficou curioso(a)?
SAIBA MAIS
Será que você ficou interessado(a) em saber um pouco mais sobre a Religião da Huma-
nidade e a maneira como ela ainda hoje está sendo conduzida? 
Bom, se você quiser mais informações acesse ao site: 
http://templodahumanidade.org.br/ 
Fonte: a autora.
http://templodahumanidade.org.br/
17UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
SAIBA MAIS
Você sabia que Augusto Comte foi considerado o pai do positivismo, acreditava que 
era possível planejar o desenvolvimento da sociedade e do indivíduo com critérios das 
ciências exatas e biológicas? 
Para descobrir um pouco mais sobre ele, leia: FERRARI, Márcio. Auguste Comte, o ho-
mem que quis dar ordem ao mundo. 2008. 
Disponível em: 
https://novaescola.org.br/conteudo/186/auguste-comte-pensador-frances-pai-positivismo. 
Acesso em: 30 abr. 2021.
REFLITA 
“Pensar sociologicamente pode nos tornar mais sensíveis e tolerantes em relação à di-
versidade, daí decorrendo sentidos afiados e olhos abertos para novos horizontes além 
de experiências imediatas, a fim de que possamos explorar condições humanas até 
então relativamente invisíveis” 
Fonte: Bauman (2010, p. 25).
REFLITA
“O que precisam, é de uma qualidade de espírito que lhes ajude a perceber o que está 
ocorrendo no mundo e o que pode estar acontecendo dentro dele mesmo”.
Fonte: Mills (1959, p. 09).
https://novaescola.org.br/conteudo/186/auguste-comte-pensador-frances-pai-positivismo
18UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Sociologia é a ciência do questionamento. Caso você tenha entendido essa afir-
mativa, é possível afirmar que já está apto(a) a pensar sociologicamente a sociedade e o 
meio do qual faz parte. 
Como vimos, ela é uma ciência que surge a partir de um contexto social, político, 
histórico, econômico e cultural específico que marcaram as transformações humanas ain-
da no século XVIII. Dessa data para os dias atuais, a Sociologia vem se desenvolvendo 
mediante as necessidades de cada período histórico que revelam a maneira como o pen-
samento de homens e mulheres estão se desenvolvendo em prol de uma sociedade mais 
justa e igualitária.
Podemos entender ainda que as chamadas Revoluções Clássicas aceleram os pro-
cessos de mudanças sociais e precipitaram a iminência de uma ciência que seria capaz de en-
tender todas as transformações originárias dessas novas maneiras de ver e entender o mundo. 
Os pensadores ingleses e franceses foram de grande valia para o desenvolvimento 
de uma maneira de pensar baseada na racionalidade, na experimentação e observação 
da sociedade para sua maior compreensão. Destaca-se neste período o pensamento de 
Augusto Comte e o desenvolvimento da Física Social.
O pensamento Comteano trouxe para nossa reflexão o conceito de positivismo 
expressado por meio do entendimento da Lei dos três Estados. Além disso, podemos en-
tender por que nossa bandeira nacional tem as palavras Ordem e Progresso. 
Por fim, a maneira de entender a realidade defendida por Augusto Comte nos reve-
laria o que ele chamou de Religião da Humanidade e a sua forma de compreender a ciência 
como parte do que deveria ser uma crença positiva.
 
19UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Aprendendo a pensar com a Sociologia.
Autor: Zygmunt Bauman
Editora: Zahar
Sinopse: Partindo de aspectos aparentemente comuns da vida 
– amor, atos de consumo, trabalho, lazer, religião –, Zygmunt Bau-
man e Tim May escreveram esse livro com o objetivo de ajudar as 
pessoas a entender suas vivências individuais e com os outros. Os 
autores revelam como a sociologia fornece uma série de obser-
vações sobre nossas experiências e mostram as implicações de 
nossos atos sobre a maneira como conduzimos nossa existência. 
A edição original, publicada em 1990, foi revista por Bauman e 
May e inclui temas atuais como corpo, intimidade, tempo, espaço, 
desordem, risco, globalização, identidade e novas tecnologias. 
Cada capítulo aborda problemas que constituem parte de nossa 
vida cotidiana, dilemas e escolhas com os quais nos deparamos, 
mas não chegamos a refletir. Os autores ainda sugerem questões 
que podem servir de orientação para o leitor ou de plano de estu-
dos para professores e alunos. Pensar sociologicamente significa 
entender aqueles que nos cercam em suas esperanças, desejos, 
inquietações e preocupações. O livro ainda inclui sucinta bibliogra-
fia organizada por temas e questões para orientar professores e 
alunos.
FILME/VÍDEO 
Título: Ensaio sobre a Cegueira
Ano: 2008
Sinopse: Quando uma epidemia chamada cegueira branca apare-
ce em uma cidade, a mulher de um médico é a única pessoa que 
ainda consegue ver. Ela vai para um abrigo com seu marido cego 
e encontra todos vivendo em condições precárias. Agora ela tem 
que guiar um grupo à liberdade.
20UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte
WEB 
• Apresentação do poema: Nada é Impossível de Mudar - Bertold Brecht. Uma 
reflexão sobre a sociedade e nossa percepção sobre ela.
Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=dQFoLaKiitc 
https://www.youtube.com/watch?v=dQFoLaKiitc
21
Plano de Estudo:
● O pensamento clássico e a importância do olhar sociológico. 
● Émile Durkheim: Fato Social, Solidariedade Mecânica e Orgânica, Suicídio. 
● Max Weber: Ação Social, Poder e Dominação.
● Karl Marx e o desenvolvimento de uma Sociologia Crítica.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender a importância dos pensadores clássicos da Sociologia.
● Analisar os pensamentos de Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.
● Compreender e diferenciar as noções de fatos sociais, ação e 
relação social e luta de classe.
UNIDADE II
Teoria Clássica da Sociologia: Émile 
Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Professora Ma. Renata Oliveira dos Santos
22UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 22UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
INTRODUÇÃO
Para que você possa compreender ainda mais o pensamento sociológico, se faz 
necessário conhecer os três autores clássicos da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber 
e Karl Marx. Eles são responsáveis por construir toda a base do pensamentosociológico 
até os dias atuais.
Cada autor irá te apresentar uma maneira diferente de pensar a sociedade, qual é o 
correto? Nenhum deles. Você irá aprender que o pensamento sociológico pode ser múltiplo e 
isso não significa que exista apenas um lado certo ou errado de uma interpretação da sociedade.
O pensador francês Émile Durkheim será responsável pela Sociologia Funciona-
lista, pela definição das regras do método sociológico por meio dos Fatos sociais e pela 
noção de que a consciência individual está relacionada a uma consciência maior, ou seja, a 
consciência coletiva. Para esse autor, o indivíduo é moldado pela sociedade.
Já o pensador alemão Max Weber irá te apresentar à Sociologia Compreensiva e 
os conceitos de Ação Social e relação social. Além da diferença entre a noção de poder 
e dominação. Para esse autor, o indivíduo passa a ser chamado por Sujeito Social e é 
responsável por moldar a sociedade.
Por fim, o pensador alemão Karl Marx nos ajudará a entender a sociedade por meio 
da Sociologia Crítica. Ao entender o conceito de materialismo Histórico você perceberá 
que, segundo este autor, as relações humanas podem ser entendidas pela luta de classe, 
baseada nas questões econômicas que geram desigualdades sociais. Caberá a cada in-
divíduo a capacidade de se conscientizar em relação à sociedade por ser considerado um 
ser transitório. 
Embora pareça, e seja mesmo, muitas coisas novas a serem apreendidas, espero 
que você possa se apaixonar por essa aventura de aprendizado por meio da Sociologia.
Bons estudos!
23UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 23UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
1. O PENSAMENTO CLÁSSICO E A IMPORTÂNCIA DO OLHAR SOCIOLÓGICO
Você já deve ter percebido que a ciência que estamos apresentando tem muitos 
caminhos a serem seguidos e refletidos, não é mesmo? Para aprofundar cada vez no saber 
ou, como gostamos de dizer, no olhar sociológico, você será apresentado(a) aos chamados 
autores clássicos da sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Infelizmente, 
vamos explorar cada um deles de maneira sucinta, porém o que queremos revelar é 
justamente a forma de pensar de cada um e como é possível enxergar a sociedade por 
diferentes óticas. 
Antes disso, você precisa entender que o papel da sociologia, como disciplina, é 
dar forma ao processo de entendimento da relação entre eu e o outro que dependerá dos 
mais diferentes fatores. Segundo Bauman (2010, p. 265), ela pode ser compreendida como 
um “comentário da vida social”, que nos oferece uma porção de notas explicativas sobre as 
nossas vivências e experiências que vão implicar, diretamente, no cotidiano.
Para esse autor, é possível dizer que a sociologia é o refinamento de um olhar dis-
ciplinado que irá analisar como procedemos em nossas relações no dia a dia. Ela não tem 
como objetivo apontar o que é certo e errado, mas entender como socialmente definimos 
essas ações. Assim, jamais existirá uma verdade absoluta.
24UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 24UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
[...] a sociologia ilumina os meios pelos quais conduzimos nossa vida e tam-
bém questiona tal adequação com a produção de estudos e pesquisas que 
incitam e desafiam a imaginação. [...] Por isso, levanta-se a possibilidade de 
se pensar de modo diferente, incluindo aqueles aspectos da vida por rotina 
colocados entre parênteses. Para nós, isso faz da sociologia uma disciplina 
muito prática, mas talvez não como essa palavra costuma ser invocada por 
quem procura transformar sua visão da sociedade em confortáveis realidade 
que, como vimos, incluem por exclusão (BAUMAN, 2010, p. 266).
Assim, se faz necessário entendermos que o pensamento sociológico se trata de uma 
ciência em que são atribuídas uma coleção de práticas que reivindicam uma maneira específica 
de pensar, investigar e agir sobre um determinado objeto, neste caso, a sociedade. Trazendo a 
esse tipo de estudo legitimidade para a pesquisa e observação de contexto variados. 
Dessa maneira, os pensadores que iremos apresentar aqui são responsáveis pelo 
desenvolvimento de uma ciência, por construir seus métodos de forma a pensar a socieda-
de em períodos e por meio de questões importantes para a humanidade. 
Começaremos por Émile Durkheim, que, segundo Bauman (2010), foi o responsável 
por buscar a base para o surgimento da sociologia como uma ciência de maneira racional, 
sistemática e empírica. Para isso, o olhar científico deveria ser entendido de maneira neutra e 
que fosse capaz de observar, descrever e explicar a sociedade como uma porção de coisas. 
Desejando descrever corretamente e explicar o pensamento humano, o so-
ciólogo é levado (e exortado) a superar sua psique individual, as intenções e 
os significados privados, de que apenas os próprios indivíduos podem falar, 
e se concentrar, em vez disso, em estudar fenômenos passíveis de ser ob-
servados externamente e que, com toda a probabilidade, pareceriam iguais a 
qualquer observador que focalizasse (BAUMAN, 2010, p. 273).
Para que as observações pudessem ser realizadas é que Durkheim criou as regras 
do método sociológico cristalizadas pelo conceito de fatos sociais, que veremos mais à frente.
A particularidade de cada pensador clássico pode ser entendida pela maneira 
como eles interpretam as questões sociais. Para Max Weber, a sociologia não poderia ser 
pensada como algo neutro. Para ele, a prática sociológica deve ser refletida por meio das 
mudanças sensíveis ocorridas no mundo e no interior de cada sociedade. Isso devido ao 
fato de que os homens e mulheres promovem suas ações dotadas de sentido e significado. 
Por essa razão, tanto você quanto eu somos responsáveis pela forma como a 
sociedade está sendo construída: “As pessoas têm motivos e agem a fim de alcançar os 
fins que estabeleceram para si, e esses fins explicam suas ações” (BAUMAN, 2010, p. 
273). Assim, o autor criou o conceito de Ação Social e Relação Social e desenvolveu uma 
sociologia baseada na compreensão histórica que poderia explicar as atitudes humanas. 
25UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 25UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Por fim, iremos compreender o pensamento de Karl Marx, este talvez seja o autor 
mais “conhecido” pela sociedade. Um conhecimento que muitas vezes é acompanhado de 
distorções na maneira como foram construídos seus conceitos e as interpretações feitas em 
relação a sua aplicação histórica. Com certeza termos como classes sociais, desigualdades 
sociais, exploração, alienação, revolução e comunismo tendem a fazer parte de muitas 
discussões em seu cotidiano. Eles podem aparecer de maneira direta em uma conversa ou 
por meio de postagens via redes sociais.
O cuidado que você deve ter é de não acreditar em tudo que lê antes mesmo de 
conhecer a obra ou a forma de pensar deste autor. Por exemplo, Marx, ao questionar o 
Capitalismo, acredita que essa forma de organização política e social existe por promover 
uma exploração e dividir a sociedade entre burguesia e proletariado. Ele não nos proíbe 
de viver em uma sociedade capitalista, mas nos auxilia a interpretá-la e questioná-la de 
maneira crítica. 
É a sociologia crítica proposta por esse autor que nos incentiva a pensar de maneira 
mais consciente e coerente sobre nossa realidade. 
A maneira como enxergamos os problemas influenciará o que é considerado 
a solução apropriada. Entre nossas expectativas para o futuro e as experiên-
cias obtidas no passado e no presente jaz um espaço que o pensar sociologi-
camente ilumina a partir do qual podemos aprender mais sobre nós mesmos, 
os outros e as relações entre as aspirações, as ações e as condições sociais 
que criamos e nas quais vivemos. A Sociologia é, assim, central para qual-
quer tentativa de nos compreendermos melhor (BAUMAN, 2010, p.288).
Baseados nesta ideia de compreendermos o mundo de uma maneira melhor, é que 
convido você a compreender um pouco mais da Sociologia como ciência por meio dos pensa-
dores clássicos e suas especificidades. Os “três porquinhos” sociólogos te ajudarão a entender 
como nos tornamos sujeitos sociais e quais implicações tendem a acarretar no cotidiano.
26UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 26UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
2. ÉMILE DURKHEIM: FATO SOCIAL, SOLIDARIEDADE MECÂNICA 
 E ORGÂNICA, SUÍCIDIO
O pensador francês Émile Durkheim é considerado como o “Pai da Sociologia”. 
Ele é responsável por inaugurar uma nova fase do pensamento sociológico ao determinar 
aquilo que Augusto Comte chamava de Física Social como Sociologia, a ciência que estuda 
o homem e suas relações na sociedade. Para Durkheim, era necessário criar um novo 
sistema, tanto científico quanto moral, que estivesse de acordo com a ordem industrial que 
se desenvolvia.
Tornava-se, assim, importante perceber que a ideia de uma vida individual já não 
era tão confortável, emergia uma pujante vida coletiva que precisava ser observada, com-
parada e refletida. Dessa maneira, o grande desafio para esse autor foi definir o objeto e o 
método que melhor poderia estudar esses fenômenos coletivos. 
A ciência muitas vezes parece algo distante de nós, do dia a dia, da realidade. 
Para muitas pessoas ela fica restrita ao laboratório, a um saber que pode ser compreen-
dido por poucos. 
Vale ressaltar ainda que, para ser ciência, é muito importante que seu objeto e o 
seu método de estudo possam ser compreendidos de maneira clara. E foi exatamente essa 
clareza que Émile Durkheim propôs para a compreensão da sociedade. 
27UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 27UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
O que chamava a atenção do autor eram as crenças, os comportamentos realiza-
dos pela coletividade e muitas vezes impostos por instituições sociais, como Família, Igreja, 
Escola e Estado. 
Você já parou para pensar como muitas vezes reproduz aquilo que lhe foi ensinado 
sem questionar? Pois é, o fato de muitas vezes sermos batizados ainda recém-nascidos, 
por exemplo, nos faz pensar o quanto o outro, a coletividade espera de nós atitudes já 
postas. Pois não será conscientemente que um bebê escolhe qual denominação religiosa 
seguir, não é mesmo?
Serão essas questões e outras que vão chamar a atenção de Durkheim: será que 
somos moldados pela sociedade? Ela pode determinar o que vestimos, pensamos e como 
agimos? Para o autor, a resposta correta é SIM. A sociedade é responsável por tudo isso 
e, tendo essa consciência, ele foi capaz de delimitar o objeto de estudo da Sociologia, 
chamando-o de FATO SOCIAL.
Na definição do próprio Durkheim, em sua obra As regras do método sociológico 
(2004), ele afirma que o fato social pode ser compreendido como 
Toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma 
coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão da sociedade dada, 
apresentando uma existência própria, independente das manifestações indi-
viduais que possa ter, “as maneiras de agir, de pensar e de sentir exterior ao 
indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude da qual se impõem”, 
ou ainda “maneira de fazer ou de pensar, reconhecíveis pela particularidade 
de serem suscetíveis de exercer influência coercitiva sobre as consciências 
particulares (DURKHEIM, 2004, p. 39).
Embora pareça muito confuso, a definição é que fato social é tudo aquilo que são 
as ações, os comportamentos que são impostos de maneira coercitiva, é exterior à gente, 
ou seja, foi definido fora e independente da nossa vontade e que pode ser notado em outras 
sociedades, ocorrendo de maneira generalizante. 
Segundo Durkheim, o fato social deve ser pensado como uma “COISA”, cabendo 
ao cientista, sem paixão nenhuma e nenhum juízo de valor, entendê-lo de maneira objetiva, 
descritiva, comparativa para que não exista dúvida sobre as suas afirmações. Assim, para 
Durkheim, o cientista deve ser neutro em sua pesquisa, sendo capaz de fazer uma aprecia-
ção fiel e imparcial do fato social a ser investigado.
Para ser fato social é necessário identificarmos três particularidades, ele deve ser 
coercitivo, exterior e generalizante (QUINTANEIRO, 2009):
COERÇÃO SOCIAL – o indivíduo age independente da sua vontade. Existem dois 
tipos de forças coercitivas, representadas por Sanções. São elas as Sanções Legais e as 
Sanções Espontâneas. Entende-se por Sanções Legais – aquelas que são determinadas 
28UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 28UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
por meio das leis, tornando-as inquestionáveis. Por exemplo, as leis de trânsito, ao colocar 
o cinto de segurança você cumpre uma sanção legal, já parou para pensar se não houvesse 
multa por não o usar se você colocaria o cinto? Caracteriza-se por Sanções Espontâneas 
aquelas que são consideradas adequadas ou inadequadas por um grupo, pela sociedade. 
Ações que não estão instituídas como leis, mas que na prática cotidiana recebem o mes-
mo valor que uma lei prescrita. Um exemplo, ao atravessar uma rua movimentada, você 
percebe que ao seu lado existe um indivíduo com inúmeras sacolas, você é obrigado a 
ajudar essa pessoa? Mesmo que não seja, ela te lançará um olhar de reprovação caso não 
ofereça ajuda, correto?
Assim, esses tipos de sanções revelam como as nossas ações, muitas vezes, 
podem ser determinadas pela sociedade. 
EXTERIORIDADE – É uma das particularidades do fato social, ou seja, indepen-
dente se você faça ou não, queira de maneira consciente, eles acontecem, estão fora da 
sua própria ação, são reproduzidos de maneira exterior a você. Tomando como exemplo 
ainda a educação, independentemente de você desejar ou não, considerar ou não a forma 
como o ENEM é feito, ele continuará ocorrendo sem nenhuma alteração. Você pode até 
nunca ter feito um teste seletivo, isso não impede que a forma como a maioria das pessoas 
ingressa na universidade seja através das provas do ENEM. Outro exemplo é que antes de 
você nascer algumas regras na sua casa já estavam estabelecidas, você aprendeu a falar, 
andar, comer, se comportar como a sua família determinou, não é verdade? E mesmo que 
você, quando criança, não quisesse comer tal alimento ou ir dormir sem tomar banho, seus 
familiares te obrigavam a isso com a afirmação que seria o melhor para você. Então, você 
deve estar pensando: “Tomo banho ou como porque eu quero”, mas, para Durkheim, essas 
ações não são tão simples assim e o seu querer, na maioria das vezes, sofre uma sanção 
exterior do grupo ou da sociedade em que está inserido.
GENERALIDADE – Por fim, Durkheim irá afirmar que todo fato social, além de ser 
coercitivo e exterior, também será generalizante, ou seja, geral por se repetir na maioria dos 
indivíduos e ocorrer em diferentes sociedades. Por exemplo, o crime é um fato social, ele 
acontece de maneira coercitiva, exterior e geral, em qualquer meio social ele acontece, não 
importa se for com grupos ricos ou pobres, o crime faz parte da sociedade. Outro exemplo 
pode ser o casamento, ele ocorre também em várias sociedades, embora sejam diferentes, 
o ato de casar é o mesmo.
29UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 29UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Ao compreendermos o que é fato social, é importante dizer que, para Durkheim, 
a sociedade deve ser entendida em seu TODO. Para ele, o que é objeto de estudo não 
são as partes, os fragmentos e fenômenos sociais separados, mas sim tudo que forma a 
Consciência Coletiva.
Para Durkheim, a sociedade além de ser entendida como uma coisa é pensada 
também como um Organismo Vivo e, para que toda a engrenagem social possa funcionar, 
é queele desenvolveu o conceito de Solidariedade, que significa a capacidade da criação 
de laços entre os indivíduos em diferentes sociedades. O autor entendia a Solidariedade de 
duas maneiras: Mecânica e Orgânica (QUINTANEIRO, 2009).
Solidariedade Mecânica representa aquele tipo de sociedade em que o indivíduo 
se liga diretamente sem intermediário, ou seja, em que suas funções já estão definidas 
e pré-estabelecidas de maneiras simples. Além dessa definição, todos os membros des-
sa sociedade partilham das mesmas crenças e normas existentes sem questionamento, 
agindo de maneira mecânica e coletiva. Nesse tipo de solidariedade os indivíduos não se 
diferenciam, as formas de pensar e agir são semelhantes. Também não existe uma diferen-
ciação de bens, a educação é realizada por todos, gerando uma consciência comum. Elas 
podem ser compreendidas por meio das chamadas sociedades pré-capitalistas, simples ou 
não-organizadas – as sociedades indígenas ou tribais.
Solidariedade Orgânica é a marca fundamental da sociedade moderna ou Capi-
talista e isso devido ao fato de que nela nos tornamos cada vez mais individuais, especia-
lizados e isolados. Ao nos diferenciarmos geramos uma divisão social do trabalho, o que 
não existia na sociedade primitiva ou que possui uma solidariedade mecânica. Será essa 
acentuada divisão que formará a solidariedade orgânica. Podemos, então, compreender 
mais claramente como Durkheim afirma que a sociedade era um organismo vivo. É cres-
cente a individualização daqueles que fazem parte da sociedade. Cada indivíduo passará 
a exercer um tipo de função, que, embora seja sua, funcionará como uma das peças que 
formam o todo social. 
Parece um pouco confuso? Bom, o fato é que agora os indivíduos se tornaram 
ainda mais interdependentes dos outros, ao ponto de formar uma unidade. O trabalhador 
passa a conhecer apenas um fragmento do produto produzido, muitas vezes não sabe 
como se inicia e nem muito mesmo como termina. Ele se torna apenas mais uma peça 
entre tantas. Seu trabalho passa a ser assalariado, sua produção depende do outro e da 
máquina. O trabalhador passa a ser dependente de seu patrão. 
30UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 30UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Por fim, é muito pertinente entender a discussão que Émile Durkheim realizou sobre 
a questão do Suicídio. Em geral, somos ensinados a acreditar que o ato suicida pode ser 
classificado como covardia ou coragem. Porém, para esse pensador, o suicídio é um fato 
social e precisa ser debatido na sociedade. Ele classificou três tipos de Suicídio:
Suicídio Egoísta – Aquele provocado por um sentimento de desamparo social, 
que tem como “sintomas” a melancolia e a depressão. Dessa forma, Durkheim acreditava 
que cada um de nós tende a reagir de um jeito à “solidão”, dependendo da função social 
que exerce.
Suicídio Altruísta – Praticado por indivíduos que acreditam ser responsáveis pela 
continuação de uma sociedade equilibrada ou por pessoas doentes, muito velhas, por fiéis 
e aqueles que possuem algum tipo de ideologia política ou religiosa. Ex.: Kamikazes e 
Homens-bombas.
Suicídio Anômico – Segundo Durkheim, esse tipo de suicídio está intimamente 
relacionado ao desenvolvimento da sociedade moderna. Trata-se de um estágio de des-
regramento social, em que as normas estão ausentes e perderam o sentido. Os atos são 
praticados de maneira individual, não respeitando o que a sociedade defende como certo 
ou errado.
Segundo Durkheim, seria extremamente importante reconhecer que o alto índice 
de suicídio em uma sociedade apontaria ao que ele classificou de Anomia social, ou seja, 
uma anomalia ou estágio de adoecimento que poderia se encontrar um determinado grupo 
social. Para que a sociedade pudesse sair dessa condição, era preciso retomar o equilíbrio 
social e isso poderia ser feito por meio da ordem e regras imposta para o bem de todos. 
31UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 31UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
3. MAX WEBER: AÇÃO SOCIAL, PODER E DOMINAÇÃO
Para Weber, o indivíduo é responsável por suas escolhas e decisões. Ele tem a 
capacidade de decidir e de influenciar a sociedade. Dessa forma, a ação social e a relação 
social são conceitos fundamentais de sua teoria.
Entende-se por ação social toda conduta humana que possui, ou seja, é dotada 
de um significado para aquele que a orienta e a realiza. Essa ação se transforma em ação 
social quando a orientação dada reflete em outros indivíduos ou agentes. Compreender 
essa ação social, interpretando e buscando explicar suas causalidades é para Weber o 
papel fundamental da sociologia.
Cabe a sociologia entender o sentido dessa ação e o efeito causado por ela em 
outros indivíduos, assim, a ação compreensiva é aquela ação com sentido que tem alguma 
razão para acontecer.
Você já parou para pensar como a sua conduta humana é dotada de sentidos? 
Será que você faz algo simplesmente por que tem a obrigação de fazer ou porque há algum 
significado? Por exemplo, ao estudar essa unidade ela tem que sentido para você? Será a 
busca por um diploma de Ensino Superior? Será apenas uma continuação dos seus estudos? 
Alguma razão, de fato, deve ter para que você esteja neste momento lendo esse material.
Segundo Weber, quanto menor for a influência que o indivíduo sofre de sua cultura, 
costumes ou afetos mais racional será a sua ação, podendo, assim, ser compreendida pela 
sociologia, que a partir da construção de modelos ou tipos explicativos abstratos busca 
desenvolver um método que possa explicar a ação do indivíduo (QUINTANEIRO, 2009).
32UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 32UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Com objetivo de compreender as ações humanas, o autor construiu quatro tipos 
puros de ação: a ação racional com relação a fins, a ação racional com relação a valores, 
a ação tradicional e a ação afetiva.
● Ação racional com relação a fins – esse tipo de ação tem por propósito atingir 
um fim, conquistar uma meta traçada, conseguir uma recompensa de todo es-
forço exercido, a busca de êxito.
● Ação racional com relação a valores – orientada pelos princípios e convicções 
próprias do agente que tem por finalidade manter os valores que o conduzem, 
legitimando sua ação. A ideia é que esse agente cumpra um dever, mantenha 
suas verdades e aja para que nada seja questionado. Assim, ele manterá sua 
honra, honestidade e dignidade. 
As duas ações citadas até o momento foram descritas como aquelas em que a 
racionalidade faz parte das decisões. Porém, as condutas humanas não são apenas racio-
nais e, assim, Weber construiu mais dois tipos de ações:
● Ação Tradicional – Esse tipo de ação é definido pelos hábitos e costumes que 
por serem repetitivos passam a ser vistos como “naturais”. Diariamente, reali-
zamos esse tipo de ação. Por exemplo, existem famílias que ensinam aos seus 
filhos a pedir a “benção” aos mais velhos, tios, avós, padrinhos. Essa conduta 
é tradicional, pode ou não ser executada dependendo da educação e do meio 
em que você vive. Assim, também é o ato de cumprimentar alguém, falar “bom 
dia”/“boa tarde” é uma ação, muitas vezes, automática, mais do que desejos 
sinceros e tendo consciência do que esse cumprimento realmente significa. 
● Ação Afetiva – Quando uma ação é realizada por questões emocionais ime-
diatas baseada no ciúme, raiva, vingança, orgulho, amor, coragem, desejo, 
compaixão, medo etc. Não se espera desse tipo de ação uma racionalidade 
que determine seu fim ou valores. É uma conduta imediata e passageira depen-
dendo de inúmeros fatores. Esse tipo de ação pode ter várias consequências, 
sendo os resultados os mais diversos e muitas vezes não pretendidos, por isso 
ela não é racional.
Baseado nesses tipos de ações, Weber desenvolveu outro conceito, o deRelação 
Social. Para o autor, quando uma conduta é orientada de maneira a afetar diferentes indi-
víduos, tendo o seu sentido e significados compartilhados por diferentes agentes, isso irá 
se transformar em uma relação social:
33UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 33UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Quando, ao agir, cada um de dois ou mais indivíduos orienta sua conduta 
levando em conta a probabilidade de que o outro ou os outros agirão social-
mente de um modo que corresponde às expectativas do primeiro agente, 
estamos diante de uma relação social. [...] O que caracteriza a relação social 
é o sentido das ações sociais a ela associadas pode ser (mais ou menos 
claramente) compreendido pelos diversos agentes de uma sociedade (QUIN-
TANEIRO, 2009, p.118).
Dessa forma, podemos compreender que as relações sociais possuem significados 
que são atribuídos por aqueles que agem tendo como referência um ou muitos indivíduos 
e será a conduta desse outro que vai ser capaz de orientar a ação. Assim, o agente não é 
passivo em suas ações, mas sim responsável por elas.
Outra importante discussão no pensamento Weberiano é a questão relacionada 
aos conceitos de Poder e de Dominação. Segundo o pensador, o poder pode ser entendido 
como a minha vontade pessoal, imposta ao outro de maneira autoritária e taxativa. Já a 
dominação implica no compartilhamento de uma vontade pessoal com outras pessoas, ou 
seja, aquele que manda é reconhecido pelo que é mandado, existindo uma obediência que 
não necessariamente se entende como imposta, mas sim como uma condição da relação 
social. O autor classificou três tipos de dominação: Carismática, Racional-Legal e Tradicio-
nal (COSTA, 2005).
Dominação Carismática – O dominante carismático é aquele que é reconhecido 
pelo dominado como alguém que possui um dom ou uma graça extraordinária ao ponto 
de diferenciá-lo dos demais agentes sociais. O líder carismático é capaz de dominar por 
meio da fala, das atitudes que serão seguidas por todos sem questionamento e muitas 
vezes de maneira irracional. Esse tipo de líder pode ser um religioso, esportista, político, 
uma autoridade, transformado em uma espécie de “herói” com objetivo de salvar a todos. 
Podemos citar como líder carismático diversas personalidades: Hitler, Papa, Pelé, Hebe 
Camargo, Getúlio Vargas, Xuxa, Padre Marcelo Rossi entre outros. Todos eles exerceram 
ou exercem uma dominação baseada no reconhecimento de um ser único, abençoado e 
capaz de compartilhar dos sentidos semelhantes das ações individuais de muitos agentes.
Dominação Racional/ Legal – Esse tipo de dominação é marcado pelo apara-
to legal, a criação e o cumprimento de leis que devem reger toda a conduta humana. É 
baseada em regras desenvolvidas de maneira racional que sejam capazes de manter as 
relações sociais. Dessa forma, as atitudes subjetivas de cada agente social passam a ser 
conduzidas e orientadas por uma ordem legítima, mantendo a coesão social, ou seja, o 
equilíbrio da sociedade. Podemos identificar esse tipo de dominação não apenas nas leis 
mais comuns, como as de trânsito, por exemplo, mas também na imposição de regras de 
etiquetas e ações ditas como adequadas, regras políticas, muitas vezes incompreensíveis 
pela maioria de nós, a violência de policiais contra manifestantes entre outros. 
34UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 34UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Dominação Tradicional – Marcado pela repetição, pelo costume e pelo hábito. 
Esse tipo de dominação ocorre mediante ao dominante inquestionável. Por exemplo, a 
família real, a ação de pai e mãe sobre seus filhos, algo em que o dominante se mantém 
pela tradição.
Podemos compreender que a maneira como agimos em sociedade é um compor-
tamento determinado por nós mesmo com a consciência de que a atitude tem um sentido 
e significado. No caso da dominação, é possível entender que os sujeitos sociais estão 
propensos a sofrer influências se não conseguirem pensar e agir por si próprios.
35UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 35UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
4. KARL MARX E O DESENVOLVIMENTO DE UMA SOCIOLOGIA CRÍTICA
Para Karl Marx, o grande desafio de pensar a sociedade é fazer do uso da razão 
não apenas como um instrumento de compreensão da realidade, mas como uma ferramen-
ta capaz de possibilitar uma mudança social, que faça com que cada um de nós sejamos 
“cutucados”/provocados por uma realidade existente e impulsionados a transformá-la.
Bem, baseado na observação e compreensão da sua própria sociedade, também 
mediante aos saberes já desenvolvidos nas áreas filosófica, política e científica é que Karl 
Marx desenvolve seu pensamento.
Inspirado pela filosofia Hegeliana, Karl Marx absorveu de forma diferente a percep-
ção histórica, deste modo, não a via como um movimento linear capaz de evidenciar uma 
evolução na sociedade e nem como resultado de uma ação oferecida de grandes homens 
e suas motivações individuais.
Já que Hegel entendia a história como um processo constituído por inúmeros fa-
tores, tais como: economia, religião, política e que suas dinâmicas históricas poderiam ser 
entendidas por posição de forças antagônicas – tese e antítese. Marx buscou nessa teoria 
também entender a sociedade.
Mas, afinal, o que seriam essas forças antagônicas, tese e antítese? Para He-
gel, isso significava que tudo deveria ser analisado por dois lados, a ideia do quente, por 
exemplo, só existe por termos o seu contraponto que é o frio, certo? Assim, também ao 
compreender a história, a guerra está em contraponto à paz, como a noção de belo em 
relação ao que se vê como feio.
36UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 36UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Enfim, será nessa contraposição que Karl Marx utilizará o método Dialético de He-
gel, para, deste modo, pensar a sociedade capitalista emergente na Alemanha do século 
XVIII e XIX.
Ao utilizar o método dialético, Marx notou que os agentes sociais, embora cons-
cientes de suas ações, não poderiam ser os únicos responsáveis pela dinâmica dos 
acontecimentos sociais. Para ele, existem outras forças que se opõem a simples ação ou 
motivação individual.
Na teoria marxista, o homem é um ser transitório, que se supera o tempo todo e que 
está inserido em um meio que é dinâmico e mutável.
Dessa forma, o homem precisa compreender seu meio e ser responsável por ele. 
Nesse momento, Marx se distancia de Hegel, visto que, para ele, não bastava apenas 
entender a oposição, a dialética existente na história, era necessário também que o homem 
fosse capaz de agir sobre ela, transformando-a (QUINTANEIRO, 2009).
Para Marx, é fundamental capacitar o homem para o desenvolvimento de sua cons-
ciência crítica. Ao se tornar consciente de suas ações e também do meio em que vive, ele 
seria capaz de sair da alienação. Mas o que seria alienação?
Bom, ao separarmos a palavra em Alien e Ação, temos a definição “fora da ação”, 
ou seja, alienado seria aquele agente social que, ao desenvolver o seu trabalho, acaba 
não usufruindo do produto que ele mesmo realiza, ou seja, podemos entender como o 
homem ou a mulher que produzem um automóvel, porém, ao terminar o seu expediente, 
vão para casa a pé, de ônibus ou bicicleta. Dessa forma, embora façam vários veículos, 
carros por dia, eles não conseguem utilizar para si mesmos nenhum daqueles automóveis 
que montaram (QUINTANEIRO, 2009).
Segundo Marx, não conseguir fazer o uso daquilo que produzimos é uma forma de 
estar alienado de todo o processo produtivo e perceber que apenas algumas pessoas irão 
conseguir usar o que foi feito.
Essa realidade permite que possamos pensar de que maneira o que fazemos em 
nossos empregos cotidianamente faz ou não parte da nossa realidade e comoaquilo que 
desenvolvemos está presente e sendo usufruído por nós.
Karl Marx compreendeu que o método dialético apenas seria o start da sua teoria. 
Ele acreditava que compreender a história era entender o ponto de partida para tudo que 
acontecia na sociedade. Essa história não deveria ser entendida, como desejava Hegel, 
apenas como uma interpretação da realidade atual e das anteriores, mas sim como a pos-
sibilidade de refletir a existência humana e seus desafios.
37UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 37UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
A esse método de investigação da vida social, Karl Marx deu o nome de Materialis-
mo Histórico que se caracteriza pelo movimento do pensamento por meio da materialidade 
histórica da vida dos homens em sociedade, isto é, trata-se de descobrir (pelo movimento 
do pensamento) as leis fundamentais que definem a forma organizativa dos homens duran-
te a história (COSTA, 2005).
Segundo esse método, as relações materiais que os homens estabelecem determi-
nam a maneira como eles conduzem a sua vida, ou seja, aquilo que eles são condiz com a 
sua condição material de produção.
Assim, para Karl Marx é possível compreender uma sociedade a partir da reflexão, 
da forma como os homens se organizavam para a produção social de bens posto em dois 
fatores essenciais: as forças produtivas e as relações de produção.
Embora interdependentes, podemos entender esses dois fatores de maneiras 
separadas. Dessa forma, as forças produtivas podem ser compreendidas como as condi-
ções materiais de toda a produção, na qual se coloca o homem como principal elo entre a 
natureza e a técnica/instrumento de sua transformação. 
Este modelo será o desenvolvimento das forças produtivas que irão determinar o 
uso de determinadas matérias-primas e tecnologias, unindo a natureza e a produção. Já as 
relações de produção se dão por meio de como o homem opera a máquina e transforma 
essas matérias-primas, em geral, ela se realiza por meio dos trabalhadores braçais (QUIN-
TANEIRO, 2009).
Assim, ocorre a divisão social do trabalho, a separação entre, por exemplo, o traba-
lho intelectual e o braçal, essa divisão não permanece apenas dentro das fábricas, mas se 
espalha por toda sociedade.
Enfim, Marx acredita que identificar com as forças produtivas e as relações de 
produção postas em cada sociedade tende a revelar a própria maneira como as classes 
sociais se dividem e todos os aspectos de uma determinada sociedade. Para ele, esses 
fatores determinam como o homem se vê e se movimenta em sociedade.
Para esse pensador, a exploração se acentua mais no capitalismo. Os homens foram 
transformados em mercadorias, possuindo um valor de uso e um valor de troca. Você já parou 
para pensar que trabalha em função de um salário? Ele é justo com a sua mão de obra?
Todas as vezes que você vai trabalhar, você está vendendo a execução do serviço/
produto, contudo, este será trocado por um determinado valor. Os professores, muitas vezes, 
são questionados: “vocês só ‘dão’ aula ou trabalham?”. Você já ouviu essa expressão? Pois 
bem, o que fazemos é vender conhecimento, assim, então, não “damos” aulas, mas vende-
mos nossa força de trabalho que se traduz em nossos anos de estudos e aprendizados.
38UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 38UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Tendo esse tipo de compreensão, Marx acreditava que se fôssemos capazes de 
compreender o quanto custava nosso trabalho, a partir daí, nos tornamos críticos em rela-
ção à exploração advinda do capitalismo e adquirimos consciência para lutar pelos nossos 
direitos, provocando uma revolução (QUINTANEIRO, 2009).
No caso da sociedade capitalista, a consciência de classe gera a formação de as-
sociações políticas, sindicatos, partidos, associações de bairro entre outros grupos. Todos 
partilham de um mesmo objetivo, fazer com que a união de uma classe oprimida possa 
defender seus interesses e combater seus opressores.
Pensando nessa possibilidade de uma união entre os proletários contra o domínio 
e a exploração da burguesia, Marx e Engels resolveram escrever um Manifesto que, a 
princípio, tinha como objetivo apenas apresentar um programa teórico e prático para que 
todos pudessem conhecer a Liga dos Comunistas.
Entretanto, em meados de 1850, o Manifesto já tinha inúmeras versões traduzidas 
e espalhadas pelo mundo inteiro. Assim, nasceu um pequeno livreto intitulado: “Manifesto 
Comunista do Partido Comunista”.
Riquíssimo em suas páginas, o Manifesto do Partido Comunista (2008) cumpre a 
proposta de ser uma leitura rápida e de fácil entendimento, além de salientar que a realidade 
operária e burguesa descrita ali estava inserida em um contexto histórico social específico.
Lido até hoje, esse manifesto desperta muita curiosidade, assim como uma grande 
admiração dos leitores. Embora seja datado de 1847, ainda hoje é apresentado sem modi-
ficações, como propuseram seus autores.
A ideia central do livro, compartilhado ainda atualmente, é o poder de mudança. 
Isso aconteceria a partir do momento em que os operários entendessem sua força median-
te a exploração do capitalista. Portanto, seria o poder do operariado que possibilitaria uma 
mudança radical na sociedade capitalista.
Entretanto, Marx e Engels (2008) salientaram que essa tomada de poder deveria 
se realizar de forma muito consciente e concisa, para que, ao chegar ao poder, a classe 
proletária soubesse exatamente o que era necessário fazer para tamanha mudança.
Dessa forma, a revolução deveria modificar todos os aspectos que formam a 
sociedade como política, economia, cultura e história. Para isso, o autor refletiu sobre a 
existência de uma sociedade de cunho comunista.
O comunismo pretendia submeter os homens a um poder criado pela associação 
dos indivíduos em que o trabalho desenvolvido era interessante para toda sociedade. Assim, 
seria possível extinguir a contradição existente entre o indivíduo privado e o ser coletivo.
39UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 39UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
Como defendia Marx, a sociedade comunista seria a “reconstrução consciente 
da sociedade humana”. Para que essa reconstrução pudesse, de fato, acontecer, Marx e 
Engels viram na união do proletariado toda grande revolução da humanidade (QUINTANEI-
RO, 2009). Neste sentido, o Manifesto do Partido Comunista termina com a seguinte frase: 
“Proletariado do Mundo todo, Uni-vos” (MARX; ENGELS, 2008, p. 66).
Desta maneira, quando você ouvir a palavra comunismo, não tenha medo! Nos 
termos marxistas, essa forma de organização política e social nunca existiu em sua inte-
gralidade, pois os governos que se taxaram como comunista, na verdade, nunca deram a 
liberdade total à população, mas sim tornaram-se pequenas ditaduras.
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https://revistacafecomsociologia.com/revista/index.php/revista/issue/view/28
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40UNIDADE I Sociologia como Ciência e Augusto Comte 40UNIDADE II Teoria Clássica da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx
REFLITA 
“A fome é a fome, mas a fome que se satisfaz com carne cozinhada,

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