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BACTÉRIAS AERÓBIAS: MICOBACTÉRIAS: TUBERCULOSE E HANSENÍASE CORINEBACTÉRIAS: DIFTERIA · TUBERCULOSE - é uma infecção crônica progressiva - MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS – é um bastonete delgado, aeróbio obrigatório Obs.: os bastonetes crescem lentamente por isso de ser uma infecção crônica - Tem cápsula rica em lipídeos, o que as tornam álcool-ácido resistentes Obs.: são muito resistentes aos antimicrobianos (antissépticos e desinfetantes) - 1-3 bacilos podem alcançar os pulmões e causar uma infecção. Chegando ao pulmão serão fagocitados por macrófagos nos alvéolos DISSEMINAÇÃO/EPIDEMIOLOGIA: - Pacientes com lesões cavitarias pulmonares são altamente infectantes (contém alto número de bactérias nas lesões) - Em indivíduos saudáveis, os macrófagos são capazes de eliminar os bacilos PATOGÊNESE DA TUBERCULOSE: - Os tubérculos em formato de bacilos que chegam no alvéolo pulmonar são ingeridos pelos macrófagos, mas alguns irão sobreviver; A partir daí a infecção estará presente. - Os tubérculos que irão se multiplicar nos macrófagos causam uma resposta quimiotática que atrairá macrófagos adicionais + outras células de defesa. - Esses celulares que chegaram a mais vão formar uma parede ao redor dos bacilos, um tubérculo inicial. - A maioria dos macrófagos que estão ao redor não conseguem destruir a bactéria, porém eles liberam enzimas e citocinas que causam uma lesão pulmonar inflamatória - Após algumas semanas os sintomas começam a aparecer à medida que muitos macrófagos morrem, liberando os tubérculos. - Muitos bacilos permanecem dormentes e servem de base para uma reativação posterior da doença. A doença pode ser interrompida nestes estágios e as lesões tornam-se calcificadas. - Em alguns indivíduos, os sintomas surgem quando o tubérculo está maduro e formado. A doença irá progredir à medida que o centro caseoso aumenta (liquefação). - Com os centros caseosos agora aumentados forma uma cavidade cheia de ar, na qual os bacilos aeróbios irão se multiplicar fora do macrófago. - A liquefação continua até o tubérculo se romper, permitindo que os bacilos sejam liberados e atinjam os bronquíolos e se disseminem para o sistema circulatório e linfático. FISIOPATOLOGIA DA TUBERCULOSE - Pode ocorrer 3 estágios: infecção primária, latente e ativa. 1. Infecção primária - Não é transmissível - Ocorre nas primeiras semanas após a infecção - Corresponde as fases de recrutamento de linfócitos para formação de tubérculos (há formação de tubérculos) - Geralmente essa fase de infecção primária é assintomática - Se for sintomático será como um resfriado - Se o paciente for sadio há eliminação da bactéria do sistema Obs.: os tubérculos são pequenas lesões que consistem em tecido morto que pode ou não conter o M. Tuberculosis. Podem ter centros caseosos ou necróticos. - Disseminação hematogênica: os macrófagos infectados podem sair das vias aéreas e ir para os linfonodos. A disseminação não ocorrerá em indivíduos com sistema imune íntegro ou vacinados. 2. Infecção latente - Ocorre após a infecção primaria - Os bacilos irão ficar dentro dos tubérculos que podem ter centros caseosos ou necróticos. - Podem viver lá durantes anos 3. Infecção ativa: - é quando ocorre a transmissão - Pessoas saudáveis tem 5-10% de desenvolver a doença ativa - Locais de reativação frequente: lóbulos pulmonares (onde há alta concentração de O2) - Algumas doenças que facilitam a reativação de Tuberculose: AIDS, Diabetes, Câncer de cabeça e pescoço, imunossupressores etc. SINTOMAS DA TUBERCULOSE: - Na tuberculose ativa o paciente pode não apresentar sintomas (única queixa é de não se sentir bem) - Fadiga, anorexia, tosse (podendo vir acompanhada de escarro amarelo ou verde) - Suor noturno (sintoma clássico) - Febre baixa - Hemoptise: é a expectoração de sangue advindo dos pulmões, traqueias e brônquios Obs.: só ocorre em tuberculose cavitaria DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE 1. Através de radiologia de tórax: percebe-se opacidade heterogêneas no campo superior de ambos os pulmões com cavitações. 2. Diagnóstico por cultura e teste de escarro 3. PPD (teste tuberculínico): - Irá ser injetado de modo intradérmico uma injeção de tuberculina, há a formação de pápula de inoculação e irá ser conferido o diâmetro da pápula. - O diâmetro é medido 48-72h após o inóculo da tuberculina a) 5mm: paciente com alto risco de desenvolver tuberculose ativa b) 10mm: paciente com algum fator de risco (associação com outras doenças ou situações de exposição como: morador de rua, usuário de droga) c) 15mm: paciente sem risco - Pode ser positivo tanto na infecção latente quanto na ativa, porém não é possível distinguir uma da outra. TRATAMENTO: Tratamento quimioterápico: - Visto que por conta da liquefação os tubérculos estão em condições ideais (boa oferta de oxigênio, Ph neutro, e presença de substâncias nutrientes), eles possuem um crescimento rápido. - é sugerido tratamento com Rifampicina, Etambutol, Pirazinamida e Isoniazida - Todos os casos novos e não tratados devem receber tratamentos de 2 meses inicialmente + 4-7 meses de manutenção Tratamento lento: - O metabolismo do bacilo para construir a capsula torna-se a multiplicação lenta - Medicamentos não irão penetrar na cápsula - Quanto mais lento o metabolismo = mais lento a ação de medicamentos - Infecção, sem doença e sem atividade dos bacilos evolui para cronicidade da doença, ou seja, maior tempo de tratamento PREVENÇÃO – VACINAÇÃO - Vacina BCG (dose única ao nascer) - Possui eficácia de 50% - Reduz a taxa de tuberculose extratorácica em crianças e meningite por tuberculose Constituição da vacina é da Mycobacterium bovis com virulência atenuada · HANSENÍASE - A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae - São gram-positivas e contém cápsula - São bacilos aeróbios que podem ser encontrados individualmente, unidos paralelamente ou em massas globulosas. - São ácidos resistentes (menos que a m. tuberculosis) - Gobi: são as massas de m. leprae - é a única bactéria que cresce no sistema nervoso periférico - Temperatura ótima de crescimento é de 30ºC - Tem preferência por partes frias do corpo, ou seja, partes mais externas (ex. pé/mão) - Sobrevive à ingestão pelos macrófagos e depois invadem as células da bainha de mielina do SNP PATOLOGIA DA HANSENÍASE - é uma doença granulomatosa crônica que ocorre primariamente na pele e acomete os nervos periféricos e mucosa nasal - O período de incubação é de 3-15 anos - Fonte da infecção: corrimento nasal e lesões da pele - Porta de entrada: a) inalação do aerossol infectado b) contato com pele danificada c) contato prolongado com paciente infectado - O principal alvo da M. leprae são as células de Schwann (acarreta dano nos nervos causando manifestações da hanseníase – paralisia muscular) SINAIS E SINTOMAS - As manchas não doem, não incomodam, nem coçam - Pode ocorrer queda de pelos - Sensação de formigamento e dormência - Se queimar ou se cortar e não sentir, visto que a o micróbio da hanseníase destrói as terminações nervosas próximas da pele CLASSIFICAÇÃO DA HANSENÍASE - O tipo de doença é um reflexo da resposta do sistema imune do hospedeiro - A demora na hipersensibilidade determina o tipo de resposta da infecção 1. Lepromatosa 2. Tuberculóide 3. Dimórfico 4. Indeterminada 1. Lepromatosa - é a forma progressiva da lepra (a progressão é imprevisível) - As células da pele são infectadas e nódulos desfigurantes se formam pelo corpo - Possui pouquíssima ou nenhuma resposta celular - A membrana do nariz é comumente afetada, causando “face de leão” - Deformação na mão em forma de garra ou necrose 2. Tuberculoide - Possui intensa resposta imune celular - Ocorre em pessoas com sistema imune eficaz - é a forma neural da doença - Ocorre danificação das células de schwann Características: - áreas da pele que perderam a sensibilidade - Há presença de manchas avermelhadas ou esbranquiçadas - A mancha é circundada por borda com nódulos - Não é contagiosa3. Dimórfico (borderline) - Forma intermediaria resultante de uma resposta celular presente, mas pouco eficaz - Possui grande números de lesões - Clinicamente lembra a forma tuberculóide, mas bacteriologicamente lembra a lepromatosa 4. Indeterminada: - é o início da reação de instabilidade do tecido - Não dá para caracterizar se é lepromatosa ou tuberculóide - Pode acabar progredindo ou não DIAGNÓSTICO: É feito através de exame microscópico de amostras de biópsia da pele, é sugerido pela presença de lesões cutâneas e neuropatia periférica. TRATAMENTO: - Esquema de multidrogas a longo prazo (dapsona + rifampicina + clofazimina) - Os antibióticos interrompem a progressão da doença - O tratamento não reverterá os danos causados nos nervos e nem as deformidades Obs.: Paubacilar: menor ou igual à 5 lesões na pele sem detecção da bactéria Multibacilar: maior que 6 lesões na pele + detecção da bactéria · DIFTERIA - Causada pela bactéria aeróbia: Corynebacterium diphteriae - é um bastonete gram-positivo não formador de esporos - Possui morfologia pleomórfica (frequentemente claviforme - não se cora uniformemente) - é uma doença infecciosa de crianças e adultos não vacinados - Reservatório principal é o próprio doente ou portador assintomático PATOLOGIA DA DIFTERIA: - é uma doença toxi-infecciosa aguda, contagiosa e potencialmente letal - Aloja-se nas amígdalas, faringe, laringe, nariz (trato respiratório superior) e eventualmente em outras mucosas e pele - Membrana diftérica: é uma membrana cinzenta rígida que se forma na garganta Obs.: essa membrana contém fibrinas + tecido morto + células bacterianas + edema o que acaba bloqueando completamente a passagem de ar para os pulmões TOXINA DIFTÉRICA - As bactérias sofrem infecção por um fago lisogênico que produz uma exotoxina potente - A toxina diftérica viaja no sangue e inibe a síntese proteica Obs.: ela alcançará órgãos como coração e rim (altamente sensíveis) e a doença se torna rapidamente fatal. Quando a toxina alcança os nervos, causará paralisia parcial. PATOGÊNESE: - é baseada em dois determinantes primários: 1. capacidade da cepa C. diphteriae colonizar a cavidade nasofaríngea ou pele 2. capacidade de produzir a toxina diftérica Fase inicial (faringite): dor de garganta, febre baixa, edema de garganta com pescoço inchado, náusea, vomito, calafrios, cefaleia Fase tardia: obstrução de ar e dificuldade de respirar - A membrana nas tonsilas irá se estender para faringe, laringe e brônquios e por conta do deslocamento da membrana ocorrerá a obstrução de ar. · DIFTERIA CUTÂNEA - Forma em que a bactéria infecta a pele, geralmente em ferimento ou lesão similar - Há circulação sistêmica mínima da toxina e ulcerações de cura lenta recobertas por machas acinzentadas - Dor, sensibilidade, eritrema e exsudato são típicos - Se for produzido exotoxinas, as lesões podem ser numerosas - Infecção concomitantemente: quando há infecção da pele e nasofaríngea ao mesmo tempo. Obs.: ela ocorre por inoculação direta ou indireta, muitas vezes a partir de lesões cutâneas crônicas preexistentes. COMPLICAÇÕES: - As principais são cardíacas e neurológicas Cardíaca: - Miocardite, podendo aparecer a qualquer momento - Risco de toxicidade está relacionado ao grau de infecção - Dissociação ventricular, bloqueio completo e arritmia ventricular (causando alta taxa de mortalidade) - Insuficiência cardíaca Neurológica: (não é muito comum - estão associados à pacientes com difteria respiratória grave) - Afeta nervos cranianos e periféricos DIAGNÓSTICO: - Aparecimento de membrana acinzentada - Coloração de Gram (material colhido abaixo da membrana ou removendo uma porção) - Teste de Elek: serve para diferenciar cepas produtoras de toxinas não produtoras - Com a toxina utilizamos o PCR para descobrir o gene da toxina TRATAMENTO: - O paciente sintomático deve ser hospitalizado (UTI) para monitorar complicações respiratórias e cardíacas Antitoxina diftérica: - Ela é administrada antes da confirmação por cultura - Há um teste anterior para excluir possível hipersensibilidade (a antitoxina é produzida em cavalos) - Administração intramuscular ou intravenosa Antibióticos: - Uso de vancomicina e linezolida (se bactéria apresentar resistência ao antibiótico) - Uso de Penicilina G pracaína ou eritromicina (40mg/kg/dia) /injetável Difteria cutânea: antibiótico + limpeza do local com água e sabão PREVENÇÃO: - Vacina contra a toxina diftérica - Em crianças: vacina em combinação contra Difteria, tétano e coqueluche (tríplice) - Em adolescentes/adultos: vacina contra tétano e difteria
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