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1. Pacote Anticrime - Legislação Penal Extravagante

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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alterações no Estatuto do Desarmamento 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes, entre as quais 
podemos destacar a Lei n. 10.826/03 – Estatuto do 
Desarmamento. 
 
 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Manual Caseiro 
Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.br 
PACOTE ANTICRIME – Alterações no Estatuto do Desarmamento – Lei n. 10.826/2003 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações no Estatuto do Desarmamento – Lei n. 10.826/2003 
 
A Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual penal, gerando 
diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse primeiro momento, iremos apontar as 
alterações que foram feitas no Estatuto do Desarmamento. 
Os arts. 16, 17, 18, 20 e 34-A do Estatuto do Desarmamento foram objeto de modificações com o 
advento da Lei n. 13.964/2009, entre elas podemos apontar: 
Previsão de nova forma qualificada para o crime do art. 16; 
Alteração do quantum da pena do art. 17, além da criação de uma figura equiparada; 
Alteração do quantum da pena do art. 18, além da criação de uma figura equiparada; 
Previsão de nova causa de aumento de pena ao teor do art. 20, antes inexistente. 
E por fim, consagra novo dispositivo legal – o art. 34-A. 
As alterações em comento tratam-se de novatio legis in pejus1, ou seja, são normas penais que 
prejudicam a situação do acusado/réu, razão pela qual deve respeitar a regra constitucional-penal da 
irretroatividade da lei penal prejudicial. 
Além disso, cumpre recordarmos que a Lei n. 13.964/2019 trouxe um prazo de vocatio legis de 30 
dias. 
Passaremos a análise pontual de cada dispositivo legal que foi objeto de alteração, trazendo o antigo 
e novo cenário da legislação em estudo. 
 
 
 
 
 
1 O fenômeno jurídico da novatio legis in pejus refere-se à lei nova mais severa do que a anterior. Ante o princípio da retroatividade 
da lei penal benigna, a novatio legis in pejus não tem aplicação na esfera penal brasileira. 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações no Estatuto do Desarmamento – Lei n. 10.826/2003 
 
Art. 16, §2°: NOVA FORMA QUALIFICADA – Envolvimento com arma de uso de fogo proibido 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que 
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou 
munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
§ 2° Se as condutas descritas no caput e no § 1o deste artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a 
pena é de reclusão, de 4 a 12 anos. 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, 
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda 
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, 
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, 
sem autorização e em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 
6 (seis) anos, e multa. 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, 
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda 
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, 
acessório ou munição de uso restrito, sem 
autorização e em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem: 
§ 2° Se as condutas descritas no caput e no §1° 
envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena 
é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. 
 
O §2°, do art. 16 do Estatuto do Desarmamento após a alteração ocasionada pelo pacote anticrime 
passou a prevê uma forma qualificada para a prática do delito até então inexistente. 
Dessa forma, atualmente, se as condutas criminosas do caput, bem como, do §1° envolverem arma 
de fogo de uso proibido, a pena do delito que é de 3 a 6 anos, e multa, passa a ser de 4 a 12 anos. 
Cumpre recordarmos que, qualificadora é qualquer previsão feita pelo legislador de forma que a pena 
mínima ou máxima de um determinado tipo penal seja aumentada em um tipo derivado, chamado tipo 
qualificado. O tipo qualificado traz uma circunstância a mais, um elemento mais grave que o tipo original. 
Em razão dessa maior gravidade, a pena prevista para o delito é aumentada. 
As qualificadoras não devem ser confundidas com as causas de aumento, isso porque a qualificadora 
altera as penas mínima e máxima do tipo, além de trazer novas elementares para o tipo, caracterizado por ser 
um tipo derivado autônomo ou independente. Assim, sua análise será na primeira fase da dosimetria da pena 
(pena base). 
Já as causas de aumento, aplicam-se uma fração à sanção estabelecida no tipo penal e, 
consequentemente, deve ser levada em consideração na 3ª fase da dosimetria da pena. Ao contrário do que 
visto na parte voltada para as qualificadoras, as majorantes não estabelecem novos elementos no tipo penal, 
apenas trazem algumas circunstâncias que implicam no aumento da pena. 
 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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Art. 17: AUMENTO DA PENA-BASE E CRIAÇÃO DE FIGURA EQUIPARADA 
Art. 17. Pena - reclusão, de 6 a 12 anos, e multa. 
§ 2° Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, 
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Art.17. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e 
multa. 
Art. 17. Pena - reclusão, de 6 a 12 anos, e multa. 
 
Sem dispositivo correspondente. § 2° Incorre na mesma pena quem vende ou 
entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização ou em desacordo com a 
determinação legal ou regulamentar, a agente 
policial disfarçado, quando presentes elementos 
probatórios razoáveis de conduta criminal 
preexistente. 
 
O delito do art. 17 teve seu quantum da pena alterado. A pena que antes era de 4 a 8 anos, agora será 
de 6 a 12 anos. 
Trata-se de uma novatio legis in pejus, devendo respeitar a irretroatividade da lei penal prejudicial. 
Além disso, o tipo penal passou a contar com uma figura equiparada. 
Assim, incorrerá nas mesmas penas quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando 
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. 
 
 
Art. 18: AUMENTO DA PENA-BASE E CRIAÇÃO DE FIGURA EQUIPARADA 
Art. 18. Pena - reclusão, de 8 a 16 anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, 
em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado, 
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Art. 18. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e 
multa. 
Art. 18. 
Pena - reclusão,de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, 
e multa. 
Sem dispositivo correspondente. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem 
vende ou entrega arma de fogo, acessório ou 
munição, em operação de importação, sem 
autorização da autoridade competente, a agente 
policial disfarçado, quando presentes elementos 
probatórios razoáveis de conduta criminal 
preexistente. 
 
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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De forma semelhante ao art. 17, o art. 18 teve sua pena-base aumentada e passou a prevê uma figura 
criminosa equiparada. 
A pena-base mínima e máxima foram duplicadas em seu patamar. Antes da alteração a pena era de 4 
a 8 anos, e multa. Agora, após a alteração passou a ser de 8 a 16 anos, e multa. 
Trata-se de evidente novatio legis in pejus, devendo respeitar a irretroatividade da lei penal 
prejudicial. 
Além disso, o tipo penal passou a contar com uma figura equiparada. 
Nos moldes do parágrafo único, incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, 
acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente 
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. 
 
 
Art. 20: NOVA CAUSA DE AUMENTO 
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade (1/2) se: 
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6°, 7° e 8° desta Lei; ou II 
- o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 
e 18, a pena é aumentada da metade se forem 
praticados por integrante dos órgãos e empresas 
referidas nos arts. 6°, 7° e 8° desta Lei. 
Art. 20. Nos crimes previstos nos art. 14, 15, 16, 
17 e 18, a pena é aumentada da metade se: 
I - forem praticados por integrante dos órgãos e 
empresas referidas nos art. 6°, 7° e 8° desta lei; 
ou 
Sem dispositivo correspondente. II - o agente for reincidente específico em crimes 
dessa natureza. 
 
Conforme a nova redação, a pena passará a ser aumentada da metade também, se o agente for 
reincidente específico em crimes dessa natureza. 
Até o advento do pacote anticrime a circunstância em comento não era causa de aumento de pena. 
Dessa forma, contemplamos que a legislação passou a prevê uma nova causa de aumento. 
Trata-se de evidente novatio legis in pejus, devendo respeitar a irretroatividade da lei penal 
prejudicial. 
 
 
Art. 34-A: NOVO DISPOSITIVO LEGAL 
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados no Banco Nacional de 
Perfis Balísticos. 
§ 1° O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar 
características de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados por arma de 
fogo. 
§ 2° O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pelos registros de elementos de munição 
deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apurações criminais 
federais, estaduais e distritais. 
§ 3° O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela unidade oficial de perícia criminal. 
§ 4° Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir 
ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil, 
penal e administrativamente. 
§ 5° É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. 
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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§ 6° A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato 
do Poder Executivo federal. 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Sem dispositivo correspondente. Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de 
registros balísticos serão armazenados no Banco 
Nacional de Perfis Balísticos. 
§ 1° O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem 
como objetivo cadastrar armas de fogo e 
armazenar características de classe e 
individualizadoras de projéteis e de estojos de 
munição deflagrados por arma de fogo. 
§ 2° O Banco Nacional de Perfis Balísticos será 
constituído pelos registros de elementos de 
munição deflagrados por armas de fogo 
relacionados a crimes, para subsidiar ações 
destinadas às apurações criminais federais, 
estaduais e distritais. 
§ 3° O Banco Nacional de Perfis Balísticos será 
gerido pela unidade oficial de perícia criminal. 
§ 4° Os dados constantes do Banco Nacional de 
Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele 
que permitir ou promover sua utilização para 
fins diversos dos previstos nesta Lei ou em 
decisão judicial responderá civil, penal e 
administrativamente. 
§ 5° É vedada a comercialização, total ou parcial, 
da base de dados do Banco Nacional de Perfis 
Balísticos. 
§ 6°A formação, a gestão e o acesso ao Banco 
Nacional de Perfis Balísticos serão 
regulamentados em ato do Poder Executivo 
Federal. 
 
 
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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Alterações na Lei dos Crimes Hediondos 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes, entre as quais 
podemos destacar a Lei n. 8.072/90 – Lei dos 
Crimes Hediondos. 
 
 
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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Manual Caseiro 
Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.br 
PACOTE ANTICRIME – Alterações na Lei dos Crimes Hediondos– Lei n. 8.072/90. 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações na Lei dos Crimes Hediondos – Lei n. 8.072/1990 
 
A Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual penal, gerando 
diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos apontar as alterações 
que foram produzidas na Lei dos Crimes Hediondos – Lei n. 8.072/1990. 
Crimes hediondos são crimes que o legislador considerou especialmente repulsivos e que, por essa 
razão, recebem tratamento penal e processual penal mais gravoso que os demais delitos, essa é a noção 
simplista que temos sobre os crimes hediondos. Contudo, existem determinados crimes que são também 
repulsivos e não são considerados hediondos, qual a razão jurídica disso? 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro adotou o sistema legal de definição dos crimes hediondos. Isso 
significa que é a lei quem define, de forma exaustiva (taxativa, numerus clausus), quais são os crimes 
hediondos. Esta lei é a de nº 8.072/90, conhecida como Lei dos Crimes Hediondos. 
Dessa forma, somente é considerado hediondo aqueles crimes que a lei assim definir, leia-se, 
classificar como hediondo. A Lei n.º 8.072/90 traz, em seu art. 1º, o rol dos crimes hediondos. 
E o que fez o pacote anticrime em relação aos crimes hediondos? Alterou a redação do art. 1°, e 
parágrafo único da Lei nº 8.072/90 prevendo que também é considerado como crime hediondo uma série de 
outros crimes que até então não eram considerados hediondos. Assim, ampliou de forma significativa o rol 
dos crimes considerados hediondos. 
Nesse contexto, passam a ser considerados hediondos os crimes de: roubo com restrição de liberdade 
da vítima; roubo com uso de arma de fogo de uso proibido ou restrito; roubo queresulte em lesão corporal 
grave da vítima; extorsão com restrição de liberdade da vítima ou lesão corporal grave; furto com uso de 
explosivo; posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido; comércio ou tráfico internacional de arma 
de fogo; organização criminosa para a prática de crime hediondo. 
Além disso, o pacote anticrime retira de crime hediondo a posse ou porte de arma de uso restrito por 
aqueles que não podem fazê-lo. Agora, será hediondo posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido. 
 
 
 
 
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A Lei n.º 13.964/2019 (Pacote Anticrime) revoga o art. 2, § 2° “a progressão de regime, no caso dos 
condenados pelos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado 
for primário, e de 3/5, se reincidente, observado o disposto nos §§ 3° e 4° do art. 112 da Lei no 7.210, de 11 
de julho de 1984 (Lei de Execução Penal)”. O atual regramento passou a ser previsto na LEP – Lei de 
Execução Penal1. 
Por fim, passou a prevê de forma expressa o entendimento do STF, no sentido de que não se considera 
hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 
da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, denominado pela doutrina de “Tráfico Privilegiado”. 
Nesse sentido, a Jurisprudência: 
Tráfico privilegiado não é hediondo (cancelamento da Súmula 512-STJ) 
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), não deve 
ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado 
em 23/6/2016 (Info 831). O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 
11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da 
Súmula do Superior Tribunal de Justiça. STJ. 3ª Seção. Pet 11796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595). O que dizia a Súmula 512-STJ: "A aplicação da 
causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime 
de tráfico de drogas." 
 
 
1 “Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, 
a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: 
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave 
ameaça; 
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; 
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou 
grave ameaça; 
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; 
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; 
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento 
condicional; 
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime 
hediondo ou equiparado; ou 
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; 
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; 
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, 
vedado o livramento condicional. 
 
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo 
diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. 
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério 
Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de 
penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. 
 
 
 
 
 
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Cumpre destacarmos que as alterações em comento tratam-se de novatio legis in pejus2, ou seja, são 
normas penais que prejudicam a situação do acusado/réu, isto porque ampliou de forma significativa o rol 
dos crimes hediondos. Em se tratando de novatio legis in pejus, deve respeitar a regra constitucional-penal 
da irretroatividade da lei penal prejudicial. 
Nessa perspectiva, a regra da retroatividade benéfica ou irretroatividade prejudicial trata-se de uma 
garantia fundamental, albergada na Constituição de 1988, no inciso XL do art. 5°, o qual dispõe que “a lei 
penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Esse é também o conceito que se contém no âmbito 
normativo internacional, valendo registrar, nesse sentido, que a Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), em seu art. 9. Vejamos: 
Artigo 9° - Princípio da legalidade e da retroatividade 
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não 
constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder- se-á impor pena mais grave do que a 
aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição 
de pena mais leve, o deliquente deverá dela beneficiar-se. 
 
Por fim, destaca-se que a Lei n. 13.964/2019 trouxe um prazo de vocatio legis de 30 dias. 
Passaremos a análise pontual de cada dispositivo legal que foi objeto de alteração, trazendo o antigo 
e novo cenário da legislação em estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 O fenômeno jurídico da novatio legis in pejus refere-se à lei nova mais severa do que a anterior. Ante o princípio da retroatividade 
da lei penal benigna, a novatio legis in pejus não tem aplicação na esfera penal brasileira. 
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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PACOTE ANTICRIME 
Alterações na Lei dos Crimes Hediondos – Lei n. 8.072/1990 
 
Panorama Completo das Alterações 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Art. 1°. 
I – homicídio (art. 121), quando praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente, e homicídio qualificado 
(art. 121, § 2°, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); 
Art. 1°. 
I – homicídio (art. 121), quando praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente, e homicídio qualificado 
(art. 121, § 2°, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e 
VIII3). 
II - latrocínio (art. 157, § 3°, in fine); II – roubo: 
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da 
vítima (art. 157, § 2°, inciso V); 
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo 
(art. 157, § 2°-A, inciso I) ou pelo emprego de 
arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 
157, § 2°-B); 
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave 
ou morte (art. 157, § 3°); 
III – extorsão qualificada pela morte (art. 158, §2°); III – extorsão qualificada pela restrição da 
liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal 
ou morte (art. 158, § 3°); 
Sem dispositivo correspondente. IX – furto qualificado pelo emprego de explosivo 
ou de artefato análogo que cause perigo comum 
(art. 155, § 4°- A). 
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos 
o crime de genocídio previsto nos arts. 1°, 2° e 3° 
da Lei no 2.889, de 1º de outubro de 1956, e o de 
posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso 
restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 
de dezembro de 2003, todos tentados ou 
consumados. 
Parágrafo único.Consideram-se também 
hediondos, tentados ou consumados: 
I – o crime de genocídio, previsto nos arts. 1°, 2° e 
3° da Lei n. 2.889, de 1° de outubro de 1956; 
 
II – o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo 
de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei n. 
10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
Sem dispositivo correspondente. III – o crime de comércio ilegal de armas de fogo 
previsto no art. 17 da Lei n. 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003; 
Sem dispositivo correspondente. IV – o crime de tráfico internacional de arma de 
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da 
Lei n. 10.826, 22 de dezembro de 2003; 
Sem dispositivo correspondente. V – o crime de organização criminosa, quando 
direcionado à prática de crime hediondo ou 
equiparado.” 
 
 
 
3 Vetado. 
 
 
 
 
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Análise Pontual – Alterações na Lei dos Crimes Hediondos – Lei n. 8.072/1990 
 
Art. 1, II da Lei n. 8.072/1990: 
Antes da publicação do pacote anticrime (Lei n. 13.964/2019) somente era considerado hediondo o 
roubo quando qualificado pelo resultado morte, denominado de Latrocínio. 
A Lei n. 13.964/2019 modifica significativamente esse cenário, ampliando as hipóteses legais. Assim, 
no contexto atual será considerado hediondo não apenas o roubo qualificado pelo resultado morte, mas 
também: 
O roubo circunstanciado pela restrição da liberdade da vítima; 
O roubo circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2°-A, inciso I) ou pelo emprego 
de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2°-B); 
O roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave. 
Dessa forma, no cenário atual, são quatro as hipóteses de circunstâncias envolvendo o crime de roubo 
que serão considerados hediondo. Vejamos o quadro comparativo abaixo: 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
II - latrocínio (art. 157, § 3°, in fine); II – roubo: 
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da 
vítima (art. 157, § 2°, inciso V); 
b) circunstanciado pelo emprego de arma de 
fogo (art. 157, § 2°-A, inciso I) ou pelo emprego 
de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 
157, § 2°-B); 
c) qualificado pelo resultado lesão corporal 
grave ou morte (art. 157, § 3°); 
 
Em se tratando de novatio legis in pejus, posto que ampliou as hipóteses em que o crime de roubo 
será considerado hediondo, deve respeitar a regra constitucional-penal da irretroatividade da lei penal 
prejudicial. 
 
Art. 1, III da Lei n. 8.072/1990: 
De forma semelhante ao que aconteceu como crime de roubo, em que tínhamos apenas uma 
circunstância em que o crime era considerado hediondo – extorsão qualificada pela morte –, o crime de 
 
 
 
 
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extorsão que até o presente momento só seria considerado crime hediondo quando qualificada pela morte, 
com a nova redação trazida pelo pacote anticrime, passa a ser também considerado crime hediondo: 
A extorsão qualificada pela restrição da liberdade; 
A extorsão com ocorrência de lesão corporal; 
E por fim, a extorsão com ocorrência morte (já previsto). 
Dessa forma, no cenário atual, são três as hipóteses de circunstâncias envolvendo o crime de roubo 
que serão considerados hediondo. Vejamos o quadro comparativo abaixo: 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
III – extorsão qualificada pela morte (art. 158, §2°); III – extorsão qualificada pela restrição da 
liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal 
ou morte (art. 158, § 3°); 
 
Em se tratando de novatio legis in pejus, posto que ampliou as hipóteses em que o crime de extorsão 
será considerado hediondo, deve respeitar a regra constitucional-penal da irretroatividade da lei penal 
prejudicial. 
 
Art. 1, IX da Lei n. 8.072/1990: 
Conforme apontamos nas considerações iniciais, a principal modificação na Lei dos Crimes 
Hediondos ocasionada pelo Pacote Anticrime foi a ampliação do rol dos crimes considerados hediondos. 
Alguns deles, como, por exemplo, o roubo e a extorsão qualificada pela morte já eram hediondos, passando 
a ser também em outras situações. 
No crime de furto, por sua vez, não tínhamos nenhum dispositivo correspondente. Assim, o furto não 
era considerado crime hediondo em nenhuma situação, seja na forma simples ou qualificada. 
Contudo, com o advento da Lei n.º 13.964/2019 (Pacote Anticrime), passa a ser considerado hediondo 
o furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 
4°- A). 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Sem dispositivo correspondente. IX – furto qualificado pelo emprego de explosivo 
ou de artefato análogo que cause perigo comum 
(art. 155, § 4°- A). 
 
 
 
 
 
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Alguns doutrinadores já expressaram suas críticas referente ao dispositivo legal em comento, posto 
que o roubo, em situação semelhante, não foi capitulado como hediondo. Dessa forma, apontam uma patente 
violação ao princípio da proporcionalidade. 
Em se tratando de novatio legis in pejus, posto que passou a considerar hediondo um crime que não 
era capitulado como tal, deve respeitar a regra constitucional-penal da irretroatividade da lei penal 
prejudicial. 
 
Art. 1, parágrafo único, I e II da Lei n. 8.072/1990: 
O pacote anticrime retira de crime hediondo a posse ou porte de arma de uso restrito por aqueles 
que não podem fazê-lo. Agora, será hediondo posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido. 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos 
o crime de genocídio previsto nos arts. 1°, 2° e 3° da 
Lei no 2.889, de 1º de outubro de 1956, e o de posse 
ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, 
previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. 
Parágrafo único. Consideram-se também 
hediondos, tentados ou consumados: 
I – o crime de genocídio, previsto nos arts. 1°, 2° e 
3° da Lei n. 2.889, de 1° de outubro de 1956; 
 
II – o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo 
de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei n. 
10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
 
Art. 1, parágrafo único, III da Lei n. 8.072/1990: 
O pacote anticrime (Lei n. 13.964/2019) alterou a redação do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 
8.072/90 prevendo que também é considerado como crime hediondo o crime de comércio ilegal de armas de 
fogo previsto no art. 17 da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003. 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Sem dispositivo correspondente. III – o crime de comércio ilegal de armas de fogo 
previsto no art. 17 da Lei n. 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003; 
 
Comércio ilegal de arma de fogo 
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, 
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
 
 
 
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Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de 
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. 
Em se tratando de novatio legis in pejus, posto que passou a considerar hediondo um crime que não 
era capitulado como tal, deve respeitar a regra constitucional-penal da irretroatividade da lei penal 
prejudicial. 
Art. 1, parágrafo único, IV da Lei n. 8.072/1990: 
Opacote anticrime (Lei n. 13.964/2019) alterou a redação do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 
8.072/90 prevendo que também é considerado como crime hediondo o crime de tráfico internacional de 
arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei n. 10.826, 22 de dezembro de 2003. 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Sem dispositivo correspondente. IV – o crime de tráfico internacional de arma de 
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 
da Lei n. 10.826, 22 de dezembro de 2003; 
 
Tráfico internacional de arma de fogo 
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de 
fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: 
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Em se tratando de novatio legis in pejus, posto que passou a considerar hediondo um crime que não 
era capitulado como tal, deve respeitar a regra constitucional-penal da irretroatividade da lei penal 
prejudicial. 
Art. 1, parágrafo único, V da Lei n. 8.072/1990: 
 
O pacote anticrime (Lei n. 13.964/2019) alterou a redação do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 
8.072/90 prevendo que também é considerado como crime hediondo o crime de organização criminosa, 
quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Sem dispositivo correspondente. V – o crime de organização criminosa, quando 
direcionado à prática de crime hediondo ou 
equiparado.” 
 
 
 
 
 
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Em se tratando de novatio legis in pejus, posto que passou a considerar hediondo um crime que não 
era capitulado como tal, deve respeitar a regra constitucional-penal da irretroatividade da lei penal 
prejudicial. 
 
 
 
 
 
 
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Alterações na Lei de Lavagem de Capitais 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes, entre as quais 
podemos destacar a Lei n. 9.613/98 – Lei de 
Lavagem de Capitais 
 
 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.br 
PACOTE ANTICRIME – Alterações na Lei de Lavagem de Capitais – Lei n. 9.613/1998. 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações na Lei de Lavagem de Capitais – Lei n. 9.613/1998 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos apontar 
as alterações que foram produzidas na Lei de Lavagem de Capitais – Lei n. 9.613/1998. 
O que fez o pacote anticrime em relação a Lei de Lavagem de Capitais? Alterou a redação do art. 
1°, incluindo o §6°, passando a prevê de forma expressa a possibilidade de utilização dos meios de obtenção 
de prova (técnicas especiais de investigação) – ação controlada e da infiltração de agentes – nos crimes 
praticados em seu âmbito, ou seja, no crime de Lavagem de Capitais. 
Vejamos: 
Lei n. 13.964/2019, Art. 8º. O art. 1º da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, passa a vigorar acrescido 
do seguinte § 6º: 
“Art. 1º 
.................................................................................................................................................. 
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admite-se a utilização da ação 
controlada e da infiltração de agentes.” (NR) 
 
Nesse contexto, importante recordarmos a compreensão dos institutos jurídicos em comento – ação 
controlada e infiltração de agentes. 
Se a autoridade (seja ela policial ou administrativa) constatar que existe uma infração penal em curso, 
ela deverá tomar as providências necessárias para que esta prática cesse imediatamente, devendo até mesmo 
realizar a prisão da pessoa que se encontre em flagrante delito. 
 
 
 
 
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A experiência demonstrou, contudo, que, em algumas oportunidades, é mais interessante, sob o ponto 
de vista da investigação, que a autoridade aguarde um pouco antes de intervir imediatamente e prender o 
agente que está praticando o ilícito. Isso ocorre porque em determinados casos se a autoridade esperar um 
pouco mais, retardando o flagrante, poderá descobrir outras pessoas envolvidas na prática da infração penal, 
reunir provas mais robustas, conseguir recuperar o produto ou proveito do crime, enfim obter maiores 
vantagens para a persecução penal. 
O exemplo típico desta técnica de investigação é o caso do tráfico de drogas. Imagine que a polícia 
descubra que determinado passageiro irá embarcar uma grande quantidade de droga em uma barco que 
seguirá de um Estado para outro. A polícia poderia prender o traficante no instante em que este estivesse 
embarcando o entorpecente, ou ainda, no momento do transporte. Entretanto, revela-se mais conveniente à 
investigação que a autoridade policial aguarde até que o agente chegue ao seu destino onde poderá descobrir 
e prender também o destinatário da droga. Este modo de proceder é chamado de “ação controlada”. 
Nessa perspectiva, o art. 8° da Lei n. 12.850/2013, assim define: 
Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à 
ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob 
observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais 
eficaz à formação de provas e obtenção de informações (art. 8°, Lei n. 12.850/2013). 
 
Nas lições do Professor Rogério Sanches, na ação controlada, ao invés de agir de pronto, o agente 
público aguarda o momento oportuno para atuar, a fim de obter, com esse retardamento, um resultado mais 
eficaz em sua diligência. Com essa estratégia, portanto, deixa-se de prender em flagrante o infrator de pronto, 
para, prorrogando-se a ação policial, se obter uma prova mais robusta e mesmo uma diligência mais bem-
sucedida. Daí porque se costuma denominar essa espécie de flagrante como retardado, esperado, diferido ou 
prorrogado. 
Como ensina, outrossim, Eduardo Araújo da Silva, “a prática tem demonstrado que, muitas vezes, é 
estrategicamente mais vantajoso evitar a prisão, num primeiro momento, de integrantes menos influentes de 
uma organização criminosa, para monitorar suas ações e possibilitar a prisão de um número maior de 
integrantes ou mesmo a obtenção de prova em relação a seus superiores na hierarquia da associação”. 
Importante frisarmos que mesmo antes da redação incluída pelo pacote anticrime, já se adotava o 
entendimento da sua admissibilidade, conforme interpretação dada ao art. 4°-B da Lei de Lavagem de 
Capitais. Vejamos: 
 
 
 
 
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Por derradeiro é importante lembrar que também a Lei de Lavagem de Capitais 
(Lei 9.613/98),prevê uma espécie de “ação controlada” no seu artigo 4º-B, que assim 
dispõe: 
“A ordem de prisão de pessoas ou da apreensão ou sequestro de bens, direitos ou valores, 
poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata 
possa comprometer as investigações”. 
 
 Corroborando ao exposto, ensina Renato Brasileiro (Legislação Criminal Especial Comentada, 2019) 
“cuida-se de importante técnica de investigação, prevista expressamente na Lei de Drogas (art. 53, II), na 
Lei de Lavagem de Capitais (art. 4°-B, com redação dada pela Lei n. 12.683/12) e na nova Lei das 
Organizações Criminosas”. 
Além da ação controlada, passou-se a se admitir a infiltração de agentes. 
A infiltração de agentes encontra-se regulamentada ao teor dos art. 10, 11,12, 13 e 14 da Lei de 
Organização Criminosa1. 
A infiltração de agentes consiste em um meio especial de obtenção da prova, por meio do qual, um ou mais 
agentes de polícia, com autorização judicial, ingressa em determinada organização criminosa, forjando a 
condição de integrante, com o objetivo de alcançar informações a respeito de seu funcionamento e de seus 
membros. 
 
1 Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, 
após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa 
autorização judicial, que estabelecerá seus limites. 
§ 1º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. 
§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º e se a prova não puder ser produzida por outros meios 
disponíveis. 
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade. 
§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º , o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério 
Público. 
§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a qualquer 
tempo, relatório da atividade de infiltração. 
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração da 
necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração. 
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou 
identificar o agente que será infiltrado. 
§ 1º As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24 
(vinte e quatro) horas, após manifestação do Ministério Público na hipótese de representação do delegado de polícia, devendo-se adotar as medidas 
necessárias para o êxito das investigações e a segurança do agente infiltrado. 
§ 2º Os autos contendo as informações da operação de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério Público, quando serão disponibilizados à 
defesa, assegurando-se a preservação da identidade do agente. 
§ 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do Ministério Público ou 
pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial. 
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pelos excessos 
praticados. 
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta 
diversa. 
Art. 14. São direitos do agente: 
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; 
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das 
medidas de proteção a testemunhas; 
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais preservadas durante a investigação e o processo criminal, 
salvo se houver decisão judicial em contrário; 
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito. 
 
 
 
 
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 Trata-se de técnica especial de investigação por meio da qual um agente é introduzido 
dissimuladamente em uma organização criminosa, passando a agir como um de seus integrantes, ocultando 
sua verdadeira identidade, com o objetivo precípuo de identificar fontes de prova e obter elementos de 
informação capazes de permitir a desarticulação da referida associação. 
Assim, a infiltração é o procedimento por meio do qual o agente de polícia age como se fosse membro 
da organização criminosa, com o objetivo de colher provas dos crimes cometidos. 
Neste caso é necessária a autorização judicial, decidida mediante requerimento do Ministério Público 
ou representação do Delegado, ouvido o Ministério Público. 
Segundo a doutrina, não se admite a infiltração de particulares. Conforme se pode extrair da redação 
do art. 10 da Lei 12.850 (Lei de Organização Criminosa), é exclusiva de agentes policiais. 
 
Análise Pontual – Alterações na Lei de Lavagem de Capitais – Lei n. 9.613/1998 
 
Art. 1, §6° da Lei n. 9.613/98: 
Antes da publicação do pacote anticrime não havia dispositivo prevendo de forma expressa a 
admissibilidade da ação controlada e da infiltração de agentes nos crimes de lavagem de capitais. 
No novo cenário, essa realidade muda. Atualmente, admite-se expressamente a utilização das técnicas 
especiais de investigação. 
Vejamos: 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Sem dispositivo correspondente. Art. 1° 
.................................................................................. 
§ 6° Para a apuração do crime de que se trata 
este artigo, admite-se a utilização da ação 
controlada e da infiltração de agentes. 
 
 
 
 
 
 
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Alterações na Lei de Drogas 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes, entre as quais 
podemos destacar a Lei n. 11.343/2006 – Lei de 
Drogas. 
 
 
 
 
 
 
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PACOTE ANTICRIME – Alterações na Lei de Drogas – Lei n. 11.343/2006 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações na Lei de Drogas – Lei n. 11.343/2006 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos trabalharcom as alterações que foram produzidas na Lei de Drogas – Lei n. 11.343/2006. 
O que fez o Pacote Anticrime em relação a Lei de Drogas? Acrescentou o inc. IV, ao § 1º do art. 
33, passando a prevê uma nova figura criminosa que se equipara ao tráfico. 
Dessa forma, temos que a Lei n. 13.964/2019 trouxe a criação de figura equiparada ao tráfico de 
drogas (art. 33, §1º, IV): venda ou entrega de drogas a agente policial disfarçado, quando houver provas de 
que a conduta era preexistente ao fato. 
Assim, o Pacote Anticrime passa a considerar também traficante aquele que vende ou entrega drogas 
ou matéria-prima para a preparação de entorpecentes a policial disfarçado, desde que haja elementos 
probatórios de conduta criminal anterior. O objetivo da mudança legislativa é deixar claro que essa conduta 
é considerada criminosa. 
Nesse sentido, vejamos a redação acrescida ao dispositivo legal: 
Lei n. 13.964/2019, Art. 10. O § 1º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, passa a 
vigorar acrescido do seguinte inciso IV: 
 
“Art. 33. 
§1º............................................................................................................................................. 
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à 
preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou 
 
 
 
 
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regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios 
razoáveis de conduta criminal preexistente.” (NR) 
 
Ao tratarmos do novo tipo penal trazido pelo Pacote Anticrime, constatamos a figura do Agente 
Policial Disfarçado. Nessa esteira, trata-se de uma figura jurídica sem precedente no Código de Processo 
Penal e na legislação penal esparsa, o que demanda um estudo atencioso de sua definição para melhor 
compreensão do tema. 
A Lei 13.964/2019 dentre tantas alterações importantíssimas, em algumas passagens, traz a nova figura do 
agente disfarçado que não deve ser confundido com outras técnicas especiais de investigação como agente 
infiltrado ou agente que atua em meio a uma ação controlada1. 
 
À luz das normas contidas na Lei 13.964/2019, pode-se esboçar a definição de agente disfarçado 
como aquele que, ocultando sua real identidade, posiciona-se com aparência de um cidadão comum (não 
chega a infiltrar-se no grupo criminoso) e, partir disso, coleta elementos que indiquem a conduta criminosa 
preexistente do sujeito ativo. O agente disfarçado ora em estudo não se insere no seio do ambiente criminoso 
e tampouco macula a voluntariedade na conduta delitiva do autor dos fatos. 
Vale ressaltar a distinção entre agente disfarçado para o agente provocador feita por Vladimir Aras: 
O agente infiltrado ou o agente disfarçado é alguém que recolhe informações e se relaciona com o suspeito 
sem catalisar condutas criminosas; o agente provocador incita outrem a praticar um crime. Os primeiros são 
legítimos; o segundo é ilegítimo. Assim, a prova produzida a partir da atividade dos agentes infiltrados e 
agentes encobertos (não infiltrados) é admissível em juízo apenas se não tiver havido incitação policial 
ou entrapment. 
E continua explicando o autor: 
Na provocação (entrapment), o agente faz surgir a ideação ou deliberação e leva o suspeito a percorrer todo 
o iter criminis até a execução. A atuação do agente provocador é a verdadeira causa do crime, pois no sujeito 
provocado não existia qualquer vontade primária de praticar o ilícito nem tinha ele o objeto material da conduta 
ilícita. Este sim é um crime impossível, pela intervenção ab initio da força policial, antes da cogitação. Segundo 
o Tribunal Supremo da Espanha a prova assim obtida é ilícita, não existindo nem tipicidade nem culpabilidade. 
Diversamente, na infiltração, nas ações encobertas e nas sting operations legítimas, o dolo já existe, e a vontade 
do suspeito não foi viciada pelo Estado. Os suspeitos já desejavam e planejavam o crime, ou já haviam iniciado 
seus atos preparatórios. 
O agente disfarçado, previsto na Lei 13.964/2019 é uma adequada resposta a atual sofisticação na 
prática de crimes de tráfico de armas e drogas indica que a atuação estatal de enfrentamento a esta 
 
1 Fonte: https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/ 
 
 
 
 
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criminalidade deve aperfeiçoar-se de modo a evitar que a dispersão desses produtos ilícitos seja feita por 
meio de pequenas quantidades. 
Se é verdade que a legislação deve diferenciar adequadamente o grande e o pequeno traficante, não 
há dúvidas que o chamado tráfico formiguinha praticado por um exército de intermediadores do comércio 
ilícito (de armas e drogas), composto por pessoas que levam consigo pequena quantidade de drogas, 
estritamente encomendada pelo consumidor, devem ser alcançadas pela atuação penal de forma eficaz, razão 
pela o legislador lança mão de uma adaptação legislativa capaz de responder a essa nova prática criminosa. 
Para a validade da atuação do agente disfarçado deve haver a demonstração de provas em grau 
suficiente a indicar que o autor realizou antes uma conduta criminosa, circunstância objeto da investigação 
proporcionada pelo disfarce. Há, portanto, uma relação utilitarista-consequencial entres esses elementos 
típicos. A investigação realizada pelo agente disfarçado, em razão da qualificada apreensão de informações 
proporcionada pelo disfarce, colhe elementos probatórios razoáveis acerca da conduta criminosa 
preexistente. 
Caso a investigação descarte a conduta criminosa preexistente, ou seja, caso revele tratar-se de 
vendedor casual dos produtos ilícitos, não será possível responder pelos crimes especiais criados pela Lei 
13.964/2019. Essa observação é crucial para compreender o instituto como uma aposta na atuação 
profissional dos investigadores policiais e não simplesmente como um expediente capaz de levar ao 
alargamento de prisões de pessoas desvinculadas da prática de crimes. 
São esses elementos probatórios que, ao cabo, dão sustentação ao recorte feito pelo legislador e 
permitem a caracterização do crime sem que possa falar em flagrante preparado, além de assegurar que a 
conduta criminosa foi praticada de forma voluntária, livre e consciente. Dito de outra forma, são essas provas 
que asseguram que a participação do agente disfarçado é neutra, quase um indiferente causal à prática delitiva 
Assim, quando um policial anonimamente tenta adquirir drogas de um usuário, que, exclusivamente 
em razão desse ato, obtém e repassa a substância ao proponente, resta caracterizada uma obra fruto de um 
agente provocador e consequentemente um caso de flagrante provocado. 
Contudo, caso um policial disfarçado realize um prévio levantamento investigativo que indique que 
determinada pessoa exerce função de vendedor de drogas em pequenas quantidades, sem que as mantenha 
consigo antes das propostas de compras, e realize com ela uma negociação pela substância, poderá, no 
momento da venda ou da entrega, efetuar sua prisão porque o crime, neste instante, resta caracterizado ante 
a realização dos elementos específicos do tipo, ainda que criminoso mantenha com ele exclusivamente a 
exata quantia de drogas comercializada. Observe-se que neste caso, não fosse a nova figura delitiva em estudo 
com participação do agente disfarçado, não seria possível a prisão do traficante pelos demais núcleos verbais 
vez que restariam descaracterizadas a voluntariedade acerca da posse da droga envolvida na comercialização. 
 
 
 
 
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Cumpre destacarmos ainda que a alteração produzida na Lei de Drogas trata-sede novatio legis in 
pejus2, ou seja, refere-se a norma penal que prejudica a situação do acusado/réu, isto porque criou uma nova 
figura criminosa que se equipara ao tráfico, até então inexistente. Em se tratando de novatio legis in pejus, 
deve respeitar a regra constitucional-penal da irretroatividade da lei penal prejudicial. 
Nessa perspectiva, a regra da retroatividade benéfica ou irretroatividade prejudicial trata-se de uma 
garantia fundamental, albergada na Constituição de 1988, no inciso XL do art. 5°, o qual dispõe que “a lei 
penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Esse é também o conceito que se contém no âmbito 
normativo internacional, valendo registrar, nesse sentido, que a Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), em seu art. 9. Vejamos: 
Artigo 9° - Princípio da legalidade e da retroatividade 
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não 
constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder- se-á impor pena mais grave do que a 
aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição 
de pena mais leve, o deliquente deverá dela beneficiar-se. 
 
Por fim, e não menos importante, destaca-se que a Lei n. 13.964/2019 trouxe um prazo de vocatio 
legis de 30 dias. 
 
 
Análise Pontual – Alterações na Lei de Drogas – Lei n. 11.343/2006. 
 
Art. 33, §1°, IV da Lei n. 11.343/2006: 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Sem dispositivo correspondente. Art. 33 
§1°............................................................................ 
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, 
insumo ou produto químico destinado à 
preparação de drogas, sem autorização ou em 
desacordo com a determinação legal ou 
regulamentar, a agente policial disfarçado, 
quando presentes elementos probatórios 
razoáveis de conduta criminal preexistente. 
 
 
2 O fenômeno jurídico da novatio legis in pejus refere-se à lei nova mais severa do que a anterior. Ante o princípio da retroatividade 
da lei penal benigna, a novatio legis in pejus não tem aplicação na esfera penal brasileira. 
 
 
 
 
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Alterações na Lei de Interceptações Telefônicas 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes, entre as quais 
podemos destacar a Lei n°. 9.296/96 –
Interceptações Telefônicas. 
 
 
 
 
 
 
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PACOTE ANTICRIME – Alterações na Lei de Interceptações Telefônicas – Lei n. 9.296/96. 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
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Alterações na Lei de Interceptações Telefônicas – Lei n. 9.296/96. 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos trabalhar 
com as alterações que foram produzidas na Lei de Interceptações Telefônicas – Lei n. 9.296/96. 
O que fez o Pacote Anticrime em relação a Lei de Interceptações Telefônicas? 
Acrescentou os arts. 8º-A e 10-A, que passou a regulamentar a captação ambiental e a tipificar um 
novo tipo penal, respectivamente. 
Dessa forma, temos que a Lei n. 13.964/2019 trouxe a regulamentação da captação ambiental e 
tipificou como crime a seguinte conduta: “captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou 
acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida”, exceto 
se a conduta for realizada por um dos interlocutores. 
Nesse sentido, vejamos a redação acrescida ao dispositivo legal: 
Lei n. 13.964/2019, Art. 7º A Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa a vigorar acrescida dos 
seguintes arts. 8º-A e 10-A. 
 
“Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz1, a 
requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de 
sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando: 
 
1 Cláusula de Reserva de Jurisdição: Segundo o Min. Celso de Mello no julgamento do MS 23452/RJ , o postulado de reserva constitucional de 
jurisdição importa em submeter, à esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja realização, por efeito de explícita 
determinação constante do próprio texto da Carta Política , somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a quem haja 
eventualmente atribuído o exercício de poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. 
 
 
 
 
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I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e 
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais 
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. 
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação 
do dispositivo de captação ambiental. 
§ 2º (VETADO). 
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por 
decisão judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova 
e quando presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada. 
§ 4º (VETADO). 
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação 
específica para a interceptação telefônica e telemática.” 
 
“Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos 
para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. 
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de 
sigilo das investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das 
gravações enquanto mantido o sigilo judicial.” 
 
Com as alterações ocasionadas pelo Pacote Anticrime, a Lei de Interceptações Telefônicas passou a 
regulamentar a captação ambiental expressamente, bem como, criminalizar a conduta de realizar captação 
ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem 
autorização judicial, quando esta for exigida, salvo quando a captação for realizada por um dos 
interlocutores. 
O art. 8-A passou a regulamentar a captação ambiental. De início, reforçou o seu caráter subsidiário 
ao dispor que a prova somente será realizada quando não puder ser feita por outros meios disponíveis e 
igualmente eficazes. Além disso, fez exigência expressa da existência de elementos probatórios razoáveis de 
autoria e participação em infrações criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou 
em infrações penais conexas, para a decretação da medida. 
 
 
 
 
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Denota-se que os requisitos se assemelham aos da interceptação telefônica 2. 
O requerimento da medida deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do 
dispositivo de captação ambiental. 
No que se refere ao prazo, não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão 
judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente 
atividade criminal permanente, habitual ou continuada. 
Por fim, dispôs sobre a aplicação subsidiária das regras referente a interceptação telefônica. Dessa 
forma, naquilo que foi silente, aplicar-se-á as regras previstas para o procedimento da interceptação telefônica 
a captação ambiental. 
Insta reforçarmos que a medida deverá ser decretada para fins de investigação ou instrução criminal. 
O art. 10-A passou a prevê uma nova figura criminosa, consistente na conduta de realizar captação 
ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem 
autorização judicial, quando esta for exigida. 
O tipo penal prevê uma pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, além da multa. Incabível a suspensão 
condicional do processo, pois a pena mínima cominada ultrapassa 1 ano (art. 89 da Lei n. 9.099/95). 
O §1º disciplina que “não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores”. 
O § 2º, por sua vez, trouxe uma causa de aumento de pena. Conforme dispositivo legal, a pena será 
aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo das investigações que 
envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo judicial. 
Constitui causa especial de aumento de pena que deverá incidir na terceira fase do critério trifásico 
da dosimetria da pena disposto no art. 68 do Código Penal. 
Cumpre destacarmos ainda que a alteração produzida na Lei de Interceptações Telefônicas trata-se 
de novatio legis in pejus3, ou seja, refere-se a norma penal que prejudica a situação do acusado/réu, isto 
porque criou uma nova figura criminosa (art. 10-A), a conduta de realizar captação ambiental de sinais 
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, 
 
2 Lei n. 9.296/96. 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação 
e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. 
 
3 O fenômeno jurídico da novatio legis in pejus refere-se à lei nova mais severa do que a anterior. Ante o princípio da retroatividade 
da lei penal benigna, a novatio legis in pejus não tem aplicação na esfera penal brasileira. 
 
 
 
 
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quando esta for exigida, salvo quando a captação for realizada por um dos interlocutores. Em se tratando 
de novatio legis in pejus, deve respeitar a regra constitucional-penal da irretroatividade da lei penal 
prejudicial. 
Nessa perspectiva, a regra da retroatividade benéfica ou irretroatividade prejudicial trata-se de uma 
garantia fundamental, albergada na Constituição de 1988, no inciso XL do art. 5°, o qual dispõe que “a lei 
penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Esse é também o conceito que se contém no âmbito 
normativo internacional, valendo registrar, nesse sentido, que a Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), em seu art. 9. Vejamos: 
Artigo 9° - Princípio da legalidade e da retroatividade 
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não 
constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder- se-á impor pena mais grave do que a 
aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição 
de pena mais leve, o deliquente deverá dela beneficiar-se. 
 
Por fim, e não menos importante, destaca-se que a Lei n. 13.964/2019 trouxe um prazo de vocatio 
legis de 30 dias. 
 
 
Análise Pontual – Alterações na Lei de Interceptações Telefônicas – Lei n. 9.296/96. 
 
Art. 8-A e Art. 10-A, da Lei de Interceptações Telefônicas – Lei n. 9.296/96. 
 
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime 
Sem dispositivo correspondente. Art. 8º-A. Para investigação ou instrução 
criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a 
requerimento da autoridade policial ou do 
Ministério Público, a captação ambiental de 
sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, 
quando: 
I - a prova não puder ser feita por outros meios 
disponíveis e igualmente eficazes; e 
II - houver elementos probatórios razoáveis de 
autoria e participação em infrações criminais 
cujas penas máximas sejam superiores a 4 
(quatro) anos ou em infrações penais conexas. 
§ 1º O requerimento deverá descrever 
circunstanciadamente o local e a forma de 
instalação do dispositivo de captação ambiental. 
§ 2º (VETADO). 
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o 
prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão 
 
 
 
 
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judicial por iguais períodos, se comprovada a 
indispensabilidade do meio de prova e quando 
presente atividade criminal permanente, 
habitual ou continuada. 
§ 4º (VETADO). 
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação 
ambiental as regras previstas na legislação 
específica para a interceptação telefônica e 
telemática. 
Sem dispositivo correspondente. Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais 
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para 
investigação ou instrução criminal sem 
autorização judicial, quando esta for exigida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e 
multa. 
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por 
um dos interlocutores. 
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao 
funcionário público que descumprir 
determinação de sigilo das investigações que 
envolvam a captação ambiental ou revelar o 
conteúdo das gravações enquanto mantido o 
sigilo judicial.

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