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1 Rafaela Bilhão 19/05/2022 BIOLOGIA MOLECULAR I RECOMBINAÇÃO HOMÓLOGA; RECOMBINAÇÃO SÍTIO-ESPECÍFICA E TRANSPOSIÇÃO DO DNA RECOMBINAÇÃO HOMÓLOGA → as quebras de dupla-fita no DNA são relativamente frequentes e não forem corrigidas as consequências para a célula serão desastrosas → o principal mecanismo usado para corrigir as quebras de dupla-fita na maioria das células é a recombinação homóloga. Alguns tipos celulares também usam um mecanismo mais simples como a junção de extremidades não homólogas (NHEJ) → em células eucariotas, a recombinação homóloga é essencial para o reparo de quebras do DNA e de forquilhas de replicação em colapso. esse papel de reparo cromossômico e reinício da replicação é a principal função da recombinação homóloga na maioria das células somáticas dos organismos complexos → necessário ter cromossomos homólogos → ocorre durante a meiose; pode ocorrer em qualquer etapa celular → crossing-over → as etapas fundamentais da recombinação homóloga, que aparecem em todos esses modelos, incluem: 1. alinhamento de duas moléculas de DNA homólogas. A "homologia" refere-se a sequências de DNA idênticas ou praticamente idênticas em uma região de pelo menos 100 pb. Apesar do alto grau de similaridade, as moléculas de DNA podem ter pequenas regiões de sequências diferentes e podem, por exemplo, carregar diferentes variantes de sequências, conhecidas como alelos, para o mesmo gene 2. introdução de quebras no DNA. Assim que as quebras são formadas, as extremidades das quebras são processadas para gerar regiões de DNA de fita simples 3. invasão de fita. Pequenas regiões inicial de pareamento de bases são formadas entre as duas moléculas de DNA recombinantes. Esse pareamento ocorre quando uma região de DNA de fita simples, originária de uma molécula parental, pareia com a sua fita complementar da molécula de DNA de dupla-fita homóloga. Esse evento é chamado invasão de fita, Como resultado do processo de invasão de fita, regiões de DNA dúplex novo são geradas; este DNA, que frequentemente contém algumas bases malparadas, é chamado heterodaplex de DNA 4. formação da junção de Holliday. Uma vez que o pareamento tenha ocorrido, as duas moléculas de DNA ficam unidas pela formação de um cruzamento das fitas de DNA, em uma estrutura chamada junção de Holliday. Uma junção de Holliday pode se mover ao longo do DNA pela repetição de quebra e formação de pares de bases. A cada vez que a junção se movimenta, pares de bases são rompidos nas moléculas de DNA parentais, enquanto pares de bases idênticos são formados na molécula intermediária recombinante. Esse processo é chamado migração de ramificação 5. resolução da junção de Holliday. O processo para regenerar moléculas de DNA e, portanto, finalizar a troca genética é chamado resolução. A resolução pode ser realizada de duas maneiras, por clivagem da junção de Holliday ou (em eucariotos) por um processo de "dissolução". No primeiro, o corte das fitas de DNA na junção de Holliday regenera dois dúplices se- parados. Como será visto, a escolha de qual dos pares de fitas de DNA na junção de Holliday será clivado durante a resolução tem grande impacto sobre a extensão da permuta de DNA que ocorre entre as duas moléculas recombinantes. No segundo processo (alternativo), a refolução é alcançada pela dissolução, um tipo de mecanismo de convergência/colapso, que será descrito de maneira mais detalhada a seguir → não ocorre síntese de DNA → é um mecanismo de reparo → sempre começa com a quebra do DNA 2 Rafaela Bilhão 19/05/2022 → as enzimas que catalisam a invasão da fita são chamadas de proteínas de permuta de fitas → a resolução de junções de Holliday é um passo essencial para finalizar a troca genética → a finalização da recombinação requer a resolução da junção de Holliday, por meio da clivagem das fitas de DNA próximas ao sítio de cruzament; esta reação separa as duas moléculas recombinantes de DNA e, desta forma, finaliza a troca genética. A resolução pode ocorrer de duas maneiras e gerar duas classes distintas de produtos de DNA. os pares alternativos de sítios de clivagem DNA ocorrem durante a resolução dessa ramificação simples de DNA gerada pela troca entre duas moléculas de DNA dúplex semelhantes. Para tornar esses sítios de clivagem mais fáceis de serem visualizados, a junção de Holliday é "girada", originando uma estrutura plana quadrangular, sem fitas cruzadas. As duas fitas com mesma sequência e polaridade devem ser clivadas; as duas escolhas alternativas para os sítios de clivagem estão marcadas como sítio 1 e sítio 2. os sítios de clivagem marcados com 1 ocorrem nas duas fitas de DNA compostas inteiramente por DNA de uma das duas fitas parentais de DNA. Caso essas fitas sejam clivadas e, a seguir, covalentemente ligadas (a segunda reação, catalisada pela DNA-ligase) as moléculas resultantes são referidas como produtos de recombinação "entrelaçados", porque os dois dúplices originais estão conectados, de maneira que regiões das moléculas de DNA parentais estão covalentemente unidas por uma região de dúplex híbrida. a geração de produtos desse entrelaçamento resulta no rearranjo dos genes que flanqueiam o sítio de recombinação. Portanto, esse tipo de recombinante também é chamado de produto de crossing over. Em contrapartida, o par alternativo de sítios de clivagem na junção de Holliday está nas duas fitas de DNA que contêm regiões de sequência de ambas as moléculas parentais Após a resolução e a junção covalente das fitas nesses sítios, as moléculas de DNA resultantes contêm uma região ou "emenda" de DNA híbrido. Essas moléculas são, então, conhecidas como produtos emendados. Nestes produtos, a recombinação não resulta no reagrupamento dos genes adjacentes ao sítio de clivagem inicial. Essas moléculas são, portanto, conhecidas como produtos sem crossing over → via de reparo de quebra de dupla-fita: essa via começa com a introdução de uma quebra de dupla-fita em uma das moléculas de DNA homólogas do dúplex. O outro dúplex permanece intacto. Após a introdução da quebra de dupla-fita 3 Rafaela Bilhão 19/05/2022 uma enzima cliva o DNA degrada a molécula de DNA quebrada, gerando regiões de DNA de fita simples. Esse processamento produz extensões de fita simples, conhecidas como caudas de DNA de fita simples, nas moléculas quebradas de DNA; essas caudas de DNA de fita simples terminam em extremidades 3’. Em alguns casos ambas as fitas em uma quebra de DNA de dupla-fita são processadas; em outros casos, apenas a fita que termina em 5’ é degradada → existem outros mecanismos para o reparo de quebra de fita dupla: União de extremidades não- homólogas (NHEJ) – regiões de fita simples são removidas por nucleases; lacunas são preenchidas pela DNA-polimerase; as duas extremidades são unidas → origens de quebra cromossômica: • radiação ionizante e outros agentes que quebram o DNA • forquilha de replicação parada → máquinas proteicas de recombinação homóloga: os organismos de todos os tipos codificam enzimas que catalisam as etapas bioquímicas da recombinação. Em alguns casos, membros de famílias de proteínas homólogas desempenham a mesma função em todos os organismos. Em contrapartida, outras etapas da recombinação são catalisadas por classes diferentes de proteínas em diferentes organismos, mas com o mesmo resultado geral → proteínas que promovem a recombinação na E. coli é conhecida como sistema RecBCD → etapas do processamento do DNA pela RecBCD: a enzima RecBCD processa moléculas de DNA quebradas para gerar as regiões de DNA fita simples. A RecBCD também auxilia a posicionar a proteína de permuta de fitas RecA sobre essas extremidades de DNA de fita simples. As múltiplas atividades enzimáticas de RecBCD permitem uma “chance de escolha” à bactéria – recombinar com ou destruir as moléculasde DNA que entram na célula. A RecBCD é composta por três subunidades (os produtos dos genes recB, recC e recD) e apresenta as atividades de DNA-helicase e nuclease. Esse complexo liga-se às moléculas de DNA no sítio de quebra de dupla-fita e percorre o DNA, utilizando a energia da hidrólise de ATP. Como resultado de sua ação, o DNA é 4 Rafaela Bilhão 19/05/2022 desenrolado, com ou sem o acompanhamento da destruição nucleolítica de uma ou de ambas as fitas de DNA. As atividades de RecBCD são controladas por elementos de sequência de DNA específicos conhecidos como sítios Chi (do inglês, crossover hot spot instigator). Os sítios Chi foram descobertos porque estimulam a frequência de recombinação homóloga. As subunidades RecB e RecD são DNA-helicases, ou seja, enzimas que usam a hidrólise do ATP para desnaturar e desenrolar os pares de base do DNA. A subunidade RecB contém uma helicase 3'-5' e possui também um domínio de nuclease multifuncional que digere o DNA à medida que se move. RecD é uma helicase 5'-3', e RecC atua no reconhecimento de sítios Chi. Mas como as várias subunidades dessa máquina multifuncional complexa trabalham juntas para se mover ao longo do DNA, e o que ocorre de fato quando o complexo encontra um sítio Chi? Vários estudos, incluindo os baseados em técnicas de molécula única, mostraram que os "motores" helicases RecB e RecD se movem de maneira independente ao longo de fitas opostas do dúplex de DNA e com velocidades diferentes. Juntos, eles são capazes de "dirigir" o complexo RecBCD ao longo do DNA em velocidade superior a 1.000 pb por segundo! Sítios Chi no DNA atuam como uma "válvula molecular" para regular as atividades das helicases e, portanto, a velocidade de translocação do DNA → função do sítio Chi: proteger o DNA exógeno e recombinar → RecA – organiza-se sobre o DNA de fita simples e promove a invasão da fita; membro fundador de uma família de enzimas denominada proteínas de permuta de fitas; o pareamento envolve a procurar por combinações de sequências entre duas moléculas, bem como a geração de regiões de pareamento de bases entre essas moléculas; ligaraão cooperativa; pareamento de apenas 15 bases dispara sinal para a permuta de fitas → RuvAB – reconhece especificamente as junções de Holliday e promove a migração de ramificação → RuvA – é uma proteína de ligação ao DNA específica para a junção de Holliday, que reconhece a estrutura da junção de DNA independentemente da sua sequência. A RuvA reconhece e liga-se às junções de Holliday e recruta a proteína RuvB para o local → RuvB – é uma ATPase hexamérica, semelhante às helicases hexaméricas envolvidas na replicação do DNA. A ATPase RuvB fornece a energia para promover a permute de pares de bases que movimenta o ponto de ramificação do DNA → RuvC – cliva fitas de DNA específicas na junção de Holliday para finalizar a recombinação. A resolução por RuvC ocorre quando esta reconhece a junções de Holliday e cliva especificamente as duas fitas de DNA homólogas que apresentam a mesma polaridade. Essa clivagem resulta em extremidades de DNA que terminam com grupo 5’-fosfato e 3’-OH que podem ser diretamente unidos pela DNA-ligase. A clivagem ocorre apenas em sítios conformo o consenso 5’-A/T-T-T-G/C → funções da recombinação homóloga: • Procariotos: - reparo de quebras de fita dupla - reiniciar as forquilhas de replicação obstruídas - recombinação do DNA da célula com o DNA inserido por fago ou conjugação • Eucariotos: - reparo de quebras de fita dupla 5 Rafaela Bilhão 19/05/2022 - reiniciar as forquilhas de replicação obstruídas - segregação cromossômica durante a meiose - alterar uma sequência de DNA em um local específico do cromossomo, sendo utilizado para controlar a expressão gênica → a proteína Spo11 – cliva o DNA em vários locais cromossômicos, com pouca seletividade de sequência, mas em um período bastante específico durante a meiose – ocorre exatamente quando os cromossomos homólogos replicados começam a parear – faz recombinação meiótica → a proteína MRX processa as extremidades clivadas do DNA, permitindo a adição de proteínas de permuta de fitas → diversas proteínas atuam em conjunto na recombinação meiótica: Rad51 e Dmc1 → reparo na quebra da dupla fita de DNA: eucarioto: recombinação homóloga – restrito a fase S e G2; união de extremidades não- homólogas – todo o ciclo → alternância do tipo acasalante: Os genes de tipos acasalantes codificam reguladores de transcrição. Esses reguladores controlam a expressão de genes-alvo, cujos produtos definem cada tipo celular. Os genes de tipos acasalantes expressos em uma determinada célula são encontrados no locus de tipo acasalante locus MAT, mating-type locus) dessa célula. Assim, em células tipo a, o gene a1 está presente no locus MAT, enquanto em células do tipo a, os genes a1 e a2 estão presentes no locus MAT. Nas células diplóides, ambos os conjuntos de genes que controlam os tipos acasalantes são expressos. Os reguladores codificados pelos genes de tipos acasalantes, junto com outros encontrados nos três tipos celulares, atuam em várias combinações para garantir que o padrão correto de genes seja expresso em cada tipo celular 6 Rafaela Bilhão 19/05/2022 RECOMBINAÇÃO SÍTIO-ESPECÍFICA → acontece principalmente em procariotos → recombinação sítio-específica ocorre em sequências específicas no DNA alvo → variabilidade genética → recombinases: complexo DNA-proteína (complexo sináptico) → uma característica fundamental dessas reações é que o segmento de DNA que será deslocado contém elementos de sequência curtos, chamados de sítios de recombinação, onde ocorre a troca de DNA → a recombinação sítio específica pode gerar três tipos diferentes de rearranjos de DNA: (1) inserção de um segmento de DNA em um sítio especifico (como ocorre durante a integração do DNA do bacteriófago x), (2) remoção, ou deleção, de um segmento de DNA, ou (3) inversão de um segmento de DNA. O resultado da recombinação - inserção, remoção ou inversão do DNA - depende da organização dos sítios de reconhecimento da recombinase na molécula (ou moléculas) de DNA que participa(m) do processo. Para entender como a organização dos sítios de recombinação determina o tipo de rearranjo de DNA, deve-se analisar os elementos de sequência dos sítios de recombinação de maneira mais detalhada. Cada sítio de recombinação está organizado como um par de sequências de reconhecimento da recombinase, posicionadas de forma simétrica. Essas sequências de reconhecimento flanqueiam uma pequena sequência assimétrica central, conhecida como região de crossing over, onde ocorrem a clivagem e a religação do DNA. Como a região de crossing over é assimétrica, um determinado sítio de recombinação sempre apresenta uma polaridade definida. As orientações dos dois sítios presentes em uma única molécula de DNA serão relacionadas entre si como uma repetição invertida ou uma repetição direta. A recombinação entre dois sítios invertidos inverterá o segmento de DNA entre os dois sítios. Em contrapartida, a recombinação pelo mesmo mecanismo, porém, entre sítios de repetição direta, removerá o segmento → existem duas famílias de recombinases sítio- específicas conservativas: as serino-recombinases e as tirosino-recombinases. A formação de um intermediário proteína-DNA covalente durante a clivagem do DNA é fundamental para o mecanismo utilizado por ambas as famílias. Nas serino-recombinases, a cadeia lateral de um resíduo de serina, presente no sítio ativo da proteína, ataca uma ligação fosfodiéster específica no sítio de recombinação. Essa reação introduz uma quebra de fita simples no DNA e, simultaneamente, origina uma ligação covalente entre o resíduo de serina e um fosfato desse sítio de clivagem do DNA. Da mesma maneira, nas tirosino-recombinases, é a cadeia lateralde um resíduo de tirosina do sítio ativo que ataca e se liga ao DNA 7 Rafaela Bilhão 19/05/2022 → as serino-recombinases introduzem quebras de dupla-fita no DNA e permutam as fitas para realizar a recombinação → tirosino-recombinases quebram e ligam um par de fitas DNA por vez → funções biológicas da recombinação sítio- específica: inversão de um segmento do DNA pode possibilitar a expressão de dois genes alternativos; auxiliar na manutenção da integridade estrutural de moléculas de DNA circulantes durantes os ciclos de replicação do DNA; a recombinação homólogo e divisão celular TRANSPOSIÇÃO DO DNA → a transposição é uma forma particular de recombinação que desloca determinados elementos genéticos móveis que são chamados elementos transposição ou transposons → o deslocamento ocorre pela recombinação entre as sequências de DNA posicionadas nas extremidades do elemento de transposição e uma sequência do DNA da célula hospedeira → o deslocamento pode ocorrer com ou sem duplicação do elemento → em alguns casos a reação de recombinação envolve um intermediário temporário de RNA → em geral, quando os elementos de transposição de deslocam, eles apresentam pouca seletividade de sequência na escolha dos sítios de inserção. Como resultado, os transposons podem se inserir dentro de genes, alterando completamente a função destes na maioria das vezes. Eles também podem se inserir dentro de sequências gênicas reguladoras, onde sua presença pode provocar alterações na expressão do gene. Essas perdas de função e alterações na expressão gênica levaram à descoberta dos elementos de transposição → muito frequente em eucariotos → pegado de DNA que pode migrar outras partes do DNA → eventos que sempre levam a mutação → Existem três classes principais de elementos de transposição: • Transposons de DNA • Retrotransposons semelhantes à vírus – essa inclui os retrovírus. Esses elementos móveis também são chamados de retrotransposons de repetição terminais longa (LTR) • Retrotransposons com poli(A) – esses elementos também são chamados de retrotransposons não virais → os transposons de DNA possuem sequências de DNA que atuam como sítios de recombinação e genes que codificam proteínas que participam na recombinação. Os sítios de recombinação estão situados nas duas extremidades do elemento de transposição e estão organizados como sequências repetidas invertidas. As recombinases responsáveis pela transposição são normalmente chamadas de transposases. Os transposons de DNA possuem um gene que codifica a sua própria transposase → Os transposons de DNA que possuem um par de repetições terminais invertidas e o gene da transposase têm tudo de que necessitam para promover a sua própria transposição. Esses elementos são chamados transposons autônomos. Entretanto, os genomas também apresentam muitos segmentos de DNA móveis, ainda mais simples, conhecidos como transposons não autônomos. Estes elementos possuem apenas as repetições invertidas terminais, ou seja, as sequências que atuam em cis, necessárias para a transposição. Em uma célula que tenha também um transposon autônomo, codificando uma 8 Rafaela Bilhão 19/05/2022 transposase que reconhecerá as repetições terminais invertidas, o elemento não autônomo poderá sofrer transposição. Entretanto, na ausência desse transposon "auxiliar" (para fornecer a transposase), os elementos não autônomos permanecem estáticos, incapazes de deslocar-se → transposase se liga ao DNA e um complexo DNA-ptn (complexo sináptico ou transposossomo) 9 Rafaela Bilhão 19/05/2022
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