Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Contaminação Radioativo Diferença entre Contaminação Radioativa e Irradiação A diferença entre contaminação radioativa e irradiação é que, na primeira, absorve-se o material radioativo, já na segunda há exposição à radiação, que pode ser a distância. Quando acontece algum acidente nuclear, como foi o caso do acidente com césio-137 em Goiânia, muitas notícias usam os termos “contaminação radioativa” e “irradiação”. Mas será que esses termos são usados corretamente? Você sabe a diferença entre contaminação radioativa e irradiação? A contaminação radioativa acontece quando um material radioativo é absorvido pelo corpo de um indivíduo. Qualquer tipo de contaminação ocorre quando há a presença indesejável de um material em um local onde ele não deveria estar. No acidente com o césio-137, por exemplo, Leide das Neves, uma menina de apenas seis anos de idade, pegou o “pó azul brilhante”, que, na verdade, era o cloreto de césio-137, brincou com ele e depois foi lanchar sem lavar as mãos. Desse modo, ela foi contaminada porque absorveu o material radioativo tanto por via cutânea (pela pele) quanto por ingeri-lo em pequenas quantidades. Entre as pessoas examinadas nesse acidente em Goiânia, quatro, que acabaram morrendo e estavam entre as 14 pessoas removidas para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, apresentavam contaminação externa e/ou interna, ou seja, tiveram contato direto com o material radioativo, e também lesões características da exposição de parte do corpo ou do corpo inteiro. Leide das Neves foi a primeira dessas vítimas fatais. Quando uma pessoa sofre contaminação radioativa, ela também se torna uma ameaça para as outras pessoas, pois o material radioativo que está presente nela continua emitindo radiações, que podem contaminar outros. Isso nos mostra que toda pessoa contaminada também foi irradiada. Por outro lado, a irradiação é a energia característica emitida por uma fonte radioativa. Ela ocorre quando há uma exposição do material ou do corpo de alguém à radiação emitida pelo elemento radioativo. Isso pode acontecer sem a pessoa entrar em contato direto com o material radioativo, ou seja, mantendo-se a certa distância. Desse modo, nem toda pessoa que foi irradiada também foi contaminada. Assim, uma pessoa que sofreu irradiação não se torna uma fonte de radioatividade, não representando, assim, perigo para as outras pessoas. Conforme explicado no texto Radioatividade nos alimentos e na agricultura, os alimentos irradiados são expostos a uma fonte de radiação, como o cobalto-60 ou o césio-137, por um tempo controlado e sem nenhum contato direto. Desse modo, o seu processo de deterioração é retardado, mas o alimento não se torna fonte de contaminação, podemos tocá-lo, manuseá-lo e ingeri-lo sem receios. Mas a pessoa que ficou próxima a um material radioativo e foi irradiada sofre as consequências dessa radiação ionizante. Visto que a radiação alfa não consegue penetrar na pele humana, ela não causa danos a uma pessoa que só foi irradiada. No entanto, as radiações beta e gama possuem alto poder de penetração e podem causar danos sérios e até irreparáveis. No caso da radiação beta, ela consegue atravessar a pele até 2 cm e causar problemas como câncer de pele e danos aos olhos. A radiação gama é a que possui maior poder de penetração, conseguindo atravessar até 25 cm de madeira ou 15 cm de aço. Ela só é detida por placas de chumbo de 5 cm ou por grossas paredes de concreto. A alternativa correta é a letra “a”. A decisão tomada pela companhia aérea foi equivocada porque, conforme vimos neste texto, um material médico esterilizado por irradiação não se torna radioativo. Exposição e contaminação radioativa Tipos de Radiação A radiação inclui CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 2 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • Ondas eletromagnéticas de alta energia (raios x, raios gama) • Partículas (partículas alfa, beta, nêutrons) As partículas alfa são emitidas pelo núcleo do hélio por vários radionucleotídios com altos números atômicos (p. ex., plutônio, radio, urânio) que não podem penetrar na pele além de uma profundidade rasa (< 0,1 mm). As partículas beta são elétrons de alta energia emitidas pelo núcleo de átomos instáveis (p. ex., césio-137, iodeto-131). Tais partículas podem penetrar mais profundamente na pele (1 a 2 cm) e causar dano epitelial e subepitelial. Os nêutrons são partículas eletricamente neutras projetadas pelo núcleo de alguns radionucleotídios (p. ex., califórnio-252) e produzidas em reações nucleares (p. ex., em reatores nucleares); sua profundidade de penetração no tecido varia de poucos milímetros a dezenas de centímetros, dependendo da sua energia. Colidem com os núcleos dos átomos estáveis, resultando em emissão de prótons energéticos, partículas alfa e beta e radiação gama. Radiação gama e raios X são radiações eletromagnéticas de alta energia (i. e., fótons) e frequência que podem penetrar a pele por vários centímetros. Enquanto alguns fótons depositam toda sua energia no corpo, outros podem somente depositar uma fração de sua energia e outros podem, ainda, passar completamente pelo corpo sem nenhuma interação. Devido a essas características, as partículas alfas e beta causam maior dano quando os elementos radioativos que as emitem estão dentro (contaminação interna) ou, no caso de emissores beta, diretamente no corpo; somente tecidos em contato próximo ao elemento são afetados. Raios X e gama podem causar danos a grandes distâncias de sua fonte e são tipicamente responsáveis por síndromes radioativas agudas —Exposição e contaminação radioativa: Síndromes de radiação aguda (SRA). Medição da radiação Unidades de medida convencionais compreendem roentgen, gray e sievert. O roentgen (R) representa a intensidade de radiação X ou gama no ar. O gray (Gy) é a quantidade daquela energia absorvida por unidade de massa. Devido ao fato de o dano biológico por Gy variar com o tipo de radiação (mais alto para nêutrons e partículas alfa), a dose em Gy é corrigida por um fator de qualidade; a dose equivalente resultante é o roentgen equivalente em man (rem). Fora dos EUA e na literatura científica, unidades SI (Sistema Internacional) são usadas; Gy e Sv substituíram rad e rem — Gy = 100rad e Sv = 100 rem. O rad e rem (portanto Gy e Sv) são essencialmente iguais (i. e., o fator de qualidade é igual a 1) quando descrevem radiações gama ou beta. A quantidade (volume) de radioatividade é expressa em termos do número de desintegrações nucleares (transformações) por segundo. O becquerel (Bq) é a unidade do SI da radioatividade; um Bq é uma desintegração por segundo (dps). No sistema norte-americano, um Curie é 37 bilhões Bq. Tipos de Exposição A exposição à radiação pode envolver • Contaminação • Irradiação Contaminação radioativa é o contato e a retenção de material radioativo, em geral na forma de líquido ou poeira. A contaminação pode ser de dois tipos • Externa • Interna Contaminação externa ocorre em pele ou roupas, de onde pode cair ou ser retirada por atrito, contaminando outras pessoas e objetos. A contaminação interna é o material radioativo dentro do CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 3 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR corpo, o qual pode entrar por ingestão, inalação ou através de lesões na pele. Uma vez no corpo, o material radioativo pode ser transportado para vários locais (p. ex., medula óssea), onde continua liberando radiação até ser removido ou se desintegrar. A contaminação interna é mais difícil de ser removida. Embora a contaminação interna com qualquer radionucleotídio seja possível, historicamente, a maioria dos casos nos quais a contaminação representava um risco significativo ao paciente envolvia um número relativamente pequeno de radionucleotídios, como fósforo-32, hidrogênio-3, cobalto-60, estrôncio-90, césio-137, iodo-131, iodo-125, urânio-235 e 238, plutônio 238 e 239, polônio-210 e amerício-241.Irradiação é a exposição à radiação, mas não a material radioativo (i. e., nenhuma contaminação envolvida) A exposição à radiação pode ocorrer sem que a fonte da radiação (p. ex., material radioativo, equipamento de raios X) entre em contato com a pessoa. Quando a fonte da radiação é removida ou desligada, a exposição termina. A irradiação pode acometer todo o corpo e, se a dose for grande, pode resultar em sintomas sistêmicos e síndromes radioativas ( Exposição e contaminação radioativa : Síndromes de radiação aguda (SRA)); se acometer uma pequena região do corpo (p. ex., da radiação terapêutica), pode causar sintomas focais. As pessoas não emitem radiação (i. e., não se tornam radioativas) após a irradiação. Fontes de exposição As fontes podem ocorrer natural ou artificialmente ( Média anual de exposição à radiação nos EUA). As pessoas estão constantemente expostas a baixos níveis de radiação natural, ou seja, radiação do ambiente. A radiação ambiental compreende a radiação cósmica e elementos radioativos presentes no ar, água e solo. A radiação cósmica é concentrada nos polos pelo campo magnético da Terra e atenuada pela atmosfera. Portanto, a exposição é maior em pessoas que vivem em grandes altitudes e durante voos de avião. Fontes terrestres de exposição à radiação externa decorrem principalmente da presença de elementos radioativos com meias-vidas comparáveis à idade da Terra (~ 4,5 bilhões de anos). Em particular, o urânio (238U) e o tório (232Th), juntamente com várias dezenas de seus descendentes radioativos e um isótopo radioativo do potássio (40K) existem em muitas rochas e minerais. Pequenas quantidades desses radionuclídeos estão nos alimentos, na água e no ar e, assim, contribuem para a exposição interna visto que estes radionuclídeos são invariavelmente incorporados ao corpo. A maior parte da dose de radionuclídeos incorporados internamente é de radioisótopos do carbono (14C) e do potássio (40K) e, como estes e outros elementos (formas estáveis e radioativas) são constantemente reabastecidos no corpo por ingestão e inalação, existem cerca de 7.000 átomos submetidos a decaimento radioativo por segundo. A exposição interna da inalação de isótopos radioativos do gás nobre radônio (222Rn e 220Rn), que também são formados da série de decaimento do urânio (238U), é responsável pela maior parte (73%) da média per capita da dose de radiação que ocorre naturalmente na população dos EUA. A radiação cósmica responde por 11%, os elementos radioativos no corpo por 9% e radiação terrestre externa por 7%. A média que as pessoas recebem é de cerca de 3 a 4 mSv/ano de fontes naturais e produzidas pelo homem (variação ~0,5 a 20 mSv/ano). No entanto, em algumas partes do mundo, as pessoas recebem > 50 mSv/ano. As doses de radiação natural são muito baixas para causar danos; elas podem resultar em um pequeno aumento do risco de câncer, embora alguns especialistas pensem que não haja aumento do risco. Nos EUA, as pessoas recebem uma média de 3 mSv/ano de fontes produzidas pelo homem, a maioria delas envolvendo testes de imagem. Em uma análise per capita, a contribuição da exposição proveniente de exames clínicos por imagem é maior para tomografia computadorizada (TC) e exames de cardiologia nuclear. Contudo, procedimentos diagnósticos raramente transmitem doses suficientes para causar danos, embora haja, teoricamente, um aumento do risco de câncer. Exceções incluem certos procedimentos intervencionistas guiados por fluoroscopia (p. ex., reconstrução endovascular, embolização vascular, ablação por radiofrequência cardíaca e de tumores), os quais têm causado lesões na pele e tecidos subjacentes. A radioterapia também pode causar danos a tecidos normais que ficam perto do tecido alvo. CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 4 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Radiodermatite crônica © Springer Science+Business Media Uma parte muito pequena da exposição pública média resulta de precipitação radioativa de testes com armas. Acidentes podem envolver irradiadores industriais, fontes de radiografia industrial e reatores nucleares. Tais acidentes normalmente resultam de falhas nos procedimentos de segurança (p. ex., intertravamento é ignorado). Danos por radiação também foram causados pela perda ou roubo de fontes médicas ou industriais que continham grandes quantidades do radionuclídeo. As pessoas que procuram cuidado médico para esses danos podem não ter consciência de que foram expostos à radiação. Ocorreram vazamentos não intencionais de material radioativo, incluindo da usina Three Mile Island na Pensilvânia em 1979, do reator de Chernobyl na Ucrânia em 1986 e da usina nuclear de Fukushima Daiichi no Japão em 2011. A exposição em Three Mile Island foi mínima porque não houve violação do vaso de contenção, como ocorreu em Chernobyl, nem explosão de hidrogênio como ocorreu em Fukushima. As pessoas morando em até 1,6 km da usina de Three Mile Island receberam no máximo apenas cerca de 0,08 mSv (uma fração do que é recebido de fontes naturais em um mês). No entanto, as 115.000 pessoas que foram então evacuadas da área em torno da usina de Chernobyl receberam uma dose média efetiva de cerca de 30 mSv e uma dose média na tireoide de cerca de 490 mGy. As pessoas trabalhando na usina de Chernobyl no momento do acidente receberam doses significativamente mais elevadas. Mais de 30 trabalhadores e socorristas morreram meses após o acidente, e muitos mais sofreram doença por radiação aguda. Baixo nível de radiação deste acidente atingiu outras regiões da Europa, Ásia e (em menor escala) a América do Norte. A média de exposição cumulativa da população geral em várias regiões afetadas da Bielorrússia, Rússia e Ucrânia nos primeiros 20 anos após o acidente foi estimada em cerca de 9 mSv. O terremoto e o tsunami no Japão em 2011 causaram vazamento de material radioativo no meio-ambiente de vários reatores da usina nuclear de Fukushima Daiichi. Não houve lesões graves por radiação nos trabalhadores no local. Entre cerca de 400.000 habitantes na província de Fukushima, a dose efetiva estimada (baseada em entrevistas e modelos de reconstrução da dose) foi < 2 mSv para 95% das pessoas e < 5 mSv para 99,8%. As estimativas da OMS foram um pouco mais altas por causa das suposições intencionalmente mais conservadoras em relação à exposição. Estimou-se que a dose efetiva nos municípios não imediatamente adjacentes a Fukushima foram entre 0,1 a 1 mSv, e a dose para as populações fora do Japão foram insignificantes (< 0,01 mSv). Outros eventos significantes incluem a detonação de duas bombas atômicas sobre o Japão em agosto de 1945, que causou mais de 110.000 mortes por trauma imediato causado pela explosão e calor. Um número muito menor (< 600) do excesso de mortes decorrentes de câncer induzido pela radiação ocorreu ao longo dos 60 anos subsequentes. A vigilância permanente da saúde dos sobreviventes continua a ser uma das fontes mais importantes de estimativas do risco de câncer induzido por radiação. Enquanto vários casos criminosos de contaminação intencional de indivíduos foram relatados, a exposição da população como resultado de atentados terroristas não aconteceu, mas é uma preocupação. Os cenários possíveis envolvem o uso de dispositivos para contaminar uma área através da dispersão de material radioativo (p. ex., de uma fonte de radioterapia com césio-137 descartado). Um dispositivo de dispersão da radiação (DDR) que utiliza explosivos convencionais é chamado bomba suja. Outros cenários terroristas incluem a utilização de uma fonte de radiação CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 5 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR escondida para atingir pessoas insuspeitas a grandes doses de radiação, ataque a reatores nucleares ou locais de estocagem de material radioativo e detonação de armas nucleares (p. ex., um dispositivo nuclear improvisado, uma arma roubada). Média anual de exposição à radiação nos EUA Dose Fonte (milisieverts) Fontes de ocorrêncianatural Gás radônio 2,3 Outras fontes terrestres 0,2 Radiação solar e cósmica 0,3 Elementos radioativos naturais internos 0,3 Subtotal 3,1 Fontes artificiais (exposição da pessoa comum) Raios-X diagnósticos e medicina nuclear 3,0 Produtos consumidos 0,1 Precipitação radioativa de testes de armas < 0,01 Indústria nuclear < 0,01 Subtotal 3,1 Exposição total anual 6,2 Outras fontes de exposição (média por exposição ou procedimento) Viagens de avião 0,001 a 0,014/h de voo Raios-X dentais 0,005 Radiografia de tórax (vista posteroanterior) 0,02 Radiografia de tórax (2 incidências: posterior e lateral) 0,1 Mamografia 0,4 TC de crânio 2 TC, corpo (tórax, abdome, pelve) 6 a 8 Enema baritado 8 Medicina nuclear (p. ex., cintigrafia óssea) 4,2 CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 6 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Dose Fonte (milisieverts) *National Council on Radiation Protection and Measurements. Exposição à radiação ionizante da população dos Estados Unidos. Relatório do NCRP Nº. 160 National Council on Radiation Protection and Measurements, Bethesda, MD, 2009. Fisiopatologia A radiação ionizante danifica o DNA, RNA e diretamente as proteínas, mas, com mais frequência, o dano a essas moléculas é indireto, causado pelos radicais livres altamente reativos gerados pela interação da radiação com moléculas de água intracelulares. Grandes doses de radiação causam morte celular, ao passo que baixas doses interferem na proliferação delas. Os danos aos demais componentes celulares podem resultar em hipoplasia progressiva, atrofia e, eventualmente, fibrose. Fatores que afetam a resposta A resposta biológica à radiação varia com • Radiossensibilidade tecidual • Quantidade • Duração da exposição • Idade do paciente Células e tecidos se diferem em sua radiossensibilidade. Em geral, as células indiferenciadas e as que têm altas taxas mitóticas (p. ex., células-tronco, células cancerígenas) são particularmente vulneráveis à radiação. Como a radiação deteriora células-tronco que se dividem rapidamente em vez de células maduras mais resistente, normalmente há um período entre a exposição à radiação e lesão visível. O dano não se manifesta até que uma fração significativa das células maduras morra de senescência natural e, devido a perda das células-tronco, não são repostas. A sensibilidade celular em ordem descrescenteendente de sensibilidade é • Células linfoides • Células germinativas • Células proliferantes da medula óssea • Células epiteliais intestinais • Células tronco epidérmicas • Células hepáticas • Epitélio dos alvéolos pulmonares e vias biliares • Células epiteliais dos rins • Células endoteliais (pleura e peritônio) • Células do tecido conjuntivo • Células ósseas • Células musculares, cerebrais e da coluna espinhal CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 7 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR A dose exata em que o efeito tóxico ocorre depende do tempo de exposição e do período de tempo da liberação. Uma dose rápida é mais lesiva que a mesma dose dada por semanas ou meses. A reação a ela também depende da amplitude de área exposta do corpo. A certeza de doença significante e fatalidades ocorre após irradiação de todo o corpo com > 4,5Gy liberada em curto período de tempo; entretanto, 10s de Gy podem ser bem tolerados quando liberados por longo período a uma pequena área de tecido (p. ex., para terapia de câncer). Outros fatores podem aumentar a sensibilidade do dano. Crianças são mais suscetíveis a danos por radiação por terem maior taxa de proliferação celular. Pessoas que são homozigotas para gene ataxia-telangiectasia mostram maior sensibilidade para danos por radiação. Distúrbios, como os do tecido conectivo e diabetes, podem aumentar a sensibilidade a lesões por radiação. Agentes quimioterápicos também podem aumentar a sensibilidade a lesões por radiação. Câncer e teratogenicidade Danos genéticos em células somáticas podem resultar em transformação maligna e danos às células germinativas aumentam a possibilidade teórica de defeitos genéticos transmissíveis. Estima-se que a exposição de partes protegidas do corpo todo a 0,5 Gy aumenta a média do risco de câncer na vida de um adulto em aproximadamente 22% a 24,5%, um aumento de 11% do risco relativo, mas um aumento de somente 2,5% do risco absoluto. A chance de desenvolver câncer devido a doses normalmente encontradas (i. e., radiação de fundo e testes de imagem típicos — Riscos da exposição à radiação para fazer exames diagnósticos) é muito menor e pode chegar a zero. As estimativas de maior risco de câncer induzido por radiação como resultado das doses tipicamente baixas experimentadas pelas pessoas na proximidade dos incidentes do reator, como em Fukushima, foram feitas por extrapolação para baixo a partir efeitos conhecidos de doses muito mais altas. O efeito teórico resultante muito pequeno é multiplicado por uma grande população para dar o que pode parecer ser um número preocupante de mortes adicionais por câncer. A validade destas extrapolações não pode ser confirmada porque o aumento hipotético do risco é muito pequeno para ser detectado em estudos epidemiológicos, e a possibilidade de que não haja nenhum aumento no risco de câncer devido a essa exposição não pode ser excluída. Crianças são mais suscetíveis por terem um número maior de futuras divisões celulares e tempo de vida mais longo, durante o qual o câncer pode se manifestar. Estima-se que a TC do abdômen feita em uma criança de 1 ano de idade aumente o risco absoluto estimado de câncer durante a vida desta criança em cerca de 0,1%. Os radionuclídeos que são incorporados a tecidos específicos são potencialmente carcinogênicos nesses locais (p. ex., o acidente com o reator nuclear de Chernobyl resultou em aumento substancial do consumo de iodo radioativo em decorrência do consumo de leite contaminado, e o subsequente excesso de casos de câncer de tireoide ocorreu entre crianças expostas). O feto é excepcionalmente suscetível à danos por altas doses de radiação. No entanto, em doses < 100 mGy os efeitos teratogênicos são improváveis. O risco fetal de radiação por doses típicas de testes de imagem que as gestantes tendem a fazer é muito pequeno comparado ao risco geral de defeitos de nascença (2% a 6% observados ao nascimento) e o benefício potencial do diagnóstico pelo exame. O maior risco de ter câncer como resultado da exposição à radiação no útero é aproximadamente o mesmo daquele da exposição à radiação nas crianças, que é cerca de 2 a 3 vezes o risco para adultos de 5%/Sv. Os potenciais riscos da exposição à radiação justificam considerar criteriosamente a necessidade de (ou alternativas a) exames de imagem envolvendo radiação, otimizando a exposição do corpo à radiação e o questionamento clínico, e a atenção ao uso de procedimentos adequados de proteção contra a radiação, especialmente para as crianças e as gestantes. Danos às células reprodutoras mostraram causar anomalias de nascença na descendência de vários animais irradiados. No entanto, efeitos hereditários não foram encontrados nos filhos de pessoas expostas à radiação, incluindo os descendentes de sobreviventes da bomba atômica no Japão ou os descendentes de sobreviventes de câncer tratados com radioterapia. A dose média para os ovários foi de ~ 0,5 Gy e para os testículos 1,2 Gy. CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 8 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Sinais e sintomas As manifestações dependem do fato de a exposição à radiação atingir todo o corpo (síndrome da radiação aguda) ou uma pequena porção dele (radiação focal). Síndromes de radiação aguda (SRA) Depois que todo o corpo ou uma grande parte dele recebe uma alta dose de radiação penetrante, diversas síndromes distintas podem ocorrer: • Síndrome cerebral • Síndrome gastrintestinal (GI) • Síndrome hematopoética Essas síndromes apresentam três fases diferentes: • Fase prodrômica (minutos a 2 dias após a exposição) com letargia e sintomasGI (náuseas, anorexia, vômitos e diarreia). • Fase latente assintomática (horas a 21 dias após a exposição) • Fase de doença sistêmica evidente (horas a > 60 dias após a exposição): a doença é classificada de acordo com o principal sistema orgânico acometido A dose de radiação determina qual síndrome vai se desenvolver, e qual será sua gravidade e velocidade de progressão (Efeitos da radiação de corpo inteiro da radiação externa ou absorção interna). Sintomas e tempo de evolução são regularmente consistentes para uma dada dose de radiação, podendo, portanto, ser usados para estimar a exposição à radiação. A síndrome cerebral, manifestação dominante das doses extremamente altas de radiação por todo o corpo (> 30 Gy) é sempre fatal. Os pródromos se desenvolvem em minutos a 1 h após a exposição. Há pouca ou nenhuma fase latente. Os pacientes desenvolvem tremores, convulsões, ataxia, edema cerebral e morte dentro de algumas horas ou em até 2 dias. A síndrome gastrintestinal é a manifestação dominante após doses de cerca de 6 a 30Gy em todo o corpo. Sintomas prodrômicos, frequentemente acentuados, desenvolvem-se em 1 h e desaparecem em 2 dias. Durante o período latente de 4 a 5 dias, as células da mucosa GI morrem. A morte celular é seguida por náuseas intratável, vômitos e diarreia, que conduzem à grave desidratação e desequilíbrio eletrolítico, diminuindo o volume plasmático e causando colapso vascular. Necrose intestinal também pode ocorrer, predispondo à perfuração intestinal, bacteremia e sepse. A morte é comum. Pacientes que receberam > 10Gy podem ter sintomas cerebrais (sugerindo dose letal). A morte é comum; os sobreviventes podem desenvolver síndrome hematopoética. A síndrome hematopoética é a manifestação dominante após doses de 1 a 6Gy em todo o corpo e consiste em pancitopenia generalizada. Leve pródromo pode se iniciar após 1 a 6 h, permanecendo por 24 a 48 h. Células da medula óssea são afetadas imediatamente, mas as células sanguíneas maduras em circulação não são grandemente afetadas. Linfócitos circulantes são uma exceção e linfopenia pode ser evidente horas ou dias após a exposição. Como as células em circulação morrem por senescência, elas não são substituídas em número suficiente, resultando, portanto, em pancitopenia. Dessa forma, o paciente permanece assintomático durante um período latente de até 4,5 semanas após uma dose de 1 Gy, na medida em que aumenta o impedimento da hematopoese. O risco de várias infecções aumenta como resultado de neutropenia (mais proeminente em 2 a 4 semanas) e diminui a produção de anticorpos. Petéquia e sangramento das mucosas resultam de trombocitopenia, que se desenvolve em 3 a 4 semanas e pode persistir por meses. Anemia se desenvolve lentamente, pois os eritrócitos preexistentes têm mais tempo de vida que leucócitos e plaquetas. Os sobreviventes têm aumento da incidência de câncer induzido por radiação, incluindo leucemias. CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 9 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Efeitos da radiação de corpo inteiro da radiação externa ou absorção interna Fase ou síndrome Característi cas Variação da dose (Gy)*,† 1 — 2 2 — 6 6 — 8 8 — 30 > 30 Pródromo Incidência de náusea e vômito 5 — 50% 50 — 100% 75 — 100% 90 — 100% 100% Tempo de início da náusea e vômito após exposição 2 — 6 h 1 — 2 h 10 a 60 min < 10 min Minutos Duração da náusea e vômito < 24 h 24 — 48 h < 48 h < 48 h N/D (paciente s morrem em < 48 h) Gravidade e incidência de diarreia Nenhuma Nenhuma a leve (< 10%) Pesada (> 10%) Pesada (> 95%) Pesada (100%) Tempo de início da diarreia após exposição — 3 — 8 h 1 — 3 h < 1 h < 1 h Gravidade e incidência de cefaleia Leve Leve a moderada (50%) Moderada (80%) Grave (80 a 90%) Grave (100%) Tempo de início da cefaleia após exposição — 4 — 24 h 3 — 4 h 1 — 2 h < 1 h Gravidade da febre Sem febre Aumento moderado Moderado a severo Grave Grave Incidência de febre — 10 — 100% 100% 100% 100% Tempo de início da febre após exposição — 1 — 3 h < 1 h < 1 h < 1 h CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 10 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Fase ou síndrome Característi cas Variação da dose (Gy)*,† 1 — 2 2 — 6 6 — 8 8 — 30 > 30 Função do SNC Sem comprometim ento Comprometim ento cognitivo por 6 a 20 h Comprometim ento cognitivo por > 24 h Em doses elevadas, rápida incapacita ção Pode ter intervalo lúcido de várias horas Ataxia Convulsõ es Tremore s Letargia Período latente Sem sintomas 28 – 31 dias 7 – 28 dias < 7 dias Nenhum Nenhum a Manifesta ção da doença Manifestaçõ es clínicas Leucopenia leve a moderada Fadiga Fraqueza Leucopenia moderada a grave Púrpura Hemorragia Infecções Perda de cabelos após 3Gy Leucopenia grave Febre alta Diarreia Vômito Tontura e desorientação Hipotensão Distúrbio dos eletrólitos Náusea Vômito Diarreia grave Febre alta Distúrbio dos eletrólitos Choque N/D (paciente s morrem em < 48 h) Síndrome do sistema de órgãos dominantes Hematopoieti ca Hematopoietic a GI (células das mucosas) GI (células das mucosas) SNC Hospitalizaç ão Observação ambulatorial Recomendad a, se necessário Urgente Tratament o paliativo (somente sintomátic o) Tratame nto paliativo (somente sintomáti co) Mortalidade aguda sem cuidados médicos 0 — 15% 5 — 100% 95 — 100% 100% 100% Mortalidade aguda com cuidados médicos 0 — 15% 5 — 50% 50 — 100% 100% 100% CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 11 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Fase ou síndrome Característi cas Variação da dose (Gy)*,† 1 — 2 2 — 6 6 — 8 8 — 30 > 30 Morte 6 a 8 semanas 4 a 6 semanas 2 a 4 semanas 2 dias a 2 duas semanas 1 a 2 dias *1 rad = 1cGy; 100 rad = 1Gy. Irradiação no corpo todo de até ~1 Gy provavelmente não causa nenhum sintoma. Embora o tempo de emese seja um método rápido e barato para estimar a dose da radiação, deve ser usado com cautela, pois é impreciso e tem alta taxa de falso-positivo. Informação adicional, como contagem de linfócitos e detalhes do potencial para exposição, melhora a precisão. Adaptado do Military Medical Operations Armed Forces Radiobiology Research Institute: Medical Management of Radiological Casualties, 2. ed. Abril, 2003. Disponível no site do Instituto de Pesquisas Radiobiológicas das Forças Armadas (Armed Forces Radiobiology Research Institute). Lesão por radiação cutânea é a lesão à pele e tecidos subjacentes em decorrência de doses de radiação agudas tão baixas quanto 3 Gy ( Lesão focal por radiação*). A lesão cutânea por radiação pode ocorrer com síndromes da radiação aguda ou com exposição à radiação focal e varia de eritema transiente leve a necrose. Efeitos posteriores (> 6 meses após exposição) incluem hiperpigmentação e hipopigmentação, fibrose progressiva e telangiectasia difusa. Pele atrófica fina pode ser facilmente danificada por leve trauma mecânico. Pele exposta tem o risco aumentado de carcinoma de células escamosas. Em particular, a possibilidade da exposição à radiação deve ser considerada quando os pacientes apresentam queimadura na pele dolorida e que não cicatriza sem histórico de lesão térmica. Lesão focal A radiação perto de qualquer órgão pode causar efeitos adversos agudos e crônicos ( Lesão focal por radiação*). Na maioria dos pacientes, estes efeitos adversos resultam da radiação terapêutica ( Modalidades da terapia para câncer : Radioterapia). Outras fontes comuns de exposição incluem contato involuntário com irradiadores de comida sem segurança, equipamento de radioterapia, equipamento de difração de raios X e outras fontes de radiação industriais e médicas capazes de produzir altas doses. Além disso, a exposição prolongada aos raios X durante certos procedimentos intervencionistas feitos sob orientação fluoroscópica pode resultar em lesão cutânea por radiação(LCR). Feridas ou úlceras induzidas por radiação podem levar meses ou anos para se desenvolver completamente. Pacientes com LCR grave apresentam dor de forte intensidade e muitas vezes precisam de uma intervenção cirúrgica. Lesão focal por radiação* Tecido exposto Efeitos adversos Cérebro Radioterapia e neurotoxicidade Cardiovascular Dor torácica, pericardite e miocardite por radiação CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 12 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Tecido exposto Efeitos adversos Dermatológico Dose 2 a 4 Gy: eritema temporário Dose 4 a 5 Gy: eritema temporário, depilação temporária (em 2 a 3 semanas de exposição a > ~4 Gy) Dose 5 a 10 Gy: eritema prolongado, possivelmente epilação permanente, descamação seca (com exposições na parte superior do intervalo) Dose 10 a 15 Gy: descamação seca (em 2 a 8 semanas de exposição) Dose 15 a 20 Gy: descamação úmida (em 2 a 4 semanas de exposição) Dose 15 a 25Gy: formação de bolhas (em 2 a 3 semanas de exposição) Dose > 20 Gy: ulceração (em 2 a 3 semanas de exposição) Dose > 25 Gy: necrose (> 3 semanas de exposição) Gônadas Baixa espermatogênese, amenorreia, diminuição da libido Limiar da dose (aproximadamente 1% de incidência) para esterilidade: • Testes: > 6 Gy, início aproximadamente 3 semanas • Ovários: > 3 Gy, início < 1 semana Cabeça e pescoço Mucosite, odinofagia, carcinoma de tireoide Musculoesquelético Miopatia, alterações neoplásicas, osteossarcoma Oftálmico Dose > aproximadamente 0,5 Gy: catarata (depois de um período de latência de cerca de 20 anos; quanto mais alta a dose e quanto menor a idade na exposição, mais curto o período de latência) Pulmonar Pneumonite aguda Exposição fracionada > 30 Gy: às vezes fatal (LD50 cerca de > 10 Gy de exposição única de alta dose) Fibrose pulmonar Renal Diminuição da função tubular renal, baixa taxa de filtração glomerular Altas doses (período latente de 6 meses a 1 ano): proteinúria, insuficiência renal, anemia, hipertensão Dose cumulativa > 20 Gy em < 5 semanas: fibrose por radiação, insuficiência renal oligúrica Coluna vertebral Dose > 50 Gy: mielopatia Feto Restrições ao crescimento, malformações congênitas, erros metabólicos congênitos, morte fetal Dose < 0,1 Gy: nenhum efeito significativo CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 13 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Tecido exposto Efeitos adversos Risco futuro de câncer aproximadamente o mesmo que a exposição de uma criança: aproximadamente 10 a 15% por Gy *Tipicamente decorrente de radioterapia. LD50 = dose esperada letal para 50% dos pacientes. Diagnóstico • Sintomas, gravidade e latência dos sintomas • Contagem sérica absoluta dos linfócitos e níveis de amilase sérica O diagnóstico é feito pelo histórico da exposição, sinais e sintomas e testes de laboratório. O início, o tempo e a gravidade dos sintomas podem ajudar a determinar a quantidade da radiação e, dessa forma, também ajuda a fazer a triagem dos pacientes em relação às prováveis consequências. No entanto, alguns sintomas prodômicos (p. ex., náuseas, vômito, diarreia, tremores) não são específicos e outras causas além da radiação devem ser consideradas. Muitos pacientes sem exposição suficiente para causar síndromes agudas de radiação podem apresentar sintomas similares e não específicos, particularmente após um ataque terrorista ou acidente com reator, quando o nível de ansiedade é alto. Após exposição aguda, hemograma com diferencial e contagem absoluta dos linfócitos são feitos e repetidos a cada 24, 48 e 72 h após a exposição, a fim de estimar a dose inicial de radiação e o prognóstico (Relação entre contagem absoluta de linfócitos em adultos em 48 h, dose de radiação* e prognóstico). A relação entre a dose e contagem de linfócitos pode estar alterada por trauma físico, o qual pode deslocar os linfócitos dos espaços intersticiais para a vasculatura e, assim, aumentar a contagem. Esse aumento relacionado com o estresse é transitório e normalmente se resolve em 24 a 48 h após a lesão física. O hemograma é repetido semanalmente para monitorar a atividade da medula óssea e, quando necessário, com base na evolução clínica. Os níveis séricos de amilase aumentam de acordo com a dose, começando 24 h após uma exposição significativa à radiação, portanto, os níveis são medidos no início e depois diariamente. Outros testes laboratoriais são feitos, se forem viáveis. • Nível de proteína C reativa (PCR): os níveis de PCR aumentam de acordo com a dose de radiação; estes níveis parecem promissores para diferenciar entre os pacientes com exposição mínima e intensa. • Níveis séricos de citrulina no sangue: a diminuição dos níveis de citrulina indicam lesão gastrointestinal. • Os níveis de ligantes de tirosina-quinase-3 (FLT-3) relacionados com a fms no sangue: FLT-3 são marcadores de comprometimento hematopoético. • IL-6: marcador aumenta com doses maiores de radiação. • Teste quantitativo do fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF, do inglês Granulocyte Colony-Stimulating Factor): seus níveis aumentam com doses mais elevadas de radiação. • Estudos citogenéticos com índice mais alto de dispersão: esses estudos são utilizados para avaliar a exposição parcial do corpo. CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 14 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR Relação entre contagem absoluta de linfócitos em adultos em 48 h, dose de radiação* e prognóstico Menor contagem de linfócitos (células/mL) Dose de radiação (Gy) Prognóstico >1500 (adultos normais) 0,4 Excelente 1.000 — 1.499 0,5 — 1,9 Boa 500 — 999 2,0 — 3,9 Satisfatório 100 — 499 4,0 — 7,9 Pobre < 100 8,0 Quase sempre fatal *Irradiação por todo o corpo (dose aproximada). Crianças normalmente tem contagens maiores que diminuem com a idade de uma média de 4600/mL para 0 a 2 anos para 3100/mL para 2 a 6 anos e para 2300/mL para 7 a 17 anos. Adaptado de Mettler FA Jr, Voelz GL: Major radiation exposure—what to expect and how to respond. New England Journal of Medicine 2002;346:1554-61. Contaminação Quando há suspeita de contaminação, o corpo inteiro é examinado com um contador Geiger-Muller de janela delgada conectado a um medidor de radiação (contador Geiger) para identificar a localização e a extensão da contaminação externa. Adicionalmente, para detectar possível contaminação interna, narinas, orelhas, boca e feridas são esfregadas com swabs úmidos, os quais são, depois, testados com o contador. Urina, fezes e material do vômito também devem ser testados para radioatividade. Prognóstico Sem tratamento médico, a LD50/60 (dose fatal para 50% dos pacientes dentro de 60 dias) para radiação de todo o corpo é de cerca de 3Gy; a exposição a 6Gy ou mais é quase sempre fatal. Quando a exposição é < 6Gy, a sobrevida é possível e é inversamente relatada à dose total. O tempo para morte é, também, inversamente proporcional à dose. A morte ocorre de algumas horas a poucos dias na síndrome cerebrovascular e, em geral, dentro de 2 dias a várias semanas na síndrome GI. Na síndrome hematopoética, a morte pode ocorrer dentro de 4 a 8 semanas devido à superveniente infecção ou hemorragia maciça. Pacientes expostos por todo o corpo a doses < 2Gy devem se recuperar em 1 mês, apesar das sequelas a longo prazo (p. ex., câncer) que podem ocorrer. Com tratamento médico, a LD50/60 é 6 Gy. Ocasionalmente, os pacientes têm sobrevivido a exposições de mais de 10 Gy. Comorbidades significativas, lesões e queimaduras pioram o prognóstico. Tratamento • Tratamento de lesões traumáticas graves ou condições que ameaçam a vida primeiro • Minimização da exposição à radiação e contaminação dos profissionais da saúde • Tratamento de contaminação externa e interna CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 15 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR • Às vezes, medidas específicas para determinados radionucleotídios • Cuidado de suporte A exposição à radiação pode ser acompanhada por danos físicos (p. ex., decorrentes de queimaduras, explosões, quedas). Traumasassociados são mais rapidamente ameaçadores à vida do que a exposição à radiação e devem ser tratados rapidamente ( Abordagem ao paciente com trauma : Avaliação e tratamento). A reanimação de pessoas gravemente lesadas tem mais prioridade que os esforços para assepsia e não deve ser retardada pela espera de equipamentos e pessoal altamente especializado. Precauções padronizadas universalmente, utilizadas de forma rotineira nos cuidados de trauma, protegem adequadamente a equipe de reanimação. Informações confiáveis e extensivas sobre os princípios das lesões por radiação, incluindo o tratamento, estão disponíveis no site do US Department of Health and Human Services Radiation Event Medical Management (http://remm.nlm.gov). O download pode ser feito para um computador ou dispositivos digitais, caso a conexão da internet seja perdida durante um acidente com radiação. Preparação Agências credenciadas ordenam que todos os hospitais tenham protocolos e que o pessoal tenha treino para tratar contaminação radioativa. Ao se identificar a contaminação radioativa em um paciente, deve-se isolá-lo prontamente em uma área designada, descontaminá-lo e notificar um oficial de segurança em radiação do hospital, oficiais da saúde pública, equipes de materiais perigosos e agências executoras das leis apropriadas para investigar a fonte da radioatividade. As áreas superficiais devem ser tratadas com cobertura de filmes plásticos para facilitar a assepsia . Essa preparação nunca deve ter precedência em relação aos procedimentos médicos de estabilização. Recipientes para lixo (com rótulos de “Cuidado, Material Radioativo”), recipientes de amostras e contadores Geiger devem estar prontamente disponíveis. Todos os equipamentos que tiverem contato com quarto ou paciente (incluindo o equipamento da ambulância) devem ficar isolados até que se verifique a ausência de contaminação. Uma exceção é uma situação de acidente de massa durante o qual equipamentos críticos levemente contaminados, como helicópteros, ambulâncias, salas de trauma, salas de raios X, TC e cirúrgicas, devem ser rapidamente descontaminados para que os serviços sejam retomados. Os funcionários envolvidos no tratamento e transporte dos pacientes precisam seguir as precauções padrão, usando capas, máscaras, roupões, luvas e proteção nos sapatos. As roupas protetoras usadas devem ser colocadas em sacos ou recipientes especialmente identificados. Distintivos com dosímetro devem ser usados para monitorar a exposição à radiação. A rotatividade dos funcionários é indicada para minimizar a exposição e grávidas precisam ser excluídas da área de tratamento. Devido à antecipação das baixas taxas de exposição de muitos pacientes contaminados, os funcionários que cuidam de pacientes típicos provavelmente não recebem doses ocupacionais que excedam o limite de 0,05 Sv/ano. Mesmo no caso extremos do acidente do reator nuclear em Chernobyl, a equipe médica que tratou os pacientes no hospital receberam < 0,01 Sv. Várias fontes confiáveis sugerem que uma dose de até 0,05 Gy pode ser considerada como um risco aceitável para salvar vidas. Descontaminação externa A sequência típica e prioridades são • Remover as roupas e fragmentos externos; • Descontaminação das feridas antes da pele intacta • Limpar as áreas mais contaminadas primeiro • Uso de contadores geiger para monitorar o progresso da assepsia • Assepsia contínua até que as áreas estejam < 2 a 3 vezes nos níveis de radiação anteriores e não haja redução significativa dos esforços de assepsia CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 16 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR As roupas são removidas com cuidado para minimizar a disseminação da contaminação e são colocadas em recipientes apropriadamente rotulados. A remoção das roupas elimina cerca de 90% da contaminação externa. Objetos estranhos são considerados contaminados até que sejam verificados pelo contador Geiger. As feridas são descontaminadas antes da pele intacta; elas são irrigadas com solução salina e gentilmente esfregadas com uma esponja cirúrgica. O desbridamento mínimo das bordas das feridas pode ser feito se houver contaminação residual após múltiplas tentativas de limpeza. O desbridamento além da margem da ferida não é necessário, embora estilhaços radioativos incrustrados devam ser removidos e colocados em um recipiente de chumbo. Se necessário, uma consulta pode ser feita 24 h por dia no Department of Energy Radiation Emergency Assistance Center/Training Site (REACT/TS) no site orise.orau.gov/reacts/, ou no Centers for Disease Control and Prevention (CDC) no site http://www.bt.cdc.gov/radiation/. Pele e pelos contaminados são lavados com água morna e detergente suave até que a contagem da radioatividade indique níveis duas a três vezes abaixo do nível de radiação normal antecedente, ou até que sucessivas lavagens não signifiquem redução dos níveis de contaminação. Todas as feridas são cobertas durante a lavagem para evitar a introdução de material radioativo. A fricção deve ser firme, mas não deve abrasar a pele. Atenção especial é, em geral, exigida para unhas e dobras da pele. Os pelos que continuam contaminados são removidos com tesouras ou cortadores elétricos; a raspagem é evitada. Induzir o suor (p. ex., colocando uma luva de borracha por cima da mão contaminada) pode ajudar a remover contaminação residual da pele. As feridas devem ser lavadas gentilmente porque esfregar pode aumentar a gravidade da lesão. A troca subsequente dos curativos ajuda a remover contaminação residual. Descontaminação não é necessária para pacientes que foram irradiados por fonte externa e que não estejam contaminados. Descontaminação Interna Material radioativo ingerido deve ser removido prontamente com indução de vômito ou lavagem, caso a exposição tenha sido recente. A frequente lavagem da boca com soro fisiológico ou peróxido de hidrogênio diluído é indicada na contaminação oral. A exposição ocular é descontaminada dirigindo- se jato de água ou solução salina lateralmente, para evitar a contaminação do ducto nasolacrimal. A urgência e importância de usar medidas mais específicas dependem do radionucleotídio específico envolvido e quantidade; sua forma química e características metabólicas (p. ex., solubilidade, afinidade para órgãos alvo específicos), a rota da contaminação (p. ex., inalação, ingestão, feridas contaminadas) e a eficácia do método terapêutico. A decisão de tratar contaminação interna requer conhecimento dos riscos potenciais; recomenda-se consulta a um especialista (p. ex., CDC ou REAC/TS). Métodos atuais para remover contaminantes radioativos do corpo incluem • Saturação do órgão alvo (p. ex., iodeto de potássio [KI] para isótopos de iodo) • Quelação no local de entrada ou em fluídos corporais seguida de rápida excreção (p. ex., dietileno-triaminopentacetato de zinco ou de cálcio para amerício, califórnio, plutônio e ítrio) • Aceleração do ciclo metabólico dos radionucleotídios por diluição de isótopos (p. Ex., Água para hidrogênio-3) • Precipitação dos radionucleotídios no lúmen intestinal seguido de excreção fecal (p. ex., soluções de fosfato de cálcio ou alumínio para estrôncio-90) • Troca de íons no trato GI (p. ex., Azul da Prússia para césio 137, rubídio-82, tálio-201) Como um acidente grave no reator de uma usina nuclear que libera produtos de fissão no ambiente poderia expor muitas pessoas ao radioiodo, a remoção do corpo usando iodeto de potássio (KI) oral foi estudada detalhadamente. KI é > 95% eficaz quando administrado oportunamente (1 h antes da CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 17 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR exposição). No entanto, sua efetividade diminui significantemente ao longo do tempo (~80% eficaz 2 h após a exposição). KI pode ser administrado em forma de comprimidos ou como solução supersaturada (dose: adultos e crianças > 68 kg, 130 mg; idade de 3 a 18 anos (< 68 kg), 65 mg; idade de 1 a 36 meses, 32 mg; idade < 1 mês, 16 mg).KI é eficaz somente para contaminação interna com iodetos radioativos e não traz benefício para contaminação interna com quaisquer outros elementos radioativos. Muitas outras drogas usadas para remover radiação do corpo são menos eficazes do que KI e reduzem a dose do paciente somente de 25 a 75%. As contraindicações a KI são alergia a iodo e algumas doenças cutâneas associadas à sensibilidade ao iodo (p. ex., dermatite herpetiforme, vasculite e urticária). Tratamento Específico Se necessário, tratamento sintomático é dado e inclui controle do choque e da anoxia, aliviando-se dor e ansiedade e administrando-se sedativos (lorazepam, 1 a 2 mg por via intravenosa [IV], conforme necessário) para controlar convulsões, antieméticos (metoclopramida, 10 a 20 mg IV, a cada 4 a 6 h; proclorperazina, 5 a 10 mg IV, a cada 4 a 6 h ou ondansetrona, 4 a 8 mg IV, a cada 8 a 12 h) para controlar vômito e agentes antidiarreicos (caulim/pectina, 30 a 60 mL por via oral [VO], para cada evacuação com fezes diarreicas ou loperamida, 4 mg VO, inicialmente, depois 2 mg, para cada surto de fezes diarreicas) para controlar a diarreia. Não há tratamento específico para síndrome cerebral. Por ser universalmente fatal, os cuidados devem visar o conforto do paciente. A síndrome gastrintestinal é tratada com intensa reposição líquida e de eletrólitos. A nutrição parenteral deve ser iniciada para promover repouso intestinal. Se o paciente estiver febril, antibiótico de largo espectro (p. ex., imipeném, 500 mg IV, a cada 6 h) deve ser introduzido imediatamente. Todavia, o choque séptico por superinfecção permanece a mais provável causa de morte. O tratamento da síndrome hematopoética é semelhante ao de hipoplasia de medula e de pancitopenia por qualquer causa. Produtos sanguíneos devem ser transfundidos para tratar anemia e trombocitopenia; fatores de crescimento hematopoéticos (fator estimulador de colônias granulocíticas e fator estimulador de colônias granulocíticas-macrofágicas) e antibióticos de largo espectro devem ser administrados para tratar neutropenia e febre neutropênica, respectivamente ( Neutropenia : Tratamento). Pacientes neutropênicos precisam também ser colocados em isolamento para reversão do quadro. São poucas as probabilidades de a medula óssea se recuperar com doses de radiação >4Gy, e os fatores de crescimento hematopoéticos devem ser administrados tão logo quanto possível. Transplantes de células germinativas têm tido sucesso limitado, mas devem ser indicados para exposições > 7 a 10Gy ( Transplante de células-tronco hematopoéticas). Citocinas podem ser úteis. Os medicamentos e as doses recomendados são • Filgrastim (G-CSF) 2,5 a 5 mcg/kg SC 1 vez ao dia ou equivalente (100 a 200 mcg/m2 SC 1 vez ao dia) • Sargramostim [fator estimulador de colônias de macrófagos e/ou granulócitos (GM-CSF)], 5 a 10 mcg/kg SC 1 vez ao dia ou 200 a 400 mcg/m2 SC 1 vez ao dia • Pegfilgrastim (G-CSF peguilado) 6 mg SC dose única Feridas ou úlceras induzidas por radiação que não cicatrizam satisfatoriamente podem ser curadas com enxerto de pele ou outros procedimentos cirúrgicos. Além do monitoramento regular para sinais de doença (p. ex., exame oftalmológico para catarata, estudos de função tireoidiana para doença da tireoide), não há monitoramento, triagem ou tratamento específico para lesão em órgão ou câncer. Prevenção Proteção da exposição à radiação é obtida evitando a contaminação com material radioativo, por meio de minimização do tempo de exposição, maximização da distância da fonte e utilização de blindagem. Durante os exames de imagem que envolvem radiação ionizante e especialmente durante radioterapia para câncer, as partes mais suscetíveis do corpo (p. ex., gônadas, tireoide, seios CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 18 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR femininos) que não estão sendo tratadas ou submetidas ao exame de imagem são blindadas por aventais ou blocos de chumbo. Embora a blindagem de funcionários reduza a exposição a raios X que espalham baixa energia, esses aventais e blindagens são inúteis para reduzir a exposição aos raios gama de alta energia produzidos por radionuclídeos que provavelmente seriam usados em um incidente terrorista ou liberados em um acidente em usina nuclear. Nesses casos, medidas que possam minimizar a exposição incluem o uso de precauções padrão, esforços para assepsia e manutenção da distância dos pacientes contaminados quando não estiverem cuidando deles. Todas as pessoas que trabalham com radioatividade devem usar distintivos com dosímetros e se estiverem em risco de exposição > 10% da dose máxima permitida (0,05 Sv). Dosímetros eletrônicos com display de leitura ajudam a monitorar a dose cumulativa recebida durante um incidente. Resposta Pública Após a disseminação da contaminação ambiental de alto nível por acidente em uma usina nuclear ou liberação intencional de material radioativo, a exposição pode ser reduzida • através de abrigos ou • evacuação da área contaminada. A melhor abordagem depende de muitas variáveis, incluindo o tempo entre a liberação inicial, se a liberação continua ou se já parou, as condições do tempo, disponibilidade e tipo de abrigo e condições de evacuação (p. ex., trânsito, disponibilidade de transporte). As pessoas devem seguir as recomendações dos oficiais de saúde pública transmitidas pela televisão e rádio sobre qual opção é melhor. Em caso de dúvida, abrigo adequado é a melhor opção até que informações adicionais estejam disponíveis. Se a recomendação for abrigo, o centro de uma estrutura de concreto ou metal, acima ou abaixo do térreo (p. ex., em um porão), é o mais indicado. Mensagens consistentes e concisas de oficiais de saúde pública podem ajudar a reduzir pânico desnecessário e reduzir o número de visitas aos prontos-socorros de pessoas com baixo risco, evitando, dessa forma, que o departamento de emergência fique sobrecarregado. Esse plano de comunicação deve ser desenvolvido antes de qualquer acontecimento. Um plano para diminuir a demanda de recursos do serviço de emergência fornecendo um local alternativo para os primeiros- socorros, também recomendam-se assepsia e orientação das pessoas sem problemas de saúde imediatos. Tais pessoas devem, também, ser monitoradas para sinais de excessiva exposição à radiação. O limite de padronização ocupacional é de 0,05Gy/ano. Drogas Preventivas Muitas drogas radioprotetoras, como compostos de tiol com propriedades radicais de eliminação, provaram reduzir a mortalidade quando dada antes ou no momento da irradiação. Amifostina é um poderoso agente radioprotetor injetável nessa categoria. Ele previne xerostomia em pacientes submetidos à radioterapia. Embora os componentes de tiol tenham boa eficácia na radioproteção, tais componentes causam efeitos adversos, como hipotensão, náuseas, vômito e reações alérgicas. Outras drogas e químicos experimentais mostraram o aumento na taxa de sobrevida em animais se dadas antes ou durante a irradiação. No entanto, essas drogas podem ser muito tóxicas em doses necessárias para proporcionar proteção substancial, e nenhuma é atualmente recomendada. Contaminação e Exposição Os trabalhadores que utilizam material radioativo na forma líquida, na forma de pó ou de gás, além de sofrerem exposição às radiações emitidas pelo isótopo ao se desintegrar ainda correm o risco de se contaminarem com o material radioativo. CONTAMINAÇÃO RADIOATIVO 19 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR A contaminação é o termo utilizado quando o material radioativo pode se impregnar em utensílios diversos, em pisos, tetos ou em pessoas. Nestes casos o objeto ou a pessoa contaminada se transforma em uma fonte de radiação. O material radioativo pode ficar impregnado na pele da pessoa, contaminação externa, ou ser incorporado pelo indivíduo, contaminação interna. A contaminação interna pode ocorrer por inalação, ingestão, ou por algum corte na pele que permita a entrada do material radioativono corpo do indivíduo. No caso de contaminação interna todos os fluidos liberados pelo indivíduo contaminados também estarão contaminados. Este é o caso dos pacientes submetidos ao procedimento de iodoterapia, por exemplo, ou de pacientes submetidos a exames de diagnóstico em Medicina Nuclear, quando o paciente se transforma em uma “fonte” de radiação após ser injetado com o radioisótopo específico para a realização do seu exame. Das áreas de radiodiagnóstico, a que apresenta o maior risco de contaminação dos trabalhadores é a Medicina Nuclear, que utiliza isótopos radioativos, injetados no paciente, para a obtenção de imagens. Na área industrial, normalmente os trabalhadores de Instalações do Ciclo do Combustível Nuclear correm o risco de contaminação por manusearem o minério de urânio para confeccionar combustível nuclear para as usinas de Angra. Os minérios que contêm o urânio são extraídos em Caetité, sudoeste da Bahia. Depois de passar por um processo de purificação, o urânio é separado do minério e concentrado sob a forma de um sal amarelo, conhecido como yellowcake. Depois desta primeira fase, duas etapas são realizadas fora do Brasil. A primeira é no Canadá, o yellowcake é dissolvido e mais uma vez purificado, obtendo-se o urânio nuclear puro, que será convertido para o estado gasoso (hexafluoreto de urânio). A segunda fase é feita em países da Europa, quando o urânio em gás é enriquecido e enviado em contêineres à Fábrica de Combustível Nuclear . Já em solo nacional, o urânio enriquecido é reconvertido para a forma sólida e depois transformado em pequenas pastilhas. Com pouco menos de um centímetro de comprimento e de diâmetro, as pastilhas são colocadas em um conjunto de 235 tubos metálicos (varetas), formando o elemento combustível. As normas de radioproteção, para exposição à radiação, ser resumem a orientar o trabalhador sobre três fatores: tempo, distância e blindagem. Essas orientações são adequadas àqueles que trabalham com campos de radiação X e gama: mamografia, raios-X convencionais, tomografia , densitometria óssea, radioterapia com fonte de cobalto ou na área de controle de qualidade (radiografia industrial) em instalações industriais. No caso de probabilidade de contaminação dos trabalhadores, as instruções são para evitar o contato com o material radioativo, utilizando os equipamentos de proteção adequados a cada isótopo. Pode- se utilizar luvas, protetores para os sapatos, aventais de pano, aventais de chumbo, máscaras, toucas para proteger os cabelos, quando o isótopo radioativo é volátil normalmente a instalação possui uma capela com filtros e exaustão adequada. Quando há risco de contaminação existe também o risco de exposição. Assim, os trabalhadores devem ser orientados em relação as normas de radioproteção para ambas as situações. A proteção contra exposição, em Medicina Nuclear pode ser feita com a proteção da seringa em uma blindagem adequada, pela utilização de tijolos de chumbo ao redor dos radioisótopos, pela utilização de vidros plumbíferos na bancada onde se faz a eluição dos geradores de Tecnécio-99 m. A lixeira, onde são descartados materiais contaminados, também deve ser blindada de modo a minimizar o nível de radiação no interior do laboratório. Deve-se, principalmente, orientar os trabalhadores a não permanecer um tempo desnecessário no interior do laboratório onde ficam os materiais radioativos. Fotografias de equipamentos utilizados para reduzir a exposição a radiação em um laboratório de Medicina Nuclear: biombos plumbíferos, lixeiras blindadas, e blindagens com tijolos de chumbo e anteparo plumbífero para se guardar os geradores de Tecnécio 99 m. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
Compartilhar