Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
/ DESCRIÇÃO Composição histórica, teorias, conceitos, características e os significados da recreação e do lúdico. PROPÓSITO Incorporar a base histórica e as características da recreação e do lúdico como área de conhecimento no contexto sociocultural para o âmbito escolar, institucional e comunitário contribui para a formação acadêmica e atuação profissional. O reconhecimento dessas expressões do valor da cultura popular propicia a crítica e a reflexão sobre essas práticas para a formação da sociedade. / PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, consulte a página do Dicionário Criativo como suporte para compreender termos específicos da área. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar o processo histórico da recreação e do lúdico nas sociedades MÓDULO 2 Reconhecer a origem, objetivos e características didático-pedagógicas da recreação e do lúdico INTRODUÇÃO A partir de agora, vamos estudar o desenvolvimento histórico da recreação em diferentes fases de desenvolvimento das sociedades, suas principais características, conceitos e formas. Também apresentaremos estudos desenvolvidos que envolvem o lúdico. Além disso, destacaremos propostas relacionadas às instruções didático-pedagógicas para o desenvolvimento das atividades recreativas em todas as faixas etárias, fazendo a junção entre teoria e prática. / MÓDULO 1 Identificar o processo histórico da recreação e do lúdico nas sociedades Fonte: Seahorse Vector / Shutterstock.com REVELANDO A HISTÓRIA: NA PRÉ-HISTÓRIA A partir de agora, vamos estudar a base histórica que envolve as atividades recreativas e a ludicidade, buscando a conexão entre teoria e prática no decorrer do processo evolutivo. ATENÇÃO De acordo com Guerra (1996) e Brasil (1997), a recreação e o lúdico têm a sua gênese no período pré-histórico, desde o surgimento do homem na Terra, quando houve o início do desenvolvimento da escrita e dos relatos dos momentos de diversão no dia a dia com símbolos, pinturas e desenhos nas cavernas. Nós sempre brincamos? Sim! Especialmente na relação do homem nos seus primeiros tempos, quando festejava o início da temporada para a caça, um novo sucesso ou uma nova moradia, que, naquela época, / era restrita às cavernas. O brincar era uma situação de cunho comum, com a cooperação participativa das crianças, na busca dos alimentos para a manutenção familiar. Neste sentido, as brincadeiras eram os momentos em que havia o convívio e a possibilidade de experimentar a sensação de brincar, o contentamento e o desejo nas atividades, como cantar e dançar em volta das fogueiras. Essa descrição também se assemelha às atividades dos índios brasileiros. Então, durante as várias celebrações realizadas, inclusive aquelas com características fúnebres, vários deuses eram celebrados com muita felicidade. Quando aconteciam, as conquistas e as derrotas também estavam inseridas nessas invocações. Dessa forma, o resultado que se revelava nas ações estava evidente entre eles. Fonte: Seahorse Vector / Shutterstock.com / Fonte: Seahorse Vector / Shutterstock.com Portanto, nesse ponto de vista, as ações e movimentos, como os jogos coletivos, com características religiosas para os adultos, podem ser considerados uma forma de passar de geração para geração as brincadeiras que as crianças vão utilizar no decorrer dos tempos. Assim, crianças iniciadas no contexto de brincadeiras e pela necessidade de uma interação social, sentem a imposição natural de se aproximar de diferentes indivíduos. Dessa forma, são criados momentos de socialização como uma atribuição do movimento recreativo, com a necessidade de inserção dos adultos nesses momentos. Huizinga (1971) estabelece que durante os vários períodos históricos, em especial nas coletividades, desde o primeiro tempo ancestral, era preciso criar situações que abordavam as principais carências para a sobrevivência. Por isso, havia as atividades de caçar e matar a presa, mas em muitos momentos, as atividades mais comuns realizadas pelos homens daquela época eram caracterizadas com configuração recreativa e lúdica. NA ANTIGUIDADE Nesse contexto histórico, surgiram várias civilizações, como a egípcia, grega e romana. / Fonte: AlexAnton / Shutterstock.com Egito Os egípcios foram importantes ao contribuir para a humanidade nos aspectos da anatomia, quando realizavam os processos de mumificação, o que ajudou os estudos sobre a prática da medicina. Além disso, incentivavam a natação e as lutas como forma de competição. Eles também tinham como preferência educativa jogar damas e xadrez. Outro fator que deve ser destacado é a forma como se expressavam no dia a dia com vários tipos de escrita, como as demóticas (popular), hieróglifo (ilegível) e hieráticas (sagradas). / Fonte: Denis Ulyanov / Shutterstock.com Grécia Com a divisão social entre escravos e aristocratas, os gregos deixaram para a humanidade várias manifestações lúdicas e recreativas, entre elas o interesse pelo esporte, a música, a dança e a ginástica, que era utilizada como meio de formação para os jovens e, principalmente, para os jogos olímpicos. Muitos filósofos gregos já utilizavam o brincar e as formas de jogar para transmitir seus ensinamentos, pois percebiam que o lúdico era essencial para as crianças. / Fonte: danilosaltarelli / Shutterstock.com. Roma Medeiros (1975) descreve que muitas das exposições que ocorriam na Roma antiga também são consideradas atividades recreativas. As movimentações circenses, em que os cristãos eram lançados nas arenas para que os leões pudessem devorá-los, e a luta dos populares combatentes, denominados pela história como gladiadores, foram, em muitos momentos, estudados no sentido da conformação que lembra as atividades de diversão, recreativas e de entretenimento. Os romanos também tinham o hábito praticar atividades com bola. Para os romanos, os jogos caracterizavam-se como instrumento para as ligações sociais, pois o jogo e o brinquedo tinham conotações educacionais e lúdicas. NA IDADE MÉDIA Na Idade Média houve uma predominância do feudalismo, caracterizado pelas relações entre o servo e o senhor. Nesse período, a igreja católica passou a ter grande influência sobre o governo, assim como sobre as manifestações da expressão, como a cultura e a própria arte. As / brincadeiras perderam o valor cultural e passaram a ser apenas retratadas nas atividades dos adultos que se expressavam habitualmente, com o brincar lúdico com espadas. Fonte: Nejron Photo / Shutterstock.com RENASCIMENTO E MODERNIDADE Seguindo na linha do tempo, na época do Renascimento, Guerra (1996) cita que, em 1774, na Alemanha, encontramos um dado histórico interessante, que está relacionado ao movimento da recreação propriamente dita, de maneira sistematizada: a criação do Philantropinum (Instituição educacional com direção de filantropia) devido à determinação, ao arrojo e ao empreendimento do ex-professor de colégios dinamarqueses frequentados por nobres, conhecido como professor Johann Bernhard Basedow. Qual era a metodologia de ensino na Philantropinum? Ao criar o Philantropinum. J. B. Basedow estipulou através da metodologia de ensino que as atividades e os conhecimentos intelectuais tinham o mesmo grau de importância que as atividades físicas, ou seja, estavam sempre lado a lado. Nesse contexto, foram desenvolvidos diversos jogos que mesclavam cognição e ação física. / Neste contexto, os jogos tinham importância nos primeiros anos de escolarização, e as atividades físicas e mentais nos períodos de escolarização maiores. Então, temos a inspiração desse estabelecimento que tinha uma ação regulada e sistematizada, pois compreendia o estudo com o desenvolvimento de várias horas diárias, inclusive com o ensino das artes. Conjuntamente, eram realizadas atividades recreativas que poderiam ser praticadas de várias formas, tais como: PESCARIA HIPISMO ESPORTES DE COMBATE ARTE ATRAVÉS DOS MOVIMENTOS PASSEIOS EM GRUPO Alémdisso, havia um período maior para o estudo de assuntos e temas conceituais e investigativos. O professor Simon, colaborador de J. B. Basedow, é considerado o primeiro a incorporar exercícios e tarefas motoras, com preocupação no sentido do desenvolvimento e da maturação e de acordo com os intervalos de idade e o nível de desenvolvimento dos seus alunos. Nesse sentido, com o decorrer do tempo, surgem várias escolas que passam a utilizar o / método e concepção Basedowiana, que foi expandida através das praças com seus brinquedos infantis e era divulgada em toda a Europa e em outros continentes. Assim são introduzidas atividades com divertimento ou recreativas de forma coordenada, com o objetivo de melhorar a preparação física e mental para as classes escolares maiores (GUERRA, 1996). Assim, no período do Renascimento, havia uma necessidade pelo lúdico, pois o jogar era considerado como um desprendido modo de se comportar, que ajudava o desenvolvimento cognitivo e contribuía para os estudos de crianças e adolescentes. Fonte: Lyudmyla Kharlamova / Shutterstock.com NA IDADE CONTEMPORÂNEA Nesse período da história, encontramos a revolução industrial, em que o desenvolvimento econômico e as transformações sociais são marcantes, como o movimento das famílias da zona rural para as novas cidades. Entretanto, para aumentar a renda da família, as crianças eram obrigadas a trabalhar. Mesmo assim, elas utilizavam o “faz de conta” como forma lúdica vivenciando a sua realidade. Identicamente, revelamos a participação do alemão Friedrich Froebel (1782 – 1852) que, nas instituições criadas e denominadas na época como jardim de infância, crianças menores de oito anos jogavam e brincavam em vários espaços, especialmente na areia. Além disso, Froebel defendia que: ATIVIDADES DE CARÁTER LÚDICO / Quando, dentro das atividades principais, a brincadeira estava presente. Por exemplo: atividades através de melodias e cânticos, dança e rimas. ATIVIDADES FÍSICAS Onde eram priorizadas a marcha e a ginástica. Similarmente, para inúmeros autores, Froebel foi conhecido como o introdutor de métodos e sistemas para conduzir a evolução da aprendizagem, da paz e do contentamento. Em 1885, nos Estados Unidos, na cidade de Boston, teve como partida o movimento em que surgem os quintais ou parques (denominados com o sentido de jardim) que eram cobertos de terra ou areia. Assim, as crianças passaram a ter um espaço de recreação. Entretanto, com o decorrer dos anos, tais espaços tornaram-se acanhados, pois crianças mais velhas dividiam o espaço. Portanto, ao verificar esse fato, são criados, nos prédios escolares, os playgrounds, que mais tarde são denominados de pátios de recreação. Fonte: TAW4 / Shutterstock.com / O SURGIMENTO DOS PLAYGROUNDS Ainda nos Estados Unidos, na cidade de Chicago (1892), surgiu uma área de jogos, aparelhos para ginástica e espaços com caixa de areia que a população tinha como referência para as atividades recreativas. Esse evento foi denominado de 1º Hull House. Guerra (1996) e Ribeiro (2012) destacam que, no início dos anos 1900, ainda nos EUA, temos a concepção do sentido de playgrounds, como locais específicos para públicos com idades diferentes. Assim, os playgrounds tinham como característica a existência de espaços na proporcionalidade dos instrumentos e aparelhos com o intuito da evolução do brincar e do jogar. VOCÊ SABIA Os playgrounds foram centralizados, no primeiro momento, aos grupamentos escolares. Devido à procura pelas pessoas, também foram inseridos nas praças e espaços públicos. Assim, surge de forma definitiva a perspectiva da recreação e, como consequência, o lúdico. Então, a expressão playground foi alterada para “recreação”, com o sentido da sua amplitude de maneira a incorporar as atividades relacionadas ao brincar para crianças e adultos, com propostas adequadas para cada faixa etária. Após essa mudança, encontramos a expansão do interesse na “recreação”. Dessa forma, são criados os centros recreativos que tinham como característica o funcionamento durante o ano todo. / Fonte: Breadmaker / Shutterstock.com Fonte: Olesia Bilkei / Shutterstock.com Nos centros recreativos existiam caixas de areia, escorregas, balanços, gangorra, quadras e ginásios, além de vestiários para ambos os sexos. Esses centros eram casas campeiras com / características rurais que também possuíam várias salas, como sala de reuniões, teatro, biblioteca e refeitórios. Diante dessa evolução, tornou-se necessária a preocupação com o funcionamento de conformação cabível e apropriada nas atividades com orientação específica. A orientação era realizada pelos líderes, que eram treinados para exercerem as suas tarefas. Por consequência, no ano de 1906, foi idealizado um órgão para regulamentar as ações em recreação, denominado de Playground Association Of America. Na atualidade, essa entidade é conhecida mundialmente como National Recreation Association. Os fatos relacionados anteriormente vêm corroborar com estudos de Dumazedier (1979) quando afirma que a idealização, planos e elaborações das ações recreativas tiveram como berço os norte-americanos, onde, de certa forma, foram criados movimentos de incentivo desde os primeiros momentos do século XIX. Ainda neste período, houve um grande movimento de migração para as grandes cidades. Este processo culminou no abandono de imensos terrenos que, posteriormente, foram transformados em parques nacionais para que estes ambientes não fossem extintos. Atividades com características de interesse e prazer realizadas nestes parques estão relacionadas à origem do conceito de recreação. Já no século XX, vemos que a recreação está incluída no exercício da ludicidade e do lúdico para a educação e a cultura, sendo estes um direito intransferível do recreante infantil. ATENÇÃO Para entendermos a sua relevância, em 1959, a Organização das Nações Unidas (ONU) promulgou esses termos na Declaração Universal dos Direitos da Criança. Além disso, a Constituição Federal Brasileira de 1988 também demonstrou sua preocupação com a criança e o brincar. Esses marcos estabelecem a noção e a importância do direito ao tempo livre para que as crianças possam usufruir das atividades recreativas. / Fonte: Denis Cristo / Shutterstock.com O LÚDICO E A RECREAÇÃO EM TERRAS BRASILEIRAS No Brasil, as mais variadas formas de brincar foram criadas por crianças negras, indígenas e portuguesas em função da mestiçagem do povo brasileiro. Ao serem inseridas na rotina das crianças, ficam sob domínio popular. Entre essas brincadeiras estão a mula sem cabeça, bicho papão, rodar o pião, amarelinha, entre outras. ATENÇÃO Os jesuítas, no período do descobrimento do Brasil, já utilizavam o lúdico como instrumento para o processo de ensino-aprendizagem. Quando são relatadas, as especificidades culturais de cada país, estado, município ou região devem ser interpretadas no contexto do desenvolvimento evolutivo da humanidade. Dessa forma, as situações que envolvem o brinquedo, as formas de jogar, as atividades lúdicas cantadas, a arte e as danças estão ligadas à progressão dos espaços necessários para a utilização da ludicidade para que as pessoas possam desfrutar das ações que distraem e entretém. Sendo assim, quebram-se fronteiras para que sejam utilizados conteúdos desprendidos que geram prazer, unido ao universo do entretimento em sua essência. / Fonte: desdemona72 / Shutterstock.com Então, interagindo na base conceitual com respeito ao mundo recreativo, e a prática do ludismo estabelecida na cultura e na educação, chegamos ao Brasil. Na sequência, veja marcos que auxiliaram na construção do recreativo e do lúdico na cultura e educação brasileira: LEGALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS DE GINÁSTICA Desde a inauguração da Escola Normal em 1835 até a legalização das práticas de ginástica obrigatórias na escola em 1892, atividades eugênicas e higiênicas foram, de certa forma, incluídas e adotadasnas ações brincadas, jogadas, formativas que tinham o cunho disciplinar e autoritário, tão comum naquele período (PINTO et al., 1999). SURGIMENTO DAS PRAÇAS PÚBLICAS No Rio Grande do Sul, no ano de 1927, visualiza-se o surgimento das praças públicas, através da iniciativa do professor Frederico G. Gaelzer. Mesmo de maneira elementar, foram criadas várias aparelhagens. Entre elas, visualizavam-se nas árvores pneus velhos que foram amarrados com a finalidade de que crianças tivessem um meio de divertimento prazeroso. Segundo fontes históricas, esse evento inicial teve o nome de “Ato de Bronze”. javascript:void(0) javascript:void(0) / Ainda nesse sentido, observa-se que as atividades nas praças para as ações brincadas têm o seu marco em 1929. Como não existiam professores de educação física ou especialistas em recreação, as intervenções brincadas eram preparadas e conduzidas pelos orientadores amadores e sem formação. Nesse sentido, coube ao professor Frederico G. Gaelzer ser o primeiro chefe dos Centros Comunitários Municipais. Além dessa nova situação, também foram criados praças e parques de diversão e, nessa época, ele foi considerado o vanguardista da Recreação Pública no Brasil, principalmente para a população rio-grandense do sul. ESCOLA NOVA Durante a era da década de 1920, temos o aparecimento do período denominado de Escola Nova, no qual encontramos a utilização dos jogos didáticos de forma pedagógica. Como deveria ter uma tendência bem democrática, eram realizadas atividades recreativas com enriquecimento dos meios de expressão, em que os jogos e brincadeiras estariam ligados às ações atitudinais, como assumir as responsabilidades, ter iniciativa própria, socializar-se e ter coragem. (SCHMIDT, 1964; BETTI, 1991) CRIAÇÃO DOS PARQUES INFANTIS Quando chegamos às terras paulistas, precisamente nos anos de 1930, temos a constituição do Departamento de Cultura e Recreação, em 1935. Vieira (2004) destaca que, nesse ano, foram criados os parques infantis, sendo que os primeiros ficaram localizados estrategicamente nos bairros operários e industriais, como Lapa e Ipiranga. Dessa maneira, Vieira (2004), ao citar (DECCA, 1987), analisa que os objetivos propostos pelos parques infantis estavam associados à instrução cognitiva das crianças com o auxílio das ações e momentos recreativos de forma estruturada e coordenada. Esses ambientes foram criados para atender às necessidades dos operários que não tinham lugar para deixar seus filhos. Assim, optavam pelos chamados parques ou espaços infantis para as crianças. Mesmo sendo prédios pequenos, possuíam campo, aparelhos específicos de ginástica, piscina, pátio para refeições e ambiente para as atividades didáticas. Quanto ao modelo didático- pedagógico utilizado pelos seus idealizadores, tinham como fonte norteadora assistir, educar e recrear. Dessa forma, esses parques para atividades infantis operavam regularmente seis dias por semana, começando suas atividades às 7h30 e tinham término às 18h, de segunda-feira a sábado. / Prestando o atendimento às crianças, estavam os guias ou orientadores amadores, além dos profissionais de Educação Física que proporcionavam, com as suas práticas, os pequenos torneios e jogos infantis como instrumento educacional e com o viés da fraternidade e do companheirismo (VIEIRA, 2004). Nesta mesma época, Werneck (2000) registra a importância do professor Nicanor Miranda, em São Paulo, ao conduzir o Clube de Menores Operários. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB) No ano de 1961, foi criada aquela que, para muitos, foi denominada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional (LDB). Na lei nº 4024, encontramos na escola primária as práticas de educação física, ministradas pelas docentes regentes de classes e que tinham como objetivo as atividades recreativas e lúdicas de caráter individual e coletivo. As atividades ocorriam através de deslocamentos com mobilidades inerentes aos alunos/crianças. Nesse contexto, surgiu a necessidade de desenvolver os conhecimentos relativos à recreação e ao lazer junto às docentes do curso primário do município do Rio de Janeiro (antigo estado da Guanabara). Assim, na década de 1960, foi criado um curso de preparação de pessoal para atividades recreativas em escolas primárias. PROJETO RECOM Na década de 1970, precisamente em 1972, no estado do Rio Grande do Sul (Porto Alegre), foi elaborado um plano de ação que consistia de propostas e iniciativas brincadoras batizado de RECOM, estabelecido por meio da dimensão e caracterização de Recreação, Educação e Comunicação. O projeto, em conformidade com os órgãos públicos da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Porto Alegre, viabilizou as ações para que fossem realizadas atividades, movimentos físicos e recreativos com o intuito de integrar as pessoas com a sua comunidade nas horas de lazer. A estrutura física criada para o RECOM era uma tenda parecida com uma casa de espetáculos e um carrossel de apoio ao conhecimento, com características e apresentações externas que tinham o objetivo de proporcionar atividades ao ar livre, como shows e os divertimentos culturais. / UM BREVE HISTÓRICO DA RECREAÇÃO A seguir, nos aprofundaremos nesse tema com um vídeo sobre as diversas fases evolutivas da recreação. EUGÊNICAS / Atividades que buscavam selecionar os mais aptos fisicamente. HIGIÊNICAS Atividades voltadas para a manutenção da saúde pública e ensino de hábitos saudáveis. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A PALAVRA “RECREAÇÃO”, POR VEZES É IDENTIFICADA COMO SINÔNIMO DE LAZER, BRINCADEIRA E JOGO. NESSE SENTIDO, DE ACORDO COM SUA LINHA DO TEMPO, A RECREAÇÃO TEVE SUA ORIGEM QUANDO O HOMEM SE DIVERTIA FESTEJANDO O INÍCIO DA TEMPORADA DE CAÇA OU UMA NOVA HABITAÇÃO. PARTINDO DESTA PREMISSA, PODEMOS AFIRMAR QUE A RECREAÇÃO SURGIU: A) No século XIX. B) Na Idade Média. C) Em Roma, nas manifestações circenses. D) Na pré-história. E) Na Grécia antiga. 2. EM RELAÇÃO À BASE HISTÓRICA QUE ENVOLVE A RECREAÇÃO, VISUALIZA-SE QUE SUA CONTEXTUALIZAÇÃO SE DEU POR UMA / NECESSIDADE DO HOMEM, E QUE VÁRIOS MOMENTOS FORAM IMPORTANTES PARA SUA CONSTRUÇÃO. SENDO ASSIM, ENTENDEMOS QUE A RECREAÇÃO SEMPRE EXISTIU E MANIFESTOU-SE DE FORMA DIFERENCIADA EM DIVERSOS PERÍODOS HISTÓRICOS. NO ENTANTO, COM A EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE, A RECREAÇÃO TORNOU-SE UMA AÇÃO SISTEMATIZADA, QUE TEVE INÍCIO: A) Nos Estados Unidos da América com os prédios escolares, os playgrounds. B) Com os gregos, que deixaram para a humanidade várias manifestações lúdicas e recreativas. C) Através de Friedrich Froebel (1782-1852), pelos estabelecimentos criados e denominados na época como jardim de infância. D) Por Johann Bernhard Basedow ao criar o Philantropinum (Instituição educacional com direção de filantropia). E) No Brasil, devido à introdução das praças e parque públicos. GABARITO 1. A palavra “recreação”, por vezes é identificada como sinônimo de lazer, brincadeira e jogo. Nesse sentido, de acordo com sua linha do tempo, a recreação teve sua origem quando o homem se divertia festejando o início da temporada de caça ou uma nova habitação. Partindo desta premissa, podemos afirmar que a recreação surgiu: A alternativa "D " está correta. Como forma de comemorar, as conquistas eram traduzidas através das brincadeiras, das danças em volta da fogueira. A celebração das vitórias tinha relação com o interesse e prazer das atividades praticadas naquele período da história. 2. Em relação à base histórica que envolve a recreação, visualiza-se que sua contextualização se deu por uma necessidade do homem, e que vários momentos foram importantes para sua construção. Sendo assim, entendemos que a recreação sempre existiu e manifestou-se de forma diferenciada em diversos períodos históricos. No entanto, / com a evolução da humanidade, a recreação tornou-se uma ação sistematizada, que teve início: A alternativa "D " está correta. A sistematização surgiu através de Johann BernhardBasedow, ex-professor das escolas nobres da Dinamarca ao criar o Philantropinum (Instituição educacional com direção de filantropia). Nessa metodologia de ensino, as atividades e os conhecimentos intelectuais tinham o mesmo grau de importância que as atividades físicas, ou seja, estavam sempre lado a lado. MÓDULO 2 Reconhecer a origem, objetivos e características didático-pedagógicas da recreação e do lúdico ORIGEM DA PALAVRA RECREAÇÃO Existem muitos estudos sobre a recreação, onde muitas vezes, ela é descrita como sinônimo de lazer, brincadeira e jogo. No entanto, estudos recentes denotam uma significação específica, criando espaços para a sapiência em diversas áreas, podendo especificar e diferenciar a área através das condutas, atitudes, com visão instrutiva e educacional e estabelecendo a base científica e artística. Dessa forma, vários autores, como Marinho et al (1957), Dumazedier (1979), Marcellino (1987), Guerra (1996), Brêtas (1997), Cavallari e Zacharias (2004), têm procurado cientificamente uma base etimológica de recreação. É consenso que a palavra recreação se origina do latim recreativo, que traduz a ideia de recreio e divertimento, e vai de encontro a derivação do vocábulo recreare, com sentido claro para o entendimento de reproduzir/restabelecer e recuperar (adaptado de MARINHO et al, 1957). / Em outro momento, observamos que a palavra recreação pode também ser entendida como estabelecer um estado anterior, vocábulo renovaire, quando recorremos a novas habilidades para as atividades (RIBEIRO, 2012). Portanto, por tudo que foi citado pelos autores anteriores, entendemos que a recreação, além de dar prazer e divertir, estando junto à ação das pessoas com o mundo, tem como significado brincar, recrear, recriar, reproduzir, recuperar, diversão, renovar, passar o tempo, restabelecer, distrair, criar de novo, dar novo vigor. Então: Fonte: dmontessi / Shutterstock.com RE Retomar, reprisar e bisar. CRIAR Fabricar, constituir e compor. / AÇÃO Mobilidade, dinâmica, energia, práticas. RECRIAR Restabelecer e reinventar o feitio e a condição de algo. RECREAR Empregar e aplicar o feitio e a condição de algo. Fonte: suerz / Shutterstock.com FUNDAMENTAÇÃO CONCEITUAL Com o intuito de pesquisar, detectar e verificar as ações recreativas, temos em nossas buscas duas causas: interesse e prazer. Veja um comparativo entre esses dois: Interesse / Quando pensamos sobre o interesse nas práticas recreativas, devemos levar em consideração a relação entre o indício e a carência, a falta do ambiente psicológico e fisiológico. Prazer O prazer está relacionado aos momentos de resultado e consequência, quando realizamos as atividades sonhadas e aspiradas, com a intenção do seu complemento, tendo avanço no aprimoramento pessoal. Dumazedier (1979) acredita que a recreação no sentido do divertimento tem relações com as funções do lazer, entre elas relaxamento, a folga e o próprio desenvolvimento. Quanto aos conceitos, podemos indicar vários que se alinham no seu processo de contextualização. Contudo, de maneira emancipada, temos a proporção textual das ações recreativas, que se relacionam ao se ligar aos processos em atuações do realizar, com a sua vontade própria. Assim, são determinantes para tal as formas de jogar, as atividades de brincar e os momentos dos brinquedos por meio das inúmeras exigências educacionais, que influenciam na necessidade e na espontaneidade da atividade. Veja o conceito de recreação abordados por óticas distintas: Para Barbante (2011), pode ser explicado como uma atividade de natureza distinta, que vai proporcionar aos seus praticantes prazer, divertimento, entretenimento etc. Dependendo da sua forma de execução, pode ser uma atividade física ou mental que os indivíduos executam com espontaneidade para satisfazer necessidades psíquicas, físicas ou sociais. Por outro lado, Cavallari e Zacharias (2004) manifestam nas dinâmicas recreacionais através do instante ou da própria circunstância que a pessoa decide com naturalidade como vai satisfazer seus ânimos, vontades e anseios relacionados ao próprio lazer. / Quando pensamos em relação aos atos recreacionais, entendemos uma possibilidade da ação, de lazer e, de forma negativa, a percepção de ser concebida unicamente como uma atividade sem ser postada concomitante de natureza criticista. Sendo por muitos estudos, valiosos instrumentos na idealização coletiva, na companhia de inúmeros conhecimentos e guiados em padrões humanos amplos (adaptado de BRÊTAS, 1997). Então, como poderíamos conceituar recreação? RESPOSTA Recreação é a compreensão de práticas variadas e múltiplas de simbolizar e exprimir de forma própria ou em grupo, no qual se aceitam de modo livre: meninas e meninos, adolescentes, adultos, bem informados culturalmente ou rudes, pessoas de diferentes condições sociais, nos campos ou nas cidades. Assim, temos espaço para explicar os momentos recreacionais por meio de uma mobilidade, exercício com característica físico-motora ou como atividade mental, a qual a pessoa é levada pelo interesse para satisfazer a sua necessidade física, intelectual, moral, emocional e social, tendo como resultado o prazer em participar de atividades de forma direta e indireta. / Fonte: Oksana Kuzmina / Shutterstock.com Portanto, denota-se que a natureza do ser humano é exclusiva para o criar. Nesse sentido, os atos recreativos surgem da ação criadora. Dessa forma, identificamos que a práxis das atividades recreativas norteiam a interação do indivíduo com o meio social e suas habilidades do consciente, ao ter as funções de recuperação e divertimento nas suas ações de companheirismo e solidariedade. Isto posto, o significado de recrear tem sentido com educar, ao ofertar as mais variadas possibilidades culturais, espirituais e estéticas das pessoas. Recrear também contraria as formas agressivas e ansiosas que são normais quando estão em seguimento de amadurecimento em crianças e adultos (GOUVÊA, 1969). Ao verificar a sua variedade, entende-se os modelos que proporcionam a interação agitada e movimentada entre meninas e meninos e adultos. Nesse sentido, às atividades recreacionistas, deve ser negado o tratamento dado como um processo de desinteresse e arbitrário, mas sim na reflexão consciente e buscando o processo educacional contemporâneo (MARCELLINO, 1987). Ainda no tocante à aprendizagem das tarefas, podemos citar alguns objetivos da recreação, tais como: / FÍSICOS OU MOTORES Abrangem a coordenação, velocidade, resistência e a força. INTELECTUAIS E COGNITIVOS Abrangem criatividade, raciocínio, observação e a atenção. INTERAÇÃO E RELAÇÕES SOCIAIS Abrangem a cooperação, integração, espírito de grupo e o relacionamento. EMOCIONAIS Abrangem a motivação, afetividade e a satisfação. MORAL E DEONTOLÓGICO Abrangem a honestidade, disciplina, respeito e a lealdade. / Fonte: suerz / Shutterstock.com CONTEXTUALIZANDO O LÚDICO Qual é a origem e o significado da palavra lúdico? Como destaca Negrine (2001), a eficiência lúdica vem desde a pré-história. A palavra “lúdico” tem origem no latim ludus, que significa brincar. Portanto, devemos incorporar o lúdico às brincadeiras, ao jogo e a ao divertimento. Então, esse conceito está relacionado ao aperfeiçoamento da natureza humana, ao seu estado de espírito e aos seus impulsos de sentimentos, que podem ser de ordem biológica, uma necessidade que envolve o corpo e a mente. Assim, ele apresenta como característica abrangente a sua espontaneidade, ser satisfatório, levando à funcionalidade (CAVALLARI e ZACHARIAS, 2004). Darido e Rangel (2005) fazem referência aos momentos quando estamos em uma ação conectada ao ato de jogar ou também no próprio movimento do brincar, controlando as formas do advir das fases de uma “ilusão”. Nesse sentido, entende-se que o vocábulo, “ilusão”, com origem no latim tem sentido de in ludereou “no lúdico”, em língua portuguesa. / [...] AOFALAR DO LÚDICO, VISUALIZAM-SE AS CONDIÇÕES DA VIVÊNCIA DE UMA FABULAÇÃO OU DE UMA FORMA SONHADORA, ALGO QUE ESTÁ LONGE DA EXISTÊNCIA E DO CONCRETO, QUE PROPORCIONA AOS BRINCANTES SATISFAÇÃO E CONTENTAMENTO. Darido; Rangel, 2005. Por que o ludismo é importante para a humanidade? Nesse sentido, o ludismo enriquece, incrementa e torna-se importante para o ser humano, motivando o cognitivo amplo e facilitando a aprendizagem evolutiva. Também proporciona vários recursos didático-pedagógicos e, quando utilizado na escola, insere contextos naturais ao processo de ensino-aprendizagem (MARINHO, 2007). ATENÇÃO Ao visualizar os parâmetros estabelecidos na contextualização do espaço lúdico, encontramos cinco particularidades básicas que norteiam todo o processo evolutivo. São eles: A descoberta em ter o prazer utilitário; tornar-se provocante; arquitetar alternativas bem criativas; dispor do espaço simbólico e manifestar a forma de se relacionar (MACEDO, 2005). Nesse contexto, Huizinga (1971) estabelece que, na relação e na intervenção aliadas ao lúdico, está a proporcionalidade em antiguidade maior do que as atividades de âmbito cultural, incluindo as sociedades arcaicas. Nesse sentido, por ser um dos principais espaços da criança, o ludismo intervém no prazer em si mesmo ao divertir. Estabelece as suas forças quando a criança se socializa, na imaginação e, principalmente, na abordagem da sua criação e, portanto, nascendo a criatividade. Com isso, o indivíduo passa a entender a forma do mundo em que está situado (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2004). / Fonte: Oksana Kuzmina / Shutterstock.com Consequentemente, entendemos que os atos com visão lúdica se tornam verdadeiros dispositivos vigorosos, especialmente quando se referem ao exercitar lúdico, surgem de forma desobrigada, despretensiosa e descontraída, ou seja, são livres de pressões. Além disso, auxiliam no equilíbrio psicológico, ajudam de forma agradável no contexto escolar, criam configurações grupais que facilitam a suavidade dos impasses e dilemas que vão aparecer aleatoriamente e, ocasionalmente, ao serem avaliadas durante as suas rotinas. Barbante (2011) estipula, quando faz referência à ação lúdica, a associação entre a brincadeira ou jogo, sendo uma capacidade, um procedimento, ligada à oportunidade, atrelada à ação do jogo e às situações brincadas. [...] DESSA FORMA, PROJETAMOS A EXERCITAÇÃO DO LUDISMO COM OS BRINCANTES INFANTIS, POIS ELE PROPORCIONA O DESENVOLVIMENTO E A AMPLIAÇÃO / DA CRIATIVIDADE, ALÉM DE ESTABELECER O CONHECIMENTO CORPORAL E A IDENTIFICAÇÃO DA COMPLEXIDADE DA EXPRESSÃO CORPORAL GRAÇAS À EVOLUÇÃO E AO APERFEIÇOAMENTO NO CONTEXTO DA AÇÃO MOTRIZ QUANDO OCORRE O EXERCÍCIO FÍSICO NA ESTABILIDADE DA SAÚDE FÍSICA E MENTAL. Rosa e Di Nisio, 2011. Nesse sentido, uma criança consegue enxergar e se descobrir na condição de entender o seu próprio corpo. Assim, a atividade lúdica está frontalmente ligada ao entreter, divertindo e dando, no contexto geral, o prazer. Fonte: sirtravelalot / Shutterstock.com Ao falar sobre as ações lúdicas, analisamos sempre inúmeras formulações e caracterizações das performances sobre o tema. Nesse sentido, corroboramos com Vargas (1990), quando ressalta que essas ações são recursos que auxiliam e melhoram o desenvolvimento intelectual das crianças, e não apenas um momento de entreter ou despender energia. Nesse contexto, as atividades lúdicas surgem com muitas competências que vão ser incluídas na sua trajetória de / vida, como a socialização e a autognose, pois envolvem os conceitos motores, intelectuais e os psicológicos quando atinge as emoções. Por consequência, autores como Cruz (1997) e Pines Junior e Silva (2013) descrevem que as atividades que dão prazer e diversão estão diretamente associadas às carências e à indispensabilidade do homem, seja criança ou adulto, e vão acompanhá-lo até a terceira idade. Assim, destacamos a possibilidade de a criança viver em sociedade sem as dificuldades impostas pelo mundo, imaginário e real, como forma de convivência, na comunicação e expressão que estabelecem as abordagens da construção do conhecimento. É necessário que todos os profissionais envolvidos com o lúdico identifiquem a importância do significado desse vocábulo e da ludicidade, pois, através da sua carência, o homem, independentemente da sua faixa etária, esquece das práticas do ludismo em vários ambientes. Nesse sentido, entende-se que a valorização dos conteúdos lúdicos facilita em muito a aprendizagem, em especial nas crianças, pois reconhecem que o aprender também é divertido. Assim, elas levarão esse ato lúdico às ações criativas, como a pintura. Esta, por exemplo, é considerada por alguns especialistas como uma ação lúdica completa, no sentido da amplificação da coordenação motora, pois sai do “faz-de-conta” para “fazendo arte”. A exercitação do lúdico mostra inúmeras facetas quando está focada no propósito de alcançar metas e objetivos na fabricação do contentamento e do deleite, na execução da variação das condutas movimentais, nas ações recreativas, nos jogos de competição, nas liturgias e nas representações teatrais. Além disso, também é possível citar as várias formas de jogar, incluindo o jogar do brincante infantil e os jogos de azar. / Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock.com ATENÇÃO Podemos dizer que o lúdico entra diretamente na própria formação do homem. Através dos impulsos lúdicos, a arte e os jogos são fatores constituintes dos caminhos do conhecimento, pois dão liberdade e satisfação prazerosa, equilibrando os impulsos e os conflitos que possam surgir, fazendo-se precisos e refinados durante o dialogar. Tais impulsos se manifestam no artesanato, na música e na dança. Nesse panorama, o procedimento lúdico lembra em muito o nascimento artístico. / Fonte: GraphicsRF.com / Shutterstock.com DIFERENTES CONTEXTOS DA RECREAÇÃO O exercitar recreacional liberta, aceita e acredita na manifestação e no pensar da pessoa ao ser caracterizada na sua criatividade, no prazer, e, principalmente, quando dispõe da livre escolha em participar. Sendo assim, a recreação proporciona aos seus praticantes aspectos psicológicos inteiramente positivos, como clima agradável, entusiasmo e alegria. Nesse sentido, o ato recreacional não deve ser posicionado somente como complementação e ocupação do momento livre do povo, mas como o caminhar motivacional para o lazer (CAVALLARI e ZACHARIAS, 2004). Assim, vários contextos envolvem o mundo da recreação. Ribeiro (2012) faz as seguintes afirmativas em relação aos objetivos da recreação: Suscitar costumes nos brincantes em consonância com a sua comunidade em torno dos momentos de lazer. Favorecer o sentido do engrandecimento afetivo, abrangendo as emoções, criando um poder de autodomínio frente às ansiedades, com alegria e contentamento. Oportunizar aos recreantes a diversão e, como consequência, o deleite quando estão à procura por incentivo das suas intervenções escolhidas como atividades inteiramente do seu próprio desígnio. Entender quando aparecem as modificações dos esforços energéticos primitivos em esforços energéticos de convergência, concedendo a convivência sem acolhimento, mesmo com toda a sua / complexidade. Produzir a relação que queremos objetivar na pessoa ou no recreante de forma plena e completa, ou seja, nos aspectos comunitários, da alma e da mente, como também nos aspectos motores e físicos. Estabelecer o valor de juízo no desenvolvimento da sua essência inicial, através da aptidão de examinar, observar e realizar. Nesse sentido, quando partimos para discorrer as finalidades e objetos que permeiam os atos recreativos em momentos da sua aplicabilidade e determinadas ações na sua execução como instrumento educacional e social, encontramos as suas quatro formas de realização e participação. Veja a seguir cada uma delas: PASSIVA Fonte: Marco Iacobucci Epp / Shutterstock.com Assume o papel de uma pessoa que assiste a um espetáculo,uma peça de teatro ou vai a um evento esportivo, como uma partida oficial de voleibol, basquetebol, handebol ou futebol. Guerra (1996) estabelece os conteúdos da recreação passiva em atividades sensoriais, que têm uma ação participativa com a atividade. Quando uma torcida assiste a um jogo no estádio de futebol ou em um ginásio, ela vibra, grita, mexe os braços, pula e salta, participando de forma emocional, e corporalmente de forma a expressar essas emoções. ATIVA / Fonte: NDAB Creativity / Shutterstock.com Ocorre quando o praticante se envolve totalmente na atividade que escolheu. Nesse caso, podemos citar a pessoa que, ao invés de assistir a uma partida de voleibol ou qualquer outro esporte, participa ativamente do evento esportivo (jogando), o que abrange o seu interesse e o prazer em executá-lo. Para Guerra (1996), os seguintes conteúdos das atividades na recreação ativa devem ser destacados: • Atividades motoras Exemplo: exercitação do jogar dos brincantes infantis e a prática desportiva de uma forma frequente e habitual. • Dinâmicas racionais e intelectivas Exemplo: jogos de tabuleiro e caça-palavras. • Prática com as artes e criativas Exemplo: pintar, desenhar, arte cênica e musical etc. • Execuções de perigo Situadas na qual o brincante se posiciona em sua própria ação de vida. LIVRE / Fonte: Nina Buday / Shutterstock.com O praticante escolhe se quer se envolver nas atividades de forma livre ou se unir a algum grupo específico (nesse caso, vamos denominar de método sem a participação ativa do recreacionista). Os meios e procedimentos indiretos estão no panorama do brincante em participar das atividades, quando recebe vários estímulos dos recreadores, com ou sem materiais à disposição, criando a sua forma de se recrear. Assim, os recreacionistas são os moderadores do processo de exercitação. Como exemplo, executar vários tipos de corridas. COORDENADA OU DIRIGIDA Fonte: DGLimages / Shutterstock.com / O método direto está associado a uma função pedagógica específica do recreador ou recreacionista quando ele dirige toda a atividade proposta no processo de ensino-aprendizagem. Nesse caso, deverão ser levadas em consideração as práticas corporais e cognitivas que abrangem as faixas etárias dos recreantes. Como exemplo, podemos citar tarefas que lembrem os jogos ou brincadeiras coletivas. Quando falamos sobre ministrar os conteúdos de recreação, estudos de Verderi (1999) estabelecem que as aulas devem ser fundamentadas em múltiplos instantes. Na exemplificação, encontramos a teoria e a dinâmica prática, abrangendo conexões no brincar, no jogar, na reflexão, no lazer e nas ações das práticas corporais, sendo inseridos na sociedade em que os direitos e deveres são específicos dos seres humanos. Nas temáticas das ações recreantes, há ações que vão do brincar ao jogo durante a sua práxis. EXEMPLO Jogos, motores, didáticos, de salão, várias formas de gincanas, os brinquedos cantados, estafetas, contestes etc. Galzer (1979) descreve que a atividade recreativa não tem uma recompensa, a não ser a sua própria execução e que ela auxilia o praticante a se desenvolver de forma criativa, estabelecendo as forças físicas no seu foro íntimo. Fonte: Lyudmyla Kharlamova / Shutterstock.com / CARACTERÍSTICAS DA RECREAÇÃO Quanto às características das atividades recreativas no contexto geral, Cavallari e Zacharias (2004) categorizaram dois importantes pontos: O aderente precisa entendê-las como um final nela mesma. O aderente não pode aguardar vantagem ou efeitos e frutos especiais. Vamos ver as outras características? Ao ser designada como livre e exercida com pureza, a atividade recreativa deve atender aos aspectos motivacionais e individuais dos praticantes, incluindo os brincantes em momentos de formação psicológica e mental de forma positiva, na condição e no cunho da força moral, quando atrelados aos momentos prazerosos. Fonte: conrado / Shutterstock.com Essas atividades devem propiciar ao praticante estímulo para criar ao máximo quando são designadas com motivação, através do estímulo dos brincantes nos diversos espaços comunitários, com conotação cultural, política e econômica. Dessa forma, entendemos que as características das atividades recreativas estão pautadas na atitude intelectiva do participante, tendo a liberdade na sua execução e espontaneidade na relação com a ação. Outras / características também se tornam importantes aos praticantes de atividades recreativas, como o interesse e o prazer. Estes podem ser considerados como o fim em vista da própria atividade, pois ativam a participação do ser humano, ao estabelecer o contentamento na vontade no participar de uma exercitação recreacional, contribuindo para a ludicidade e, como consequência, a ocupação do lazer. Mostra-se bem interessante lembrar das características recreativas nomeadas por Awad (2011), ao ressaltar, na atividade de lazer, aspectos de práticas lúdicas, onde acontecem envolvimentos de vários grupos, que podem ser na forma ativa ou passiva, no decorrer do seu tempo livre. Por conseguinte, Ribeiro (2012) propõe a divisão da recreação em atividades motoras, físicas e utilitárias. Entre elas, podemos citar a práxis das atividades que englobam os jogos, entre eles os desportivos, além dos vários elementos dançantes e os próprios exercícios físicos. Destacamos também as práticas que lembram as ações e formas do teatro, como atividades artesanais e manuseáveis. Além disso, são bem relacionadas as atividades que servem para a divisão, desde que tenham o contato com a natureza e com as características que envolvem a cognição, a escrita, a leitura e os jogos que despertam e provocam conhecimentos diversos. Outro fator que deve ser enunciado está na relação das práticas comunitárias e sociais, abrangendo vários lugares, como associações religiosas e desportivas. Fonte: Robert Kneschke / Shutterstock.com / Nesse contexto, podemos destacar as informações de Gaelzer (1979), que relaciona as atividades que envolvem a recreação às concepções e aos rendimentos para os ciclos e períodos dos indivíduos. Veja: INFÂNCIA Quando abrange as crianças e adolescentes, tem como intenção o lado pedagógico. JUVENTUDE No período da juventude, a recreação atinge a ótima praxe dos hábitos quando normalmente acelera e combate as ações antissociais, que mais tarde vão ser essenciais para a estabilidade harmônica do emocional e, como consequência, a integração para a construção do desenvolvimento do ser cultural, que é chamada de formativa. TERCEIRA IDADE Ao chegar à idade madura, temos como concepção a recreação que atua de forma compensadora, pois leva o ser humano a desenvolver as suas necessidades, essencialmente quando cria estímulos e realiza a sua ação social. Portanto, a constância em praticar estará ligada à regulação do bem-estar. Nesse sentido, identificamos o modo de agir para a participação nas atividades recreativas. E a recreação na prática educacional? No desenvolvimento educacional, que abrange os aspectos didático-pedagógicos das aulas ou atividades recreativas, torna-se imprescindível lembrar que a nossa clientela no primeiro momento são as crianças. Nesse caso, o planejamento dos educadores na função de recreador, recreacionista ou líder recreacional deverá estar voltado especialmente para o estímulo psicomotor, cognitivo e afetivo, como o objetivo imediato para ser desenvolvido durante a sua práxis. Dessa maneira, como finalidade específica na elaboração das aulas ou atividades recreativas, destaca-se a educação do movimento, através da cultura e da prática corporal, estabelecendo a consciência do seu corpo e o pensar em agir. Assim, devem-se criar meios javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) / lúdicos de ajudar especialmente a criança com o brincar e jogar, pois isso contribui para a formação de um adulto feliz e equilibrado. ELABORAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA PARAS ASAULAS OU SESSÕES DE RECREAÇÃO Agora, veremos orientações práticas sobre como elaborar aulas ou sessões de recreação em suas turmas. Vamos lá? ELABORAÇÃO INICIAL, INTRODUÇÃO OU PREPARAÇÃO PARA AS ATIVIDADES Deve ser introduzida pequena e breve forma de “aquecimento”, com a duração máxima de 1/6 do tempo de aula ou da sessão recreativa. Tem como objetivo a preparação dos aspectos fisiológicos e psicológicos para as atividades propostas. E quais atividades são recomendadas para esse início? As atividades com características locomotoras devem ser utilizadas nesse primeiro momento como uma ação prática para os variados gêneros de deslocamentos e evoluções (marchas), alternando as suas direções, independentemente de serem ritmadas ou não, como também em momentos distintos das configurações harmoniosas e cadenciadas. EXEMPLO Andar, correr, saltar etc. / Ainda como complemento para a primeira parte, sugerimos atividades restauradoras e vivificantes de correr e pegar. Nesse caso específico, estamos falando dos famosos “piques” também conhecidos em alguns lugares como “pega-pega”. EXEMPLO Pique tá, pique cola, pique linha, pique cola americano, pique corrente, pique tartaruga etc. Veja como funcionam alguns tipos “pique” e “pega-pega”? Fonte: Syda Productions / Shutterstock.com PIQUE TÁ (DOMÍNIO POPULAR) Desenvolvimento: recreantes correndo à vontade, sendo perseguidas por um pegador escolhido pelo recreador. Ao tocar um dos recreantes, o pegador fala: “pique tá” e o brincante passará a ser o novo pegador. (Não precisa de material.) / Fonte: Syda Productions / Shutterstock.com PIQUE ALTO (DOMÍNIO POPULAR) Desenvolvimento: participantes correndo à vontade, sendo perseguidos por um pegador escolhido pelo recreacionista. Para escapulir e não ser pego, o participante que está fugindo deverá subir em murinhos, bancos ou degraus. Quem não conseguir subir e for tocado, passa, portanto, a ser o novo pegador. (Não precisa de material.) Fonte: Samuel Borges Photography / Shutterstock.com / PIQUE BAIXO (DOMÍNIO POPULAR) Desenvolvimento: participantes correndo de forma livre, sendo perseguidos por pegador. Para não ser pego, o participante que está fugindo deverá se abaixar. Quem não conseguir se abaixar totalmente e for tocado, passará a ser o novo pegador. Fonte: Oksana Shufrych / Shutterstock.com ELABORAÇÃO PRINCIPAL Representam 4/6 do tempo de aula. São inseridas as atividades de formação da prática corporal. O objetivo é a transportar os participantes para a execução das ações dos pequenos e grandes jogos e que podem ser adaptados, além dos brinquedos cantados, sempre respeitando o processo de maturação que abrange cada faixa etária. / ENCERRAMENTO, ELABORAÇÃO FINAL OU A TRADICIONAL “VOLTA À CALMA” Representa atividades propostas para 1/6 do tempo de aula. Ao final das sessões ou aulas recreativas, encontramos como objetivo a caracterização em serenar psicologicamente e fisiologicamente os participantes, liberando a socialização entre os alunos participantes das ações recreativas, reduzindo a agitação e a ansiedade relativa à disputa e competição. Por isso, nessa parte, as atividades sensoriais têm como proposta alegrar e, como consequência, educar. EXEMPLO Relaxamentos, pequenas marchas e brincadeiras calmantes que englobam os cantos. Vamos ver o desenvolvimento de uma atividade que pode ser utilizada nesta etapa? QUEM É O MAESTRO? (DOMÍNIO POPULAR) Desenvolvimento: os participantes formam um círculo, exceto uma, que se afasta. O recreador escolhe um dos participantes que será o “maestro”. Ao sinal do recreador ou o recreacionista, a pessoa escolhida e denominada de “maestro” começa a fazer uma série de movimentos, tais como bater palmas, sacudir a cabeça, bater com os pés no chão etc., sendo imitado pelos seus outros colegas. Quando todos estiverem fazendo o primeiro movimento, a pessoa que foi destacada é chamada para observar os companheiros e tentar descobrir quem está comandando o grupo, ou seja, o “maestro”. Então, o “maestro” tem a função de mudar os gestos de forma contínua, sem que o observador consiga descobrir quem é o comandante (maestro). / Quando for descoberto, o “maestro” passa a ser o observador e escolhemos um novo participante para ser o comandante (“maestro”). (Não precisa de material.) OUTRAS AÇÕES Entre algumas ações, destacamos as atividades de entrosamento e desinibição, que vamos denominar de “quebra-gelo”. Elas deverão ser utilizadas quando os participantes não se conhecem. São jogos ou brincadeiras que devem possuir boa aceitação e nenhuma dificuldade. O desenvolvimento do origami no contexto recreativo possui uma excelente aceitação. De origem japonesa, cujo significado é arte de dobrar papel, essa prática tem um cunho educativo primordial, pois necessita que os participantes estejam atentos à memorização e ao incremento da coordenação motora fina. Fonte: Africa Studio / Shutterstock.com / ELABORAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DAS AULAS E ATIVIDADES DE RECREAÇÃO No vídeo a seguir, abordaremos com mais detalhes os objetivos e as atividades propostas aqui. VERIFICANDO O APRENDIZADO / 1. DURANTE A PRÁTICA DE RECREAÇÃO, EXISTEM VÁRIAS DIMENSÕES QUE O DOCENTE OU RECREACIONISTA, EM SUA AÇÃO PEDAGÓGICA, DEVERÁ DESENVOLVER COMO PRINCÍPIO NORTEADOR DAS ATIVIDADES. MARQUE A RESPOSTA QUE REPRESENTA ESSA DIMENSÃO: A) Técnica dos gestos motores. B) Desportiva principalmente através dos jogos esportivos. C) Biológica nas condições do conhecimento físico-motor. D) Lúdica. E) Combate. 2. QUANDO O RECREACIONISTA TEM A MISSÃO DE DESENVOLVER ATIVIDADES RECREATIVAS E LÚDICAS, INCLUINDO JOGOS, BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS, ELE VERIFICA A NECESSIDADE DE PROPICIAR AOS ALUNOS EXPERIÊNCIAS CONCRETAS. ASSIM, TORNA-SE NECESSÁRIO A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE ENSINO E DE RECURSOS DIDÁTICOS RECREATIVOS BEM ESTIMULADORES PARA DESENVOLVER O INTERESSE DA CRIANÇA. QUAIS CONHECIMENTOS ESSE PROFISSIONAL DEVERÁ TER PARA O BOM DESEMPENHO EM SUAS ATIVIDADES RECREATIVAS? A) Deverá ter somente conhecimentos sobre as estratégias dos esportes de competição. B) Sobre técnicas de ensino programadas e com pouca criatividade dos alunos. C) Conhecer valências biológicas para a execução perfeita das atividades lúdicas e recreativas. D) Conhecimento das atividades lúdicas para o processo de aprendizagem. E) Conhecimento das valências físicas. GABARITO / 1. Durante a prática de recreação, existem várias dimensões que o docente ou recreacionista, em sua ação pedagógica, deverá desenvolver como princípio norteador das atividades. Marque a resposta que representa essa dimensão: A alternativa "D " está correta. A atividade lúdica na educação infantil é utilizada em sua dimensão por ser de origem descontraída e livre de pressões, principalmente por não ter o parâmetro avaliativo. 2. Quando o recreacionista tem a missão de desenvolver atividades recreativas e lúdicas, incluindo jogos, brincadeiras e brinquedos, ele verifica a necessidade de propiciar aos alunos experiências concretas. Assim, torna-se necessário a utilização de técnicas de ensino e de recursos didáticos recreativos bem estimuladores para desenvolver o interesse da criança. Quais conhecimentos esse profissional deverá ter para o bom desempenho em suas atividades recreativas? A alternativa "D " está correta. O profissional deverá ter a percepção das atividades lúdicas que devem ser contextualizadas no processo de aprendizagem das atividades recreativas, bem como na cognição e socialização dos alunos envolvidos nas práxis desenvolvidas. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando iniciamos o estudo das ações recreativas e lúdicas, devemos considerar as diferenças individuais e o processo de maturação de cada criança. Isto posto, sabemos que, durante a fase escolar, as crianças são imaginativas e dão um colorido especial às ações. Dessa forma, contam os seus momentos de inventividade com papéis falados e cantados, ou seja, estão se/ expressando de maneira despretensiosa, além de serem receptivas e afetivas aos vários estímulos recebidos. Dentre tantos aspectos que são observados e estão interligados ao bom desempenho participativo nas sessões de recreação de uma forma geral, destacam-se as necessidades encontradas na estruturação social. Em vista disso, alguns exemplos importantes devem ser analisados pelos recreadores no decorrer do seu trabalho. REFERÊNCIAS AWAD, H. Z. A. Brinque, jogue, cante e encante com a recreação: conteúdos de aplicação pedagógica teórico/prático. Várzea Paulista: Fontoura, 2011. BARBANTE, Valdir. Dicionário de educação física e esporte 3. ed. Barueri: Manole, 2011. BETTI, Mauro. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Consultado em meio eletrônico em: 29 out. 2020. BRASIL, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do Adolescente, 1990. Consultado em meio eletrônico em: 29 out. 2020. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais; educação física. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF. 1997. 96p. BRÊTAS, Ângela. Recreação e a Psicologia Sócio-histórica: novas bases, novos caminhos. In: Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte. Goiânia, Gráfica e Editora potência, 1997. / CAVALLARI, Vinícius Ricardo, Zacharias, Vany. Trabalhando com recreação. 7. ed. São Paulo: Ícone, 2004. CRUZ, D. O lúdico na formação do educador. In: SANTOS, S. M. P. (Org). O lúdico na formação do educador Petrópolis: Vozes, 1997. DARIDO, S. C. Os conteúdos da educação física na escola. In: DARIDO, S. C; RANGEL, I. C.A. Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. (Educação física no ensino superior). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. DUMAZEDIER, J. Sociologia Empírica do Lazer. São Paulo: Perspectiva, 1979. FERREIRA, A. B. H. Minidicionário de língua portuguesa. 4. ed. São Paulo, 2002. FREIRE, J. B. O jogo: entre o riso e o choro. Campinas: Autores Associados, 2002. GAELZER, L., Educação Física, lazer, benção ou maldição? Porto Alegre: Sulina, 1979. GONÇALVES, N. O lado sério da brincadeira – um olhar para a autoestima do educador. São Paulo: Cortez, 2013. GOUVÊA, Ruth. Recreação. 4. ed. Rio de Janeiro: Agir Editora, 1969. GUERRA, Marlene. Recreação e lazer. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzato, 1996. HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: USP, 1971. ISAYAMA, Hélder F. Recreação e lazer como integrantes de currículos dos cursos de graduação em Educação Física. Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Educação Física, 2002 (Tese de doutorado). KISHIMOTO, T.M. Jogos, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2005. MACEDO, L. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2005. MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. Campinas: Papirus, 1987. MARINHO, Hermínia Regina Bugesteet al. Pedagogia do movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2007. MARINHO, Inezil P.et al. Educação Física, recreação e jogos. Rio de Janeiro: [s.ed], 1957. MEDEIROS, E. B. O Lazer no planejamento urbano. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1975. / MIRANDA, Nicanor. 200 Jogos Infantis. 12. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1991. NEGRINE, Airton et al. Recreação na hotelaria: o pensar e o fazer lúdico. Caxias do Sul: Educs, 2001. PINES JR, Alípio R., SILVA, Tiago Aquino da Costa e. Jogos e Brincadeiras: Ações lúdicas nas escolas, ruas, hotéis, festas, parques e em família. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. PINTO, Leila M.S. M., et al. Recreação, lazer e Educação Física/Ciências do Esporte: conhecimento e intervenção. Florianópolis, Colégio Brasileiro de Ciências do esporte, 1999. RIBEIRO, Cezar Grontowski. Monitor em recreação. Versão 1, Paraná, IFPR – INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. Curitiba: IFPR, 2012. ROSA, Adriana P., DI NISIO Josiane. Atividade lúdica: sua importância na alfabetização. Curitiba, Juruá, 2011. SCHMIDT, Maria J. Educar pela recreação: para pais e educadores. 3. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1964. SCWARTZ, Gisele Maria (coordenadora). Educação Física no ensino superior: Atividades recreativas. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. VARGAS, Ângelo Luís. A educação física e o corpo: busca da identidade. Rio de Janeiro, Sprint, 1990. VERDERI, E. Encantando a Educação Física. Rio de Janeiro: Sprint, 1999. VIEIRA, Sandra Aparecida Bassetto. Os parques infantis da cidade de São Paulo (1935 1938): Análise do modelo didático-pedagógico, Revista de Iniciação Científica da FFC, v.4, n.1, 2004. WERNECK, Christianne. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões. Contemporâneas. Belo Horizonte: UFMG, 2000. EXPLORE+ Sugestão de leitura e procura na Internet: Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, e o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990. / • Assistir à entrevista na internet com Gilles Brougère. CONTEUDISTA Luiz Antonio Leitão CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); / DESCRIÇÃO Apresentação de conceitos sobre o profissional que atua na recreação, bem como sua relação com a animação cultural e o desenvolvimento de brinquedos e brincadeiras. PROPÓSITO Conhecer os aspectos que definem o recreador como profissional que atua no âmbito do desenvolvimento humano a partir do movimento, proporcionando vivências lúdicas para os diversos públicos a serem atendidos, um importante fator para a formação dos profissionais que utilizam a recreação como meio de atuação. OBJETIVOS / MÓDULO 1 Identificar a relação entre o profissional da recreação, os brinquedos e a animação cultural MÓDULO 2 Reconhecer as diversas possibilidades da brincadeira com bebês e crianças MÓDULO 3 Identificar o processo de busca de identidade na adolescência e as vivências recreativas promotoras do senso de coletividade MÓDULO 4 Descrever atividades recreativas para a prática espontânea e em grupo por parte de adultos e idosos INTRODUÇÃO A partir de agora, identificaremos os recursos práticos para atuação do recreador, os brinquedos e as brincadeiras e sua relação com a animação cultural. Além disso, você irá compreender como a recreação pode ser uma importante ferramenta pedagógica para o desenvolvimento humano, a partir do conhecimento de um repertório prático, organizado e sistematizado, de maneira a atender diferentes públicos. / MÓDULO 1 Identificar a relação entre o profissional da recreação, os brinquedos e a animação cultural O PROFISSIONAL DA RECREAÇÃO Recreador é o profissional que utiliza a recreação como recurso para se conectar ao seu público, seja ele formado por crianças, jovens, adultos, idosos ou pela mescla entre eles. O recreador deve ter em mente que o brincar pode se configurar como uma importante estratégia didático- pedagógica, no sentido de que o ser humano, por essência, sente necessidade de buscar o prazer e a realização pessoal e, na brincadeira, isso pode ser alcançado. Fonte: Shutterstock.com O recreador tem conhecimento sobre cada fase da vida e daquele grupo específico. Para se tornar um recreador, o profissional deve desenvolver habilidades, hábitos e comportamentos como: simpatia, boa comunicação, educação, ludicidade, criatividade e, principalmente, gosto pelo que faz. Tendo atenção a esses elementos e aprimorando cada um deles, o recreador pode avançar em sua formação e atuação na carreira. Para falar de recreação, vamos nos apoiar nas palavras de Gouveia (1963), que define essa prática como tudo aquilo que promove divertimento e entretenimento às pessoas. / Fonte: Shutterstock.com É importante também que o recreador entenda que a recreação pode ser orientada de acordo com o nível de participação das pessoas. Segundo Machado e Nunes (2017), esse nível de participação se divide em recreação ativa e recreação passiva. RECREAÇÃO ATIVA Refere-se à pessoa que participa física e diretamente da atividade,sendo sujeito do jogo, como no jogo de queimado, pique, entre outras formas. Será ativa sempre que o participante estiver se movimentando em virtude da realização da atividade. RECREAÇÃO PASSIVA Ocorre quando o participante está envolvido assistindo a outras pessoas, como ao assistir a um jogo de futebol pela TV ou a uma peça de teatro. Ao citar essas formas de recreação, imediatamente podemos considerar que o recreador é o profissional responsável por pensar, elaborar, aplicar e avaliar um programa recreativo. Esse programa precisa estar ligado diretamente aos interesses de determinado público ou comunidade. Os programas recreativos levam em consideração aquilo que o ser humano deseja realmente fazer no seu momento de descontração. Nesse sentido, faremos a reflexão sobre a animação cultural, que se estabelece por meio da observação do profissional a respeito do que determinada / comunidade ou grupo demonstra ter intenção de praticar. A partir daí, o recreador organiza ações sistematizadas. Essa animação deve ter o objetivo de levar os sujeitos a desenvolverem uma postura justa e de igualdade, tendo em vista que os indivíduos devem se respeitar em suas diferenças, incentivando as potencialidades individuais e proporcionando um momento de prazer. Pontes (2009) ressalta, ainda, a importância desse comportamento, pois, assim, os participantes desenvolverão uma postura “crítica e reflexiva perante a sociedade”. ATENÇÃO É importante destacar que a animação cultural deve ser estruturada a partir de uma proposta pedagógica que vislumbre a arte-educação, como a apresentação de oficinas que envolvam, por exemplo, artes visuais e plásticas, a dança e o cinema. OS BRINQUEDOS E SUAS POSSIBILIDADES PARA O RECREADOR Na recreação, o recreador tem um recurso (material ou não material) que proporciona vivências importantes para os praticantes. Esse recurso é o brinquedo, entendido mais popularmente como todo objeto que a criança (principalmente ela) manipula para se divertir. Esses brinquedos podem ser desde aqueles que encontramos em lojas, como carrinhos, bonecas e bolas, até diversos outros, como aqueles que podemos construir com os participantes. Essa interação com o brinquedo acontece naturalmente, e não apenas com crianças, mas com qualquer pessoa que esteja envolvida em um momento recreativo. A abordagem de construir o brinquedo com os participantes torna a atividade ainda mais significativa. O brinquedo ganha valor não apenas de objeto, mas de algo que foi construído pelo sujeito. Isso aumenta a relação entre sujeito e objeto, sendo prática comum na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. / Existe também o brinquedo não material, sendo tudo aquilo que nos transporta para o mundo da imaginação, seja uma lembrança de algo que ocorreu, seja o que é construído apenas na imaginação da brincadeira. Porém, Vygotsky (2007) entende que esse brinquedo, que aqui chamamos de não material, está muito mais associado a uma lembrança de alguma coisa que realmente vivemos do que à criação de novas situações. Fonte: Shutterstock.com A seguir, veremos algumas possibilidades de brinquedos materiais para serem utilizados e construídos com a participação dos sujeitos envolvidos. / Fonte: Shutterstock.com Tapete de exploração. EXPLORAÇÃO EM TAPETES VARIADOS Há brinquedos em que o bebê é colocado embaixo de uma estrutura de exploração, conhecida como “ginásio de atividades” ou “tapete de exploração”, no qual se penduram objetos coloridos que fazem sons, movimentam-se, encantam e envolvem os pequenininhos que ainda permanecem deitados. EXPERIMENTAÇÕES COM DOIS OU MAIS OBJETOS Pegar dois brinquedos/objetos ao mesmo tempo é uma tarefa mais complexa para os bebês. A partir do sétimo mês, pode-se oferecer dois objetos iguais, como blocos, bolas de pingue-pongue ou contas de madeira, para observar se eles seguram um em cada mão. No início, os bebês / largam um objeto para pegar outro, depois, percebem que não precisam largar e pegam um bloco em cada mão a fim de bater para fazer ruído. A observação sistemática e a gradual complexidade de situações a serem oferecidas aos bebês ampliam suas experiências. Fonte: Shutterstock.com Experimentação utilizando as duas mãos. / Fonte: Shutterstock.com Adaptação de um rolo para estimulação. ROLO DE TOALHA Produzir um rolo feito com toalha e colocá-lo embaixo do bebê, que deve estar de barriga para baixo. O rolo de toalha servirá de eixo, e o estimulador fará movimentos para frente e para trás. Dessa forma, o bebê se apoiará nas mãos. Esse tipo de rolo também é vendido pela internet, feito de material emborrachado ou de espuma. EMPILHANDO E BRINCANDO Os brinquedos de empilhar fazem parte da construção, que implica montar. No entanto, o grau de complexidade é o empilhamento sem derrubar. Costuma-se oferecer “peças” construídas com materiais de reciclagem, como caixas de papelão ou copos de iogurte, alternativos aos brinquedos produzidos pela indústria de massa. / Fonte: Shutterstock.com Brincando de empilhar. / Fonte: Shutterstock.com CAIXA DE SAPATO NOS PÉS Cada criança deverá pisar em uma caixa de sapato (uma para cada pé) e caminhar livre pelo espaço. O estimulador deverá orientar a dinâmica, mostrando maneiras mais tranquilas e lúdicas de percorrer os diversos espaços existentes. BILBOQUÊ E SUAS VARIAÇÕES A imagem a seguir mostra um bilboquê tradicional. Porém, esse brinquedo pode ser facilmente criado a partir de materiais recicláveis, como garrafas PET. Basta cortar uma garrafa, amarrar uma das pontas de um pequeno barbante no local da tampa e, na outra extremidade, uma bolinha feita de jornal, folha de papel, ou até mesmo a tampa da garrafa. A atividade consiste em tentar acertar a bolinha dentro da garrafa. / Uma variação é o bilboquê sem o barbante. Jogam duas crianças, cada uma com uma garrafa PET cortada. Nessa variação, uma criança utiliza uma das garrafas cortadas e impulsiona uma tampinha ou uma bola pequena de dentro da garrafa para outra criança, de forma que esta pegue o objeto com a outra garrafa. Fonte: Shutterstock.com Bilboquê tradicional. / Fonte: Shutterstock.com FOLHA MÁGICA DA FADA Dar uma folha para cada criança e brincar por meio da contação de pequenas histórias, dizendo que a folha foi dada por uma fada e que tem poderes mágicos, trabalhando a criatividade e a imaginação. A partir de algumas palavras mágicas, a folha se transforma em vários objetos, como: Chapéu: todos os alunos colocam o papel na cabeça e passeiam pelo ambiente. Barco: os alunos se sentam em cima da folha e iniciam uma navegação guiada pela história contada. Animal de estimação: os alunos aprendem os cuidados básicos, como higiene e alimentação. BEXIGAS DA EXPRESSÃO / Cada participante deve receber uma bexiga, na qual o recreador ou o próprio participante possa desenhar algumas expressões fisionômicas que indiquem uma pessoa alegre, triste, assustada, dormindo etc. No lado oposto do local onde é realizada a atividade, deve-se desenhar, no chão, pequenos círculos com as mesmas expressões fisionômicas dentro. Ao som de uma música, todos dançarão jogando as bexigas para o alto, e, quando a música parar, todos deverão pegar uma bexiga qualquer e correr para entrar no círculo correspondente à expressão que está desenhada naquela que pegou. Fonte: Shutterstock.com Bexigas permitem múltiplas possibilidades de atividades. / Fonte: Shutterstock.com BRINQUEDOS QUE ENCAIXAM Brinquedos de encaixar que formam torres, carros feitos com blocos para montar e, depois, serem derrubados, são oferecidos aos bebês que já se sentam com firmeza. Típicos brinquedos de desafio e lógica propiciam atividades de grande concentração. Peças de encaixar em locais adequados fazem as crianças analisarem tal dinâmica de maneira mais concentrada. GARRAFAS COLORIDAS Garrafas PET podem ser decoradas com fitas adesivasbem coloridas, com pequenas pedrinhas dentro ou conchas. Os bebês podem manusear o material, colocando as garrafas em pé ou deitadas, balançando-as, produzindo sons e tudo mais que a imaginação permitir. / Fonte: Shutterstock.com / NESTE VÍDEO, VOCÊ CONHECERÁ UM POUCO SOBRE O RECREADOR E AS POSSIBILIDADES DE BRINQUEDOS. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. DENTRE AS OPÇÕES A SEGUIR, IDENTIFIQUE AQUELA QUE NÃO ESTÁ DE ACORDO COM A ATUAÇÃO DE UM PROFISSIONAL DE RECREAÇÃO: A) Atividades de integração social são indicadas para idosos em busca de convívio e novas amizades. B) Um recreador pode atuar na estimulação de bebês por meio de atividades condizentes com seu nível de desenvolvimento. C) A recreação para crianças pode ser realizada por meio de brincadeiras e brinquedos que podem ser adquiridos ou construídos de material reciclado. D) As atividades recreativas podem ser desenvolvidas com qualquer faixa etária a partir de ações estratégicas e adequadas à realidade. / E) A atividade recreativa necessita de planejamento e organização do recreador e acontece a partir da separação total por faixa etária. 2. A PARTIR DA REFLEXÃO APRESENTADA NO TEXTO, O BRINQUEDO NÃO MATERIAL É AQUELE QUE: A) Apresenta características físicas. B) Pode ser construído pelo recreador. C) Pode ser construído pela criança. D) Está relacionado ao que podemos lembrar e ao mundo da imaginação. E) Na recreação ativa, representa os objetos de cada jogo. GABARITO 1. Dentre as opções a seguir, identifique aquela que não está de acordo com a atuação de um profissional de recreação: A alternativa "E " está correta. O recreador pode desenvolver suas atividades em qualquer faixa etária, em qualquer lugar e com todos os tipos de público. Entretanto, há necessidade de um planejamento prévio e de se utilizar estratégias para atender às necessidades de cada grupo. 2. A partir da reflexão apresentada no texto, o brinquedo não material é aquele que: A alternativa "D " está correta. Dentre os tipos de brinquedos apresentados, encontramos o brinquedo material e o não material. Os brinquedos não materiais são aqueles imaginários ou que remetem a uma lembrança. / MÓDULO 2 Reconhecer as diversas possibilidades da brincadeira com bebês e crianças A CRIANÇA E AS BRINCADEIRAS De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criança é toda pessoa que tem idade entre seu nascimento e os 12 anos incompletos (BRASIL, 1990). Partindo desse parâmetro, podemos entender que a criança é percebida como o ser que se encontra dentro de uma faixa etária, que tem o seu momento de transição e que, ao concluir a idade indicada, deixa essa fase da vida. O profissional da recreação deve estar atento a essa primeira fase da vida, pois os comportamentos apresentados pelas crianças, geralmente, são a verdadeira base para que as entendamos. EXEMPLO Uma criança que chega à escola muito quietinha ou muito agitada pode estar trazendo a história de alguma alteração na sua rotina, algum fato diferente que pode ter ocorrido no dia anterior, como um desentendimento entre os pais ou uma noite mal dormida, ou até no próprio dia da aula, como um aborrecimento que ocorreu no caminho entre a casa e a escola. Essa percepção é fundamental, pois, ao planejar suas atividades, o recreador deve levar sempre em conta as características do grupo e a individualidade de seus alunos e, principalmente, estar pronto para agir diante das necessidades apresentadas por eles. / COMO, ENTÃO, PLANEJAR ATIVIDADES RECREATIVAS PARA OS PEQUENOS? Fonte: Shutterstock.com Se pensarmos em uma criança em idade de creche, as atividades propostas devem ser orientadas para auxiliar o desenvolvimento de seus movimentos básicos, como rolar, engatinhar, levantar-se, dar os primeiros passos e correr. Porém, antes de tudo isso, como estamos falando de creche, cabe ressaltar também a importância das brincadeiras que estimulam os sentidos. Machado e Nunes (2016), baseados no Manual de orientação pedagógica, do Ministério da Educação, apresentam uma estrutura para a fase inicial dessa faixa etária, que compreende: atividades para bebês que ficam deitados; atividades para bebês que sentam; atividades para bebês que engatinham; atividades para bebês que andam. ATENÇÃO A cada atividade mencionada, observe os comentários acerca dos aspectos da recreação e do desenvolvimento infantil. A seguir, veremos exemplos de atividades direcionadas às crianças de até dois anos de idade, o que não impede que se oferte também àquelas um pouco maiores, desde que essas atividades / sejam apropriadas ou adaptadas. ATIVIDADES PARA BEBÊS QUE FICAM DEITADOS Bebês que ficam deitados: trata-se de crianças que ainda estão em seus primeiros meses ou, até mesmo, em seus primeiros dias de vida. Essas crianças necessitam das brincadeiras para introduzir as estimulações fundamentais aos seus sentidos. Fonte: Shutterstock.com Móbile de berço. / ATIVIDADES VISUAIS E MOTORAS Móbiles coloridos, sonoros e que se movimentam e criam cintilações encantam os bebês, que se envolvem prestando atenção e evidenciando prazer pelo movimento dos braços e das pernas. Essa atividade é rica, pois estimula não só os sentidos, mas a coordenação de movimentos entre pernas e braços, além da movimentação ocular, que acompanha o brinquedo. PRODUÇÃO DE SONS Emitir sons com diversos objetos, sejam eles brinquedos, instrumentos musicais, ou até mesmo com as palmas, do lado esquerdo e direito do bebê, fazendo pequenos comentários para observar o quanto ele presta atenção ou não à dinâmica. Fonte: Shutterstock.com / Fonte: Shutterstock.com BOLAS MUSICAIS Colocar o bebê em cima de uma bola e movimentá-lo, acompanhando o ritmo da música. Essa é uma atividade que requer muita atenção do adulto, estimulando diversos movimentos. Por ser algo novo para o bebê, deve-se iniciar a atividade com movimentos simples, cantando e tornando a dinâmica agradável e segura. BALANÇO SUAVE NO COBERTOR / Balançar suavemente o bebê na rede, suspensa por duas pessoas, ou em uma colcha ou cobertor. Deve-se utilizar redes ou cobertores firmes, com muito cuidado, por se tratar de movimentos novos para o bebê. Fonte: Shutterstock.com / Fonte: Shutterstock.com Bebê em decúbito ventral e manipulando objeto. ATIVIDADES TÁTEIS Disponibilizar objetos de tamanhos, formas e cores diferentes, com texturas diversas, para que os bebês possam manuseá-los e explorá-los. Com o bebê deitado em decúbito ventral (barriga para baixo), permitir que ele explore esses objetos. Quanto mais coloridos, melhor! CHOCALHOS VARIADOS Chocalhos são brinquedos que produzem sons ao serem balançados, chocalhados. Em geral, contêm bolinhas ou outros objetos que se movem e fazem som em seu interior. Deve-se lembrar que os chocalhos construídos com latinhas, garrafas PET ou embalagens de iogurte não são adequados aos bebês, que colocam tudo na boca para morder e correm o risco de ingerir as partes da embalagem. / As produções feitas pelas professoras e mães servem para crianças maiores. Nesse caso, deve- se observar se o som produzido não está muito estridente (atentar para o conforto acústico do ambiente) e se a criança pode manusear o brinquedo com segurança (sem que peças internas se soltem ou vazem do brinquedo). Fonte: Shutterstock.com ATIVIDADES PARA BEBÊS QUE FICAM SENTADOS Bebês que ficam sentados: nesta fase, os bebês já desenvolveram equilíbrio e tônus muscular suficientes para se sentarem. Importante destacar que esse é um grande avanço no / desenvolvimento dos bebês, pois lhes confere a capacidade de interagir ainda mais com as pessoas e com os brinquedos à sua volta. Fonte: Shutterstock.com ESCONDENDO OBJETOS Brincar de esconder pequenos objetos embaixo de um pano é muito estimulante, e os bebês adoram. O recreador deverá mostrar o brinquedo e escondê-lo na frente do bebê. MORDEDORES / Todo bebê leva
Compartilhar